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A INTIMAÇÃO DA FAZENDA

PÚBLICA POR MEIO ELETRÔNICO


EQUIVALE À INTIMAÇÃO PESSOAL.

José Ernesto Manzii

Muitos Tribunais vêm implantando seus


Diários Oficiais Eletrônicos e aposentando as vetustas intimações pela
imprensa oficial, os diários oficiais impressos.

A questão que se põe, diante de sucessivas


irresignações das Procuradorias-Gerais Federais/Advocacia-Geral da
União ou mesmo das Fazendas Estaduais e Municipais é se é (ou não)
possível a intimação eletrônica de entes públicos (Administração
Direta, Indireta, Autárquica e Fundacional).

A nossa resposta é positiva, apesar das vozes


em contrário, preocupadas em “proteger” a Fazenda Pública.

O grande dilema da justiça, sempre foi


compatibilizar o contraditório e ampla defesa com a celeridade
processual; um passo dado no sentido desta compatibilização foi a
instituição do processo eletrônico, de que é peça fundamental a
intimação eletrônica.

A Fazenda Pública sempre se preocupou mais


com seus privilégios processuais, do que em contribuir para a
celeridade do sistema.
Tudo o que possa tornar célere a Justiça só é
aceito por ela na exata medida em que esta celeridade se imponha
apenas aos que litigam contra o Erário, dando azo a preclusões e
presunções e rapidez e eficiência às arrecadações. É preciso se criar
uma consciência de que todo processo tem um custo superior às
custas processuais que com eles se arrecada (e há de ser assim,
porque os processos judiciais não têm função é arrecadatória em si
mesmos) e que, ao facilitar o seu curso, os representantes do erário
estarão economizando dinheiro público.

A atribuição de competência à Justiça do


Trabalho para executar contribuições previdenciárias ampliou,
grandemente, a arrecadação, mormente em face da atuação ex
officio.

Muitas vezes, esta competência tem


conduzido a atraso no andamento dos processos. Em nossa
experiência no Foro vimos uma situação paradigmática: A União
primeiro solicitou intimação pessoal (no balcão) em dias específicos
(para poder organizar o serviço), depois, ao menos em minha
Unidade Judiciária passou a deixar de comparecer ao balcão, em dias
a que isto havia se comprometido para obter ainda mais prazo, sem
contar o oferecimento de embargos e de recursos tratando de
matérias com jurisprudência pacífica em contrário ou mesmo
posicionamentos conformes aos regramentos emitidos por ela
própria.

Há um custo, que não pode ser desprezado,


em toda e qualquer atuação da Fazenda Pública (seja do juiz, do
servidor, do Procurador-Federal etc.). Também há uma medida
desproporcional de processos em comparação ao número de juízes,
servidores e procuradores. É preciso então, estabelecer prioridades,
estudar a relação custo versus benefício (arrecadação); emitir
orientações precisas sobre os objetos, evitando impugnações,
recursos etc., contrárias a entendimentos cristalizados em
documentos internos (do INSS, por exemplo).

É certo que se deve zelar pela coisa pública.

Há o zelo necessário, indispensável e


garantidor da coisa pública, que deve ser tratada com cuidado
redobrado (em relação à coisa privada), mormente em um país onde
se confunde coisa pública, com coisa de ninguém; há, porém, o zelo
cego, meramente burocrático, que perde de vista seu objeto e que,
para um antigo presidente norte-americano faz o Estado gastar um
milhão, para economizar um dólar. Este não pode ser albergado e
mais, não apenas incentivado e até ampliado, pelo Poder Judiciário,
principalmente em sua atuação ex officio.

Fidelidade exige racionalidade (a infidelidade


é que é irracional, por vezes instintiva); o zelo impõe planejamento,
controle de custos e projeção de riscos, senão faz pecar pelo excesso.
Se os prazos não podem ser observados, em razão da quantidade de
Procuradores versus processos, é necessário o estabelecimento de
prioridades, sob pena de se cuidar do cisco, abstraindo da trave.

