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Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliografia: 267-272.
CDU: 349.6
AGRADECIMENTOS
Ao meu estimado e amado pai, José Pita, pelo incentivo incondicional e empenho
pessoal em concretizar este sonho ao qual me dediquei por quatro anos.
Aos Oficiais da PMAL Coronéis Deraldo Barros de Almeida, José Vitorino e Neuton
Bóia, ao Tenente Coronel Gama, Capitão Dorgival da Silva Viana e aos Capitães da
Polícia Militar de Sergipe Magno Antonio e Deny Ricardo, pelos incentivos e análises
procedidas neste singelo trabalho.
A minha amada mãe, Cleonice Azevêdo, e aos meus irmãos, Andréa e Silvio, a minha
segunda família, Reginaldo Francisco e Vitória Régia, pelos apoios em vários sentidos
em minha vida.
A minha amada e fiel esposa, Angélica, companheira nas vitórias e derrotas que a vida
nos proporciona, e aos não menos amados Raphael e Beatriz, meus filhos, a quem
dedico esta obra, por terem me proporcionado os melhores anos de minha vida,
dando-lhe um sentido para prosseguir.
Aos meus companheiros de atividades Major Neilson, Ten Elias, Sargentos Afonso,
Sandro e Virtuoso, aos cabos Lenorman e Geraldo, e a Maria Josineide Monteiro da
Silva, contadora da PMAL, pela abnegação e empenho que atuam no exercício da
função, incentivo ímpar para a busca da perfeição para .
Céu azul em São Paulo, Nova Iorque, que saudade... ! Bons tempos!
Introdução 11
Introdução 13
Constituição Lei Maior de um País 14
Direitos e Garantias Constitucionais 15
Procedimentos Legais 17
Procedimentos com Relação ao cidadão 18
Procedimentos com Relação à Propriedade 19
Do Crime e da Contravenção 21
Do Crime 22
Das Contravenções 24
Dos Crimes Praticados por Agentes Públicos 24
Providências em Lugar do Crime 26
Título I – Água 48
o
Código das Águas (Decreto-Lei n 24.643/34) 48
Aproveitamento das Águas 49
Desobstrução 51
Legislação Complementar 51
Código Penal Brasileiro e a Água 52
Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97) 52
Infrações e Penalidades Previstas 53
Agência Nacional de Águas 54
Título II – Flora 54
Código Florestal Brasileiro 55
Áreas de Preservação Permanente 58
Preservação Direcionada 59
Reforma Agrária e o Código Florestal 60
Transporte de Produtos e Subprodutos Florestais 60
Emprego da Autorização para Transporte de Produtos Florestais 61
Documento de Origem Florestal - DOF 61
Definições e Tipos de Produtos e Subprodutos Florestais 62
Diretrizes para o Uso do DOF 63
Gestão de Florestas, Lei nº 11.284, de 2 de Março de 2006 64
Penalidades 67
Penalidades Penais e Pecuniárias 68
Comparação entre as Legislações 68
Tabelas de Pesos e Medidas 70
Título IV – Pesca 91
Pescadores 92
Classificação 93
Pescadores Profissionais 93
Pescadores Amadores 94
Pescadores Científicos 95
Locais para o Exercício da Pesca 95
Petrechos para o Exercício da Pesca 96
Fiscalização 97
Principais Proibições e Penalidades 98
Principais Proibições 98
Penalidades 99
Disposição dos Apetrechos e Produtos de Pesca Apreendidos 100
Espécies com Proteção Especial 100
Comparativo das Legislações sobre a Pesca 101
Introdução
O Brasil possui uma quantidade expressiva de leis, as quais sugerem uma falta de
aplicabilidade devido à inexistência de mecanismos eficientes para o fiel cumprimento
das diretrizes traçadas pelo legislador quando da criação destas regulamentações, ou
por vezes, como bem sintetizou Luís Mir3, “O Estado se separa e se aliena do povo,
metabolizando uma moral privada: autorictas, non veritas, facit legem (é a autoridade,
e não a verdade, quem faz as leis)”, é uma clara acepção de que em certos casos, as
leis são instituídas não pela necessidade do povo, e sim pela vontade singular de um
grupo ou de um único individuo para satisfação “privada”.
1
NASSARO, Adilson Luís Franco. O policial militar operador do Direito. Jus Navigandi, Teresina, ano 11,
nº 1336, 27 fev. 2007. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9539. Acesso em: 24
abr. 2007.
2
SOUZA, Luís Antônio Francisco de. Autoridade, violência e reforma policial. A polícia preventiva através
da historiografia de língua inglesa. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, Vol. 12, nº 22. 1998. p. 265-294.
3
MIR, Luís. Guerra Civil: estado e trauma, São Paulo, Geração Editorial, 2004. Pág. 162.
Vasconcelos4 (2005) ao citar Miguel Reale, subsidia a formalização da
tridimensionalidade da estrutura do Direito, a qual nos faz refutar que é a inserção no
cotidiano da sociedade de fatos passiveis de valoração social, passível da existência
de normas de Direito objetivando sua regularização. Traduzindo-se na instituição de
três sustentáculos primordiais para a concepção do que venha a ser Direito, cuja
materialidade é constituída pelos aspectos normativo, fático e axiológico.
Tem-se por aspecto normativo a existência do Direito baseado em princípios e
normatizações, que o encaminha pelas veredas da ciência, tornando-o fonte do
conhecimento para a formulação de entendimentos sobre as lides das relações
humanas.
Em seu aspecto fático a concretização do Direito como fato, cuja existência se
permeia num contexto histórico e social.
No seu aspecto axiológico age como “escape” para a perpetração de sua
afirmação, baseadas nos princípios e normas, validando-se da sua existência no
tempo e espaço, no sentido de se prover e saciar a busca pela justiça.
Devemos considerar as tendências a que se inclinam os diversos ramos do Direito.
Nos tempos atuais esta ciência se esmera em relação à posição do Estado na sua
função de agente punitivo de atos lesivos.
Alguns estudiosos do Direito5 já norteiam suas aspirações pela possibilidade da
aplicação do Direito Penal Mínimo, no qual se evidencia que deverá ocorrer uma
cautela no posicionamento do Estado, como agente coercitivo, cuja intervenção dever-
se-ia ser minimizada, bastando legitimar a criminalização de uma conduta, caso se
torne evidente ser este o único caminho para que se possa assegurar a proteção de
um determinado bem jurídico.
4
VASCONCELOS, Pedro de. Estudo acerca da legislação ambiental, com ênfase na tutela jurídica da
flora brasileira. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, nº 792, 3 set 2005. Disponível em
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7225 . Acesso em: 29 out 2006.
5
BARREIRA, Marcelo Crepaldi Dias; ARDENGHI, Ricardo Pael. Crime de Pesca: a natureza jurídica da
infração penal do art. 34 c/c art. 36 da Lei nº 9.605/98. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, nº 61, jan. 2003.
Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3679. Acesso em: 08 dez. 2006.
Direitos e Garantias Constitucionais
• Ação Popular (Lei 4.717 de 29/06/65) – pode ser solicitada por qualquer
cidadão, geralmente esta vinculada à proteção, contra atos ilegais e imorais, do
patrimônio público, histórico e cultural, bem como ações lesivas ao meio
ambiente e da moralidade administrativa.
• Ação Civil Pública (Lei 7.347 de 24/07/85) – é uma ação mais completa e
abrangente que a ação popular, além de impetrar ações na justiça para
proteger o patrimônio público e/ou social, também permite as ações que
garantam outros direitos coletivos ou difusos. Essas ações são propostas pelo
Ministério Público, mais nada impede que ela seja impetrada por associações
6
Disponível em: http://www.tvjustica.gov.br/glossario.asp, Acesso em 25 jul. 2006.
juridicamente constituídas, tais como, partidos políticos, com representação no
congresso, e entidades de classe.
Procedimentos Legais
Existem certos procedimentos que tornam a ação policial legal e legitima, o policial
deve procurar sempre aperfeiçoar seus conhecimentos, estar em entendimento, ao
menos, com as leis básicas da nação, não apenas a Constituição Federal deve fazer
parte de seu cotidiano, pois ela é o baluarte da legitimidade das demais normas
reguladoras da conduta social.
Em conseqüência são aprovadas leis que regulam as ações policiais e da justiça,
para que as garantias dadas pela Carta Magna da nação não sejam ameaçadas por
autoritarismo de qualquer segmento da sociedade, pois neste aspecto não haveria
uma democracia, o país retroagira tornando-se novamente uma ditadura.
Com essa finalidade são criados códigos que disciplinam as ações policiais e
também as ações da sociedade, como por exemplo: o código penal, o código do
consumidor, o código das águas, etc. Mais não basta apenas existir tantos códigos, se
torna necessário, que existam outros instrumentos, com o intuito de que sejam criados
mecanismos que garantam a aplicabilidade da Lei, como por exemplo, o Código Penal
aborda as penalidades que são aplicadas a certos atos infracionais cometidos pelo
cidadão como um todo, mais em contrapartida existe o Código Processual Penal que
irá regulamentar as ações policiais, o processo em si aplicados pela autoridade
judiciária, à defesa do acusado, a formação do júri, benefícios que o réu tenha direito
(sursis ou livramento condicional da pena), etc.
O grande desafio para as leis brasileiras são os meios de como estas deverão ser
aplicadas, pois apenas as gerações de formas de regulamentação de condutas não
impedem que as ações lesivas ocorram. A inexistências de fiscalização auxiliam na
propagação das infrações, incutem no cidadão comum certa anomia por se sentir
injustiçado em não observar a aplicação dos efeitos destas leis em quem comumente
as transgride. A ausência do Estado é terreno fértil para os desrespeito as normas
estabelecidas, contribuindo para a ineficácia das ações coercitivas e expansão de
ações ilegais.
Dentre outras formas de ineficácia das leis estão as correlacionadas com as ações
interpostas por algum agente público (policiais ou agentes de fiscalização), que ao agir
com o desconhecimento destas mesmas leis incorrem em atuações que “agridem” as
normas legais que regem as ações contra cidadãos ou suas propriedades, gerando
meios para que o infrator por protelar indefinidamente as ações coercitivas do Estado,
propiciando uma situação de “ausência” de penalidade imediata, gerando a falsa
sensação de impunidade.
Portanto, são de fundamental importância às formas de procedimentos a serem
verificadas, tanto na abordagem de pessoas como de suas propriedades, pois ações
legitimas dotarão outros órgãos de meios para proceder às medidas cautelares
imediatas, fazendo valer os ditames das leis existentes.
Procedimentos com Relação ao Cidadão
A relação entre cidadão e polícia deve ser de inteira cooperação, por isso têm se
observado o constante interesse das Polícias, como um todo, tentando aproximar o
Poder Público da sociedade, isso nada mais é, do que a formação da Polícia
Comunitária, quer dizer que o cidadão não encara o policial como elemento repressor
do Estado, mais como seu braço armado, para se fazer cumprir o que existe
legalmente expresso em Lei, mantendo conseqüentemente a ordem pública.
A Constituição Federal contemplou o princípio do Estado de Inocência, porquanto
ninguém poderá ser considerado culpado sem o provimento da sentença condenatória
transitado em julgado (Art. 5º, LVII, da CF)
Com essa nova mentalidade, a abordagem ao cidadão deve ser embasada em
fundamentos legais, para não lhe causar desconforto, por existir a garantia do
contraditório, o cidadão tem ao seu dispor meios para defender-se de qualquer
acusação lhe imputada, portanto, é dever do policial saber que, a prisão do cidadão
apenas será efetuada mediante flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária (Art. 5º , LXI, da CF).
O cidadão abordado tem o dever de fornecer documentos que o identifique, além
de prestar todas as informações que possibilitem a averiguação da sua ocupação
profissional, onde reside e até seu estado civil, quando houver recusa do interpelado
este poderá ser compelido a pagar multa. Mais se estas mesmas informações
prestadas, forem inverídicas e/ou causem uma infração penal mais grave, poderá
ocorrer uma punição mais rigorosa, com pena que variam de um a seis meses de
prisão simples (Art. 68, Parágrafo Único, da LCP)
Quando houver prática de fato delituoso que implique em flagrante, é direito de
qualquer pessoa do povo e dever das autoridades policiais e seus agentes executar a
prisão. O flagrante delito se verifica quando: Alguém está cometendo infração penal ou
acaba de cometê-la (flagrante próprio); Quando alguém é perseguido, logo após, pela
autoridade policial, pelo ofendido e/ou por qualquer pessoa, em situação que se faça
presumir ser ele o autor da infração (flagrante impróprio); e se logo após a prática
delituosa o cidadão é encontrado com algum petrecho (instrumentos, armas, pápeis ou
objetos), que lhe impute culpabilidade ou se faça presumir que seja responsável péla
infração cometida (flagrante presumido), (Art. 302, de I à IV, do CPP).
Com relação à ordem escrita e fundamentada de autoridade competente, o agente
executor, que geralmente, será um Oficial de Justiça, ou então a quem tiver qualidade
para executá-lo. Obrigatoriamente irá identificar-se ao cidadão que deverá ser
conduzido, apresentará o mandado de prisão e o intimará a acompanhá-lo. O
mandado de prisão será feito em duplicata, pois ao ser efetuada a prisão o cidadão
receberá uma cópia e assinará na outra via. Em caso de resistência a prisão, a
autoridade poderá utilizar-se de meios que o permitam defender-se de possíveis
agressões, como também poderá se valer destes recursos para cessar a resistência
de quem houver de ser conduzido, isso também se aplica na prisão em flagrante.
Havendo excessos por parte dos executores, estes serão analisados e julgados,
podendo imputar penalidades para a autoridade e agentes responsáveis pela ação.
Portanto, a autoridade apenas se valerá da força física ou de outros meios, apenas
para que se possa proceder à dominação do cidadão a ser conduzido ou para impedir-
lhe uma eventual fuga, após o encaminhamento do preso, a autoridade deverá solicitar
a lavratura do respectivo auto de resistência à prisão (Art. 291 e 292, do CPP).
Ao ser detido o cidadão, este, têm todo o direito a informação que deu origem a
sua prisão, bem como saber as acusações a ele imputado. Devendo a autoridade
policial comunicar de imediato ao juiz responsável e aos familiares ou a pessoa
indicada pelo cidadão, a sua prisão e o local para onde o mesmo foi conduzido, o
preso terá ainda, todo direito de saber quem foram os responsáveis por sua prisão,
bem como as autoridades policiais que em sequência realizem o seu interrogatório
(Art. 5º, LXII e LXIV, da CF).
Para se valer de seus direitos o cidadão deverá ser informado pelos responsáveis
por sua prisão, que pode permanecer calado e lhe é garantido toda a assistência
familiar e advocatícia por ele escolhida (Art. 5º, LXIII, da CF).
Caso o cidadão não disponha de recursos, ou então, seja necessário que faça uso
de meios que prejudiquem o sustento de sua família, ser-lhe-á fornecida assistência
jurídica gratuita em conformidade com a Lei (Art. 5º, LXXIV, da CF).
Certas atitudes que para a autoridade policial pareçam absurdas não poderão
ocasionar ação de privação do direito de ir ou vir do cidadão se não houver lei anterior
que a defina como tal, para existir crime, este terá que estar tipificado, e nem haverá
pena sem a prévia cominação legal (Art. 5º, XXXIX, da CF). Quando da ocorrência da
prisão ilegal, o juiz decretará de imediato o relaxamento da prisão, e se por ventura
haja fundamento nas acusações, mais exista, em lei, a possibilidade da liberdade
provisória com ou sem fiança, o cidadão não poderá ser levado ou mantido preso (Art.
5º, LXV e LXVI, da CF).
Ninguém poderá ser preso por divida, salvo nos casos em que a divida seja
referente pela inadimplência voluntária e inescusável de obrigação alimentícia ou
então o depositário infiel (Art. 5º, LXVII, da CF). Há de se considerar que a prisão por
divida é ilegal, mais não se encara como divida o cidadão que, por exemplo, sendo
sabedor que não dispõe de meios para cobrir cheques de sua propriedade os emite
mesmo assim, isso é uma infração penal enquadrada no código penal, com penas que
variam de um a cinco anos de prisão (Art. 171, § 2º, VI, do CP), pode ser
exemplificado também, o cidadão que come em restaurante, ou então se hospeda em
hotel, ou ainda utilizar meios de locomoção pagos, e que não possuir recursos para
pagar os serviços prestados, poderá ser multado, ou então detenção de quinze dias
até dois meses (Art. 176, do CP).
A ação policial deve estar dentro dos limites estabelecidos pela legislação vigente,
abordagem ao cidadão deve ser fundamentada em razões que levem a denotar
alguma suspeição da prática de ato ou atitude incorreta e em desacordo com o que
prescreve as normas de condutas da sociedade, conquanto, ao realizar uma
abordagem equivocada, sem razão, o policial poderá a vir responder pela prática de
“Constrangimento ilegal” (Art. 146, do CP), que pode acarretar em sua punição, com
detenção de três meses a um ano, ou então a aplicação de multa.
Portanto, o policial obtendo o conhecimento de causa e efeito das suas atuações,
para regular as ações dos diversos cidadãos em uma sociedade, mantendo-se sempre
informado das modificações realizadas nas diversas normas reguladoras da Nação,
ele não incorrerá no risco de cometer abuso de autoridade e de ser ludibriado por
pessoas desajustadas com o meio sociável.
7
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo. Martin Claret. 2002. p. 594.
descobrimento do que se procura”. Na ausência dos moradores haverá a intimação de
qualquer vizinho para acompanhar as diligências. Quando é determinada a pessoa ou
coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la, após se achar o que
se procura será feita a sua apreensão e posta sob a custódia da autoridade ou de
seus agentes, salientando que, todas as ações praticadas deverão ter seus
respectivos autos lavrados e assinados por duas testemunhas presenciais (Art. 245,
§§ 1º ao 7º, do CPP).
A autoridade deve estar imbuída do senso profissional, levando-se em conta a
determinação judicial, e havendo colaboração por parte do morador, deverá se
proceder à busca de forma a causar o mínimo de transtorno possível aos moradores
do imóvel. Se porventura não se encontrar a pessoa ou coisa procurada deverá ser
relatado o motivo da busca, se, e somente se, for requerido pela pessoa que tenha
sofrido a busca pessoal ou domiciliar. Quando se tratar de busca em pessoa do sexo
feminino, torna-se mais adequado o procedimento executado por outra mulher, mas,
se em virtude da busca, possa ocasionar prejuízos ao andamento ou retardar a ação
da diligência, essa busca poderá ser precedida por outro agente.
Outra ação que merece a devida atenção é aquela em que a autoridade policial
sendo conhecedora da existência de algum foragido ou pessoa de sabida dívida com a
justiça, a qual se encontra homiziada em alguma moradia, ou então se em
perseguição o cidadão que esteja sendo procurado, ou que tenha cometido algum fato
delituoso momentos antes, e neste ínterim adentre alguma residência, o morador da
residência será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão, se houver escusa do
proprietário do domicilio, e o fato ocorra no período diurno, serão convocadas duas
testemunhas, que poderá ser qualquer pessoa, após estas medidas à autoridade
policial entrará a força na residência. Se for durante o período noturno, deverá ser
cercada a residência, sendo resguardadas todas as saídas que possam permitir ao
procurado evadir-se do local, e logo que amanheça, arrombará a porta e efetuará a
prisão do meliante, devendo o agente policial conduzir a justiça, também, o morador
que tenha se negado a entregar a pessoa procurada, para que se proceda contra ele
como for de direito (Art. 293, Parágrafo Único, do CPP).
Com o que foi exposto, demonstra a maneira permitida pela Lei para as ações
impetradas contra o de mais sagrado ao cidadão, seu domicilio, mais nada demais
lembrar, que toda ação que for executada pela autoridade, seja presenciada por
testemunhas, e que tudo que tenha sido executado, tenha seu competente auto, de
acordo com cada caso, lavrado, os subordinados e a autoridade que cometa excessos
também poderão sofrer ações da justiça.
Do Crime e da Contravenção
À medida que uma sociedade se desenvolve, ela terá que se adequar ao que de
novo também comece a surgir, como existem cidadãos que procuram desenvolver
suas faculdades mentais para auxiliar no desenvolvimento humano, há aqueles que
utilizam sua “inteligência” para se beneficiar a qualquer custo, não importando o que
venha a causar a outrem suas ações, para isso é que surgem as leis, pois um crime só
passa a existir quando algum dispositivo legal afirma que o fato ora praticado, ou em
vias de o ser, seja uma conduta ilegal, portanto punível a vista da sociedade.
O cidadão pode, através de seus atos, cometer um Crime, que é uma violação
culpável da Lei Penal, ou então incorrer em uma Contravenção, que é uma
transgressão ou infração a disposições estabelecidas.
Ora, a simples diferenciação de Crime e Contravenção pode ser encontrado em
qualquer dicionário, mais o agente público (policial), deve ir mais longe, e procurar
realmente saber qual o principal diferencial entre ambas.
A definição e modalidades de Crime esta inserida no Código Penal, Decreto Lei nº
2.848, de 07 de dezembro de 1940, as Contravenções também possuem uma
legislação própria, que é à Lei de Contravenções Penais, Decreto Lei nº 3.688, de 03
de outubro de 1941. Pois bem, houve a necessidade de se fazer uma Lei de
Introdução, a qual estaria incumbido o papel de dirimir algumas dúvidas pertinentes a
ambos os decretos, e uma delas seria justamente a diferenciação entre Crime e
Contravenção. Portanto a Lei que dá Introdução ao Código Penal e a Lei de
Contravenções Penais, é o Decreto Lei nº 3.914, de 09 de dezembro de 1941, neste
decreto em seu 1º artigo ela traz a diferenciação de Crime e Contravenção, qual seja:
⇒ Crime – Considera-se como tal, a infração penal que a lei comina pena de
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente, com a pena de multa.
Do Crime
Das Contravenções
Como acontece com o Código Penal, a Lei das Contravenções Penais, foi
instituída pelo Decreto-Lei nº 3.688, de 03 de outubro de 1941. Caracteriza-se por
possuir penas mais brandas, vista que enquadra delitos de pequena gravidade. Todas
as Leis, inclusive a das Contravenções, respeita a territorialidade, só é aplicada à
contravenção praticada no Território Nacional.
Igualmente ao que se aplica ao Crime, a Contravenção pode ser praticada com
Dolo ou Culpa, a grande diferença, se aplica, ao fato de que a tentativa de
Contravenção não é punida (Art. 3º, da LCP). Chega a admitir o Erro de Direito,
quando o agente prática o ato por falta de instrução (ignorância) ou por haver
interpretado, de forma equivocada ou erroneamente, algum dispositivo da Lei, nestes
casos a Pena poderá deixar de ser aplicada (Art. 8º, da LCP).
Nos delitos enquadrados como Contravenção, só se admite a aplicação de prisão
simples, que não poderá exceder a cinco anos de condenação, e a pena de multa (Art
5º, da LCP). Por possuir uma pequena parte introdutória, e ser basicamente, uma Lei
de fácil entendimento, pouco há de se acrescentar, de grande relevância, a respeito
deste Decreto.
Como foi exposto, considera-se “Lugar do Crime”, aquele em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria se produzir
o resultado (Art. 6º, do CP). Para que uma ação consumada de crime, tenha uma
grande possibilidade de causar alguma penalidade ao seu autor, todos os vestígios
que possam existir no local do crime devem ser coletados, por pessoas qualificadas
para este fim, a fim de fornecer elementos constitutivos da infração, que por sua vez,
irão compor os elementos probatórios de culpabilidade, apresentando a parcela de
culpa de cada um dos envolvidos no delito.
Havendo a necessidade de salientar, que nem todos os atos criminosos, deve ter
considerado certos procedimentos, desde que não incorram em crimes de maior
gravidade, pois um furto, o roubo de um carro, arrombamento de uma casa, etc, não
têm que ter as mesmas providências dadas aos crimes de homicídio, latrocínio,
seqüestro, estupro, etc, crimes que precisam de uma análise mais detalhada.
A preservação de lugar do crime por parte da autoridade competente tende a evitar
que, provas contundentes, que, para leigos, sejam meras conjunturas em um
ambiente, sem nenhuma finalidade, mais que para a área de perícia, são peças
chaves para a elucidação de infrações criminais, de solução, por vezes impossível,
sejam “perdidas”.
Ao chegar ao lugar de crime, a autoridade após verificar qual fato delituoso tenha
ocorrido, deverá adotar as medidas cabíveis para cada caso encontrado.
Em caso de Tentativas de Estupros, torna-se necessário à presença de algum
profissional com conhecimentos de psicologia ou técnica similar, para a realização de
procedimentos que visem tranqüilizar a pessoa que tenha sofrido a violência.
Quando da ocorrência de Homicídio Culposo ou Doloso, a autoridade deverá isolar
a área, e, sem modificar qualquer aspecto do local nem permitindo que este se altere
sob hipótese alguma (Art. 169, do CPP). Além de tentar obter a identificação da vitima,
deverá também, se possível, localizar pessoas que estejam presente ao local as quais
tenham presenciado ou visto, ao menos, o autor do crime e/ou a forma usada por este
para consumar o delito, quais circunstancias contribuíram para a prática delituosa, de
que maneira o autor evadiu-se do local, se motorizado, inquirir as testemunhas a
respeito da observação da placa do veículo.
Lembrando que em nenhum aspecto poderá o policial modificar a cena do crime,
sendo-lhe, inclusive, vedado efetuar qualquer ação que implique na remoção da vitima
para busca de documentos que permitam a sua identificação, devendo aguardar os
trabalhos da Polícia Técnica que irá averiguar a cena do crime e aos elementos que
nela estejam incluídos para a formação de dados que possibilite a prisão do autor.
Por menor que seja a infração, também poderá ser aplicado o indicado para
Homicídio, pois, as evidências, que em um ambiente comum, apenas indicam meras
conjunturas do local, poderão, fornecer a polícia técnica, subsídios a serem
informados em relatórios, nos quais indiquem, a forma e os meios utilizados para a
consumação do fato delituoso, o trabalho dos peritos, é de suma importância para
elucidar fatos criminosos, com a garantia de gerar provas para a punição dos
culpados.
Em regra geral, o procedimento básico adotado em locais de crimes, que deverão
ser adotadas pelo primeiro policial que chegar ao local, envolvem:
9
Criminalística Básica, Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS/2003), CFAP – PMAL.
No caso de adiantado processo de putrefação, além da transmissão de doenças
por insetos, existe a possibilidade de conseqüências imediatas mais graves, isso se
deve a um dos estágios da decomposição (período gasoso), quando o corpo
apresenta algumas partes “infladas” com gases gerados através da digestão de
microorganismos no período pós-morte, que poderão romper-se podendo ocasionar o
contanto das partes do deterioradas com o corpo dos agentes policiais ou peritos, que
não tenham guardado uma distância segura ou que não estejam fazendo uso de
equipamentos adequados, com a possibilidade de causar infecções generalizadas,
podendo levar o infectado a morte.
PARTE II – NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL
Alguns autores divergem sobre o que vem a se chamar meio ambiente, pois a
concepção da palavra envolve uma grande quantidade de sentidos, podendo ser
aplicada como meio ambiente de trabalho, cultural, ambiental, etc. Para não
aprofundar no entendimento adequado ou não do termo, com fins de aplicação ao que
se destina esta obra, a definição de meio ambiente, seguirá o que existe em lei, mas
direcionada com maior ênfase para o meio ambiente natural.
Quando do lançamento da Política Nacional do Meio Ambiente em 1981, Lei nº
6.938, em seu artigo 3º Item I, definiu como meio ambiente “o conjunto de condições,
leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas”. Já em Alagoas, a Lei Estadual nº 4.090, de
05 de dezembro de 1979, não apresenta uma definição do que seja meio ambiente,
mas enfatiza, no artigo 3º, que a composição do meio ambiente compreende os
recursos hídricos, a atmosfera, o solo, o subsolo, a flora e a fauna, sem exclusão do
ser humano.
Há indícios de que a preocupação com o meio ambiente remota tempos
antiqüíssimos10, Platão, na Grécia do Século IV AC, e Cícero, em Roma, já se
posicionavam contra as destruições das florestas existente, na Lei das XII Tábuas, por
volta do mesmo período de tempo, já existiam dispositivos com o intuito de precaver a
destruição das florestas.
