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ENTREVISTA

Entrevista com Giuseppe


Torelli e Tadej Borovšak,
desenvolvedores do
Imagination

ENTREVISTA
Entrevista com Richard
http://revista.espiritolivre.org | #006 | Setembro 2009 Spindler, criador do
Open Movie Editor

MERCADO
Automação empresarial
com software livre

COLUNA
Cezar Taurion toca num
assunto polêmico...

PROMOÇÕES SUSE STUDIO GRAFICOS


Sorteios de kits, cds e Customizando um Linux Computação gráfica e
inscrições para eventos em 15 minutos software livre
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

Luz, câmera... TUX EXPEDIENTE


Diretor Geral
João Fernando Costa Júnior
Não muito diferente de julho, o mês de agosto também não foi nada
fácil. Muito trabalho, e grande parte dele acumulado, para que você consiga ler Editor
a edição do mês de setembro a tempo e sem menores problemas. Esta edição João Fernando Costa Júnior
traz como matéria de capa Edição de Vídeo, mostrando aos leitores através de
vários ângulos que é possível desempenhar um bom trabalho utilizando Revisão
software livre para produzir, editar e criar material em vídeo. Pamella Castanheira
Para reforçar o tema são apresentadas nesta edição duas entrevistas. Arte e Diagramação
Giuseppe Torelli e Tadej Borovšak, desenvolvedores do Imagination, falam do João Fernando Costa Júnior
software de geração de vídeo a partir de imagens. Já Richard Spindler, criador
do Open Movie Editor, fala sobre o software e como trabalhar com vídeo. Vj Capa
pixel também participou da redação de uma matéria interessante sobre Open Cezar Farias
Video e Sinara Duarte apresenta ainda diretrizes para se trabalhar com vídeos
em sala de aula. Flávia Jobstraibizer continua a falar sobre o PHPBoleto e Contribuiram nesta edição
Walter Capanema também desdobra outros aspectos jurídicos sobre Spam. Aécio Pires
Alexandre Oliva relata uma feliz experiência com um netbook Yeeloong, com Alexandre Oliva
sua tela de 9' e um eficiente processador. Outros tantos colaboraram na Arnaldo Barreto
edição, enviando dicas, sugestões, dúvidas, comentários e participando das Cárlisson Galdino
promoções. A estes, o nosso muito obrigado. Cezar Farias
Cezar Taurion
Tivemos uma dose tripla de matérias sobre o Blender Day que Cristiano Roberto Rohling
aconteceu em diversas cidades do Brasil. Recebemos três relatos que estão Estêvão Bissoli
publicados na seção Eventos. Além disso trazemos um relato sobre o Consegi Filipe Saraiva
2009, que aconteceu em Brasília, prontamente apresentado por Juliana Flávia Jobstraibizer
Kryszczun. Lázaro Reinã continua sua jornada rumo a LUA e Cezar Taurion Flávia Suares
apresenta uma questão que por muitos é considerada polêmica: a receita Francisco Junqueira
advinda de projetos open source. Giuseppe Torelli
A cada edição apresentamos também nossa seção de emails que traz Jairo Fonseca
relatos dos leitores com opiniões, sugestões e comentários diversos. Fico Jomar Silva
muito feliz em saber que uma parcela considerável de técnicos, estudantes e José James F. Teixeira
Juliana Kryszczun
entusiastas estão tendo acesso à publicação e que a mesma está fazendo a
Lázaro Reinã
diferença entre estes. Tal informação pode ser também considerada como
Leandro Leal Parente
uma injeção de ânimo diante dos diversos problemas que surgem quando se
Luis Retondaro
está à frente de uma revista. Luiz Eduardo Borges
A Revista Espírito Livre traz, assim como nas edições passadas, a rela- Marcos Vinícius Campez
ção de ganhadores das promoções da edição anterior, que continuam nesta Mônica Paz
edição com o acréscimo do sorteio da Latinoware 2009. Firmamos uma Pamella Castanheira
parceria com a organização da Latinoware 2009, que nos disponibilizou 10 Paulo Vinícius de Faria Paiva
inscrições, as quais serão sorteadas entre os leitores. O evento que acontece Relsi Hur Maron
no próximo mês e a Revista Espírito Livre estará presente! Então, se você não Richard Spindler
participou das promoções da edição passada, não perca tempo e participe. No Roger Resmini
site oficial da revista [http://revista.espiritolivre.org] e nas redes sociais onde a Sinara Duarte
revista se encontra presente também pipocam novidades (e sorteios Tadej Borovsak
exclusivos). Tatiana Al-Chueyr
VJ pixel
A Revista Espírito Livre, vem mais uma vez mostrar para que veio, Wallisson Narciso
através de uma equipe competente e novas inserções no quadro de Wesley Samp
colaboradores, matérias de relevância e participação de toda a comunidade. Walter Capanema
Apresentamos um modelo de colaboração onde todos podem participar de Yuri Almeida
alguma forma. Isto nos torna únicos. Agradecimentos a todos os que tornam
todo esse amontoado de dados em informação de Contato
qualidade. Assim como disse na edição passada, sem revista@espiritolivre.org
vocês a revista não seria o que é.
O conteúdo assinado e as imagens que o
integram, são de inteira responsabilidade
de seus respectivos autores, não
João Fernando Costa Júnior representando necessariamente a
opinião da Revista Espírito Livre e de
Editor seus responsáveis. Todos os direitos
sobre as imagens são reservados a seus
respectivos proprietários.

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03


EDIÇÃO 006

SUMÁRIO
CAPA
27 Tutoriais com o Wink
Chega de mesmice Entrevista com
30 Open Video Giuseppe Torelli
Muito além do vídeo...
e Tadej
COLUNAS Borovšak,
desenvolvedores
11 Livre, afinal
Liberdando-se das correntes... do Imagination
13 Você tem os fontes também
E você nem sabia...
PÁG. 18
15 Receita Open Source
Eis aí um assunto polêmico...

Entrevista com
TECNOLOGIA Richard Spindler,
32 A Síndrome de Cachorro de criador do Open
Padaria Movie Editor
Atravancando nosso desenvolvimento

REVIEW PÁG. 23
SuSE Studio
35 Linux customizado em 15 minutos

FERRAMENTA
38 BoletoPHP
Implantando o BoletoPHP

41 Automação empresarial livre


E você pensava que não era possível 105 AGENDA 06 NOTÍCIAS

FORUM
46 O Desenvolvimento da
Computação e das Redes -
Parte 1
Como uma série de apropriações...
REDE EM DEBATE
49 TCOS 74 Política Midiática:
Visibilidade e legitimação
Gerenciando os thin clients

54 QoS
Fundamentos e técnicas
JURIS
77 Spammers:
Porque não os processamos?
METODOLOGIA
59 OpenBRR
Modelo aberto de avaliação de software
EDUCAÇÃO
80 Luz, câmera, educação!
Criando vídeos educativos com software
MULTIMÍDIA livre

62 Processamento de Áudio
Vamos turbinar o Linux...
COMUNIDADE
DESENVOLVIMENTO 85 GOJAVA
Setembro: mês de aniversário

66 Virado pra Lua - Parte 6


Já estamos na órbita lunar!
SOFTWARE PÚBLICO
GRÁFICOS 88 LightBase
Indo direto a informação

68 Inkscape e Degradê
Quer apender a fazer a capa da edição
passada da revista? EVENTOS
71 Computação Gráfica e SL
Aplicativos e técnicas 92 Lançamento do livro:
Software Livre, Cultura Hacker e
Ecossistema de Colaboração

95 Blender Day - Salvador/BA


Relato do evento

97 Blender Day - Petrópolis/RJ


Relato do evento

99 Blender Day -
Rondonópolis/MT
Relato do evento
08 LEITOR 10 PROMOÇÕES 101 Consegi 2009 - Brasília/DF
Relato do evento

QUADRINHOS
103 Os Levados da Breca
Nanquim2
Pai Nerd
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

Lançado o G:Noblin 3.0 VIA entra para a Linux Foundation


O Projeto GoblinX orgulha-se A Linux Foundation,
em anunciar a edição final está- organização sem fins
vel do G:Noblin. O G:Noblin é lucrativos dedicada a
a distribuição do projeto Go- aceleração do
blinX que utiliza o Gnome co- crescimento do
mo desktop padrão e Linux, anunciou que a VIA Technologies Inc
aplicativos GTK/GTK2, e é des- acaba de se tornar seu membro mais recente. A
tinado àqueles que gostam do Gnome como VIA Technologies é uma empresa que desenvol-
desktop principal. Esta distribuição é um antigo ve CPU’s de baixo consumo com a arquitetura
desejo de centenas de usuários. O G:Noblin in- x86, chipsets, circuitos integrados e placas de ví-
clui pacotes atualizados do GNOME 2.24 e algu- deos. No anúncio, um representante da empre-
mas melhorias no sistema base. Entre as sa foi citado declarando que a VIA vê impulso
principais mudanças em relação à versão RC (re- do Linux no mercado de dispositivos móveis e
lease candidate) está a diminuição considerável compartilha com a Linux Foundation o objetivo
de erros e bugs, a inclusão do JAVA JRE, remo- de apoiar o crescimento do ecossistema Linux.
ção de aplicativos duplicados, melhoria de algu- Desde o ano passado a VIA vem adotando uma
mas interfaces enquanto usadas em telas postura um pouco mais aberta com seus drivers
pequenas (netbooks), atualização expressiva de gráficos, e a entrada na Linux Foundation deve
pacotes, inclusão de todos os arquivos presente melhorar o seu envolvimento com os desenvol-
nos pacotes e mais. Informações em vedores do kernel Linux.
http://www.goblinx.com.br.

Asus planeia Ebook Reader de baixo custo?


Linux kernel 2.6.31 lançado Quer você queira ou
Acaba de ser lançada a ver- não, os livros digitais
são 2.6.31 do kernel Linux. Al- (ou e-books) chegaram
gumas das novidades para ficar... O que falta
implementadas são o suporte mesmo é um leitor de baixo custo capaz de mo-
a performance counter, infraes- bilizar um grande público. Será que a Asus con-
trutura de notificação "fsno- seguirá tal feito? Segundo a empresa, sim, e o
tify", kernel mode setting para planeja fazer com um leitor que trás duas telas e
chipsets ATI Radeon, a ferra- que custaria apenas US$163. Mais informações
menta kmemleak, suporte a dri- no www.engadget.com.
vers char em user space, suporte a USB 3. A
lista de novidades pode ser conferida em
http://kernelnewbies.org/Linux_2_6_31. Já o
anúncio oficial pode ser lido em http://lwn.net/Arti-
cles/351783/.

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

Sony começa a colocar Google Chrome em Wikipedia irá usar cores para tentar indicar
Notebooks confiabilidade de textos
O site FT.com postou uma noti- A mundialmente conhecida
cia muito interessante sobre enciclopédia colaborativa onli-
um acordo entre as gigantes ne Wikipedia irá usar cores
Google e Sony. O acordo foi para indicar a confiabilidade
colocar o browser da Google das informações de um arti-
(Chrome) nos NoteBooks da go. O recurso, parte da ferra-
Sony, os famosos VAIO. Ou menta WikiTrust, poderá ser
seja, quando alguém comprar o Sony VAIO, o usado por todos os usuários
seu navegador padrão será o Chrome. A Goo- cadastrados na Wikipedia. A
gle também afirma que já esta fazendo novos partir do final de setembro, a enciclopédia irá
acordos com outras empresas. A Google tam- marcar com um fundo laranja claro os textos de
bém esta fazendo acordos "experimentais" co- autores 'questionáveis' ou inexperientes, en-
mo incluir o Google Chrome para usuários que quanto os confiáveis - ou experientes - terão
fizerem o download do Real Player. A empresa uma sombra mais clara sobre as palavras. Com
também esta usando ainda a televisão para fa- o novo sistema, quanto mais pessoas lerem e
zer propaganda do seu navegador. editarem um novo texto incluso na Wikipedia,
mais a página fica confiável - e o fundo vai mu-
dando de laranja para branco.
Tr.im cede-se ao código aberto
O serviço para encurtar
URLs, Tr.im, se entre- Lançado Easy Peasy 1.5
gou ao código aberto. Foi lançada a versão
Ele não só abriu o seu 1.5 da distribuição
serviço novamente ao Easy Peasy, anterior-
público, como também mente conhecida co-
vai adotar uma licença open source para a sua mo Ubuntu-Eee, e que
plataforma e disponibilizar o código-fonte online tem como foco oferecer aos usuários dos popu-
a todos os interessados. Em um comunicado no lares netbooks um sistema Linux já adaptado às
blog do Tr.im, o Eric Woodward afirma disponibili- características do equipamento, como suporte a
zar o código-fonte da aplicação sobre a licença câmera, rede sem fio, resolução de tela, etc. O
MIT e também declarou que será uma "proprieda- Easy Peasy apresenta ao usuário o ambiente
de da comunidade" a partir do dia 15 de Setem- Ubuntu Netbook Remix previamente configura-
bro de 2009. Mais informações no blog do Tr.im do, maior facilidade para ativar o suporte a
em http://blog.tr.im/post/ 165049236/tr-im-to-be- Flash e a CODECs multimídia. Ficou curioso?
community-owned Saiba mais em http://www.geteasypeasy.com.

Quer contribuir?
Então participe entrando em contato através do email
revista@espiritolivre.org

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07


COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu

Você já enviou seu comentário? Ajude a revista Na minha opinião, uma ótima investida a favor
ficar ainda melhor! Contribua, envie suas suges- do Software Livre, eu havia lido o gdh do Mori-
tões e críticas. Abaixo listamos mais alguns co- moto, mas infelizmente ela foi decontinuada. Es-
mentários que recebemos: pero que a Espírito Livre continue sendo
publicada e distribuída com a mesma qualidade
Sou usuário Linux há mais de 8 anos e sempre de sempre. Sou usuário de Linux (BigLinux).
enfrentei dificuldades quando engatinhava no Abraços a todos que contribuem com a Revista
mundo GNU/Linux. As poucas revistas que existi- Espírito Livre.
am eram técnicas demais ou amadoras ao extre- Daniel Francisco Dias - Caraguatatuba/SP
mo. Dou meus parabéns à equipe da Revista
por conseguir conciliar um termo que agrade a É uma revista ímpar em sua categoria. Leio e di-
quem tem experiência e também está começan- vulgo todas as edições. Eu imprimo e guardo nu-
do. Sou leitor desde a primeira edição. É uma oti- ma pasta especial as matérias que mais me
ma ferramenta como referência no mundo Livre. interessam, para poder ler quando estiver off-li-
Andre Antonio da Silva Neto - Linhares/ES ne.
José de Jesus Costa - São Luís/MA
Muito interessante, estou lendo aos poucos,
mas me interessei bastante pela série de matéri- Foi o primeiro contato que tive com a revista e
as sobre a linguagem LUA, a qual eu não conhe- posso dizer que fiquei bastante satisfeito com o
cia. Estou gostando muito. contéudo. Parabéns!
José Ivan Marciano Junior - Bauru/SP Cláudio Maesi - Limeira/SP

Excelente meio para nos atualizarmos sobre É uma ideia que eu considero inovadora e no-
software livre e aprendermos um pouco mais a bre que é passar a informação e a notícia gratui-
respeito desse universo fascinante. tamente. Gostei muito da reportagem sobre o
Vinícius Oliveira Godoy - Porto Alegre/RS cloud na edição 005 e realmente eu acho que tu-
do vai estar nas nuvens...
A revista apresenta uma qualidade excelente, e José Rodolfo Campos Rios - Vitória/ES
conta com uma equipe que já se mostrou prepa-
rada para levar o trabalho adiante. Sem contar A Revista Espírito Livre é uma iniciativa interes-
que cobre uma área carente de publicidade, sante, onde consegue passar à todos inform-
que é a do Software Livre. ções necessárias para o crescimento
Diego Bruno Marquetti - Ibiporã/PR profissional e para o crescimento dentro da co-
munidade.
Dandara Silveira de Sene - Belo Horizonte/MG

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08


COLUNA DO LEITOR

É importante termos fontes de informação desti- O melhor meio de informação sobre software li-
nadas ao Software Livre. Precisamos divulgar o vre, abrangente, coeso e imparcial. A Espirito Li-
potencial e a qualidade destes softwares. A revis- vre é um dos melhores exemplos de que "a
ta Espírito Livre conta com matérias de interes- comunidade do software livre" conta com profis-
se da comunidade e de importância crucial à sionais tão bons e até melhores que o software
comunidade brasileira. Sempre traz matérias atu- proprietário.
ais e interessantes, por sinal, adorei a revista de Yann da Silva Melo - Batalha/AL
numero 4, por trazer um tema polêmico do li-
nux. Agradeço ao trabalho de toda equipe por es- Gostei muito da revista, inicialmente me interes-
te excelente trabalho. sei pelos artigos de TCOS, porém agora que re-
Cleiton Nunes Ribeiro - Carapicuíba/SP almente li grande parte das edições, gostei
bastante dos temas abordados.
Uma revista essencial para aquele que se inte- Jaimison José A. Miranda - Porto Velho/RO
ressa por inovação e conhecimento livre. Sim-
plesmente fantástica a iniciativa e merece ser Não há dúvidas na credibilidade da Revista.
divulgada e reconhecida. Acredito que o país esta bem representado na fi-
Carlos A. Bezerra Júnior - Areia Branca/RN losofia Linux. Tenho todas as edições da Revis-
ta Espírito Livre e sempre fico ansioso para a
A Espírito Livre é uma revista com caráter envol- próxima edição. Parabéns a equipe da revista e
vente, e abrange os assuntos relacionados a aos colaboradores. Sucesso e liberdade!
software livre com simplicidade e eficácia. Por is- Fernando de Souza Campos - Cuiabá/MT
so nao é a toa que vem conquistando sempre no-
vos leitores. A revista Espírito Livre é simplesmente uma das
Cristiane Martins Jerônimo - Vitória/ES mais modernas e atuais fontes de conhecimen-
to e notícias sobre informática na atualidade.
Um ótima iniciativa. Ações como esta é que forta- Uma revista repleta de excelentes conteúdos
lecem e perpetuam cada vez mais o software li- que só vem, cada vez mais, nos deixando mais
vre! informados e nos trazendo maiores conhecimen-
Bleno Vinicius Santos Lopes - Aracaju/SE tos sobre TI.
Phillipe Smith C. da Silva - Novo Gama/GO
Acho uma boa oportunidade para se estar ante-
nado com as novidades sobre código livre, li- Acabei de ler a edição 4 da revista e realmente
nux, ubuntu ... além do mais feita por usuários gostei muito. Estava precisando de uma revista
para usuários. sobre software livre tão boa quanto essa. Gostei!
Leandro Santos Lopes - Paço do Lumiar/MA Rafael Ramos Carvalho - Muriaé/MG

Acho a Espírito Livre uma revista que ocupa Não é nenhuma novidade, existem várias revis-
uma lacuna antes só ocupada por listas de dis- tas sobre software livre, porém a forma com que
cussões, e de forma incompleta. Além do mais é escrita e distribuida se torna um diferencial en-
expõe as idéias sem influência, como outras re- tre as outras. A Revista Espírito Livre possui
vistas que só dão destaque ao Linux para com- uma leitura gostosa e atraente, até mesmo para
parar com Windows. Nas "grandes" revistas o quem não é da área de T.I. Minha esposa gos-
Linux é tratado como um primo pobre, um siste- tou muito. Eu também, é claro. Parabéns.
ma de Nerd, idéia há muito ultrapassada.
Saulo Machado Jacques - Rio de Janeiro/RJ Tiago Vinicius Almeida - São Paulo/SP

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09


PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

PROMOÇÕES
Na edição #005 da Revista Espírito Livre tivemos 2 promoções [VirtualLink e Clube do Hacker], onde
sorteamos diversos brindes, entre eles associações, kits, cds e camisetas. Abaixo, segue a lista de
ganhadores de cada uma das promoções. Este mês tem ainda sorteio de inscrições para a
Latinoware 2009. Para aqueles que não ganharam fica o recado: Fique ligado!

Ganhadores da Promoção VirtualLink:

1. Nathaniel Simch de Morais - Brasília/DF


2. Rogerio Soares - Rio de Janeiro/RJ
3. Raquel Aparecida F. M. Netto - Vinhedo/SP
4. Madson da Silva Santos - Teresina/PI
5. Zenildo de Araujo Silva - Salvador/BA

Ganhadores da promoção Clube do Hacker:

1. Tiago Bertoni Scarton - Bauru/SP


2. Johnny Pinheiro Tardin - Nova Friburgo/RJ
3. Rafael Ramos Carvalho - Muriaé/MG

A promoção continua! A VirtualLink em parceria


com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever
neste link e começar a torcer!

Não ganhou? Você ainda tem chance! O


Clube do Hacker em parceria com a Revista
Espírito Livre sorteará associações para o
clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!

A organização da Latinowarecontinua!
A promoção 2009 em A parceria com em
VirtualLink a Revista
parceria
Espírito Livre sorteará 10 inscrições para o evento, que acontece
com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
nos dias 22, 23de ecds
24 e
dedvds
outubro
entreemosFoz do Iguaçu/PR.
leitores. Para
Basta se inscrever
concorrer, inscreva-se
nesteno link
link e cruze os
e começar dedos!
a torcer!

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Livre, afinal
Por Alexandre Oliva

Sophie - sxc.hu

No momento em que es- dadosamente escolhida por


crevo estas linhas, estou embar- razões de segurança: é uma
cado numa aeronave, das menos suscetíveis às dis-
regressando de Caracas, na Ve- torções de mercado que uma
nezuela, aonde fui para o encer- certa empresa de Redmond
ramento do 5º Congresso gosta de cultivar desde bem
Nacional de Software Livre e antes de 95, usando neste Mi-
para o Primeiro Encontro da lênio eXtremas Práticas de mo-
Fundação Software Livre Améri- nopólio, à Vista de todos ou na
ca Latina. Volto com um sorri- surdina.
so no rosto pois pude dar mais
É fácil de entender a es-
um importante passo em dire-
colha: os projetistas não queri-
ção à liberdade: uso um compu-
am ver seus esforços
tador com especificações
cooptados pelo império antagô-
Livres, totalmente funcional
nico às liberdades dos usuári-
com Software 100% Livre e à
os. Entendiam que a
prova de um dos vírus mais pe-
possibilidade de rodar o siste-
rigosos que existem: aquele
ma monopolista não era vanta-
das janelas, sabe?
gem, mas um risco, já
O computador portátil é materializado e efetivado no
um netbook chamado Yeelo- OLPC, no Classmate, no EEE
ong, com tela de 9" e um super PC e tantos outros.
eficiente processador Loong-
Escolheram com atenção
son, um MIPS com suporte a
todos os componentes para
64 bits desenvolvido pela chine-
que funcionassem perfeitamen-
sa Lemote. A arquitetura foi cui-
te com Software inteiramente

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |11


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Livre: áudio, vídeo, rede com e


sem fio, web cam, tudo rodan-
do redondinho na versão para
MIPS da distribuição de GNU/Li-
nux-libre 100% Livre gNewSen-
se.
É muito mais simples
Mas não pense que a liber- fazer drivers e firmwares Livres
dade termina aí! O que num
PC x86 se chamaria BIOS, e
quando os fornecedores
normalmente seria Software
não-Livre gravado em memória
cooperam...
não volátil na placa mãe, nesta Alexandre Oliva
máquina, aqui na mesinha do
avião, também é Livre. Morra
de inveja! E tem mais! A máqui-
na é facilmente desmontável e te, com direito a evoluir de ma- Cópia literal, distribuição e publica-
ção da íntegra deste artigo são permi-
hackeável. Todos os componen- neira independente. tidas em qualquer meio, em todo o
tes têm especificações disponí- É pra aplaudir ou não é? mundo, desde que sejam preserva-
veis sem condições restritivas: das a nota de copyright, a URL oficial
Agora, sabe o que mais? Es- do documento e esta nota de permis-
é muito mais simples fazer dri- tão procurando parceiros no são.
vers e firmwares Livres quando Brasil e noutros países na Amé- http://www.fsfla.org/svnwiki/
os fornecedores cooperam, e rica Latina, para não só distri- blogs/lxo/pub/livre-afinal
faz muito mais sentido recomen- buir máquinas fabricadas na
dar um componente de hardwa- pequena planta em finalização
re cujo fornecedor ajuda na Venezuela, mas para cons-
nossas comunidades do que truir outras plantas e transferir
um que esconde segredos e a tecnologia para fomentar inde-
ainda tenta nos dividir e proíbe pendência e soberania tecnoló-
engenharia reversa. gicas da América Latina.
Pode parecer incrível, Conhece algum empresá-
mas há ainda mais vantagens. rio interessado? Escreva para
Graças aos esforços de empre- mim, que os empresários vene-
sários venezuelanos, as especi- zuelanos estão aguardando in-
ficações do projeto da própria ALEXANDRE OLIVA
dicações minhas de é conselheiro da
máquina também são Livres. empresários locais que acredi- Fundação Software
Esses empresários queriam fa- Livre América Latina,
tem, como eles, em ganhar di- mantenedor do Linux-
bricar essas máquinas aqui, na nheiro honesta e eticamente, libre, evangelizador
América Latina, com transferên- respeitando as liberdades dos
do Movimento
Software Livre e
cia de tecnologia de verdade, clientes e promovendo progres- engenheiro de
e conseguiram: em outubro, a so social e o bem comum. compiladores na Red
planta de montagem começa a Hat Brasil. Graduado
na Unicamp em
produzir máquinas 100% Li- Engenharia de
vres, 100% funcionais e à pro- Copyright 2009 Alexandre Oliva Computação e
Mestrado em
va de corrupção, com Ciências da
tecnologia dominada localmen- Computação.

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |12


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

VOCÊ TEM
OS FONTES
TAMBÉM
Por Carlisson Galdino

u
c.h
sx
e-
ald
l Ug
e
Migu

O mundo é um lugar que consome recursos


De um grande super-computador divino
E cada pessoa é um programador
Que constrói o seu próprio destino
Você tem os fontes também!

Cada ser na Terra foi código-fonte


E hoje executa, e um grande mistério
Quem foi que compilou cada criatura
E deu tão altos privilégios?
Você tem os fontes também!

Cada programa nasceu pequenino


Um programa o outro, é assim que acontece
Com o passar do tempo e milhares de linhas
Guardadas lá no divino CVS
Você tem os fontes também!

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Formas primitivas se desenvolveram Bilhões de instâncias brigam por recursos


De bactérias a plantas e animas E o mundo parece não aguentar
Bastou tempo e um contribuir com outro Não sei se o Homem terá novo release
Com milhares de linhas a mais Ou outro projeto tomará o lugar
Você tem os fontes também! Você tem os fontes também!

As plantas e seres de grande tamanho Pois hoje o cenário de destruição


Consomem recursos sem ter precisão O que paira é o medo de o mundo travar
E todo o projeto do planeta Terra Você também pode lutar contra isso
Passou por uma sensível revisão Ao invés de simplesmente reclamar
Você tem os fontes também! Você tem os fontes também!

Várias rotinas removidas depois No canto do céu, nesse computador


E otimizações, refatoramentos Que põe pra rodar todo esse mundão
Levaram o primata a uma nova versão Cada um que veio sei que recebeu
O Homem era o release do momento Os fontes de todo o Destino na mão
Você tem os fontes também! Você tem os fontes também!

Bem mais instáveis que os habituais


CARLISSON GALDINO é Bacharel em
Homens são programas ainda em Beta Ciência da Computação e pós-graduado em
Mudando o mundo ao seu bel prazer Produção de Software com Ênfase em
Software Livre. Já manteve projetos como
São programas que tomaram o planeta IaraJS, Enciclopédia Omega e Losango.
Você tem os fontes também! Hoje mantém pequenos projetos em seu
blog Cyaneus. Membro da Academia
Arapiraquense de Letras e Artes, é autor do
Cordel do Software Livre e do Cordel do
BrOffice.