A Fazenda Pública conta com prazos em


dobro (ou em quádruplo), mas, muitas vezes, ainda considera isto
pouco. Se recusa, terminantemente, deixar o sistema processual
evoluir, quiçá para contar as grandes variáveis que cercam a
intimação por Oficial de Justiça (quantidade de mandados, distâncias,
compatibilidade de horários, encontro de quem se deve cientificar,
elaboração dos instrumentos notificatórios e seus trânsitos até os
meirinhos, tempo necessário à elaboração das certidões, etc. etc.) e,
com isso, dar fôlego à atuação de seus agentes.

O processo quer e precisa evoluir. As


partes dependem disto, porque o processo tem custo financeiro,
administrativo, psicológico (mormente pela insegurança e incerteza).
Este custo incentiva, em algum grau, o descumprimento das
obrigações, gerando novos processos, novos custos, novas demoras,
crises institucionais, abusos dos maus.

O Poder Judiciário depende da evolução do


sistema legal, mormente processual e de eficácia administrativa para
dar conta do enorme volume. A própria Fazenda Pública disto
depende, porquanto é evidente que as taxas judiciárias não
correspondem aos gastos efetivos e reduzem a possibilidade de atuar
em inúmeras áreas essenciais deserdadas. A sociedade depende
disto porque o perfeito funcionamento das instituições e até a
convivência social, em algum nível, depende da ação ou da dissuasão
presentes na atuação ou na possibilidade da atuação da lei, através
do Estado-Juiz.

O homem se tornou impaciente. Já não


consegue suportar as frações de tempo destinadas ao farol abrir, ao
programa de computador carregar, à resposta de seus e-mail’s e
telefonemas; a vida não se mede mais em dias, mas em minutos
(quiçá segundos, ou centésimos de segundos). Entretanto, a marcha
do processo ainda se mede não em dias, mas em anos, em
décadas, em desencantos.

O homem pode ser impaciente em tudo, mas


tem que ter uma paciência infinita, se quiser ver julgado um processo
judicial.

Assim, tudo que puder fazer o tempo do


processo, se aproximar do tempo do homem moderno deve ser
recebido, aplaudido, posto em prática e buscado, de forma
incessante, porque é desta aproximação que depende, a toda
evidência, a satisfação que a Justiça, como instituição, deve dar à
sociedade que a financia.

Ainda hoje, justiça tardia é justiça falha.

Apenas pelo que já foi dito, é possível se


afirmar, em grande esforço, que a insistência da Fazenda Pública em
se ver cientificada por meios ultrapassados e na contramão dos
avanços científicos e tecnológicos deve ser rechaçada. O direito não
pode ignorar a realidade, ou a realidade se vingará, ignorando o
direito.

Entretanto, é o próprio direito que, com


algum atraso, mas de forma até rápida para os padrões legislativos,
buscou se aproximar da realidade. Não se pode permitir que a
Fazenda Pública viva em época diferente dos contribuintes, meros
mortais.
Entretanto, é muito comum os Procuradores-
Federais invocarem o artigo 17 da Lei nº 10.910, de 15.07.04, assim
redigido:

“Nos processos em que atuem em razão das


atribuições de seus cargos, os ocupantes dos
cargos das carreiras de Procurador Federal e
de Procurador do Banco Central do Brasil
serão intimados e notificados
pessoalmente.”

Na prática foi estendido aos Procuradores-


Federais de autarquias e de fundações públicas o privilégio da
intimação pessoal atribuído aos procuradores e advogados da União
(Lei 9.028/95, artigo 6º).

A Lei nº 9.028/95 já traduzia um retrocesso,


porque o artigo 236, do Código de Processo Civil que é anterior à
CRFB já reconhecia que a intimação se dava pela “só publicação do
ato no órgão oficial”. Os excelentíssimos Senhores Procuradores da
República aos quais cabiam a defesa da União antes do advento da
nova Carta, mesmo intimados pela imprensa e com várias outras
atribuições, conseguiam defender os interesses da Fazenda Pública.

É comum também se invocar a Lei


Complementar n. 73/93.