Devemos nos aperceber que, para formação de um entendimento de
determinado assunto relacionado à área ambiental faz-se à necessidade de que,
existam bases fundamentadas para a aplicação do que se converge chamar de Direito
Ambiental.
Primeiramente devemos entender o que seria o tal Direito Ambiental, a
inserção deste novo ramo do Direito, deveu-se ao fato de uma necessidade adquirida
ao longo do tempo, no intuito de criar instrumentos capazes de conter as explorações
desenfreadas dos recursos naturais, bem como gerar mecanismo de proteção
ensejando garantir o desenvolvimento de atividades que não contribuam para gerar
nenhum tipo de prejuízos aos indivíduos e/ ou a sociedade como um todo.
Pode-se dizer que o direito ambiental ainda esta no passo de seu
amadurecimento, visto que, ganhou notoriedade há pouco tempo em meados da
década de 50 do século XX até os dias atuais, e ganhou força à medida que
aconteciam encontros globais com o intuito de debater e apontar soluções para os
problemas gerados pelo desenvolvimento da humanidade.
Havendo a necessidade de se preservar o que ainda resta dos recursos
naturais de uma forma mais abrangente, o que não é tão fácil de salvaguardar, pois o
poderio econômico ainda reluta em assumir a necessidade de desenvolvimento
humano em harmonia com a natureza sob todas as formas, seria a aplicação direta do
que os ecologistas tanto defendem, que é o “Desenvolvimento Sustentável”,
principalmente se atentarmos para a significação do termo “preservar”, definição
peculiar foi dada pelo artigo 7º da Lei 4.090/79, no qual afirma que “Preservar é
manter um ecossistema em sua integridade, eliminando do mesmo, qualquer
interferência humana, salvo aquelas destinadas a possibilitar a própria preservação”.
Com esta definição percebe-se claramente porque os meios econômicos se opõem
acirradamente contra as tentativas de controle do Estado.
10
Disponível em http://www.sucatas.com/, Acesso em: 01 jan. 2007.
A Evolução do Direito Ambiental no Brasil
11
O site http://www.sucatas.com/ possui vários textos, bastante elucidativos e educativos, os quais
serviram de subsídio para alguns trechos importantes da presente obra.
12
Nas Ordenações Manuelinas no Livro V no Titulo LXXXIII proibia a caça de certos animais e no Titulo
“C” tipificava como crime à derrubada de árvores.
13
Nas Ordenações Filipinas já se abordavam, além de proibições de caça de certos animais, ações de
proibições à atividade pesqueira em certos períodos com referências especiais sobre a poluição das
águas.
Em 1.605 surge à primeira lei efetiva de combate à degradação, vinculada a
apenas uma espécie, o pau-brasil, a qual impunha a necessidade de autorização real
para o corte, além de impor medidas restritivas para a exploração deste recurso
natural.
Em 1.799 surge o primeiro Regimento de Cortes de Madeiras, que disciplinava o
corte de árvores. Figura importante neste período, José Bonifácio, foi um grande
disseminador de idéias em prol da preservação ambiental, sendo um percussor de
propagação de recomendações para o desenvolvimento de atividades ambientais que
não visassem apenas o interesse econômico, destinando-se a uma acepção
generalizada de preservação e recomposição do que já havia sido degradado.
Na fase Imperial ainda ecoava as idéias disseminadas por José Bonifácio, servindo
de baluarte para a criação da primeira lei de terra no Brasil, Lei nº 601, de 18 de
setembro de 1850, Esta lei era contraria a política que se verificava na época, baseada
no latifúndio e na necessidade de se gerar renda pelo Tesouro, que servia de estimulo
à destruição desenfreada das florestas brasileiras. O período imperial não trouxe
modificações significativas, em um contexto amplo, para o Direito Ambiental brasileiro,
sendo considerado como evento significativo na luta da recuperação de ambiente
degradado a rearborização da floresta da Tijuca, iniciada em 1862.
Já a fase Republicana apresentou a solidificação das bases formadora do Direito
Ambiental, que se deu por etapas:
Entre 1889 a 1981 ocorreu a sua evolução com a criação de vários dispositivos de
proteção ambiental, como o Código Florestal (Decreto 23.793/34), Código de Caça e
Pesca (Decreto nº 23.672/34), além de outros códigos e leis que tratavam de assuntos
como a água, mineração, energia nuclear, etc. Houve ainda a modernização dos
Códigos Florestal e de Caça e Pesca na década de 60 do século XX, nesta etapa
também foi criado o primeiro órgão florestal do Brasil – Serviço Florestal do Brasil,
criado em 28 de dezembro de 1921.
Entre 1981 e 1988, ocorreu à consolidação do Direito Ambiental, neste ínterim
foram criados os instrumentos que deram forma às medidas de combate as ações
lesivas contra o meio ambiente, temos como principais marcos desta etapa: a criação
da Política Nacional do Meio Ambiente, através da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, além da criação da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, intitulada Ação Civil
Pública o que garantiu a real aplicabilidade das sanções previstas nos regulamentos
anteriores contra as atividades modificadoras do meio ambiente, numa concepção
geral, fornecendo os meios necessários para uma ação mais participativa do Ministério
Público nas ações ambientais.
E, finalmente, a partir de 1988 ocorre o aperfeiçoamento do Direito Ambiental,
com a inserção dentro da Constituição Federal de um Capitulo exclusivo para o meio
ambiente, o que antes não houvera ocorrido, além disso, nesta fase a uma ação de
forma mais coesa, de todos os países do globo, com algumas exceções (algumas
importantes como o EUA), em discutir os problemas ambientais como uma relação
trasfronteiriça, pois as ingerências ambientais em um país poderão ocasionar danos a
outras nações.
Temos como um dos eventos mais importantes neste sentido a “Conferência das
Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento”, realizado no Rio de
Janeiro em 1992, concomitantemente no ano de 1988 o Brasil produziu um dos mais
completos diplomas legais para o combate aos crimes ambientais, intitulados a Lei da
Vida – Lei dos Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), sendo sua regulamentação
auferida pelo Decreto nº 3.179/99, que criaram sanções mais duras com pesadas
multas para desestimular as ações lesivas contra o meio ambiente.
A Constituição Federal e o Meio Ambiente
14
FERRARI, Regina Maria Macedo Nery. A defesa e a proteção do meio ambiente no contexto da
federação brasileira. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro de Atualização Jurídica, v. I, nº 6,
setembro, 2001. Disponível em: <http://www.direitopublico.com.br>. Acesso em 24 out. 2007.
15
BELTRÃO, Antônio Figueiredo Guerra, A competência dos Estados federados em meio ambiente as
partir da ordem constitucional de 1988. Disponível em http://br.monografias.com/trabalhos/meio-
ambiente/meio-ambiente.shtml , Acesso em 24 jul. 2006.
Finalmente, a competência suplementar, noção
necessariamente ligada à competência concorrente, designa a
possibilidade de editar normas que pormenorizem normas gerais
existentes, ou que supram sua omissão ““.
Portanto, temos uma noção exata do que foi enunciado acima através dissertação
de Freitas16, acerca da competência dos entes federados com relação ao meio
ambiente:
16
FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a efetividade das normas ambientais, Tese de
Doutorado defendida junto a Faculdade de Direito da Universidade federal do Paraná/1999. Disponível
em http://www.cjf.gov.br/revista/numero10/prodacad.htm, Acesso em 24 jul. 2006.
f) Cabe ao Município atuar privativamente quando a matéria for do interesse
exclusivo local.
Aos Municípios é dado o direito de legislar sobre assuntos de interesse local (Art.
30, da CF), mas na hipótese desta disposição é mister a observância, por parte das
autoridades municipais, de que para a proteção dos recursos ambientais de interesses
locais devem, apenas, ser concorrentes aos da União, Estados e Distrito Federal, não
devendo seus interesses conflitar com os dos demais entes federados.
17
ALVARENGA, José Eduardo de, Direito Ambiental e Desenvolvimento, Disponível em
http://www.direitonet.com.br/textos/x/58/77/587/, Acesso em 24 jul. 2006. Homepage do Autor:
www.alvarenga.adv.br
Em novembro de 2005, uma infeliz colocação do Presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva18, gerou certo constrangimento aqueles que militam em defesa do
desenvolvimento sustentável.
O Brasil tem militado para impor aos países que mais poluem no mundo, práticas
de sustentabilidade, mas a queixa do Presidente que questionou aos entraves
causado pelo meio ambiente e pela questão dos índios brasileiros, estariam
atrapalhando o desenvolvimento do país, esta ambigüidade de posição interfere na
liderança da nação em prol da consonância com a preservação do planeta.
A cultura de um povo seria a sua identidade pessoal no mundo, cada povo tem um
costume diferente, têm datas festivas que atiçam o senso patriótico de formas
diferenciadas, possuem comemorações religiosas desde as mais exóticas até as mais
emotivas que reúnem grande conglomeração de indivíduos, entre outras. Manter a
cultura em um país como o Brasil é difícil por falta de incentivos e até de desinteresse
das novas gerações, mais cabe a nação garantir o direito à cultura ao cidadão.
Esse direito não ficou esquecido pela nossa Constituição, pois caberá ao Estado
garanti-lo, fornecendo informações oficiais acerca do assunto, através das fontes
disponíveis no acervo que possua, deverá, ainda, comprometer-se em apoiar e
incentivar as iniciativas de manter viva a memória de nosso povo (Art. 216, da CF).
Desta forma vem à pergunta, qual a relação o Meio Ambiente com a Cultura? Ora,
ambas relacionam-se intrinsecamente, pois os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico, são patrimônios culturais
brasileiros. E caberá a todos a sua preservação, pois as gerações que possam ter
existido nestas áreas são os elementos formadores do povo brasileiro (Art. 216, V, da
CF). A preservação desses locais é um dos princípios básicos da implantação da
Política Nacional do Meio Ambiente, assegurando o uso coletivo destes locais (Art. 2º,
Item I, da Lei 6.938/81).
A valorização patrimonial do meio ambiente vincula-se a sua mensuração em
termos econômicos, com o conseqüente reconhecimento de sua influência sobre a
vida de empresas e de sociedades. Alguns estudos já vislumbram o valor dos serviços
prestados, a humanidade, pelos diversos ecossistemas ambientais.
Numa outra abordagem, há de se perceber que os conglomerados empresariais se
alinham de maneira concomitante a valorização do meio ambiente, haja vista a
inclusão do meio ambiente na formação de suas informações contábeis,
incorporando-os em seus ativos e passivos, este novo posicionamento interfere
diretamente nos planejamentos estratégicos de expansão destes grupos, pois tem um
sentido ambíguo, no que tange a preservação do meio vinculada a valorização de sua
marca pela responsabilidade social a que se agrega.
18
ROHTER, Larry. Brasil aposta no monitoramento enquanto madeireiras avançam na Amazônia.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2007/01/14ult574u7222.jhtm. Acesso em 14
jan. 2007.
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”.
Para garantir a aplicabilidade do que foi acima exposto, que nada mais é do que
um direito de toda sociedade, a constituição atribuiu algumas obrigações ao Poder
Público para assegurar a efetividade desse direito, que são:
19
EIA – Estudo de Impacto Ambiental/ RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)
Objetivos da PNMA
Fontes de Recursos
De acordo com a atual Constituição, “Não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal” (Art. 5º, Item XXXIX, CF), portanto as leis que
antecedem a atual legislação brasileira eram muito esparsas, sua aplicabilidade se
direcionava a assuntos específicos, abordando separadamente os diversos assuntos,
assim existiam uma Lei para a fauna, para flora, para pesca, e assim por diante.
Quando do seu descobrimento ocorreu à exploração exacerbada da flora e das
riquezas minerais brasileiras, isso fez com que a Coroa Portuguesa interviesse,
definindo algumas normas de proteção a determinadas ações de degradação, com a
vinda da família real para o país no século XIX, começou a ser desenvolvidas normas
para a aplicação de proteções mais amplas ao meio ambiente. No inicio do século XX
com o advento do código civil, surgiram às primeiras aplicações práticas no trato
ambiental, apesar da superficialidade de tratamento para o tema, pois o Código Civil
seria uma norma de convivência, e isso era muito pouco para a proteção que se fazia
necessária à conservação e preservação de nosso meio ambiente.
A partir da segunda metade até meados da década de 80, do século XX, surgiram
várias legislações, mais ainda se direcionavam a assuntos específicos, assim surgiram
o Código Florestal (1965), Lei de Proteção a Fauna (1967), Decreto-Lei de Proteção a
Pesca (1967), entre outras. Do começo da década de 80 até fins do século XX foram
elaboradas novas leis mais adequadas à realidade atual, isso obedecendo às
diretrizes e objetivos traçados com a implementação da Política Nacional do Meio
Ambiente.
No ano de 1990 a PNMA foi regulamentada pelo Decreto 99.274/90, com o seu
advento foi dado o ponta pé inicial para a criação da chamada “Lei da Vida” (Lei
9.605/98) e do Decreto que a regulamentou (decreto 3.179/99), e apesar de oito anos
após sua regulamentação ter surgido uma lei mais abrangente, algumas
peculiaridades fizeram com que as penalidades previstas na PNMA não fossem
esquecidas, pois fornecem subterfúgios para a adequação e orientação a certos tipos
de atuação que mereçam um destaque em especial, o que implicou no
reaproveitamento, em boa parte, pela legislação atual.
Quando da prática de um ato infracional contra o meio ambiente, a aplicabilidade
das penalidades existentes na lei que implantou a PNMA poderão ser aplicadas sem
prejuízos daquelas definidas em legislação federal, estadual ou municipal,
principalmente no que concerne ao não-cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da
qualidade ambiental (Art. 14, Lei 6.938/81). Há de ser lembrado, que as sanções
pecuniárias, quando aplicadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,
em relações a ações atentatórias contra o meio ambiente, excluirá a exigência de
multas federais, se estiverem sendo abordadas às mesmas praticas delituosas (Art. 8º
do Decreto 3.179/99).
Ainda é assegurada ao infrator a suspensão da exigibilidade das multas, desde
que o mesmo, através de termo de compromisso, que deverá ter a aprovação da
autoridade ambiental que aplicou a penalidade, no qual assuma a responsabilidade de
adotar medidas para corrigirem ou cessarem a degradação ambiental em andamento,
e que depois de adotadas as providências necessárias, ao infrator poderá ser
concedida uma redução de até 90% do valor da multa, que será arbitrada pelo órgão
competente (Art. 60 §§ 1º ao 5º, Decreto 3.179/99).
Sanções Penais
• Prestação Pecuniária – será arbitrado pelo juiz um valor que não seja inferior
a um salário mínimo e não ultrapasse trezentos salários mínimos, que serão
pagos em dinheiro as possíveis vitimas e entidades publicas e privadas com
fim social, e como na legislação penal brasileira se aplica à norma jurídica de
não haver penalidade duas vezes pelo mesmo delito, será esta quantia
debitada de possível reparação determinada por ação civil impetrada contra o
réu;
c) Proibição de Contratar com o Poder Público – esta proibição vai mais além,
não sendo permitido a entidade receber qualquer tipo de subsídios,
subvenções ou doações do Estado, quando seja ela, uma empresa degradante
do meio ambiente, ressalvado que, esta proibição não se estenderá por mais
de dez anos.
Apesar de não ter sido exposto na Lei de Crimes Ambientais, pode ser
considerado atenuante, também, e até servir de subsídio para uma eventual
suspensão de penalidade, os casos de “Estado de Necessidade” (CP, Art. 23 e 24),
vista que, a lei da vida será solidária ao Código Penal e ao Código de Processo Penal,
por exemplo, com os constantes aumentos do gás de cozinha, as comunidades
carentes que vivem próximos a grandes biomas brasileiros (Caatinga, Cerrado, etc),
sem poder aquisitivo para conseguir o gás, busca como forma alternativa à lenha
proveniente destes biomas, que ao não encontrar galhos ou árvores secas,
procederão desmates para garantir o direito à alimentação saudável, pondo em risco
estes ecossistemas. Será dever das autoridades responsáveis, exercerem o papel de
agente difusor de idéias que possibilitem o aproveitamento, com o menor dispêndio
possível, para o meio ambiente, sem por em risco a fauna e flora destas regiões.
A lei definiu quais as circunstâncias agravantes dos fatos delituosos, o que
imputará severidade maior nas penas, pode-se citar que o juiz poderá triplicar o valor
da multa, tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas, se em virtude dos
ganhos auferidos com a degradação a aplicação das multas, mesmo com os valores
máximos permitidos através dos critérios definidos pelo Código Penal, se mostrarem
ineficazes para compensar a degradação vista a vantagem obtida.
Serão consideradas situações agravantes das penas cominadas, desde que não
constituam ou qualifiquem o crime, as seguintes situações: Reincidência de crimes de
natureza ambiental, a reincidência é caracterizada quando o infrator cometer novo
delito em um prazo de três anos, podendo ser considerada “Reincidência Especifica”
(quando a agente incorre na mesma infração anterior) ou “Reincidência Genérica”
(quando o agente comete um crime ambiental de outra natureza), as multas pela
reincidência será aumentado do triplo quando se enquadrar como especifica e do
dobro, quando genérica.
Também são agravantes quando o agente cometer a infração da seguinte forma:
Sanções Administrativas
• Demolição da obra – esta é uma punição mais rigorosa, e como tal deverá
obedecer aos ditames da legislação, e poderá ser executada pelos órgãos que
componham o SISNAMA, desde que seja verificada, pelo agente de
fiscalização, a real gravidade do dano ambiental causado;
Título I - ÁGUA
Legislação Complementar
Com a criação do Código Penal Brasileiro, no ano de 1941, isso ocorrendo dez
anos após o surgimento do Código das Águas, houve um incremento sobre o assunto,
quanto usurpação de águas, é explicitado no CP, em seu Art. 161, que, quem suprimir
tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se
no todo em parte, de coisa imóvel alheia, ser-lhe-á cominada pena que variam de um
a seis meses de detenção, além de multa, também estarão sujeito, as mesmas
penalidades, como expressa o Item I do mesmo artigo, quem desvia ou represa, em
proveito próprio ou de outrem, águas alheias, agora, se a propriedade for particular, e
não existir emprego de violência na ação praticada, os procedimentos legais só
poderão ser iniciados mediante a apresentação de queixa da pessoa lesada.
Penalidades mais expressivas com relação à água se verifica quando o agente
comete algum tipo de ação que compromete a qualidade deste recurso com perigo à
saúde de outros indivíduos, desta forma no seu artigo 270 há a possibilidade de
imposição de penalidade que poderá ser de detenção de 6 meses a 02 anos
(modalidade culposa) até reclusão de 10 a 15 anos (dolosa), a quem envenenar água,
de uso ou particular, sendo penalizados tanto aquele que entrega ao consumo de
outrem, como quem tiver em depósito a água ou a substância envenenada. Já no
artigo 271 atribui pena de detenção de 02 a 05 anos (forma culposa) ou de reclusão de
02 a 05 anos (dolosa), a quem corromper ou poluir água potável, de uso comum ou
particular, tornando-a imprópria para o consumo ou nociva para a saúde. Sarmento20
salienta que a consumação do crime é representada de forma abstrata, e tem como
objetivo o dolo genérico, e que sua consumação ocorre com o ato consciente e
deliberado de envenenar a água, não sendo necessária à existência de vitimas.
20
SARMENTO, George. Meio Ambiente: Crimes e Contravenções, Cadernos de Defesa da Cidadania –
Série Meio Ambiente, Projeto IMA-GTZ, 1994, p. 11
acordo com seu uso; A outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos; A cobrança
pelo uso dos recursos hídricos; A compensação aos Municípios; e a criação do
Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (Art. 5º Itens de I a VI).
Esta lei também possui, sem deixar de considerar outras leis referentes ao mesmo
assunto, artigos que determinam as infrações que podem ser cometidas pelos que se
servem, sob qualquer aspecto, dos recursos hídricos e o que pode ocasionar estas
ações.
IV. Perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida
autorização;
Para que a Política Nacional de Recursos Hídricos, saísse do papel, haveria que
existir um órgão incumbido de por em prática as estratégias e diretrizes para
implementação deste projeto. Foi assim que surgiu a Lei nº 9.984, de 17 de Julho de
2000, criando a Agência Nacional de Águas (ANA). Apesar de atuar quase
exclusivamente no âmbito dos recursos hídricos da União, cabe a ANA a fiscalização
dos cumprimentos das normas vigentes sobre os recursos hídricos, bem como
desenvolver pesquisas e planejar o manejo destes recursos em épocas de seca e
inundações, estas são algumas de suas atribuições. Apesar de não influir de forma
decisiva nos recursos hídricos dos Estados e dos Municípios, ela poderá através dos
órgãos competentes, criar mecanismos que garantam a sustentabilidade das fontes
hídricas.
A grande utilização dos recursos hídricos no Brasil, e uma das mais importantes,
são para a geração de energia elétrica, e para que alguma hidrelétrica seja construída
terá que obter o aval da ANA, que depois de aprovado o projeto, parte dos recursos
captados pelas usinas hidroelétricas lhe serão destinados, defendo efetuar o rateio, do
que obtiver, entre os órgãos que façam parte do Sistema Nacional de Recursos
Hídricos, entre estes órgãos, esta inserido o Ministério do Meio Ambiente.
O Decreto nº 3.692, de 19 de dezembro de 2000, foi quem criou as bases
organizacionais da ANA, e quem lhe deu conceito legal, no que diz seu Art. 1º - “Fica
instalada a Agência Nacional de Águas – ANA, autarquia sob regime especial,
integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criado pela
Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, com a finalidade de implementar, em sua esfera
de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos”. Ela possui sede própria em
Brasília, mais poderá instalar unidades administrativas regionais, além de estar
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, o que a torna parte integrante do
SISNAMA.
Título II – FLORA
21
BELTRÃO, Antônio Figueiredo Guerra. A competência dos Estados federados em meio ambiente a
partir da ordem constitucional de 1988, Disponível em http://br.monografias.com/trabalhos/meio-
ambiente/meio-ambiente.shtml, Acesso em 24 jul. 2006.
22
SIRVINKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental, 1ª Ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2002, p. 15 e
16.
o direito a propriedade e se reconhecendo a utilidade das terras que a revestem,
sendo sua utilização ou aproveitamento realizado em conformidade com os ditames
estabelecidos por leis que abordem o assunto, e que todas as ações omissões que
ocasionem danos a estas estruturas serão penalizadas na forma destas mesmas leis.
O exposto acima, esta em consonância, com o que foi apresentado no Código
Florestal, que ainda apresenta alguns artigos em vigor, pois a atualização da
legislação, apenas aproveitou alguns tópicos, que abordaram certas considerações
feitas no Decreto 23.793/34 e na Lei nº 4.771/65, e como tal não devendo ser
desconsiderados para a aplicação de penalidades e de normas que regulamentam o
uso das florestas e demais formas de vegetação.
No Código Florestal de 1965 houve, ainda, algumas considerações, que
enquadram as áreas de florestas e demais formas de vegetação, quanto a sua
propriedade e sua formação.
a) Naturais – quando a sua formação foi originada pela própria natureza, sem
a interferência humana, o que garante a grande biodiversidade de
exemplares da flora, de acordo com a área em que subsistam pode
compreender aproximados 300 espécimes diferentes em apenas um
hectare de floresta, como se verifica na Amazônia.
b) Plantadas – este tipo de formação vegetal é formado através da iniciativa
privada, que compostas em sua grande maioria, por empresas que fazem
utilização de grandes quantidades de produtos ou subprodutos florestais,
como por exemplo, às indústrias siderúrgicas, de celulose entre outras.
Para a implementação de suas atividades estas empresas foram
obrigadas a ser proprietárias de áreas florestais (Art. 26 do Decreto
23.793/34, Art. 20 e seu Parágrafo Único e Artigo 21 da Lei 4.771/65), ou
então, façam uso de áreas de terceiros para reflorestar, garantindo a sua
utilização para consumo, quer seja por imposição do Código Florestal,
que além das demais penalidades imputa a obrigação pecuniária de
pagamento de 10% do valor da matéria prima adquirida, ou com vistas a
atender aos padrões técnicos internacionais, garantidos pela emissão do
Certificado ISO 14.000, que dita regras de preservação ambiental,
agregando uma valorização a maior no preço final dos produtos
produzidos, considerando que sua inobservância poderá excluir a
empresa de importantes negócios em todo o mundo. As áreas de
particulares poderão ainda estar sujeitas a regime especial de uso,
obedecendo às normas vigentes de preservação e respeitando-se o
direito a propriedade. As florestas plantadas poderão ter liberadas a
extração de lenha e demais produtos florestais podendo, inclusive, ser
destinada à produção de carvão, desde que não haja o enquadramento
destas como áreas de preservação permanente.
a) Ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde seu nível mais alto em
faixa marginal cujas larguras mínimas obedecerão aos seguintes parâmetros:
A importância natural das florestas não é o único fator para que uma área seja
considerada de preservação permanente, o Poder Público, poderá, através do devido
processo legal, transformar certas áreas em regiões sujeitas ao regime especial de
preservação, cujas principais prerrogativas de sua formação, serão embasadas nas
formações vegetais destinadas a:
Preservação Direcionada
23
BENJAMIN, Antônio Herman V. A Ordem Jurídica Ambiental, Disponível em
http://www.cjf.gov.br/revista/numero3/artigo04.htm, Acesso em 24 jul. 2006.
do Poder Público, uma árvore poderá ter sua existência garantida, isto abonado de
acordo com especificações legais. Estas árvores poderão ser declaradas imune de
corte em virtude de sua beleza, raridade, condição de porta-sementes (por
necessidade de garantir a perpetuação da espécie através de suas sementes), ou
então devido a sua privilegiada localização.
Por outro lado, este tipo de proteção pode ser dirigido diretamente a um espécime,
na qual o Poder Público Federal ou Estadual, observando as peculiaridades de cada
região, poderão limitar ou proibir o corte de árvores que estejam ameaçadas de
extinção, como ocorre com o mogno, no Norte do país. Há ainda, o exemplo do
Cajueiro, que possui uma norma federal própria que proíbe a sua derrubada, é o
Decreto-Lei nº 3.583, de 3 de setembro de 1941.
Na área em que estas espécies ameaçadas coexistam com outras espécies de
valor econômico, só poderá ocorrer exploração (extração) de outros tipos de madeiras,
mediante a exigência da devida licença, que especificará os tipos de árvores e em que
quantidade poderá ser efetuada seu manejo, ressalvando-se as espécies protegidas.
Há algum tempo tem sido verificada no Brasil a constante divergência com relação
à propriedade rural, as questões desta natureza não é novidade em nosso país, mais
o problema ganhou notoriedade a partir da última década do século XX, quando surgiu
o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), que reivindicava a distribuição de
lotes de terras improdutivas para quem queria trabalhar e produzir.
Não há pretensão de se discutir o mérito da questão, porém à problemática
deveria ser tratada com maior seriedade através de um melhor gerenciamento entre
as partes diretamente envolvidas, considerando que as faltas de perspectivas geram
problemas em todos os segmentos sociais, inclusive pelas ações destes movimentos
que se apropriam do direito de ir e vir do cidadão, invadem e depredam propriedades e
órgãos públicos, promovem saques, etc, servindo como justificativa de seus atos, a
omissão e lentidão do governo em promover a reforma agrária.
O objetivo deste tópico não é defender nem governo nem o movimento, mais
demonstrar o que trata o Código Florestal Brasileiro em consonância a necessidade da
reforma agrária.
No Sul do Brasil, durante os anos 90, do século passado, as distribuições de terras
ocorreram em áreas em que existiam algumas áreas de formação vegetal, localizadas
em áreas de preservação permanentes, que ocasionou a derrubada de várias árvores
nos assentamentos, aos quais trouxe perdas significativas ao ecossistema da região
como um todo, isso pode ter ocorrido, em virtude da inobservância da legislação.
No Código Florestal de 1965, em seu artigo 8º, salienta que na ocorrência de
distribuição de lotes destinados à agricultura, quer seja para planos de colonização ou
de reforma agrária, não deverão ser incluídas as áreas de florestas que estejam
inseridas no contexto de preservação permanente, especificadas na Lei nº 4.771/65,
bem como não podem englobar as áreas de florestas de extrativistas, que fossem
responsáveis pelo abastecimento local ou nacional de madeiras e outros produtos
oriundos destas florestas.