19 de setembro - Dia da Liberdade de Software


Informe-se em www.softwarefreedomday.org
Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14
COLUNA · CEZAR TAURION

RECEITA
OPEN SOURCE
Por Cezar Taurion

tov - sxc.hu
Svilen mushka
Volta e meia dou entrevis- mos também a IBM, que apoia
tas para a mídia falando de diversos projetos como o Li-
Open Source. E uma das per- nux, Eclipse e outros, alavan-
guntas mais frequentes é so- cando receitas indiretas, como
bre “Quanto a IBM obtém de mais servidores, serviços e
receita com Open Source?’. mesmo softwares não Open
Ora, quando se fala no modelo Source.
tradicional de comercialização Portanto, precisamos re-
de softwares, esta pergunta formular a questão. A receita
tem uma resposta fácil: basta direta e contabilizável de um
ver quantas licenças foram co- determinado software Open
mercializadas e qual o preço Source não implica em medida
médio delas. Mas, com Open direta do sucesso ou fracasso
Source é diferente. É muito difí- do seu impacto econômico. De-
cil capturar com precisão o volu- vemos, para esta análise,
me de receitas. Muito da olhar o ecossistema como um
receita de Open Source é obti- todo. Um engano comum é
do de forma indireta. Um exem- comparar as receitas de um de-
plo é o Google que fornece terminado software comerciali-
gratuitamente softwares como zado na modalidade de
Android e outros, para alavan- vendas de licenças com a re-
car receita com anúncios. Veja-

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |15


COLUNA · CEZAR TAURION

restrita em outros setores, co-


mo ERP e business intelligen-
À medida que o ce.
Mas, Open Source não
mercado Open Source amadurece, cresce não apenas no campo
fica claro que depender única e do uso tradicional de software,
que são os aplicativos comerci-
exclusivamente de comunidades ais. Vemos sua disseminação
se acelerando à medida que a
de desenvolvedores voluntários Web se dissemina (muito do
código que existe rodando na
não atende adequadamente às Web 2.0 e redes sociais é ba-
seado em linguagens dinâmi-
demandas empresariais. cas em Open Source como
PHP, Python e Ruby) e vere-
Cézar Taurion
mos muito código Open Sour-
ce sendo a base de sensores,
atuadores, set top boxes da
ceita obtida pelos distribuido- TV digital, netbooks, celulares
res de softwares Open Source. vada sua livre distribuição, fica
e outros novos equipamentos.
Ora as distribuições pagas de difícil contabilizar as inúmeras
Open Source também está na
softwares Open Source, de ma- outras cópias que circularão pe-
base tecnológica de muitas in-
neira similar ao SaaS, são co- la Web.
fraestruturas de cloud compu-
mercializados pelo modelo de Entretanto, é indiscutível ting.
negócios de assinaturas, com que Open Source está se disse-
a receita sendo distribuída ao O termo “Open Source
minando rapidamente. Os
longo de vários anos e não con- vendor” que era considerada
seus principais apelos para o
centrada em um único paga- uma contradição no primeiro
mercado são bastante motiva-
mento. Assim, comparar momento, começa a se popu-
dores: não demanda desembol-
receitas obtidas por modelos larizar de forma bem rapida. À
so prévio para licença de uso
de negócio diferentes é compa- medida que o mercado Open
(troca capex ou custo de capi-
rar laranjas com bananas. Source amadurece, fica claro
tal por opex, que é custo opera-
que depender única e exclusi-
Além disso, não existe cor- cional), menor custo de
vamente de comunidades de
relação entre a receita direta ob- propriedade, evita aprisonamen-
desenvolvedores voluntários
tida com determinado software to forçado por parte de fornece-
não atende adequadamente às
e seu uso pela sociedade. É dores e maior facilidade de
demandas empresariais. Os
muito difícil medir com preci- customização, pelo livre aces-
usuarios corporativos exigem
são o uso de um software so ao código fonte. Também ob-
niveis de serviço e suporte que
Open Source. Podemos conta- servamos que sua
a maioria das comunidades “lo-
bilizar os downloads registra- disseminação não é homogê-
osely coupled”, típicas do
dos a partir de um nea por todos os segmentos
Open Source, não conseguem
determinado site associado ao de software. Sua utilização é
atender. Abriu-se espaço para
software em questão. Mas, a muito mais ampla em sistemas
o surgimento de novos negóci-
partir daí, como é perfeitamen- operacionais, web servers e
os, intermediários entre as em-
te possivel e até mesmo incenti- bancos de dados, mas ainda
presas e as comunidades. O

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |16


COLUNA · CEZAR TAURION

que estes novos negócios ca, a razão de downloads para A natureza do modelo de negó-
(“Open Source vendors”) ofere- assinaturas pagas é de pelo cios SaaS demanda que as li-
cem é um suporte comercial si- menos 1.000 para um. Ou se- cenças de software a serem
milar ao dos negócios ja, para cada 1.000 downlo- pagas a terceiros pelos prove-
tradicionais da indústria de ads, um contrato de assinatura dores de soluções SaaS sejam
software. Algumas destas em- é assinado. No modelo tradicio- mínimas e o Open Source se
presas tornaram-se grandes nal este nivel de conversão de encaixa muito bem neste con-
corporações, como a Red Hat, experimentos para contratos se- texto. Muitas destas empresas
que em 2008 conseguiu recei- ria simplesmente inaceitável e vão seguir os passos da IBM e
tas de mais de meio bilhão de levaria a empresa de software se engajar nos projetos de
dolares. à falência. No Open Source é Open Source, inclusive até
A cadeia de valor do perfeitamente válido, pois a mai- mesmo colaborando ativamen-
Open Source é constituida de or parte das ações de pré-ven- te com a comunidade. É prová-
diversos atores como a comuni- das é feita pelo próprio usuário vel que nos próximos anos o
dade (que contribui com códi- do software. O usuário é quem modelo de negócios dominan-
go); os “Open Source vendors” bate na porta do vendedor te da industria seja híbrido,
que oferecem suporte de segun- quando está interessado na as- com Open Source e venda de
do nivel, localizam software e sinatura do software e não o licenças integrados na comerci-
desenvolvem e comercializam contrário! Uma característica in- alização das stacks de softwa-
distribuições e edições dos teressante deste modelo é que re.
softwares; Open Source VARs a maioria dos “Open Source
que oferecem suporte de primei- vendors” tem muito mais profis-
ro nivel, implementação e trei- sionais em áreas técnicas que
namento; e finalmente os em vendas, enquanto que no
próprios usuários dos softwa- modelo de comercialização tra-
res Open Source, que usam o dicional, a força de vendas é
software, identificam bugs e proporcionalmente muito mai-
também contribuem com códi- or.
go para a comunidade. Uma consequencia da Maiores informações:
Uma diferença fundamen- maior disseminação do Open
Source é que começamos a Site Oficial Open Source Initiative
tal entre os modelos de comer- http://www.opensource.org/
cialização do Open Source e ver empresas de software, que
os modelos de venda de licen- até a pouco tempo eram hostis
ao movimento já se envolven- Artigo sobre Opensource na
ça tradicionais é que no Open Wikipédia
Source o processo de aquisi- do ou no mínimo se tornando
neutras em relação ao concei- http://pt.wikipedia.org/wiki/Open-
ção de software é direcionado source
pelo próprio usuário, que pode to. E para o futuro? Um insight,
fazer download do software e sujeito a correção de rumo na
testá-lo, sem interveniência do sua intensidade e velocidade:
fornecedor. Após os testes ele as empresas de software que CEZAR TAURION é
Gerente de Novas
pode continuar usando uma estavam fora do Open Source Tecnologias da IBM
vesrão free ou contratar assina- vão integrar suas soluções Brasil.
Seu blog está
tura da versão comercial, que com estes softwares. Este movi- disponível em
na verdade é muito mais um mento deve se acelerar com a www.ibm.com/develo
rápida disseminação do SaaS. perworks/blogs/page/
contrato de serviços. Na práti- ctaurion

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CAPA · ENTREVISTA COM GIUSEPPE TORELLI E TADEJ BOROVSAK

Entrevista com
Giuseppe Torelli e
Tadej Borovšak,
desenvolvedores
do Imagination
Por Cristiano Roberto Rohling e João Fernando Costa Júnior

Em entrevista exclusiva, Giuseppe Torelli


e Tadej Borovšak falam à Revista Espírito Livre
a respeito de seu trabalho no desenvolvimento
do Imagination, um editor de slideshows capaz
de gerar vídeos a partir de sequências de fotos.

Revista Espírito Livre: Falem um pouco


sobre vocês, suas vidas, suas famílias...
Giuseppe Torelli: Eu sou de Nápoles, na
Itália, onde vivo com minha esposa.
Tadej Borovšak: Sou um estudante eslo-
veno de 24 anos. Não há nada de especial a
respeito da minha vida: sou simplesmente um
garoto comum que gosta muito de matemática
e física. De qualquer forma, existem a meu res-
peito dois fatos que a maioria das pessoas con-
sidera surpreendentes, isso considerando o fato
de eu ter me tornado um programador: primeira-
mente, não tive meu próprio PC até os 14 anos
de idade. Em segundo lugar, só tive conexão
com a Internet em casa a partir dos 18 anos.

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CAPA · ENTREVISTA COM GIUSEPPE TORELLI E TADEJ BOROVSAK

não tinha a menor ideia de que poderia facilmen-


te conseguir uma distro não-comercial de graça.

REL: E hoje, qual é sua distro predileta,


Tadej?
TB: Minha favorita é o Gentoo. Foi a primei-
ra distribuição “free” que testei: mesmo tendo de-
morado quase um mês para instalar pela
primeira vez, me apaixonei pela ideia de “deixar
o usuário fazer todos os ajustes”. Como o Gen-
too traz runtime, desenvolvimento e a documen-
Figura 1 - Giuseppe Torelli tação enfeixados em um único build, o
aprendizado da programação se torna bem mais
REL: Qual é a formação acadêmica de fácil. Fora o Gentoo, tento – se possível – usar
vocês? simultaneamente diversas distribuições, de mo-
do a permanecer informado sobre novos desen-
GT: Fiz faculdade em Nápoles, onde con-
volvimentos. Dessa forma, hoje em dia tenho o
segui me diplomar em Engenharia Elétrica.
Fedora 11 em meu laptop.
TB: Já eu continuo tentando terminar meus
estudos de medicina na Universidade de Ljublja-
na (Eslovênia). REL: E qual é a história do Imagination?
GT: Eu percebi na época uma grande ca-
rência por bons programas Linux que criassem
REL: Desde quando vocês vêm utilizan-
slideshows. É claro, existiam alguns, mas todos
do Software Livre?
tinham interfaces gráficas horrorosas, precisa-
GT: Desde 2001, quando comecei a usar vam de um monte de dependências e, pior ain-
com o Red Hat 7.1. Me apaixonei pelo GNU/Li- da, não tinham bons efeitos de transição.
nux no momento em que compreendi a filosofia Comecei o Imagination com a intenção de criar
do Software Livre! De qualquer forma, não te- um software altamente intuitivo e independente
nho uma distro Linux “favorita”: após o Red Hat do gerenciador de Desktop, além de tentar man-
7.1 usei Slackware por alguns anos, depois o tê-lo e o mais leve possível. Escolhi utilizar a
Ubuntu 7.10. Atualmente, uso o Xubuntu, embo-
ra pense seriamente em trocar de distribuição.
TB: Acreditem, eu me lembro de ter “rouba-
do” minha primeira distro em março de 2004...

REL: Como assim, “roubado”?


TB: Nesta época eu baixei pelo Kazaa a
versão “Enterprise” do SUSE Linux. Naqueles di-
as o Kazaa era para mim um programinha que
meus colegas utilizavam para obter software pa-
ra Windows, e então eu o utilizei para baixar
uma distribuição paga do Linux. Na verdade, eu
Figura 2 - Tadej Borovšak

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CAPA · ENTREVISTA COM GIUSEPPE TORELLI E TADEJ BOROVSAK

GT: Depois que o Tadej entrou no projeto


eu finalmente pude concentrar minha atenção
na GUI, e não mais em detalhes técnicos. A par-
te principal do código do Imagination foi desen-
volvida por ele: o projeto não seria bem
sucedido se ele não fizesse parte do time.

REL: Temos visto muitas críticas positi-


vas em relação ao Imagination. O que vocês
pensam a este respeito?
GT: No começo, quando começamos com
o desenvolvimento do software, nunca imaginei
tamanho sucesso. Isso mostra o quanto o mun-
Figura 3 - Tela principal do Imagination do Linux está carente por programas fáceis e in-
GTK, pois desde a versão 2.8 ela usa a Cairo, tuitivos. Modestamente, percebo que estamos
uma poderosa biblioteca para gráficos 2D. Com realizando um bom trabalho.
o uso da Cairo foi possível atingir os efeitos de
transição que o Imagination oferece sem que
REL: O Imagination é destinado apenas
houvesse necessidade de mais nenhuma depen-
ao usuário doméstico ou vocês pensam em
dência.
criar uma versão “Profissional”?
TB: Conheci o Giuseppe em um fórum pa-
GT: Atualmente nosso público alvo são os
ra programadores, e desde então trabalhamos
usuários domésticos, mas quem pode predizer o
juntos no projeto. Realmente, sempre tentamos
futuro? Confesso que não tenho muita experiên-
manter o “motor” do Imagination o mais simples
cia em áudio e vídeo, mas a ajuda do público a
possível, e isso nos obrigou a minimizar a neces-
este respeito é sempre apreciada.
sidade de utilizar dependências. Atualmente, utili-
zamos a biblioteca libsox para extrair TB: Pessoalmente, não me vejo trabalhan-
informações dos arquivos de áudio, além do Ffm-
peg, o qual utilizamos para codificar os vídeos.
GT: O libsox foi adicionado na versão 1.5,
o que permitiu o gerenciamento de diferentes for-
matos de áudio e até mesmo alguma manipula-
ção adicional da trilha sonora dos vídeos, algo
que pretendemos implementar com mais cuida-
do em lançamentos futuros.

REL: Como é a rotina de desenvolvimen-


to de vocês?
TB: Para mim, o Imagination é um projeto
para as horas vagas. Eu programo quando te-
nho tempo, então não há uma verdadeira “roti-
na”... Figura 4 - Aplicação de transições como a Circle-In

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CAPA · ENTREVISTA COM GIUSEPPE TORELLI E TADEJ BOROVSAK

vestimento por parte de pessoas ou entida-


des?
TB: A única pessoa que tem “investido” em
meu trabalho é a Martina. Ela tenta me manter
alimentado e me força a sair para respirar ar
fresco. Além disso, o que é mais importante:
ela apoia minha visão de trabalhar voluntaria-
mente para a comunidade open source. Ah,
sim... ela ocasionalmente sequestra meu laptop
para uma sessão de Mahjong, o que de vez em
quando me força a descansar.

REL: Como as pessoas podem contri-


Figura 5 - Exportando um vídeo
buir para o projeto?
do em uma versão profissional do Imagination. GT: Sempre precisamos de testadores e
Penso nele como um editor de slideshows sim- de novos efeitos de transição (temos uma seção
ples e amigável, algo que as pessoas utilizariam em nosso site que explica como criar transições
para fazer apresentações simples com, por ex- para o Imagination). É claro, aceitamos suges-
emplo, as fotos do último feriado. Basta abrir o tões, patches e tudo aquilo que possa trazer me-
Imagination, importar as imagens, brincar um lhoramentos para nosso software.
pouco com o layout (adicionar transições, sons,
textos, efeitos) e mandar o software criar o ví-
deo. REL: Vocês tem algum projeto além do
Imagination?
GT: Sim, eu sou sou o desenvolvedor do
REL: O que há de novo na versão 2.0 Xarchiver, um frontend para programas de arqui-
do Imagination, aguardada para setembro de vamento independente de gerenciadores de
2009? desktop. Atualmente estou desenvolvendo um
GT: Tadej fez um excelente trabalho na cri- site de relacionamentos em PHP e MySQL.
ação de um “efeito Ken Burns” (ver texto explica- TB: Não trabalho em nenhum outro proje-
tivo): o usuário não será limitado a dois meros to, mas tento ajudar as pessoas que estão co-
pontos de parada na imagem: poderão ser adicio- meçando a usar a GTK+ redigindo posts em
nados quantos pontos forem desejados, assim meu blog a respeito dos temas são mais proble-
como fatores de zoom. máticos.
TB: No efeito Ken Burns do Imagination o
número de pontos de parada será limitado ape-
nas pela imaginação do usuário. A velocidade REL: Vocês se basearam em alguma fer-
do movimento deverá ser definida por ponto de ramenta específica (proprietária ou não) na
parada, e cada ponto de parada em si será com- criação do Imagination?
posto pela posição na imagem e pelo fator de zo- GT: Não uso software proprietário, mas dei
om. uma bela olhada em alguns programas comerci-
ais existentes para Windows de modo a ter uma
ideia de por onde começar.
REL: Vocês recebem algum tipo de in-

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CAPA · ENTREVISTA COM GIUSEPPE TORELLI E TADEJ BOROVSAK

TB: Como não tenho uma câmera, minhas


necessidades quanto à edição de vídeos são Efeito Ken Burns:
bastante limitadas. Minhas experiências passa- O que é isso?
das nesta área consistem em alguns poucos pro-
jetos simples feitos no Windows Movie Maker. Kenneth “Ken” Burns é um cineasta
norte americano nascido em 1953 e
especializado em na produção de
REL: Giuseppe, ao pesquisar para essa documentários. Uma das técnicas utilizadas
entrevista, descobri que você é “xará” de um por ele na elaboração de seus vídeos – e
volinista e compositor de música clássica... que até mesmo foi batizada como “Efeito
Ken Burns” – é a prática de criar ilusão de
GT: Pois é, eu já sabia disso. É uma coinci-
movimento em fotografias estáticas através
dência divertida, mas para falar bem a verdade,
do uso de movimentos de câmera e zoom.
eu não gosto de violino.

A Wikipédia exemplifica o “Efeito Ken


REL: Vocês tem uma mensagem para
Burns” da seguinte forma: imagine que, em
nossos leitores?
um documentário sobre basebol, seja
GT: Ame a seu próximo como a si mesmo. mostrada a foto de um time. Nesse exemplo,
TB: Evitem sair ao sol das 10 da manhã a câmera se move lentamente, focalizando
até as 16, e usem protetor solar. na imagem os rostos de cada jogador, até
parar sobre a face daquele sobre o qual o
narrador do documentário quer falar.

Maiores informações:
Site oficial Imagination: Site Do You Regret:
http://imagination.sourceforge.net/ http://www.doyouregret.com

Site oficial Xarchiver: Site Bits and Pieces:


http://xarchiver.xfce.org http://tadeboro.blogspot.com

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CAPA · ENTREVISTA COM RICHARD SPINDLER

Entrevista com
Richard Spindler,
criador do Open
Movie Editor

Por João Fernando Costa Júnior

Revista Espírito Livre: De onde você é?


Fale um pouco de você para nossos leitores.
Richard Spindler: Oi, me chamo Richard,
vivo em uma vila muito pequena, rodeada de
montanhas, na Austria. É um lugar muito bonito
onde se pode fazer caminhadas e escaladas, o
que faço frequentemente em meu tempo livre.

REL: O que (e onde) você estudou?


RS: Estudei ciência da computação em
Innsbruck, na Austria. Concluí no início deste
ano.

REL: Desde quando você utilize softwa-


re livre? Qual a sua distribuição favorita do
Linux?
RS: Utilizo Linux há muitos anos e já utili-
zei várias distribuições. Acho que iniciei minha
jornada com uma versão antiga do Suse Linux,
mais tarte mudei para o Slackware, brinquei um
pouco com o Red Hat na época, e cheguei ao

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CAPA · ENTREVISTA COM RICHARD SPINDLER

Editor?
RS: O projeto começou comigo mesmo e
fui conduzindo o trabalho ao longo dos anos. Ini-
ciei o trabalho com o Linux Video e depois com
o Software Boradcast 2000, um antecessor do
Cinelerra. Mais tarde meu irmão e um casal de
amigos começaram a fazer filmes amadores, foi
então que percebi que o programa de vídeo dis-
ponível não estava fazendo o que queríamos,
então iniciei o Open Movie Editor Project. Para
nosso primeiro filme “Im Westen nur Bohnen”
(http://www.propirate.net/nur-bohnen-film/) o
Open Movie Editor não ficou pronto a tempo, en-
tão utilizamos um software comercial porém, pa-
ra nosso segundo filme “McFinnen & Wallace”
(http://www.mcfinnenundwallace.com/) ele já es-
tava estável e completo, com recursos suficien-
tes para que pudéssemos utiliza-lo em todo o
nosso trabalho de edição e graduação de cores.
Então, essa foi minha motivação para levar esse
projeto a diante.

REL: Na sua opinião, quais recursos es-


tão faltando no Open Movie Editor?
RS: O objetivo é que o Open Movie Editor
seja uma ferramenta básica para edição por is-
so, estou focando neste aspecto e o que mais
falta são algumas melhorias na velocidade da ja-
nela de reprodução de vídeo para que ele seja
capaz de lidar com vídeos de alta definição. Eu
Figura 1 - Richard Spindler também gostaria de melhorar os títulos, módu-
los e trabalhar mais nos detalhes e usabilidade.
Ubuntu quando ele se tornou mais e mais popu-
lar. Hoje, não mexo nos sistemas tanto quanto
quando era mais jovem. Eu simplesmente usu- REL: O que você diria àqueles que es-
fruo da comodidade e usabilidade que o Ubuntu tão iniciando o estudo de edição de vídeo?
oferece hoje. A experiência do Linux Desktop, re- RS: Em suma, acho que não devem se pre-
almente tem melhorado consideravelmente ao ocupar tanto com os detalhes técnicos do pro-
longo dos últimos anos, em minha humilde opi- grama de edição de vídeo, porém, devem
nião. preocupar-se mais com os aspectos artísticos
da filmagem em geral. O software é apenas
uma ferramenta, a intenção e expressão do con-
REL: Como o projeto do Open Movie Edi-
teúdo é muito mais importante.
tor começou e quem é o pai do Open Movie

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CAPA · ENTREVISTA COM RICHARD SPINDLER

Movie Editor está atualmente limitado à seleção


oferecida pela biblioteca libquicktime, porém es-
ta biblioteca oferece uma ampla variedade de
codecs, se instalada completamente. H264 e
OggVorbis/Theora, por exemplo, fazem parte do
Quicktime.

REL: Atualmente, quem são os princi-


pais contribuidores do Open Movie Editor?
RS: Para o Open Movie Editor, somente
eu, porém estou utilizando muitas ferramentas
do Gmerlin. O autor do Gmerlin é Burkhard
Plaum, e ele é realmente um cara legal. Seu tra-
Figura 2 - Tela principal do Open Movie Editor balho no Gmerlin é magnífico e ele constante-
REL: Muitos dizem que a edição de ví- mente o melhora, o que também beneficia o
deo é uma tarefa muito complexa. O que vo- Open Movie Editor. Além disso, incorporou mui-
cê acha disso? tas sugestões minhas, pois precisava delas para
o Open Movie Editor.
RS: Na minha opinião, há muitas complexi-
dades técnicas as quais estão relacionadas a
evolução da tecnologia e a compatibilidade com REL: Como as pessoas podem contri-
versões anteriores e infelizmente você deve en- buir?
trar em contato com aqueles que trabalham com
RS: Eu sempre trabalhei no Open Movie
vídeo. Eu acho que o objetivo do software de edi-
Editor sozinho, então, não sei como alguém po-
ção de vídeo deveria ser o de simplificar aque-
deria ajudar com o projeto. Mas tenho algumas
les aspectos técnicos, além de resolver os
informações em meu blog (http://news.openmo-
problemas da evolução da tecnologia ou se não
vieeditor.org/) sobre idéias e problemas que eu
for possível eliminar completamente as incompa-
tive.
tibilidades, ajudar os usuários a focar mais em
suas filmagens e criatividade.
REL: Quais são os objetivos futures pa-
ra o Open Movie Editor?
REL: Por que você decidiu criar o Open
Movie Editor?
RS: A maior razão foi para ajudar meus
amigos com criação de filmes e porque eu não
estava satisfeito com o software disponível.

REL: Quais os formatos de mídia o


Open Movie Editor suporta?
RS: Para importação ele trabalha com uma
considerável seleção de diferentes formatos, gra-
ças ao apoio completo dos formatos de vídeo na
estrutura do Gmerlin. Para exportação, o Open Figura 3 - Ajustando o Filtro Gama

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CAPA · ENTREVISTA COM RICHARD SPINDLER

tas coisas novas e diferentes e me envolvi em


muitos projetos e alguns deles abandonei. En-
tão não tenho muito o que dizer sobre como es-
tou trabalhando agora, pois muitas coisas ainda
estão mudando.
No entanto, como um desenvolvedor eu
prefiro ferramentas simples. Estou usando o
VIM Editor, também gosto de utilizar APIs pe-
quenas e simples, como a libquicktime, gmerlin
ou fltk. Quando estou envolvido em listas de dis-
cussão para meu desenvolvimento, prefiro aque-
Figura 4 - Trabalhando com áudio las que tem pouco tráfego, senão me distraio
RS: Atualmente estou muito feliz com os re- com muita facilidade, e prefiro trabalhar com
cursos pois são suficientes para o tipo de proje- pessoas que estão pensando e trabalhando da
to que estamos trabalhando. Muitas pessoas mesma forma que eu e que também gostam de
relatam problemas com a instalação e estabilida- softwares simples e pequenos.
de então, acho que o mais importante é corrigir
todos os pequenos detalhes do Open Movie Edi-
tor no futuro. REL: Você poderia deixar uma pequena
mensagem aos nossos leitores?
RS: Bem, eu acredito que é importante
REL: Você trabalha em algum projeto pa- sempre manter o foco nas belas coisas da vida,
ralelo? e claro em cinema e produção de vídeos. Mes-
RS: Tenho trabalhado muito em alguns pro- mo que a interface do Open Movie Editor seja
jetos este ano, mas falarei um pouco mais a res- considerada um pouco feia, comparada com ou-
peito disso em uma das próximas perguntas. ;-) tros programas, não desvie a atenção dos belos
vídeos que você vai fazer.

REL: O Open Movie Editor é destinado


somente para usuários domésticos?
RS: Na minha opinição, ele também se des-
tina a cineastas amadores, artistas e estudantes
de cinema e produção de vídeo.

REL: Fale alguma coisa sobre seu traba-


lho no Open Movie Editor. Como é a sua roti-
na de desenvolvimento? Maiores informações:
Site oficial Open Movie Editor:
RS: Neste ano não trabalhei muito no
http://www.openmovieeditor.org
Open Movie Editor. Terminei recentemente meu
curso na universidade, o que me custou muitos
Download Open Movie Editor:
esforços. Tive que me adaptar a um estilo de vi-
http://www.openmovieeditor.org/download.html
da completamente diferente. De estudante, pas-
sei a trabalhar e ganhar dinheiro no “mundo
real”. Isso me tomou algum tempo. Eu tentei mui-

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CAPA · DESENVOLVENDO TUTORIAIS MAIS DINÂMICOS COM O WINK

DESENVOLVENDO
TUTORIAIS
MAIS DINÂMICOS
COM O WINK
Por Marcos Vinícius Campez

Craig Jewell - sxc.hu

Introdução to! Horas! “Uma imagem vale mais que mil pala-
"O que os olhos não vêem o coração não vras” - outro clichê típico - agora imagine um
sente" - essa é uma frase clichê usada na nossa vídeo o tanto que não vale! Por mais detalhado
cultura a um bom tempo. E que diabos isso tem que seja o texto que esteja lendo, dificilmente o
haver com o título dessa matéria?! Por incrível mesmo vai conseguir atingir níveis detalhes que
que pareça, tudo. Para ficar melhor podemos um vídeo nos fornece. E é exatamente nesse
adapta-la da seguinte maneira – O que os olhos momento que o Wink entra em cena.
não vêem o cérebro não aprende. Ou fica mais O Wink é um software freeware de criação
difícil de aprender. de tutoriais desenvolvido com o intuito de mos-
Ainda não entendeu onde quero chegar?! trar como usar um determinado programa não
Vou simplificar um pouco então! através de textos mas sim através da captura de
várias imagens, transformando-as em vídeos de
Quantas vezes nos deparamos com arti-
sua área de trabalho. Com ele é possível ainda
gos difíceis de compreender, os quais nos exi-
editar esses vídeos colocando botões, títulos e
gem alto grau de concentração para entender
caixas de mensagens. Outra característica mar-
ou pior, você procura na internet algo sobre um
cante do programa é que seus vídeos podem
software ou qualquer outra coisa e quando você
ser salvos em PDF, HTML e Flash facilitando as-
finalmente encontra, o mesmo está em uma lín-
sim a implementação destes para a Web.
gua que você desconhece. O que fazer nessas
horas?! Acho complicado aprender o idioma de Creio que já deixei vocês com água na bo-
uma hora para outra e parar, descansar e voltar ca para por as mãos nele certo?! Ok! Vamos
para procurar outro artigo pode ser uma perda brincar um pouco!
de tempo imensa não é verdade?! Agora imagi-
ne você, entrar em um site gringo, o qual você Instalação
não entende nada, mas em determinado local O Wink possui versões tanto para Win-
possui um vídeo e quando você clica para inicia- dows (a qual se encontra na versão 2.0) quanto
lo ali está! Todo o conteúdo que você precisa, para Linux (versão mais recente é a 1.5). Como
passo a passo! A seta do mouse se movimenta não estamos do lado negro da força vamos mos-
através da área de trabalho de uma pessoa que trar como instala-lo na versão Linux utilizando o
vive anos luz de você como um maestro mostran- Ubuntu como distribuição. Aqueles que usam ou-
do tudo que você precisa saber para instalar tras distribuições podem baixar os fontes nesta
aquele software ou compilar aquele binário maldi-

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CAPA · DESENVOLVENDO TUTORIAIS MAIS DINÂMICOS COM O WINK

página: http://www.debugmode.com/wink/downlo-
ad.php. Como o Ubuntu já conta com o Wink em
sua lista de repositórios já facilita muito o nosso
trabalho. Antes de instala-lo é muito importante
atualizar o sistema. Então abra o terminal aces-
sando o menu: Aplicativos > Acessórios > Ter-
minal.
Com o terminal aberto atualize o sistema:

$ sudo apt-get update


Figura 2
Em seguida instale o Wink:
$ sudo apt-get install wink tão contidas na mesma.
Vou explicar as opções mais importantes:
Com o Wink instalado e devidamente em
seu lugar podemos acessa-lo clicando em: Apli- Hide Wink Window – Esconde a primeira
cativos > Gráficos > Wink. janela que vimos anteriormente.
Aparecerá uma tela parecida com essa: Screen – Captura toda a tela da sua má-
quina.
Window – Captura somente a janela esco-
lhida. Ao clicar em Window com o mouse, ape-
nas arraste para a janela que deseja e
aparecerá uma borda destacando-a, basta clicar
então.
Custom Rectangle – É a minha preferida.
Você pode desenhar um retângulo em qualquer
lugar da sua tela, basta clicar em Choose segu-
rar o botão do mouse, arrastar e soltar. Tudo
que estiver dentro deste retângulo é capturado.
Time Capture Rate – Como o nome já diz
é o tempo de captura de Rates, basta escolher
conforme seu gosto.
Figura 1
Com as sua opções desejadas clique em
A interface do software é bem simples de OK.
se trabalhar como você irá perceber. Teremos uma janela, como a que
Vamos criar agora um exemplo básico de encontramos na figura 3.
um vídeo feito pelo Wink. Para abrir um Novo Estamos quase lá! Essa janela nos mostra
Projeto, basta clicar na folha branca que encon- as nossas teclas de atalho que no caso são:
tramos na barra de ferramentas.
Pause – Para tirarmos “foto” quando qui-
Abrirá uma janela como como a da figura 2. sermos dispensando o Time Capture Rate.
Essa janela é de enorme importância visto Shift + Pause - Para tirarmos “foto” confor-
que as configurações principais de seu vídeo es- me o Time Capture Rate.