A Lei Complementar n. 73/93, que trata da


Advocacia-Geral da União não obriga a intimação pessoal dos
membros da AGU. De fato, o artigo 38, da referida lei ao dispor que
“As intimações e notificações são feitas nas pessoas do Advogado da
União ou do Procurador da Fazenda Nacional que oficie nos
respectivos autos” visou apenas identificar entre os vários membros
da AGU (referidos no artigo 2º, parágrafo 5º) quem deve ser intimado.
Se assim não fosse, não haveria porque a Lei n. 9.028/95 ter previsto,
em seu artigo 6º, a intimação pessoal.

A confusão está em se confundir


intimação pessoal, com firma aposta em termo dos próprios
autos, ainda que mandados ou notificações portados por Oficiais de
Justiça.

Em verdade, se é que o conceito de


intimação pessoal implicou, em alguma época, na entrega de um
maço de papéis pelo Oficial de Justiça às mãos do destinatário e só
dele, ou mesmo na colheita da firma em termo nos autos, isto hoje já
não é assim.

De fato, com o advento da Lei Federal nº


11.419, de 19.12.06, que dispõe sobre a informatização do
processo judicial, a intimação eletrônica passou a equivaler à
intimação pessoal:

Art. 5o As intimações serão feitas por meio


eletrônico em portal próprio aos que se
cadastrarem na forma do art. 2o desta Lei,
dispensando-se a publicação no órgão oficial,
inclusive eletrônico.
§ 1o Considerar-se-á realizada a intimação no
dia em que o intimando efetivar a consulta
eletrônica ao teor da intimação, certificando-
se nos autos a sua realização.
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, nos
casos em que a consulta se dê em dia não
útil, a intimação será considerada como
realizada no primeiro dia útil seguinte.
§ 3o A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste
artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias
corridos contados da data do envio da
intimação, sob pena de considerar-se a
intimação automaticamente realizada na
data do término desse prazo.
§ 4o Em caráter informativo, poderá ser
efetivada remessa de correspondência
eletrônica, comunicando o envio da
intimação e a abertura automática do prazo
processual nos termos do § 3o deste artigo,
aos que manifestarem interesse por esse
serviço.
§ 5o Nos casos urgentes em que a intimação
feita na forma deste artigo possa causar
prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos
em que for evidenciada qualquer tentativa
de burla ao sistema, o ato processual deverá
ser realizado por outro meio que atinja a sua
finalidade, conforme determinado pelo juiz.
§ 6o As intimações feitas na forma deste
artigo, inclusive da Fazenda Pública,
serão consideradas pessoais para todos
os efeitos legais.

Ora, este dispositivo se não revogou o artigo


17, da Lei n. 10.910, de 15.07.04, que determinava a intimação e
notificação pessoal dos Procuradores Federais, foi por ele adaptado,
ao considerar intimação pessoal, aquela realizada pela via
eletrônica.

Assim, toda vez que se der publicidade


eletrônica a uma decisão judicial, as partes, inclusive a Fazenda
Pública são consideradas intimadas, pessoalmente.

Nesse sentido, acórdão de minha lavra, do c.


TRT-SC, em votação unânime:

INSS. INTIMAÇÃO. DIÁRIO OFICIAL


ELETRÔNICO. Nos termos do disposto no artigo
5º, parágrafo 6º, da Lei Federal nº 11.419, de 19-
12-06, a intimação realizada por Diário Oficial
Eletrônico equipara-se à intimação pessoal, para
todos os efeitos, inclusive para fins de ciência da
Fazenda Pública. Este dispositivo se não revogou
o artigo 17 da Lei nº 10.910, de 15-07-04, que
determinava a intimação e notificação pessoal
dos Procuradores Federais, foi por ele adaptado,
ao equiparar à intimação pessoal aquela
realizada pela via eletrônica. Opostos os
embargos de declaração 15 dias após a
publicação da decisão anterior no D.O.E.- Diário
Oficial Eletrônico, os embargos são intempestivos
e deles não se conhece.ii

É verdade que o artigo 17, da Lei n.


