Superior Tribunal de Justiça

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.037.754 - SP (2008/0078207-3)

RELATOR : MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR

AGRAVANTE : BANCOOP - COOPERATIVA HABITACIONAL DOS
BANCÁRIOS
ADVOGADO : CESAR AUGUSTO DE OLIVEIRA QUEIROZ ROSALINO E
OUTRO(S)
AGRAVADO : ERNESTO JOSÉ DE ROSA
ADVOGADO : MARCELO CAPI RODRIGUES E OUTRO(S)

DECISÃO
Vistos.
Trata-se de agravo de instrumento manifestado contra decisão que inadmitiu
recurso especial, fundado na alínea "a", do art. 105, III, da Constituição Federal, no qual é
alegada ofensa aos arts. 3º, 4º e 79, da Lei n. 5.764/71, em questão descrita nesta ementa (fl.
205):

"COMPRA E VENDA - sistema de Cooperativa - atraso na entrega da obra,

além do prazo de tolerância contratualmente previsto - alegação de reestruturação
na Cooperativa e de emprego de aporte financeiro da obra em outras obras
cooperadas - responsabilidade da Cooperativa pelos prejuízos causados ao
cooperado com o atraso na entrega da unidade - recurso não provido"

Quanto à alegação de que o Tribunal de Justiça de São Paulo usurpou a

competência judicante exclusiva do STJ, a jurisprudência desta Corte já decidiu ser possível o
juízo prévio de admissibilidade adentrar o mérito do recurso especial, na medida em que o exame
da sua admissibilidade, pela alínea "a", em face de seus pressupostos constitucionais, envolve o
próprio cerne da controvérsia. Nesse sentido:

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL

DESPROVIDO. CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE E OMISSÃO,
INEXISTENTES.
1. O Acórdão está amplamente fundamentado, inclusive com a citação de
diversos precedentes desta Corte, no sentido de que, no exame de
admissibilidade do especial é possível, e muitas vezes inevitável analisar
o mérito de recurso especial, não ficando o Relator restrito à apreciação
dos pressupostos do agravo de instrumento.
Devidamente afastada no Acórdão a alegação de ofensa ao artigo 535 do Código
de Processo Civil, sendo transcrito trecho do Acórdão recorrido que demonstra
ter o Tribunal a quo enfrentado as questões pertinentes ao julgamento.
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2. Afastada a alegação de divergência jurisprudencial face a ausência de
identidade fática entre os julgados.
3. Embargos de declaração rejeitados." (grifo nosso)
(EDcl no AgRg no Ag n. 378.319/RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito,
DJ 18/02/2002)

Os artigos apontados como violados não foram objeto do julgado e nem foram
alvo de embargos declaratórios para suprir eventual omissão. Incidem, pois, na espécie, as
Súmulas ns. 282 e 356 do STF.
Para que haja o prequestionamento, é imprescindível que o Tribunal a quo se
pronuncie objetivamente sobre a tese articulada pelo recorrente, exercendo juízo de valor sobre
as normas indicadas, examinando sua aplicação ou não ao caso concreto.
Por outro lado, observa-se da análise da petição de fls. 02/17, que a cooperativa
agravante não impugnou todos os fundamentos da decisão agravada.
In casu, as razões do agravo deixaram de rebater a apontada incidência das
Súmulas 5 e 7 do STJ, incidindo na hipótese, por analogia, o princípio cristalizado no enunciado n.
182 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça, verbis:

"É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar

especificamente os fundamentos da decisão agravada."

Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.

INDEFERIMENTO LIMINAR. DECISÃO AGRAVADA. FUNDAMENTOS.
ATAQUE. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA 182.
- É inviável o agravo do Art. 545 do CPC que deixa de atacar todos os
fundamentos da decisão agravada (Súmula 182)."
(AgR-EREsp n. 297.116/MA, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 2ª Seção,
unânime, DJU de 28.03.2005)

Pelo exposto, nego provimento ao agravo.

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Publique-se.

Brasília (DF), 24 de setembro de 2008.

MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR

Relator

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