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CAPA · DESENVOLVENDO TUTORIAIS MAIS DINÂMICOS COM O WINK

Figura 3

De posse destes conhecimentos podemos


Figura 5
clicar em Minimize to Tray.
Coloque o local aonde você quer que salve
Pode-se notar agora que o ícone do Wink fi-
o seu vídeo no campo Output File Name, salve
cou no painel superior do Ubuntu.
como SWF e clique em OK. Com isso o seu ví-
Figura 4 deo acaba de sair do forno e está pronto para
ser visualizado! O Wink gera um arquivo .swf e
Clicando com o botão direito em cima do um .htm. Acesse pelo htm e verifique se está tu-
ícone, temos as opções para capturar agora do Ok!
(capture now), começar a capturar conforme o
capture rate (start timed capture), finalizar a
captura (finish capture), cancelar a captura
(cancel capture) e restore capture window pa-
ra voltar a janela anterior.
Para ficar mais fácil podemos usar os ata-
lhos sugeridos anteriormente.
Se suas teclas de atalho não estiverem fun-
cionando verifique se a tecla numLock não está
apertada pois com essa tecla apertada as teclas
Figura 5
de atalho não funcionam no Wink na versão Li-
nux. Não se esqueça que no menu File você po-
de salvar também como PDF e HTML.
Como seu vídeo pronto e se estiver utilizan-
do o Capture Rate basta apertar o atalho nova- Faça seus tutoriais para o mundo! Com-
mente para parar de gravar. Aparecerá partilhe seu conhecimento!
novamente a Janela 03 mas com a quantidade
de Frames Capturados. Clique no botão Finish
e o programa gerará para você a tela a seguir.
Do lado direito temos todas as opções pa-
ra editar o nosso vídeo, como caixa de mensa- MARCOS VINÍCIUS CAMPEZ cursa o 3º
ano de Sistemas de Informação, trabalha
gens, botões, etc. como Admin de Redes e Sysadmin Linux,
militante do movimento do Software Livre
Editado e configurado podemos agora final- desde 2006. Criador do Blog
mente gerar o nosso vídeo clicando no botão tavernadosilicio.wordpress.com onde posta
artigos, dicas e notícias do mundo Open-
Render. source.

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CAPA · OPEN VIDEO

OPEN VIDEO
Por VJ pixel

Pam Roth - sxc.hu

Atualmente, vídeo tem se tornado uma mí- Isso faz com que os (previamente chama-
dia cuja adoção cresce exponencialmente. Isso dos) consumidores agora sejam também produ-
ocorre devido a diversos fatores, entre eles: tores, abandonando os meios que antes
- O custo de aquisição de equipamentos de cap- utilizavam para ter acesso a vídeo para adotar
tação está cada vez mais baixo; novos (baseados na Internet) não só para consu-
- Diversos equipamentos presentes em nosso co- mir, mas também publicar. O vídeo tornou-se,
tidiano (como máquinas fotográficas digitais e te- então, uma importante ferramenta de expressão
lefones celulares) atualmente têm a habilidade pessoal.
de gravar vídeo; Mas sem a preocupação com a apropria-
- Ferramentas de edição são cada vez mais co- ção pela sociedade dessa ferramenta, pode
muns (em computadores, nos equipamentos de ocorrer o mesmo que com o software que no iní-
gravação ou nas ferramentas de publicação) e fá- cio era compartilhado livremente e atualmente
ceis de usar; tem como modelo predominante o de comerciali-
- A banda larga, adotada em larga escala, torna zação.
simples e barata a troca de arquivos; “Information wants to be free”, dizia o mani-
- Existem muitas ferramentas online para publica- festo cyberpunk. Para tal, ela não pode estar en-
ção acessíveis e gratuitas. capsulada em um contêiner cuja chave tem um
dono e só pode acessá-la quem ele definir. Para

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CAPA · OPEN VIDEO

2. Padrões abertos para ví-


deo — Padrões de vídeo (forma-
A luta pelo Open tos, codecs, metadados, etc.)
devem ser abertos, interoperá-
Video é, então, muito mais ampla veis e livres de royalties.
que as batalhas legais e 3. Distribuição aberta — Pla-
taformas de software devem su-
tecnológicas diretamente ligadas a portar padrões e licenças livres.
Redes devem se manter neutras.
ela, é uma luta pelo futuro da 4. Cultura rica e participativa
internet. — Leis que governam a proprie-
dade intelectual não devem de-
sencorajar a cultura participativa.
VJ pixel Por padrão, conteúdo de vídeo
deve estar disponível sem barrei-
ras tecnológicas ou limitações de
que a informação seja livre, o acesso à chave pa- acesso.
ra essa informação também deve ser livre.
5. Liberdades civis e direitos básicos —
Vídeo online deve ser uma mídia dinâmica Pessoas devem ter o direito de participar em
que permite transmissão, arquivamento, remix e uma cultura democrática com privacidade, liber-
outras possibilidades de apropriação, que hoje dade de expressão, termos de serviço não limi-
não são permitidas pelo principal modelo legal vi- tantes, e direito de difusão.
gente. Como no resto da Internet, vídeo online
deve encorajar a participação e funcionar de ma-
neira fluída como uma conversa. Maiores informações:
A luta pelo Open Video é, então, muito Site Oficial Open Video Alliance
mais ampla que as batalhas legais e tecnológi- http://www.openvideoalliance.org/
cas diretamente ligadas a ela, é uma luta pelo fu-
turo da Internet. Open Vídeo no Fórum da Cultura Digital Brasileira
http://culturadigital.br/groups/open-video

Princípios Cyberpunk Manifesto


http://sterneck.net/cyber/branwyn-cyberpunk/index.php
Os princípios do ecossistema do Open Vi-
deo são um mapa técnico para um futuro do ví-
Site oficial VJ pixel
deo mais descentralizado, diverso, competitivo,
http://vjpixel.net
acessível, interoperável e inovativo. Nós visuali-
zamos um uso de vídeo mais democrático e uni-
versal - assim como o texto e imagens são hoje Créditos: Dado França

em dia. Os princípios cobrem os seguintes tópi- PIXEL é VJ, integrante do coletivo Media
Sana e das redes MetaReciclagem,
cos: Estúdio Livre e VJBR (à qual criou).
Colabora com o Tactical Technology
1. Autoria e visualização — As ferramentas Collective, com o desenvolvimento do
de criação, edição e execução devem ser univer- LiVES, e pesquisa interfaces de
interação entre homem e computador no
sais, fáceis de usar, acessíveis, e disponíveis Desvio.
em implementações livres e de código aberto.

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TECNOLOGIA · A SÍNDROME DE CACHORRO DE PADARIA

A SÍNDROME DE
CACHORRO DE PADARIA
Por Jomar Silva
Eduardo Mugica - sxc.hu

Aqui em São Paulo, apeli- dos e hipnotizados,


damos aquelas máquinas que fi- aguardando sua migalha.
cam costumeiramente nas Há algumas semanas,
padarias e que assam frangos passei por uma situação profis-
tradicionalmente aos domingos sional que me lembrou muito
de “Televisão de Cachorro”. O destes cães e depois de sema-
cheiro exalado por estas máqui- nas pensando sobre o fato,
nas costumam seduzir direta- cheguei a uma conclusão um
mente nosso estômago, mas tanto quanto polêmica: A imen-
elas tem uma influência ainda sa maioria de nós, profissio-
maior nos cães de rua: ficam to- nais de TI, sofremos da
dos sentados, hipnotizados, “Síndrome de Cachorro de Pa-
olhando os frangos ali dentro ro- daria” e isso infelizmente é o
dando... todos torcendo para que tem atravancado nosso de-
que o funcionário da padaria senvolvimento tecnológico.
derrube alguma migalha do
frango quando for retirar um O fato a que me refiro foi
frango para vender a um clien- na verdade uma solicitação
te... todos sentados, bestifica- que recebi de uma grande em-

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TECNOLOGIA · A SÍNDROME DE CACHORRO DE PADARIA

presa brasileira. Eles mostra-


ram interesse em capacitar
seus desenvolvedores para po- A imensa maioria de
derem integrar o ODF aos siste-
mas existentes, eliminando nós, profissionais de TI, sofremos da
assim a necessidade (e a amar-
ra) que possuem hoje a suíte “Síndrome de Cachorro de Padaria” e
de escritório do clips.
isso infelizmente é o que tem
Entrei em contato com a
empresa e lhes expliquei o atu- atravancado nosso desenvolvimento
al status do desenvolvimento
do padrão ODF e das bibliote- tecnológico.
cas existentes com suporte ao
padrão, bibliotecas desenvolvi- Jomar Silva
das em diversas linguagens co-
mo PHP, Python e Java (para
citar apenas três). Expliquei ain- senvolvimento e que por isso, Durante as últimas déca-
da que para poder trabalhar ainda não temos “receitas de das, perdemos nossa capacida-
adequadamente com estas bibli- bolo” que sejam genéricas o su- de de raciocinar em
otecas, e poder aproveitar a ver- ficiente para atender 99,9% tecnologia, e a maioria de nós
dadeira liberdade que o ODF dos casos. Não obtive mais res- perdeu ainda sua capacidade
propicia, seria importante que posta desde então. de especificar requisitos. Fo-
os desenvolvedores conheces- mos todos doutrinados a espe-
sem o padrão muito bem (para Apesar de me sentir mui-
to frustrado com a posição de- cificar produtos, quase nunca
aí ficarem livres para escolher requisitos. Um teste simples é
a tecnologia de acordo com a les, acabei pensando bastante
sobre o que fazia um gestor de que ao ler “Banco de Dados”
necessidade de projeto). A res- você imagina o nome de um
posta deles me decepcionou tecnologia de uma empresa da-
quele tamanho ter um posicio- produto de banco de dados es-
muito. pecífico, ao ler “Planilha de Cál-
namento não tímido. Entendo
Disseram que não preten- que a pressa por resultados culo” você imagina um
diam formar especialista algum em empresas é realmente pri- software em específico e ao ler
no padrão e que consideravam mordial nos dias de hoje, mas “Sistema Operacional” você
isso totalmente desnecessário. cá entre nós, estamos falando acabou de pensar em um siste-
Queriam apenas que alguém de um projeto que vai manipu- ma em específico. É muito difí-
lhes desse um treinamento no lar toda a documentação da em- cil não fazer esta associação
modelo “receita de bolo” em presa e indiretamente, imediata e na verdade, fomos
uma única tecnologia, para manipular toda a inteligência da- doutrinados para raciocinar as-
que pudessem implementar o quela empresa. sim.
que precisavam. Me lembro na época da
Foi passando por uma pa-
Respondi a eles alertan- daria em um domingo de ma- faculdade, que quando eu lia
do que, ao contrário de outras nhã, que realmente entendi de em alguma revista que determi-
tecnologias que chegaram ante- verdade o que acontece na ca- nada tecnologia estava sendo
riormente ao Brasil, o ODF ain- beça daquele gestor (e infeliz- desenvolvida fora do Brasil, fi-
da está em desenvolvimento e mente na de inúmeros outros). cava imaginando “nossa...
que o Brasil faz parte do seu de- quanto tempo será que isso de-

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TECNOLOGIA · A SÍNDROME DE CACHORRO DE PADARIA

mora para chegar até aqui ?”. para o Brasil se nossos gesto- do peito, temperado do jeito
Após alguns anos, a tecno- res, profissionais e estudantes que eu gosto, nunca mais me
logia finalmente chegava aqui ainda são doutrinados como sacio com as migalhas...
e normalmente, com um kit os cachorros de padaria. Não Experimentem também...
completo para que pudésse- podemos mais nos contentar Quem ganha é o Brasil (e o
mos “absorve-la”. Este kit nada com as migalhas, pois agora so- Brasil que deixaremos para
mais era do que uma coletâ- mos donos de verdade do fran- nossos filhos).
nea de receitas de bolo, sem- go (ou de uma parte dele)!
pre limitando o quanto Do mesmo jeito que as
poderíamos aprender, para portas foram abertas elas po-
que nossa dependência dos de- dem ser fechadas e tudo vai de- Maiores informações:
senvolvedores da tecnologia pender das nossas ODF Alliance:
fosse permanente. contribuições e por isso, faço http://www.odfalliance.org

Essa é a Síndrome do Ca- um apelo a vocês, queridos lei-


tores: Site do OpenOffice.org:
chorro de Padaria: Desde o mo- http://www.openoffice.org
mento do anúncio de uma Vamos combater á “Sín-
nova tecnologia até o momen- drome do Cachorro de Pada- Artigo na Wikipedia sobre o ODF
to em que a parte dela que inte- ria”: o frango também é http://pt.wikipedia.org/wiki/Open
ressava a seu desenvolvedor nosso !!! Document
chegava em nossas mãos, ficá- Provavelmente você está
vamos aqui bestificados, hipno- lendo este artigo em um compu- Site Oficial W3C
tizados e felizes em aguardar tador conectado á Internet e http://www.w3c.org
nossa migalha. portanto não perca tempo: Pro-
Hoje em dia, por conta cure o site da entidade que de- Site Oficial Oasis
dos padrões abertos e dos pro- senvolve os padrões que você http://www.oasis-open.org
jetos de software livre, o Brasil mais utiliza no dia a dia (IETF,
deixou de ser apenas um con- W3C, OASIS, etc...), se infor- Blog do Jomar:
sumidor de tecnologia e cada me sobre o comitê que desen- http://homembit.com
vez mais é convidado a partici- volve o desenvolve e procure
par dos grupos que realmente saber como você pode contri-
as desenvolve, e aí a síndro- buir com ele. Vamos colocar o
me ataca: Como estamos acos- Brasil no mapa dos padrões in- JOMAR SILVA é
tumados com as migalhas, ternacionais... estão nos ofere- engenheiro
quando somos donos do fran- cendo agora um pedaço do eletrônico e Diretor
Geral da ODF
go inteiro não sabemos o que frango e por isso, não vamos Alliance Latin
fazer com ele e se ninguém fi- mais nos contentar com as mi- America. É também
coordenador do
zer nada para mudar isso, va- galhas. grupo de trabalho na
mos continuar aguardando a Procuro fazer a minha par-
ABNT responsável
pela adoção do ODF
nossa migalha cair. te no OASIS ODF TC e lhes como norma
brasileira e membro
Esta constatação para confesso que apesar da traba- do OASIS ODF TC,
mim é importante, pois deixa lheira, é uma experiência mui- o comitê
muito claro que não adianta na- to, mas muito gratificante. Ás internacional que
desenvolve o padrão
da termos aberto as portas do vezes bate uma canseira, mas ODF (Open
desenvolvimento tecnológico depois que mordi um pedaço Document Format).

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REVIEW · LINUX CUSTOMIZADO EM 15 MINUTOS? USE O SUSE STUDIO

Linux
customizado
em 15 minutos?
Use o SUSE Studio
Por Cristiano Roberto Rohling

Que tal criar um Linux customizado para su- mas nada demais.
as necessidades de forma rápida e sem suar Feito o cadastro, você está pronto para co-
quase nada? Esta é a proposta do SUSE Stu- locar as mãos na massa, e tem 15 Gb para gas-
dio, um impressionante serviço web cuja versão tar com suas experiências.
final foi lançada pela Novell no último dia 28 de
julho. Modelos, muitos modelos – Após o pri-
meiro logon, o usuário cai de para-quedas na te-
No SUSE Studio qualquer internauta pode la “Choose a base template” (“Escolha um
em poucos minutos criar uma “distro” baseada modelo base”). Você escolhe o modelo, que po-
no SUSE Linux. Não são necessários grandes de ser tanto o openSUSE 11.1 quanto o SUSE
conhecimentos técnicos: basta apenas seguir a
sequência de passos apresentada pelo site e o
sucesso é certo.
Por onde eu começo? – Acesse o
http://www.susestudio.com. Na página inicial, vo-
cê será saudado por um simpático robozinho, e
se tiver tempo e disposição, poderá até mesmo
assistir a um screencast explicativo sobre o servi-
ço.
Para poder utilizar o site, paciência: você
precisa cadastrar seu e-mail e aguardar alguns
dias pela liberação de seu convite – como o siste-
ma é interessante e revolucionário, a fila tem si-
do grande. Ao receber a “invitation”, é
necessário o cadastramento de alguns dados, Figura 1: Tela de boas vindas

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REVIEW · LINUX CUSTOMIZADO EM 15 MINUTOS? USE O SUSE STUDIO

Linux Enterprise (nas versões 10 e 11, à sua es- critório, gráficos... enfim, tudo aquilo que apenas
colha). Você acha que a coisa acabou por aí? o mundo Linux pode oferecer.
Não mesmo! Dentro desses modelos, é possível Avancemos... na tab “Configuration” sur-
escolher alguns perfis de interface diferencia- gem diversas opções diferenciadas, a saber:
dos, de modo a agregar “personalidade” à sua
distro.

Figura 3: Tab Configuration

General: defina aqui a sua linguagem, o


layout de teclado e o fuso horário. Aqui também
é definida a forma como será efetuada a configu-
ração da rede;
Personalize: faça upload de logos e back-
grounds diferenciados para embelezar sua obra-
prima;
Startup: em “Default runlevel” é recomen-
dável que o usuário marque “5: Graphical login”,
Figura 2: Escolhendo a base de sua distribuição
caso contrário seu Linux inicializará em modo
texto. Em “End User license agreement (EULA)”
você deverá colocar o texto de sua licença.
Por exemplo, é possível selecionar opções
Server: aqui é possível configurar sua ba-
como “Just Enough OS” (ou “JeOS”, opção que
se de dados do MySQL. Se você está configu-
traz aplicativos pequenos e minimalistas), “Ser-
rando uma aplicação para servidor, use e abuse
ver” (uma base somente texto) e “Minimal X”
dessa feature!
(uma interface leve baseada no IceWM). O usuá-
rio que não quiser utilizar nenhuma das opções Desktop: você poderá definir quais usuári-
anteriores também poderá criar sua aplicação os irão se logar automaticamente, além de pro-
com interface baseada no Gnome ou no KDE gramar algum software para inicialização
(versões 3 e 4, a gosto do freguês). automática;
O SUSE Studio é capaz de criar sistemas Storage & Memory: aqui o usuário pode
tanto em 32 quanto em 64 bits. O usuário tam- determinar a capacidade do disco rígido e a me-
bém pode nomear sua distro como bem enten- mória RAM da máquina virtual que o SUSE Stu-
der (eu chamei a minha de “RohlingOS”). dio utilizará no “Test-Drive” online de sua distro;
Tão fácil que até eu consigo usar! – Lo- Scripts: defina se você quer rodar algum
go após nomear a aplicação, o usuário cairá na script personalizado antes ou depois do setup
tela “Start” de um Wizard que lhe permitirá a cus- de seu SO.
tomização das propriedades de seu sistema: ago- Agora que você já configurou seu sistema,
ra sim começa a diversão. cairemos na tela “Overlay files”. Nessa parte do
Ao avançar para a tab “Software”, é sim- Wizard, o usuário poderá efetuar o upload de ar-
ples selecionar os programas que farão parte da quivos, os quais serão gravados nas pastas que
distro. Existem centenas de pacotes disponí- você mesmo definirá. O mais legal é que arqui-
veis, entre aplicativos para desenvolvimento, es- vos .tar, tar.gz e afins poderão ser extraídos dire-

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REVIEW · LINUX CUSTOMIZADO EM 15 MINUTOS? USE O SUSE STUDIO

tamente para os diretórios que você define nes- brasileiros – o fato de as aplicações serem gera-
ta mesma tela. das em inglês, o que pode afastar alguns usuári-
Feito tudo isso, a coroação de seus esfor- os que não tem grande domínio da língua
ços vem na tela “Build”. Para gerar a sua ISO, anglo-saxônica.
marque em “Format” a opção “Live CD/DVD No mais, a ferramenta facilita muito o servi-
(.iso)” e digite o número da versão. Clique em ço de quem deseja criar aplicações simples, co-
“Build” e aguarde: o SUSE Studio vai montar mo por exemplo um quiosque exclusivo para
sua distro, e essa parte do processo pode ser acesso à Internet: basta selecionar uma interfa-
bem demorada. Você pode até fechar a janela ce leve como o “Minimal X” (que, como eu co-
do browser e ir tomar um café, pois o processo mentei, usa o IceWM), o Firefox e fazer algumas
de montagem continua mesmo que você desli- modificações simples nas configurações e no vi-
gue o PC, afinal tudo ocorre nos servidores da sual. Divirtam-se!
Novell.
Quando o build estiver concluído, você po-
de baixar a ISO, queimar o CD/DVD e sair insta-
lando (as ISOs ficam disponíveis no site por
uma semana).
Terminado o “build” da ISO, clique na op-
ção “Test Drive” e aguarde: o SUSE Studio irá
testar sua distro no próprio navegador (verifique
se você tem instalado o ultimo plugin do Flash).
O sistema irá bootar como se fosse um computa-
dor, e você poderá testar se sua distro ficou den- Maiores informações:
tro do que você esperava. Site oficial SuSE Studio
http://www.susestudio.com

Site oficial openSuSE [em Português]


http://pt.opensuse.org

Site da Comunidade de Usuários do openSuSE


http://www.susebr.org

Blog Geeknologia
http://geeknologia.wordpress.com

CRISTIANO ROHLING é jornalista, mas


Figura 4: Preview de sua mais nova distribuição... abraçou a Tecnologia como paixão
pessoal e profissional. Formado em
Comunicação Social pela Universidade
Conclusões - Divertido? Certamente. O Estadual de Londrina, também cursou
Tecnologia em Processamento de Dados
SUSE Studio é uma ferramenta de impressio- no Centro Universitário Filadélfia. É editor
nante flexibilidade, e realmente faz o que prome- do blog "Geeknologia", onde
periodicamente publica pequenas
te. Talvez o único inconveniente seja – para nós reportagens sobre o mundo digital.

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FERRAMENTA · IMPLANTANDO O BOLETOPHP

Implantando o
BoletoPHP
Por Flávia Jobstraibizer

Ivan Petrov - sxc.hu

Por conta da facilidade de implementação Feito isso, abra dois dos arquivos
do pacote BoletoPHP em sistemas de cobrança referentes ao seu banco, que neste artigo é o
dos mais variados, solução é geralmente a mais Banco Itaú. São eles: layout_itau.php e
votada quando perguntamos aos boleto_itau.php. O arquivo funcoes_itau.php não
desenvolvedores suas preferências em relação necessitará ser modificado.
à cobrança via boletos bancários. No arquivo boleto_itau.php, configure em
Para implantar o boleto bancário, você primeiro lugar os seus dados pessoas, como
precisa ter em mente o seguinte: agência, conta e carteira.
É necessário que você tenha habilitado
$dadosboleto["agencia"] = "1565"; // Nº da agência,
com o seu banco, a carteira necessária para a
sem digito
emissão de boletos. A maioria dos bancos $dadosboleto["conta"] = "13877"; // Nº da conta, sem
pratica a carteira 175, ou seja, boletos sem digito
registro. Caso você tenha uma loja virtual de $dadosboleto["conta_dv"] = "4"; // Digito do Nº da
grande porte ou mesmo trabalhe com arquivos conta
de retorno bancário (via contrato com seu $dadosboleto["carteira"] = "175"; // Carteira
banco), será necessário habilitar a carteira
correta para este fim. Na sequência, configuramos informações
Sendo assim, é necessário antes de tudo, sobre seu estabelecimento, como nome da
entrar em contato com o banco e solicitar a empresa, CPF ou CNPJ, endereço, cidade, etc.
carteira correta para o tipo de uso que será feito
dela.

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FERRAMENTA · IMPLANTANDO O BOLETOPHP

$dadosboleto["identificacao"] = "BoletoPhp - Código $dadosboleto["nosso_numero"] = '12345678';


Aberto de Sistema de Boletos"; $dadosboleto["numero_documento"] = '0123';
$dadosboleto["cpf_cnpj"] = ""; $dadosboleto["data_vencimento"] = $data_venc;
$dadosboleto["endereco"] = "Coloque o endereço da $dadosboleto["data_documento"] = date("d/m/Y");
sua empresa aqui"; $dadosboleto["data_processamento"] = date("d/m/Y"); //
$dadosboleto["cidade_uf"] = "Cidade / Estado"; (opcional)
$dadosboleto["cedente"] = "Coloque a Razão Social da $dadosboleto["valor_boleto"] = $valor_boleto;
sua empresa aqui";

Da linha 54 à 60 do arquivo
Observações importantes
boleto_itau.php, você irá encontrar uma
variedade de informações que serão exibidas O “Nosso Número”, deve ser um número
para o caixa do banco e para o cliente. São elas: sequencial único para melhor controle dos
títulos e deve ter até no máximo oito caracteres.
$dadosboleto["demonstrativo1"] = "Pagamento de O “Número do Documento” é um campo
Compra na Loja Nonononono"; para controle exclusivamente do
$dadosboleto["demonstrativo2"] = "Mensalidade
estabelecimento. Você pode informar aí, o
referente a nonon nonooon nononon<br>Taxa
número do pedido, ou algum código que o
bancária - R$ ".number_format($taxa_boleto, 2, ',', '');
$dadosboleto["demonstrativo3"] = "BoletoPhp";
identifique.
$dadosboleto["instrucoes1"] = "- Sr. Caixa, cobrar multa A data de vencimento deve respeitar a
de 2% após o vencimento"; regra de formato DD/MM/AAAA. Esta data
$dadosboleto["instrucoes2"] = "- Receber até 10 dias poderá ser fixa, ou poderão ser informados uma
após o vencimento";
quantidade de dias para o vencimento, sendo
$dadosboleto["instrucoes3"] = "- Em caso de dúvidas
assim a data de vencimento será calculada
entre em contato conosco: xxxx@xxxx.com.br";
$dadosboleto["instrucoes4"] = "&nbsp; Emitido pelo
automaticamente.
sistema Projeto BoletoPhp - www.boletophp.com.br"; A data do documento refere-se à data de
geração do boleto.
O campo valor do boleto, deve ser
As informações mais importantes são as preenchido com vírgula e sempre com duas
informações de valor a ser cobrado, data de casas decimais depois da virgula. Uma regrinha
vencimento, número do documento, e outras, deve ser respeitada: Não utilizar pontos na
que serão configuradas nas seguintes linhas: milhar. É indiferente utilizar "." ou "," nas casas
decimais.

$dias_de_prazo_para_pagamento = 5;
Você poderá dinamizar a geração dos
$taxa_boleto = 2.95; boletos, passando os valores através de GET
$data_venc = date("d/m/Y", time() + ou POST (preferencialmente) em suas
($dias_de_prazo_para_pagamento * 86400)); aplicações, e sendo assim, resgatando-as no
$valor_cobrado = "89,00"; arquivo boleto_itau.php.
$valor_cobrado = str_replace(",", ".",$valor_cobrado);
No arquivo layout_itau.php, você poderá
$valor_boleto=number_format($valor_cobrado+$taxa_bo
leto, 2, ',', '');
realizar modificações pertinentes ao layout do
boleto, sempre respeitando as exigências do
seu banco.

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FERRAMENTA · IMPLANTANDO O BOLETOPHP

Você poderá por exemplo incluir o logotipo Maiores informações:


da sua empresa no topo do boleto, substituindo
Conheça mais sobre o projeto BoletoPHP
o <IMG SRC="imagens/logo_empresa.png">
na página oficial do projeto em
pelo caminho do seu logo em seu servidor.
www.boletophp.com.br ou entre em contato
O restante do boleto não necessita ser comigo através do www.flaviajobs.com.br.
modificado. Porém, caso não queira que sejam
exibidas as instruções de impressão do boleto,
você poderá retirá-las do topo do boleto, nas Maiores informações:
linhas 48 a 56 do arquivo layout_itau.php. Site oficial do BoletoPHP
É recomendável não modificar o layout http://www.boletophp.com.br
previamente configurado, pois respeitam os
padrões do banco. Exigências como tamanho Site Federação Brasileira de Bancos
de fonte, código de barras e outros, são http://www.febraban.org.br
exigências não só do banco, mas também da
FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos - Site pessoal Flávia Jobstraibizer
http://www.febraban.org.br/ ) e devem ser http://www.flaviajobs.com.br
respeitadas. É sempre possível melhorar o
layout, mas deve-se respeitar as exigências das FLÁVIA JOBSTRAIBIZER é é analista de
instituições. sistemas, atualmente gerente de projetos
e trabalha na área de TI desde 1998. É
De posse de todas as configurações autora de vários livros e artigos em
revistas na área, entusiasta do software
efetuadas, basta enviar os arquivos para seu livre, instrutora de PHP e linguagem SQL,
servidor, e começar a gerar seus boletos! e mantém diversos projetos em
andamento na área de software livre
sendo um deles o Projeto Sons para
deficientes visuais.

