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© Celeste Duque, 2009, Clinical Psychologist, Training and Executive Coach – celeste.duque@gmail.com
Para desenvolver as competências dos colaboradores a Empresa tem ao seu dispor os seguintes
meios:
− Formação permanente;
− eLearning (ensino à distância);
− Gestão de conhecimento;
− Gestão de competências.
Para que isso suceda é necessário que a política da organização permita a evolução/crescimento dos
seus Recursos Humanos em termos profissionais e pessoais. Deve, igualmente, estar preparada para
praticar a Remuneração por competências, outro dos meios disponível para o desenvolvimento do
capital e potencial humano dos RH.
Assim, e fazendo minhas as palavras de Fleury (2002) considero que a Gestão de Pessoas pode ser
definida como um “Conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização para orientar o
comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho.”
São inúmeras as definições que se podem encontrar na literatura especializada, selecciono no entanto
apenas três que apresento de seguida por considerar que elas são adequadas, uma muito sucinta e
generalista, mas esclarecedora e a segunda mais pormenorizada e abrangente a terceira esclarecedora
já que nos remete para a necessidade de aprendizagem e transferência conhecimentos, recursos e
habilidades esta é de facto uma das necessidades/competências indispensável ao desenvolvimento
dos RH.
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A gestão de pessoas por competências visa “implementar acções
que permitam conhecer, potencializar, integrar e subsidiar a
gestão das competências individuais e institucionais visando a
auto-realização das pessoas e a excelência no cumprimento da
missão institucional”.
COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS
As competências individuais são:
− Conhecimentos específicos;
− Aprendizagem;
− Capacidade de análise;
− Liderança;
− Proactividade;
− Comunicação;
− Visão estratégica;
− Adaptabilidade;
− Negociação;
− Trabalho em equipa.
De seguida apresentam-se diversas figuras (Duque, 2009) onde se podem ver em detalhe como se
pode definir cada uma destas competências e quais as atitudes esperadas no colaborador quando elas
estão presentes bem como as habilidades necessárias para cada uma delas e os respectivos
conhecimentos específicos.
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Figura 2. Competência “Aprendizagem”
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Figura 5. Competência “Proactividade”
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GESTÃO POR COMPETÊNCIAS
A gestão por competências é uma nova tendência da gestão de pessoas. Esta “nova” forma de gestão,
na prática, desenvolve as seguintes actividades, como foi observado por Fischer (1998; op. cit.
Duque, 2009):
a) Captação/retenção de pessoas, visando adequar as competências necessárias às estratégias
de negócio formuladas, as empresas buscam por pessoas que tenham um nível educacional
elevado e, para tal, se valem de programas de trainees, por exemplo, considerados
fundamentais para atrair novos talentos;
b) Desenvolvimento de competências, visto que as empresas contam ainda com a possibilidade
de desenvolver as competências essenciais dos indivíduos, através das mais diversas práticas,
visando adequá-las às necessidades organizacionais; e
c) Remuneração por competência, que é uma prática utilizada por empresas preocupadas em
resguardar parte do conhecimento tácito de seus colaboradores e mantê-los nas organizações,
e vem servindo para que empresas implantem novas formas de remuneração de seus
empregados, dentre elas: participação nos resultados, remuneração variável e remuneração
baseada nas competências desenvolvidas.
A mudança que ocorre quando uma empresa deixa de usar uma metodologia de gestão de pessoas
tradicional e passa a adotar uma metodologia de gestão por competências pode ser ilustrada pela
figura a seguir (Fleury & Fleury, 2001, p. 67):
Figura 11. Mudança do modelo de gestão de pessoas para gestão por competências (Fleury & Fleury,
2001)
A migração de um modelo de gestão para o outro conduz a mudanças que ocorrem em três aspectos
(Fleury & Fleury, 2001). O primeiro diz respeito à importância dada às pessoas para o êxito das
estratégias do negócio. Desta forma, a empresa passa a considerar fundamental a participação do
responsável pela gestão de pessoas na definição das estratégias e na tomada de decisão, além de ter
suas políticas de gestão de pessoas claramente definidas e constantemente revisadas. O segundo
aspecto envolve as políticas adoptadas pela empresa para atrair, reter e desenvolver competências
necessárias ao sucesso das estratégias traçadas. Estas políticas levarão a empresa a se preocupar com
o sistema de remuneração que vai adoptar, com a estratégia de participação que será oferecida aos
colaboradores e com o seu índice de rotatividade. Finalmente, o terceiro aspecto está relacionado à
formação de competências propriamente ditas, isto é, com a análise de alguns indicadores, tais como
o nível educacional dos funcionários, o nível educacional exigido para as ‘funções chave’ da empresa
e o grau de satisfação deste nível educacional e o investimento em treino e desenvolvimento que a
empresa vem realizando.
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Quadro 1
Políticas e práticas para administração/gestão de RH: Pontos fortes (Duque, 2009)
Recomendações
1 Processo de selecção adequado • Ampla divulgação das vagas e incentivo ao recolocação;
• Divulgação dos procedimentos de selecção.