24
SUWWAN, Leila. PF detém 14 fiscais e procurador por tráfico de madeira. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1008200601.htm, Acesso em 09 ago. 2007.
25
Panorama Ambiental. ATPF morre e DOF nasce de parto prematuro. Disponível em: http://www.pick-
upau.com.br/panorama/2006/2006.09.09/atpf_morre_dof_nasce.htm. Acesso em 20 set. 2006.
Este documento ganhou uma formatação, praticamente, contábil, considerando
que há a geração de informações sobre os produtos e subprodutos disponíveis,
gerando a formação de “estoque”, e que sua movimentação irá se coadunar com as
quantidades físicas existentes.
O Documento de Origem Florestal (DOF) foi instituído pela Portaria/MMA nº 253,
de 18 de agosto de 2006, e posteriormente, foi regulamentado pela Instrução
Normativa nº 112, de 21 de agosto de 2006.
Apesar de sua implementação, a DOF herdou algumas significações da Portaria nº
44-N que regulamentava a antiga ATPF, no que concerne ao entendimento do que se
convenciona chamar de produto florestal e seus subprodutos (Instrução Normativa
112/06, Art. 2º, Itens I e II e suas respectivas letras).
Apesar das medidas implementadas com a criação do DOF, as tentativas de
fraudes contra o sistema de controle de transporte e armazenamento de produtos e
subprodutos florestais não deixarão de existir. Já nos cinco primeiros dias de vigência
do sistema DOF26 ocorreram tentativas de fraudes no Pará e no Maranhão. Contudo,
graças à agilidade proporcionada pelo sistema informatizado foi possível detectá-las, o
sistema pode não ser totalmente eficaz, porém a disponibilidade imediata de dados
pode ser um inibidor em potencial para um controle mais rigoroso.
26
MICHAEL, Andréa. Novo sistema do Ibama já sofre fraudes. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u15149.shtml Acesso em 10 set. 2006.
27
A primeira e a última tábua de um tronco serrado
Há casos em que não se exige a obrigatoriedade da utilização do DOF para a
execução do transporte de certos produtos ou subprodutos, quais sejam:
28
Revestimento parcial de madeira, azulejos, mármore, estuque, etc. na parte inferior das paredes
interiores de uma habitação.
O prazo de validade da DOF poderá ser de até cinco dias após sua emissão. Ao
contar o prazo de validação o usuário terá cinco dias para a movimentação da carga.
O translado interestadual poderá ter validade de dez dias, já na hipótese de
deslocamento de madeira em tora de jangada, o prazo máximo será de até trinta dias.
O Ibama mediante a análise do trajeto a ser percorrido, entre a origem e o destino,
poderá fixar prazos diferenciados para o transporte.
O Documento de Origem Florestal, DOF, apropriou-se da mesma metodologia
utilizada na ATPF para sua vinculação ao tipo de carga na qual haveria seu emprego,
mantendo a utilização das cores verde, preta, laranja e amarela para o emprego na
determinação do produto ou subproduto a ser transportado.
O DOF seguida da expressão “verde” será utilizado para acobertar o transporte de
madeira em toras; toretes, postes não imunizado; escoramentos; palanques roliços;
dormentes nas fases de extração/fornecimento; estacas e moirões; achas e lascas;
pranchões desdobrados com motosserra; bloco ou filé, tora em formato poligonal,
obtida a partir da retirada de costaneiras; lenha; madeira serrada sob qualquer forma,
laminada e faqueada; resíduos da indústria madeireira (aparas, costaneiras, cavacos e
demais restos de beneficiamento e de industrialização de madeira) quando destinados
a fabricação de carvão; dormentes e postes na fase de saída da indústria; Além das
plantas ornamentais, medicinais e aromáticas, mudas, raízes, bulbos, cipós e folhas
de origem nativa ou plantada das espécies da lista oficial de flora brasileira ameaçada
de extinção e dos anexos da CITES.
O DOF seguido da expressão “preto” possibilitará o transporte de carvão vegetal
nativo e subprodutos relacionados a carvão de resíduos da industria madeireira e
carvão vegetal nativo empacotado, na fase posterior a exploração e produção;
O DOF acompanhado da expressão “laranja” servirá para permitir o transporte de
palmito, seguido da palavra “Amarelo” será destinado ao transporte de xaxim e óleos
essenciais.
Numa análise sucinta, o DOF compreende a informação da quantidade de estoque
disponível do produto ou subproduto que tenha a necessidade de transporte, devendo
constar às informações sobre a origem, espécie, volume e respectivo endereço de
armazenamento destes materiais pelo usuário, que poderá ser pessoas físicas ou
jurídicas devidamente cadastradas no Ibama. Para Estados que possuam legislação
especificas sobre transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais,
as pessoas físicas e jurídicas serão obrigadas a apenas informar ao Ibama os saldos
dos produtos ou subprodutos florestais que estejam sob controle deste.
Tanto o fornecedor quanto o comprador deverão possuir metodologias de
informações de estoques para o devido controle dos produtos e subprodutos
disponíveis, para o primeiro exige-se a Declaração de Estoque e para o segundo ser-
lhe-á obrigatória a informação do saldo Declaração de Venda de Produtos Florestais
(DVPF), cujos dados serão lançados no sistema para geração da DOF.
Penalidades
b) São medidos em estéreo (St) – acha, estaca, lasca, lenha, mourão, e varão.
29
Estes coeficientes e demais medidas foram estabelecidos pela Instrução Normativa Ibama 01/96.
Penalidades Penais e Pecuniárias
Existiam dois artigos interessantes neste dispositivo legal, o Art. 80, que
possibilitava a aplicação da multa sobre a utilização de produtos ou
subprodutos florestais, mesmo que estes já estivessem sidos consumidos, e
o valor seria o total equivalente ao bem absorvido acrescido de 20%, já no
Art. 97, considerava inafiançáveis os delitos florestais enumerados no Art. 83
do mesmo decreto, que punia com rigorosidade os delitos ambientais
ocorridos em face do emprego do fogo ou de tratamento violento contra os
agentes florestais.
Como nas leis que tratam da aplicação de penalidade pecuniária utiliza a medida
de hectare, abaixo será expostas algumas medidas de áreas utilizadas no Brasil, bem
como sua equivalência em hectare (Ha), além de outras:
Medidas de Área
Medidas de Comprimento
30
Medida Agrária adotada nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Fonte: Dicionário Aurélio
31
Medida itinerária cujo valor diferia de nação para nação. Fonte: Dicionário Aurélio
Nas cidades nordestinas observa-se, principalmente, a adequação de espécies de
aves aos grandes centros urbanos. Na cidade de Maceió, é possível observar
exemplares de “rolinhas” interagindo com o ambiente modificado, bem como, espécies
de aves de rapina (corujas e falcões), que, tendo em vista ao lixo gerado nestas
cidades, encontram alimento abundante (ratos, lagartos, entre outros), que favorecem
a perpetuação das espécies que consigam sobreviver no sistema ambiental formado.
O Brasil é tido como um país de mega-biodiversidade, aqui, ainda é possível o
descobrimento de novas espécies de animais, em Alagoas, através de pesquisas
realizadas pelo herpetologista Hebert Ferrarezzi, do Instituto Butantã que, juntamente
com a professora Maria Elisa Freire, pesquisadora alagoana, foi descoberta há poucos
anos, um novo espécime de jararaca (Bothrops muriciensis), em uma reserva de Mata
Atlântica no Município de Murici32, pesquisas realizadas por José Maria Cardoso da
Silva, vice-presidente da Conservation International do Brasil (CI-Brasil), Galileu
Coelho, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Luiz Pedreira Gonzaga, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), culminou com a descoberta de uma
nova espécie de coruja, a Caburé de Pernambuco (Glaucidium mooreorum), em “ilhas”
de Mata Atlântica no Estado de Pernambuco33, outros órgãos governamentais também
contribuem para as descobertas de novas espécies a exemplo do INPA (Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia), onde o primatologista, Marc Van Roosmalen, é o
principal responsável, pelas pesquisas, que resultaram no descobrimento de duas
novas espécies de primatas, descobertas em 2002, o sauá Príncipe Bernhard
(Callicebus bernhardi) e o sauá Stephen Nash (Callicebus stephennashi).
A fauna pode propiciar ganhos para o país, para tanto, há urgência para a busca
de mecanismos que permitam um combate mais expressivo as ações de biopirataria,
que vilipendiam estes recursos. Às políticas brasileiras devem estar centradas para a
geração de normas e regulamentos que permitam, não só a busca pela garantia de
soberania sobre seus recursos, mas também para apropriação de propriedade dos
bens tangíveis e intangíveis (patentes), para que isto possa ser revertido na garantia
do desenvolvimento sustentável e geração de recursos para as medidas de controle,
fiscalização e conservação destes recursos de uma forma mais abrangente.
Ao longo de sua mais recente história, o Brasil têm se empenhado em desenvolver
normas mais apropriadas para cada momento de nossa história, mas o empenho se
urge ser bem mais agressivo, enquanto temos tempo de remediar ou tentar evitar uma
catástrofe maior, que já é experimentada por países asiáticos que não cuidaram bem
de seus recursos, a exemplo da Malásia.
Nos períodos compreendidos entre a fase colonial e fase imperial no Brasil, não
houve a produção significativa de legislação, com fins específicos de salvaguardar a
fauna brasileira, excetua-se uma tímida tentativa no ano de 1521, através das
Ordenações Manoelinas34, que mais se destinava a evitar a crueldade e maus-tratos
nos atos de caça contra perdizes, lebres e coelhos, a qual se baseava na proibição de
utilização de petrechos que viessem a causar sofrimento na morte dos animais,
imputando a penalidade de multa, no valor de mil réis, com ma conseqüente
apreensão de todo material e dos cães utilizados no ato de caça.
32
Cientistas descobrem nova espécie de cobra na Mata Atlântica. Disponível em:
http://www.petfriends.com.br/news/news_materia92.htm, Acesso em 03 Ago. 2006.
33
Nova espécie de coruja é descrita em Pernambuco. Disponível em:
http://www.petfriends.com.br/news/news_materia95.htm, Acesso em 03 Ago. 2006.
34
NOGUEIRA, Alzira Papadimacopoulos. Caça: Celeuma Brasileira. Disponível em:
http://www.mt.trf1.gov.br/judice/jud5/caca.htm, Acesso em 03 Ago. 2006.
Somente na primeira metade do século XX, surgiu no Brasil o primeiro esboço
referente à proteção da fauna silvestre, Código de Caça e Pesca do Brasil através do
Decreto nº 23.672 de 2 de janeiro de 1934, a partir deste período será comum um
código tratando conjuntamente da fauna e pesca de uma forma geral.
Nos anos de 1938 e 1943, surgiram normas especificas sobre caça e pesca
separadamente, cuja linha de formulação, neste sentido, consolidou-se a partir da
segunda metade daquele século, com a criação de legislações direcionadas que
apenas contemplavam a pesca de uma forma mais ampla como o Decreto Lei 221/67
e a Lei nº 7.679/88, e a caça com o advento da Lei nº 5.197/67.
Foi no ano de 1934 que houve um impulso maior do que se buscava implementar
no ano de 1521 com as Ordenações Manoelinas, pois em 10 de julho de 1934, foi
instituído o Decreto Lei nº 24.645, que apresentou uma série de considerações sobre
maus tratos verificados contra os animais.
Para efeito do Decreto Lei nº 24.645/34 era considerado como animal todo ser
irracional, quadrúpede, ou bípede, doméstico ou selvagem, exceto os daninhos.
Em 1938 eis que surge um código exclusivo para caça, o Decreto-Lei nº 5.894, de
20 de outubro de 1943, foi à primeira vez em que este assunto se desvinculava da
pesca, com regulamentação própria.
Há muito que o Brasil é um difusor de leis que são exemplos para o mundo, o
problema se verifica na sua execução, pois, não basta à vontade de exerce o Poder de
Policia do Estado, sem dotar os órgãos executores de aparatos adequados e de
pessoal qualificado e suficiente para se fazer cumprir as legislações vigentes no
território nacional.
Neste sentido, foi que no ano de 1967 imerge um marco para a fauna brasileira,
pois no dia 03 de janeiro deste mesmo ano, foi instituída no País, a Lei de Proteção a
Fauna, com o advento da Lei nº 5.197. Em ordem cronológica este seria o terceiro
Código de Proteção a Fauna, mas o segundo que tratava especificamente do assunto.
As ações de fiscalização, quando bem executadas, trazem benefícios impar para o
meio ambiente, exemplos ocorreram em Alagoas, no triênio de 2001 a 2003, pois
quando da presença da Policia Ambiental em determinadas áreas, percebeu-se uma
relativa redução nas ações de caçadores e um controle mais rígido na destruição de
formações vegetais.
Mesmo não conseguindo cobrir totalmente as áreas suscetíveis de policiamento,
os resultados foram relativamente satisfatórios, podendo-se citar os exemplos das
cidades de Quebrangulo e Penedo, na primeira verificou-se o fortalecimento da
reserva de mata atlântica com o conseqüente aumento da fauna da região e na
segunda, a diminuição da caça proporcionou a possibilidade de se avistar nas áreas
policiadas, o aparecimento de espécies que estavam tornando-se raras na região,
como lobos-guará, teiús, capivaras, entre outros animais.
Classificação da Fauna
Fauna Doméstica – podemos citar como definição deste tópico, a que foi
estabelecida na Portaria Ibama nº 93, de 07 de julho de 1998, a qual engloba,
todos aqueles animais que através de processos tradicionais e sistematizados
de manejo e/ou melhoramento zootécnico tornaram-se domésticos,
apresentando características biológicas e comportamentais em estreita
dependência do homem podendo apresentar fenótipo variável, diferente da
espécie silvestre que os originou.
Proteção da Fauna
Anteriormente exposto, seria uma utopia a obrigação estatal de criar uma lei de
proteção à vida silvestre, e permitir o exercício da caça, sem criar normas e
instrumentos de combate à perseguição e captura da fauna silvestre.
Isto não era verificado quando da implementação do Decreto-Lei nº 5.894/43, que
apesar de instituir certas limitações à atividade de caça, esta norma legal era quase
uma anuência estatal da possibilidade do exercício pleno da atividade, com exigências
insignificantes em relação aos danos que adviriam das ações de caça.
A lei vedou a venda de qualquer objeto ou produto que implique caça, apanha,
perseguição ou destruição de espécimes de nossa fauna, e mesmo que, ainda
consentidas na forma da lei, não deixarão de ser tratados como atos de caça, porém.
Também o é condenável quem utiliza substâncias, que devido a sua propriedade
química, para fins ilícitos, tais como certos pescadores (se é que se pode designar
estes infratores com tal nobre atividade voltada a haliêutica) que fazem uso da água
sanitária para a captura de “polvos” ou de outros produtos que visam desoxigenar a
água, facilitando a captura de crustáceos (camarões).
Respeitando-se o direito a propriedade, o Estado não poderá, através dos órgãos
competentes, invadir terrenos de particulares, sem a devida autorização, podendo
ocorrer esta abordagem na ação iminente do infrator, se proprietário ou a mando
deste, ou então de terceiros, para verificação de possível infração ambiental (flagrante
delito), porém, se torna demagógico, que a Lei nº 5.197/67, admitia a responsabilidade
do Estado na preservação da Fauna, mais obrigava ao proprietário, que não
permitisse a caça em suas terras, exercer a fiscalização, ora, com a nova Lei de
Crimes Ambientais, a obrigação do Estado, exime a do proprietário, pois o meio
ambiente ecologicamente equilibrado é obrigação da nação e direito de todos os
brasileiros, mais, o dono de áreas em que existam espécies da fauna silvestre
brasileira, que ao tomar conhecimento, da prática de caça em seus domínios e não a
comuniquem a autoridade competente, poderá ser co-responsabilizado, pelos danos
causados a fauna, e na hipótese, de denunciar, poderá, acionar a justiça, para ser
devidamente reparado, pelos danos acarretados a suas posses causados pelos
possíveis infratores.
Caça
Caça Predatória - na visão daquele autor, pode ser dividida, como Caça
Profissional, admitida no Decreto-Lei nº 5.894/43, e veementemente proibida
pela Lei nº 5.197/67, portanto, ela nem poderia figurar como subdivisão, pois é
ilegal, e a própria Lei, não lhe admite o status de se poder fazer, e como Caça
Sanguinária, seu ponto de vista, esta vinculado, ao fato de que, o abate de
animais da fauna silvestre brasileira, será executado pelo infrator por mero
capricho, pois o mesmo não possui o intuito de aproveitar o produto da caçada,
servindo esta, apenas para deleite de sua ânsia em “matar”.
Caça não Predatória – como deixa a entender, a caça estará justificada por
algum motivo, que esta explicito na lei e não imputará penalidades, desde que
verificadas, sob que hipóteses ela poderá ser realizada, para Sirvinkas, são
exemplos deste tipo de caça:
35
SIRVINKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental, 1ª Ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2002, p. 196
e 197.
a) “Caça de Controle”, que consiste no abate de animais silvestre que
estejam destruindo pomares ou atacando rebanhos, bem como, aquelas
espécies, que sejam consideradas nocivas, ambas as situações deverão
ser atestadas pela autoridade competente, para que se permita o abate do
animal, isto está previsto no Art. 37 da Lei de Crimes Ambientais, que
também engloba e deixa de considerar crime, o abate do animal para
subsistência do infrator e de sua família;
b) “Caça Esportiva ou Amadorista”, neste caso estará vinculada aos clubes
de caça, que deverão obedecer a certos requisitos, que serão expostos
mais à frente; e...
Aos que, poderão ser concedidas às licenças de caça, só lhe será facultado,
executá-la, desde que possuam a licença para este fim, cuja validade será de um ano,
e apenas permite a sua utilização identificada à espécie da licença (amadora, cientifica
ou controle), e no âmbito regional, de influência da autoridade competente que lhe
concedeu tal licença, por exemplo, se em Alagoas, a Superintendência do Ibama com
sede neste Estado, autoriza algum cidadão o exercício da caça, respeitada as
formalidades legais, este só poderá executá-la nas áreas limítrofes do território
alagoano.
Na Lei de Proteção a Fauna, no Art. 8º, ficou estabelecido que o Poder Público,
decorrido 120 dias da implementação desta mesma lei, deveria publicar e atualizar
anualmente, a relação das espécies que estariam sujeitos a “atos de caça”, indicando
e delimitando as áreas em que poderiam ocorrer, bem como, a época e por quanto
tempo estes atos poderão ser praticados, além da quantidade de exemplares que
poderão ser capturados por todos os indivíduos que estejam autorizados a esta
prática.
Serão permitidos os atos de caça até mesmo contra animais que outrora eram
domésticos, e em virtude de terem sido abandonados, tornaram-se selvagens ou
ferais, e sua existência implica em riscos para a comunidade como um todo.
Outra peculiaridade a ser lembrada, se atém ao fato dos petrechos ou
instrumentos que poderão ser utilizados, estes não poderão ir de encontro ao que
preconiza o Art.10 da Lei de Proteção a Fauna, Lei nº 5.197/67, que serão expostos
mais adiante, e mesmo aos que sejam permitidos, como as armas de caça, deverão
obedecer a outras regras, impostas por legislação vigente, e que tratem destas
questões. A utilização de arma de fogo para caça, só poderá ser autorizada, na
medida em que o usuário possua a licença para a prática de “atos de caça”, e que sua
arma, esteja em conformidade, com o que estabelece a Lei nº 10.826/2003, que trata
do porte e registro das armas, no âmbito regional ou nacional, pelo órgão responsável.
Clubes de Caça
A Ciência e a Fauna
Desde o seu inicio, a humanidade têm procurado na natureza a cura dos males
que lhe aflige, do conhecimento empírico baseado na experimentação, aos grandes
avanços da ciência, principalmente no último século. E com relação à fauna não
poderia ser diferente, por exemplo, estudos utilizam tubarões, para procurar cura para
um dos maiores males da humanidade, o câncer, pois, estes animais possuem um
mecanismo natural que os torna imune a esta doença, mesmo quando expostos as
substâncias, tidas como cancerígenas. Quando a ciência decifrar este enigma, a
comunidade cientifica, provavelmente decretará, o fim de uma das doenças que mais
ceifa vidas na atualidade.
Podemos citar como outro exemplo, o veneno produzido por certas cobras e
vespas, que encontraram grande aplicabilidade no trato de doenças coronárias, que
também, estão classificadas como uma das três principais causas de mortes no
mundo. Destaca-se a Bradicina que é extraída do veneno da jararaca e é utilizada na
composição de remédios para o combate da hipertensão.
Recentemente, na Amazônia, foi descoberta uma espécie de anfíbio que produz
uma substância cujo poder anestésico supera em muito ao da morfina, dantes a
substância anestésica mais potente que se conhecia.
Há ainda as substâncias encontradas no sangue de certos aracnídeos, como por
exemplo a Gomesina, que é encontrada no sangue de caranguejeiras, seu poder de
destruição de bactérias é 20 vezes maior que os antibióticos tradicionais, outro
exemplo é o Trimetilsulfônio, substância extraída de uma lesma marinha, muito
comum no Brasil, a Lebre-do-mar, que é um poderoso relaxante muscular.
Os biólogos estimam que pelo menos 2/3 dos animais catalogados do planeta
produzam alguma substância tóxica com potencialidades medicinais, apenas as aves
não possuem nenhum representante que tenha a capacidade de produzir estas
substâncias.
O problema com a ciência, esta na biopirataria, que prejudica aos países, em
especial o Brasil, por sua quantidade expressiva da fauna mundial, no qual todas as
riquezas geradas pelas descobertas irão rechear os cofres e as receitas dos países
que adquirem a patente das substâncias descobertas, o que implicará ao país em que
viva a espécie, a única função de preservá-la, sem uma contrapartida do principal
beneficiado, porém, algumas entidades não governamentais e até, certos movimentos
tímidos, na política, pleiteiam criar normas para o pagamento de royalties de
substâncias advindas da fauna nacional.
As autorizações para utilização de materiais provenientes de espécimes de nossa
fauna com fins científicos poderão ser concedidas a cientistas brasileiros que
pertençam a instituições cientificas oficiais ou oficializadas ou que por estas sejam
indicados, ou a estrangeiros, desde que devidamente credenciados em seus paises de
origem, que irão solicitar no Brasil, ao órgão competente, que seja concedida a
permissão para a coleta de materiais, após este credenciamento, poderá exercer suas
atividades. Tantos cientistas nacionais ou estrangeiros, deverão renovar anualmente
as suas licenças ou autorizações.
Nestas autorizações existe uma ressalva, para os cientistas que tenham a
obrigação, estabelecida em lei, cujas atividades estejam relacionadas com as coletas
de materiais realizadas em zoológicos, a estes, serão concedidas licenças
permanentes.
Para manter as atividades de pesquisas, as instituições, deverão anualmente
apresentar e dar ciência ao órgão federal competente sobre as atividades exercidas
pelos cientistas pertencentes aos seus quadros, no ano anterior, para que seja
renovada a licença.
Para disciplinar as coletas de materiais em animais, que deverão ser realizadas em
biotérios, foi estabelecida normas através da Lei nº 6.638, de 08 de maio de 1979,
para a realização de vivissecção. As entidades que realizem estas pesquisas deverão
estar registradas em órgãos competentes e por eles autorizadas a funcionar.
As vivissecção ou vivisseção não serão permitidas em estabelecimentos de ensino
de primeiro ou segundo grau, nem em locais freqüentados por menores, e ainda, todas
as experiências que envolvam esta prática só poderão ser executadas mediante
substância anestésica aplicadas no animal a ser estudado, que deverá ter
permanecido por, pelo menos, 15 dias em biotérios autorizados, e todo procedimento
terá que ser acompanhado por técnicos especializados.
Jardins Zoológicos
Criadouros Conservacionistas
Animais vivos poderão ser negociados tanto por criadouros comerciais como pelos
jardins zoológicos, podendo ser destinados a pessoas físicas ou jurídicas, para que
possam criar, ou não, centros conservacionistas ou comercial, devendo registrar-se no
Ibama para exercer qualquer uma das atividades, podendo ainda, serem
comercializados para servirem como animais de estimação, não sendo necessário ter
registro no Ibama.
As entidades que comercializarem animais vivos deverão possuir um cadastro
atualizado de seus compradores bem como enviar ao Ibama, periodicamente, relação
dos exemplares vendidos, com dados individuais de cada espécime, devendo manter
em seus arquivos cópias ou 2ª vias das notas fiscais da venda dos animais.
Aqueles animais que servirão de estimação, comprados por pessoas físicas ou
jurídicas, deverão possuir um manual de instrução fornecido pelo vendedor, contendo
dados sobre alimentação, principais doenças, entre outras, devendo ainda, o
comprador ser informado que não querendo mais o animal, não execute sua soltura na
natureza sem o prévio consentimento do Ibama, pois os danos causados, a terceiros,
a compradores, e ao patrimônio público ou privado, pelo manejo inadequado, terão
recaídas sobre seu proprietário atual todas as penalidades em decorrência dos
prejuízos causados.
Os animais só poderão ser mantidos em cativeiro mediante a apresentação da
nota fiscal, podendo, ainda, seu proprietário revendê-lo ou repassar para outra pessoa,
mediante Termo de Transferência, nos moldes previsto pelo Ibama.
Para o transporte interestadual além da nota fiscal será necessária a guia
fornecida pelo Ministério da Agricultura, denominada Guia de Trânsito Animal – GTA,
para o transporte internacional e para as negociações com espécimes destinadas ao
exterior serão adotados procedimentos, de acordo com Portaria específica.
Os jardins zoológicos poderão negociar o excedente de seu plantel, desde que
estes não estejam inseridos na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção, não
sendo obrigados a se registrar na categoria comerciante, mas todos os animais
deverão ser marcados e comercializados mediante expedição de nota fiscal.
Normas de Funcionamento
Formação do Plantel
Aos espécimes que foram capturados na natureza e que formaram o plantel inicial,
sendo considerados improdutivos (matrizes e reprodutores), fica vedada a sua venda
para outros criadouros para a formação de plantel, nem para servirem de animais de
estimação, devendo ser mantidos vivos até seu óbito natural ou então abatidos para
comercialização.
O Ibama poderá, desde que necessário, obrigar que o criadouro que tenha
capturado espécime na natureza, torne disponível o quantitativo ou parte dele, para
atender a programas de reintrodução ou para criação de criadouros de caráter social,
comunitário ou demonstrativo.
Controle dos Criadouros
Os criadouros deverão manter às 2ª vias das notas fiscais de venda dos animais
ou de produtos, ou ainda, de subprodutos destes, pelo prazo de 05 (cinco) anos,
devendo também, anualmente, comunicar ao Ibama o quantitativo negociado, o que
possui em cativeiro e os que se encontram em estoque para comercialização.
Se a qualquer turno o Ibama verificar irregularidades no desenvolvimento das
atividades ou instalações do criadouro, determinará prazos para que as distorções
sejam sanadas, na recusa ou impossibilidade, a empresa poderá ter seu registro
cassado, suas atividades suspensas e seus animais apreendidos, os quais deverão
ser conduzidos a outros criadouros, com o transporte a expensas do antigo
proprietário ou pelo beneficiado, e jamais poderão ser soltos aleatoriamente.
As normas de funcionamento a que se submetem os criadouros, determinadas
pela Portaria nº 118-N/97 não serão as únicas a serem observadas, pois para o
exercício da atividade poderão ser necessários os cumprimentos de normas ou ao
pagamento de taxas de outros órgãos, como por exemplo o Ministério da Agricultura
ou a ANVISA.
A Importação
Para o grupo familiar de pessoas físicas que ensejam adquirir animais da fauna
silvestre exótica, para servirem como animais de estimação, apenas poderão
obter autorização para possuir 02 (dois) indivíduos que tenham sido
concebidos em cativeiro e possuam marcação própria na sua origem.