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FERRAMENTA · AUTOMAÇÃO EMPRESARIAL LIVRE

Automação
Empresarial Livre,
um mercado promissor
Por Relsi Hur Maron
Zsuzsanna Kilián - sxc.hu

Atualmente vemos a comunidade empe-


nhada no desenvolvimento de soluções livre pa-
ra as mais diversas áreas: gráficos, áudio,
modelagem, científicos, etc. Porém, uma área
muito importante não tem sido muito explorada:
a Automação Empresarial. Veremos nesse arti-
go as possibilidades de atuação nessa área, e
como disseminar o software livre nos meio em-
presarial.
Nos primórdios da Automação Empresari-
al, existiam, e ainda existem, os enormes main-
frames processando informações para grandes
instituições, principalmente bancos e outras ins-
tituições financeiras, mas com a popularização
e o barateamento dos equipamentos de informá-
tica, pequenas empresas começaram a fazer
parte desse mundo informatizado, e esse movi-

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FERRAMENTA · AUTOMAÇÃO EMPRESARIAL LIVRE

com uma série de relatórios vindo cada um de


um sistema diferente, e manualmente ele mes-
mo fazia o comparativo do desempenho da em-
presa, mas isso começou a mudar com o
Surgimento dos sistemas ERP.
ERP é a sigla para Enterprise Resource
Planning, ou de acordo com definição na Wikipé-
dia[1] SIGE - Sistemas Integrados de Gestão
Empresarial. Mas o que é realmente um ERP?
A definição portuguesa nos dá uma visão me-
Figura 1: Pacotes de Sistemas com banco de dados individuais lhor do que se trata: é um sistema de gestão in-
tegrado. Lembra-se no parágrafo acima quando
mento tem sido crescente desde então, inclusi-
mencionei que a gestão de uma empresa esta-
ve com apoio do governo para que as empresas
va a cargo de diversos sistemas, cada um cui-
informatizem seus negócios, um apoio tão agres-
dando de uma área específica? Pois bem, um
sivo que aqui no Brasil tem força de lei, como po-
ERP simplesmente engloba, ou tenta, todos os
demos ver em relação ao projeto do Sintegra e
setores de uma empresa a fim de integrá-los,
atualmente da NF-e, essa popularização abriu es-
proporcionando uma efetiva troca de informa-
paço para um novo mercado, o de desenvolvi-
ções entre eles, por exemplo, quando um vende-
mento de sistemas para Automação
dor faz uma venda o sistema já dispara um
Empresarial.
comunicado para o pessoal da produção ou do
No princípio, aqui no Brasil, Sistemas de estoque que vai liberar o produto, caso ele não
Automação para empresas constituíam-se de di- exista será emitido uma ordem de compra ou de
versos aplicativos que desempenhavam funções fabricação do mesmo, no caso da fabricação o
específicas, esse foi o cenário que eu encontrei próprio sistema já verifica a disponibilidade do
a 10 anos quando comecei a trabalhar no setor fi- material, se não houver, já dispara um pedido
nanceiro de uma empresa metalúrgica, esse “pa- para o almoxarifado da empresa, ou solicita sua
cote” de automação era constituído por uma compra, e tudo isso feito por apenas uma entra-
série de aplicativos: Aplicativos Contábeis, Apli- da no sistema, a do vendedor. Anteriormente,
cativos de Folha de Pagamento, Sistema de Ven- no processo antigo, alguém recebia o pedido do
das, Ordem de Pedido, sistema de Contas a vendedor e inseria os dados no aplicativo de pe-
Pagar e Receber, etc. Em suma a automação didos, logo quando fosse atendido o pedido, era
das empresas dependia de um conjunto de apli- dada baixa nesse aplicativo e era lançada uma
cativos que na maioria das vezes não conver- saída no sistema de Vendas, esse por sua avisa-
sam entre si, pois cada um era desenvolvido por va o setor financeiro para lançar um recebimen-
uma empresa focada em um segmento específi-
co, cada um com seu banco de dados e bibliote-
cas de comunicação específicas, por exemplo a
Empresa X desenvolvia o Sistema de Folha de
Pagamentos, e seu foco eram as rotinas pertinen-
tes a essa atividade, eles não tinham em mente
desenvolver um sistema integrado com outros de-
partamentos de uma empresa pois o foco deles
era Departamento Pessoal, e no final das con-
tas o administrador acabava no final do mês
Figura 2: Sistema ERP com banco de dados compartilhado

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FERRAMENTA · AUTOMAÇÃO EMPRESARIAL LIVRE

caso foi continuar lançando mão de diversas so-


luções, uma para cada problema específico.
Quando falamos de antigamente em infor-
mática, podemos estar falando do ano passado,
isso é um fato. Pois bem, acontece que antiga-
mente era assim. Atualmente vemos um cenário
diferente, e graças ao avanço do software livre.
Embora o desenvolvimento de sistemas
Figura 3: O OpenBravo é um ERP completo que possui funcionalidades ERP completo que atenta a todos os setores
como CRM e BI produtivos de uma empresa ainda não seja pos-
to ou emitir uma fatura de cobrança no sistema fi- sível sem uma equipe estruturada e fixa, sem o
nanceiro, e esse ciclo se repetia a cada novo pe- investimento de capital, mesmo que de doa-
dido, com um ERP isso não acontece, pois os ções, e sem o comprometimento dos usuários
setores compartilham o mesmo Banco de Da- de se atualizarem constantemente, existem atu-
dos, cada um faz a sua parte e o sistema se en- almente diversas opções livres desses siste-
carrega de mandar cada coisa para seu devido mas, que estão ao alcance, gratuitamente, de
lugar, automatizando verdadeiramente o proces- quem esteja disposto a instalá-los e utilizá-los, e
so e minimizando as perdas. até mesmo a pagar por eles, isso mesmo, pagar.
Mas um sistema ERP não é uma coisa que A maioria dos sistemas ERP Open Source
um programador faça sozinho, é um trabalho pa- mais maduros são mantidos por empresas, mas
ra ser feito a quatro mãos, quatro não, muitas. possuem uma comunidade de desenvolvedores
Sistemas desse tipo são mantidos por quem te- livres ao redor do globo muito atuante, salvo al-
nha um conhecimento de todos os processos pro- gumas exceções. Mas o que faz uma empresa
dutivos de uma empresa, e por quem detenha investir em um software que qualquer um pode
capital suficiente para bancar o desenvolvimen- usar de graça? Simples: prestam serviços para
to desse tipo de sistema, e isso foi uma barreira essa pessoa que quer usar o sistema. Para nós
para os desenvolvedores acostumados a cria- que somos oriundos da área técnica pode ser
rem aplicações em Clipper, Delphi ou VB, ás ve- bem simples instalar um servidor Linux para ro-
zes sozinhos e com uma equipe de duas ou três
pessoas, por outro lado o custo de um sistema
ERP era proibitivo para empresas de pequeno
porte, devido à complexidade de desenvolvimen-
to e da implantação dos mesmos, então o que fi-
zeram esses desenvolvedores que antes faziam
aplicativos específicos? Uniram-se para criar
uma solução que satisfizesse as pequenas em-
presas e mesmo assim fossem praticáveis a pe-
quenos grupos de desenvolvimento. Não!
Continuaram a desenvolver seus aplicativos co-
mo antes, pois o mercado ainda carecia, e care-
ce, de soluções para a informatização das
empresas, nem que seja para agilizar os traba-
lhos administrativos e produtivos, e sendo o cus-
Figura 4: O Opne BRavo POS possui funcionalidades para restaurantes,
to de um ERP proibitivo para alguns setores, o como controle de Mesas e se intergra ao ERP OpenBravo

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FERRAMENTA · AUTOMAÇÃO EMPRESARIAL LIVRE

ele já está pronto para ser usado.


Em face desse cenário, e com boas op-
ções disponíveis o que falta para o Software Li-
vre embarcar de vez no mercado de automação
comercial? Capacitação. E nesse ponto o
software proprietário está um passo à nossa
frente: eles têm pessoal preparado.
Precisamos de profissionais que se capaci-
tem em atender esse nicho de mercado de for-
Figura 5: O Adempiere LBR possui especificações que atendem as ma eficiente e direta. O que os empresários
dar uma aplicação Java com TomCat, mas para querem não é um sujeito que entenda da Lingua-
o seu João que quer automatizar sua loja isso gem X ou do Sistema Y, ele quer um profissio-
não é nem de perto simples, ela irá pagara para nal que saiba como um sistema irá lhe ajudar a
que alguém o faça. gerir o seu negócio, para ele é indiferente se é li-
vre ou proprietário, para ele o que interessa é
O mercado de automação comercial no Bra- que o sistema se adapte às necessidades da
sil está carente de profissionais que atendam es- empresa e não o contrário.
pecificamente às pequenas empresas. Os
desenvolvedores de sistemas proprietários nem Atualmente Sistemas de Automação Co-
sempre tem a solução eficiente para uma micro mercial tendem as ser específicos, o mesmo sis-
empresa, pois o foco desses desenvolvedores tema pode ser empregado em diferentes
são as grandes corporações, o custo de desen- empresas, mas a implantação do mesmo será
volvimento proprietário é muito alto devido às su- diferente em cada uma delas, e a apresentação
as licenças e tudo mais, de forma que uma também. No início do artigo vimos que havia sis-
solução open source que se adapte as necessi- temas para funções específicas, porém esses
dades das micro e pequenas empresas é bem sistemas atendiam qualquer empresa sem modi-
vinda. ficações, pois como eles não se comunicavam
não havia necessidade de se adaptarem aos
Atualmente sistemas como o OpenBra- processos da empresa, cada um cumpria sua
vo[2], o Adempiere[3], o Stoq[4], e outros que função, e o desenvolvedor vendia a solução
mencionarei futuramente, conseguem atender sem precisar saber dos processos da empresa,
as necessidades de micro e pequenas empre-
sas e são todos sistemas livres, o OpenBravo é
um sistema ERP modular, ou seja, você só insta-
la e utiliza o que sua empresa necessita, atual-
mente foi incorporado ao sistema um módulo de
PDV (OpenBravo POS[5]), o que deixou o siste-
ma mais completo, o Adempiere é um fork do
Compiere[6], e também semelhante ao OpenBra-
vo, com um diferencial que tem uma versão espe-
cífica para a Legislação brasileira o
AdempiereLBR[7], já o Stoq é um sistema desen-
volvido por uma empresa brasileira e com o dife-
rencial de estar mais de acordo com as nossas
necessidades imediatas, ou seja, não é necessá-
Figura 6: O Stoq é um sistema Nacional desenvolvido de acordo com as
ria nenhuma customização por parte do usuário, necessidades fiscais do país

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FERRAMENTA · AUTOMAÇÃO EMPRESARIAL LIVRE

ele precisava saber como funcionava determina- Maiores informações:


do setor, os processos são iguais para todas as
empresas, na maioria das vezes, devido as leis [1] Artigo na Wikipédia sobre ERP
fiscais em vigor, agora com um sistema integra- http://pt.wikipedia.org/wiki/ERP
do, o cenário é diferente, o sistema tem que se
adaptar a determinada empresa diferentemente [2] Site oficial OpenBravo
de outra, ou seja, o profissional que antes ven- http://www.openbravo.com
dia seu sistema para cinco empresas diferentes,
não pode mais fazê-lo nessa era em que domi- [3] Site oficial ADempiere
na o conceito dos sistemas ERP, as empresas http://www.adempiere.com.br
já sabem o que o mercado de automação tem a
oferecer, e elas querem sempre o melhor, com [4] Site oficial Stoq
um custo reduzido, sempre. http://www.stoq.com.br

O caminho das pedras então é se qualifi- [5] Site oficial OpenBravo - Produtos
car nos processos administrativos ou produtivos http://www.openbravo.com/product/pos
do setor em que se pretende atuar, um profissio-
nal que não entende do funcionamento de uma [6] Site oficial Compiere
fábrica de detergentes não vai ser muito convin- http://www.compiere.com/
cente em oferecer uma solução para automati-
zar essa fábrica, e também não vai ser eficiente [7] Site Adempiere em português
em tentar fazê-lo. http://www.adempierelbr.com.br
Adquirida a qualificação, que na maioria
das vezes vai ter que ser alcançada sozinha devi-
do a carência de formação específica nessa
área, o profissional livre já pode se aventurar no
mundo dos sistemas de Automação Empresari-
al, e dando prosseguimento aos estudos, já ficar
por dentro de outros termos que vem relaciona-
dos ao ERP como CRM e BI, mas isso é assun- RELSI HUR MARON é empresário,
to para uma outra conversa. participa do desenvolvimento do projeto
B2Stoq (http://b2stok.sourceforge.net/) e
colabora com traduções e artigos para a
comunidade livre; curte Poesia, PHP e
interfaces gráficas, não necessariamente
nessa ordem.

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FORUM · O surgimento da máquina, suas conexões e as primeiras apropriações

O Desenvolvimento da
Computação e das
Redes como uma Série
de Apropriações – Parte I:
O Surgimento da Máquina, suas Conexões
e as Primeiras Apropriações
Por Filipe Saraiva

CJLUC - sxc.hu

O desenvolvimento tecno- da mediação por máquinas li-


lógico visa trazer mais conforto gadas em rede.
ao homem em seu cotidiano. O que em seu início era
Seja no provimento de ferra- uma pesquisa norte-americana
mentas para melhor desenvol- voltada para o desenvolvimen-
ver uma determinada tarefa, to de um meio de comunicação
ou a comercialização de um no- que ligasse vários quarteis mili-
vo dispositivo para projeção au- tares entre si, robusto o bastan-
diovisual, o aparato técnico a te para ser rápido e manter-se
disposição tenta levar melhor funcional após um possível ata-
qualidade de vida ao ser con- que nuclear, acabou tendo seu
temporâneo. atendimento expandido para
No campo da informação universidades e centros de pes-
e comunicação, a pesquisa em quisa. Após poucos anos, vári-
novas mídias e formas de fa- as redes com esta mesma
zer pessoas dispersas geografi- finalidade espalhadas pelo
camente e temporalmente mundo foram interconectadas.
manterem contato entre si, pro- Essa é a história do surgimen-
piciaram um ambiente de forte to técnico da Internet (Kurose
conectividade entre aqueles e Ross, 2006).
que participam dele, através

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FORUM · O surgimento da máquina, suas conexões e as primeiras apropriações

Porém, após o acesso a


esta “Rede Mundial de Compu-
tadores” ter sido aberta para o O que antes era tido como
público em geral e empresas, vi-
mos surgir a Internet como co- um veículo para rápidas trocas de
nhecemos. O que antes era
tido como um veículo para rápi- mensagens, passo a ser um lugar
das troca de mensagens, pas-
sou a ser um lugar de
de interação, de prestação de
interação, de prestação de ser- serviços e de produção de
viços e de produção do conheci-
mento. Para isso, o conhecimento.
desenvolvimento da WEB e su-
as tecnologias associadas (pa- Filipe Saraiva
dronização da linguagem de
marcação HTML, utilização do
protocolo HTTP) foram funda- de máquinas desse tipo para
mentais para caracterizar esse se sobressaírem aos inimigos ra uma sociedade que tornaria
ambiente não mais como uma em decisões estratégicas. En- estas mesmas máquinas, im-
rede de computadores, mas tre as finalidades destinadas portantes centros de produção
uma rede de pessoas media- aos computadores, pode-se ci- e troca de dados pela rede (co-
das pelas máquinas conecta- tar o cálculo de trajetória balísti- mo nos fala Pierre Lévy em
das. ca e a quebra de mensagens seu “Tecnologias da Inteligên-
criptografadas interceptadas. cia”).
Esta apropriação da Inter-
net pela população não relacio- Nesta época, o modelo O computador é uma má-
nada com órgãos militares, convencional de computadores quina que trabalha com repre-
governamentais ou centros de eram os do tipo Mainframe. sentações, ditas “virtuais”.
ensino e pesquisa ocorreu no Nos fins dos anos 70, vários jo- Uma representação virtual
início dos anos 90. Ela foi ante- vens, em especial da Califór- mantém as características sufi-
cedida por outra importante mu- nia, estudavam e construíam cientes para simular algo não-
dança no panorama do seus próprios computadores. virtual. Assim, o computador é
mercado em informática que Era uma atividade mais volta- capaz de armazenar grande
foi o surgimento do computa- da para a satisfação da curiosi- quantidade de informação dis-
dor pessoal em meados da dé- dade, e era tratada como um posta em vários formatos (víde-
cada de 80. hobby pelos adeptos. Porém, fo- os, textos, imagens) de uma
ram estes dedicados jovens mesma forma, além de poder
O computador moderno,
que transformaram seus “diverti- tratar esta informação sem
assim como a Internet, surge
mentos” em trabalho. Através acarretar desgaste. Inclusive,
por incentivo de pesquisas mili-
de financiamentos, começam a é possível fazer várias cópias
tares que visavam a constru-
surgir pequenas empresas que de um arquivo que todas elas
ção de máquinas com alta
levariam o poder de cálculo de serão idênticas entre si, com
capacidade de processamento
um computador “militar” para a as mesmas propriedades.
de cálculo. Era já os últimos
anos da II Guerra Mundial, casa das pessoas, resignifican- Essa característica intrín-
quando o governo norte-ameri- do o uso da máquina e, sem seca aos dispositivos que ma-
cano percebeu a importância querer, lançando as bases pa- nuseiam objetos virtuais,

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FORUM · O surgimento da máquina, suas conexões e as primeiras apropriações

Maiores informações:
Site Liberdade na Fronteira
Esta apropriação da Internet http://www.liberdadenafronteira.

pela população não relacionada blogspot.com

com órgãos militares, Artigo sobre Pierre Lévy na


Wikipédia
governamentais ou centros de http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_L%
C3%A9vy
ensino e pesquisa ocorreu no início
Artigo sobre a História da Internet
dos anos 90. na Wikipédia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%
Filipe Saraiva B3ria_da_Internet

Resenha Acadêmica de parte do


aliada ao ambiente de alta dis- Essa tensão já gerou uma sé- livro de Pierre Lévy, As
ponibilidade de conexão entre rie de fatos, processos e enfren- Tecnologias da Inteligência
vários computadores, permitiu tamentos. Tentarei no decorrer http://ur1.ca/ai9a
que informações de vários ti- desta série de artigos fazer um
pos pudessem ser compartilha- apanhado histórico geral sobre
das e replicadas a baixo custo. o tema, tentando fomentar a dis-
Entre essas informações, tem- cussão sobre o impacto, con-
se bens culturais protegidos sequências e perspectivas
por rígidas leis de copyright sobre a história da computa- FILIPE DE OLIVEIRA
que impedem este tipo de com- ção como uma história de apro- SARAIVA estuda
Ciências da
partilhamento. priações. Computação na
Universidade Federal
Encontra-se então, neste do Piauí, entusiasta
momento, um ponto de forte do GNU/Linux, da
Cultura Livre e das
atrito entre partilhadores (aque- possibilidades de
les que compartilham bens cul- criação coletiva
oferecidas pelo
turais) e a indústria cultural mundo conectado. É
(formada por grande corpora- pesquisador da área
de Cibercultura,
ções que, normalmente, detêm Pesquisa Operacional
o copyright de seus artistas). e Inteligência
Artificial.

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REDE · TCOS: Gerenciando os Thin Clients com o TcosMonitor

TCOS: Gerenciando os
Thin Clients com o
TcosMonitor
Por Aécio Pires

Ariel da Silva Parreira - sxc.hu

Na edição anterior, eu mostrei como gerar


as imagens de inicialização dos clientes magros
(thin clients) usando a ferramenta gráfica
TcosConfig. Por falar nisso... os clientes da sua
rede já estão funcionando corretamente? Já?!
Então, agora vou lhe ensinar a gerenciá-los.
Para essa tarefa utilizaremos a ferramenta
TcosMonitor, desenvolvida em Python+Gtk2.
Use o comando abaixo para instalá-la:

apt-get install tcosmonitor tcos-standalone

OBS.: O ambiente de rede usado nesse Figura 1: Tela inicial do TcosMonitor


tutorial é o mesmo descrito no artigo: TCOS no
Kubuntu 9.04, publicado na 4° edição desta Ao clicar no botão Preferências será
revista. exibida a tela mostrada na figura 3.
Ao final da instalação, acesse (no Kubuntu
9.04) o Menu K > Applications > System >
TcosMonitor. Na tela inicial da ferramente
clique em Avançar.
A figura 1 mostra a tela inicial do
TcosMonitor.
Nesta tela você tem acesso aos seguintes
botões, mostrados na figura 2.
Figura 2: Botões do TcosMonitor

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REDE · TCOS: Gerenciando os Thin Clients com o TcosMonitor

Figura 3: Configurando o TcosMonitor Figura 5: Aba de configurações avançadas

Acesse a aba Configurações. No campo


Método de busca pelos clientes selecione um Agora acesse a aba Avançado, mostrada
dos métodos (ping, netstat ou static) a serem na figura 5.
usados para localizar os clientes. Se você Informe o tempo (em segundos) de
escolher o método static, clique no botão Abrir atualização das informações dos clientes no
lista fixa de clientes e, em seguida, clique no campo Atualizar a lista de terminais a cada
botão Adicionar para cadastrar um novo cliente (segundos). No campo Tempo de vida da
conforme mostra a figura 4. cache (seg) informe o tempo à aplicação
Voltando à aba Configurações, defina no consultar a cache ao invés de coletar novos
campo Interface de Rede a interface usada dados na rede. No campo Usuário remoto SSH
pelo servidor TCOS para ter acesso aos informe o usuário a ser usado para administrar
clientes. No campo Modo Lista, selecione o os clientes remotamente. Os demais campos
modo de exibição dos clientes conectados. podem ser deixados com os valores padrões.
Depois disso, marque todas as opções que Acesse a aba Autenticação, mostrada na
estão abaixo desse campo, para obter mais figura 6.
segurança e informação dos clientes.

Figura 4: Cadastrando um cliente Figura 6: A aba Autenticação

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REDE · TCOS: Gerenciando os Thin Clients com o TcosMonitor

Nessa aba informe o usuário e senha do


TcosXmlRpc1. O usuário padrão é root e a
senha é a mesma digitada na sessão
Configuração Avançada => Usuários e
Senhas, do TcosConfig (você está
lembrado(a)). Cuidado para não confundir com
o usuário root do servidor. Caso nenhuma
senha tenha sido informada no TcosConfig, a
senha padrão é root.
Acesse a aba Informações Disponíveis.
Marque os tipos de informações que deseja
obter dos clientes. Elas mostram o perfil de
cada cliente e são muito úteis.
Acesse a aba Menus e marque as
funcionalidades/ações a serem disponibilizadas
nos menus da TcosMonitor.
Acesse a aba Menu Botões e marque, no
máximo, cinco botões que serão exibidos na
tela inicial do TcosMonitor, como mostrado na
figura 2.
Agora que o TcosMonitor foi configurado
corretamente clique no botão Atualizar, para Figura 8: Exibindo os menus ações do TcosMonitor
que exibir a lista de clientes conectados.
A figura 7 exibe um cliente encontrado na entre outras.
minha rede. Ele está sendo mostrado no modo
Visualizar Lista. Para executar uma ação, clique sobre o
ícone do cliente com o botão direito do mouse.
Ao clicar sobre ícone do cliente, o Será exibido um menu com todas as ações
TcosMonitor exibirá várias informações sobre o disponíveis. Elas estão divididas em três
kernel, som, processos em execução, rede,

Figura 7: Exibindo um cliente TCOS Figura 9: Executando o konqueror em um cliente

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REDE · TCOS: Gerenciando os Thin Clients com o TcosMonitor

grupos: ações do terminal, do usuário e


multimídia, conforme mostra a figura 8.
Veja alguns exemplos práticos. Para
executar uma aplicação em um cliente, clique
nele com o botão direito do mouse e selecione o
menu Ações do usuário > Executar uma
aplicação na sessão do usuário. Em seguida,
digite o nome da aplicação, como mostra a
figura 9.
Para exibir os processos executados em
um cliente, clique nele com o botão direito do
mouse e selecione o menu Ações do usuário >
Mostrar as aplicações executadas por este
Figura 11: Capturando a tela de um cliente
cliente. Como mostra a figura 10, você pode
encerrar cada processo, clicando no botão
Encerrar processo. fica a tela de um cliente bloqueado.
Para desbloqueá-lo, clique no menu
Ações do Usuário > Desbloquear a Tela.
Experimente também as opções
Bloquear/Desbloquear o acesso a Internet,
disponíveis no menu Ações do Usuário.
Para enviar mensagens a um usuário,
clique no menu Ações do Usuário > Enviar
uma mensagem de texto ao usuário. A figura
13 mostra essa funcionalidade.
Por enquanto só o usuário administrador
do servidor TCOS pode enviar mensagens aos
usuários dos clientes, o inverso não é permitido.
Figura 10: Visualizando/encerrando os processos de um cliente

Para capturar a tela de um cliente, clique


nele com o botão direito do mouse e selecione o
menu Áudio, Vídeo e Arquivos > Captura de
tela. O resultado disso é mostrado na figura 11.
Para bloquear a tela de um cliente, clique
nele com o botão direito do mouse e selecione o
menu Ações do Usuário > Bloquear a Tela.
Essa funcionalidade pode ser muito útil em
laboratórios, onde o professor pode bloquear a
tela dos clientes dos alunos para prestarem
mais atenção na aula. A figura 12 mostra como
Figura 10: Visualizando/encerrando os processos de um cliente Figura 12: Cliente bloqueado temporariamente

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REDE · TCOS: Gerenciando os Thin Clients com o TcosMonitor

Agora é com você. Explore todas as


funcionalidades do TcosMonitor e use-as para
facilitar o gerenciamento dos clientes magros.
Ah! Se tiver qualquer dúvida, crítica ou
sugestão para os próximos artigos envie um
email para o endereço aecio@tcosproject.org.
Até a próxima edição!

Figura 13: Enviando uma mensagem ao usuário

Para controlar remotamente ou visualizar


em tempo real a tela de um cliente, clique no
menu Ações do Usuário > Conectar a uma
tela remota (VNC). Para realizar esta ação o
TcosMonitor usa um cliente VNC, como mostra
a figura 14.
Se quiser executar algumas dessas ações, Maiores informações:
simultaneamente, em todos os clientes, clique [1] TcosXmlRpc
no botão Todos os terminais (mostrado na http://en.wikipedia.org/wiki/XML-RPC
figura 2) e clique na opção desejada.
[2] Site Oficial TCOS
http://www.tcosproject.org

[3] Comunidade TCOS Brasil


http://br.tcosproject.org

AÉCIO PIRES (http://aeciopires.rg3.net) é


graduando em redes de computadores pelo
IFPB (www.ifpb.edu.br), tradutor do TCOS,
fundador da comunidade TCOS Brasil e
administrador de rede da Dynavideo
(http://www.dynavideo.com.br).