O coaching pode no entanto ser um factor de insucesso se o profissional (coach) não tiver suficiente
formação e experiência profissional. À semelhança de um consultor externo deve ser uma pessoa
altamente especializada e com uma experiência profissional polivalente. Habituado a realizar a
análise do comportamento organizacional e da atitude profissional da pessoa que irá treinar... (Duque,
2009)
Quadro 2
Políticas e práticas para administração/gestão de RH: como colmatar os respectivos pontos fracos
(Duque, 2009)
Recomendações
1 Mentoring e coaching • Identificar pessoas, segundo seu perfil, que possam cumprir esse papel
dentro de cada área.
2 Planeamento de • Elaborar plano anual de treino/formação para todas as áreas;
treino/formação • Fortalecimento da área de RH com profissionais especializados na
interno e externo orientação dos funcionários (“ouvinte”).
3 Mapeamento dos • Criação de uma base de dados com perfil dos funcionários, acessível
perfis e competências na intranet;
4 Plano de carreira • Elaborar um documento que tenha as definições de Plano de carreira,
descrevendo em cada cargo quais são os caminhos que podem ser
percorridos até atingir sua meta final;
• Definir e divulgar o plano de sucessão baseado em competências e
trabalho em grupo;
• Estabelecer critérios de incentivo para realização de cursos de
formação/educação contínua.
5 Política de avaliação e • Definir claramente a política de avaliação e recompensa da
recompensa organização, de tal forma que contemple mudanças de step baseadas
em aumento de competências (cursos e certificações);
• Incentivar com prémios/recompensas o funcionário que compartilha o
conhecimento e trabalha em equipa;
• Identificar e implementar outras formas de recompensa na instituição,
como cursos e treinos;
• Ampliação de benefícios.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS E ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
Fleury e Fleury (2001) afirmam que a definição das competências essenciais de uma organização está
intimamente relacionada com a estratégia de negócio que a empresa adopta, além do levantamento
dos recursos que a empresa dispõe (capitais do conhecimento). Estes autores desenvolveram uma
classificação que relaciona três tipos de estratégia e três tipos de competências essenciais, as quais
se apresentam no quadro abaixo.
Quadro 3
Tipos de estratégias e formação de competências essenciais (in Fleury & Fleury, 2001)
Estratégia Competências essenciais
empresarial Operações Produto Marketing
Estratégia Manufactura classe Inovações incrementais Marketing de produto para
operacional mundial mercados de massa
A escolha da estratégia competitiva vai depender do negócio. Isto quer dizer que diferentes negócios
de uma mesma organização podem adoptar estratégias distintas. As competências essenciais de uma
organização são poucas e diferem das capacitações que a organização dispõe para conduzir o seu
negócio.
Na taxonomia proposta acima, verifica-se que os autores dão um peso maior para uma competência
em detrimento das outras duas, em relação a cada uma das estratégias empresariais adoptadas. Isto
acontece porque (Fleury & Fleury, 2001, p.54):
• Quando uma empresa adopta a estratégia de excelência operacional, terá obrigatoriamente que
valorizar a função Operações (esta é a sua competência essencial), e o seu de desempenho tem que se
inserir numa perspectiva global de classe mundial. As competências de Produto e de Marketing
devem criar condições de viabilização e optimização destas operações.
• Para focar as suas directrizes numa estratégia de inovação em produto, a competência essencial da
empresa está vinculada à actividade de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Busca-se por conceitos
diferentes para produtos novos conduzindo à ruptura do paradigma vigente, confrontando-se deste
modo com a necessidade de contornar os produtos/gestão obsoletos. Neste caso, o papel do
Marketing consiste em apoiar a introdução dos novos produtos gerados no mercado.
• Para competir orientando-se para serviços, a competência essencial ideal da organização é o
Marketing, visando o atendimento eficiente das demandas específicas dos clientes. É preciso que a
empresa invista no profundo conhecimento do comportamento dos clientes e de seus mercados como
um todo, de forma a antecipar as suas necessidades. Assim, é possível para a organização desenvolver
soluções específicas, utilizando-se da função Operações para dar agilidade ao atendimento ao cliente.
AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
O que diferencia os empregados excelentes dos bons?
Conhecer o que o entrevistado (pessoa a ser avaliada) fez, disse, pensou e sentiu...
A melhor previsão sobre se uma pessoa demonstrará as competências requeridas para o desempenho
superior numa determinada função, é obter evidências de que a pessoa demonstrou essas
competências no passado.
Desenvolvimento de competências
1. Detém o conhecimento necessário para o desenvolvimento da função;
2. Põe em prática os conhecimentos que detêm;
3. Analisa a realidade, integra os conhecimentos, tira conclusões e dá sugestões;
4. Define procedimentos e resolve problemas.
PROCESSO DE AUTODESENVOLVIMENTO
Quando pretendemos formar RH devemos motivá-los! Para tal é necessário envolvê-los desde o
primeiro momento, aquando do levantamento de necessidades de formação. O processo de auto-
desenvolvimento envolve o processo de aprendizagem que caracteriza por se basear em informações,
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conhecimentos que levam à necessidade de aprendizagem e consequente mudança em termos de
comportamento.