Algumas espécies tiveram a sua importação vedada, para sua utilização com fins
comerciais, para manutenção em cativeiro, bem como, proibidas de servirem como
animais de estimação ou para exibição em espetáculos itinerantes e fixos, podendo
apenas ser importados por jardins zoológicos, são eles:
Invertebrados;
Anfíbios, excetuando-se a espécie Rana Catesbiana (Rã-Touro);
Répteis;
Ave da Espécie Sicalis Flaveola e suas subespécies; e
Mamíferos das ordens Artiodactyla, exceto os considerados domésticos para
fins de operacionalização do Ibama, Carnívora, Cetácea, Insectivora,
Lagomorpha, Marsupialia, Pennipedia, Perissodactyla, Proboscídea, Rodentia
e Sirênia.
A Exportação
36
Artigo 31 da Portaria Ibama nº 93, de 07 de julho de 1998.
Por vezes, a atividade de pesquisa pode necessitar de peças do artesanato
indígena, quer seja para estudos de influência entre os povos de uma região ou de um
continente, neste caso, as peças do artesanato indígena que utilizem partes de
animais da fauna silvestre brasileira, para serem confeccionados, só poderão ser
exportadas, desde que ouvida a Fundação Nacional do Índio, e sua autorização será
concedida somente, para a realização de intercâmbio cientifico e cultural, entre
instituições oficiais ou oficializadas.
Exportação Ilegal
Penalidades
As penalidades admitidas para quem comete crime contra a fauna podem ser de
multa, restritivas de direitos e a obrigação de prestar serviços à comunidade, isso em
conformidade ao que é estabelecido na mais nova legislação que trata do assunto,
quer sejam a Lei nº 9.605/98 ou o Decreto 3.179/99.
Na Lei nº 9.605/98 foram estabelecidas às penalidades restritivas de direitos, bem
como os agravantes e atenuantes em que pode se enquadrar o infrator, estabelecidas
na Seção que trata sobre os crimes praticados contra a fauna, que compreendem do
Artigo 29 até o Artigo 32, e as penas vão desde a detenção, de três meses a um ano,
até reclusão, que podem ser de um até três anos, cumulativamente ou não com a
pena de pecúnia.
No Decreto 3.179/99 houve o estabelecimento de penas pecuniárias, como foi
estabelecidos o valor mínimo de R$ 50,00 e o máximo de R$ 50.000.000,00 (Art. 5º),
para os crimes ambientais, os valores atribuídos do Artigo 11 ao Artigo 16 se baseiam
em valores que o legislador considerou “justo”, como forma “compensatória” pelo
prejuízo causado, relativo à fauna os valores variam entre R$ 50,00 a R$ 10.000,00,
porém deve-se ressaltar que os valores são aplicados pela infração cometida e por
exemplar apreendido como infrator, existe ainda, uma maior rigorosidade para aqueles
animais que estão descritos no apêndice da CITES de cuja convenção o país é
signatário.
• Para quem infringia esta norma legal era passivo de sofrer punições como
prisão, detenção e multa, conjunta ou separadamente, primando pelo
máximo de individualização da pena (Art. 172);
• As penalidades poderiam ser de prisão de dois meses até três anos (artigos
184 e 187);
• Era prevista a prisão celular do infrator, não superior a 60 dias, apenas nos
casos de reincidência ou do não pagamento ou depósito judicial, em 48
horas, das penas pecuniárias aplicadas.
As multas têm o valor mínimo de R$ 50,00, e com uma punição maior para
os que ferem a convenção CITES.
Título IV – PESCA
37
Arte da Pesca
ou esporádicas, foi estabelecido pelo Decreto nº 23.672, de 2 de janeiro de 1934, que
tratava tanto das ações pertinentes à pesca como a caça, um marco comum na
legislação deste tipo no Brasil.
No ano de 1938, surge o primeiro diploma legal que trata especificamente da
pesca, separando-o do código de caça, foi através do Decreto Lei nº 794, de 19 de
outubro de 1938, que institui o Código de Pesca à época.
O Decreto-Lei nº 794/38, açambarcava para o Estado a obrigação de regular as
atividades de pesca, quando afirmava que “São do domínio público todo os animais e
vegetais que se encontrem em águas públicas dominicais, de acordo com a definição
dos artigos 6º e 11 do Código das Águas....”.
A necessidade de preservação dos recursos provenientes da pesca recebeu
grande reforço com o advento do Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, a
partir desta norma regulizadora, o Brasil projetou, de forma mais evidente, a sua
política destinada a disciplinar e regular a atividade referente à pesca nas águas de
seus domínios, assegurada pela implementação de regras claras sobre o tema.
Entende-se por pesca, para efeito do Decreto-Lei nº 221, todo ato tendente a
capturar ou extrair elementos animais ou vegetais e que tenha na água seu normal ou
mais freqüente meio de vida (Art. 1º).
O Decreto-Lei nº 221, reforçou as afirmações do Decreto-Lei nº 794/38, quando
afirma que todas as espécies de animais e de vegetais que se encontrem nas áreas
de dominiais do Brasil, são consideradas de domínio público (Art. 3º).
As normas aplicadas no Decreto-Lei se estendem às águas interiores, ao mar
territorial brasileiro e as áreas de atuação, em conformidade com os tratados
internacionais dos quais o país tenha ratificado sua atuação, e as áreas de
conformidade com o Decreto nº 28.840, de 8 de novembro de 1950.
Com o advento da Lei de Crimes ambientais, Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
1998, a concepção do significado da palavra “pesca”, ganhou uma conotação mais
abrangente. O Art. 36 disserta que “É considerado como pesca, todo ato tendente a
retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos
peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de
aproveitamento econômico, ressalvada as espécies ameaçadas de extinção
constantes nas listas oficiais da fauna e flora”.
Quanto a sua classificação, a pesca poderá ser desenvolvida de forma comercial,
que é aquela em que existe a prática da atividade com vistas à atividade econômica
respeitando-se, as leis em vigor; poderá ser desportiva, na qual o praticante executa a
atividade da pesca com os petrechos pré-determinado pela legislação vigente e não
há a comercialização do produto capturado ou recolhido; e finalmente, ela poderá ter
cunho cientifico, que é a atividade de pesca, executada com fins científicos e por
pessoas e instituições devidamente habilitadas para este fim.
O Decreto-Lei permite ainda, que o Poder Público poderá tornar a pesca transitória
ou permanentemente proibida em áreas de domínios públicos ou privados, vale
ressaltar que o exercício da pesca em áreas privadas, só poderá ser executada com o
consentimento tácito e expresso de seus proprietários em conformidade com o Código
Civil (Art. 33, §§ 1º e 2º do Decreto-Lei nº 221).
Pescadores
Classificação
Pescadores Profissionais
Pescadores Amadores
Pescadores Científicos
Em Alto Mar – que é aquela que se exerce no mar largo, além das águas
territoriais;
Considera-se como pesca interior (Art. 4º), aquelas exercidas nos rios, ribeirões,
igarapés, lagos, lagoas e lagunas de água doce, nos canais que não tenham nenhuma
ligação com o mar e nos açudes ou quaisquer depósitos de água doce, naturais ou
artificiais. Na pesca interior com a utilização de redes de espera, esta não poderá
permanecer por mais de 12 horas no mesmo lugar, como também é expressamente
proibida na pesca interior, o emprego do “arrastão”, de qualquer espécie, bem como
de qualquer outro aparelho, que, rascando o fundo, revolva o solo (Decreto nº
23.672/34 Artigos 103 e 106).
Existe uma modalidade de pesca, bastante difundida em águas interiores do
estado de Alagoas, que também é proibida pelo Decreto de 23.672/34 e é largamente
combatida pela Polícia Ambiental, é a conhecida “Pesca de batida”, que consiste em
montar uma rede de pesca próxima à vegetação das margens e realizar a batida com
uma vara ou petrecho que cause impacto e obrigue aos peixes se desalojarem do
eventual esconderijo indo de encontro à rede montada, porquanto no Art. 27, enuncia
que “É proibido desalojar os peixes ou outros seres subaquáticos batendo com varas
ou outros instrumentos nas águas, nas margens ou nas bordas das embarcações, e
bem assim com o arremesso de quaisquer projéteis”.
Fiscalização
Principais Proibições
Quando no país existia uma lei específica para cada assunto, em se tratado de
área ambiental, as penalidades eram diretamente aplicadas a cada caso, obedecendo-
se os ditames da legislação especial.
Pois bem, existia um código próprio para a fauna, outro para a flora, outro para a
poluição e um diferente para a pesca, a atual lei de crimes ambientais do Brasil, bem
como no decreto que a regulamentou, houve a junção de todas as leis esparsas,
criando-se um sistema que facilita a fiscalização e a execução de medidas de
contenção da destruição ambiental na nação.
Mas, se em outra legislação houver mecanismos que criem condições mais
propícias para a aplicação racional e coerente de punições que mais convier à
situação encontrada, desde que não tenham sido revogadas, poderá, esta, ser usada
para a reparação e a justa punição do infrator.
Na atual lei de crimes ambientais, os crimes praticados contra a pesca estão
inseridos no mesmo capitulo que trata da fauna, nada mais justo, pois as atuais listas
de animais em extinção já inserem em seus anais, espécimes aquáticas, não sendo
fundada a existência de uma separação da nomenclatura das espécies terrestres em
relação às aquáticas, pois ambas pertencem ao mesmo reino biológico natural.
As penalidades restritivas de liberdade a quem incorresse nas infrações as normas
aplicadas à pesca, e sob a égide da Lei nº 9.605/98, poderá, em linhas gerais, ser
penalizado com detenção que podem variar de um a três anos, para aqueles que
utilizam meios proibidos para o exercício da pesca.
O legislador cominou penas mais rigorosas, tendo vista, o prejuízo tanto para a
fauna aquática bem como para aquele que a mando de outrem, execute a pesca
predatória sem dar-se conta do real perigo ao qual esteja exposto, como a pesca com
compressor, que já vitimou centenas de pescadores, principalmente no nordeste, pelo
efeito quando o mergulhador retorna a superfície sem obedecer a normas técnicas de
descompressão.
Isto pode ocorrer quando da aproximação da fiscalização em que o indivíduo é
içado de forma brusca a embarcação na tentativa de se pôr em fuga, não foram raros
os casos em que a Polícia Ambiental alagoana já encontrou a bordo de embarcações
mergulhadores apresentando desde mal estar aparente até o inchaço de partes do
corpo, principalmente das partes inferiores – tronco e pernas, para infrações deste
porte podem ser cominadas penas de reclusão que variam de um a cinco anos.
Por vezes o mestre da embarcação também poderá ser penalizado através do
Código Penal, por lesões a que venha sofrer algum indivíduo componente da equipe
embarcada. Ainda é assegurada, a aplicação de penalidade restritiva de direito
cumulativamente com a de multa, podendo ser aplicada uma ou outra pena,
dependendo das circunstâncias e análise do agente fiscalizador.
Aplicam-se aos regulamentos da pesca, as multas pecuniárias existentes no
Decreto 3.179/99, devemos lembrar que no cometimento de infrações descritas no
referido decreto, a prática de mais de uma infração implicará, necessariamente, a
aplicação de multas cumulativas e demais sanções a elas cominadas. As multas
previstas podem ter um valor de R$ 500,00 podendo atingir a cifra de R$ 100.000,00.
Vale ainda lembrar, que em alguns casos a quantidade de produto apreendida
equivalerá a R$ 10,00 por kg, de multa (Art. 19 e 20), e que dependo da análise da
autoridade judiciária competente, estes valores poderão ser bem maiores, desde que
levada em conta, algumas considerações a respeito da infração praticada, suas
conseqüências, entre outras.
Disposição dos Apetrechos e Produtos de Pesca Apreendidos
Algo comum às legislações sobre pesca, se refere ao fato de que elas tratavam
não apenas as infrações referentes à pesca em si, bem como traziam em seu
conteúdo algumas normas também inerentes ao trato de embarcações e de serviços
de bordo, o que poderíamos definir, como mini consolidações de legislação
especificamente voltada à pesca e formas de exercício da mesma, tanto ao que
concerne sobre procedimentos, bem como com as relações de trabalho.
No Decreto nº 23.672/34, a legislação sobre a pesca e de caça estavam ligadas
intrinsecamente, apesar de cominar penas relativas a cada caso a legislação, às
vezes, poderia oferecer algum transtorno, tendo em vista que os crimes de caça e de
pesca dividiam os mesmo espaços, e já a partir deste código de caça e pesca havia
uma crescente preocupação relativa à pesca de cetáceos e de lançamentos de óleo
no mar.
Com o advento do Código de Pesca, Decreto-Lei nº 221, de 7 de dezembro de
1967, manteve-se as linhas gerais da legislação anterior, havendo uma preocupação
em definir as formas como poderia ser praticada, bem como legislar sobre normas de
relações de trabalhos e de procedimentos quanto à atividade pesqueira nas suas
diferentes formas. Houve a separação parcial entre os Códigos de Caça e de Pesca,
pois na década de 60 do século passado cada qual possuía legislações específicas.
Com a edição da Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1998, houve a inserção da
legislação em uma política realmente voltada aos problemas verificados com as
atividades lesivas a atividade pesqueira de forma direta, criando normas proibitivas
para pesca em determinadas épocas, como por exemplo, nos períodos reprodutivos
das diversas espécies.
A Lei nº 9.605/98, foi um marco no ambientalismo brasileiro, apesar das inovações
ainda deixou a desejar, seus artigos revogaram muito dos que já existiam em outras
legislações, traduziu-se em uma mini consolidação das leis ambientais, juntamente
com o Decreto 3.179/99, trataram das infrações de forma individualizada, o que facilita
o trabalho dos agentes fiscalizadores, com isso até a pesca ganhou uma adequação
de penalidades para a realidade vivida.
Decreto nº 23.672, de 02 de Janeiro de 1934 – 1º Código de Fauna e Pesca
No Capitulo que trata dos crimes contra a fauna foram inseridos tantos os
cometidos contra espécies terrestres como as aquáticas (Capítulo V Seção I);
38
SANTOS, Fabiano Pereira dos. Meio Ambiente e Poluição, Disponível em
http://www.mundojuridico.adv.br/sis_artigos/artigos.asp?codigo=318, Acesso em 17 ago. 2006.
Desenvolvimento Econômico e a Poluição
Desta forma o país apresentava uma idéia convicta de que não se poderia exigir
parcelas iguais de responsabilidade sobre os males que se abatia no mundo desde
meados do século XX, indo mais além:
Poder de Polícia
Poder da Polícia
O homem tratava o meio em que vivia com certa “indiferença”, através da análise
equivocada de que, pela abundância de recursos naturais, estes seriam inesgotáveis,
porém a população humana cresceu de forma assustadora, levando a um consumo
exagerado destes recursos, a ponto de, se nada for feito, causar um colapso mundial,
podendo gerar conflitos que ultrapassem as fronteiras nacionais.
As principais nações do mundo despertaram para a necessidade de cuidar do
meio em que vivemos, daí surgiram às reuniões de cúpula, as convenções, os tratados
de cooperação e ajuda, com o intuito de melhorar a qualidade de vida visando motivar
a interação de forma harmônica, da humanidade com o meio ambiente.
No Brasil, a valorização do meio em que vivemos foi regida por leis esparsas da
época do império até meados do século passado, todavia, a partir de 1981, com a
implementação da Política Nacional do Meio Ambiente, houve uma nova maneira de
lidar com os problemas ambientais, principalmente com a poluição.
Em 1988 o meio ambiente foi agraciado com um capitulo inteiro na Constituição
Federal (Capitulo VI), lhe atribuindo significativa importância, reforçada nos anos de
1998 e 1999 quando surgiram as grandes normas, lei 9.605/98 e Decreto 3.179/99,
que regem e punem as ações lesivas ao meio ambiente.
Ocorre que, só após a constituição de 1988 é que boa parte dos estados
brasileiros, criou, dentro de suas corporações militares, alguma unidade que se
destinava exclusivamente à defesa do meio ambiente, como em Alagoas, cuja primeira
congênere surgiu em 1989, justiça seja feita a alguns, a exemplo de São Paulo, em
que a polícia ambiental já existe há mais de meio século.
39
Dicionário Aurélio – Século XXI
Portanto, podemos dizer que a policia ambiental é uma das atividades exercidas
no âmbito da polícia militar ou civil, com a finalidade de se fazer cumprir as normas
reguladoras que regem as relações entre a sociedade e o meio ambiente.
As ações decorrentes das funções açambarcadas pelas Polícias Ambientais,
suplantam as meras atividades de combate aos atos infracionais contra a natureza
propriamente dita. Vai mais além, pois para garantir um meio ambiente equilibrado
para todos, lhe são imputadas atribuições que visam à preservação de bens públicos
contra atos vandalismo, implicando numa expressiva extensão de seus atos no intuito
de salvaguardar o meio ambiente independentemente do sistema que este represente.
Modalidades de Policiamento
Cada ação corresponde a uma reação contrária de igual intensidade, este axioma
da Física tem uma aplicabilidade nas ações da polícia ambiental, nem toda ação
precisa ser repressiva, nem tampouco totalmente educativa, às vezes há a
necessidade de conciliação de ambas, ou então, na ação repressiva, a autoridade
policial, no uso do bom senso, poderá aproveitar o ensejo para disseminar a práticas
relativas à Educação Ambiental, para incutir no elemento infrator à necessidade de se
evitar a ação destrutiva contra o meio, para fazê-lo compreender que suas ações
poderão ocasionar perdas imediatas e irreparáveis para o meio degradado, bem como
conseqüências de médio e longo prazo para toda sociedade.
Ação Educativa
Educação Ambiental
Ação Repressiva
Perseguição a Suspeitos
Durante a ação repressiva o policial poderá encontrar algumas situações que irão
lhe exigir certa perspicácia para que não incorrer em algum tipo de delito, apesar de
estar executado suas funções legais.
Geralmente, em ações que envolvem o trato com o público não deixarão de
ocorrer divergências entre o Poder Público constituído, através da ação policial, com
os interesses locais. Quando alguma comunidade é afeita a prática de um ato
infracional que afeta as normas ambientais, mas para um entendimento local não há
crime algum, quando do efetivo combate policial, poderá ocorrer à existência de
resistência dos infratores, mais por desconhecimento da lei do que por uma questão
de confronto com as normas legais.
Para legitimar a ação policial, toda forma de reação por parte do infrator deverá ter
uma resposta à altura. Porém os excessos deverão ser evitados, levando-se em conta
que toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, não podendo o policial
agir com força, resposta, desproporcional a reação que encontra.
A principal forma que um cidadão, infrator, reage quando abordado pela polícia é a
de empreender fuga, este forma de se portar pode estar ligada, principalmente a duas
situações, por medo da abordagem policial ou por já ser o agente reincidente em
ações contrárias as normas legais.
O principal ponto de uma perseguição policial é se evitar o uso “desnecessário” de
meios que possam causar alguma lesão ao indivíduo que foge.
Quando o infrator se homiziar em algum local e agir de forma violenta contra a
ação policial através do uso de algum tipo de armamento, com utilização de arma de
fogo, por exemplo. O policial encontrará o amparo legal se ao responder a esta ação
ocasionar ferimento ou até mesmo o falecimento do mesmo, pois estará agindo no
estrito cumprimento do dever legal que se baseia no princípio de utilização moderada
dos meios necessários, para defesa própria ou de terceiros, contra a agressão injusta
e não provocada.
Portanto, em caso de fuga do infrator, o policial não deverá efetuar disparos de
arma de fogo objetivando atingi-lo, pois quem está procurando fugir de uma ação
policial não está agindo de forma agressiva, devendo o policial utilizar a melhor forma
possível para capturá-lo. Não poderá ter o amparo de excludência de crime, o policial
que ferir ou matar alguém que esteja em ação de fuga.
Ações de Fiscalização
40
SOARES, Luiz Eduardo. Meu Casaco de General, Companhia das Letras, São Paulo, 2000, p. 42.
Portanto o policial, além de conhecer profundamente os trabalhos atinentes a
suas funções, deve desenvolver a busca de conhecimentos de outras fontes de delitos
para o desempenho eficiente de suas ações, principalmente nas constantes do Código
Penal Brasileiro, e em normas correlatas plausíveis de ocorrências.
Parceiros Importantes
Ministério Público
Com certeza o Ministério Público é um dos ou até quem sabe, o maior parceiro da
Polícia Ambiental para a certeza de aplicação da legislação em vigor, com o intuito de
punir e educar o infrator ambiental.
Este órgão realmente ganhou “status” após a promulgação da Constituição
Brasileira de 1988, enquadrado que foi, no Capítulo que trata das Funções Essenciais
à Justiça (Cap. IV Seção I Artigos do 127 ao 130), que delegou importantes atribuições
a esta entidade, tornando-a baluarte dos pleitos jurídicos que afetem o bem estar
público, ou seja, que tenha a população como a maior prejudicada, que englobam,
principalmente, a promoção de inquérito civil e a ação civil pública, voltadas para as
ações de proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos.
O Ministério Público promoverá e fiscalizará a execução da lei (CPP Art. 257),
possuindo ainda uma importantíssima função, que é a de exercer o controle externo
da atividade policial. É ainda um órgão independente, não pertencendo nem ao
Executivo, nem ao Legislativo e nem tampouco ao Judiciário, numa linguagem contábil
seria uma conta “retificadora” dos poderes constituídos, pois ele é o principal
responsável pelo interesse estatal voltado para o bem estar público (toda sociedade).
O pesquisador e Dr. Luiz Flávio Gomes, que já foi advogado, delegado, promotor e
juiz, defende um Ministério Público mais atuante nos inquéritos policiais, para ele, um
inquérito bem feito é o coração de um processo judicial, no qual o réu terá mais de
90% de chances de ser condenado, e isso só será possível com o fortalecimento do
Ministério Público41.
O Ministério Público é uma das instituições mais confiáveis do Estado brasileiro
conhecemos sua força quando ela consegue, realmente, aplicar o dito do artigo 5º da
nossa Constituição, de que todos são iguais perante a lei.
Imputando responsabilidade penal e levando a alçada da Justiça tanto o infrator
de menor expressão na sociedade, bem como aqueles que detenham certa “posição
social” a exemplo de políticos, juízes, delegados de polícia, oficiais de alta patente das
polícias militares, empresários, etc. como se têm visto ultimamente com várias prisões
de pessoas tidas importantes, na operação batizada de “anaconda”, seria cômico se
não fosse trágico, pela quantidade de “autoridades” envolvidas, ao se dar o nome do
maior ofídio brasileira a esta operação.
De toda forma o Ministério Público, quer seja por bem quer seja por mal, é o maior
aliado nos crimes contra o meio ambiente como já preconiza o Art. 6º da Lei 7.347, de
24 de julho de 1985, “Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a
iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que
constituam objetos da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção”.
Como lembrete, à ação civil pública destinam-se as ações de responsabilidades
por danos morais e patrimoniais causados: ao meio ambiente, ao consumidor, aos
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, à ordem
urbanística, a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
IBAMA
41
GOMES, Luiz Flávio. O magistrado e o dono do açougue, Revista Super Interessante Especial –
Violência, Editora Abril, 2002, p. 38 e 39.
identifica as melhores árvores para a fabricação de instrumentos musicais, gerando
renda para população local e despertando o senso de preservação da floresta.
O maior problema do órgão esta vinculada à falta de efetivo suficiente para
desenvolver as atividades de fiscalização, necessitando do apoio de outros órgãos
para suprir esta carência, como a Polícia Federal, a Polícia Militar e a Polícia Civil.
Como é uma autarquia, ou seja, é uma Entidade estatal autônoma com patrimônio
e receita própria, criado por lei, para executar, de forma descentralizada, atividades
típicas da administração pública, suas dotações orçamentárias provêm de convênios
com entidades nacionais ou internacionais, do próprio governo, dos serviços de
fiscalização e de vistoria, das multas aplicadas, etc.
A Lei nº 6.938/81 que implantou a PNMA admite, em seu artigo 17-Q, artigo este
acrescentado a essa lei pela Lei nº 10.165/2000, a autorização de celebração de
convênios do órgão com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal para
desempenharem atividades de fiscalização e controle ambiental. Isto é reforçado pelo
Art. 44 do decreto 99.274/1990, sendo ainda possível à repartição da receita obtida
com a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA.
Portanto, a carência de pessoal do Ibama pode ser compensada pela ação
conjunta com outras entidades, que poderão obter recursos desta parceria, para
melhor se equipar e gerar uma eficácia maior no cumprimento de suas funções.
Foi um acordo desta magnitude que fez com que a Polícia Ambiental alagoana
aumentasse o seu número de viaturas, passando de 02 viaturas e 02 lanchas, para 10
viaturas e 05 lanchas, no ano de 2002, o que potencializou as ações do batalhão,
permitindo um combate mais expressivo em todo o estado de Alagoas.
Polícia Civil
Como a Constituição delega poderes aos Estados e ao Distrito Federal para, junto
com a União, legislarem concorrentemente sobre matérias que tratem das florestas,
caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição, instituiu, dessa forma, a
obrigatoriedade dos Estados criarem órgãos que se destinassem às ações destinadas
à proteção do meio ambiente.
Desta maneira, surgiram órgãos como o IMA – Instituto do Meio Ambiente,
instituído pela lei nº 4.986, de 16 de maio de 1988, que em Alagoas desenvolve ações
de fiscalização e de pesquisas, conjuntamente com outros órgãos nacionais, como a
Codevasf – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, e
internacionais, a exemplo da GTZ, organização alemã, que através de convênios com
este órgão alagoano, fornece recursos para aquisição de material de laboratório,
veículos e embarcações, subsidiando, ainda, o custeio de suas atividades funcionais.
O Instituto do Meio Ambiente, no âmbito estadual, auxilia o CEPRAM – Conselho
Estadual de Proteção Ambiental, órgão similar ao CONAMA da esfera federal que é
assessorado pelo Ibama, para criar leis, normas ou portarias para assuntos
relacionados com o meio ambiente, devendo, a nível estadual, promover as atividades
de pesquisa, controle e fiscalização ambiental, bem como por em prática as atividades
correlacionadas com a difusão da educação ambiental em todos os níveis.
Como parceiro das organizações policiais o IMA pode facilitar o acesso destes
órgãos a seus laboratórios para análises de possíveis materiais poluentes, a exemplo
da tiborna, que é o subproduto do beneficiamento do processo industrial da cana de
açúcar, que em contato com a água dos rios causa a sua desoxigenação, causando
grande mortandade de peixes, prática usual de algumas Usinas Canavieiras que não
possuem uma política voltada ao desenvolvimento sustentável sem agressão ao meio.
Outro beneficio seria a capacitação dos policiais pelos profissionais das diversas
áreas cientificas que compõem o quadro dos órgãos de meio ambiente estadual, como
engenheiros florestais, biólogos, advogados, etc, que poderiam desenvolver projetos
de profissionalização, no seu termo real, dos policiais ambientais.
42
Decreto lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967 e Lei nº
6.766, de 19 de dezembro de 1979.
43
Estatuto das Cidades – Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001.
44
MEGALE, Luiz Guilherme. Ambientalismo Multinacional. Revista Veja, Ed. Especial, Ecologia. Edit.
Abril, dez. 2002. Disponível em: http://veja.abril.uol.com.br/especiais/ecologia_2002/p_060.html. Acesso
em: 24 out. 2007.
Sociedade Organizada
Parlamentares
Magistrados
45
ROCHA, Luiz Carlos. Manual do Delegado de Polícia – Procedimentos Policiais, Editora Edipro, 1ª
Edição, São Paulo/2002.
Promotores
Advogados
Qualquer cidadão que possua um curso superior tem direito a prisão especial, que
lhes garantem certas regalias, até a consumação do julgamento, os advogados
possuem um diferencial, quando do cometimento de algum crime sem estar no
exercício de suas funções terá o trâmite normal como ocorre a qualquer cidadão.
A Lei que disciplina e regulamenta os direitos e deveres inerentes à advocacia no
Brasil é a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
Será direito de o advogado ter a companhia de algum representante da OAB,
quando preso em flagrante delito, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para
lavratura do respectivo auto, sob pena de nulidade, ocorrendo à prisão por questão
adversa a anteriormente apresentada, deverá ser efetuada a comunicação expressa à
seccional da OAB que poderá ou não, se fazer representar na lavratura do auto de
prisão em flagrante.
È bem verdade que o trabalho do advogado, por vezes, não é apreciado pela
autoridade policial, porém o exercício da defesa é uma garantia expressa na lei, ao
policial cabe a função de exercer sua atividade em prol da manutenção da ordem
pública, os questionamentos jurídicos ficarão a cargos das esferas responsáveis por
seus prosseguimentos.