Figura 14: Controlando um cliente através do VNC

Informações:
www.solisc.org.br

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REDES · FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS

FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE
QUALIDADE DE SERVIÇOS (QoS)
Por Paulo Vinícius de Farias Paiva

Jade Colley - sxc.hu

Conceitos em QoS (Quality of Service) por fluxo como uma seqüência de unidades de
Partindo da premissa de que em todas as dados de protocolo (Protocol Data Unit - PDU)
redes de “dispositivos finais” (ou qualquer termi- que trafegam pela rede desde uma origem até
nal conectado a um fluxo de dados) há a necessi- um destino. Em uma rede orientada a conexões,
dade de se maximizar de forma sustentável o todos os pacotes que pertencem a um mesmo
uso dos recursos da rede, foram desenvolvidos fluxo seguem a mesma rota como nos “circuitos
novos conceitos de usabilidade para as mesmas virtuais” (Virtual Circuits – CVs) das redes ATM.
e conseqüentemente para aquelas aplicações Já em uma rede sem conexões, eles podem se-
que delas dependem. guir pela árvore inteira da rede assumindo dife-
rentes rotas. Apesar das redes ATM
O conjunto desses conceitos, que visam ga-
classificarem os fluxos em quatro categorias, po-
rantir que serviços básicos de rede estejam dis-
demos basicamente citá-las como duas princi-
poníveis para tais aplicações denomina-se
pais e que abrangem as demais, que são:
Qualidade de Serviço (Quality of Service - QoS),
que tornou-se fundamental para novas aplica- a)Taxa de bit constante (Constant Bit Rate
ções robustas como o VoIP, VoD (Video On De- - CBR): Trata-se da simulação de uma largura
mand) e aplicações de multimídia e de tempo de banda e retardo uniformes. Ou seja, na com-
real em geral, que são sensíveis a quaisquer in- pactação dos dados, o CODEC utiliza-se de
terferências no tráfego dos seus dados. uma máscara (resolução) de bits constantes em
toda a extensão do arquivo, inclusive nos mo-
mentos de ociosidade na transmissão caso não
Tipos de Fluxos (Streams) haja dados a serem codificados consumindo,
Nas redes de computadores, entende-se portanto largura de banda desnecessária. É bas-

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REDES · FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS

tante utilizado na telefonia padrão.


b)Taxa de bit variável (Variable Bit Rate -
VBR): Ocorre quando o fluxo é compactado de
acordo com uma máscara de bits dinâmica que
varia de acordo com o tamanho do quadro atual.
Pode ser de tempo real, em casos de videoconfe-
rência, por exemplo, ou tempo não-real em ca-
sos de vídeos por demanda na Internet. Dentre Tabela 1. Nível de Rigidez dos parâmetros QoS. Adaptado: Tanembaum
os fluxos VBR podemos citar o Avarage Bitrate A. Redes de computadores. Editora Campus. Rio de Janeiro. 2002.o
(ABR), ou Taxa de bit disponível, que garante
cotes no destino final, ou seja, é a variação do
que o arquivo final terá uma taxa de bits média
atraso entre pacotes. Para minimizá-lo é bastan-
pré-definida. Destina-se a aplicações como cor-
te comum utilizar-se de técnicas de bufferiza-
reio-eletrônico e outras não sensíveis ao retardo
ção², como veremos adiante. Já a latência pode
ou à flutuação.
ser definido como o custo de tempo total que
um pacote consome para ir de uma origem até o
Parâmetros QoS seu destino, somando-se os atrasos de proces-
Podemos definir um nível de rigidez da samento local dos dados (codificação ou com-
QoS em uma aplicação de acordo com a exigen- pressão), de empacotamento e inserção de
cia ou necessidade de que alguns requisitos bási- novos cabeçalhos e por fim o atraso de comuta-
cos (atrasos, vazão, perdas...) estejam dentro ção e propagação dos pacotes pela rede. A lar-
de limites bem definidos entre um valor mínimo gura de banda necessária varia entre cada tipo
e um valor máximo. Essas necessidades de ca- de aplicação de acordo com suas necessidades
da fluxo podem ser caracterizadas por quatro pa- especiais, e é considerada como parâmetro
râmetros básicos principais: confiabilidade de mais básico a ser exigido e implementado.
entrega, retardo, flutuação (jitter) e largura de
banda (vazão).
Técnicas QoS
O requisito de confiabilidade, por exemplo, Com o passar do tempo e a medida que a
formula que nenhum bit pode ser entregue de for- necessidade das novas aplicações multimídia e
ma incorreta, e é verificado calculando-se o total de redes baseadas no protocolo IP cresciam, fo-
de verificação de cada pacote na origem e confe- ram desenvolvendo-se técnicas e algoritmos pa-
rindo-se o total do destino. Em algumas aplica- ra implementar a QoS. Entre outras funções
ções que toleram erros de tráfego como a elas servem para evitar a ociosidade da banda
telefonia e videos por demanda, nenhum total excedente, perda e atraso de pacotes, congesti-
de verificação é calculado ou conferido. Por is- onamento em roteadores e priorizar certos tipos
so, dizemos que esses serviços possuem um bai- de fluxos de dados ou classes de serviços defini-
xo nível de rigidez no requisito confiabilidade das pela administração da rede e serão explana-
como podemos ver na tabela a seguir. das a seguir.
Podemos também observar que aplica- a) Superdimensionamento
ções interativas como acesso à Web e login re-
Solução prática, apesar de seu alto custo de im-
moto, são mais sensíveis ao retardo. O retardo
plementação, que visa “super-dimensionar” as
de pacotes pode ser subdividido em latência, ou
capacidades de processamento e memória em
atraso (Delay) e a flutuação (Jitter). O Jitter é a
servidores e roteadores, espaço de buffers e lar-
variação estatística do atraso de chegada de pa-
gura de banda, a fim de que os pacotes transi-

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REDES · FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS

tem com enorme facilidade na rede. Um bom ex- de cada pacote. Assim tornou-se possível o rote-
emplo dessa prática é o sistema telefônico tradici- amento baseado nos rótulos MPLS e não nos
onal que é superdimensionado ao ponto de endereços IP, o que aumentou a velocidade de
sempre ter capacidade de atender quase todas roteamento e a flexibilidade da rede, que agora
as suas demandas (chamadas) estando a linha, passa a não mais depender de um protocolo de
ou canal, sempre disponível para seus usuários. encaminhamento em específico. Possui algu-
b) Armazenamento em Buffers mas diferenças em relação a outras técnicas
QoS, tais como:
Os fluxos podem ser armazenados em buffers
no lado receptor, antes de serem decodificado- - O MPLS não provê uma solução efetiva
es e entregues de fato. Essa técnica serve princi- de QoS já que não disponibiliza controles espe-
palmente para a suavização da flutuação de cíficos dos parâmetros QoS, voltando-se assim,
pacotes. Geralmente usado em sites que disponi- mais para a engenharia da rede e tráfego de pa-
bilizam fluxos de audio e/ou vídeo. cotes.

c) Algoritmo de Balde Furado - O MPLS reside apenas nos roteadores e


não existe API (Application Programming Interfa-
ce) para ele nos hosts ou nos roteadores, o que
se torna uma desvantagem em relação à outras
técnicas que podem ser implementadas facil-
mente a partir de alguma Interface de adminis-
tração como no caso do HTB (Hierarchical
Token Bucket), software open source que permi-
te o controle de diferentes classes de serviço a
Figura 1 - Buffering Queueing – Fila de pacotes armazenados no buffer
fim de prover um melhor gerenciamento do con-
do lado receptor. Adaptado: Tanembaum A. Redes de computadores.
Editora Campus. Rio de Janeiro. 2002. trole de banda.

Em seu funcionamento, cada host está conecta- - Uma desvantagem é que o uso do rótulo
do à rede por uma interface (software de rede ro- dos fluxos MPLS torna-se perigoso perto dos cir-
dando no roteador ou no sitema operacional) tuitos virtuais (Virtual Circuit - VC), pois redes
que representa e baseia-se no conceito de um que possuem uma sub-rede de VC (ATM, Fra-
“balde furado”, ou seja, independentemente da me Relay, X.25 etc) também possuem o rótulo
velocidade com que os pacotes entrem na Inter- identificador do circuito virtual ao qual o seguin-
face, o fluxo de saída ocorrerá em uma taxa te pacote pertence.
constante. Tecnicamente, ela trabalha como - Por ser independente da camada de Enla-
uma Interface reguladora que controla a inser- ce e de Rede e conseqüentemente do protocolo
ção de pacotes na rede a cada pulso de clock. de encaminhamento, o MPLS facilita a transição
Assim, um fluxo irregular de pacotes transforma- do IPV4 para o IPV6.
se em um fluxo regular para a rede, reduzindo o e) Serviços Integrados (IntServ)
congestionamento e suavizando as rajadas.
Arquitetura para serviços de multimídia de
d) Troca de Rótulos (MPLS) fluxo sugerida e desenvolvida pela IETF que é
A “Comutação de Rótolos Multiprotocolos“ implementada por algoritmos baseados no fluxo
surgiu como um melhoramento e simplificação (nome genérico), que possuem como objetivo
nos métodos de encaminhamento/roteamento as aplicações de unidifusão e multidifusão, que
por parte dos roteadores, através da inclusão de em muitas vezes, podem ter seus grupos e
um rótulo (label, ou cabeçalho MPLS) no início membros (fontes de transmissão) alterados dina-

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REDES · FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS

micamente; A Qualidade de Serviço neste tipo pondentes a cada uma. O tipo de serviço é defi-
de aplicação é dado pela reserva de recursos nido pelo campo Type of Service no cabeçalho
com base nos tipos de fluxos de cada canal. Um dos pacotes IP. Uma vantagem do DiffServ é
exemplo prático, é quando em uma difusão de que a imposição da política e da regra de negó-
TV a cabo, as pessoas entram em uma videocon- cio utilizada(e classificação dos pacotes) é reali-
ferência e decidem trocar de canal para um nove- zada e administrada dentro dos limites do
la ou filmes dinamicamente, alternando as próprio domínio ou Sistema Autônomo (AS),
requisições de recursos ao servidor. sem a preocupação das complexidades de con-
RSVP (O Protocolo de Reserva de Recur- tabilização dos pagamentos e imposição dos
sos: Protocolo empregado para fazer as reser- acordos da Internet.
vas de recursos que permite que vários Tipos de Serviços
transmissores enviem dados para vários grupos Encaminhamento Expedido (Expedited
de receptores, torna possível receptores individu- Forwarding – EF): São definidas duas classes
ais mudarem livremente de canais e otimiza o de pacotes, que são a dos pacotes regulares
uso da largura de banda ao mesmo tempo que (vasta maioria de pacotes que trafegam no ca-
elimina o congestionamento. Cada grupo recebe nal principal) e a expedidos (minoria de pacotes
um endereço de grupo, para que na transmis- que trafegam em um canal livre de pacotes e al-
são, seja identificado no pacote a qual grupo de ternativo, otimizando a banda). Para tal, é neces-
destino ele será enviado. Em seguida o algorit- sário que os roteadores apresentem duas filas
mo de roteamento por multidifusão constrói uma de saída correspondentes a cada linha de entra-
árvore de amplitude que cobre todos os mem- da, uma para pacotes expeditos e outra para re-
bros. gulares, onde para cada um será definido uma
Algoritmos baseados no fluxo (como o relevância. Em suma, é disponibilizado um alto
RSVP) oferecem boa Qualidade de Serviço a nível de QoS, onde é utilizado um canal dedica-
um ou mais fluxos, porque reservam quaisquer do para transferência.
recursos necessários ao longo da rota. Porém, Encaminhamento Garantido (Assured
eles têm a desvantagem de exigirem uma confi- Forwarding - AS) : São especificadas quatro
guração antecipada para estabelecer cada flu- classes de prioridade cada uma com recursos
xo, além de grandes mudanças na configuração próprios e três requisitos para análise de descar-
dos mesmos, existindo assim, poucas implemen- te (níveis de congestionamento baixo, médio e
tações de RSVP. alto).
f) Serviços Diferenciados (DiffServ) Etapa 1 - No seu funcionamento, primeiro
Arquitetura baseada em “classes de servi- os pacotes são classificados em uma das clas-
ço” que pode ser desenvolvida em grande parte ses de prioridade. Essa classificação geralmen-
localmente em cada roteador ou no Sistema Ope- te é feita no lado do host transmissor já que
racional, sem configuração antecipada e sem ter possui a facilidade de possuir mais informações
de envolver todo o caminho. disponíveis sobre as características e a proveni-
Esses serviços podem ser oferecidos por ência de cada pacote e seus fluxos.
um conjunto de roteadores que formam um domí- Etapa 2 - Em segundo lugar, é feita a mar-
nio administrativo (Provedor de Internet, ou em- cação dos pacotes de acordo com sua classe
presa de Telecomunicações, por exemplo), no campo do cabeçalho IP Type of Service.
onde são definidos um conjunto de classes de Etapa 3 - Finalmente, é utilizada uma inter-
serviços com regras de encaminhamento corres- face modeladora e reguladora (balde furado ou

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REDES · FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS

de símbolos) de pacotes onde alguns serão retar- tam que os usuários finais tenham os dados
dados ou descartados. Essas três etapas são fei- com a mesma integridade da qual foi solicitada.
tas pelo host transmissor, onde há maiores Por isso foram desenvolvidos protocolos como o
informações sobre quais pacotes pertencem a MPLS, RSVP, SIP, H.323 e tantos outros que vi-
quais fluxos e podem ser realizadas pelo Siste- sam garantir que os requisitos da Qualidade de
ma operacional. Serviço estejam dentro dos parâmetros tolerá-
veis por cada aplicação.

Referências e maiores informações:


KUROSE, J. F., ROSS, K. W. Redes de Computadores
e a Internet: uma abordagem top-down. Pearson.
Figura 3 – Adaptado: Martins J. / Santana H. “Qualidade de Serviço
Addison Wesley. 2003.
(QoS) em Redes IP Princípios Básicos, Parâmetros e Mecanismos”.

TANENBAUM, A. Redes de computadores. Editora


Conclusão
Campus. Rio de Janeiro. 2002
Como resultado da popularidade de novas
aplicações que interagem graças a protocolos
Martins J. ; Santana H. “Qualidade de Serviço (QoS)
em comum como o caso do TCP/IP, tornou-se
em Redes IP Princípios Básicos, Parâmetros e
possível a convergência tecnológica entre os
Mecanismos”.
mais diversificados dispositivos. Hoje, comumen-
te nos deparamos com dispositivos como PDAs,
Artigo na Wikipédia sobre QoS
palmtops, notebooks, celulares e diversos ou-
http://pt.wikipedia.org/wiki/Qualidade_de_serviço_
tros, operando como verdadeiros clientes que en-
(telecomunicações)
viam e requisitam dados e serviços de rede à
servidores especializados. Daí surge a idéia de
redes de “dispositivos finais” ou “terminais” visto
que não só computadores estão conectados à
grande rede. Também surge a necessidade de
suporte à tais tecnologias que nos mostra uma PAULO VINÍCIUS DE FARIAS PAIVA
maior interação entre o transmissor e o usuário fi- (http://www.paulo-paiva.blogspot.com) é
nal. graduando nos cursos de Redes de
Computadores e Sistemas para Internet,
Aplicações de telefonia, VoIP, teleconferên- ambos no IFPB. É membro pesquisador do
projeto de "Monitoria Virtual com o LMS
cias, vídeo/áudio por demanda e muitas outras Amadeus" (PIBICT/IFPB) e monitor da
necessitam de protocolos eficientes que garan- disciplina de POO (IFPB).

25, 26 e 27 de setembro de 2009

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METODOLOGIA · OPENBRR

OpenBRR:
Um Modelo aberto de
levantamento para
Avaliação de Preparo para Negócio
Por Estêvão Bissoli

Ilker - sxc.hu

A instituição do software livre no mercado outros. O Business Readiness Rating (BRR) é


trouxe novas opções para as empresas públicas um modelo de Levantamento para a Avaliação
e privadas. A decisão de qual pacote de softwa- de Preparo para Negócios, é aberto e flexível, e
re deve ser adotado em uma organização pode também é padronizado.
ser uma tarefa não muito trivial, considerando No mundo do software livre, há uma varia-
que um software não traz somente benefícios, ção muito grande em relação ao nível de quali-
juntamente com ele estão empregados os ris- dade dos produtos oferecidos. Projetos
cos, problemas de compatibilidade, usabilidade, adotados em larga escala pela comunidade do
escalabilidade e até mesmo questões legais. software livre evoluem mais rapidamente e ten-
Durante o processo de aquisição de um dem ser de maior qualidade. Por outro lado, pro-
software é necessário avaliar alguns fatores, en- jetos imaturos podem oferecer mais riscos do
tre eles funcionalidade, qualidade, performance, que benefícios, e por isso, há uma necessidade
suporte, tamanho da comunidade, segurança e real de um método padronizado que seja larga-

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METODOLOGIA · OPENBRR

mente adotado para avaliar a maturidade de ca, é um modelo que permite um entendimento
Softwares Livres. comum dos resultados das avaliações e promo-
Decidir qual software utilizar geralmente en- ve confiança no processo de avaliação.
volve listar diversas opções, e então fazer uma Um bom modelo de avaliação de software,
rápida avaliação para reduzir as opções à uma precisa ser completo, simples, adaptável e con-
pequena lista que satisfaça critérios intrínsecos. sistente. O Modelo de Maturidade de Software
Para determinadas categorias de siste- Livre de Bernard Golden da Navicasoft, e o Mo-
mas, propriedades de software ou padrões po- delo de Maturidade de Software Livre da CapGe-
dem ser filtros úteis, como linguagem primária mini foram esforços pioneiros para avaliar e
de programação da aplicação ou os bancos de testar a adequação de pacotes de Software Li-
dados que ela suporta, mas para muitas outras vre. Nesse novo modelo, foram usados concei-
categorias de sistemas não são tão fáceis de tos similares para uma avaliação detalhada do
ser localizados. software. A intenção foi expandir a ideia de uma
metodologia para a avaliação de software que
Avaliadores de software da área de TI de- fosse largamente adotada e facilmente usável
vem ser criteriosos no filtro da lista de pacotes em tantas situações de avaliação quanto possí-
de software. Normalmente, os avaliadores preci- vel, mesmo de softwares proprietários.
sam inventar seus próprios métodos de avalia-
ção, e sem acesso aos dados ou métodos de O BRR permite o compartilhamento de
avaliação de seus colegas, devem reavaliar ca- uma avaliação padronizada de software livre en-
da pacote por si mesmos, mesmo quando ou- tre os usuários desse tipo de software, os quais
tros já avaliaram o mesmo pacote de software. podem utilizar os parâmetros avaliados para fa-
Mecanismos de avaliação incompletos ou incorre- zer a sua escolha de modo a mitigar os riscos
tos podem levar à falhas na decisão e escolha de utilização do software livre em relação aos
de produtos, o que torna a avaliação designada seus interesses.
um risco. A figura 1 ilustra bem este cenário: Acredito que este compartilhamento é fun-
damental para o amadurecimento do software,
já que será analisado sob a ótica de milhares de
pessoas. A figura 2 apresenta o workflow (fluxo
do trabalho) depois da adoção do BRR.

Figura 1 – Antes do Modelo Aberto e Padronizado

O modelo BRR propõe o padrão, aumento


da facilidade e a validade das avaliações, além
de acelerar a adoção de Software Livre. Na práti- Figura 2 – Depois do Modelo Aberto e Padronizado

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METODOLOGIA · OPENBRR

No BRR é importante organizar o processo O BRR pode ser customizado, podendo


de levantamento em áreas de interesse, ou cate- ser aplicado à quaisquer situações de negócios.
gorias de levantamento. Atualmente, são doze Por se tratar de um modelo aberto, é esperado
as categorias definidas: funcionalidade, usabilida- a sua evolução progressiva e adoção em gran-
de, qualidade, segurança, performance, escalabi- de escala, beneficiando a comunidade de
lidade, arquitetura, suporte, documentação, Software Livre na forma de uma coleção neutra
adoção, comunidade e profissionalismo. de dados quantificados em pacotes de Software
Um aspecto específico é definido como Índi- Livre para ajudar a aumentar sua adoção e de-
ce de Categoria e os resultados devem usar a senvolvimento.
mesma escala (de 1 a 5). O índice pode ter dife- Instituições como Carnegie Mellon West
rentes níveis de importância dependendo dos re- Center for Open Source Investigation, O'Reilly
quisitos de uso do software, e podem ser CodeZoo, SpikeSource e Intel, patrocinam e pro-
derivados de dois fatores: tipo de pacote e confi- movem a consolidação deste modelo, que pode
guração de uso. A combinação destes fatores é ser interessante não somente para os gestores
chamada de orientação funcional do software. de TI, mas também para desenvolvedores de
A Avaliação de Preparo para Negócios de Software Livre, uma vez que seu trabalho será
um pacote de software é calculada ao se balan- avaliado por diversos usuários, podendo assim
cear uma coleção de índices de categorias de identificar os pontos de melhoria.
acordo com o tipo e o uso do software. Cada O objetivo final é claro: prover confiança e
área de orientação funcional tem o foco em um ser uma fonte imparcial para determinar se o
número limitado de índices de categorias; a Avali- Software Livre avaliado está maduro o suficiente
ação de Preparo para Negócios para uma orien- para ser adotado para o seu negócio.
tação funcional é calculada com base nas
categorias selecionadas e assegura que o resul- Referências e maiores informações:
tado refletirá as categorias mais essenciais de
Site do OpenBrr.org
avaliação. A figura 3 demonstra a aplicação do
http://www.openbrr.org
fator de peso do índice da categoria e da orienta-
ção funcional.
Artigo: Modelo de levantamento para Avaliação de pre-
paro para Negócio: uma proposta de padrões abertos
para facilitar a avaliação e adoção de soluções de
software livre.
http://www.openbrr.org/wiki/images/5/59/BRR_whitepaper
_2005RFC1-pt-BR.pdf

Monografia: Avaliação de ferramentas livres de apoio


à gestão de requisitos e testes utilizando o modelo de
avaliação OpenBRR. Ana Carolina R. de Moraes.
UFLA. 2008.
ESTÊVÃO BISSOLI é Pós-graduando em
Engenharia de Software com ênfase em
Software Livre pela Universidade Federal de
Lavras. Atualmente exerce o cargo de
Programador Sênior na Petrobras (prestador
de serviços), além de atuar como
Figura 3 – Modelo de Avaliação de Preparo para Negócios Responsável Técnico de soluções de
software.

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MULTIMÍDIA · TURBINANDO O LINUX PARA O PROCESSAMENTO DE ÁUDIO

Turbinando
o Linux para o
processamento
de áudio
James Wilsher - sxc.hu
Por Leandro Leal Parente

No artigo passado publicado na edição de arquivo determina os limites que os usuários e


número 4, descrevi o processo de compilação os grupos de usuário terão no sistema. Para nós
de um Kernel real-time, com o patch PRE- os itens que interessam são: rtprio, nice e mem-
EMPT_RT e mostrei a sua importância dentro lock.
de uma distribuição Linux que tenha como propó- O item rtprio indica a maior prioridade de
sito principal processar áudio. Entretanto, uma tempo real que um usuário ou um grupo pode
vez o Kernel compilado restam algumas configu- determinar para um processo não privilégiado.
rações adicionais a serem feitas antes de usu- Esta opção é essencial para nosso servidor de
fruirmos dos seus benefícios com o Jack Audio áudio Jack que irá rodar com prioridade de tem-
Connection Kit e outros softwares de áudio. po real.
Espero que vocês não encarem esse pro- O item nice indica a maior prioridade co-
cesso de configuração do sistema como um tra- mum que um usuário ou um grupo pode determi-
balho desnecessário e tedioso. Pense nisso nar para um processo qualquer. Esta prioridade
como uma demostração de que com Linux te- é a prioridade padrão utilizada por todos os pro-
mos total controle sobre nosso sistema operacio- cessos que rodam em espaço de usuário no Li-
nal. Este controle nos trás esta responsabilidade nux. Ela pode variar de 20 a -19, sendo que -19
impedindo o sistema de criar vida própria e se é a prioridade máxima.
transformar em um mostro que não mais conse-
guimos dominar, como acontece com um siste- O item memlock indica qual a quantidade
ma operacional proprietário bastante conhecido máxima de memória em kilobytes que pode ser
no mercado. alocada para um processo de um usuário ou gru-
po qualquer. Esta opção também é importante
para o Jack, já que ele pode rodar com um quan-
Ajustando os Limites tidade ilimitada de memória alocada, isto possi-
A primeira configuração que devemos alte- velmente melhora seu desempenho.
rar está no arquivo /etc/security/limits.conf. Este

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MULTIMÍDIA · TURBINANDO O LINUX PARA O PROCESSAMENTO DE ÁUDIO

Para configurar adequadamente estas op- terrupções de áudio, gerando um ruído desagra-
ções adicione estas linhas ao final do arquivo: dável na saída de som. Se eu estivesse em uma
festa a galera iria ouvir estes estalos e ruídos
@audio - rtprio 89 # prioridade de tempo real chatos junto com a música, isto seria o fim do
de até 89 evento e da minha carreira.
@audio - nice -19 # prioridade comum de
até -19 Vamos ao que interessa !
@audio - memlock unlimited # quantidade ilimitada de Para visualizar as suas interrupções digite
memória alocada o seguinte comando:

Esta configurações se aplicam somente # cat /proc/interrupts


aos usuário pertencentes ao grupo audio, portan-
to certifique que seu usuário pertença a este gru- Para verificar a prioridade das suas inter-
po. Caso já existam limites semelhante para o rupções utilize este outro comando:
grupo audio apague-os e adicione os que foram
indicados. # top -b -n 1 -H | grep -i irq | sort -n -k3

Ajustando Prioridades das Em um Kernel real-time as prioridades das


Interrupções interrupções podem ser alteradas a qualquer
As interrupções são as grandes vilãs para momento com a ajuda do utilitário chrt. Dessa
um sistema operacional que necessite de uma forma podemos decidir como o sistema operaci-
baixa latência. Como foi explicado no artigo da onal vai responder as interrupções sofridas.
edição anterior, “latência é o intervalo de tempo No nosso caso, devemos priorizar as inter-
da recepção de um estímulo, normalmente vin- rupções da placa de som e da saída USB, para
do de uma interrupção de hardware, até quando o caso de utilizarmos uma interface de áudio ex-
a aplicação produz um resultado baseado no estí- terna. Para o meu sistema devo priorizar a IRQ
mulo”. Portanto entender e ajustar a forma como 21 com o pid 2175. Eu posso fazer isso execu-
nosso sistema operacional responde as interrup- tando o comando abaixo:
ções é fundamental para um bom desempenho
no processamento de áudio. # chrt -p 86 “Pid do IRQ 21”
Um sistema operacional sofre constantes in-
terrupções. Quando digo que elas são nossas Acabo de alterar a prioridade de tempo re-
grandes vilãs não quero dizer que elas são ruins al da IRQ 21 para 86. Não se esqueça de forne-
para o funcionamento do sistema. Elas desempe- cer o pid da interrupção corretamente afim de
nham um papel fundamental dentro de qualquer evitar problema futuros.
SO, entretanto precisamos prioriza-las segundo Entretanto alterar a prioridade de todas as
nosso interesse. IRQs manualmente é um trabalho um tanto can-
Digamos que eu esteja utilizando o softwa- sativo. Além de que prioridades muito altas ou
re de dj Mixxx que constantemente envia interrup- muito baixas podem acabar atrapalhando o de-
ções de áudio para a minha interface de som. sempenho do sistema. Para resolver este proble-
Eu não quero que o meu sistema operacional dei- ma existe um script chamado rtirq que faz todo
xe de atender a estas interrupções para atender este processo da forma correta e automática.
a uma interrupção do controlador de energia Ele pode ser adquirido no site:
que tem com o objetivo reduzir o clock do meu http://www.rncbc.org/jack/ ou instalado via geren-
processador. Isto possivelmente irá atrasar as in- ciador de pacote. Ele está disponível em várias

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MULTIMÍDIA · TURBINANDO O LINUX PARA O PROCESSAMENTO DE ÁUDIO

distribuições como: Ubuntu, OpenSuse, Fedora, Outras dicas importantes


ArchLinux, entre outas. Em distribuições Multimí- Procure compilar os softwares de áudio e
dia o rtirq já vem instalado por padrão. o Kernel especialmente para seu processador
Uma vez instalado você pode configurar utilizando algumas flags de compilação especifi-
sua distribuição para executa-lo automaticamen- cas no GCC e no G++. O Archlinux e o Gentoo
te na inicialização do sistema. Caso você utilize são duas distribuições ideais para este processo.
seu computador para outras atividades além do Os softwares de áudio funcionando em ar-
processamento de áudio não recomendo fazer is- quiteturas 64 bits têm um desempenho muito
to, pois pode atrapalhar o desempenho de aplica- melhor do que em arquitetura 32 bits. Quebre o
ções de uso geral. O importante é você preconceito e migre de vez para arquiteturas de
entender que antes de utilizar seu Kernel real-ti- 64 bits, você só tem a ganhar. Eu garanto !
me para processamento de áudio este script de-
ve ser executado.
Archlinux uma distribuição leve e sim-
ples
Melhorando o desempenho de Interfa- Há trés meses atrás quando comecei a es-
ces de áudio USB crever para a Revista Espírito Livre, eu utilizava
Eu tenho um controlador MIDI Behringer o 64Studio para processamento de áudio e o De-
BCD3000 que funciona via USB. Há quem diga bian Lenny para uso geral. Estas eram minhas
que as interfaces de áudio USB não são muito re- distribuições oficiais até o momento em que o
comendadas devido a sua alta latência. Entretan- Marcos, um colega meu da faculdade, me con-
to meu BCD3000 esta atendendo perfeitamente venceu a conhecer o Archlinux. Nos fizemos a
aos meus interesses. migração meio na correria com alguns proble-
Para melhorar o desempenho de interfa- mas e imprevistos. Entretanto ao final do proces-
ces de áudio USB devemos carregar o módulo so me deparei com uma distribuição totalmente
ALSA snd-usb-audio com a opção “nrpacks=1”: adequada para meus propósitos.
No Arch, os pacotes estão sempre na ulti-
# modprobe snd-usb-audio nrpacks=1 ma versão. Isto evita problemas de dependênci-
as antigas durante o tedioso processo de
Geralmente este modulo é carregado na ini- compilação de softwares mais recentes. Além
cialização do sistema. Para que ele sempre seja disso os pacotes são extremamente simples e
carregado com esta opção, insira o trecho abai- todo pacote binário é gerado por um arquivo
xo no arquivo /etc/modprobe.conf ou em um ar- chamado PKGBUILD. Este arquivo nada mais é
quivo qualquer dentro da pasta /etc/modprobe.d: que um shell script com as dependências, URL
do download, versão, nome do pacote e outras
informações. Nele existe um roteiro que automa-
# options snd-usb-audio nrpacks=1
tiza o processo de compilação.
Quando formos utilizar o Jack iremos apren- Qualquer pessoa está apta a criar seus
der a tornar a latência múltipla do período de in- PKGBUILD e compartilha-los com outros usuári-
terrupções USB para interfaces externas que os em um sistema chamado AUR. O AUR é um
utilizem esse barramento. Mas isto é assunto pa- repositório de PKGBUILDs do Archlinux no qual
ra um outro artigo. qualquer usuário pode e deve contribuir. Portan-
to um usuários Arch podem baixar pacotes biná-
rios do repositório oficial ou PKGBUILDs do
AUR.

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MULTIMÍDIA · TURBINANDO O LINUX PARA O PROCESSAMENTO DE ÁUDIO

Os pacotes podem ser compilados especial- Maiores informações:


mente para seu processador com as flags do Artigo no site Devin
GCC do G++ indicados no arquivo /etc/ma- http://www.devin.com.br/limitando-usuarios-com-o-pam/
kepkg.conf. Caso o usuário deseje compilar um
pacote do repositório oficial ele pode fazer isso Artigo sobre Linux Audio/MIDI Realtime
via ABS ou com ajuda o yaourt, um gerenciador http://tapas.affenbande.org/wordpress/?page_id=73
de pacotes que se conecta diretamente com o
AUR. How-to RT Kernel
O Archlinux conta com uma recente comuni- http://proaudio.tuxfamily.org/wiki/index.php?title=Howto_
dade de Pro Audio Users da qual faço parte. Pa- RT_Kernel#Patching_manually
ra acessa-la basta entrar no endereço:
http://archaudio.org/. Ela conta com um repositó- Artigo no Archlinux.org
rio de pacotes e com um fórum. http://wiki.archlinux.org/index.php/Pro_Audio_Commercial_
Alternatives
Graças a essa distribuição hoje posso ter
um único sistema, atualizado, com softwares re-
Artigo no Archlinux.org
centes, capaz processar de áudio em tempo re-
http://wiki.archlinux.org/index.php/Pro_Audio
al e de executar minhas aplicações de uso
geral. Futuramente pretendo escrever um artigo
Artigo no Archlinux.org
sobre o Archlinux, ao invés de esperar você já
http://wiki.archlinux.org/index.php/Makepkg.conf
pode ir conhecendo a distribuição, basta aces-
sar: http://www.archlinux.org/.
Artigo no Linux Reviews
Espero ter ajudado. Obrigado pela aten- http://linuxreviews.org/howtos/compiling/
ção, até a próxima !