Quadro 4
Exemplo de avaliação da competência planeamento e respectiva escala de cotação
Descrição de funções
− Processamento de salários;
− Levantamento de necessidades de formação;
− Acompanhamento e Avaliação da Formação.
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Competências identificadas
Responsável Sentido Crítico
Organizado Desorganizado
Criativo Dinâmico
Comunicativo Facilidade de relacionamento interpessoal
Ambicioso Veste a camisola
Determinado Persistente
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− Criativamente mais produtivos;
− Humanamente mais autónomos.
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2. Definição das necessidades de formação
− Análise qualitativa e quantitativa.
3. Análise da situação inicial
− Condições de admissão;
− População alvo;
− Perfil de entrada;
− Recursos disponíveis;
− Recursos necessários.
4. Análise das actividades profissionais
− Proceder à análise da profissão ou do posto de trabalho: funções e atitudes a assumir, tarefas
a realizar, perfil de saída;
5. Especificação dos objectivos de formação
6. Escolha, concepção e preparação dos métodos, situações e meios de formação
7. Concepção e preparação do plano e dos instrumentos de avaliação
− Apreciar em que medida os objectivos foram atingidos;
8. Organização dos recursos
− Organização do pessoal;
− Locais,
− Material e documentos;
− Equipamentos;
− Horários;
− Cronograma;
− Recursos financeiros.
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2.4. Desenvolver, junto dos destinatários, as actividades de promoção da formação, através do
contacto directo e dos meios de divulgação adequados;
2.5. Realizar o recrutamento e selecção dos formandos, utilizando as técnicas adequadas;
2.6. Assegurar as condições de execução física da formação, tendo em conta os meios logísticos
previstos;
2.7. Acompanhar a concepção e elaboração dos suportes didácticos para a formação,
assegurando a sua adequação aos objectivos estabelecidos.
3. Acompanhar as actividades do processo de formação;
3.1. Acompanhar a realização da formação e verificar a concretização dos objectivos, conteúdos
e orientações metodológicas e o cumprimento dos regulamentos, concebendo e aplicando
instrumentos de controlo administrativo, pedagógico e financeiro;
3.2. Assegurar o enquadramento e a orientação técnica dos recursos humanos afectos;
3.3. Gerir os meios físicos necessários à realização da formação. E
4. Avaliar as actividades do processo formativo.
4.2. Proceder aos ajustamentos necessários, tendo em conta os resultados da análise quantitativa
e qualitativa do processo e efeitos da formação.
CONCLUSÕES
Para Souza e Souza (2000), é fundamental enxergar com clareza o futuro da gestão do capital
humano que se deseja ter, criando as condições necessárias para dar sustentação às transformações
desejadas, de forma a possibilitar a adoção de atitudes próactivas alinhadas a estes tempos de
mudanças. Não é à toa que muitas empresas já passaram a adoptar práticas como mentorização ,
shadowing , coaching , além do pagamento de recompensas, tais como ganhos compartilhados, bônus
baseados em metas, participação nos lucros e participação acionária. É preciso que pensemos como
Nasbitt (1998; op. cit. Souza & Souza, 2000), lembrando que a organização deve ser um local em que
haja espaço para o crescimento das pessoas, ao invés de esperar que elas satisfaçam suas
necessidades de crescimento nas suas horas de folga.
Nem todos os autores/ que se dedicam ao estudo das “organizações” são unânimes em considerar o
estudo das competências essenciais e individuais como fundamental para a sua gestão. No entanto, à
medida que o tema é aprofundado, é possível concluir que os assuntos são indissociáveis. Quando as
empresas identificam uma oportunidade de negócio e precisam procurar os melhores parceiros, é
imprescindível que tanto as competências essenciais da empresa em questão como das empresas
candidatas ao posto de parceira sejam mapeadas e, a par disso, as competências individuais dos RH
envolvidos.
Para levar a pessoa a desenvolver ao máximo o seu potencial a empresa deve contemplar na sua
política a existência de um departamento de formação interessado e altamente profissional que
cumpra as funções de um gestor de formação. Aqui cabe um trabalho conjunto de um sector de
formação e de um sector de desenvolvimento de carreira. Em que o trabalhador é convidado a
realizar o seu plano de desenvolvimento profissional, que deverá ser validado pelo seu chefe de
sector/director de departamento, onde a pessoa planifica a sua carreira no curto, médio e longo prazo
e inscreve os cargos/funções que gostaria de vir a desempenhar e os mecanismos de desenvolvimento
das respectivas competências.
O tipo de formação a prestar aos colaboradores pode variar indo da frequência de cursos de formação
realizados interna ou externamente, nacional ou internacionalmente, de realização de workshops, de
investimento em networking e claro o indispensável coaching e mentoring, bem como a consultoria.
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