É importante salientar que aos advogados cabe-lhes o direito da inviolabilidade de
seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência
e de suas comunicações, inclusive telefônicas e afins, salvo no caso de busca e
apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB.
46
Disponível em http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/arquivo/principal_031202.asp#programacao,
Acesso em 20 out. 2007.
Aos advogados ainda lhes são garantidos o direito a ingressar livremente nas
salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços
notariais e de registro, e no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de
expediente e independentemente da presença de seus titulares, podendo permanecer
nestes locais sentado ou em pé e retirar-se a seu bel-prazer independentemente de
licença.
Militares
47
ROMANO, Luiz Paulo. A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro: absoluta ou relativa? . Jus
Navigandi, Teresina, ano 3, n. 35, out. 1999. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1638>. Acesso em: 22 out. 2007.
48
"Nenhum Estado soberano pode ser submetido, contra sua vontade, à condição de parte perante o foro
doméstico de outro Estado."
Neste entendimento, Costa49 (2006) sustenta que na prática de crimes afiançáveis
cometidos por autoridades, quando flagradas neste ato, deverá o agente policial, civil
ou militar, efetuar a respectiva prisão, porém não poderá conduzir o infrator a
delegacia por ser imune aos procedimentos em relação a este tipo.
No intuito de fomentar suas colocações, Costa fundamenta-se no trabalho de Luiz
Flávio Gomes que foi incisivo ao afirmar que “não se podem interpretar as imunidades
de tais autoridades como sendo uma autorização para não serem presas caso
flagradas cometendo infrações penais afiançáveis”.
Costa alerta que, em tese, a condução da autoridade a delegacia, pela flagrância
por cometimento de crime afiançável, poderá ser considerada abuso de autoridade.
Porém o policial deverá efetuar o registro sumário do fato ocorrido, apreendendo
os instrumentos ou objetos provenientes do ilícito. Os documentos e materiais
apreendidos serão conduzidos ao setor competente da Instituição a que pertença o
policial, que fará o encaminhamento ao órgão corregedor da entidade a qual esteja
vinculada à autoridade flagrada.
49
COSTA, Rafael Monteiro. Providências policiais quanto à prisão em flagrante das autoridades com
imunidades processuais . Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1187, 1 out. 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8986>. Acesso em: 22 out. 2007.
50
BEAH, Ishmael. Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado. Rio Janeiro. Ediouro, 2007.
até 12 anos de idade e como adolescente aqueles que possuem idade entre 12 e 18
anos.
No caso de apreensão de menores infratores estes deverão ser levados à
delegacia especializada ou ao órgão competente, que dará prosseguimento aos
ditames legais, e mesmo que o crime haja sido cometido com a co-autoria de maior,
deve a autoridade policial conduzi-los primeiramente, a delegacia especializada, que
se encarregará de encaminhar o adulto para a delegacia apropriada ao delito
praticado.
Como as ações de fiscalizações ambientais se verificam em regiões que, muitas
das vezes, não possui delegacias especializadas para o trato com o menor infrator, o
Prof. Luiz Carlos admite a prática dos seguintes procedimentos:
• Para a condução do menor infrator não poderá ser utilizadas viaturas fechadas,
ou que impliquem em situação humilhante, expondo-o ao ridículo popular,
porém as maiorias das viaturas policiais não são dotadas de espaço que
garantam a integridade do menor, aí incluída à integridade policial, pois quando
se tratar de menor violento nada o impedirá de tentar a fuga ou reagir, portanto,
há a necessidade de adestramento e conhecimento de causa pelos policiais,
para que não incorram em práticas contrárias as apregoadas pelo ECA e com
relação a sua própria segurança.
No decreto que regulamentou a lei que instituiu a PNMA, em seu Artigo 40 enuncia
que quando as infrações previstas na PNMA forem causadas por menores ou por
incapazes, responderá pela multa quem for juridicamente responsável pelos mesmos.
Crimes Afiançáveis e Não afiançáveis
Independente de fiança, o réu será liberado pela infração que cometa, desde que
para esta infração não seja cominada penalidade privativa de liberdade ou então
quando a penalidade não exceder a três meses. Nos casos que não exijam fiança, o
indivíduo que foi surpreendido em flagrante delito deve ser posto imediatamente em
liberdade, após a lavratura do Auto de Flagrante Delito ou do Auto de Prisão em
Flagrante Delito.
Com o advento das leis 9.099/1995 e 10.259/2001, que estendeu de um ano,
estabelecido pela primeira, para dois anos, a qualificação dos chamados crimes de
“menor potencial ofensivo”, na qual, desde que o infrator se comprometa em
comparecer a sede judiciária da região do cometimento da infração, no tempo
determinado por estas leis, poderá, o infrator, ser posto em liberdade sem a prestação
de fiança, após a lavratura do competente Termo Circunstanciado.
Se porventura o infrator for enquadrado nos itens III e IV do Art. 323 do CPP, que
trata dos crimes de vadiagem e de reincidência em crime doloso, o acusado não se
livra com ou sem fiança.
Crimes Afiançáveis
Crimes Inafiançáveis
• Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade, desde que o
réu já tenha sido condenado por outro crime doloso;
• Nos crimes punido com reclusão, que provoquem clamor público ou que
tenham sido cometidos com violência contra pessoa ou grave ameaça;
• Para o réu que tenha quebrado a fiança no mesmo processo, que acontecerá
quando, o réu beneficiado pela fiança, deixar de comparecer a qualquer ato
processual a que tenha sido intimado ou que tenha mudado de endereço ou
então se ausentado da comarca que reside por mais de oito dias sem prévia
permissão ou comunicação a autoridade processante;
Modo de Atuação
Nas ações que tratam da caça ilegal é dever do policial conhecer como agem os
infratores, como também é necessário que se conheça a área onde a atividade seja
exercida, em um estado como Alagoas, o trabalho é relativamente mais fácil, pois as
áreas de matas onde ocorre o ato ilícito não possuem grandes extensões, apesar de
Alagoas ser o estado onde se encontra a maior parte do que resta da Mata Atlântica
no Nordeste, sendo mais dificultada pela dispersão das formações florestais.
Já na Amazônia aonde as áreas de florestas são continuas e extensas, apesar da
fiscalização insuficiente, os meios empregados (embarcações e aeronaves)
conseguem cobrir grandes áreas, mas não em uma amplitude mais detalhada.
Os caçadores exercem a atividade de caça, praticamente, diuturnamente,
dependendo da atuação dos órgãos responsáveis pela fiscalização e repressão,
podem ficar arranchados em acampamentos improvisados na mata, ou apenas indo a
estas áreas em veículos, bicicletas ou a pé, os petrechos utilizados consistem
basicamente de rede de dormir, lanterna, facão, e dependendo da situação econômica
do infrator a espingarda pode ser a artesanalmente tradicional soca-têmpero ou as de
calibre diversos.
Tipos de Caça
Cano – o cano é uma das formas mais perigosas de caça, consiste em armar
um mecanismo que se utiliza canos de arma de fogo, geralmente calibres 12,
28 e 36, nas trilhas por onde passa o animal, na altura da face deste,
principalmente para animais de pequeno porte como pacas e cutias, mais
também é largamente utilizado para abate de capivaras.
Por possuir uma área costeira tão imensa, o Brasil, deveria ser uma potência
pesqueira, mas isso não ocorre, devido ao quase amadorismo no exercício da pesca,
a poluição causada no mar e nos rios brasileiros, a destruição das áreas que dão
suporte a vida marinha, a exemplo dos manguezais e a pesca predatória.
No estado de Alagoas as principais formas de agressão ao ambiente aquático são
ocasionadas pelas embarcações de pesca de arrasto, pela pesca com uso de
explosivos ou substâncias proibidas, redes com malha inferior a permitida, pesca com
compressor e a pesca com o uso de candango.
A Pesca de arrasto pode ser executada tanto por pessoas que utilizam um
equipamento chamado de reducho ou então de jereré, o primeiro é proibido em águas
interiores (rios e lagoas) já o segundo, causa impactos mínimos ao meio ambiente.
Quando a prática (pesca de arrasto) é desenvolvida por embarcações, os impactos
são desastrosos, pois revolvem o fundo do mar em busca do camarão e todas as
espécies que, porventura, estejam nas mesmas áreas, são tragadas, destruindo
muitos alevinos e tartarugas.
A pesca com uso do explosivo é muito praticada na Lagoa do Roteiro até a praia
do Gunga, na Barra da São Miguel, e no litoral norte em quase sua totalidade, numa
área que se estende do município de Barra do Camaragibe até Porto de Pedras, entre
as principais vitimas desta pescaria se encontram o peixe boi fêmea Aparecida (litoral
norte) e um golfinho (Praia do gunga), estima-se que uma bomba jogada para pesca
destrói toda forma marinha num raio de 500 metros quadrados.
Há de se considerar que na pesca exercida com a utilização de explosivos a prisão
do infrator, encontrará amparo por regulamentos que disciplinam a posse e o
manuseio destes objetos, além daqueles descritas nas leis ambientais.
A pesca com substâncias proibidas é largamente desenvolvida nos arrecifes para
a captura de polvo, o que acarreta o perecimento dos corais, com o agravante de que
na utilização de água sanitária na toca, esta nunca mais será ocupada por outro
espécime. Há ainda, a utilização de certas substâncias, que em contato com a água
cria um ambiente sem oxigênio, matando peixes e forçando certos crustáceos, como a
Aratanha, a sair de suas tocas, facilitando a sua captura.
As que utilizam rede com malha inferior a permitida ocasiona a captura de
espécies jovens, por vezes não aproveitáveis contribuindo para a extinção de
espécies.
A pesca com compressor, consiste no auxilio para que um mergulhador possa
descer a grandes profundidades, com a utilização de uma mangueira acoplada a um
compressor, que irá lhe fornecer oxigênio, utilizado, principalmente, por barcos que
fazem à pesca de lagostas, devido à “compensação de risco”, se for apreendido, o
lucro já auferido compensa a perda, porém, quem mais perde é o mergulhador, que
em algumas abordagens pela policia ambiental, ao serem içados sofrem com a
descompressão que podem causar-lhes a morte ou tornar-lhes paralíticos.
A pesca com candango é altamente rentável, uma rede utilizada nesta prática
chega a custar R$ 500,00, e uma barreira de candango envolve, no mínimo, três
redes. São redes em forma de funil com quatro a oito metros de largura, por dois a três
metros de altura e entre dez a doze metros de fundo, em uma única noite um
candango pode capturar cerca de 100 quilos de camarão. Esta é uma das atividades
pesqueiras mais combatidas e mais difíceis de controlar, devido aos custos que
incorre nestas ações, a bem da verdade, pela falha estatal em destinar uma política
séria para o meio ambiente e as constantes intervenções que impossibilitam as ações
da Polícia Ambiental.
Em Alagoas existe ainda uma pesca seletiva, conhecida como pesca de boca, em
que a maior pata do caranguejo é arrancada e o restante do animal é descartado, para
um país que quer vencer a fome, antes de uma infração isto é uma imoralidade.
Durante as ações desenvolvidas no sentido de coibir a pesca predatória há a
possibilidade de o policial confrontar-se com as situações da existência do crime
material e o crime formal, mas ambas as hipóteses são passiveis de punição.
Na Hipótese de crime material poderia configurar-se pelo fato do infrator dispor na
água o apetrecho proibido consumando a apanha do produto (peixes, moluscos, etc.).
Em se tratando de crime formal, pode haver a disposição do apetrecho (candango, por
exemplo), mas por mudança da maré não houve a captura do produto, portanto o
resultado apenas não se produziu por uma razão contrária à vontade do agente.
Há de ressaltar que na hipótese de apreensão de apetrechos, os quais foram ou
não utilizados, não implicará na efetivação das punições, porquanto a lei ambiental
não dispõe, em relação à pesca, de mecanismo que punam apenas a posse do
petrecho proibido, no caso deste ter sido utilizado e o policial conseguir apreender o
produto advindo é plenamente possível a aplicação das normas legais (crime
material).
A poluição é um mal moderno, porém seus efeitos podem ser atenuados, sabe-se
que o planeta produzia sua própria poluição, através das erupções vulcânicas e até
pelos incêndios florestais causados naturalmente, mais o homem tornou-se um
catalisador dessa ação, aumentando o nível de poluição e pondo em risco toda a vida
no planeta.
Para executar as ações de fiscalização a autoridade policial depende de um perito
ou de laboratórios e equipamentos apropriados para a detecção das diversas formas
de poluição. Existe uma revolta maior na população quando grandes efeitos, como a
mortandade de peixes, são sentidos e as autoridades não apresentam soluções
plausíveis para a resolução do problema e imputação de penalidade aos infratores.
Nas ações que envolvam a poluição as autoridades policiais pouco ou nada podem
fazer pela inexistência de meios adequados e de corpo técnico capacitado para lidar
com esta problemática.
Abordagens a Caminhões
Abordagens a Caçadores
Abordagens a Pescadores
Estes tipos de abordagens são executadas, de um modo mais amplo, em alto mar
ou em rios de proporções consideráveis, a exemplos do Amazonas e São Francisco, o
primeiro permite o deslocamento de grandes embarcações, já no segundo, o
assoreamento, com a conseqüente diminuição de sua profundidade permite ainda o
deslocamento de grandes barcos, mas de intensidade menos constante e com
percursos reduzidos.
Nos rios a prática pesqueira envolve algumas irregularidades, porém estes sofrem
mais com os esgotos domésticos e descartes de resíduos industriais, além da
destruição das matas ciliares, descobrindo suas margens propiciando o seu
assoreamento, há ainda a morte dos rios brasileiros causada pelo despejo de metais
pesados provenientes de garimpos, como o mercúrio, entre outros. Como já foram
tratadas as formas de abordagens a pescadores, e nestas são verificadas em áreas de
rios e lagoas, neste tópico trataremos das abordagens em alto mar.
51
ASSUMPÇÃO, Fábia. Pescadores acusam BPA de favorecer pesca predatória, com devoluções das
apreensões. Disponível em: http://gazetaweb.globo.com/gazeta/Frame.php?f=Index.php&e=1244, Acesso
em 25 jan. 2006.
Para efeito legal considera-se embarcação pesqueira a que encontra-se
devidamente inscrita no Registro Geral de Pesca, dedicando-se, exclusivamente e
permanentemente à captura, transformação ou pesquisa dos seres animais e vegetais
que tenham nas águas seu meio natural ou mais freqüente de vida.
As embarcações utilizadas para pesca em alto mar, principalmente no Nordeste
brasileiro, são as que possuem motores de baixas cilindradas com até seis cilindros,
porém nada implica que na região existam embarcações com cilindrada superior.
Normalmente barcos com menos de um até três cilindros são utilizados na pesca
de peixes com linha, entre uma e quatro para a prática da pesca de arrasto, de três ou
mais, para a pesca com compressor.
As informações aqui contidas são baseadas nos trabalhos realizados pelo autor
por onze anos no BPA, isto não é regra, barcos podem exercer os mais diferenciados
tipos de pesca independente da cilindrada, exceção o caso do arrasto, pois depende
de relativa potência para imprimir força na movimentação da rede.
A utilização de embarcação de baixa cilindrada na perseguição de barcos que
pescam lagosta com compressor não é aconselhável, pelo desgaste da guarnição em
não conseguir alcançar o infrator, dependendo exclusivamente que ocorra alguma
quebra mecânica na embarcação que se evade, isso já ocorreu, mais também pode
ocorrer com o barco perseguidor e a guarnição poderá ficar a deriva.
Nas áreas costeiras de Alagoas as embarcações que mais praticam este tipo de
pescaria vêm de outros estados, como Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco,
principalmente das cidades de Tamandaré e São José da Coroa Grande, no estado as
embarcações que executam esta pescaria são mais comuns no litoral norte, nas
cidades de Barra de Santo Antonio e no povoado de Barra Grande no município de
Maragogi.
Existem informações nunca comprovadas que durante a perseguição policial o
mestre da embarcação chega a cortar a mangueira que bombeia ar para o
mergulhador, o qual a 32 braças de profundidade, em média, não tem como retornar a
superfície, perecendo no local, outras vezes, como já presenciado, estes
mergulhadores são puxados para bordo sem a devida espera do período de
descompressão o que pode ocasionar uma embolia gasosa, cujos sintomas evoluem
desde o inchaço em algumas áreas do corpo, podendo ocasionar paralisia permanente
ou até mesmo a morte.
52
Animais Peçonhentos e Venenosos. Disponível em: http://rpg_ficcao.sites.uol.com.br/Ciencia/Peconhas.htm,
Acesso em 01 set. 2006.
o sangue ou fazer incisões não são procedimentos que possuam uma evidência
segura de eficácia, podendo agravar os sintomas da vitima ou pode contaminar a
quem se dispõe a socorrer.
Já os animais venenosos são aqueles que para produzir o efeito tóxico necessita
ter um contato físico externo com a vitima ou que por esta seja digerida, alguns
exemplos de animais venenosos seria o sapo-cururu, o baiacu, sapos venenosos, etc.
Animais com exuberâncias de cores, em sua maioria, apresentam capacidades
toxicológicas.
Controle Emocional
Necessidades Básicas
Água
A água é tão importante para o ser humano, que ela compõe cerca de 70% de sua
composição corporal, o homem suporta, de acordo com seu biótipo, vários dias sem
alimentar-se, mais sem água a chance de sobrevida na selva é drasticamente
reduzida, devendo o indivíduo priorizar a sua obtenção, pois ao caminhar existe a
liberação da sudorese, essencial a manutenção do nível de temperatura corporal, mas
que implica na perda de grande quantidade de sais minerais, causando exaustão e
fadiga, e que apenas poderão ser repostos pela ingestão constante de água. De modo
algum deverá o sobrevivente lançar mão de outros líquidos, como álcool, gasolina,
urina, à falta absoluta da água.
A princípio, toda água das florestas é potável, em caso de dúvida o indivíduo
poderá fervê-la por cinco minutos, podem ainda servir para a obtenção de água, a
obtida com a chuva ou em árvores que absorvem água e as mantém em seu interior
armazenadas, as que ficam empossadas em plantas e folhas também podem ser
consumidas, desde que sejam fervidas para purificá-las.
Obtenção de Alimentos
Fogo
Das três necessidades básicas o fogo é que não possui importância primordial,
mais tem utilidade essencial para o indivíduo, pois permite cozinhar, ferver água,
esterilizar alimentos, secar roupa, aquecer o corpo, como forma de sinalização para
ser vista pelas equipes de resgate, e para iluminar e manter a segurança noturna
contra ataques de animais.
Em regiões de mata a escuridão ocorre de forma rápida, geralmente na Mata
Atlântica por volta de 16:00 horas já começa a haver a adequação da visão para um
ambiente com pouca luminosidade, em uma floresta como a Amazônia com certeza o
problema é bem mais complicado, por esta formação possuir árvores de copa mais
elevada.
Com o advento da escuridão a floresta que já é úmida começa a esfriar de forma
absurda, atingido o seu pico entre o inicio e término da madrugada, neste ínterim o ser
humano pode ser acometido de hipotermia, que é a queda brusca de temperatura do
corpo e pode ocasionar a sua morte, uma das funções do fogo consiste em equalizar a
temperatura corporal do indivíduo, atenuando o efeito do frio da floresta.
Silvícolas são aqueles indivíduos que vivem necessariamente das florestas, neste
contexto estão classificados os índios, em Alagoas as tribos existentes já possuem
contato constante com o homem branco e estão altamente aculturados, e a lei definiu
a FUNAI como tutor das comunidades indígenas, estando estas sujeitas a leis
especiais.
Em regiões como as compreendida pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Amazônia existem grandes quantidades de índios que ainda vivem em aldeias e
isolados de forma direta com o homem branco, o contato com a cultura branca se dá
através dos missionários e pelos sistemas de áudio-difusão.
Cada grupo indígena possui certas características inerentes a sua tribo, o contato
com estes envolve a necessidade de não ir de encontro a regras que regem a
sociedade indianista, por exemplo, homens tomam banhos separados das mulheres,
O namoro é respeitoso (só há beijos na testa), entre os ianomâmis, o infanticídio é
consentido pela mãe, quando esta não possui condições para criar o filho. É comum o
uso de ervas abortivas entre as mulheres ianomâmis, etc.
Individualmente, cada índio, possui uma atividade dentro do grupo social de sua
comunidade, em algumas tribos após os doze anos o indivíduo é considerado adulto,
em outras envolve certos rituais para adentrar a idade adulta, os homens são
responsáveis pela caça, e às mulheres pelas atividades domésticas, etc. Nas aldeias
existem um líder da tribo e o líder espiritual.
Em Alagoas as comunidades indígenas estão localizadas em áreas densamente
povoadas e seu contato com o homem branco ocorre de forma constante, como ocorre
em Palmeira dos Índios, São Braz e Pariconha.
Nas ações policiais, a comunidade terá voltada a sua atenção, para a maneira de
agir e de se portar do policial, independentemente da corporação que esteja o
profissional inserido, como se diz no jargão policial “o comandante é o espelho da
tropa”, o mesmo se aplica ao policial que exerce a atividade de policiamento
ambiental, cujas ações refletiram sobre o conceito lhe atribuído ou a sua unidade
policial por toda a comunidade, importando numa maior ou menor colaboração das
comunidades.
Não é incomum a algumas instituições sérias, após desempenharem um papel
abrilhantado em sua história, sofrerem algum tipo de mancha, causada pela ação
antiética ou antiprofissional de membros de seus quadros, e o pior, depois de anos e
anos para construir uma imagem, seus méritos são totalmente desconsiderados
quando do cometimento de atos imorais praticado por algum componente da
instituição.
A reflexão se faz necessária porque ao pensar em agir de forma equivocada ou
inconseqüente, o agente público não estará destruindo apenas sua imagem, mais o de
toda uma instituição polida por ações, por vezes, essenciais a toda a sociedade, como
o são as organizações policiais.
Neste tópico tentaremos desvendar, em parte, as formas apreciáveis de conduta
do profissional, em uma visão que pode parecer romântica, não atingindo, por vezes, o
sentido real do problema, pela necessidade de se haver um estudo bem mais amplo e
aprofundado, além da busca incessante da manutenção da imagem impoluta da
Corporação, porquanto o agir de maneira incompatível do policial, sofrerá maior
conotação quando da incompetência ou falta de interesse de resolução por parte do
comando, em conter as eventuais falhas de caráter de seus profissionais.
Não há nada que mais destrua a qualidade de vida e a dignidade humana do que
se entregar aos vícios da bebedeira, jogatina e promiscuidade, o que também tendem
a causar a destruição de vida em sociedade do indivíduo pela falta de controle, deste,
em se desvincular do vicio, gerando reflexos em todos os seus níveis de
relacionamento.
A bebida foi criada desde os primórdios da civilização, possuía até um Deus
próprio, na antiguidade, porém a bebida utilizada em demasia pode ocasionar graves
problemas orgânicos, principalmente ao fígado.
Ao policial, que faz uso constante desta substância, pode lhe infringir
conseqüências maiores, como a perda do emprego. Porém, antes de tratá-lo como
uma aberração a ser combatida, as unidades policiais devem estudar as causas que
levaram o policial a enveredar o caminho da bebida, procurando combatê-las na raiz,
encaminhando aos órgãos que possam dar um novo impulso na vida do indivíduo
como os alcoólicos anônimos, ou departamentos análogos dentro da própria
instituição.
Jogos de entretenimento é costume dentro das organizações, o uso de
determinados tipos de jogos durante a hora de folga do policial, não implica em
formação de má conduta, desde que não existam regulamentos que impeçam essa
prática, porém a incitação da transformação de um passatempo, em uma atividade
ilícita, passando a configurar a prática de jogos de azar, nos quais há aposta de
dinheiro, munições, etc., devem a todo custo ser evitada. Porque são elementos
constitutivos de crime, além de facilitar a degradação social do policial, que para
manter o vicio tenderá a usurpar da própria família para satisfazer o impulso de jogar,
ou buscará através de meios ilícitos obterem recursos ou fonte de aposta para a
prática delituosa.
O jogador inveterado também é uma pessoa que necessita de acompanhamento
psicológico e familiar para se abster desta forma perversa de destruição moral.
Promiscuidade, esta prática é bem difundida em um país marxista como o Brasil,
em que o homem para ser melhor aos seus iguais tem que ser um conquistador,
porém, ao policial deve ser evitado este tipo de vicio, pois a sua inclusão neste meio
favorecerá a destruição do seu lar e uma diminuição considerável de seu poder
aquisitivo, podendo tornar-se alvo fácil daqueles que ensejam exercer “atividade ilícita”
e que, para isso, dependa do suporte possível de ser permitido pelo policial que fácil
seja subjugado
Situações como as descritas poderão influir de maneira bem mais objetiva com o
caráter policial, incidirão sobre seus atos inclinando-o para as práticas de crimes
maiores como a corrupção, e ao abuso de autoridade, que será acompanhada
usualmente da prática da violência policial, com conseqüências danosas, inclusive
para a corporação, que será principal ente em evidência.
Corrupção Policial
A corrupção policial é um assunto que há muito vem sido discutido no Brasil, pois
toda sociedade pergunta-se, o que leva um policial a tornar-se corrupto, se
aprofundarmos neste paradigma dificilmente chegaremos a uma conclusão que não
seja taxada de corporativista ou até mesmo discriminatória.
Primeiramente, nenhumas das instituições policiais estão livres de possuírem
profissionais corruptos, desde o policial militar, que na maioria dos estados brasileiros
percebem pouco mais de dois salários mínimos, até o delegado de polícia federal que
recebe, mensalmente, quase que dez vezes mais que o segundo, o problema se
verifica quanto à forma que a instituição policial trata estes casos, nas policias militares
o processo de desligamento do policial envolvido com o crime é praticamente
instantâneo, enquanto outras organizações podem levar anos para punir maus
policiais.
A corrupção não é exclusividade dos organismos policiais ou de países em
desenvolvimento como o Brasil, o problema consiste no fato de que nestes países os
efeitos da corrupção são mais perceptíveis por refletir numa relação de descrédito e de
injustiça, atingido uma contingente maior de suas populações.
Em 1997 o Greenpeace53, apresentou um relatório o qual apontava o endemismo
representado pela corrupção nas principais nações produtoras de madeiras tropicais,
demonstrando que houve indícios da prática de corrupção de madeireiras malaias,
japonesas e coreanas, destinadas a Ministros, Políticos e funcionários
governamentais, das Ilhas Salomão, Malásia, Guiana e Papua Nova Guiné.
No Brasil existe lei para quase tudo, mais a aplicabilidade delas é um tanto que
incógnita, alguém certa vez falou que se mede a corrupção em um país pelo número
de leis que ele possui, e isso não é do todo incoerente, pois em uma nação em que se
criam leis para formar o caráter social da sociedade haverá uma clara demonstração
de como nesta sociedade, seus valores estarão corrompidos.
Para existir o corrupto tem que existir a figura do corruptor, ou vice-versa, o policial
é fruto do meio em que vive, para ele, “pedir” um troco para a cerveja é algo normal, e
para o cidadão que dá esta “gratificação” assim age, ora por medo, ora por justificar
inconscientemente que o policial faz isso pelo baixo salário que recebe, ou então para
evitar alguma penalidade por alguma infração que esteja cometendo.
Uma das piores faces da corrupção é a sua transformação em extorsão, quando o
policial, utilizando a “autoridade” que lhe é conferida pelo Estado para proteger o
cidadão, a utiliza para obter vantagem ilícita, como manter sob seu poder algum
documento da pessoa abordada em troca de alguma mercadoria ou até de dinheiro.
Ao policial que se corrompe restará manter suas “fontes” protegidas da incursão de
outros policiais, o que poderá gerar conflitos de interesse cujos efeitos poderão
desestabilizar qualquer tentativa de controle policial a fatos ilícitos que se
desenvolvam.
Desvio de Conduta
A corrupção é uma das formas de desvio de conduta do policial, ela será mais
intensa de acordo com o risco que a atividade ilícita lhe ofereça, por exemplo, quando
as leis ficam mais duras elas abrem espaços para que as ofertas de “serviços” ilegais
sejam supervalorizadas, outra forma de haver um aumento considerável de preço
ocorre quando os órgãos internos e externos realizam um combate mais expressivo a
corrupção policial, tornando a sua prática mais arriscada, quanto maior o risco, maior
será o “ganho”, porque muitos deixarão de praticar, sobrando poucos agentes com
ímpeto para assumir os riscos.