LEANDRO LEAL PARENTE é graduando


de Ciências da Computação pela
Universidade Federal de Goiás (UFG),
adepto da filosofia Open Source e usuário
Linux. Atualmente é estagiário no
Laboratório de Processamento de Imagens
e Geoprocessamento (LAPIG) na UFG.

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DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 6

VIRADO
PRA LUA
Parte 6
Por Lázaro Reinã

Miguel Ugalde - sxc.hu

E na prática? str = read() -- função de leitura


Bom pessoal, depois de falar bastante so- i=0 -- inicialização de variável
bre aspectos de âmbito teórico, vamos aqui tra-
tar de maneira prática o uso da linguagem Lua. while i<5 do -- laço while
print (str) -- imprime o texto lido anteriormente
i = i +1 -- incrementa o contador
Código Lua end -- fim

Começaremos a ver agora exemplos mais


concretos da programação Lua em si, e pra co- Nesse exemplo pudemos perceber logo a
meçar de maneira calma e de fácil compreen- presença da função read(); que recebe algum
são começaremos escrevendo arquivos .lua que valor do teclado que nesse caso é atribuído à va-
irão rodar a partir do interpretador. riável str. Vemos também o laço de controle whi-
le que já fora apresentado antes.
Vejamos então um código de exemplo,
que receberá uma string e depois irá imprimir a Se já não tiver feito, salve esse trecho de
mesma: código num arquivo .lua e rode a partir do inter-
pretador.

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DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 6

Mais exemplos print("Digite uma frase qualquer") -- Inicializa a


Veja mais esse exemplo e percebam, que aplicação com uma frase
ao mesmo tempo que a sintaxe lembra um pou- str = read() -- lê os dados do teclado
co as linguagens C e Pascal, ela se apresenta print(strlower(str)) -- imprime a string em letras
bem mais simples e a sua execução ocorre visí- minusculas
print(strupper(str)) -- imprime a string em letras
velmente mais leve que as demais:
maiusculas

print("(1) - Olá (2) - Tudo bem? (3) - Tchau")


print ("Escolha a opção desejada:") Esse exemplo é bem simples e só difere,
opc = tonumber(read()) -- recebe o dado do tecla- em termos sintáticos, aos demais exemplos
do e converte pra número
apresentados na presença das funções de mani-
if (opc == 1) then -- testa a expressão
pulação de string, as funções strlower() e strup-
print ("Olá\n")
elseif (opc == 2) then --testa a expressão
per().
print ("Tudo bem?\n") Nós vamos ficando por aqui, e na próxima
elseif (opc == 3) then -- testa a expressão edição retornaremos com mais exemplos práti-
print ("Tchau\n") acredita cos. Até a próxima!
else -- por default
print("Opção inválida\n")
end

Bom, nesse exemplo eu usei uma função


da qual eu ainda não havia falado. É a função to-
number(); , que converte os velores que recebe
para um valor numérico. Vemos também os if's
aninhados, muito frequentes por essas bandas.
Mais uma vez eu peço que salvem esse tre-
LÁZARO REINÃ é usuário Linux, estu-
cho em um arquivo .lua e depois rodem a partir dante C/C++, Lua, CSS, PHP. Integran-
do interpretador. Obrigado! te do EESL, ministra palestras e
mini-cursos em diversos eventos de
Para concluir essa edição, veremos mais Software Livre.
um exemplo:

http://evidosol.textolivre.org

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GRÁFICOS · DEGRADÊ, SOMBRA E PROFUNDIDADE DE CAMPO NO INKSCAPE

Degradê, sombra e
profundidade de
campo no
INKSCAPE
Por Cezar Farias

Como o tema dessa edição passada foi Li- Na figura 1 temos a base da capa. Acho in-
nux no desktop, achei interessante criar uma teressante selecionar previamente algumas co-
ilustração para a capa, com monitores “GNU” ro- res para utilizar no trabalho, no caso cores mais
dando algumas distribuições. especificas que não estão na paleta de cores pa-
Nesse tutorial vou mostrar algumas técni- drão. Isso poupa você de ficar procurando o tom
cas que utlizei na criação da capa e como é pos- desejado de forma repetitiva.
sível obter bons resultados com vetores. O Para criar o degradê, clique no ícone Criar
Objetivo aqui não é ensinar a fazer a capa e sim degradês (Ctrl + F1) , arraste sobre o retângulo
a utilizar os recursos que utilizei. pressionando a tecla Ctrl para fazer um traço re-
Então vamos lá: to.

Vamos falar dos degradês e como utilizar Agora vamos selecionar as cores: Figura 2
esse recurso. No inkscape isso é muito fácil e Passo 1 - Clique na parte inferior do degra-
prático, o software oferece várias formas de sele- dê para selecionar aquele ponto, note que o pon-
cionar a cor desejada, isso ajuda muito no ritmo to quando selecionado fica azul.
de trabalho. Passo 2 - selecione a ferramenta Conta

Figura 1 Figura 2

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GRÁFICOS · DEGRADÊ, SOMBRA E PROFUNDIDADE DE CAMPO NO INKSCAPE

Crie uma elipse e pinte de preto, após posi-


cione atrás do objeto (tecla Page Down), no
meu caso o monitor - Figura 3
Clique 2x no indicador de preenchimento
para abrir a janela Preenchimento e traço – Figu-
ra 4

Figura 2a

Gotas (F7)
Passo 3 - Clique na cor que vc havia pré
selecionado para o trabalho
Repita os mesmos passos agora seleciona-
do o ponto superior, selecione outra cor que vc Figura 4

tenha escolhido.
Outra forma é simplesmente clicar na pale- Ajuste os valores de blur (borrar) e opacida-
ta de cores para escolher a cor, ou dar 2 cliques de para 15 e 75% - Figura 5
no ponto, isso vai abrir o editor de degradês, on-
de vc pode ajustar o tom desejado com muita fa-
cilidade e o melhor de tudo, ver o resultado em
tempo real. (Figura 2a)
Com o fundo pronto agora vamos trabalhar
com as sombras. Eu vou utilizar o monitor que
havia feito previamente.

Figura 5

A figura 6 mostra o resultado final do ajus-


te.
Para finalizar vamos criar a ilusão de pro-
fundidade de campo, simulando o efeito de uma
lente.
É muito simples: duplique o objeto e posici-
one o mesmo para trás (Tecla Page Down), dimi-
Figura 3 nua o tamanho para criar a impressão de

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GRÁFICOS · DEGRADÊ, SOMBRA E PROFUNDIDADE DE CAMPO NO INKSCAPE

Figura 6 Figura 8

distância entre eles. - Figura 7


Agora o efeito de lente, no caso com foco
no objeto principal.

Figura 9

ferentes e combinar as técnicas.

Figura 7 Maiores informações:


Site da comunidade Inkscape Brasil
Selecione o objeto “do fundo” e ajuste o http://wiki.softwarelivre.org/InkscapeBrasil/
blur (borrar) para 2 como mostra a figura 8
Site oficial do Inkscape
A figura 9 mostra o resultado final.
http://www.inkscape.org/
O bom de tudo isso é que continuamos
com nossos objetos em vetor, caso queira desfa-
zer o “desfoque” basta ajustar o valor de blur pa- CEZAR FARIAS é diretor de arte na agência
ra 0. Isso é ótimo pois podemos trabalhar com digital Ondaweb em Porto Alegre e possui
mais de 10 anos de experiência na área de
diferentes tamanhos sem que isso implique em criação. No seu Blog possui diversas peças
um processo degenerativo da imagem. criadas com Inkscape.

Com esses conceitos é possível criar artes


bem interessantes, experimente fazer ajustes di-

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GRÁFICOS · COMPUTAÇÃO GRÁFICA E SOFTWARE LIVRE - PARTE 2

Computação
Gráfica e
Software Livre
Parte 2
Por Luiz Eduardo Borges

No artigo anterior (edição nº 5) vimos co- nhas que representam as malhas são chama-
mo representar imagens bidimensionais no com- dos de estruturas de arame (wireframes).
putador e os aplicativos livres mais conhecidos Objetos podem usar vários materiais e es-
para lidar com essas representações. Porém, tes podem ter várias características, tais como
elas são limitadas em vários aspectos, principal- cor, transparência e sombreamento, que é a for-
mente para simulações, pois o mundo que vive- ma como o material responde a iluminação da
mos tem três dimensões. cena. Além disso, o material pode ter uma ou
Uma cena 3D é composta por objetos, fon- mais texturas associadas.
tes de luz e câmeras. Os objetos geralmente Texturas são compostas por imagens de
são representados por malhas (meshes), que duas dimensões que podem ser usadas nos ma-
são conjunto de pontos (vértices). Esses possu- teriais aplicados as superfícies dos objetos, alte-
em coordenadas x, y e z. Os pontos são interliga- rando várias propriedades, tais como reflexão,
dos por linhas (arestas) que formam as transparência e enrugamento (bump) da superfí-
superfícies (faces) dos objetos. Conjuntos de li- cie.

Figura 1: Cena 3D, com câmera, fonte de luz e objetos. Figura 2: Malha de objeto, com uma face selecionada, delimitada pelas
arestas.

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GRÁFICOS · COMPUTAÇÃO GRÁFICA E SOFTWARE LIVRE - PARTE 2

Figura 3: Em cima, material e textura difusa. Em baixo, bump map e a Figura 4: De cima para baixo: a estrutura de arame, o objeto solido e a
imagem final. cena final renderizada.

Dentro da cena, os objetos podem ser modi- computador) e um renderizador (renderer). Tam-
ficados através de transformações, tais como bém é possível usar renderizadores externos,
translação (mover de uma posição para outra), com mais funcionalidades, como o Yafaray, que
rotação e redimensionamento. busca renderizar de forma eficiente através de
algoritmos que simplificam bastante o modelo fí-
Para renderizar, ou seja, gerar a imagem fi-
sico. Outro tipo de renderizador é aquele que
nal, é necessário fazer uma série de cálculos
tenta simular de uma forma mais próxima das
complexos para aplicar iluminação e perspectiva
leis da física, acrescentando detalhes indefinida-
aos objetos da cena. Entre as formas de calcu-
mente a imagem, tendo como meta o realismo.
lar a cena, uma das mais conhecidas é chama-
LuxRender é um exemplo dessa categoria, co-
da raytrace, aonde os raios de luz são
nhecida como unbiased. O lado negativo dessa
calculados da câmera até as fontes de luz. Com
estratégia é o tempo bem maior para obter um
isso, são evitados cálculos desnecessários dos
resultado de qualidade.
raios que não chegam até a câmera.
Não tão maduro, o Art of Illusion é voltado
Um dos usos mais populares da tecnologia
é em animações. A técnica mais comum de ani-
mação em 3D é chamada de keyframe. Nela, o
objeto a ser animado é posicionado em locais di-
ferentes em momentos chave da animação, e o
software se encarrega de calcular os quadros in-
termediários.

Aplicativos
Blender é um software muito completo em
termos de funcionalidades: oferece modelagem
3D avançada, com materiais, texturas, ilumina-
ção, extrusão, editor de imagens, recursos de
animação sofisticados, um game engine (infraes-
trutura especializada para criação de jogos para Figura 5: A técnica raytrace parte da câmera até chegar a fonte de luz
para calcular a iluminação da cena.

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GRÁFICOS · COMPUTAÇÃO GRÁFICA E SOFTWARE LIVRE - PARTE 2

Figura 6: Interface do Blender. Figura 8: Uma cena renderizada pelo LuxRender.

para modelagem e animação e tem como atrati- uma biblioteca que implemente OpenGL (Open
vos principais uma interface simples e alguns re- Graphics Library), que é uma especificação que
cursos avançados. Com uma estratégia define uma API independente de plataforma e
totalmente diferente, Alice é uma linguagem linguagem, que permite a manipulação de gráfi-
com IDE (Integrated Development Environment) cos 3D. Sua característica mais marcante é a
voltada para o ensino de técnicas de criação de performance. Mesa 3D é a implementação livre
cenas 3D e animações através de operações de mais conhecida e está amplamente disponível
mouse, com vários personagens e locações pron- em distribuições de Linux e BSD.
tas. Na próxima parte: game engines.
Voltado para a visualização gráfica cientifi-
ca, o ParaView é um aplicativo baseado em
Maiores informações:
VTK (Visualization ToolKit), que é uma bibliote-
Site oficial Blender: Site oficial Alice:
ca escrita em C++ e independente de platafor-
http://www.blender.org/ http://www.alice.org/
ma.
A maioria dos aplicativos 3D precisam de Site oficial Yafaray: Site oficial ParaView:
http://www.yafaray.org/ http://www.paraview.org/

Site oficial LuxRender: Site oficial OpenGL:


http://www.luxrender.net/ http://www.opengl.org/

Site oficial Art Of Illusion: Site oficial Mesa3D:


http://www.artofillusion.org/ http://www.mesa3d.org/

LUIZ EDUARDO BORGES é autor do livro


Python para Desenvolvedores, analista
de sistemas na Petrobras, com pós
graduação em Ciência da Computação
pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) e criou o blog Ark4n
[http://ark4n.wordpress.com/].
Figura 7: Uma cena renderizada pelo Yafaray.

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EM DEBATE · POLÍTICA MIDIÁTICA: VISIBILIDADE E LEGITIMAÇÃO

POLÍTICA MIDIÁTICA:
VISIBILIDADE E
LEGITIMAÇÃO
Por Yuri Almeida

Adrian Gtz - sxc.hu

A política midiática é fruto da indústria da


informação e da sociedade de massa. Para o
êxito em sua atividade, a esfera de decisão polí-
tica passou por um processo de adaptação à
“gramática” dos mass media, além de sofrer in-
fluência das técnicas e lógicas do marketing no
que refere-se à produção de imagem e/ou perso-
nagens. A política midiática é uma política de
imagem, calcada no espetáculo. Não foram os
veículos de difusão de informação massiva que
destruíram a tradição do se fazer política, mas
deslocou-a para uma nova realidade. Tanto os
partidos políticos como a política de bastidores
mantêm a sua importância dentro da esfera de
decisões políticas, entretanto com um caráter
mais privado e restrito para aqueles que não in-
tegram esta esfera. Gerenciar a visibilidade de
idéias e ações é a principal preocupação da es-
fera política, atualmente.

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EM DEBATE · POLÍTICA MIDIÁTICA: VISIBILIDADE E LEGITIMAÇÃO

O objetivo central dos agentes da esfera pauta política, por exemplo, podem assegurar o
de decisão política é conquistar corações e men- reconhecimento público da sua existência. (…)
tes da esfera civil, visto que, em um sistema de- não está em cena significa não existir; parecer
mocrático o poder em “deputar algo” ou “alguém mau é ser mau para o apreciador do teatro políti-
à” pertence aos indivíduos. Entretanto, o poder co cotidiano”. (GOMES, 2004, p. 115).
almejado pelos postulantes aos cargos públicos A consolidação da imagem pública é resul-
diz respeito ao “poder simbólico”, conceito desen- tante da visibilidade, opacidade e ocultamento
volvido por Thompson (1998) que nasce na ativi- que os atores tem nos espelhos midiáticos. Po-
dade de produção, transmissão e recepção do rém, “a política mostra partes convenientes, emi-
significado das formas simbólicas. te sinais para espectadores, sociedade e
O poder simbólico depende de complexos mídias, esperando produzir apoio, votos e opi-
sistemas de construção de linguagens e ambien- nião” (WEBER, 2004, p. 261).
tes para que a política possa realizar-se. “Os sím- O elemento essencial para compreender a
bolos se afirmam como os instrumentos por importância da criação de uma imagem para os
excelência de integração social: enquanto instru- atores é a presença do marketing na política, se-
mentos de conhecimento e de comunicação, ja elaborando os seus conteúdos ou reorientan-
eles tornam possível o consensus acerca do sen- do suas práticas, principalmente, durante as
tido do mundo e da ordem social” (BOURDIEU, eleições.
1989)
A influência dos programas eleitorais na
Os símbolos assumem uma importância definiti- formação das intenções de voto ocorre porque a
va em uma sociedade em que “a realidade sur- pesquisa de opinião passou de instrumentos de
ge no espetáculo, e o espetáculo é real” marketing a tema agendado pela mídia para a
(DEBORD, 1997, p. 15). A sociedade do espetá- formação e consolidação da opinião pública. A
culo pode ser interpretada como conformação opinião pública se constrói, assim, através da co-
avançada do capitalismo, como a etapa contem- bertura que os media exerce sobre a pesquisa
porânea da sociedade capitalista, entretanto “o eleitoral. Um aspecto importante (na verdade trá-
espetáculo não é um conjunto de imagens, mas gico) é que o leitor (agente ativo no debate públi-
uma relação social entre pessoas, mediada por co no modelo da imprensa de opinião) torna-se
imagens (DEBORD, 1997, p.14). Já para Go- apenas consumidor de notícias. Sabidamente, a
mes (2004), espetáculo é entendido como o que imprensa capta a atenção do público, aumenta
se dá a ver, que coloca o seu apreciador na con- o número de consumidores e vende-os à publici-
dição de espectador. dade. A notícia é o produto.
“A política-espetáculo é a política que em- O contato do público com a cena política
prega sua presença na esfera da visibilidade pú- ocorre com a mediação dos mass media, que
blica como estratégia para a obtenção de apoio dá um recorte nos principais (eleito por esta) co-
ou consentimento dos cidadãos. A política-espe- mo temas relevantes, com isso os veículos abor-
táculo é a política que se exibe, mostra-se, faz- dam uma determinada cena política e, é
se presença, impõe-se à percepção do cidadão” justamente, nesse pequeno espaço onde as ima-
(GOMES, 2004, p. 403). gens e discurso são criados. As ações que ocor-
Dessa forma, a disputa política passa pela rem nesse espaço resumem-se a duas: os
imposição da imagem pública dos atores políti- candidatos proferindo ações para agradar a opi-
cos nos media. “Do ponto de vista da esfera polí- nião pública e os candidatos criando cenários
tica, a esfera de visibilidade pública é a forma para a cobertura da cena política.
com que um agente político ou uma matéria da Segundo Gomes (2004) o mundo político

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EM DEBATE · POLÍTICA MIDIÁTICA: VISIBILIDADE E LEGITIMAÇÃO

(o que o caracteriza) é a construção de imagens Referências Bibliográficas


dos indivíduos que participam do jogo político
de grosso modo, guia as ações políticas, estabe- BOURDIEU, Pierre. A produção da crença: con-
lece paradigmas ou orientar a agenda social. Mui- tribuição para uma economia dos bens simbóli-
tas vezes não se discute a questão essencial, cos. 2a ed. São Paulo: Zouk, 2004.
seja seu problema técnico-administrativo. ______.______. Lições da aula. 2a ed. São Pau-
“A diferença entre a exposição pública da lo: Ática, 1994.
discussão pública e da propaganda está no cará- DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio
ter dialógico da primeira e didático da segunda”. de Janeiro: Contraponto, 1997.
(GOMES, 2004, p. 201). GOMES, Wilson. A política na era da comunica-
ção de massa. São Paulo: Paulus, 2004.
Os media multiplicam os lugares de fala so- WEBER, Maria H. Comunicação e Política: con-
bre a política e neste processo os políticos profis- ceitos e abordagens. RUBIM, A.A. Canelas
sionais atuam cada vez mais menos como (Org.) Salvador: Edufba, 2004.
sujeitos falantes e cada vez mais como sujeitos
falados.
“Em suma, “vender” um produto comercial
Maiores informações:
(para usar um termo do jargão da publicidade e
das relações públicas), ou cuidar da sua “ima- Blog Herdeiro do Caos
gem” de forma a torná-lo aceito e desejável pe- http://herdeirodocaos.com
los consumidores, não pode, nessa lógica, ser
muito diferente de “vender” um candidato ou
uma posição política, na medida em que a lógi-
ca que prevalece em um caso como no outro é
YURI ALMEIDA é jornalista, especialista
a da indústria da comunicação”. (GOMES, 2004, em Jornalismo Contemporâneo,
p.207). pesquisador do jornalismo colaborativo e
edita o blog herdeirodocaos.com sobre
cibercultura, novas tecnologias e
jornalismo. Contato: hdocaos@gmail.com /
twitter.com/herdeirodocaos

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JURIS · PORQUE NÃO PROCESSAMOS OS SPAMMERS NO BRASIL?

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Porque não processamos
os spammers no Brasil?
Por Walter Aranha Capanema

Para a pesquisa do meu livro sobre o


spam (“O spam e as Pragas Digitais: uma visão
jurídico-tecnológica, Editora LTr), verifiquei que
não chegam a meia dúzia os processos judiciais
contra os spammers no Brasil.
Identifiquei duas possibilidades.
A primeira razão talvez seja a dificuldade
do operador do Direito em compreender um fato
tecnológico tão complexo. Embora o Poder Judi-
ciário já tenha decidido vários casos envolvendo
a Internet, tais como o phishing scam[1] e os cri-
mes praticados no Orkut[2], parece que há uma

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JURIS · PORQUE NÃO PROCESSAMOS OS SPAMMERS NO BRASIL?

mas, contudo, o fazem de forma a ocultar a sua


identidade e as formas de alcançá-lo.
Com o devido Escondem cabeçalhos, falsificam emails,
respeito àquele critério utilizam computadores de terceiros para o envio
de spam – as famosas e temidas botnets – e
jurisdicional, sabe-se utilizam uma série de artimanhas para esconder
o seu rastro.
claramente que as Por outro lado, é curioso observar que o
spammer brasileiro não é tão sofisticado quanto
diferenças entre o spam e os estrangeiros. Embora o nosso spammer ca-
um simples folheto de narinho utilize de algumas malandragens tecno-
lógicas citadas (falsificação de
publicidade são email/cabeçalho), deixa, contudo, seus dados
para contato, como telefones e até mesmo seu
significativas... endereço físico!
Walter Capanema Procurei contatar por telefone 20 spam-
mers brasileiros e, acreditem, todos me atende-
ram prontamente, alguns até me informando
quais as ferramentas usaram para me atormen-
dificuldade em entender efetivamente o que seja
tar, por meio da aquisição de listas em cdrom
o spam.
com milhões de endereços de email colhidos “le-
Na primeira decisão brasileira que se tem galmente”.
notícia[3], no ano de 2001, no Mato Grosso do
E os nossos spammers possuem uma ga-
Sul, um usuário entrou com ação pleiteando a
ma de produtos e serviços muito maior que os
condenação por danos morais, no valor de R$
estrangeiros, limitados quase que ao Viagra fal-
5.000,00, a quatro pessoas responsabilizadas pe-
so e o diploma idem: temos spam de suprimen-
lo envio de mensagens não autorizadas. Toda-
tos de informática, bandas de forró, programas
via, o Poder Judiciário entendeu que o envio de
de rádio, produtos religiosos, políticos em (eter-
email não solicitado é uma prática saudável e co-
na) campanha, serviços de pai-de-santo e tan-
mum, e equivale aos panfletos e “santinhos” que
tos outros que poderiam entrar em uma
são distribuídos diariamente.
verdadeira Páginas Amarelas dos spammers.
Com o devido respeito àquele critério jurisdi-
Pode-se até pensar que essa “impunidade”
cional, sabe-se claramente que as diferenças en-
dos spammers brasileiros decorre de nosso já
tre o spam e um simples folheto de publicidade
afamado conformismo. Não acredito nesse pen-
são significativas. A começar pelo fato de que,
samento. Com o surgimento dos Juizados Espe-
se não quero receber o folheto, tenho a possibili-
ciais e do Código de Defesa do Consumidor (Lei
dade de recusar, o que não ocorre com o spam.
8.078/90), o cidadão aprendeu a defender os
A segunda possibilidade, que talvez seja a seus direitos, por mais simples que possam pa-
maior dificuldade, é de ordem tecnológica. É a recer.
de conseguir indicar quem é o spammer.
Portanto, se são poucos os casos de spam
Isso porque os spammers agem de uma for- apreciados em nosso País, e se o entendimento
ma um tanto quanto maquiavélica: enviam mi- jurisprudencial ainda não reflete a realidade tec-
lhões de mensagens para divulgar um produto, nológica, é preciso que os cidadãos, usuários in-

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |78


JURIS · PORQUE NÃO PROCESSAMOS OS SPAMMERS NO BRASIL?

satisfeitos, busquem uma conjugação de esfor-


ços no sentido de instrumentalizar o Poder Judi-
ciário, na abordagem de interesses da ...é curioso
coletividade, a mais do que uma reflexão, a uma
verdadeira revolução do nosso pensamento jurí- observar que o spammer
dico.
brasileiro não é tão sofisti-
Maiores informações e referências:
cado quanto os estrangei-
[1] “FURTO. FRAUDE. ASSOCIAÇÃO PERMANENTE PA- ros. Embora o nosso
RA A PRÁTICA DE CRIME. DEPÓSITO INDEVIDO EM
CONTA CORRENTE CRIME DE INFORMÁTICA ESTA- spammer canarinho utilize
DO DE NECESSIDADE NÃO CONFIGURAÇÃO REDU-
ÇÃO DA PENA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A de algumas malandra-
COMUNIDADE PROVIMENTO PARCIAL VOTO VENCI-
DO Condenação. Artigo 155, par. 4., inciso II (fraude), c/c gens deixa até mesmo seu
artigo 71, e artigo 288, do Código Penal. Recursos defensi-
vos. Preliminar: atipicidade da conduta, sendo violado o
endereço físico!
princípio da reserva legal. Mérito: negativa de autoria, es-
tado de necessidade e inexistência do crime de quadrilha. Walter Capanema
Diminuição das penas ao minimo legal. Aplicação da Lei
n. 9714/98. A conduta de subtrair, através dos Sistemas
to pelo Juízo Criminal de pedido de requisição de informa-
Bankline e Bankfone, valores de contas bancárias dos lesa-
ções e dados cadastrais de membros e criadores das
dos, transferindo-os para as abertas pelos réus, encontra
comunidades, sob o fundamento de que a Lei n. 9.296
adequação típica na lei penal vigente - artigo 155, Código
não autoriza a quebra do sigilo para apuração de crime
Penal. Trata-se do denominado crime de informática mis-
apenado com detenção (...)”. TJRJ RECLAMACAO
to ou impróprio, que é aquele que pode ser praticado de
62/2006 - CAPITAL - TERCEIRA CAMARA CRIMINAL –
qualquer forma, inclusive através de informática, sendo o
Unanime DES. MARCO AURELIO BELLIZZE - Julg:
computador um meio, um instrumento para sua execução,
21/12/2006
violando bem já protegido pela legislação vigente (...)”. Re-
cursos parcialmente providos. (SCK) Vencido o Des. Luiz
[3] Processo nº 2001.1660812-9. Autor: João de Campos
Leite Araujo. (TJ/RJ - Apelação Criminal nº
Corrêa. Réus: Inova Tecnologia S/C Ltda, Portal Planeta
2001.050.05150 - DES. MARCUS QUARESMA FERRAZ -
Serviços e Internet Ltda e o Site Entretenimento Ltda. LE-
Julgamento: 11/04/2002 - SEXTA CÂMARA CRIMINAL)
ONARDI ADVOCACIA. Sentença equipara spam ao envio
(grifado).
de mala direta. Disponível em <http://www.leonardi.adv.
br/jur07122001.html>. Acessado em 22.mai.2007.
[2] “(...) Sítio de relacionamento Orkut. Investigação polici-
al. Incitação de crimes. Comunidade "Eu sei Dirigir Bêba-
do" e "Sou Menor Mas Adoro Dirigir". Recusa do
representante legal da empresa que administra o sítio de
relacionamentos na Internet em prestar informações so- WALTER CAPANEMA é professor da
Escola da Magistratura do Estado do Rio de
bre os membros e criadores das referidas comunidades. Janeiro – EMERJ (Brasil). Formado pela
Conduta investigada que ostenta potencial para causar per- Universidade Santa Úrsula - USU. Advogado
no Estado do Rio de Janeiro. Email:
da de vidas humanas, principalmente de jovens, que estari- waltercapanema@globo.com
am sendo estimulados a conduzir veículos automotores
sem habilitação ou em estado de embriaguez. Indeferimen-

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EDUCAÇÃO · CRIANDO VÍDEOS EDUCATIVOS COM SOFTWARE LIVRE

Luz, Câmera, Educação!


