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Em 1931, o Conselho Internacional de Museus, organiza a Conferência Internacional de Atenas, a propósito da restauração de
monumentos nela é introduzida pela primeira vez, a noção de património internacional e prevendo mesmo um procedimento de
solidariedade internacional, tanto no plano jurídico, como no plano científico. Embora se fale no conceito de monumento
histórico isolado, discutem-se os problemas das envolventes aos monumentos, destacando-se o perigo da poluição.
• Apresentação das diferentes legislações em matéria de protecção e conservação de monumentos históricos e artísticos;
• O restauro de monumentos, seus princípios gerais e estudo comparativo de doutrinas;
• A degradação provocada pela passagem do tempo e por efeito dos agentes atmosféricos;
• A envolvente dos monumentos;
• A utilização dos monumentos – usos perigosos para a sua segurança ou compatíveis com o seu carácter artístico ou
histórico.
Principais Conclusões:
• Os restauros, quando inevitáveis, deverão respeitar a obra histórica e artística do passado, sem excluir estilos de qualquer
época;
• A utilização dos monumentos deve respeitar o seu carácter histórico e artístico;
• O interesse da colectividade sobrepõe-se ao interesse privado. Deve ter-se em conta o sacrifício exigido aos proprietários,
na óptica de preservar o interesse geral;
• Deve respeitar-se o carácter e a fisionomia das cidades, sobretudo nas vizinhanças dos monumentos;
• É de aceitar o emprego criterioso de materiais e técnicas modernas para a consolidação de edifícios antigos;
• Nas condições de vida moderna, os monumentos são cada vez mais ameaçados pelos agentes atmosféricos, pelo que é
necessária a colaboração dos especialistas: físicos, químicos e biológicos;
• O emprego de materiais modernos na conservação de uma ruína deve ser sempre passível de reconhecimento (no sentido
de evitar mimetimos);
• A conservação de Monumentos exige uma cooperação intelectual universal e deverá constituir objectivo educacional para a
juventude.
A quarta assembleia do CIAM (Congresso Internacional de Arquitectura Moderna), realizada em Atenas em 1933, adopta os
princípios de uma Carta de Urbanismo, que passara a ser conhecida como CARTA DE ATENAS. Redigida por Le Corbusier e
publicada em 1933, nos Amalles Técniques. A grande tese funcionalista do urbanismo, testemunho principal deste texto, será
então resumida em quatro palavras célebres: HABITAR, TRABALHAR, RECREAR-SE, CIRCULAR.
No ponto 5 do seu manifesto, aborda, em seis parágrafos, a síntese do património histórico, preconizando:
1. “Os valores arquitecturais devem ser salvaguardados (edifícios isolados ou conjuntos urbanos);
2. Deverão ser salvaguardados se são a expressão de uma cultura e se eles respondem a um interesse geral;
3. Se a sua conservação não tem por consequência o sacrifício das suas populações mantidas em condições insalubres;
4. Se for possível remediar a sua presença prejudicial por medidas radicais; por exemplo o desvio de elementos vitais de
circulação; e mesmo a deslocação de centros até hoje considerados imutáveis;
5. A destruição dos casebres à volta dos monumentos históricos fornecerá a oportunidade de criar espaços verdes.
6. O emprego de estilos do passado, sob o pretexto da estética nas novas construções erguidas nas zonas históricas, tem
consequências nefastas. A manutenção de tais práticas ou a introdução de tais iniciativas não será tolerada sob forma
nenhuma.”
A II Guerra Mundial com as suas destruições massivas, acaba brutalmente com estas preocupações idealistas embora de um
idealismo racional.
3. Convenção de Haia (UNESCO), convenção para a protecção dos bens culturais em caso de conflito
armado – 1954
Assinada em Haia em 1954 sob a iniciativa da UNESCO, é o primeiro sinal de renovação num mundo ainda em ruínas.
É preconizada a criação de um inventário, em tempo de paz, dos bens culturais que representam maior importância,
inscrevendo-os sob um registo internacional. Os países signatários obrigam-se a um respeito mútuo, salvo em caso de
necessidade militar imperativa.
A criação da UNESCO (1945) e os grandes problemas postos pela restauração de monumentos destruídos no decurso de
hostilidades darão um novo rigor à colaboração internacional no domínio da conservação de monumentos, continuando a
própria UNESCO a promover iniciativas, dentro das quais se destacam:
• Colóquios de Budapeste, reunido pelo Comité para o Habitat da Comissão Económica para a Europa são evocados os
problemas de modernização para os centros urbanos, 1970
• Convenção de Paris que propõe medidas científicas, administrativas, jurídicas, financeiras a tomar pelos estados membros,
com vista a preservar os monumentos, conjuntos e sítios nos seus territórios.
4. Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos em Paris – 1957
Os profissionais da conservação de monumentos estão conscientes de um novo facto: não se trata só de enumerar e
salvaguardar os grandes monumentos do passado – com efeito, estes estão, em principio, fora de perigo, tal como as peças de
museu conservadas no local – é necessário dar ao património a sua verdadeira dimensão e aos monumentos o seu
enquadramento.
