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INTRODUÇÃO
A idéia de design é muito antiga - desde os tempos de Sócrates e Platão, [1] e o termo
“design inteligente” como alternativa ao processo evolutivo cego e aleatório darwinista
foi usado em 1897 por F.C.S. Schiller, erudito da Oxford University, num ensaio
intitulado Darwinism and Design Argument. Ele afirmou: “não será possível excluir a
suposição de que o processo da Evolução possa ser guiado por um design inteligente”.
[2]
Mais recentemente durante as últimas décadas, as descobertas em física, astronomia,
teoria da informação, bioquímica, genética e disciplinas afins forneceram as bases para
o desenvolvimento da moderna Teoria do Design Inteligente [TDI]. Muitas dessas idéias
centrais já estavam sendo articuladas por cientistas e filósofos da ciência no começo dos
anos 80 do século 20.
Este presente estudo histórico visa discorrer sobre uma dissensão científica contra
Darwin desde os anos 60 do século 20, seus principais atores e de como surgiu o
Movimento do Design Inteligente [MDI] contemporâneo nos Estados Unidos.
Ao contrário do veiculado na Grande Mídia [GM] e negado pela Academia, existe sim
uma controvérsia e dissensão científicas sobre a validade da teoria geral da evolução
(processos macroevolutivos). A TDI se apresenta como a melhor inferência às
evidências encontradas na natureza para explicar a origem e a evolução do universo e da
vida.
1 – Rumores de Dissensão Científica contra Darwin no Século 20
As primeiras indicações de uma dissensão científica contra Darwin começaram com o
Wistar Symposium [Simpósio Wistar] realizado no centro de pesquisas Wistar Institute
da Universidade da Pensilvânia, em julho de 1966, em resposta às descobertas de
Murray Eden e seus colegas.
Em 1965, Murray Eden, então professor de engenharia elétrica no MIT – Massachusetts
Institute of Technology, juntamente com o matemático francês Marcel Paul
Schutzenberger (1920-1996), membro da Academia Francesa de Ciência, e outros,
começaram a modelar a seleção natural de mutações aleatórias usando a teoria da
probabilidade.
Após muitas tentativas de modelar o mecanismo darwiniano positivamente, este grupo
de pesquisadores ficou surpreso com os resultados consistentemente negativos. Eles
experimentaram novos algoritmos e isso só aumentou a frustração e o ceticismo deles
da noção de ‘aleatoriedade’ nas mutações como matéria prima da evolução.
Esse ceticismo do mecanismo mutação-seleção natural chegou ao conhecimento de
eminentes biólogos evolucionistas. Em questão de meses foi agendada uma reunião com
a presença de diversos cientistas darwinistas para discutirem o problema com o grupo
de Eden. [3]
No seu discurso de abertura, Sir Peter Brian Medawar, [4] prêmio Nobel em Medicina
(1960), reconheceu a existência de um amplo sentimento de ceticismo sobre a questão
do acaso na evolução, sentimento este que ele bem definiu como: “algo está faltando na
teoria ortodoxa”. [5]
D. S. Ulam, matemático, argumentou ser altamente improvável que o olho pudesse ter
evoluído pelo acúmulo de pequenas mutações, pois o número de mutações seria tão
imenso e o tempo disponível não seria bastante suficiente para que elas surgissem.
Medawar disse que os matemáticos estavam pensando ao contrário na sua avaliação
científica. Ele salientou que o olho tinha evoluído e que esta questão simplesmente não
era considerada duvidosa.
O problema da plausibilidade de o olho não ter evoluído foi considerado como sendo
devido a erros ou lapsos nas equações dos matemáticos. O biólogo Ernst Mayr, da
Harvard University, disse: “De algum modo ou de outro, ajustando estes resultados, nós
vamos nos sair bem. Nós nos confortamos com o fato de que a evolução [do olho]
aconteceu”. [6]
Os dois grupos de cientistas foram extremamente sensíveis quanto à conexão e
percepção dos alegados defeitos do neoDarwinismo como sendo criacionismo.