Criando vídeos educativos
com software livre
Por Sinara Duarte

Jay Lopes - sxc.hu

Dentro e fora da escola, a Na atualidade, a televisão


televisão, em especial o vídeo, é a meio mais democrático de
já faz parte do nosso cotidiano. acesso a informação e entrete-
As novelas e os realitys show nimento visto que está presen-
são o exemplo prático de quan- te em 99% dos lares
to o público brasileiro valoriza brasileiros (IBGE, 2000). Toda-
este tipo de linguagem. O ví- via, percebe-se que inexiste na
deo, ou melhor, a linguagem au- TV aberta um canal educativo
diovisual já faz parte de nossa com fins eminentemente edu-
cultura, de nossa história, influ- cativos, embora a legislação
enciando, ditando modas e cos- brasileira determine que 10%
tumes, atuando também em dos conteúdos veiculados na
nossas capacidades recepti- televisão aberta, deva ter um
vas e sensoriais ligadas às dife- caráter educativo. Com exce-
rentes formas de compreender ção do Canal Futura e da TV
a realidade. Escola, ambos veiculados em

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canais fechados, percebe-se a do livro didático. uma câmera na mão”, produzir


carência de uma programação As pesquisas revelam seus próprios vídeos, como
educativa de qualidade, que que os jovens e crianças pas- propôs Glauber Rocha.
de fato contribua para o desen- sam mais tempo em frente a tv Na educação, o vídeo po-
volvimento e crescimento bio- (e agora ao computador) no de ser utilizado de forma bené-
psico-social de nossas crian- que na escola ou lendo livros. fica, dependendo da iniciativa
ças. O emprego desses novos recur- do professor e da participação
O advento do caso Mai- sos transformam a dinâmica es- discente, exercendo diversas
sa, em que uma criança de 7/8 colar, as estratégias e o funções como: informação, mo-
anos, era coagida e “torturada” comprometimento de alunos e tivação, e meio de expressão.
em cadeia nacional para diver- professores. Por meio da produ- A forma mais usual, talvez seja
tir o dono de um canal de televi- ção do vídeo a educação pode a utilização como forma de in-
são é um dos exemplos claros ensejar uma aprendizagem sig- formação e conteúdo de ensi-
da baixa qualidade da televi- nificativa, proporcionando que no, para contextualizar uma
são brasileira. Talvez por isso, o aluno aprenda de forma dinâ- aula por exemplo. È notório
o site Youtube faça tanto suces- mica e motivadora. que um vídeo sobre o meio am-
so junto a nova geração, pois De fato, o vídeo é um ex- biente é bem mais interessan-
é uma rede alimentada pelos celente recurso para despertar te, que somente uma aula
próprios internautas que produ- o interesse dos alunos em tor- explicativa utilizando o livro di-
zem, editam e publicam seus ví- no de problemáticas, determina- dático.
deos de forma rápida, fácil e dos temas ou trazer novas Neste caso, a introdução
com direito a interação do públi- perspectivas para investiga- do vídeo na escola, deve ser
co. De fato, as mídias, em espe- ções em andamento. Além dis- entendida não apenas como
cial, o vídeo, com suas so, pode-se dar aos alunos a uma outra fonte de pesquisa,
imagens, movimentos e sons oportunidade de criar roteiros mas também uma forma de
atraem a atenção dos estudan- e “com uma idéia na cabeça e motivação discente, algo que
tes, muito mais que linearidade desperte a curiosidade do estu-
dante em saber mais. Uma au-
la de química é muito mais
interessante, se tivermos aces-
O vídeo é um so a uma animação. O curta
Oxygen de Christopher Hen-
excelente recurso para despertar dryx, (http://kelsondouglas.
blogspot.com/2009/05/oxygen.
o interesse dos alunos em torno html) apresenta as reações (e
ações) do oitavo membro da ta-
de problemáticas, determinados bela periódica como se fosse
um aluno querendo fazer ami-
temas ou trazer novas gos no colégio. É muito interes-
perspectivas para investigações sante e pode ser produzido
utilizando o software livre Blen-
em andamento. der.
Outra possibilidade é de
Sinara Duarte
utilização do vídeo no contexto
educativo é como meio de ex-

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pressão, ou seja, como forma De fato, a escola deveria para o jovem ? Com relação a
de expressar idéias, sentimen- ser mais um espaço de media- edição de filmes, o mundo do
tos, descrever espaços, situa- ção entre a linguagem midiati- software livre oferece uma ga-
ções imaginar mundos ca da televisão e do vídeo, ma de oportunidades. Os jo-
possíveis. Além disso, o vídeo para as crianças e jovens, toda- vens poderiam editar e
no contexto educativo contribui via, o que se observa na maio- publicar suas produções na
para a criação de espaços dialó- ria dos casos, é a utilização do própria escola, utilizando o la-
gicos, permitindo que os alu- vídeo em sala de aula como for- boratório de informática educa-
nos se expressem de ma de passatempo, de diver- tiva. Evidentemente é preciso
diferentes formas, favorecendo são, de "matar aula", sem haver equipamentos disponí-
o desenvolvimento da consciên- qualquer planejamento. Sincera- veis e espaço dentro da rotina
cia crítica sobre a influência da mente, acho que até já virou escolar. O que não se pode
mídia sobre determinados gru- bordão, mas a escola continua- aceitar é a escola do século
pos sociais. da paralizada no tempo e no es- XXI continue excluída do uni-
A produção de vídeo na paço, feudalizada em seus verso multimídia em que vive-
escola pode oferecer informa- muros invisíveis da “metodolo- mos.
ção, dinamizar temas significati- gia”, tentando matar o dragão E quem disse que editar
vos, incorporar a da tecnologia, quando na verda- filmes no linux é difícil? O avan-
transversalidade das ativida- de, deveria fazer as pazes e tor- ço das tecnologias livres e de
des curriculares desenvolvidas nar a tecnologia sua grande softwares de edição em código
na escola. A inserção de te- aliada. aberto facilitaram o processo
mas, programas, filmes no pro- Aproveitando temas emer- de construção de video educa-
cesso educativo subverte o gentes, como a nova gripe cionais, fazendo com que pro-
ritmo acadêmico, no qual o pro- (H1N1), o jovem poderiam cri- fessores possam passar de
fessor é o principal mentor. En- ar filmes ilustrativos de preven- meros expectadores e avalia-
tão surge a questão: Por onde ção. Por que não fazer um dores para produtores de víde-
começar? vídeo, dentro da própria esco- os educacionais,
Os alunos podem produ- la, alertando para os riscos de capacitando-se para isso e po-
zir vídeos utilizam equipamen- contágio, usando uma lingua- dendo produzir conteúdo de
tos simples, como a própria gem contemporânea, do jovem qualidade, contextualizados
filmadora que já vem embutida
na maioria das câmeras digi-
tais ou mesmo utilizar os própri-
os celulares. Na atualidade,
quase todo jovem possui um ce- ...a escola deveria ser
lular que bate foto, que grava ví-
deo ou tem um parente em
mais espaço de mediação entre a
casa que possuía tal equipa-
mento. A escola deveria utili-
linguagem midiatica da televisão e
zar todo esse potencial em do vídeo, para as crianças e
sala de aula, ao invés de criar
leis que proibiam o uso da tec- jovens...
nologia em sala de aula, como
Sinara Duarte
aconteceu recentemente com
os celulares.

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com a sua realidade. dos. Desenvolvida em C/C++ o há décadas, um tutorial “for tea-
De fato, com o software li- software inclui alguns recursos cher”, acerca do Kdenlive, ain-
vre o aluno não fica preso a má- interessantes como conversão da está prematuro na gaveta,
quina e a tecnologias de vídeos para formatos compa- mas tentarei colocar as obriga-
proprietárias, pois pode editar tíveis com o MPEG, MP4, ções em dia. Aguardem notíci-
seus próprios vídeos em casa, PSP, iPod ou DVD. Roda em as...
na escola, na casa dos ami- Ambiente gráfico Gnome, Ambi- Já para os mais experien-
gos, enfim, eles estão interessa- ente gráfico KDE, Ambiente grá- tes temos o Jahshaka
dos pelo mundo que os cerca fico X11. É possível encontrar (http://www.jahshaka.org), uma
e usam o computador para com- um pequeno tutorial (em portu- suite de pós-produção que in-
preendê-lo melhor e interagir guês), criado pela competente clui módulos para edição, com-
com ele. O ideal é que professo- equipe do Estudio Livre no se- posição, animação e inserção
res e alunos tenham acesso a guinte endereço: (http://www.es- de efeitos visuais ou gráficos
esse recurso dentro da escola, tudiolivre.org/tiki-index.php?pag em áudio e vídeo. Roda em
com vistas a utilizá-lo no mo- e=AviDemux). Ambiente gráfico Gnome, Am-
mento mais conveniente para Outro recomendado para biente gráfico KDE e Ambiente
o desenvolvimento do proces- iniciantes é Kdenlive gráfico X11.
so ensino-aprendizagem. (http://www.kdenlive.org). Tam- Outra opção de edição de
Na atualidade, existe bém muito intuitivo este softwa- vídeos é Kino (http://www.ki-
uma diversidade de opções de re que têm como nodv.org) é um software editor
editores de vídeos livres que po- características principais dois não-linear de vídeo para
dem ser utilizados no contexto monitores de vídeo, linha de GTK+. Trata-se de uma ferra-
educativo. De fato, o software li- tempo com multiplas pistas e o menta para capturar, editar e
vre apresenta uma riqueza de recurso de mover ou redimensi- exportar vídeo digital em vári-
possibilidades, desde o mais onar, além de comunicação ou- os formatos. O programa pode
simples editor de filme até a tec- tras ferramentas. To devendo importar arquivos AVI e DV, in-
nologia mais complexa, como
a utilizada na animação Mada-
gascar. Quem não lembra do
leão Alex tentando voltar para
a África? Poucos sabem, mas A escola deveria utilizar todo
esta animação só possível por-
que os produtores utilizaram
esse potencial em sala de aula, ao
na época, softwares livres que
contribuíram para a autonomia
invés de criar leis que proibam o
e a redução de custo e tempo. uso da tecnologia em sala de aula,
Time is Money!
Para os iniciantes, temos como aconteceu recentemente com
o Avidemux, (http://www.avide-
mux.org) uma ferramenta para
os celulares...
edição que permite ao usuário
alterar, recodificar e adicionar
efeitos aos seus vídeos. Sua in- Sinara Duarte
terface bem intuitiva, contribui
para ser um dos mais utiliza-

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EDUCAÇÃO · CRIANDO VÍDEOS EDUCATIVOS COM SOFTWARE LIVRE

fim, versatilidade Maiores informações:


é a palavra-cha-
Blog Software Livre na Educação
ve quando se fa-
http://softwarelivrenaeducacao.word
la em edição de
press.com
vídeo em softwa-
re livre. A revista Site Oficial Cinelerra
está recheada http://cinelerra.org
de opções que
podem ser utiliza- Site Oficial Kdenlive
dos no contexto http://www.kdenlive.org
educativo. (Essa
edição é históri- Site Oficial Avidemux
ca!). Todo esse http://www.avidemux.org
Figura 1: Tela do Cinelerra leque de possibili-
dades só é possí- Site Oficial Jahshaka
clusive por meio da interface Fi- vel graças ao modelo aberto, http://www.jahshaka.org
reWire de câmeras digitais de dinâmico, colaborativo, flexí-
vídeo. Por meio do FireWire po- vel, baseado na solidariedade Site Oficial Kino
de também exportar vídeos e na disseminação do conheci- http://www.kinodv.org
nos padrões NTSC e PAL. A lis- mento, aportes teóricos do mo-
ta de formatos com os quais o vimento do software livre. Site Oficial OpenShot Video
kino é compatível inclui: DV, Portanto, a escola, a adoção http://www.openshotvideo.com
AVI, MPEG-1, MPEG-2, do software livre é imprescindí-
MPEG-4 e Áudio: WAV, Ogg vel! As oportunidades que a tec- Site Oficial LiVES
Vorbis, MP3. nologia livre e aberta oferece http://lives.sourceforge.net
Quem gosta de complexi- para professores e alunos são
dade e profissionalismo, o Cine- inúmeras e em muitos casos in-
lerra (http://cinelerra.org) é substituíveis.
perfeito. Considerado por mui- Enfim, a escola deve ser
to críticos, o melhor de todos, um espaço de criação. Ao pro-
todavia não é recomendado pa- fessor cabe desenvolver a curio-
ra amadores por exigir alto co- sidade dos alunos, sugerindo
nhecimento técnico. Um de temas e fontes de pesquisas,
seus atrativos é editar áudio e SINARA DUARTE
ensinando a pesquisar, obser- é professora da
vídeo em alta definição, sendo var, registrar o que está apren- rede municipal de
compatível com os sistemas Fortaleza,
dendo e por que não fazer pedagoga,
de cor RGBA e YUVA, e ainda tudo isso com uma câmera na especialista em
com vídeos em qualquer propor- mão. Portanto, silêncio na sala Informática
Educativa e
ção, medida e taxa de qua- de aula! Luz ! Câmera! Educa- Mídias em
dros. ção! (sussurrando) Ah, não es- Educação, com
ênfase no Software
Além, desses existem ain- queça da pipoca para festejar livre. Colaboradora
da o OpenShot depois o sucesso e a criativida- do Projeto
Software Livre
(http://www.openshotvideo. de de seus alunos. Até a próxi- Educacional e
com), Lives (http://lives.source- ma! mantenedora do
Blog Software Livre
forge.net), dentre outros, en- na Educação.

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COMUNIDADE · SETEMBRO: MAIS UM ANO PARA O GOJAVA

Setembro: Mais um
ano para o GOJAVA
Por Flávia Suares

Neste mês comemoramos mais um ano do


GOJAVA, um grupo de usuários amantes da lin-
guagem Java, de Goiás. São 8 anos de existên-
cia e já contamos com mais de 1000 membros
na nossa lista, além de membros nas redes soci-
ais que GOJAVA é envolvido.
O grupo foi iniciado em 12 de setembro de
2001. Teve sua fundação com a realização de
um fórum de discussão entre pessoas que traba-
lhavam com Java numa mesma empresa de de-
senvolvimento. Após isto, recebeu diversos
adeptos, nascia aí o GO-JUG, liderado por Glei-
disdon F. Duarte e Tatiane Mota.
O GO-JUG deixou de ser apenas um fó-
rum para se tornar um grupo, com pessoas dedi-
cadas a impulsionar o Java no mercado goiano;
e em 2002, seus membros resolveram mudar o
nome para GOJAVA.
As primeiras atividades do grupo foram
uma palestra sobre J2EE [0] na 2ª Semana de
Informática da Universidade Federal de Goiás e
dois cursos de certificação SCJP [1].
Em 2003, o GOJAVA realizou o I JavaGyn -
I Encontro de Tecnologia Java de Goiânia- e re-
cebeu a presença do JavaMan [2], Bruno Sou-
za, que atualmente é diretor mundial de open
source da SUN.

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COMUNIDADE · SETEMBRO: MAIS UM ANO PARA O GOJAVA

hacklab [14].
Realizamos outro evento marcante, em
Goiânia, que já é realizado há dois anos no Esta-
dos Unidos: o M3DD/LA[15]. Aqui contamos
com a participação dos palestrantes: Radko Naj-
man [16] – que trabalhou na equipe do IDE Net-
Beans [17] de 1999 a 2007 e bases de dados
para módulos J2EE; Terrence Barr [18] - embai-
xador sênior da comunidade móveis e sistemas
embarcados, responsável por diversos aspectos
técnicos na plataforma Java, é autor e co-autor
de patentes européias e americanas para dispo-
sitivos móveis; Roger Brinkley [19] - engenheiro
Figura 1: Hacklab do GOJAVA no Flisol deste ano. No canto, o Javaman sênior da SUN, líder da comunidade móveis e
O JavaGyn II, aconteceu em 2004, contou sistemas embarcados, principal engenheiro do
com as presenças do Fábio Velloso [3] - líder do JSR (Java specifications request) 97 e javahelp
SouJava [4] que falou sobre EJB [5], novidade 2.0; Richard Gregor [20] atuou com Javahelp,
na época; da Flávia do JavaComBr [6] e de repre- módulos para o NetBeans e Wireless Toolkit
sentantes da Nokia para mostrar o J2ME [7], tam- [21], Igor Medeiros [22] - referência para Java
bém era uma inovação daquele momento. Card na América Latina; Magno Cavalcante [23]
– JugLeader [24] do RIOJUG [25], Sun Java
O GOJAVA passou um tempo sem ativida- Champion [26] e pesquisador sobre TV Digital
de e outros grupos foram surgindo como o Pequi- no Brasil; Antônio Marin Neto [27] – do Instituto
JUG e o JavaCerrado. Em novembro de 2007, o Nokia de Tecnologia, é um dos pioneiros em de-
JavaCerrado, representado por Francisco Cala- senvolvimento de aplicativos para dispositivos
ça uniu-se ao GOJAVA. Em Janeiro do ano se- móveis; Alexandre Gomes - diretor técnico da
guinte, foi a vez do PequiJUG, representado por SEA Tecnologia, palestrante sobre Metodologi-
Flavia Suares e Raphael Adrien, juntar-se à equi- as ágeis e instrutor de cursos oficiais da Sun Mi-
pe. E após estas adesões, os líderes resolve- crosystems, SAP e RedHat/JBoss, Robison Cris
ram manter o nome do grupo como GOJAVA Brito – escritor de artigos de revistas ligadas ao
por ser mais conhecido na comunidade goiana.
O grupo ganhou mais forças e durante o
ano de 2008 realizou eventos em Goiânia, Aná-
polis, Silvânia eEdéia. Participou do aniversário
de 10 anos do DFJUG [8], em Brasília e de even-
tos ligados ao Software Livre, em Goiânia: FLI-
SOL [9], 1ºFGSL/5ºSGSL [10], /dev/net [11] e
FreeComp [12].
Dos primeiros meses deste ano até a pre-
sente data, tivemos uma participação especial
no FLISOL, que foi trazer as presenças do Bru-
no Souza e Maurício Leal [13] – este último ge-
rente de Programas SDN (Sun Developer
Networks) para a América Latina da Sun Mi-
crosystems - nos representando em palestras e Figura 2: Raphael Adrien na abertura do M3DD/LA, pela primeira
vez no Brasil

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COMUNIDADE · SETEMBRO: MAIS UM ANO PARA O GOJAVA

Java, palestrante de importantes eventos de http://java.sun.com/javame/index.jsp


São Paulo; David Marques - engenheiro de siste- [8] http://www.dfjug.org/DFJUG/
mas do C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Siste- [9] FLISOL (Festival Latino Americano de Instalação de
mas Avançados do Recife) [28]. Software Livre)
[10] 1º Forum Goiano de Software livre /5º Simpósio
O atual GOJAVA é liderado por Raphael
Goiano de Software Livre (em Goiânia)
Adrien, Flavia Suares, Marcos Fernando, Francis-
[11] Evento técnico focado em desenvolvimento e redes
co Calaça, Gilberto Santos, José Rodolfo, Cás-
realizado pela ASL (Associação de Software Livre) em
sio Camilo, Gleidisdon F. Duarte, Lindiomar
Goiânia
Vieira e Thiago Ritcher.
[12] Evento organizado pelo Centro Acadêmico de
Além de participar e realizar eventos aqui Ciência da Computação, com o apoio dos grupos de
descritos, o GOJAVA tem ainda o projeto Univer- usuários de Goiás.
sidade GOJAVA que ajuda a difundir a iniciativa [13] http://weblogs.java.net/blog/maltron/
JEDI [29]. Neste projeto, vamos às faculdades e [14] Hacklab é um stand nos eventos oferecido aos
levamos palestra de JEDI e uma outra com con- grupos de usuários para tira-dúvidas e demonstrações de
teúdo técnico. uma determinada tecnologia.
O GOJAVA não seria o sucesso que é ho- [15] http://www.m3ddla.com.br
je se não fosse a atuação da nossa comunida- [16] http://blogs.sun.com/javamesdk/
de. Venha também fazer parte da nossa [17] Segundo o site:
comunidade, acesse nosso site www.gojava.org http://www.oficinadanet.com.br/artigo/1061/o_que_e_o_net
nele há os links para participar da nossa lista de beans: é um ambiente de desenvolvimento integrado
discussão e das redes sociais. Você pode se ca- gratuito e de código aberto para desenvolvedores de
dastrar para participar do fórum, trocar experiên- software. Site oficial do
cias sobre a linguagem Java e ficar por dentro Netbeans:http://www.netbeans.org/
de eventos e oportunidades de trabalho. [18] http://weblogs.java.net/blog/terrencebarr/
[19] http://weblogs.java.net/blog/brinkley/
Agradeço a todos que me ajudaram neste [20] http://weblogs.java.net/blog/richardgregor/
artigo, em especial a Tatiane Mota, pela disponi- [21] http://blog.igormedeiros.com.br/
bilidade em responder a sabatina e pelas suas [22] É o mesmo que J2ME (Java 2 Micro Edition)
valiosas lembranças. http://java.sun.com/products/sjwtoolkit/
[23] http://webtier.blogspot.com/
Maiores informações e referências: [24] JuGLeader: Java Users Groups Leader – Líder de
Grupo de Usuário Java
[0] Java Platform, Enterprise Edition: [25] http://www.riojug.org/blog/
http://java.sun.com/javaee/ [26] Programa da SUN para pessoas que se destacam
[1] Sun Certified Java Programer. Programador JAVA em um determinado projeto com a tecnologia Java.
Certificado pela Sun Microsystems. [27] http://netomarin.blogspot.com/
[2] www. javaman.com.br [28] http://www.cesar.org.br/
[3] http://www.fabiovelloso.com.br/ [29] http://www.dfjug.org/DFJUG/jedi/index.jsp
[4] Sociedade de Usuários Java
FLÁVIA SUARES é JugLeader do GOJAVA
(http://www.soujava.org.br) desde Janeiro de 2008.
[5] Enterprise JavaBeans: componente da plataforma
J2EE
[6] Antiga comunidade Java de Brasília em Taguatinga
(DF)
[7] Java Plataform, Micro Edition.

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SOFTWARE PÚBLICO · LIGHTBASE

INDO DIRETO A INFORMAÇÃO


COM O LIGHTBASE
Por Jairo Fonseca

Flávio Takemoto - sxc.hu

O software LightBase, disponibilizado no


Portal do Software Publico Brasileiro, é um ban-
co de dados Textual Multimídia Orientado a Ob-
jetos que reúne, de forma única: um ambiente
de desenvolvimento rápido de aplicações, um
servidor de dados multidimensional com indexa-
ção e recuperação textual e um servidor de apli-
cações e relatórios. Com isso, o software
oferece, ao mesmo tempo, os recursos necessá-
rios para suportar pequenos e grandes projetos
(escalabilidade) e a facilidade para o desenvolvi-
mento de soluções de forma rápida, simples e
eficiente.
O LightBase é uma ferramenta ideal para
gerência de documentos e informações em ge-

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SOFTWARE PÚBLICO · LIGHTBASE

ral, sendo de grande utilidade para apoio a proto- Ele é capaz de armazenar os seguintes ti-
colos, tramitação de processos, bibliotecas, advo- pos de dados: data, hora, valores inteiros, valo-
cacia, assessoria parlamentar ou política, ações res decimais, URL (para páginas HTML),
de polícia, arquivo, jornalismo, clipping, acervo valores alfanuméricos, textos corridos, textos de
de pareceres, leis, normas, fotos e filmes, enfim, editores externos (inclusive com indexação), da-
toda necessidade relacionada a pesquisa textu- dos multimídia (som e imagem), valores boolea-
al. nos, entre outros. O LightBase, ainda, indexa
Usando o LightBase, você não precisa ser arquivos do OpenOffice, MS-Office, texto (txt) e
um “expert” em programação para desenvolver PDF. Tudo isso com o conforto e segurança de
suas aplicações. O software oferece o melhor um provedor de aplicações único, centralizando
em termos de armazenamento, recuperação de as aplicações em ambiente cliente-servidor.
dados e documentos, sem as limitações dos ban-
cos de dados relacionais. Originalmente desen- Ferramenta Gráfica RAD
volvido pela Light Infocon Tecnologia S/A, o
LightBase está no “estado da arte” no tocante a Além de todos esses recursos, o LightBa-
tecnologia de Bancos de Dados Textuais. se oferece uma ferramenta gráfica RAD (Rapid
Application Development) de desenvolvimento e
execução de aplicações, com uma plataforma
amigável para usuários leigos e profissionais se
Figura 1: Logomarca do software
beneficiarem dos recursos do produto. O softwa-
re também conta com um completo gateway pa-
ra acesso a dados pela Web (Internet ou
O LightBase é o primeiro software proprie- Intranet) e um conjunto de componentes que
tário que foi desenvolvido de forma convencio- possibilitam o desenvolvimento de aplicações
nal por uma empresa privada e, posteriormente, usando ASP ou através de nossa própria exten-
passou a ser disponibilizado como software livre são do HTML. O LightBase também fornece
no Portal do Software Público, sob a Licença Pú- uma série de componentes COM que possibili-
blica Geral (GPL). tam o desenvolvimento de aplicações em Visual
Basic, Delphi, C++, Java, dentre outras.
Tecnologia Multidimensional
Devido a sua tecnologia multidimensional,
o projeto do banco de dados pode ser feito de for-
ma mais simples e clara, mesmo por usuários lei-
gos, otimizando o processo de
desenvolvimento, reduzindo custos e possibilitan-
do que os próprios usuários criem suas solu-
ções. Aliado à tecnologia multidimensional, o Figura 2: LightBase, tecnologia brasileira
LightBase incorpora recursos de recuperação tex-
tual plena, onde se pode recuperar informações Aplicações de GED e WorkFlow
por qualquer palavra ou campos de um registro, Desde o início dos anos 80, existe a supo-
tornando a consulta mais simples e eficiente. O sição de que todos os problemas de gerencia-
software oferece recursos para recuperação tex- mento de dados podem ser resolvidos pela
tual rápida, sendo capaz de lidar com estruturas utilização de bancos de dados relacionais
de dados flexíveis, como textos, datas, valores, (RDBMS) no mundo da Tecnologia da Informa-
imagens, etc. com eficiência.

Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |89


SOFTWARE PÚBLICO · LIGHTBASE

ção (TI). Esta idéia foi proposta pelo Dr. E. F. to de tabelas e sub-tabelas, e uma grande
Codd, sendo amplamente promovida pela IBM e quantidade de processamento é necessária pa-
por numerosos acadêmicos. Surgiu uma indús- ra "remontar" a informação necessária para se
tria em torno desta proposição, que resultou no completar as operações.
aparecimento das principais companhias de
RDBMS e criação de importantes produtos, tais
como o DB2 da IBM e o Microsoft SQL Server.
Como, na ocasião, a maioria das aplica-
ções de gerenciamento era relacionada a manu-
tenção de registros básicos de negócios
envolvendo conjuntos relativamente simples de
listas planas (como contas, transações, inventári-
os e ordens), a expectativa de que o método rela-
cional representava o banco de dados universal
parecia se confirmar. No entanto, quando usuári- Figura 3: Tela de aplicação GED que utiliza o LightBase
os começaram a tentar administrar outros tipos
de dados, como listas de materiais - cuja nature- No LightBase, no entanto, devido ao seu
za é inerentemente recursiva -, estruturas que in- modelo multidimensional de armazenamento, os
corporam listas (mailings e endereços de dados não precisam ser "remontados", já que
entrega são simples exemplos) e dados com mui- eles já são armazenados como existem no mun-
tas interdependências complexas (como algu- do real (e de acordo com o modelo de negócio),
mas estruturas de datawarehouse, dados de eliminando a sobrecarga de processamento ine-
engenharia, gerenciamento de peças e estrutu- rente ao modelo relacional, resultando em um in-
ras de dados para gerenciamento de redes), o cremento significativo da velocidade de
uso do RDBMS deixou muito a desejar. armazenamento e recuperação de informações.
Neste contexto, a estrutura de bancos de O termo "multidimensional" significa que os da-
dados provida pelo LightBase é um importante di- dos podem ser armazenados por tantos parâme-
ferencial, tendo grande eficiência em situações tros quantos forem necessários: eles não estão
que necessitam GED (Gerenciamento Eletrôni- limitados a linhas e colunas. Isto permite mode-
co de Documentos) e WorkFlow. los de dados muito mais ricos do que os obtidos
com a tecnologia relacional. Dados complexos
Mundo Real podem ser armazenados e utilizados de uma for-
Hoje a maioria da informação existente no ma muito mais natural e intuitiva.
cotidiano das pessoas é de natureza não-estrutu-
rada (documentos, planilhas, vídeos, textos, fo-
tos, etc.). Esse tipo de informação mais Recuperação Textual
complexa passou despercebida pela maioria Outro grande diferencial do software Light-
das organizações por muito tempo, devido à com- Base é a recuperação textual. Diferente dos ban-
plexidade de agrupá-las e referenciá-las. Para cos de dados tradicionais, um sistema de
os tradicionais RDBMS, é realmente difícil repre- recuperação textual armazena todo o conteúdo
sentar “dados complexos”, porque toda a informa- sob forma de um conjunto de chaves possibili-
ção precisa ser fragmentada de forma que seja tando a recuperação de informação por qual-
colocada em tabelas planas bidimensionais. quer palavra ocorrendo em qualquer lugar do
Quando a tecnologia relacional é usada para des- banco de dados, seja num campo numérico, al-
crever dados do mundo real, há um empilhamen- fanumérico, texto, etc. No caso específico da re-

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SOFTWARE PÚBLICO · LIGHTBASE

peração de informações no LightBase tão sim-


ples quanto o modelo relacional, só que bem
mais poderosos. Com esses recursos únicos, a
tecnologia LightBase tem sido usada com suces-
so na área de GED e Workflow. Nesta área, a in-
formação é intrinsecamente não-estruturada,
fazendo com que o poder do armazenamento
multidimensional aliado aos poderosos recursos
de recuperação textual do LightBase, facilitem a
criação de soluções de repositórios e controle
de fluxo de documentos.
Figura 4: Tela de aplicação GED que utiliza o LightBase E o melhor: tudo isso é tecnologia brasilei-
ra disponível, como software livre, no Portal do
Software Publico Brasileiro, que oferece uma co-
cuperação textual no LightBase, é possível fazer
munidade especifica contendo área para troca
buscas através de expressões regulares, por pro-
de arquivos e forum para suporte e duvidas.
ximidade de palavras, palavras que apareçam nu-
ma mesma frase ou parágrafo e busca fonética.
A própria forma de consulta à base de dados é Contato da Equipe de Suporte
bastante intuitiva bem próxima à da linguagem
natural. Não é preciso especificar chaves de Forum na Comunidade LightBase no portal
acesso durante a programação nem pagar o pre- do Software Publico, ou pelo
ço em tempo quando se pesquisa por algo que suporte@lightinfocon.com.br.
não seja uma chave. A indexação da base de da-
dos é on-line, possibilitando a recuperação de in- Maiores informações:
formações a qualquer instante. Site Software Público
http://www.softwarepublico.gov.br

Recursos Únicos Site LightFocon


A estrutura multidimensional do LightBase http://www.lightinfocon.com.br
facilita o agrupamento das informações para a in-
dexação textual, reduzindo o custo em termos JAIRO FONSECA é analista de sistemas,
com mais de 30 anos de experiência em TI.
de desempenho em comparação com os recur- Atualmente é Diretor Presidente da Light
sos de indexação textual inseridos posteriormen- Infocon Tecnologia e Coordenador da
Comunidade LightBase no Portal do
te em bancos de dados relacionais tradicionais. Software Público Brasileiro.
Tudo é feito de forma eficiente e transparente
ao usuário, tornando o armazenamento e a recu-

20 DE OUT UBRO DE 2009

D U Q U E DE C A X I A S / R J
w w w . f o r u m so f t w a r e l i v r e . c o m . b r

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EVENTO · LANÇAMENTO DO LIVRO SOFTWARE LIVRE, CULTURA HACKER...