O policial corrupto pouco se importará com qual atribuição de seu valor próprio ou
caráter, para valer a sua necessidade de se corromper ele tenderá a se tornar
arbitrário e até mesmo colocar em risco a vida de seus companheiros íntegros,
fornecendo informações sobre as operações a serem realizadas, como agirão os
policiais, quantos serão, etc.
Quanto maior a posição do corrupto, mais difícil será seu combate, porquanto o
policial subordinado não encontrará incentivo em executar suas funções, tornando-se
omisso por não acreditar no sistema, gerando um sistema de “cortesia” em que boa
parte do efetivo sabe o que acontece, mas possui a idéia de que nada mudará o
quadro que se forma, portanto não se empenhará pela resolução do problema por este
ser “insolúvel”.
53
TONI, Ana. Desflorestando o planeta, relatório Greenpeace sobre as madeireiras asiáticas – em
particular, da Malásia. Disponível em: http://www.greempeace.org.br/amazonia/desflorestando_planeta.pdf.
Acesso em 10 dez. 2006.
Combate a Corrupção
Resposta à Sociedade
Todo atividade estatal gera uma expectativa junto à sociedade, a qual espera que
haja uma correlação cordial entre o que ela desembolsa em impostos, com os serviços
que ela espera em ser atendida.
Assim segue que a sociedade exige, ao menos, que tenha educação, segurança e
saúde, sobre estes pilares formam-se as demais gerações de serviços estatais para
suprir a demanda por causas especificas e que se façam condizente aos fins sociais.
A principal resposta que a sociedade espera da Polícia Ambiental, é a manutenção
de ações que visem coibir as práticas infracionais com relação ao meio ambiente, bem
como sua disponibilidade em ministrar palestras e compor comissões que possam
sugerir implementações de medidas efetivas, para a manutenção da qualidade de vida
desta mesma sociedade.
O maior problema que se abate nos organismos ambientais, é que o combate
extensivo por vezes ignora as denuncias e desejos da sociedade em que a haja a
ação do estado para cessar as eventuais práticas abusivas contra a natureza.
Rother54 (2007), tornou de conhecimento público que, uma pequena cidade,
localizada as margens da BR-319, denominada “Realidade” necessitou da ação de
agentes de fiscalização para conter a pesca contra espécies protegidas e o abate de
peixes-boi, que estariam sendo cometidos por indivíduos estranhos àquela
comunidade.
Contudo, apesar dos apelos dos moradores daquela cidade, não houve a resposta
imediata do órgão responsável, os quais foram dispensados e “incentivados” a exercer
o trabalho do estado por conta própria.
Atitudes como esta, geram desconfiança, repúdio e distanciamento dos órgãos
ambientais com as comunidades que vivem em lugares ermos, os quais serão
segregados e compelidos a desenvolverem práticas de proteção pela inoperância
estatal, como dificilmente isto ocorrera, o estigma que se abaterá sobre as unidades
de fiscalização, importará na ineficiência dos serviços prestados.
Atenção especial deve ser dada a qualquer fato que necessite da intervenção do
estado, devendo o funcionário público estar capacitado a tentar resolver as lides que
surjam, da melhor forma, para contornar possíveis deficiências.
O principal usuário da polícia ambiental é o individuo rural, que na maioria das
vezes não possui a instrução necessária, e que antes de sentir-se humilhado, por não
ter a devida atenção, deve ao menos dispor de um pouco de respeito a sua condição,
o que possivelmente poderá minimizar suas “frustrações”.
Apesar do interesse imediato, leis e normas surgiram para gerar o estado
democrático de direito, sob o qual não poderão se sobrepor o abuso de autoridade ou
a presunção de inocência do cidadão.
Desta forma, entendemos que a função de policial ambiental, gerará as respostas
adequadas para as comunidades, no momento em que conseguir coadunar eficiência
e presença estatal, com o desenvolvimento da educação ambiental.
O policial não é um ser estranho a sociedade, dela faz parte, interage e deve
participar no sentido de gerar os meios da perpetuação da manutenção da ordem
54
ROTHER, Larry. Brasil aposta no monitoramento enquanto madeireiras avançam na Amazônia.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2007/01/14ult574u7222.jhtm. Acesso em
14 jan. 2007
pública numa correlação de cumplicidade com o cidadão a fim de auferir o resultado
positivo as ações que se designe, e as quais sejam de sua obrigação, executar.
PARTE V – MEIO AMBIENTE E
SUAS PECULIARIDADES
MEIO AMBIENTE
Definição
Há de se concordar com Sirvinskas57, que para não tornar o estudo sobre meio
ambiente aprofundado demais, e baseado no conceito sobre meio ambiente formulado
por José Afonso da Silva, dividiu o meio ambiente da seguinte maneira:
55
SILVA, José Afonso da . Direito Ambiental Constitucional, 2ª ed., São Paulo, Malheiros Ed., 1998, p. 2.
56
SIRVINKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 1ª Ed., São Paulo. Ed. Saraiva. 2002. p. 38.
57
SIRVINKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 1ª Ed.. São Paulo. Ed. Saraiva. 2002. p. 25.
• Meio Ambiente Cultural – é formado pelos bens de natureza material e
imaterial, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico;
Preservar e Conservar
58
ROSING, Norbert. A Fronteira Final, Revista Veja, Edição Especial, Ed. Abril, Dezembro de 2002, p. 68
59
Biodiversidade é um termo derivado da abreviação da expressão Diversidade Biológica, e foi utilizado
pela 1ª Vez na 2ª metade da década de 80, sendo reconhecida sua validade pela Convenção sobre
Diversidade Biológica, no ano de 1992, quando da realização da Eco-92, no Rio de Janeiro.
60
Fonte: Revista Veja, Edição Especial nº 22, “Ecologia”, Ed. Abril, Dezembro de 2002, p. 16
61
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Responsável: Dr. Carlos R. Bueno,
Extraído do Site: http://www.ecoterrabrasil.com.br/
Por esses motivos existe uma preocupação global com relação ao Brasil, quanto
ao uso de seus biomas62, por estarem configurados como uns dos mais importantes
sistemas ambientais do mundo. Essa preocupação tem fundamento, pois segundo
alguns especialistas, só com medicamentos, cujas substâncias ativas são
provenientes de espécimes das matas e florestas brasileiras, podem ser gerados US$
2 bilhões anuais. Além da possibilidade de surgimento de remédios para combater a
mortalidade exacerbada no mundo, causada por doenças como câncer, Aids, doenças
cardiovasculares, esquistossomose, entre outras.
Surgiu à necessidade de a humanidade saber, se é melhor conservar ou preservar
estes biomas. Apesar de serem palavras etimologicamente de mesmo sentido, para
Servinskas63, a melhor definição, em um estudo direcionado ao Direito Ambiental,
seria: “Conservar é permitir a exploração econômica dos recursos naturais de maneira
racional e sem causar desperdício (manejo sustentável), já Preservar, é a proibição da
exploração econômica dos recursos naturais”.
Como o Brasil possui dimensões continentais, torna-se quase uma hipocrisia dos
demais países do globo exigir deste uma melhor conservação do meio em que
vivemos. A população brasileira, possui uma das maiores diferenças sociais do
mundo, que poderá ser combatida com o aproveitamento dos recursos naturais de
forma consciente e sustentável, sem agredir ao meio. Porém, enquanto alguns países
ricos apregoam a necessidade do desenvolvimento sustentável, alguns de seus
centros de pesquisa, se aproveitam do mercado da biopirataria, desenvolvendo
medicamentos e lucrando, enquanto para os países donos de importantes biomas,
sobram apenas, os gastos com fiscalização e desenvolvimento de atividades
sustentável, sem nenhuma participação nas descobertas, empurrando cada vez mais,
as espécies animais e vegetais para o caminho quase sem volta da extinção.
A necessidade de preservar e conservar, não só o mais importante dos biomas
brasileiros, a Amazônia, mais também os demais sistemas ambientais (Mata Atlântica,
Cerrado, Manguezais, etc.), parte-se do pressuposto de que estes funcionam como
reguladores do clima, portanto, sendo também catalisadores naturais do planeta.
Neste contexto, fornecem produtos (lenha, madeira, palmito, etc.) e também
subprodutos (carvão, celulose, etc.) florestais, que movimentam, em rendas diretas,
algo em torno de US$ 21 bilhões por ano só no Brasil64. Já de forma indireta, existem
os serviços prestados na regulagem do clima, na conservação dos mananciais e do
solo. Segundo um estudo de 1997, realizado pela Universidade de Maryland, nos
Estados Unidos, foram avaliados em US$ 3,8 trilhões por ano, contabilizados os
serviços prestados pelas florestas tropicais, ao captarem carbono e emitirem oxigênio,
ajudando a equilibrar o clima no planeta.
Estudos realizados (1997) por uma equipe composta por pesquisadores norte-
americanos, holandeses, argentinos e pela pesquisadora brasileira Mônica Regina
Grasso (Mestra em Oceanografia pela USP e doutoranda da Universidade de
Maryland), sob a Coordenação de Robert Constanza, e publicado na Revista Nature
Vol. 387, nº 623065, foi mais além, quando estimou algo em torno de US$ 33 trilhões,
o valor dos serviços proporcionados pela biodiversidade mundial à humanidade,
ressalve-se que este não é um valor absoluto e que em termos monetários a
prestação de serviços relevantes gerados pelos ecossistemas existentes no planeta
podem suplantar facilmente a cifra apresentada.
62
Biomas são zonas biogeográficas distintas.
63
SIRVINKAS, Luís Paulo, Manual de Direito Ambiental, 1ª Ed., São Paulo, Ed. Saraiva, 2002, p. 05.
64
SCHARF, Regina. Florestas para o Desenvolvimento.Revistas Galileu, Ed. Globo, Out/2002, p. 40.
65
Artigo: “O Valor dos Serviços de Ecossistemas e do Capital Natural”, extraído do Site do Ministério do
Meio Ambiente, http://www.mma.gov.br/biodiversidade/relatorio98/quadro 11.html , disponível em 21 de
novembro de 2005
Portanto, a política governamental para o meio ambiente, deve ser direcionada
para projetos de conservação e preservação do meio ambiente natural. Os dados
mostrados, concluem que as florestas serão fontes de rendas valorosas, desde que
manejada adequadamente, levando a necessidade de se avaliar se o país estará
disposto a arcar com as conseqüências das ingerências nesta área.
Floresta Amazônica
a) Desmatamentos
66
MEGALE, Luis Guilherme. O Planeta Está de Olho. Revista Veja, Edição Especial, Ed. Abril,
Dezembro de 2002, p. 16 e 18
derrubam a mata nativa para dar lugar a pastagens e a agricultura, respectivamente,
agindo em parceria com madeireiros que dão destinação final aos produtos florestais,
que vão parar em serrarias legais e ilegais, e daí exportadas para fora do país, ou
destinadas ao Estado de São Paulo (destino de duas entre dez árvores derrubadas
ilegalmente na Amazônia). Sete de cada dez árvores cortadas na Amazônia brasileira
tombam em três estados: Mato Grosso, Pará e Rondônia. Tem se verificado a cada
ano o desmatamento de uma área do tamanho do estado de Sergipe, correspondente
a 20.000 quilômetros quadrados, segundo dados do INPE.
A exploração na Amazônia foi intensificada na década de 40 do século XX, através
de estímulos governamentais com incentivos fiscais e com a implantação de projetos
agropecuários na região, podemos concluir que a intenção na época seria a de povoar
a região, garantindo a soberania nacional, porém o desflorestamento esta atingindo
índices alarmantes pela falta de políticas coerentes para a gestão dos recursos
florestais disponíveis. O corte de árvores danificou 1,5 milhão de hectares em 1997 e é
o principal fator de destruição da cobertura florestal nativa da Amazônia, dos 36
pontos críticos de desmatamento nesta região, 72% estão relacionados à indústria
madeireira, de toda madeira extraída, 80% foram obtidas de forma ilegal67.
Em 2005 o Jornal Folha de São Paulo68 apresentou dados preocupantes à cerca
dos desmatamentos efetivados na Amazônia, ao divulgar os números da destruição no
período de 2003-2004, quando foram devastados 26.130 km2 de floresta, um aumento
de 6,23% em relação ao período anterior (2002-2003) que se situou em 23.750 Km2,
só não sendo maior do que a degradação ocorrida entre 1994-1995 quando 29.059
Km2 deixaram de existir. Este monitoramento é realizado desde 1988, e segundo
cálculos do INPE já houve a perda de aproximadamente 680 mil Km2 da área total da
floresta, o que corresponde a 18% da Amazônia, sendo o Mato Grosso e Rondônia os
estados que apresentaram aumento nos índices em relação aos estudos anteriores,
conquanto outros estados monitorados, apresentam certo declínio no
desflorestamento. A principal causa do aumento do desmatamento esta vinculada à
expansão da fronteira agrícola.
O aumento da atividade madeireira também se configura como uma causa
crescente no ritmo de desaparecimento da floresta, segundo o IMAZON69, em 2004 as
empresas madeireiras extraíram 24,5 milhões de m3 de madeira em tora, deste total
foram aproveitadas de forma eficiente 42% do que foi extraído (10,4 milhões de m3),
após o processamento 64% foi destinado ao mercado interno e 36% ao externo,
gerando US$ 936 milhões em 2004. Atualmente, 5% da população economicamente
ativa da Amazônia estão envolvidos, direta ou indiretamente, com a atividade
madeireira (344 mil pessoas). O principal produtor de madeira em 2004 foi o Estado do
Pará com 45% do total, seguido por, Mato Grosso, 33%, e Rondônia com 15%. O
Estado brasileiro que mais consumiu madeira amazônica foi São Paulo 15%, outros
estados do sul e sudeste absorveram de forma conjunta 27%, o Nordeste e o Centro-
Oeste consumiram 7% e 4%, respectivamente, e os 11% restantes são consumidos na
própria região amazônica.
A via de solução para se promover uma real efetivação do controle nos níveis de
desmatamento, conforme os colaboradores do IMAZON, seria o Zoneamento de áreas
para desmatamentos, evitando-se as imigrações dos pólos madeireiros, permitindo um
maior controle governamental; Desenvolvimento de processos produtivos menos
67
COTTON, Catherine; ROMINI, Traci. Relatório do Greenpeace sobre as companhias multinacionais
madeireiras na Amazônia Brasileira, dados de abril de 1999. Disponível em:
http://www.greenpeace.org.br/amazonia/face_destruicao.pdf. Acesso em 24 out. 2007.
68
CONSTANTINO, Luciana. Desmatamento é o 2º mais alto da História. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13242.shtml. Acesso 19 maio 2005.
69
LENTINI, Marco; VERÍSSIMO, Adalberto; PEREIRA, Denys. A expansão Madeireira na Amazônia.
Disponível em: http://www.imazon.org.br/upload/ea_2p.pdf. Acesso em 20 mai. de 2005.
dispendiosos, a elevação da eficiência de 42% para 45% seria o suficiente para
poupar 108 mil hectares de florestas, ou 1,6 milhões de m3 de madeira em tora; e
Incentivos para a agregação de valor aos produtos processados, principalmente os
destinados à construção civil.
A principal aposta do Governo Federal para conter o avanço da destruição sobre a
Amazônia é a Lei de Gestão de Florestas, Lei nº 11.284/06, porém a efetiva
possibilidade de controle é questionável, pois o governo agiu com “apagogia”,
porquanto transformou um problema em uma fonte de impostos, de capacidade
fiscalizatória ínfima.
b) Mineração
c) Queimadas
Por um lado, o Brasil consegue produzir energia de uma forma menos prejudicial
ao meio ambiente, por outro, a conseqüência de implantação da mesma metodologia
na região amazônica produz em efeito contraditório, principalmente pela necessidade
de alagamento de vasta área para garantir a funcionabilidade da usina. O que nem
sempre garante a variante favorável na balança do custo x beneficio, como é o caso
da Usina Balbina localizada na região norte de Manaus, onde a baixa relação entre a
área alagada e a potência elétrica tornou-se um ícone da inviabilidade econômica e
ecológica em todo o mundo. Em contrapartida temos o exemplo da Usina Binacional
de Itaipu, localizada no Rio Paraná, apesar de ter o sétimo reservatório, em tamanho,
do Brasil, apresenta a melhor equação de aproveitamento entre a capacidade
instalada x área inundada, até neste aspecto, o Brasil é um país de enormes
contrastes.
e) Biopirataria
d) Narcotráfico
DADOS FONTE
• O Rio Amazonas deságua 175 milhões de litros de água http://www.vivaterra.org.br/
no Oceano Atlântico, quantidade que corresponde a
20% da vazão conjunta de todos os rios da terra
• Das 100 mil espécies de plantas que ocorrem em toda http://www.vivaterra.org.br/
América Latina, 30 mil estão na Amazônia.
• A Amazônia se estende por seis países, representa a http://www.inpa.gov.br/
1/20 da superfície terrestre, quatro décimos da América
do Sul, 3/5 do Brasil, 1/5 das reservas de água doce do
planeta, 1/3 das reservas mundiais de florestas
latifoliadas e 69% dessa área pertence ao Brasil. *
• 15 trilhões de m3 é o volume anual de chuvas na Bacia http://www.inpa.gov.br/
Amazônica*
• O volume de água na Foz do Rio Amazonas, http://www.inpa.gov.br/
dependendo da época do ano, varia entre 100 a 300m3
por segundo.*
• Considerando uma vazão média de 200m3 por segundo, http://www.inpa.gov.br/
o consumo diário de uma cidade de 2.000 habitantes
seria suprido por um segundo do rio.*
• Existem cerca de 3.000 espécies de peixes na http://www.inpa.gov.br/
Amazônia, que representa 85% da América do Sul e
15% das águas continentais, estudos no Estado do
Amazonas mostraram que apenas 36% destas espécies
são exploradas.*
*Dados extraídos do Site: http://www.exoterrabrasil.com.br/, com base em estudos procedidos pelo Dr. Carlos R.
Bueno, demonstrados no Site do INPA.
Mata Atlântica
70
Hotspots ou pontos quentes, são áreas distribuídas em todos os continentes, que juntas ocupam
apenas 2% da superfície terrestre, e nelas são encontrados 1/3 de todos os vertebrados e plantas
conhecidas do planeta.
A Mata Atlântica esta situada em regiões que se caracterizam por um clima
tropical, quente e úmido, com temperaturas que variam de 18ºC a 28ºC, com duas
estações bem definidas, um verão (chuvoso) e um inverno (seco), com índice
pluviométrico de 1.500 milímetros anuais.
Dos principais problemas que ameaçam a Mata Atlântica, se destacam:
a) Desmatamentos
b) Assentamentos Agrários
71
Fonte: http://www.vivaterra.org.br/
Mantiqueira72, englobando os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Espírito Santo.
A Biodiversidade da Mata Atlântica é bem significativa, possuindo em torno de
20.000 espécies de plantas e mais de 2.000 espécies de animais (mamíferos, répteis,
anfíbios e peixes). Uma grande concentração de espécies endêmica, cerca de 40% da
fauna da Mata Atlântica, só existe nela. Na atual lista nacional da fauna ameaçada de
extinção no Brasil, 171 espécies são deste bioma, o que corresponde a 43% do total, e
isto sem contabilizar as possíveis espécies de peixes que possam incrementar
números lamentáveis a lista. Todos os oito animais extintos recentemente no Brasil
eram nativos da floresta atlântica73.
Ações desenvolvidas por empresas e particulares também ajudam na tentativa de
promover a conservação deste bioma. Em Alagoas, existe a maior reserva de Pau
Brasil do país, que foi descoberta recentemente em Coruripe, em uma área de
domínio particular, além de áreas de reserva mantidas por usinas de beneficiamento
da cana-de-açúcar, o que permite ao estado de Alagoas ser o detentor de 60% de
toda a Mata Atlântica que ainda existe no Nordeste brasileiro.
Dados Curiosidades
• 2,2 mil espécies de borboletas 950 endêmicas
• 620 espécies de aves 181 endêmicas
• 280 espécies de anfíbios 253 endêmicas
• 261 espécies de mamíferos 73 endêmicas
• 140 espécies de répteis 70 endêmicas
• Várias espécies de Árvores 50% endêmicas
• Várias espécies de Orquídeas e Bromélias 70% endêmicas
Pantanal Mato-Grossense
a) Agricultura
72
Fonte: http://www.vivaterra.org.br/
73
MENCONI, Darlene. O verde contra-ataca. Revista Isto É, nº 1.809, 09 jun. 2004. Disponível em:
http://www.terra.com.br/istoe/. Acesso: 05 jul. 2005.
74
Revista Isto É, Edição nº 1.826, 06 de outubro de 2004, extraído da edição on-line da revista.
pondo em perigo este bioma (também do uso de defensivos agrícolas que contaminam
o solo e rios da região).
Atualmente pretende-se facilitar a produção de álcool através de usinas de cana-
de-açúcar, nos tabuleiros que fazem parte das paisagens do Pantanal, gerando
divergências entre a sociedade organizada (ambientalistas) e o governo do estado sob
gestão do Partido dos Trabalhadores (PT), que ganhou mais notoriedade quando do
posicionamento da Ministra do meio Ambiente, Marina Silva, em favor do Pantanal.
Mais uma vez um bioma brasileiro é ameaçado pela dita necessidade de
desenvolvimento, porém as usinas espalhadas pelo Nordeste Brasileiro, por si só são
uma demonstração dos benefícios e prejuízos que podem ser geradas por estas
atividades, a busca do entendimento se faz necessária para a consolidação dos
pilares do desenvolvimento sustentável.
b) Pesca Predatória
Além de sofrer com os defensivos agrícolas que após períodos de chuvas são
descarregados nos rios, os esgotos domésticos também contribuem para a geração de
um estado caótico dos rios do Pantanal, podemos citar o caso do rio Cuiabá que ao
transpor a capital mato-grossense recebe cerca de 400 mil litros de esgoto todos os
dias75, considerando que em torno de 20% destes resíduos recebem algum
tratamento, aproximadamente são despejados 320 mil litros de dejetos que terão como
destino às áreas pertencente ao Pantanal, causando grande impacto ambiental no
bioma em uma acepção generalizada.
75
SAKAMOTO, Leonardo. O desafio do Pantanal. Revista Problemas Brasileiros nº 354 nov/dez 2002,
disponível em: http://www.sescsp.org.br/sesc/revista_sesc/ , Acesso em 23 set. 2005.
76
Manual do Meio Ambiente do CBEPACB – Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas das Atividades
dos Corpos de Bombeiros, p. 61.
neste e em outros dados, uma atividade peculiar se desenvolveu rapidamente naquela
região, o Ecoturismo. Turistas que buscam conhecer as belezas naturais do Pantanal,
realizado tanto por brasileiros como por estrangeiros, gerando renda para a população
local com a venda de produtos (artesanato, por exemplo) e empregos, nos hotéis ou
como guias. Desta forma, desperta na população a necessidade fervorosa da busca
permanente da preservação deste bioma, não só pela sua unicidade no mundo, como
pelo desenvolvimento socioeconômico da população local, pilares de afirmação do
“Desenvolvimento Sustentável”.
Zona Costeira
A área costeira brasileira é uma das mais extensas do mundo, medindo em linha
reta 7.367 km de extensão. Se forem levados em consideração os acidentes
geográficos do litoral, sua extensão em aproximados 25%, totalizando 9.198 Km. A
definição de Zona Costeira foi dada pela Lei nº 7.661 (Art. 2º Parágrafo Único), como
sendo “o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus
recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que
serão definidas pelo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro”.
O litoral possui três classificações distintas, que levam em consideração as
características topográficas, edafológicas (do solo) e da botânica, os quais são: litoral
rochoso; litoral arenoso e litoral limoso.
Com a chegada dos primeiros navegadores portugueses ao solo brasileiro, se
iniciou a ocupação humana, principalmente na faixa litorânea. Atualmente 40% da
população brasileira vive no litoral, o que corresponde, a aproximadamente, cerca de
70 milhões de brasileiros. Uma densidade de 87 hab/ Km2, o que supera a média
brasileira em mais de 500%, que é de 17 hab/ Km2, é na faixa litorânea onde se situam
51,85% das capitais brasileiras (quatorze ao todo).
As principais formas de vegetações encontradas na zona costeiras são os
manguezais, as marismas e as restingas.
Cerrado Brasileiro
Esta é uma das mais importantes formações de vegetação do Brasil, possui uma
área de 2 milhões de Km2, perdendo em extensão, apenas para a floresta Amazônica,
se espalhando por todo Brasil Central, restando, nos tempos de hoje, apenas 20% de
sua área original. Estima-se que apenas 2% deste bioma estejam protegidos em
parques e reservas, segundo o CBEPACB. A pequena parcela de área protegida, tem
como motivo, a influência de latifundiários e grupos econômicos, que pressionaram
para que o Cerrado Brasileiro não fosse incluído no Art. 225 em seu § 4º, que o
classificaria como Patrimônio Nacional, o que delimitaria as ações e provocaria uma
adequação a normas técnicas de utilização dos recursos deste bioma.
Desde o primeiro contato com o homem, por volta de 1700, o Cerrado permaneceu
com sua área inalterada até o ano de 1950. A partir daí, com a expansão da pecuária
e de monoculturas, principalmente soja, milho e algodão, além da atividade de
mineração (que promove desmatamentos, e a poluição da bacia hidrográfica da
região, principalmente com mercúrio) estes fatores contribuíram para a destruição de
pelo menos 50% de sua área total até o ano de 2000, pondo em perigo de extinção, as
mais de 10.000 espécies de árvores e plantas.
Não só a flora é ameaçada. Aproximadamente mil espécies de animais existentes
no Cerrado, também correm o risco de desaparecerem, através da caça
indiscriminada e destruição de seus habitats. Animais como o veado-campeiro, a onça
parda, e o raríssimo tamanduá-bandeira, são candidatos a sumirem daquelas
paragens, além das aves, que representam pouco mais de 1/5 (220 espécies) do total.
A fauna do Cerrado é tão expressiva como as dos demais biomas brasileiros, e
notadamente também não é totalmente conhecida, prova disso, foram às descobertas
realizadas pela equipe do herpetólogo Cristiano Nogueira77, analista de biodiversidade
da ONG de pesquisa Conservação Internacional, que apresentou a comunidade
científica 20 novas espécies de répteis descobertas no Cerrado, aumentado o número
de répteis conhecidos neste bioma, para 236 espécies.
A degradação deste bioma, também destrói a possibilidade de novas descobertas
farmacológicas. E em tempos de campanha de Fome Zero, o Cerrado pode contribuir
no combate a fome e a subnutrição, pois neste bioma se desenvolvem de forma
natural verduras que são vendidas a preço baixo, como a beldroega, serralha, caruru e
taioba. São riquíssimas em nutrientes, segundo estudos realizados pela Universidade
Federal de Brasília.
Tão importante quanto desconhecido em relação as suas potencialidades, como a
maior parte dos biomas brasileiros, apresenta subgrupos de formação, cuja soma de
interatividade influi na exuberância e expõe a fragilidade do sistema ambiental na qual
se insere, pois a progressiva destruição do meio desfavorece, sobremaneira, o
77
LOPES, Reinaldo José. Cerrado ganha 20 novas espécies de réptil. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14622.shtml, Acesso em 16 jun. 2006.
potencial de informações preciosas para o desenvolvimento tecnológico de uma forma
mais complexa. Compõe o Cerrado78: Campo Limpo; Campo Sujo; Campo Cerrado;
Cerrado Propriamente Dito; Cerradão; Mata de Galeria ou Mata Ciliar; Mata Mesófila
Estacional; Veredas; e Campo Rupestre.
O Cerrado, que também é considerado como uma das áreas “Hotspots” do mundo,
também sofre com a reforma agrária. Em uma reportagem do dia 06 de outubro de
2003, do Jornal Hoje, da Rede Globo, mostrou a destruição no assentamento de São
Vicente, no nordeste do estado de Goiás, onde 3.000 pessoas, de forma direta e
indireta, mantinham 670 fornos para fabricação de carvão, que funcionavam 24 horas
por dia e que contribuíram, de forma decisiva, na destruição de 8.000 hectares de
mata nativa, em aproximados 3 anos de atividades.