Schutzenberger, cético, disse: “Há uma lacuna considerável na teoria neodarwinista da
evolução, e nós cremos que esta lacuna é de tal natureza que uma conexão não pode ser
feita dentro da atual concepção da biologia”.
C. H. Waddington, darwinista, replicou: “O seu argumento é simplesmente que a vida
deve ter surgido por criação especial”. Schutzenberger e outros cientistas responderam
“Não”! [7]
A reunião no Wistar Institute, em termos retóricos, resultou num ‘beco sem saída’, mas
deixou um documento importante para a história da ciência biológica: Mathematical
Challenges to the Neo-Darwinian Interpretation of Evolution: as objeções contra os
mecanismos darwinistas eram feitas agora em termos matemáticos e empíricos.
Não foram apenas os matemáticos os únicos céticos a levantar tais questões nos anos 60
do século 20. Em 1969, o jornalista e filósofo britânico Arthur Koestler organizou o
Alpbach Symposium [Simpósio Alpbach] Beyond Reductionism [Além do
Reducionismo] com “o expresso propósito de reunir biólogos críticos do Darwinismo
ortodoxo”. [8]
Koestler convidou apenas “personalidades na vida acadêmica com autoridade
inquestionável nas suas áreas respectivas que, no entanto, compartilham desse santo
descontentamento”. [9] Koestler escreveu um livro com o mesmo título provocador do
simpósio: Beyond Reductionism. [10]
Este antievolucionismo científico nem sempre questionou a macroevolução, mas
sempre atacou o mecanismo de mutação e seleção natural. O exemplo mais importante
deste gênero é o livro L’Evolution du Vivant[11] do renomado zoólogo francês Pierre
Grassé. Não tendo um substituto detalhado para o mecanismo de Darwin, Grassé
sugeriu apenas que “fatores internos misteriosos” nos organismos os capacitam a
evoluir em complexidade e diversidade e que somente os fósseis podem lançar a luz
definitiva sobre a história da evolução .
Ele concluiu o seu livro de maneira inusitada e provocadora: “É possível que neste
domínio, a biologia, impotente, dê lugar à metafísica”.
Theodosius Dobzhansky, biólogo da Columbia University, um dos fundadores do
neoDarwinismo e considerado o pai da genética moderna, escreveu uma resenha
respeitosa, mas resistente a Grassé:
“Postular que a evolução é ‘orientada’ por alguma força desconhecida não explica
nada... Mas rejeitar o que é conhecido e apelar para alguma futura descoberta misteriosa
que possa explicar tudo, é contrário ao conceituado método científico”.
Dobzhansky resumiu assim o livro de Grassé:
“O livro de Grassé é um ataque frontal a todos os tipos de Darwinismo. O propósito
dele é de ‘destruir o mito da evolução, como um fenômeno simples, entendido e
explicado’, e demonstrar que a evolução é um mistério sobre o qual pouco é, e talvez
possa ser, conhecido”.
Apesar de discordar, Dobzhansky demonstrou respeito pelo caráter e reputação
científica de Grassé:
“Ora, alguém pode discordar de Grassé, mas não ignorá-lo. Ele é o mais distinto dos
zoólogos franceses, o editor de 28 volumes do Traité de Zoologie, autor de numerosas
investigações originais, e ex-presidente da Academia de Ciência. O seu conhecimento
do mundo vivo é enciclopédico”. [ênfase adicionada] [12]
Esse conhecimento enciclopédico de biologia por Grassé pesou muito na consideração
do seu forte ceticismo sobre o papel da seleção natural na macroevolução.
Foi em 1962 que surgiu um livro que foi lido, citado, discutido, debatido e amplamente
aplicado em várias áreas do conhecimento humano por historiadores, filósofos e
cientistas: A Estrutura das Revoluções Científicas de Thomas Kuhn. [13] Neste livro,
Kuhn desmanchou a visão tradicional de que a ciência era estável, gradualmente
progressiva e estritamente objetiva. A obra de Kuhn surgiu justamente numa época em
que ocorriam os primeiros ataques sofisticados contra o Darwinismo.