Lançamento baiano do livro

Por Mônica Paz

Idealizado pelo sociólogo Sérgio Amadeu


da Silveira e organizado por Vicente Aguiar, o li-
vro "Software Livre, Cultura Hacker e Ecossiste-
ma da Colaboração", de diversos autores, foi
lançado no 10º Fórum Internacional de Software
Livre, em Junho de 2009 em Porto Alegre-RS.
Visto que Vicente Aguiar é residente e na-
tural da cidade de Salvador, não haveria de ser
diferente que o livro também fosse lançado na
capital baiana. O lançamento ocorreu no dia 5
de agosto, terça-feira, às 17h, no auditório 1 da
Escola de Administração da Universidade Fede-
ral da Bahia. O lançamento do livro fez parte do
evento Encontro Nordestino das Incubadoras

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EVENTO · LANÇAMENTO DO LIVRO SOFTWARE LIVRE, CULTURA HACKER...

tendimento sobre o fenômeno social e as


mudanças políticas relacionados ao software li-
vre. Para tanto, ele é composto por uma coletâ-
nea de artigos elaborados a partir de estudos
acadêmicos de diversas áreas das ciências hu-
manas, que foram desenvolvidos em diferentes
universidades e centros de pesquisa do Brasil
(UFBA, UNICAMP, USP e Casper Líbero)”.
Compõem o livro os artigos: “Distros e comuni-
dades: a dinâmica interna de Debian, Fedora,
Slackware e Ubuntu” de Murilo Machado;
“Software Livre e a Perspectiva da Dádiva: uma
análise sobre a produção colaborativa no proje-
to GNOME” de Vicente Aguiar; “Politica e Lin-
guagem nos debates sobre software livre” de
Rafael Evangelista; “A tecnologia na obra de Ál-
varo Vieira Pinto e Paulo Freire” de Anderson
Alencar e “Mobilização colaborativa, cultura hac-
ker e a teoria da propriedade intelectual” de Sér-
gio Amadeu.
Para Vicente existiram dois desafios para
a produção desse projeto: a organização a dis-
tancia - “desenvolver um livro praticamente em
rede, quando o organizador é da Bahia; os ou-
tros autores de São Paulo e Campinas; a reviso-
ra do Espírito Santo; a Editora de São Paulo e a
Figura 1: Capa do livro
é Gráfica de Porto Alegre”, e o licenciamento do
livro - “ainda não são todas as editoras que es-
Tecnológicas de Cooperativas Populares
tão abertas a este tipo de proposta e modelo de
(ITCPs). O local é bem emblemático, pois foi on-
negócio para comercialização do livro. Então,
de o organizador do livro iniciou a sua carreira,
não apenas por uma questão de coerência com
visto que é bacharel e mestre em administração
o conteúdo do livro, nós também partimos do
por esta instituição, além de ser ex-orientando
princípio que para um livro para ser difundido e
do Professor Genalto Carvalho de França Filho,
vendido em curto espaço de tempo, a melhor for-
coordenador da ITCP da Escola de Administra-
ma é fazer isso com a utilização de uma licença
ção, responsável pelo convite para a realização
livre e um arquivo para download na internet”.
do lançamento no evento.
O livro pode ser baixado, livremente na
No local do evento, Vicente Aguiar partici-
página da sua comunidade hospedada na rede
pou de uma sessão de autógrafos do livro cerca-
social SoftwareLivre.org, disponível em
do de familiares, amigos, colegas da área
http://softwarelivre.org/livro, que também
profissional e acadêmica, dentre demais partici-
contém informações sobre como comprar a
pantes do evento, com direito a entrevista e co-
versão impressa.
bertura por uma TV local.
A capa do livro de 270 páginas faz alusão
Segundo a divulgação, o “livro visa ofere-
a famosa citação de George Bernard Shaw, que
cer uma pequena parcela de contribuição no en-
é apresentada na folha de rosto. A frase

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EVENTO · LANÇAMENTO DO LIVRO SOFTWARE LIVRE, CULTURA HACKER...

Pode-se considerar que com o livro


"Software Livre, Cultura Hacker e Ecossistema
da Colaboração" o mundo software livre ganha
uma referência marcante dentro do mundo aca-
dêmico.

Ficha técnica do Livro:

Organizador: Vicente Aguiar


Autores: Anderson Alencar, Murilo Machado,
Rafael Evangelista, Sérgio Amadeu e Vicente
Aguiar
Revisão: Karina Bersan Rocha
Figura 2: Seção de autógrafos com Vicente Aguiar
Diagramação: Murilo Bansi Machado
Capa: Aurélio A. Heckert
sintetiza a filosofia da cultura hacker e do Editora: Momento Editorial
mundo software livre: Licença: Creative Atribuição-Compartilhamento
“Se você tem uma maçã e eu tenho uma 2.5 – Brasil Commons
maçã, e nós trocamos as maçãs, então você e Ano da publicação: 2009
eu ainda teremos uma maçã. Mas se você tem
uma idéia e eu tenho uma ideia, então cada um
de nós terá duas idéias”
Como ressaltou o organizador na introdu-
ção do livro, o “termo hacker não está associado
a indivíduos irresponsáveis que visam penetrar
em sistemas computacionais de forma ilícita – co-
mo é normalmente propagado pela mídia de mas-
sa tradicional. (...) De forma contrária a essa Maiores informações:
visão pré-concebida, os estudos que compõem
este livro consideram que a práxis dos hackers Site do livro
fundamenta uma cultura que diz respeito ao con- http://softwarelivre.org/livro
junto de valores e crenças que emergiu das re-
des de programadores de computador que Blog Mônica Paz
interagiam on-line em torno de projetos técnicos http://softwarelivre.org/monicapazz
e colaborativos que visavam resultados inovado-
res”.
Na ocasião também foi lançado o livro “So-
ciedade Civil na Bahia: papel político das organi- MÔNICA PAZ é bacharel em Ciência da
Computação, mestranda em Cibercultura
zações” de organização de Elenaldo Celso pela Faculdade de Comunicação da
Teixeira e finalizado pela sua esposa, inicialmen- UFBA e integrante do Projeto Software
Livre Bahia - PSL-BA, pelo qual já
te lançado em Feira de Santana. Vicente Aguiar organizou vários eventos.
como presidente da Colivre – Cooperativa de
Tecnologias Livres foi presenteado com um
exemplar deste livro.

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EVENTO: BLENDER DAY - SALVADOR/BA

RELATO SOBRE O

SALVADOR/BA
Por Arnaldo Barreto

O Blender Day Bahia - Salvador foi realiza- o conceito de “Filme Aberto”; e o Big Buck
do durante todo o dia 8 de Agosto na Faculdade Bunny [http://bigbuckbunny.org], uma comédia
Área 1, e contou com a participação de mais de superengraçada que mostra a qualidade cinema-
200 pessoas durante o evento. O pessoal do tográfica que o Blender disponibiliza para seus
Ekaaty Linux deu a maior força para que o Blen- usuários.
der Day fosse realizado, e tenho certeza que Claro, em um evento do tipo não poderia
sem o apoio do Cristiano Furtado e sua turma, faltar uma oficina básica para criar novos blende-
não teríamos alcançado esse sucesso. rianos. Contando com uma grande estrutura dis-
Dentre outros ótimos palestrantes, não pos- ponibilizada pela Área 1, tivemos uma oficina
so deixar de destacar o grande artista e consul- básica com quase 60 alunos que, em sua maio-
tor de Computação Gráfica, Teisson Fróes ria, estavam dando os primeiros passos no mun-
[http://www.teissonfroes.com.br], que utiliza o do 3D. Apenas 2hrs é pouquíssimo para mostrar
Blender em seus diversos trabalhos. Diretamen-
te de São Paulo, via áudio-conferência, ele nos
passou detalhes dos seus trabalhos, fazendo
uma explicação passo-a-passo de seu extenso
portifólio que abrange, principalmente, comerci-
ais para a TV, contando com clientes como Bras-
temp, Oi, Nike, Fiat, Varig, Ouro 21, entre vários
outros.
Ainda tivemos a exibição de vários traba-
lhos blenderianos, dentre eles os dois Open Mo-
vies da Blender Foundation: o Elephants Dream
[http://orange.blender.org], primeiro filme mundi-
al a disponibilizar todo o seu “código” sob Creati-
ve Commons, sendo possível para qualquer um
Figura 1: Sala cheia de olhares atentos
utilizar seus modelos, texturas e aúdio, criando

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EVENTO: BLENDER DAY - SALVADOR/BA

tudo o que o Blender é capaz, mas é o suficien-


te para plantar uma semente de criatividade e cu-
riosidade.
Mas, o grande destaque do evento foram,
sem dúvida, os seus participantes. Não digo pla-
téia, pois quem esteve lá não estava apenas as-
sistindo, mas participando mesmo do evento.
Dúvidas, debates, dicas e um clima de descontra-
ção tomaram conta do evento, deixando todos à
vontade com uma boa proximidade entre pales-
trantes, organização e palestrantes. Durante a re-
tirada do tema para a Maratona Criativa, os
participantes deram um show de idéias, exerci-
tando sua imaginação e libertando sua criativida- Figura 3: Encerramento com chave de ouro
de, e este foi o principal objetivo do evento, e
muito bem alcançado.
versa com alguns participantes e compartilha-
A Maratona Criativa foi um desafio que de- mento de materiais como animações, imagens e
mos aos participantes que tiveram cerca de 4 ho- tutoriais (tudo de distribuição livre).
ras para pensarem e produzirem suas artes
Evento realizado e quase 1 mês se pas-
durante o evento. E, para destruir de vez as bar-
sou, e ainda recebo emails de participantes tiran-
reiras da criatividade, tivemos como vencedor
do dúvidas, mostrando trabalhos e perguntando
da Maratona, eleito pelos participantes, o “Ovo
quando haverá outro evento do tipo. Isso é o
Mutante Destruidor” do blenderiano Thalisson No-
que há de mais gratificante, dando certeza de
bre, baiano de Itabuna.
que o nosso trabalho foi bem realizado, e que
E, para encerrar o evento com chave de ou- contribuimos bastante com o aumento do Blen-
ro, nada melhor do que premiar os participantes. derianismo na Bahia.
Foi relizado o sorteio de diversos brindes, den-
Mas não acabamos por aí. Com certeza foi
tre eles dvds com vídeo-tutoriais e todo o materi-
o primeiro de muitos, e já estamos mobilizando
al de produção do Big Buck Bunny. E, após o
a segunda edição do Blender Day Bahia para o
encerramento, ainda houve um tempinho de con-
próximo ano, que será ainda melhor do que o
primeiro.
E agora, que venha a Blender Pro
[http://www.blender.pro.br], no dia 7 de Outubro
no Rio de Janeiro.
Abraço blenderiano a todos.

ARNALDO BARRETO é Bacharel em


Análise de Sistemas pela UNEB, Campus
Alagoinhas/BA, e mestrando em Ciências da
Computação pela UFPE, Recife/PE.

Figura 2: Equipe organizadora do evento

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EVENTO: BLENDER DAY - PETRÓPOLIS/RJ

RELATO SOBRE O

PETRÓPOLIS/RJ
Por Luis Carlos Retondaro

O Centro Federal de Educação Tecnológi- - incluir os alunos no ciclo de discussões acadê-


ca Celso Sucow da Fonseca (CEFET/RJ), abriu micas e sociais, que envolvem o desenvolvimen-
as portas de sua Unidade de Ensino Descentrali- to de uma comunidade colaborativa;
zada de Petrópolis (UnED Petrópolis), para o - gerar novas experiências e expectativas nos jo-
BLENDER DAY. vens, auxiliando sua formação pessoal e profissi-
Sob o tema “Desconstruindo os limites da onal;
criatividade”, foi realizado no dia 28 de Agosto, - trazer para o espaço escolar amostras de resul-
o I Encontro Regional de Animação, Interativida- tados práticos que compartilham arte, ciência e
de e Simulação Digital. O encontro foi organiza- tecnologia;
do pelo professor Luis Retondaro, do curso - suscitar idéias e incentivar a produção de tra-
Técnico em Telecomunicações – TV Digital, balhos de iniciação científica;
com o apoio e comprometimento do Diretor Pau-
lo Bittencourt e da comunidade de usuários, pes-
quisadores e profissionais que utilizam o
software Blender 3D como ferramenta principal
em seus projetos.
Por ser um software livre, de código aber-
to, extremamente poderoso e acessível, o Blen-
der tem servido de elo de ligação entre a
comunidade acadêmica, os artistas, os produto-
res e técnicos (profissionais ou leigos), na produ-
ção de animações, jogos digitais, aplicações
interativas, maquetes eletrônicas, e afins.
Os objetivos principais do evento foram: Figura 1: Atenção entre os participantes durante as palestras

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EVENTO: BLENDER DAY - PETRÓPOLIS/RJ

- incentivar a participação na 3a Conferência Na-


cional – Blender Pro, a ser realizada em Outu-
bro na PUC-Rio.
Para atingir esta meta, estiveram presen-
tes o mestre Jorge Ricardo Valardan Domingos,
Diretor Científico-Cultural da Donsoft Entertain-
ment e criador do jogo “Capoeira Legends” - pri-
meiro Game comercial brasileiro; o
desenvolvedor Vitor Balbio, ganhador do 2o lu-
gar do prêmio internacional “Blender Game Con-
test” de aplicações interativas; o desenvolvedor
Fernando Ribeiro, do MediaLab-UFF e criador
do jogo “FlatLand” utilizando mesa tangível multi-
toque; o arquiteto Dalai Felinto, produtor e desen- Figura 3: Realização de mesa redonda
volvedor de trabalhos profissionais com o Blen-
der apresentados no Canadá, Holanda e
Argentina, e o Designer Carlos Eduardo Mattos so, porém informal. Uma mesa-redonda foi for-
da Cruz do projeto GnuGraf da UniRio. mada para estabelecer debates sobre o tema “o
processo colaborativo da produção livre” e no fi-
O evento foi aberto ao público e, do total
nal, alguns alunos aceitaram o desafio de mon-
de 146 inscritos, estiveram presentes 103 pesso-
tar um grupo de estudos para a produção de
as, sendo 22 externos e 81 alunos da UnED Pe-
uma aplicação interativa, sob a supervisão dos
trópolis. A abertura foi feita às 9h30min pelo
organizadores do evento.
Diretor Paulo Bittencourt, e o encerramento foi
feito exatamente às 18h. O prof. Luis Retondaro Foi com satisfação, comprometimento e
foi o coordenador das 5 palestras apresentadas, honra que pudemos realizar o Blender Day no
bem como das demonstrações e exibições de ví- CEFET Petrópolis, pois eventos idênticos tam-
deos técnicos e animações. Foram distribuídos bém estavam sendo realizados em outras cida-
também alguns DVDs contendo as animações des do país, a saber: Palmas/TO, Valente/BA,
apresentadas. Salvador/BA, Campinas/SP, Rondonópolis/MT,
Fortaleza/CE, Brasília/DF e Belo Horizonte/MG.
O Blender Day foi bastante sério e proveito-
Certamente foi um marco para toda comu-
nidade envolvida. Todos estão de parabéns!

LUIS CARLOS RETONDARO é Mestre em


Engenharia de Sistema de Computação na
linha de pesquisa de Computação Gráfica,
pela UFRJ. Professor do curso técnico em
Telecomunicações (TV Digital) do
CEFET/RJ - UnED Petrópolis. Coordenador
Geral da Conferência Nacional de Blender
3D - Blender Pro.
Figura 2: Uma pausa para o café

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EVENTO: BLENDER DAY - RONDONÓPOLIS/MT

RELATO SOBRE O

RONDONÓPOLIS/MT
Por Roger Resmini

O evento foi dividido em dois dias, 11 e 12 fazer a chamada para a Conferência Blender
de Agosto, no período de 19:00 horas às 22:00 Pró 2009 que acontecerá no dia 7 de Outubro
horas. No dia 11 foram realizadas duas pales- de 2009 no Rio de Janeiro. Roger também ex-
tras. A primeira palestra intitulada "Mercado de planou rapidamente sobre o Animaroo, Grupo
Trabalho Animado”, foi ministrada por Oduvaldo de Estudo em Animação de Rondonópolis, con-
Gama de Oliveira, diretor de produção da Agênci- vidando os interessados em animação a faze-
aUm Propaganda, empresa no ramo publicitário rem parte do grupo. Entre as palestras foram
com criação e produção de comerciais para TV exibidos animações criadas no Blender e de-
atuando nas cidades de Rondonópolis e Primave- monstrado o game Yo Frankie! O cerimonial do
ra do Leste. No decorrer da palestra, Dudu co- evento foi conduzido pela Professora Ms. Mara
mo gosta de ser chamado, discorreu desde os Dota.
anos de 1980 até hoje demonstrando o avanço
das tecnologias gráficas e o aperfeiçoamento
dos profissionais dessa área bem como do surgi-
mento de novas profissões só possíveis com o
advento e popularização do computador e softwa-
res como o Blender 3D.
A segunda palestra intitulada "Made in Blen-
der! Explorando as possibilidades..." foi ministra-
da pelo Roger Resmini, bacharel em Ciência da
Computação e atualmente mestrando em compu-
tação pela UFF, em Niterói – RJ. Na palestra o
Roger descreveu uma linha do tempo desde o
surgimento do Blender até hoje citando alguns
dos projetos mais conhecidos e terminando por Figura 1: Participantes das Palestras

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EVENTO: BLENDER DAY - RONDONÓPOLIS/MT

vulgação antes do término das aulas do primeiro


semestre, sendo que o período de intervalo en-
tre os semestre letivos atrapalhou bastante a di-
vulgação entre os estudantes.
Ao todo o evento contou com 62 participan-
tes sendo que destes, 20 participaram de uma
das oficinas. Para participação no evento foram
cobrados R$ 5,00 de cada participante. O mon-
tante arrecadado, R$ 405,00, será destinado a
compra de livros sobre o Blender a ser doado à
UFMT e à Unic e para ficar no acervo do Anima-
roo.
O evento foi coordenado pelos integrantes
Figura 2: Reinaldo, Frank, Edinéia e Fran do Animaroo ( Roger Resmini, André Costa, Rei-
naldo de Deus Gracia, Uashington Nunes, Kleri-
No dia 12 foram realizadas duas oficinas ton Frank, Karlos Figueiredo, Francielli Golveia,
de 3 horas de duração na UFMT. Uma oficina Edinéia Sementino), juntamente com a Professo-
de modelagem, cujo instrutor foi o André Costa, ra Ms. Mara Dota, coordenadora do curso de Li-
e uma oficina de animação instruída pelo Roger cenciatura em Informática da UFMT campus
Resmini. No término das oficinas foi sorteada Rondonópolis, e da Professora Esp. Andréia Fer-
uma camiseta do Blender Day entre os partici- reira Pinto, coordenadora do curso de Sistemas
pantes das oficinas. Os participantes das ofici- de Informação da Unic Rondonópolis.
nas reclamaram do pouco tempo das mesmas. Todo o material para as palestras incluindo
Isso leva os coordenadores a pensarem em um o ambiente foi cedido pela Unic e os laboratóri-
possível ciclo de oficinas a ser realizado em Ron- os para as oficinas foi cedido pela UFMT.
donópolis futuramente. Além disso muitos menci-
O número de participantes esperado nas
onaram o pouco tempo entre a divulgação do
palestras era menor do que foi presenciado. Va-
evento e a realização do mesmo. Isso pode ser
le lembrar que até pouco mais de um ano atrás
resolvido para o ano que vem com o início da di-
apenas o Roger Resmini tinha algum domínio
sobre o Blender em Rondonópolis e hoje esse
número vem crescendo e um exemplo disso é o
André Costa que participou de um minicurso so-
bre Blender em 2008 e no Blender Day Mt 2009
foi instrutor de uma oficina de modelagem.

ROGER RESMINI é Bacharel em Ciência da


Computação e atualmente cursa mestrado
na UFF de Niterói/RJ. Trabalha com Blender
a dois anos como hobby pessoal e para
trabalhos acadêmicos. Já ministrou alguns
minicursos sobre o Blender em
Rondonópolis.
Figura 3: Professoras Andréia e Mara

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EVENTO: CONSEGI 2009 - BRASÍLIA/DF

RELATO SOBRE O

Por Juliana Kryszczun

O segundo CONSEGI aconteceu nos dias O congresso realizou também uma home-
26, 27 e 28 de agosto. Em meio a uma chuva e nagem ao ano da França do Brasil e com isso
friozinho inesperados para essa época do ano apresentou o Demoiselle, pois Santos Dumont
em Brasília. permitia a utilização, adaptação e cópia de seu
O congresso contou com aproximadamen- trabalho. Agora tem um framework para desen-
te 100 debates, como oficinas e palestras. O pro- volvimento de software para o governo chama-
blema foi escolher qual delas participar. Abaixo do Demoiselle que foi amplamente discutido
seguem pequenos comentários sobre os deba- durante o congresso. O presidente Lula e o Ri-
tes dos quais participei. chard Stallman receberam uma miniatura do mo-
delo leve e pequeno de avião Demoiselle.
Vários governantes e defensores de Softwa-
res Livres estiveram presentes. O presidente Embora o congresso esteja apenas na se-
Luiz Inácio Lula da Silva realizou a abertura e gunda edição, o número de inscrições superou
ressaltou a importância do Software Livre no Go- as espectativas dos organizadores. O congres-
verno. so contou com palestrantes de renome internaci-
onal no mundo do Software Livre e governo
eletrônico.
É um ambiente onde se respira inteligên-
cia. Nos corredores, nas salas, no cofee break,
se encontra pessoas fazendo jus ao tema do
congresso “Compartilhamento a favor do conhe-
cimento”.
Tive o prazer de participar do I CONSEGI
e percebi que o congresso está ganhando força
e com o compartilhamento de experiência dos
palestrantes de diversos países tivemos a opor-
tunidade de conhecer a realidade da junção de
Software Livre com governo eletrônico e vemos
Figura 1: Fila na entrada e muita expectativa... que o Brasil não está sozinho neste desafio inte-

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EVENTO: CONSEGI 2009 - BRASÍLIA/DF

ligente que, além de tudo, tem que trabalhar


com a cultura do software proprietário levando
uma nova filosofia e forma de trabalhar com
software para o governo, escolas, empresas,
usuários comuns, etc.
O debate Software Livre na América Latina
contou com presença de representantes do
Equador, Cuba, Venezuela e Paraguai, onde
mostraram situações de sucesso por se usar
software livre no governo. O equatoriano falou,
entre outros exemplos, sobre os portais de servi-
ços que estão sendo aprimorados para que a so-
ciedade possa ter acesso. Já o representante
do Paraguai ressaltou a importância do proces- Figura 2: Richard Stallman na plenária
so de dinamização da economia, a inclusão digi-
tal e social. A cubana vê o software livre como
ção e cultura livre. Na minha opinião foi a pales-
uma solução para seu governo. O representante
tra mais marcante do congresso, ter a
da Venezuela acredita que o CONSEGI possa
oportunidade de ver o fundador da Free Softwa-
expandir fronteiras com maior participação nos
re Fundation, programador do Emacs, do GNU
organismos de colaboração internacionais para
Compiler Collection e do GNU Debugger, autor
aqueles que atuam com software livre.
da GNU General Public Licence, do conceito
Representantes do Paraná, Ceará e Bahia copyleft, entre vários outros casos de sucesso,
estiveram na mesa de debate sobre Software Li- não tem preço! Ele acreditou numa filosofia no-
vre no estados que discutiram sobre as colabora- va para se fazer software e deu certo. Ele vive o
ções tecnológicas realizadas entre governos e tema do congresso “Compartilhamento em favor
comunidades virtuais de software livre. O repre- do conhecimento”. Leva isso para vários países
sentante do Paraná falou sobre o Expresso (Cor- em suas palestras de uma forma radical e bem
reio eletrônico desenvolvido pela Celepar) e humorada.
ressaltou que com o uso de soluções baseadas
Agradeço a equipe da revista por esse es-
em código aberto e software livre, o estado teve
paço para expor minhas impressões sobre o
uma economia de 150 milhões de reais.
congresso e dizer que o mundo já está envolvi-
O congresso contou com a presença de inú- do com Software Livre.
meros estudantes que tiveram os ânimos renova-
do no quesito software livre com o debate
Univerdade e Software Livre que contou com a
presença de representantes da USP, FAJESU
de Brasília, Universidade Israel em Quito no
Equador e Universidade de Buenos Aires na Ar- JULIANA KRYSZCZUN é bacharel em
Sistemas de Informação, pós-graduada
gentina e mostraram com exemplos que o softwa- em Engenharia de Software com Ênfase
re livre e a educação estão andando juntos. em Software Livre, certificada em teste
pela ISTQB. Atualmente trabalha como
E não deixando de falar sobre Richard Stall- analista de teste. Gosta e admira a forma
como o software livre é feito. Depois que
man que esteve presente na sexta-feira de ma- conheceu GNU/Linux nunca mais largou e
nhã, último dia do evento. Com auditório lotado incentiva pessoas a experimentarem
para apreciar a palestra sobre software, educa- também. Nas horas vagas aprende Python
e escuta música.

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QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Wesley Samp, Wallisson Narciso e José James Figueira Teixeira

OS LEVADOS DA BRECA

http://www.OSLEVADOSDABRECA.com

NANQUIM2

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QUADRINHOS

PAI NERD

http://josejamesteixeira.blogspot.com

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
SETEMBRO Evento: 4º Circuito CELEPAR Data: 10 e 11/10/2009
de Software Livre Local: Manaus/AM
Evento: I ENINED - Encontro Na- Data: 25 e 26/09/2009
cional de Informática e Educa- Local: Dois Vizinhos/PR Evento: BackTrack Brasil
ção Data: 11/10/2009
Data: 01 a 03/09/2009 Evento: I ENINC - 1º Encontro Local: Manaus/AM
Local: Cascavel/PR de Informática do Cariri
Data: 25 a 27/09/2009 Evento: 2º Encontro Mineiro de
Evento: ENECOMP 2009 Local: Juazeiro do Norte/CE Software Livre 2009
Data: 04 a 08/09/2009 Data: 13 a 17/10/2009
Local: Curitiba/PR Evento: Palestra Descobrindo a Local: Itajubá/MG
qualidade do Desktop no ambi-
Evento: 4º Circuito CELEPAR ente Linux Evento: 4º Circuito CELEPAR
de Software Livre Data: 26/09/2009 de Software Livre
Data: 06 e 07/09/2009 Local: Campo Grande/MS Data: 16 e 17/10/2009
Local: Pato Branco/PR Local: Telêmaco Borba/PR
Evento: Seminário InfoGEO & In-
Evento: Rio Info 2009 foGPS: 1001 Utilidades das Ima- Evento: SECCOM - Semana de
Data: 09 a 11/09/2009 gens de Satélite Cursos e Palestras da Computa-
Local: Rio de Janeiro/RJ Data: 30/09/2009 ção
Local: São Paulo/SP Data: 19 a 22/10/2009
Evento: 5º PythonBrasil Local: Florianópolis/SC
Data: 10 a 12/09/2009 OUTUBRO
Local: Caxias do Sul/RS Evento: Latinoware 2009
Evento: 4º Circuito CELEPAR Data: 22 a 24/10/2009
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gia Local: Bandeirantes/PR Evento: Palestra O Modelo Co-
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Local: Brasília/DF Evento: Tchelinux 2009 Ediçao mento de Software Livre na
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Evento: SFD - Dia da Liberdade Data: 10/10/2009 Data: 31/10/2009
de Software 2009 Local: Erechim/RS Local: Campo Grande/MS
Data: 19/09/2009
Local: Vários locais do Brasil e do Evento: 1º Simpósio Norte Nor- Divulgação de eventos:
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Revista Espírito Livre | Setembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |105

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