No ano de 2005 foi editado o Decreto Federal nº 5.577, de 8 de novembro de
2005, o qual institui obrigações no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, com o
intuito de promover a equalização das ações de exploração e manejo do cerrado
brasileiro. Neste mesmo decreto foi instituída a Comissão Nacional do Programa
Cerrado Sustentável – CONACER, compostos por representantes dos governos
federal e estadual, além de organizações pertencentes a sociedade civil organizada,
bem como de representantes dos povos indígenas da região.
Caatinga
78
Fonte: http://www.pontoterra.org.br/
de cozinha para os afazeres domésticos, utilizando a madeira fornecida pela Caatinga
com lenha assim como na fabricação de carvão para posterior venda do produto.
O solo nestas áreas, é fértil, porém, os índices pluviométricos são baixos e a
região experimenta períodos longos de estiagem. A agricultura se desenvolve
praticamente nas regiões periféricas ao Rio São Francisco, que além do estado de
Minas Gerais, passa pelos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, sendo
apenas possível o cultivo em áreas irrigadas, com bons resultados. A exemplo de
Petrolina, no estado de Pernambuco que produz mais que em outras regiões de
mesma cultura e exporta sua produção para outros países.
O grande sustentáculo de grande parte do povo nordestino, é o Velho Chico,
também chamado, Rio da Integração Nacional. Este “grande guerreiro” agoniza há
tempos, e a transposição, para aliviar a seca de outros irmãos nordestinos, poderá
piorar a situação dos estados banhados pelo rio, dantes idéia do antigo governo
federal do então presidente Fernando Henrique Cardoso, e, atualmente, encarado
como prioridade, pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma situação
que é de calamidade pública poderá se tornar caótica.
A cidadania se aplica quando um indivíduo ou um grupo destes, realiza ações que
tentam tratar certo problema ou situação, sem gerar ônus ou transtornos para outros
indivíduos. Transpor o rio sem revitalizar, é aumentar a agonia das populações que
dependem dele. As cidades a beira do rio o poluem. As hidrelétricas armazenam suas
águas, impedindo as antigas cheias que ocorriam e traziam nutrientes a margens,
dificultando, ainda, o efeito da piracema, pondo em risco as espécies aquáticas.
O desenvolvimento das cidades ribeirinhas, sem respeitar as margens do rio e
controle dos problemas ambientais que podem gerar, além do manejo inadequado do
solo dessas mesmas margens, contribui para o seu assoreamento. Estes fatores
somados, e a consecução da transposição, influirão na diminuição da força do rio, com
perdas irreparáveis ao meio ambiente natural, principalmente na sua foz entre os
estados de Sergipe e Alagoas, onde o mar já causou a destruição de parte de um
povoado do estado de Sergipe (povoado de Cabeço). Percebe-se, ainda, que a água
já começa a ficar salobra em seu Delta, na altura da cidade de Piaçabuçu em Alagoas.
Com certeza, estes serão os estados mais prejudicados com a transposição do rio.
Mais não é apenas o rio que sofre com a falta de zelo. De forma indireta, seus
afluentes estão ameaçados pelos desmatamentos. Apesar dos investimentos
verificados, como por exemplo no ano de 2002, R$ 500 mil, foram desembolsados
pelo Ministério do Meio Ambiente ao Batalhão de Polícia Ambiental de Alagoas, que o
dotou de meios (veículos, instalações, equipamentos, etc.), para um combate
expressivo a degradação verificada desde a Foz do Rio São Francisco, desde a divisa
com o estado de Sergipe até a as áreas limítrofes com o município de Paulo Afonso,
no estado da Bahia. As principais ocorrências foram às apreensões de armas de fogo
utilizada na caça indiscriminada, bem como de caminhões de lenha e de carvão
provenientes de municípios alagoanos e de assentamentos de sem terra dos estados
fronteiriços.
Apesar disso, ainda é pouco comparado ao estrago causado. Estima-se que
1.000.000 Km2 foram afetadas pelo efeito da desertificação no Brasil. Isso inclui
algumas regiões que eram antes ocupadas pela Caatinga, e que pela degradação se
tornaram áreas estéreis. A natureza levaria 1.000 anos para recuperar a área
degradada por conta própria, e isso só ocorreria se o homem não mais modificasse a
região. Se no prazo de 20 anos quiséssemos um efeito análogo, a União, os estados,
e a sociedade como um todo, teriam que investir US$ 2 bilhões. Mais a certeza das
ações desenvolvidas atualmente, e as que posteriormente se pretendem executar,
deverão ser repensadas, ou então cairemos no risco de “encostarmos cada vez mais,
a população destas áreas no alicerce da pobreza extrema”.
Mata de Araucária
Campos
Mata de Cocais
79
Disponível em: http://www.vivaterra.org.br/
80
VASCONCELOS, Pedro de. Estudo acerca da legislação ambiental, com ênfase na tutela jurídica da
flora brasileira. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, nº 792, 3 set 2005. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7225. Acesso em 29 out. 2006.
Dos 10 países que mais desmataram no mundo dois são da América do Sul; um
da América Central; dois da Ásia e cinco são da África. Juntos destruíram 80.319 Km2
a cada ano, entre 1990 e 2000. Isso corresponde a uma área equivalente aos estados
do Rio Grande do Norte e de Alagoas, juntos. No período de 1990 a 2000, foram
destruídos 8,9 milhões de hectares de florestas/ano.
Já entre os anos de 2000 e 2005 houve a destruição de 7,3 milhões de hectares
de florestas anualmente (Ver tabela abaixo), apresentando uma redução de 17,97%
em relação a 1990-2000.
O destaque negativo no período de 2000 a 2005, ficou por conta do Brasil, que,
anualmente, foi responsável por 72,09% da devastação verificada na América do Sul e
42,30% da destruição de florestas verificadas no planeta, com a derrubada de 3,1
milhões de hectares/ano. Em contraposição destacou-se no igual período a China com
atividades de recuperação florestal da ordem de um milhão de hectares/ano, e a
Europa que segue num processo contínuo de recuperação de áreas florestais, com
expansão destas áreas em 661 mil e 877 mil hectares/ano, nos períodos de 1990-
2000 e 2000-2005, respectivamente.
Há a busca de metodologias aplicáveis a uma melhor conscientização para a
utilização de recursos florestas parte de iniciativas do governo, através da adequação
de leis e incentivos a formas de desenvolvimento sustentável, e de organizações não
governamentais, como a FSC que em português se traduz como Conselho de Manejo
Florestal, que criou o “Selo Verde”, que é um certificado que garante a procedência de
determinados produtos, em consonância com a consciência ambiental, na qual sua
obtenção não ocasionou prejuízo ao meio ambiente, com a derrubada de árvores,
agregando valores aos produtos manufaturados.
A criação do selo verde conseguiu uma vitória importante, pois com a dificuldade
imposta pela legislação ambiental em todo o mundo e uma fiscalização um pouco mais
constante, os riscos para quem opera na clandestinidade aumentaram, o que contribui
para uma equalização dos preços, o metro cúbico (m3), das madeira dotada do selo
verde, equivale ao mesmo cobrado pela madeira ilegal, ou seja, aproximados R$
580,00/ m3, possibilitando a existência de mais de 8.000 itens, que vão desde portas
de madeira a papel higiênico. A preços competitivos, além de despertar no consumidor
a consciência do desenvolvimento sustentável, com a aquisição de produtos advindos
da exploração racional dos recursos naturais, ainda pode render cerca de US$ 500
bilhões anualmente, só com a exploração sustentável das florestas brasileiras.
81
BBC Brasil.com, Brasil é 1º em devastação de Florestas, diz FAO. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2005/11/printable/051114_deforestation. Acesso em 8
fev. 2006.
Fauna Ameaçada
• Animais extintos;
• Extintos na natureza (que ainda existem em cativeiro como a Ararinha Azul e o
Mutum de Alagoas, por exemplo);
• Criticamente em perigo; Perigo; Vulnerável;
• Animais quase ameaçados.
Nos dados da IUCN divulgados no ano de 2003, o Brasil figura entre os quatro
países que mais possuem espécies em extinção, tanto na fauna como na flora. Os
números divergem dos levantados por instituições igualmente sérias. Mais de
duzentos especialistas da Fundação Biodiversitas, da Sociedade Brasileira de
Zoologia e das ONGs Conservation International – CI e Terra Brasilis, além de várias
universidades nacionais, alegam que a lista completa não foi divulgada, porque
algumas espécies aquáticas e invertebrados não foram incorporados à lista, o que
deverá aproximar os dados oficiais da IUCN.
No quesito fauna os campeões de espécies ameaçadas são: EUA com 859
espécies, seguido da Austrália, com 527 espécies, Indonésia, com 411 e Brasil com
algo em torno de 282 espécies animais candidatas a serem lembradas apenas por
arquivos vídeos-fotográficos.
Quanto à flora o campeão de espécies em perigo de desaparecimento é o
Equador, com 975 espécies, seguido pela Malásia, com 683 espécies, Indonésia, com
383, e o Brasil com 381 espécies prestes a sumir da Terra.
Se compararmos a diversidade brasileira (Tabela 1) com as espécies que estão
em vias de extinção, a comparação será ínfima. Porém o principal problema se verifica
no endemismo das espécies que estão sumindo, pois são apenas encontradas em
terras tupiniquins, as conduzindo para um caminho sem volta do desaparecimento.
A fauna brasileira é tida como a mais diversificada do mundo, porém ela sofre com
vários tipos de agressões que estão “levando” várias espécies ao caminho da
extinção. Para se ter à idéia do problema, na penúltima lista oficial das espécies
ameaçadas de extinção existiam 219 espécies ameaçadas, após treze anos a lista foi
atualizada e chegou-se a 395 espécies em perigo, o que representa um aumento
significativo de 55,44% em comparação com a lista anterior.
A caça ilegal, o tráfico de animais, a biopirataria, os desmatamentos, a introdução
de espécimes, entre outros fatores, são as principais ameaças para as espécies
animais silvestres brasileira.
Caça Ilegal
Baseado nas leis ambientais brasileiras podemos afirmar que a atividade de caça
é restrita. Quando exercida de forma profissional ela é completamente ilegal. O
cidadão só pode executar a caça quando expressamente autorizado pelo órgão
competente, além de estar munido da licença que acoberte a atividade.
Pois bem, temos a caça ilegal propriamente dita, que seria aquela executada com
fins comerciais, como a que se destina à retirada de pele ou outras partes de um
animal silvestre para serem vendidos.
Existe a que é praticada por pecuaristas e agricultores, que se destinam a eliminar
os animais que trazem prejuízos à atividade econômica, que vão desde o extermínio
de grandes predadores como a onça-pintada, a suçuarana ou onça-parda, que atacam
animais de porte; passando pelos predadores de pequeno porte, como é o caso da
raposa, que costuma invadir, principalmente galinheiros e finalmente roedores e aves
que atacam plantações.
Há ainda a caça efetuada para a subsistência do infrator. O indivíduo não tem
meios de adquirir carne para o consumo, conseqüentemente extrai da natureza seu
alimento, contribuindo, de certa forma, com o desaparecimento de espécies. Um
exemplo é o peixe-boi amazônico, que representava garantia de carne por longo
tempo, e quase foi exterminado.
Apesar da ilegalidade, a caça pode ser autorizada, não somente para o exercício
da caça profissional, desde que os motivos que a justifiquem sejam expressamente
definidos por lei e autorizados pelo órgão responsável.
Tráfico de Animais
Biopirataria
Esta é uma das formas mais terríveis de extinção das espécies, pois movida por
dólares aliciar comunidades carentes a contrabandear as espécies da fauna para
servirem de experiências que poderão descobrir novos compostos que revolucionem
os vários segmentos da sociedade mundial. Há uma estimativa de que 38 milhões de
animais silvestres brasileiros são contrabandeados anualmente, somam-se a isso os
estimados 20 milhões que vivem em cativeiro nas grandes, médias e pequenas
cidades, para servirem como animais de estimação.
A biopirataria é movida pelos interesses tanto de pequenos laboratórios privados
como também pelos grandes conglomerados farmacêuticos, que são financiados por
instituições da Europa, Ásia e América. Este é um mercado que corresponde de ½ a ⅓
da movimentação do tráfico de animais, com cifras que podem atingir UU$ 500
milhões/ano.
Para Dener Giovanini, coordenador da Renctas, uma das formas peculiares desta
atividade deve-se a “prostituição cientifica”, em que entidades nacionais mascaram
acordos de cooperação científica, algumas vezes de forma ilegal, com instituições
internacionais, que assim, possuem passagem livre para seus pesquisadores, que
vem e vão com as malas recheadas com espécimes de nossa fauna.
Isso se deve ao alto valor que os animais silvestres da fauna brasileira alcançam
no exterior, uma aranha marrom pode custar US$ 800, uma jararaca US$ 1.000,
besouros amazônicos de US$ 250 a 8.000, para quem vende pode parecer um ótimo
negócio, mais para quem compra é uma ninharia pela que poderá advir com a
descoberta de novas fórmulas para males que assolam a humanidade.
Desmatamentos
Rodovias e a Extinção
Apesar de não ter sido mencionada como uma das principais causas de extinção
das espécies silvestres da fauna, as rodovias são responsáveis por uma quantidade
considerável de abate de animais. O trânsito brasileiro não é apenas um dos
campeões mundiais de vidas humanas perdida, os animais silvestres também sofrem
com a imprudência no volante e com a criação de rodovias em seus habitats.
Não é necessário ser um pesquisador para saber que milhares de animais estão
morrendo na tentativa de travessia de estradas brasileiras, basta, apenas, ser um
cidadão que tenha o hábito de viajar, e comumente encontrará algum animal estendido
em algum canteiro, ou literalmente esmagado e esfacelado nas estradas que cortam o
Brasil.
Estudos realizados pelo pesquisador Roberto Malheiros, do Instituto Subúmido da
UCG (Universidade Católica de Goiás), cerca de 27 mil animais silvestres, por ano,
morrem atropelados nas rodovias do Estado de Goiás. Ele estima ainda que nos
últimos três anos do século 20, o Estado de Goiás perdeu 54 mil animais silvestres; o
cerrado brasileiro algo em torno de 231 mil e o Brasil a cifra alarmante de 1,36 milhões
de espécimes atropelados e mortos.
Na sua pesquisa intitulada “Rodovia e os Corredores de Migração da fauna dos
Cerrados”, o pesquisador sugere a criação de passagens por baixo das rodovias que
facilitariam o trânsito dos animais, diminuindo consideravelmente as mortes destes.
Poluição
A humanidade paga um preço muito alto pela poluição dos recursos hídricos, pois
transformam os rios e os mares, em verdadeiros depósitos de dejetos e lixos. Nos
EUA, a poluição descarregada pelo Rio Mississipi, na costa americana, causou a
criação de uma “zona morta” de 18.000 Km2, ao norte do Golfo do México,
impossibilitando a vida marinha em uma área equivalente ao tamanho do Líbano.
Outro grande problema causado pela poluição dos mares é a conhecida “Maré
Vermelha”, que é o crescimento exagerado de algas do mar as quais aumentam o
consumo de oxigênio da água, criando um ambiente inóspito para outras espécies que
dependem de oxigênio para sobreviver.
As poluições de mares e de rios podem ser ocasionadas por ações desenvolvidas
pelo homem principalmente na agricultura e indústria, e pelos dejetos que são
diariamente lançados nos rios e oceanos pelas cidades.
No manejo de áreas agrícolas a utilização de substâncias ricas em nitratos e o uso
de pesticidas contaminam os rios e os lençóis freáticos, que são grandes
concentrações d’água subterrâneas. Só nos EUA na década de 90 do século passado,
60% dos poços testados, apresentavam resquícios de pesticidas. Dejetos humanos,
também são causas de poluição dos recursos hídricos, em áreas rurais.
As indústrias descartam, principalmente, grandes quantidades de metais pesados
(mercúrio, chumbo e cádmio), quando ingeridos, através de água contaminada, ou
através de alimentos que foram irrigados por águas poluídas, estas substâncias, se
agregam às proteínas e não permitem que elas trabalhem bem, afetando o sistema
nervoso central, principalmente o cérebro e a medula, prejudicando ainda o
funcionamento dos rins e do fígado, podendo ocasionar a morte em seres humanos e
outros organismos vivos.
Já nas cidades, os principais poluentes são os esgotos domésticos que são
jogados nos rios, acredita-se que 88% dos esgotos do Brasil, não recebem nenhum
tratamento, e sejam despejados em rios, mares, lagos e mananciais. Para se ter uma
idéia do tamanho do problema estima-se que apenas a Baía de Guanabara, no estado
do Rio de Janeiro, receba a cada segundo, algo em torno de 20 toneladas de esgoto,
o que dá 1 milhão e 700 mil toneladas diárias.
Por ironia do destino, as bactérias que destroem os rios, são as mesmas que
podem salvá-lo, são essas bactérias que consomem os poluentes, mas elas são
aeróbicas, precisam de oxigênio da água para sobreviver, porém com o aumento da
oferta de comida, sua população aumenta, sem condições de sobreviver devido à falta
de oxigênio, começam a dominar o meio as bactérias anaeróbias, que em virtude de
não necessitar de oxigênio, passam a dominar e proliferar no habitat desequilibrado,
os produtos da digestão desses microorganismo, que são basicamente formados por
gases metano e sulfídrico, além de ácidos voláteis, são responsáveis pelo mau cheiro
característicos de rios poluídos, como o Rio Tiête em São Paulo, ou o Riacho
Salgadinho em Maceió, aliás, é comum, nas grandes cidades brasileiras se observar o
que antes se chamavam de rios e riacho, escorrerem nos corações destas como uma
cortina de cor, na maioria das vezes, preta, causando desconforto às populações
locais e aos que eventualmente a visitam.
Quando das comemorações do Dia Mundial da Água em 22 de março de 2002, o
Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, divulgou dados alarmantes inerentes às perdas
de vidas humanas por doenças relacionadas à água. Segundo suas afirmações às
mortes causadas anualmente por problemas com a água giram em torno de 5 milhões
de pessoas, bem mais do que as estatísticas por mortes causadas por guerras que
seria de 500 mil mortes/ano82
Apesar destes problemas ambientais causados pela poluição hídrica, países como
a Inglaterra e a França, investiram pesado para recuperar seus principais rios, Tâmisa
e Sena, respectivamente, mais a um custo elevado, apesar das águas destes rios
ainda serem consideradas impróprias para ingestão humana.
Austrália e os EUA também investem na recuperação de seus recursos hídricos.
Na Austrália em um trabalho de uma década, de 1989 a 1999, e investimentos da
ordem de US$ 2 bilhões de dólares, ajudaram aquele país a transformar o litoral de
sua maior cidade, Sydney, em uma área livre de esgoto e poluição, fazendo cair de
1.887 unidades de coliformes fecais por 100 mililitros de água em 1.989, o que é dez
vezes maior do que o limite considerado aceitável, para quatro unidades de coliformes
fecais por mililitro em 1.999, mais não para por aí, o governo australiano espera
investir mais US$ 2,2 bilhões de dólares para que daqui a 20 anos possam garantir a
sustentabilidade de recursos hídricos (água potável) para a cidade de Sydney83.
Nos EUA, se destacaram as ações de despoluição e aproveitamento de recursos
hídricos executados pelas cidades de São Francisco e San Diego, na Califórnia, mais
a mais importante, se deu na Cidade de Nova York, que conseguiu reduzir a zero a
quantidade de esgoto não tratado jogado em torno da ilha de Manhattan, lá desde o
ano de 1.910 as áreas próximas do porto de Nova York e da ilha já apresentavam um
grau crítico de poluição, que no decorrer do tempo ocasionou a proibição de qualquer
tipo de atividade pesqueira naquela área, estimativas falam em torno de 1,7 bilhão de
litros de esgotos que chegaram a ser lançados diariamente nas proximidades do porto
nos fins da década de 70 do século XX, e que só puderam ser diminuídas a zero em
1.994, hoje a pesca já pode ser praticada, porém os espécimes capturados devem ser
devolvidos ao mar, por não ser confiável a sua ingestão, pelos efeitos que a grande
quantidade de poluentes que lá foram jogadas no período de 1.947 a 1.977, possuir
algum efeito letal ao ser humano.
Poluição do Solo
82
FERREIRA, orge. Água: a fonte de vida é uma assassina. Disponível em:
http://www.insightnet.com.br/brasilsempre/numero13/mat0213.htm , Acesso em 22 set. 2005.
83
Fonte: Revista Veja, Edição Especial nº 22, Artigo “Metrópoles de Água Cristalina”, Ed. Abril,
Dezembro de 2002, p. 30.
84
Fonte: Artigo “Décadas de Descaso”, Revista Isto É, nº 1.757, de 04/06/2003, p. 86.
O lixo público é aquele formado em decorrência dos trabalhos de limpeza urbana
pública, através da coleta de lixo, que é uma das taxas que compõe o Imposto sobre a
Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), infelizmente, em algumas cidades, as
prefeituras negligenciam as ações de coleta, contribuído para a disseminação de
doenças e de animais disseminadores de doenças e até mesmos de animais
peçonhentos, como os escorpiões.
Já os lixos produzidos pelas indústrias, pela agricultura e pelos hospitais, ensejam
em uma coleta personalizada, devido à alta capacidade de se poluir o ambiente com
suas sobras não aproveitáveis. Necessitam então de locais específicos com
tratamento adequado para seu condicionamento, por exemplo, baterias de carros, de
celulares e pilhas, que precisam ser recolhidas pelas indústrias que os produzem,
devido ao risco de poluição ambiental proveniente da liberação de metais pesados
destes produtos, os defensivos agrícolas precisam ficar em locais que protejam o solo
da contaminação dos princípios ativos de cada defensivo, e os hospitalares precisam
ser acondicionados em recipientes adequados para não disseminar doenças pelo
ambiente.
Lixo Nuclear
85
Fonte: Revista Super Interessante, Editora Abril, Edição Especial nº 10, Dezembro/2002, p. 60.
a radiação no ambiente. Segundo dados do governo federal, em torno de 120 pessoas
foram contaminadas, o que é contestado pelo governo do estado de Goiás, que
estimam em 1.032 o número de pessoas atingidas pelos efeitos da radiação, com a
confirmação, de ambos, de quatro óbitos.
De uma forma ou de outra, serve de alerta o incidente, servindo como parâmetro,
em que um pequeno incidente ocasionou tantas vitimas, o que dizer, se o governo
brasileiro tiver que enfrentar acidentes como os que ocorreram em Three Mile Island,
nos Estados Unidos, em 1979, ou o da Usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, este
último, um dos mais graves já ocorridos no mundo, pois uma área do tamanho de um
Portugal e meio (140.000 Km2), ficará inutilizada por centenas de anos, não se sabe o
número exato de vitimas, o Greenpeace estima em 60.000 mortos em longo prazo, o
Instituto de Radiologia de Kiev, na época, identificou 31 mortos e 50.000 contaminados
pela radiação, a incidência de casos de câncer de tireóide, aumentou em 100 vezes
naquela região, segundo dados da Organização de Cooperação de Desenvolvimento
Econômico.
Periculosidade dos elementos radiativos:
Lixo Doméstico
O lixo domiciliar, no Brasil, representa algo em torno de 88% do total, são gerados,
principalmente, pelas residências e pelas atividades comerciais, cerca de 10% deste
total são acondicionados de forma correta em aterros sanitários, que consistem em
grandes áreas revestidas de plásticos ou material impermeável, para não contaminar o
solo, há ainda a drenagem de gases como o metano, que podem causar explosões, e
a captação do chorume, para serem tratados e não poluir eventuais lençóis freáticos.
Outra forma de acondicionamento do lixo, é sua colocação em lixões, a céu aberto,
o que correspondem 76% do total, que se espalham, principalmente, ao redor das
cidades do interior, ou até mesmo de capitais, ao exemplo de Maceió, que possui seu
maior lixão localizado, no bairro de Cruz das Almas, e que causam transtornos a
outros bairros vizinhos, pelo mau cheiro que causa, com gases resultantes da queima
do lixo, e com a desvalorização das áreas que a circundam, e que possuem uma vista
privilegiada do litoral. Esta é uma forma errada de tratamento de resíduos, pois ao
ficarem expostos, atraem urubus, que são um perigo constante para a aviação,
quando estes lixões se localizam próximo aos aeroportos, além da facilitar a
proliferação de ratos, baratas, escorpiões e outros seres nocivos à saúde humana,
produzindo, além disso tudo, mal cheiro e a contaminação do solo, por resíduos
líquidos, originados pela deposição inadequada do lixo.
Existe ainda as Usinas de Compostagem, que transforma lixos sólidos domésticos
em adubos orgânicos, para a utilização na fertilização de solo, porém este tipo de
tratamento do lixo, necessita de grande área para a transformação do produto, e não
garantem e não contaminação dos alimentos oriundos de solos adubados com estes
compostos, em virtude da não eliminação dos agentes patogênicos ou dos parasitas,
oriundos dos produtos que deram origem à massa resultante.
Há ainda as usinas de incineração, que literalmente servem para queimar os
resíduos sólidos, estas usinas consomem grandes investimentos, além de terem a
necessidade de se adequarem às normas ambientais vigentes, devendo possuir
mecanismos que diminuam a possibilidade de contaminação do ar, pelos gases
resultantes da queima, sua principal aplicabilidade, esta relacionada à queima de lixo
hospitalar, tornando-os incapazes de disseminar doenças pelo ambiente.
Poluição Sonora
Podemos dizer que a poluição sonora é aquela que emite alguma forma de ruído
ou de energia, que causem algum tipo de desconforto no ambiente em que esteja
sendo disseminada, mas para ser considerada poluição, deve estar desrespeitando os
limites impostos pelos órgãos responsáveis, na forma da lei, pois não se pode atribuir
sanção, por aquilo que a lei não comina pena, isto é um principio constitucional.
O maior dano da poluição sonora, é a perda gradual da capacidade auditiva,
causando a surdez em seres humanos, alguns estudos acrescentaram à insônia,
partos prematuros, úlceras e perdas de reflexo, como conseqüência da alteração de
ruídos. Estudos realizados na Universidade Düsseldorf, na Alemanha, mostrou que os
moradores de bairros industriais sofrem, não apenas de distúrbios auditivos, mas
também apresentam, sérios distúrbios cardíacos e digestivos.
Já estudos realizados por pesquisadores canadenses, mostraram que filhos de
mães que trabalhavam em lugares barulhentos, ouvem três vezes menos que outras
crianças. Na França, outra análise, mostrou que alunos que estudavam em colégios
situados em ruas calmas, conseguiam memorizar, em até quatro vezes mais, o
conteúdo das aulas lecionadas.
O aparelho utilizado para medir a quantidade de ruídos é conhecido como
decibelímetro, através dele é possível medir o som. Na tabela abaixo, mostraremos a
relação da quantidade de decibéis e o equivalente no cotidiano das pessoas.
Poluição Visual
Poluição Biológica
86
SIRVINKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental, 1ª Ed., São Paulo, Ed. Saraiva, 2002, p. 169
aproxima, acabam liberando grandes quantidades de micro e macro organismos que
poderão colocar em risco a vida da população humana ou da fauna, sem contar os
transtornos que podem ser gerados.
Problemas Ambientais
87
KOLOSIMO, Peter. Antes dos Tempos Conhecidos, 4ª Edição, São Paulo, Ed. Melhoramentos, 1971,
p. 145 a 149.
Desertificação
Existem áreas no globo que de tempos em tempos sofre com a seca, isso somado
com a devastação de grandes áreas de florestas, a mineração, a prática da pecuária e
da agricultura de forma intensiva, além da monocultura e do uso exacerbado de
defensivos agrícolas, também na agricultura, são elementos transformadores do solo,
extenuando-o e tornando-o arenoso.