As idéias de Kuhn faziam claramente parte de uma sinergia de críticas científicas e de
modos de questionamentos diferentes que tornou possível o que antes era impensável - a
imagem do paradigma darwinista como uma fase prolongada, mas passageira e cheia de
um fenômeno kuhniano: um paradigma em crise ‘esconde as suas anomalias’.
O Darwinismo que antes era considerado o ‘paradigma final’ da evolução que apenas
podia ser estendido, preenchido e refinado, pela visão kuhniana, pode agora ser
superado.
Grassé disse que a evidência dos fósseis reina suprema na demonstração do que
realmente ocorreu na evolução, mas desde os dias de Darwin os paleontólogos têm
buscado em vão a confirmação dessa história.
O problema da ausência persistente de gradualismo nas séries de fósseis levou Niles
Eldredge (Curador de Invertebrados no Museu Americano de História Natural) e
Stephen Jay Gould a elaborarem nos anos 70 do século 20 um novo modelo de mudança
evolutiva chamado de equilíbrio pontuado:
“A extrema raridade de formas transicionais no registro fóssil persiste como o negócio
secreto da paleontologia. As árvores genealógicas que adornam nossos livros-texto têm
dados somente nas extremidades e nódulos de seus galhos; o resto é inferência, por mais
que razoável, não é a evidência dos fósseis... Eu não quero de nenhuma maneira
impugnar a validade potencial do gradualismo. Eu somente quero destacar que isso
nunca foi ‘visto’ nas rochas”.[14] [ênfase inexistente]
O que antes era o negócio secreto da paleontologia Gould tornava público:
“... a história da maioria dos fósseis das espécies inclui duas características
inconsistentes com o gradualismo: (1) Estase. A maioria das espécies não exibe
mudança direcional durante a sua existência na Terra. Elas aparecem no registro fóssil
parecendo muito semelhantes quando desapareceram; a mudança morfológica
geralmente é limitada e sem direção. (2) Surgimento abrupto. Em qualquer área local,
uma espécie não surge gradualmente pela transformação constante de seus ancestrais;
ela aparece de uma vez e ‘plenamente formada’”. [15]
A proposta do equilíbrio pontuado de Eldredge e Gould foi uma solução revolucionária
e conservadora. Modestamente revolucionária porque, contra Darwin, argumentavam
que a porção significante da evolução não ocorre na transformação gradual de
populações grandes e centrais, mas rapidamente em saltos evolutivos nas populações
pequenas e isoladas em milhares de anos em vez de milhões de anos.
Com a teoria do equilíbrio pontuado de Eldredge e Gould tornou mais fácil elaborar um
caso cogente contra a macroevolução, embora isso não fosse a idéia que eles quiseram
encorajar. O reconhecimento desta anomalia significante - a descontinuidade das formas
biológicas - iniciou um processo conceitual de crise kuhniana na biologia evolutiva.
Outras manifestações de ceticismo antidarwinista ocorreram antes de 1985 que
ajudaram a moldar o terreno da retórica. Sir Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe
argumentaram no livro Evolution from Space [16] que os processos aleatórios não
poderiam ter formado a maquinaria bioquímica da célula, especialmente as enzimas.