11.419/06 foi vetado e tinha a seguinte redação:

“Art. 17. Os órgãos e entes da administração


pública direta e indireta, bem como suas
respectivas representações judiciais, deverão
cadastrar-se, na forma prevista no art. 2o
desta Lei, em até 180 (cento e oitenta) dias
após sua publicação, para acesso ao serviço
de recebimento e envio de comunicações de
atos judiciais e administrativos por meio
eletrônico.
Parágrafo único. As regras desta Lei não se
aplicam aos Municípios e seus respectivos
entes, bem como aos órgãos e entidades
federais e estaduais situados no interior dos
Estados, enquanto não possuírem condições
técnicas e estrutura necessária para o acesso
ao serviço de recebimento e envio de
comunicações de atos judiciais e
administrativos por meio eletrônico, situação
em que deverão promover gestões para
adequação da estrutura no menor prazo
possível.”
Entretanto, na mensagem nº 11.247, do
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, comunicando as
razões do veto, reforça a idéia da aplicação do meio eletrônico à
Fazenda Pública, mormente nas capitais e estados com amplo acesso
aos meios eletrônicos, como são Florianópolis e Santa Catarina:

“O dispositivo ao estipular o prazo de cento e


oitenta dias para o cadastro dos órgãos e
entes da administração pública direta e
indireta invade a competência do Poder
Executivo, o que contraria o princípio da
independência e harmonia dos Poderes, nos
termos do art. 2o da Carta Maior, assim como
a competência privativa do Presidente da
República para exercer a direção superior da
administração e para dispor sobre a sua
organização (art. 84, incisos II e VI, alínea
‘a’).
Da mesma forma, ao criar obrigação para os
órgãos e entes da administração pública
direta e indireta das três esferas da
Federação fere o pacto federativo, previsto
no art. 18 da Constituição, que assegura a
autonomia dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
Ademais, pode ocorrer que órgãos e
entidades de porte muito reduzido, ainda que
situados em capitais, não consigam reunir as
condições necessárias ‘para acesso ao
serviço de recebimento e envio de
comunicações de atos judiciais e
administrativos por meio eletrônico’.”

O que foi vetado foi o estabelecimento de um


prazo, mas isto não impede que o Judiciário imponha o
cadastramento como contrapartida, por exemplo, ao acesso ao
processo eletrônico ou mesmo ao mero peticionamento eletrônico. Há
um dever de colaboração recíproca entre as autoridades, que não
pode ser olvidado pela Fazenda Pública e seus representantes,
mesmo que com a intenção de resolver, por meio da astúcia
dilatadora de prazos, o que lhes falta em recursos pessoais e
materiais; esta questão se resolve com a administração séria,
estabelecimento de critérios, priorizações etc.
Em resumo, ao menos com o advento da
Lei Federal nº 11.419, de 19.12.06, que dispõe sobre a
informatização do processo judicial, a intimação eletrônica passou
a equivaler à intimação pessoal, mesmo para a Fazenda Pública.
Isto decorre da lei e é indispensável para
que possamos atingir um dia, um processo célere e apto a dar ao
homem moderno, respostas em sua velocidade e para que o Judiciário
dê tramitação célere às ações movidas contra a Fazenda Pública,
naturalmente morosas dados seus privilégios processuais, sem contar
o assoberbamento dos escaninhos judiciários decorrentes da prática
diuturna do príncipe de resistir às pretensões, mesmo que legítimas,
confundindo esta prática com o zelo pela coisa pública.
i
Juiz do Trabalho em Florianópolis. Especialista em Processo Civil (UNOESC Chapecó), Direito
Administrativo(Universidade de Roma – La Sapienza) e Processo Constitucional (Universidade de Castilla La Mancha –
Toledo – Espanha), Mestre em Ciência Jurídica (Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI). Ex-professor da UniFMU e
da Universidade São Judas (ambas em São Paulo - Capital) e da UNOESC (São Miguel do Oeste - SC) e da Escola de
Magistratura da AMATRA – SC. Ex-Coordenador Técnico-Científico e Professor da Escola Judicial e de Administração
Judiciária do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina.

ii
Acórdão / - Juiz José Ernesto Manzi - Publicado no TRTSC/DOE em 12-02-2008, página: .
Imagem do Documento Formato PDF. TRT-SC, Processo: Nº: ED 002110/2007

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