O termo “Desertificação” foi criado por volta dos anos 40 do séc. XX e servia para
caracterizar as áreas que estavam se tornando áridas ou áreas em que ocorriam
expansões dos desertos existentes. A Convenção das Nações Unidas de Combate a
Desertificação, formulou a seguinte definição para o termo “É a degradação da terra
nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de fatores diversos,
tais como as variações climáticas e as atividades humanas” sendo este conceito
amplamente debatido na Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, e posteriormente
adotada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Estimativas apontam que 1/3 do planeta estão comprometidos com o processo de
desertificação, atingindo cerca de 110 países e cerca de 1,2 bilhões de pessoas no
mundo, sendo que 250 milhões de habitantes destas regiões são atingidos
diretamente pelo problema, sofrem com a desertificação e com o aumento progressivo
dos desertos. Os crescimentos contínuos de áreas desérticas, só na década de 90 do
século XX, causaram uma perda de 20 milhões de toneladas de grãos anualmente.
Para se ter idéia como é difícil a vida em áreas desérticas, enquanto que a
Amazônia chega a ter uma média de chuva de 2.500 mm por ano, na região conhecida
antes do século XX, como “Areias do Inferno”, e depois rebatizada, por um jornalista
local, em 1933, como “Costa do Esqueleto”, no Deserto de Namib, na Namíbia (África),
não chove mais do que 15 mm por ano.
O problema da desertificação vem atingindo todas as nações do globo
independente de seu grau de riqueza, a maior parte dos países atingidos se situam na
África (70 países), ¼ das terras da América Latina e do Caribe são desertos e terras
secas, cerca de 30% das terras do EUA estão sofrendo algum processo de
degradação que as estão tornando estéreis, processo semelhante se verifica em cerca
de 31% das terras da Espanha.
A ONU estima que anualmente são perdidos neste processo cerca de 6 milhões de
hectares, as perdas econômicas com a desertificação estão na casa dos 4 bilhões de
dólares anuais e o custo da recuperação destes solos degradados consomem cerca
de US$ 10 milhões/ano, o que onera ainda mais a produção de alimentos agregando
mais dificuldades às comunidades carentes, reduzindo suas possibilidades de atingir o
desenvolvimento sustentável de forma viável.
Janet Larsen88, em uma de suas pesquisas levantou números impressionantes,
segundo seus dados em todo o mundo à desertificação afeta 1 bilhão de pessoas,
causando flagelos em 1/3 da superfície da Terra. Além do mais, as áreas de desertos
estão se espalhando com a ajuda dos ventos, como é o caso dos Desertos de
Berdanjilin (5 milhões de ha) e o de Tengry (3 milhões de ha), que estão num processo
de fusão.
A interferência humana também contribui para a instalação do caos inerte,
atividades com a utilização excessiva de barragens secaram o rio Tarim na China,
favorecendo a decadência da vegetação que dependia das águas do rio, e que eram
um obstáculo à possível fusão dos desertos de Taklamakan e Kumtag. A Nigéria perde
anualmente 350.000 hectares de terra e o Quênia possui 80% das terras vulneráveis a
desertificação.
88
LARSEN, Janet. Desertos avançando e civilização recuando, uma radiografia da desertificação no
mundo. Disponível em: http://www.wwiuma.org.br/
O mais impressionante foi o gasto calculado pela ONU, através do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, que de forma conservadora fixou em cerca de
US$ 300 a US$ 600 bilhões de dólares, entre o período de 1978 e 1991, com
tentativas fracassadas para conter os avanços dos desertos.
Escassez de Água
A água ocupa 4/5 da área mundial, e apenas 2% das águas da Terra são potáveis.
Cálculos científicos apontam uma quantidade equivalente a 12.872.000 Km3 de água
fresca, que corresponde a 1/16 da sua reserva líquida, isso quer dizer, para cada litro
de água potável do mundo, há 16 litros de água salgada.
As reservas mundiais de água doce se distribuem da seguinte forma: todos os
lagos juntos, representam 0,01% da água doce do planeta, na atmosfera existe
aproximados 0,01% da água potável do mundo nos aqüíferos e nas geleiras
encontram-se 97% e 2,7%, respectivamente, da água potável no mundo.A água é um
elemento tão importante na manutenção da vida humana, que ela é responsável por
70% do peso corpóreo de uma pessoa.
Apesar de seus números grandiosos, em muitos países não existe água suficiente
para atender as necessidades de suas populações, o que, para padrões
internacionais, seria a garantia de 50 litros diários, para cada indivíduo. A poluição
com fertilizantes, metais pesados, dejetos industriais e residenciais, somados a
exploração exagerada dos aqüíferos, só ajudarão a piorar este quadro.
A escassez de água começa a ganhar contornos tão graves que algumas nações
já começam a entrar em estado de beligerância pela sua falta, podemos citar como
exemplos às divergências ocorridas entre Israel e Jordânia por causa do Rio Jordão
(2002); os desentendimentos entre Turquia com o Iraque e a Síria por causas dos rios
Tigre e Eufrates; a lide entre Índia e o Paquistão com relação ao Rio Hindustão, é um
problema maior em termos mundial por envolverem duas nações consideradas
potências atômicas.
Os usos exacerbados de recursos hídricos contribuem sobremaneira para a falta
de água, grandes projetos desenvolvidos nos rios Amarelo, na China, e Colorado, nos
EUA, geraram mais transtornos do que benefícios, o primeiro passou, em 1997, 226
dias sem chegar atingir a sua foz e o segundo teve seu delta transformado em uma
planície seca e salgada. Soma-se a estes fatos, o uso intensivo das águas dos rios
Amu Darya e Syr Darya para projetos de irrigação de algodão, o que implicou
diretamente na diminuição de potencial hídrico do Mar de Aral, onde um porto
pesqueiro, antes no perímetro das águas, agora se encontra a 50 km destas.89
Cerca de 508 milhões de pessoas, em 31 países, sofrem com a falta de água no
mundo, segundo dados da ONU, e se a humanidade não mudar a forma com trata
seus recursos hídricos, em 2025, a população sedenta, no globo, poderá atingir o
número de 3 bilhões de pessoas, e em 2050, este número poderá aumentar em 30%,
atingindo 4,2 bilhões de pessoas, que sofrerão com a falta de água no mundo.
A perspectiva que se forma em torno da escassez de água, impulsiona grandes
conglomerados empresariais em investir no segmento de dessalinizar água dos
oceanos, tais como a General Electric, Dow Chemical, Siemens, 3M e a francesa
Suez90. As carteiras de ações das empresas deste segmento obtinham um rendimento
89
FERREIRA, Jorge. Água: a fonte de vida é uma assassina. Disponível em:
http://www.insightnet.com.br/brasilsempre/numero13/mat0213.htm , Acesso em 22 set. 2005.
90
COSTA, Melina. Água a preço de ouro. Revista Exame. Edição nº 879. Editora Abril. Disponível em:
http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0879/internacional/m0114345.html?printable=true.
Acesso em 23 out. 2006.
médio, até 2006, de 35% contra os 29% de ganhos das empresas petrolíferas e de
gás.
Efeito Estufa
Aquecimento Global
Refugiados Ambientais
91
Fonte: Revista Super Interessante, Editora Abril, Edição nº 173, Fevereiro/2002, p. 46.
92
Fonte: BBC Brasil.com, Artigo: “Brasil e China revelam emissões de gases estufa”, disponível em 8 de
fevereiro de 2006, no Site: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/12/printable/041211_climag.shtml
vista que à medida que evoluiu o conhecimento sobre determinados assuntos, são
agregadas informações que antes não se consideravam relevantes, sem uma
aplicação plausível entre causa e efeito.
O maior exemplo disso no Brasil, foi à movimentação maciça da população
nordestina para, principalmente, região sudeste do país, nalgumas décadas passada,
poderia ser considerada como uma migração da população em busca de um padrão
de vida melhor, com uma maior acessibilidade dos meios básicos para sua
manutenção. Toda esta movimentação de pessoas sempre foi vinculada à aflição
causada pela seca na região, fenômeno similar poderá ocorrer com a China,
resguardadas as devidas proporções.
Em entrevista ao Der Spiegel93, o representante do Ministério do Meio Ambiente
Chinês, Pan Yue, deu um diagnóstico, até certo ponto estarrecedor, em que a busca
crescente de desenvolvimento desenfreada, aliada ao desperdício de matérias primas
e terras, criam um caos ambiental de proporção mundial se considerarmos que 1/3 da
população global vive naquele país, aquela autoridade deixa claro que o
desenvolvimento econômico sem responsabilidade ambiental pode ser o responsável
pelo aumento das áreas desérticas de seu país; chuva ácida que castiga 1/3 do país; a
poluição exagerada de rios e do ar, que deve obrigar a China a mobilizar algo como
75% da população brasileira (150 milhões de habitantes), com o intuito de transferi-las
de províncias e cidades em virtude das mazelas ambientais, o que irá gerar uma gama
de problemas ambientais em deslocamento, pois servirá como paliativo e ao mesmo
tempo como percurso de generalização destes problemas, sem levarmos em
consideração à própria afirmação de Pan Yue, que na China existe espaço para
apenas 33 milhões de refugiados ambientais.
Se considerarmos o modelo chinês, a problemática ambiental brasileira existente
no nordeste pode ser um dos motivos que geraram e ainda geram os êxodos daquela
população, o que os torna, também, refugiados ambientais.
A poluição que ocorria de maneira natural no planeta não comprometia a vida sob
sua superfície, essa poluição era causada basicamente pela geração de gases com
efeitos semelhantes a uma estufa, devido a grande liberação de gás carbônico e seus
derivados, que retinham o calor gerado pelo sol na terra, isso ocorria com as erupções
vulcânicas, queima espontânea de florestas, decomposição de animais, etc.
Até aí tudo bem, porque o ciclo do gás carbônico ocorria de maneira normal, pois
tudo que existe sob a terra tem em sua formação moléculas de carbono, por exemplo,
o nosso corpo é composto de aproximadamente 23% de carbono.
A partir da Revolução industrial, a liberação de gás carbônico e seus derivados
dispararam, e não só isso, vários outros gases se misturam a essa combinação e além
93
Vinculada no Site: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel no dia 20 de março de 2005.
de poderem causar o efeito estufa podem ainda causar males à saúde humana. Há
uma estimativa de que desde o início da Revolução industrial, em meados de 1751, a
humanidade já despejou na atmosfera cerca de 271 bilhões de toneladas de carbono,
deste total, apenas os Estados Unidos despejaram 68,63%, esse dado por si só
alarmante, sem considerarmos que naquele país se encontra 4% da população
mundial, e que eles são responsáveis por cerca de 25% das emissões mundiais do
gás, e o pior, estas emissões ocorreram nos últimos 50 anos do Século 20.
A poluição traz efeitos devastadores sobre o planeta e a humanidade, estudos
científicos recentes demonstram que cerca de 1/3 da vida no planeta se extinguirão
com o aumento da temperatura, os dados são conflitantes porque não existem,
atualmente no mundo, estudos que relacione extinção com o aumento de temperatura.
Com relação à humanidade a poluição e o conseqüente aumento de temperatura traz
um pandemônio climático que causa transtornos e mortes, tomemos como exemplo à
última onda de calor que se abateu sobre a França em agosto do ano de 2003, em
que os termômetros chegaram a marcar 10º acima da média, houve a morte de cerca
de 11.435 pessoas, deste total entre 9% e 26% das mortes foram ocasionadas pelos
efeitos da poluição somados com os de calor.
Controle da Poluição
Vários países no mundo criaram legislações para conter a poluição dentro de seus
limites, atualmente as nações buscam o controle da poluição em níveis globais, prova
disso é a assinatura do Protocolo de Kyoto que foi aprovado em 1997, numa reunião
realizada na cidade japonesa de Kyoto e estabelece condições para implementação
da Convenção de Mudança Climática das Nações Unidas, aprovada na Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de
Janeiro, em junho de 1992 (no ECO 92). Este Protocolo se destina a diminuir as
emissões de gases poluentes na atmosfera, e suas diretrizes se tornarão obrigatórias
quando houver a adesão de países em que suas emissões correspondam a 55% do
total mundial.
Desde a aprovação do Protocolo de Kyoto, várias reuniões têm sido realizadas na
tentativa de retirar o documento do papel e transformá-lo em realidade. Quanto mais
tempo passa, mais os países industrializados aumentam suas emissões de gás
carbônico, que representam mais de 85% dos gases-estufa.
As Indústrias
Automóveis
Combustíveis do Futuro
94
Fonte: Best Cars Web Site, Site: http://www2.uol.com.br/bestcars/un9/228-09.htm, disponível em 9 de
Junho de 2006
causam poluição, temos os exemplos do GNV no Brasil, do Biodiesel e das células de
hidrogênio.
Na busca pela energia limpa, o homem começa a procurar novas fontes e adequar
as velhas para uma necessidade socioeconômica que permita o aproveitamento dos
recursos sem poluir o meio ambiente. Uma das possíveis catástrofes com a poluição
exacerbada seria a elevação das águas do mar com o derretimento do gelo que
recobre o continente Antártico, o que engoliria as cidades litorâneas e traria perdas
incalculáveis, estudos apontam para um aumento de 65 metros do nível do mar se não
for feito mudanças globais, com vistas à diminuição dos gases do efeito estufa.
O país que mais avançou nesta área, nos últimos tempos, foi à Islândia, 70% da
energia produzida neste país é originado por fontes renováveis e limpas, de
hidrelétricas e de fontes geotérmicas, e já existem projetos com o intuito de que o
transporte urbano de massa, ônibus, sejam movidos daqui a algum tempo por
hidrogênio, que ao invés de despejar poluição no ambiente, produzirá água como
efeito poluidor.
Os países que se dispuseram a diminuírem suas emissões de gases estão
travando uma luta colossal no intuito de substituir o velho hábito de se produzir energia
de combustíveis fósseis que produzem a maior parte da poluição ambiental do globo,
por fontes geradoras de energia limpas e que não produzam um efeito analogamente
similar.
Fontes Limpas de Produção de Energia
Usinas Hidrelétricas
A utilização da água como força motriz para mover enormes turbinas que geram
energia, é largamente usada no Brasil desde os tempos do Império, impulsionado,
principalmente, para melhorar a infra-estrutura necessária pelo crescente crescimento
das exportações de café e de borracha. Inicialmente, estas usinas se concentraram no
estado de Minas Gerais expandindo-se em seguida pela região sudeste. Porém, só em
7 de setembro de 1889 houve a inauguração de uma usina hidrelétrica de grande
porte, construída para o aproveitamento do potencial do rio Paraibuna, com
capacidade de produção de 250 kW, destinada à produção de energia elétrica para
iluminação pública na cidade de Juiz de Fora/MG95.
Segundo dados da ELETROBRÁS (1999), o potencial energético brasileiro com
uso da água em janeiro de 1998 se situava em 260 GW, e que naquele período
apenas 22% do potencial era utilizado para a geração de energia.
Apesar de ser uma das formas de produção de energia limpa, a geração de
energia através da força das águas causa alguns transtornos, tais como, a inundação
de grandes áreas fazendo desaparecer pequenas cidades e lugarejos, poderá afetar o
ecossistema local devido à inundação de áreas de formação vegetal, pode ocasionar o
desaparecimento de espécimes aquáticas, etc.
Mas por outro lado ela pode servir para gerar empregos e mover a economia da
região onde esteja sendo construída, irá incrementar a renda dos municípios
circunvizinhos com impostos, desenvolvem projetos para capacitar trabalhadores e
desenvolver as atividades agrícolas e agropecuárias, etc.
A maior vantagem da utilização da água para a produção de energia elétrica deve-
se ao baixo custo que ela é produzida, o que favorece a possibilidade de que todos se
beneficiem de seus frutos, porém, há a constante necessidade de se desenvolver
políticas locais e regionais ao longo de toda a Bacia Hidrográfica, no sentido de
incentivar a preservação das matas ciliares (nesta conjectura devesse valorizar o
trabalho educativo apesar de existir legislação especifica sobre o assunto) que
fornecerão os subsídios necessários à continuidade de vazão de água para a geração
de energia elétrica.
Uma das desvantagens das usinas hidrelétricas é que com a constante
degradação ambiental que vem sofrendo os rios brasileiros, a vazão vem diminuindo
enquanto o consumo vem aumentando, e em longos períodos de estiagem pode surgir
à necessidade de incrementar políticas voltadas ao racionamento de energia, o que
gera, de certa forma, prejuízos diretos e indiretos a toda sociedade.
95
Fonte: http://www.agua.bio.br/botao disponível em 22/09/2005
Energia Eólica
Para países que não possuem a vasta extensão territorial brasileira e não foram
igualmente beneficiados com a abundância de recursos hídricos como nosso país, não
sobrou alternativa a não ser investir em outras fontes “saudáveis” de produção de
energia, para darem suas parcelas de contribuição à diminuição dos impactos dos
combustíveis fósseis no nosso planeta.
Portanto não há como se surpreender com o crescimento de fontes alternativas de
forma constante, e um dos exemplos disso é a energia eólica, ou seja, aquela
produzida por um dos elementos mais abundante existente no planeta, o vento. Nos
últimos anos na Itália sua expansão foi de 40% nos últimos anos, de 55% na
Alemanha, e na Espanha aumentou em 106%, tudo isso leva a baratear essa forma de
produção de energia devido a maior possibilidade de rateio de custos. Estima-se que
existam 20.000 usinas que produzem energia a partir da força dos ventos no mundo, a
maior parte esta localizada nos EUA e Europa.
No Brasil, existem usinas de produção energética a partir da força eólica instaladas
no Ceará com uma potência acumulada de 14 megawatts e no Rio Grande do Norte
com capacidade de produção de 1,8 megawatts, e em fase de conclusão estudos de
instalação de usinas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, com capacidade de
gerar 3 megawatts cada. Se compararmos a atual capacidade instalada com a real
possibilidade de geração de energia eólica que o Brasil possui, essas iniciativas
beiram ao ridículo, mais já é um começo, pois, é estimada em 143 gigawatts96 a
capacidade de produção de energética desta fonte renovável no país.
O que vale ressaltar é que nos empreendimentos do Rio Grande do Norte, Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul o responsável pela sua consecução é uma das empresas
que é tida como grande poluidora, a Petrobrás, isso demonstra que até mesmo
grandes conglomerados do setor petrolífero já se empenham em criar uma imagem
mais harmônica com ambientalistas e contribuem de forma decisiva com a diminuição
da emissão de resíduos poluentes.
No projeto pioneiro da empresa, no Rio Grande do Norte, foram investidos R$ 6,8
milhões de reais, que irão poupar 33 milhões de m3 de água dos reservatórios do
sistema hidrelétrico do São Francisco, e a quantidade de energia gerada seria
suficiente para abastecer uma cidade com 10 mil habitantes.
Em 2001 existiam instaladas 30 mil turbinas eólicas no mundo, cuja quantidade
deverá ser facilmente suplantada se considerarmos que a União Européia pretende ter
10% de toda a sua eletricidade gerada a partir da força dos ventos, o que equivale a
60 mil mW, que correspondia à época, 85,71% de todo o potencial energético
instalado no Brasil (70 mil mW) 97.
Energia Solar
Não é de hoje que o sol serve de inspiração para gerar o que o homem mais
necessita para manter suas cidades, saúde, lazer, etc., o sol é uma fonte praticamente
inesgotável de produção de energia, os primeiros métodos de capitação da luz solar
para transformá-la em luz elétrica, e que foram as vedetes do movimento verde,
surgiram por volta da década de 70 do século XX.
A cada minuto o sol despeja sobre a superfície terrestre “apenas” seis trilhões de
quatrilhões de caloria, a energia irradiada sobre a terra em um período de 15 minutos
96
Fonte: Artigo ¨Vento dará energia a campos de petróleo no RN”, Folha On-line, 27/01/2004.
97
Fonte: Revista Problemas Brasileiros nº 346 jul/ago 2001, Artigo “Potencial Invejável”, por Rafaela
Muller, site: http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/ disponível em 23 de setembro de 2005
pelo astro rei, é o suficiente para suprir toda a demanda da humanidade, sob todas as
formas, durante um ano.
Existem duas formas de se utilizar à energia produzida pelo sol, uma é a
fotovoltaica que gera eletricidade e a outra e a térmica que no Brasil é utilizada para
aquecimento da água de torneiras e chuveiros em residências e prédios. A fotovoltaica
não se expandiu pelo país por seu alto custo, o que a impossibilita de competir com
outras fontes, porém em algumas comunidades isoladas torna-se mais viável produzir
energia desta forma do que deslocar a fiação para suprir a necessidade de regiões
que não compensarão o investimento, devido ao baixo consumo.
Ao contrário do Brasil, países da Ásia e da Europa já começam a utilizar placas
fotovoltaicas para a geração de energia, pois como se sabe algumas nações não
tiveram os privilégios da fartura de recursos naturais com a qual foram agraciadas a
nação tupiniquim.
Em um estudo realizado pelo projeto SWERA98, as regiões mais apropriadas para
a utilização desta fonte de energia no Brasil são os estados da Bahia, Pernambuco e
Piauí, além do Planalto Central e as regiões Sudeste e Sul. Para que se tenha uma
idéia do potencial brasileiro temos como exemplo a Alemanha, onde se faz muito o
uso do potencial solar, cuja incidência solar se situa em 0,8 kWh/m2, enquanto que em
dias menos ensolarados e nublados é de 3,6 e 4,5 kWh/m2 nos estados do Rio de
Janeiro e Ceará, respectivamente.
Pois bem, no Japão já existem prédios que são supridos em 100% de suas
necessidades pela energia captada do sol, no País de Gales já existe a expansão da
utilização da energia elétrica gerada pela captação solar na iluminação pública, com
painéis fotovoltaicos mais modernos e robustos com vida útil entre 25 e 80 anos e a
energia gerada em excesso ajuda a reforçar a rede inglesa local, com baixo custo de
manutenção, agregação de “valor ambiental” deste tipo de produção, já se vislumbra
uma possibilidade de produção de 20% das necessidades inglesas de energia, que
virá de uma fonte renovável e não poluente.
98
Sigla em inglês que significa “Avaliação das Fontes de Energia Solar e Eólica”. Fonte: Ambiente Brasil
em 28/02/2005
que na primeira etapa será supervisionado pelo Chefe do Laboratório de Tecnologia
Submarina (LTS) da COPPE, Professor Segen Estefen.
Biomassa
Fusão Nuclear
Extinção de Espécies
99
LENTINI, Marco; VERÍSSIMO, Adalberto; & PEREIRA, Denys. A expansão Madeireira na Amazônia.
Disponível em: http://www.imazon.org.br/upload/ea_2p.pdf. Acesso em 20 mai. 2005.
genético, necessário para a diversidade de genes das espécies; e por fim,
investimentos em biotecnologia, principalmente na genética, que poderá fornecer os
meios necessários para garantir a preservação de espécies animais e vegetais.
Lixo
a) Decomposição do lixo
Cada indivíduo no Brasil gera cerca de 1 kg de lixo diariamente, nos EUA essa
proporção é de 2 kg/dia. Em um estudo, promovido pela Secretaria de Meio Ambiente
de São Paulo, demonstrou que um brasileiro gera uma quantidade significativa de
rejeitos e que foram descritos como: 107 garrafas de vidro ou plástico, 70 latas de
alimentos, 45 quilos de plástico e aproximadamente dez vezes o seu peso em refugo
doméstico, ou seja, papel higiênicos e produtos orgânicos, todos os anos.
Os países começam a reagir à produção exacerbada de lixo, criando leis
ambientais mais duras e incentivando o desenvolvimento de novas tecnologias de
tratamento de resíduos e rejeitos, em um contexto mais generalizado. Uma nova
mentalidade que se desenvolve é a destinação destes rejeitos a formas de controle
rigorosas, que garantam o aproveitamento máximo de sua capacidade de gerar novos
produtos, para obtenção de energia ou destruição de forma inofensiva ao meio.
A Comunidade Européia já sinalizou com a intenção de vários países que compõe
o bloco econômico, a extinguir a existência de aterros sanitários, a Suíça já incinera
quase que 80% dos resíduos que não possuem aplicabilidade para outros fins e a
tendência é que chegue aos 100%. Na Ásia se destaca o Japão, com índice de
incineração de 78% de resíduos não mais reutilizáveis.
Reciclagem
Reutilizar – sempre que possível, refazer o uso dos materiais, por exemplo, as
sacolas plásticas de supermercados com as quais podem acondicionar lixo
doméstico; e,
Reflexões
100
SILVA, José Bonifácio de Andrade e. Representação à Assembléia Constituinte e Legislativa do
Império do Brasil sobre a escravatura, 1823. Disponível em:
http://www.mp.rs.gov.br/ambiente/doutrina/id17.htm, Acesso em 21 set. 2005.
101
Reprodução do Trecho 3, do Discurso de José Bonifácio, Disponível em:
http://www.mp.rs.gov.br/ambiente/doutrina/id17.htm, Acesso em 21 set. 2005.
Degradamos solos, poluímos a terra, o solo, o ar e os mares, caçamos de forma
indiscriminada, derrubamos florestas que irão facilitar a proliferação de desertos, tudo
em prol do desenvolvimento desenfreado, e em muitos casos, de políticas nacionais
que visam apenas satisfazer interesses de conglomerados industriais e de satisfação
de suas populações com fins eleitoreiros sem uma demanda na preocupação com o
mal causado ao planeta de forma generalizada.
Quando nos referimos a esta conjuntura logo pensamos nos EUA, ferrenho
opositor ao que foi acordado com o protocolo de Kyoto, alegando que isso não é
compatível com os interesses desta nação, ora, eles representam 4% da população
mundial, mais são responsáveis por ¼ das emissões lesivas ao ambiente, por sorte, a
Rússia, reviu suas projeções, a abandonou a idéia insustentada que a sua adesão ao
protocolo poria em risco ao seu desenvolvimento econômico, desta forma em 2005
ratificaram sua adesão, pondo em vigor as normas estabelecidas naquele documento.
A principal negativa de adesão dos EUA deve-se a sua posição de que parte da
comunidade cientifica não atribuí a poluição causada pelas indústrias como fator de
aquecimento global, soma-se a isso a procura de métodos menos poluentes de
produção, porém este país deverá rever sua posição considerados os últimos
acontecimentos, quando a cidade de New Orleans foi quase que totalmente destruída
por um furacão denominado “Katrina”, é de conhecimento cientifico que a elevação de
temperatura nos oceanos é o gatilho para o aumento das atividades deste fenômeno.
O Brasil não difere, apesar de estar se destacando, ao lado da China e Índia, na
liderança dos países subdesenvolvidos, muito deixa a desejar com as políticas de
preservação e sustentabilidade. Até hoje não possuímos políticas claras com relação a
biossegurança e do controle da biopirataria que assola as fronteiras amazônicas; a
Mata Atlântica e o Cerrado, não possuem uma proteção mais acirrada, o primeiro por
causa do interesse imobiliário por ocorrer nas áreas mais privilegiadas do litoral
fazendo com que um projeto que regularia sua exploração esteja “emperrado” no
Congresso a mais de 11 anos, e o segundo tendo sua exploração acelerada,
mascarada pelo crescimento do agro-negócio que gera dividendos e mantém
estabilizada a balança comercial; temos ainda o fato de que algumas iniciativas
benéficas ao ambiente não são apoiadas pelo Poder Público, o que deveria ser
incentivo gera a criação de taxações absurdas levando-se em conta que o que se
paga de imposto no Brasil não retorna numa melhor prestação de serviços para a
população, servindo de revés aos interesses ambientais, como o gás automotivo que
geram obrigações a mais para os proprietários de veículos que o utilizem, além das
existentes, desestimulando aos consumidores que poderiam contribuir com a
diminuição do impacto do preço internacional do petróleo sobre as contas públicas,
além de contribuir com a diminuição de emissões de poluentes na atmosfera.
A necessidade de revermos nossas atitudes passa pelo crivo de que estamos no
mesmo barco, e se ele afundar todos afundarão juntos, independente daquele ou
deste elemento ecologicamente correto ou incorreto. Isso será uma atitude que deverá
partir tanto da sociedade organizada como dos Governos, cada qual cumprindo a sua
parte, a usurpação do meio ambiente permitirá, a nós, destruirmos um mundo que
seria o suficiente para atender nossas necessidades. O pior é que num caminho de
suicídio de uma única espécie (a humana), poderá ser responsável pelo aniquilamento
de outras 99.999.999 espécies. Portanto, em termos percentuais representamos muito
pouco da biodiversidade do mundo, mais seremos responsáveis pelo maior genocídio
de espécies que se tenha notícia, sem mencionar que destruímos o que nos foi
entregue em perfeito estado.
Referências Bibliográficas
Legislação Consultada