Eles chegaram a esta conclusão após terem calculado essa probabilidade: seria 1 em
1040.000. Embora tenham proposto uma hipótese esdrúxula de panspermia, [17] eles
afirmaram:
“A teoria de que a vida foi organizada por uma inteligência tem, nós cremos, uma
probabilidade muito maior do que 1 em 1040.000 de ser a explicação correta dos muitos
fatos discutidos em capítulos precedentes... As especulações do [livro] Origem das
Espécies se mostraram errôneas... É irônico que os fatos científicos derrubem Darwin
mas deixam William Paley, uma figura de deboche para o mundo científico há mais de
um século, ainda no torneio com uma chance de ser o vencedor definitivo”. [18]
Uma linha cética mais prudente veio de Colin Patterson, do Museu Britânico. Já em
1981 ele era conhecido pela sua reputação de livre pensador herético na sua área de
cladística [a taxonomia das espécies e outros grupos]. [19] Em 1981 este evolucionista
agnóstico niilista ia de conferência em conferência fazendo a famosa pergunta
embaraçosa aos cientistas:
“Vocês podem me dizer uma coisa que vocês sabem sobre a evolução, absolutamente
qualquer coisa que seja verdadeira? Eu tentei essa pergunta com a equipe de geologia do
Museu Field de História Natural e a única resposta que eu obtive foi silêncio. Eu a tentei
com os membros do seminário de Morfologia Evolutiva na Universidade de Chicago,
um corpo muito prestigiado de evolucionistas, e tudo que eu consegui lá foi silêncio por
um longo tempo e eventualmente uma pessoa disse ‘Eu sei uma coisa - não deve ser
ensinada no ensino médio’”. [20]
(2) Uma feliz concessão a Darwin de que a modesta teoria da microevolução tem boa
razão de ser aceita por todos os biólogos e o público, mas adverte ser ilegítimo
extrapolar a macroevolução da microevolução, cap. 4;
Notas:
[1] Vide Xenophon, Memorabilia of Socrates, Book I, chapter 4; Plato, The Laws, Book
X.
[2] SCHILLER, F.C. S., “Darwinism and Design Argument,” in Schiller, Humanism:
Philosophical Essays (Nova
York: The Macmillan Co., 1903, p. 141. Este ensaio foi primeiramente publicado no
Contemporary
Review em junho de 1897.
[3] MOORHEAD, P. S. e KAPLAN, M. M., eds. Mathematical Challenges to the Neo-
Darwinian Interpretation of
Evolution (Filadélfia: Wistar Institute Press, 1967)
[4] Medawar nasceu no Brasil, mas nunca optou pela nacionalidade brasileira. Seria o
nosso primeiro laureado com o Prêmio Nobel.
[5] MOORHEAD, P. S. e KAPLAN, M. M., op. cit. vol. 5 p. xi.
[6] Ibid.
[7] Ibid.
[8] Outros eminentes participantes: Holgar Hyden (neurobiólogo), Paul Weiss e W. H.
Thorpe (zoólogos), David McNeil (lingüista) e Jean Piaget (psicólogo e educador).
[9] KOESTLER, Arthur. Beyond Reductionism. Londres: Hutchinson & Co. Ltd., 1969,
p. 2
[10] KOESTLER, Arthur. Beyond Reductionism. Londres: Hutchinson & Co. Ltd.,
1969
[11] Traduzido em inglês como Evolution of Living Organisms. Nova York: Academic
Press, 1977.
[12] Citado por Phillip Johnson in Darwin on Trial, Downers Grove, IL: InterVarsity
Press, 1993, 2a. ed., p. 174-75.
[13] KUHN, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva,
1998, 5a. ed.
[14] GOULD, Stephen Jay. The Panda’s Thumb. Nova York: W. W. Norton, 1980.
[15] Ibid, in The Episodic Nature of Evolutionary Change, p. 182.
[16] HOYLE, Fred e WICKRAMASINGHE, Chandra. Evolution from Space. Londres:
J. M. Dent, 1981.
[17] Ibid. A especulação absurda de Hoyle é de que uma inteligência alienígena habitou
dissimuladamente na Terra em forma de numerosas espécies de insetos.
[18] Ibid, p. 96.
[19] Vide Evolution: A Theory in Crisis, de Michael Denton, p. 138-139.
[20] Esta palestra foi gravada sem o consentimento de Patterson, mas numa entrevista
com o jornalista Tom Bethell ele reafirmou esta sua posição. Vide Deducing from
Materialism in National Review, 29 de agosto de 1986, p. 43.
[21] THAXTON, Charles, BRADLEY, Walter e OLSEN, Roger. The Mystery of Life's
Origin. Nova York:
Philosophical Library, 1984. Este livro é considerado o ponto inicial do MDI. Edição
esgotada.
[22] DENTON, Michael Denton. Evolution: A Theory in Crisis. Bethesda, MD: Adler &
Adler, 1986, p. 345.