No segundo Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos, decorrido em Veneza em 1964,
foram adoptadas 13 resoluções pelos Congressistas. A primeira será a CARTA INTERNACIONAL DO RESTAURO, mais
conhecida por CARTA DE VENEZA. A segunda será a criação do Conselho Internacional de Monumentos e Sitíos (ICOMOS)
sob a proposta da UNESCO.
Principais conclusões:
• Reconhecimento da importância, não apenas das grandes criações arquitectónicas, mas também de todas as outras que
tenham adquirido um significado cultural relevante;
• Necessidade de manutenções periódicas;
• Reconhecimento da importância para a conservação dos edifícios históricos e de lhes serem atribuídos fins sociais úteis;
• Ênfase na utilização de técnicas tradicionais, sempre que possível, nas acções de conservação;
• Reconhecimento da importância das contribuições de várias épocas existentes nos edifícios;
O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, fundado em 1965, reuniu principalmente peritos internacionais.
Examina sobretudo problemas técnicos da salvaguarda, tendo-se debruçado sucessivamente, de 1967 a 1974, sobre a
salvaguarda dos conjuntos históricos, sobre os problemas da circulação, do aspecto das cidades antigas, da arquitectura
contemporânea num meio antigo e a sua integração.
7. Conselho da Europa
Considerando que uma política verdadeiramente eficaz apenas seria possível com o apoio dos governos, o Conselho da Europa
tentou convencê-los do perigo eminente que ameaça o seu património, tentando coordenar a sua acção.
Por isso, a partir de 1963, por iniciativa da assembleia consultiva, e ao longo de numerosos debates a que se seguiram, o
Conselho da Europa tentou lançar os fundamentos duma política de “defesa e valorização dos sítios e conjuntos históricos e
artísticos”.
O Congresso de Amesterdão, ao encerrar o Ano Europeu do Património Arquitectónico de 1975, reunindo delegados vindos da
Europa, acolhe calorosamente a Carta Europeia do Património Arquitectónico promulgada pelo Comité dos Ministros do
Conselho da Europa. Reconhece que a arquitectura europeia é património comum a todos os seus povos e afirma a intenção
dos estados membros de cooperar entre si e com os outros estados europeus no sentido de proteger esse património.
Principais conclusões:
1. O património arquitectónico europeu é formado, não apenas pelos monumentos mais importantes, mas também pelos
conjuntos que constituem as nossas cidades antigas e as nossas aldeias com tradições no seu ambiente natural ou
construído.
8. A conservação integrada pressupõe a colocação em prática dos instrumentos jurídicos, administrativos, financeiros e
técnicos.
Definições:
• Património é o conjunto das obras do homem nas quais uma comunidade reconhece os seus valores específicos e
particulares e com os quais se identifica. A identificação e a especificação do património é, assim, um processo relacionado
com a selecção de valores.
• Monumento é uma identidade identificada pelo seu valor e que constitui um suporte da memória. Nele, a memória
reconhece todos os aspectos relevantes que guardam uma relação com actos e pensamentos humanos, associados ao
curso da história e, todavia, acessíveis a todos.
• Autenticidade significa a soma de características substanciais, historicamente determinadas do original até ao estado
actual, como resultado de transformações que ocorreram ao longo do tempo.
• Identidade entende-se como referência comum de valores presentes, gerados na esfera de uma comunidade, e os valores
passados identificados na autenticidade do monumento.
• Conservação é o conjunto de atitudes de uma comunidade dirigidas no sentido de tornar perdurável o património e os seus
monumentos. A conservação é feita com respeito pelo significado da identidade do monumento e dos valores que lhe estão
associados.
• Restauro é uma intervenção dirigida sobre um bem patrimonial cujo objectivo é a conservação da sua autenticidade e da
sua apropriação pela comunidade.
Objectivos e métodos:
• Deve evitar-se a reconstrução no “estilo do edifício” de partes inteiras do mesmo. A reconstrução de partes muito limitadas
com significado arquitectónico pode ser excepcionalmente aceite, na condição de que se fundamente em documentação
precisa e irrefutável. Se for necessário, para o adequado uso do edifício incorporar partes espaciais e funcionais mais
extensas, deve reflectir-se nelas a linguagem actual. A reconstrução de um edifício na sua totalidade, destruído por um
conflito armado ou por desastres naturais, só é aceitável se existirem motivos sociais ou culturais excepcionais que estejam
relacionados com a identidade própria da comunidade.
• A conservação do património edificado é feita segundo o projecto de restauro, que inclui a estratégia para a sua
conservação ao longo prazo. Este projecto de restauro deverá basear-se numa gama de opções técnicas apropriadas e
preparadas segundo um processo cognitivo que integre a recolha de informação e o conhecimento profundo do imóvel e/ou
da sua localização. Este processo inclui o estudo estrutural, análises gráficas, de volumetria, e de identificação do
significado histórico, artístico e sociocultural. No projecto de restauro devem participar todas as disciplinas pertinentes, e a
coordenação deverá ser levada a cabo por uma pessoa qualificada e bem formada em conservação e restauro.