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º 11
A Usina São Martinho, uma das três maiores do mundo, com 5 mil empregados, pertence ao
grupo Ometto. Localizada nos arredores de Ribeirão Preto (SP), a São Martinho administra um
programa de assistência cujo orçamento é quase o dobro do orçamento do município de Pradópolis,
onde se localizam sua fábrica e boa parte de suas lavouras de cana. Foi só depois de ter eliminado
o uso da mão-de-obra volante - os chamados "bóias-frias" - no corte de cana que a São Martinho
conseguiu consolidar um arrojado sistema de assistência médico-odontológica preventiva,
administrado em conjunto com a Faculdade de Medicina da USP, de Ribeirão Preto. E os resultados
não custaram a aparecer. A qualidade de vida dos moradores da zona urbana de Pradópolis, onde
95% dos habitantes são ligados à usina, é exibida como um troféu. Entre outros feitos, foi eliminada
a mortalidade infantil.
ESCOLAS ABERTAS - Tal como a São Martinho. outras usinas da região de Ribeirão Preto vêm
aprimorando seus programas de assistência. Outro fator de estímulo à ampliação dos programas foi
o aumento das verbas proporcionado pelo crescimento das vendas de álcool hidratado. Só na Usina
Martinópolis, de Serrana (SP) a produção de álcool cresceu 63 vezes nos últimos anos, enquanto a
de açúcar aumentou 4 vezes.
Na Usina Vale do Rosário, que antes destinava as verbas assistências quase exclusivamente à
assistência médica, o aumento dos recursos permitiu uma incursão na área do ensino. A assistente
social da U.V.R. preocupada com o baixo desempenho escolar dos filhos dos funcionários da usina,
recolocou em funcionamento antigas escolas industriais do Estado nos municípios de Morro Agudo,
onde fica a usina, Orlândia e São Joaquim da Barra. As três unidades acolhem cerca de 500
crianças, com idade a partir de 7 anos.
90% TÊM VERMES - No caso dos trabalhadores rurais, não há como melhorar o desempenho
sem melhorar as condições de saúde, alimentação e moradia. Não é à toa que a Usina São
Martinho optou por privilegiar a medicina preventiva. Afinal, cerca de 90% dos trabalhadores rurais
da região chegam às usinas com verminose.
Na São Martinho, a preocupação com a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores foi
levada às últimas conseqüências. A empresa financiou parte dos equipamentos comunitários -
centros de saúde, escolas, ambulatórios e serviços de tratamento de água e de esgotos - que fazem
hoje de Pradópolis uma cidade-modelo.
A prioridade da Santa Lydia é a melhoria das condições de habitação. A empresa pretende atrair
e fixar na cidadezinha de Dumont, a 7 quilômetros da usina, parte dos "bóias-frias" que vai contratar,
como também transferir para lá a maioria das 60 famílias que vivem dentro do território da usina. A
Cohab de Ribeirão Preto concluiu a construção de um conjunto de 200 casas, cujos terrenos e infra-
estrutura foram pagos, em parte, pela Santa Lydia.
Tanto a Santa Lydia como a Martinópolis, montaram um esquema de ação nas frentes de
trabalho no campo. Ambas já concluíram projetos de unidades-volantes que levam um mínimo de
conforto aos cortadores na hora do almoço. Esses veículos, "carretas sanitárias", têm lavatórios,
sanitários, esquentadores de marmita e água potável. Na São Martinho funciona há tempo o sistema
de unidades volantes que transportam para a frente postos de enfermagem.
RISCO ALTO - Do ponto de vista dos operários e técnicos que trabalham nas usinas, essas
iniciativas não constituem novidade, pois eles vêm sendo beneficiados por programas de
assistência. A novidade é a admissão do antigo "bóia-fria" cortador de cana nesse círculo mais
restrito de funcionários com emprego fixo, direitos trabalhistas e acesso a benefícios.
Diversas causas parecem estar levando os usineiros da região de Ribeirão Preto a optarem pela
"estabilização" do cortador de cana. Uma delas é a pressão da opinião pública, que considera
socialmente reprovável o sistema de trabalho do "bóia-fria". Este é recrutado, na periferia das
cidades onde mora, pelo "gato" - intermediário que recebe uma comissão de 45% sobre o
pagamento das diárias -, e levado em caminhões para as lavouras. Outra causa é a constatação de
que boa parte do fator humano de suas empresas era gerido por estranhos. E isso é um risco muito
alto."
CASO N.º 11
Em uma reunião de Diretoria, o Diretor Industrial da Metalúrgica Santa Rita S.A. (MESARISA),
Raimundo Correia Filho, mostrou-se indignado com as péssimas condições de vida de boa parte do
operariado da empresa, principalmente os horistas não qualificados que formavam o maior
contingente da mão-de-obra direta da fábrica. Raimundo Correia Filho salientava preocupar-se
profundamente com os hábitos de alimentação, de higiene, de vestuário, de saúde e ainda mais com
o baixo nível de instrução daquele pessoal. Como esses são os principais aspectos que definem a
qualidade de vida das pessoas, sua conclusão pareceu bastante simples: os operários da empresa
levam um padrão de vida bastante precário. A partir de sua argumentação, iniciou-se forte discussão
a respeito, quando o Diretor Presidente, Raimundo Correia solicitou a presença do GRH da
empresa, Alberto Oliveira.
Após ouvir rapidamente o problema focalizado pela Diretoria, Alberto procurou mostrar o que
poderia ser a filosofia de benefícios sociais da MESARISA fundamentada sobre as necessidades
individuais dos operários.
Alberto Oliveira saiu da reunião não escondendo a sua alegria de haver conscientizado a
Diretoria a respeito do problema, mas também não escondeu a sua preocupação em ter de
apresentar um plano tão complicado!