[23] Ibid, p. 74.
[24] FEYERABEND, Paul. Problems of Empiricism in Beyond the Edge of Certainty,
R. G. Colodny, 1965, p. 176.
[25] Ibid, p. 77.
Os céticos sofisticados contra Darwin – Parte 2
(2) Embora admitisse sua posição teísta, Johnson destacou que muitos na área da
biologia evolutiva também têm posições religiosas fortes
contrárias [ateísmo]. Aos mais dogmáticos ele os nomeou como darwinistas
fundamentalistas.
O objetivo principal de Johnson era fazer com a questão da teoria geral da evolução não
ser verdadeira chegasse à mesa de discussão. Ele conseguiu isso em 23 de setembro de
1988 num seminário realizado com 20 professores universitários da UC-Berkeley.
O livro de Johnson Darwin on Trial [Darwin no banco dos Réus] publicado em 1991 foi
um manifesto intelectual selvagem para esmagar a oposição e expor o darwinismo como
pseudociência. A crítica severa de Johnson encontra-se logo no começo do livro:
"O meu propósito é examinar a evidência nos seus próprios termos, sendo cuidadoso em
distinguir a própria evidência de qualquer viés religioso ou filosófico que possa
distorcer a nossa interpretação daquela evidência. Eu admito que os cientistas da criação
têm este preconceito pelo seu pré-compromisso com o fundamentalismo bíblico, e eu
terei muito pouco a dizer sobre a posição deles. A questão que eu quero investigar é se o
darwinismo é baseado numa avaliação imparcial da evidência científica ou se é outro
tipo de fundamentalismo". [ii]
Johnson afirma, como Denton, que a microevolução é ciência respeitável, mas ataca
implacavelmente a macroevolução como sendo um empreendimento irreal. As teses
negativas de Johnson são:
T1 - Evidência científica: As evidências biológicas e paleontológicas e outros dados
científicos, com poucas exceções, tendem a falsificar a história darwiniana de
macroevolução e o seu prelúdio químico da origem da vida.
T2 - Base filosófica do darwinismo: A macroevolução darwiniana, como uma afirmação
ampla da verdade é baseada fundamentalmente na pressuposição filosófica do
naturalismo. Para Johnson, o naturalismo é a filosofia que "supõe que todo o domínio da
natureza seja um sistema fechado de causas e efeitos materiais que não podem ser
influenciados por qualquer coisa 'externa'. [iii]
O livro de Johnson pode ser considerado um manifesto light projetado para destruir o
estereótipo Bíblia vs. Ciência que dominou o debate sobre a evolução. A questão central
que permeia a argumentação do livro é - Qual é a base para a suprema confiança de
muitos cientistas de que as leis científicas e o acaso são suficientes para explicar o
surgimento de toda a complexidade e diversidade da vida?
O ponto sustentado em Darwin on Trial é de que se descobre o naturalismo metafísico e
não a evidência empírica como sendo a base dessa confiança. Isso é demonstrado
através de um modelo de histórias [MH] utilizado ao longo do livro:
MH1 - As histórias jurídicas. O julgamento de Scopes de 1925 é brevemente recontado
a fim de destruir a lenda do filme "Inherit the Wind" [O vento por herança]. [iv]
Depois aborda o caso mais importante da Suprema Corte americana - Edwards vs.
Aguillard de 1987.
"O povo da Louisiana, inclusive aqueles que são cristãos fundamentalistas, têm o
direito, como uma questão secular, a ter qualquer evidência científica que haja contra a
evolução apresentada nas suas escolas, assim como o sr. Scopes teve o direito de
apresentar qualquer evidência científica que houvesse a favor". [v]
Exemplos: "O homem é o resultado de um processo sem propósito e natural que não o
tinha em mente" [vi]; "penso igualmente que, antes de Darwin, o ateísmo até poderia ser
logicamente sustentável, mas que só depois de Darwin é possível ser um ateu
intelectualmente satisfeito". [vii]
Ele fez dois comentários provocadores na palestra: (A) Os evolucionistas estão falando
igual os criacionistas - "eles apontam para um fato, mas não podem fornecer uma
explicação dos meios", (B) e que tanto a evolução como a criação são formas de
"anticonhecimento", i.e. eles "são conceitos que parecem implicar em verdadeira
informação, mas não são". [viii]
(2) A controvérsia entre Kristol e Gould. Irving Kristol, um teórico social, propôs uma
correção conciliatória num artigo no New York Times: "Se a evolução fosse ensinada
mais cautelosamente, como uma idéia conglomerada consistindo de hipóteses
conflitantes em vez de uma certeza incontestável, isso seria menos controverso" e que
os fundamentalistas não estavam "fora de base quando eles afirmam que a evolução ...
tem um ponto anti-religioso injustificado". [ix]
Gould criticou Kristol e negou que a ciência evolutiva seja anti-religiosa e que Kristol
ignorava a distinção importante entre fato e teoria. Há hipóteses conflitantes sobre o
mecanismo exato da evolução, "mas a evolução é também um fato da natureza, tão bem
estabelecido como o fato de a Terra girar em torno do Sol". [x]
MH4 – A história da seleção natural. São duas as perguntas que Johnson faz: (1) Quanto
os evolucionistas sabem realmente sobre o processo pelo qual todos os seres vivos
evoluíram de ancestrais microbiano? (2) Especificamente, eles sabem realmente o que
eles vêm afirmando saber - que foi um processo inconsciente? [xiii]
Esta ênfase na alegada ignorância do como da evolução torna-se lógico para Johnson
atacar os dois lados do mecanismo do neo-darwinismo - a seleção natural que peneira e
adiciona as mutações benéficas.
Também é verdade que governos fascistas apoiaram o darwinismo, que a maioria dos
cientistas não é de especialistas em lógica, e que muitos comentaristas da evolução são
predispostos a favor do materialismo puro. Mas tudo isso é insultar e bem fora de base.
No seu livro, Johnson aparenta ser um leigo interessado, de mente aberta e muito
inteligente que percebe grandes conclusões tiradas de pouca evidência, destaca
anomalias em atuais explicações evolucionárias, e chega à sua própria conclusão, ainda
bem, sobre a validade da teoria de Darwin. Um homem desses merece ser ouvido e não
ser execrado.
A teoria da evolução pela seleção natural não é um conceito difícil de ser entendido, e
Charles Darwin se dirigiu a uma audiência geral. Mas não é auto-evidente para muitas
pessoas que a seleção natural pode ser totalmente responsável pelo mundo que elas
observam.
As propriedades da matéria são tais que as transições de um estado para o outro não
podem ocorrer muito mais rápido do que 1045 por segundo (o tempo de Planck, a
menor de todas as unidades de tempo fisicamente significativa). O universo mesmo é
um bilhão de vezes mais recente do que 1025 segundos (admitindo-se que o universo
tenha entre 10 a 20 bilhões de anos).
Se qualquer especificação de um evento ocorrendo no universo físico requer pelo menos
uma partícula elementar para especificá-lo e que tal especificação não pode ser gerada
mais rapidamente do que o tempo de Planck, então essas limitações cosmológicas
implicam que o número total de eventos especificados através da história cósmica não
pode exceder 1080 x 1045 x 1025 = 10150. Assim, qualquer evento especificado de
probabilidade menor do que 1 em 10150 permanecerá improvável mesmo após todos os
recursos probabilísticos concebíveis do universo visível terem sido fatorados. Isto é,
qualquer evento especificado tão improvável quanto esse jamais poderia ser atribuído ao
acaso.
Para algo exibir complexidade especificada significa que corresponde a um padrão
condicionalmente independente (especificação) de baixa complexidade especificadora,
mas onde o evento correspondente àquele padrão ele tem uma probabilidade menor do
que o número limite de probabilidade universal (10150) e, portanto tem alta
complexidade probabilística. Emile Borel, matemático francês, propôs 1 em 1050 como
um limite de probabilidade universal, abaixo do qual (10-50) o acaso pode ser
definitivamente excluído, i.e., qualquer evento específico tão improvável quanto esse
nunca poderia ser atribuído ao acaso.
Para explicarmos algo, nós empregamos três amplos meios de explanação: acaso,
necessidade e design. Como um critério para detectar design, a complexidade
especificada nos capacita decidir qual desses meios de explanação é aplicável. Ela faz
isso respondendo a três perguntas sobre a coisa que estamos tentando explicar: É
contingente? É complexo(a)? É especificado(a)?
Dispondo essas perguntas seqüencialmente como nódulos de decisão num gráfico, nós
podemos representar a complexidade especificada como um critério para detectar
design: o chamado “Filtro Explanatório” de Dembski.
Assim, onde for possível existir corroboração empírica direta, o design intencional
estará realmente presente sempre que a complexidade específica estiver presente.
William Dembski é o teórico da TDI mais profundo e prolífico na publicação e edição
de livros. Até a presente data nenhum centro de lógica das universidades públicas e
privadas brasileiras lidou com as teses de Dembski.
· Archaeopteryx, um fóssil de ave com dentes nas suas mandíbulas e garras nas suas
asas, o elo perdido entre os répteis antigos e as aves modernas;
· os tentilhões de Darwin nas ilhas Galápagos, treze espécies separadas de uma quando a
seleção natural produziu diferenças nos seus bicos, e que inspirou Darwin a formular a
sua teoria da evolução;
· moscas de frutas com um par extra de asas, mostrando que as mutações genéticas
podem fornecer a matéria-prima para a evolução [N. deste A.: exemplo não encontrado
em livros-texto brasileiros];
· um padrão tipo galhos de árvore dos fósseis de cavalo que refuta a idéia obsoleta de
que a evolução foi dirigida, e
Estes exemplos são tão freqüentemente usados como evidência a favor da teoira de
Darwin que a maioria deles foi chamada de "ícones" da evolução. Ainda assim todos
eles, de um modo ou de outro, descrevem enganosamente a verdade.
Ciência ou mito?
Alguns desses ícones da evolução apresentam pressuposições ou hipóteses como se eles
fossem fatos observados; nas palavras de Stephen Jay Gould, eles são "as encarnações
de conceitos mascarando como se fossem descrições neutras da natureza". Outros
ocultam as veementes controvérsias entre os biólogos que têm implicações de longo
alcance para a teoria evolutiva. O pior de tudo, algumas delas são diretamente contrárias
à evidência científica bem estabelecida.
A maioria dos biólogos não tem consciência desses problemas. Na verdade, a maioria
dos biólogos trabalha em áreas bem distantes da biologia evolutiva. A maior parte do
que eles sabem sobre a evolução, eles aprenderam de livros-texto de biologia e os
mesmos artigos de revistas e documentários de televisão que são vistos pelo público
geral. Mas os livros-texto e as apresentações populares se apóiam primariamente nos
ícones da evolução, assim, até onde muitos biólogos estão interessados, os ícones são a
evidência a favor da evolução.
Alguns biólogos estão cientes das dificuldades de um ícone particular porque isso
distorce a evidência na sua área. Quando eles lêem a literatura científica na
especialidade deles, eles podem perceber que o ícone induz ao erro ou é
inequivocadamente falso. Mas eles podem sentir que isso é apenas um problema
isolado, especialmente quando eles são assegurados de que a teoria de Darwin é apoiada
por esmagadora evidência de outras áreas.
Se eles acreditam na exatidão fundamental da evolução darwiniana, eles podem deixar
de lado os seus receios sobre o ícone particular do qual eles conhecem algo a respeito.
Por outro lado, se eles expressarem os seus receios eles podem encontrar dificuldade em
serem ouvidos pelos seus colegas porque [como Wells demonstra no livro], criticar a
evolução darwiniana é extremamente impopular entre os biólogos de fala inglesa. [51]
Isso deve ser porque os problemas com os ícones da evolução não mais amplamente
conhecidos. Esta é a razão por que muitos biólogos ficarão tão surpresos quanto o
público geral em saber quão sérios e difundidos são esses problemas". [52]
Os capítulos do livro de Wells comparam os ícones da evolução com a evidência
científica publicada, e revelam que muito do que nós ensinamos sobre a evolução está
errado. Ele comenta que "este fato levanta questões embaraçosas sobre o status da
evolução darwiniana. Se os ícones da evolução são tidos como a nossa melhor evidência
a favor da teoria de Darwin, e todos eles são falsos ou induzem ao erro, o que isso nos
diz sobre toda a teoria? É ciência ou mito?" [53]
Segundo o astrônomo Carl Sagan “A Terra é um estágio muito pequeno numa vasta
arena cósmica… As nossas presunções, a nossa imaginada auto-importância, a ilusão de
que nós temos alguma posição privilegiada no universo são desafiadas por este ponto de
luz pálida“. (Carl Sagan, Pale Blue Dot, 1994).
A
Terra seria meramente uma mancha insignificante num universo vasto e sem sentido
como sugeriu Carl Sagan? Ao contrário, no livroThe Privileged Planet: How Our Place
in the Cosmos Is Designed for Discovery, o astrônomo Guillermo
Gonzalez e o filósofo Jay W. Richards apresentam uma tremenda série de evidência que
expõe a falsidade deste dogma moderno. Eles demonstram que o nosso planeta é
primorosamente adaptado não somente para suportar a vida, mas nos dar a melhor visão
do universo, como se a Terra - e o universo em si - tivessem sido intencionalmente
projetados para a vida e para a descoberta científica.
CONCLUSÃO
Embora parte da comunidade científica negue veementemente que haja uma crise no
atual paradigma neodarwinista porque não resolve suas muitas anomalias, algumas
vozes menos dogmáticas e mais sensatas já admitem a inadequação do neodarwinismo e
sugerem a sua revisão (pós-darwinismo???) ou simplesmente o seu descarte.
Foi em cima dessas dificuldades que surgiu o MDI e a TDI. Aqui no Brasil a TDI tem
feito algumas incursões tímidas e conseguido o apoio de um pequeno grupo de
acadêmicos e alunos universitários que, lamentavelmente, ainda não podem se
identificar como seus proponentes e defensores.
O MDI propõe a TDI como a melhor inferência para explicar alguns eventos
encontrados na natureza. A TDI não se julga uma theoria universalis, e no seu atual
estágio de teoria científica incipiente (10 anos), nós entendemos que devemos sim
continuar apontando a insuficiência epistêmica do darwinismo e de outras teorias para
explicar a origem e evolução da complexidade e diversidade da vida e do universo e
trazer a TDI para o debate acadêmico salutar: nada de inquisição sem fogueiras ou de
caça às bruxas como já ocorre com alguns acadêmicos nos Estados Unidos.
Qual será o referencial teórico para a biologia do século 21?
[46] BEHE, Michael. A Caixa Preta de Darwin. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
1997, p. 24 citando a Darwin no Origem das Espécies.
[47] Ibid., p. 48.
[48] DEMBSKI, William. No Free Lunch. Lanham, MD: Roman & Littlefield
Publishers, Inc., 2002, Cap. 5 The Emergence of Irreducibly Complex Systems, p. 239-
310.
[49] SHAPIRO, James. In the Details... What?, in National Review, 16 Set. 1996, p. 62-
65.
[50] WELLS, Jonathan. Icons of Evolution: Science or Myth? Why much of what we
teach about evolution is wrong. Washington, D.C., 2000, p. 1-4.
[51] N. do A.: este fenômeno é mundial. Podemos criticar o governo, mas não podemos
criticar Darwin. Nem mesmo cientificamente!
[52] WELLS, op. cit., p. 4-8.
[53] Ibid, p. 8.
[54] N. do A.: Eugene Wigner, prêmio Nobel em Física, 1963, pela sua contribuição à
teoria do núcleo atômico e as partículas elementares, especialmente através da
descoberta e aplicação dos princípios
Fonte: http://pos-darwinista.blogspot.com/2006_01_01_archive.html