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A Constituição Federal não cria tributos, apenas outorga poder para que os entes estatais instituam
os tributos atribuídos no seu texto. Sendo assim, a Constituição reparte o Poder de Tributar
(característico do Estado) entre os vários entes políticos. O poder de criar tributos é repartido, de
modo que cada ente estatal tem competência para impor prestações tributárias, dentro dos limites
assinalados na Constituição.
A competência tributária pode, então, ser conceituada como a aptidão da União, Estados, DF e
Municípios para criar tributos. A competência abrange amplos poderes sobre as decisões
relativas aos tributos do ente estatal, apesar de existirem limitações a tal competência no próprio
texto da CF.
Nunca é demais lembrar ao estudante que a Constituição não cria tributos, isto é matéria de lei
(ordinária ou complementar, conforme o caso), ela apenas outorga competência para que os
entes estatais criem os seus tributos.
Em relação à competência tributária, devemos ainda atentar para o fato de que as taxas e as
contribuições de melhoria podem ser criadas pela União, Estados, DF e Municípios, pois não há
qualquer limitação no texto constitucional. Não existe uma relação das taxas e contribuições de
melhoria que podem ser instituídas, a Constituição determina apenas algumas características de tais
tributos, tais como os seus fatos geradores (art. 145, II para as taxas e art. 145, III para as
contribuições de melhoria). No seu art. 145, a CF assim dispõe sobre os tributos que poderão ser
criados pela União, Estados, DF e Municípios:
"Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
I – impostos;
§ 1o Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as
Apesar de o artigo acima referir-se apenas a impostos, taxas e contribuições de melhoria, a própria
constituição faz menção a outras figuras tributárias, tais como o empréstimo compulsório (art. 148) e
as contribuições sociais (art. 149).
Vamos agora estudar as competências tributárias de cada ente estatal, com suas características
mais importantes.
Os artigos 153 e 154 relacionam os impostos que competem exclusivamente à União, tais impostos
são os seguintes:
Além dos impostos acima, a União pode, dentro da sua competência tributária, criar outros tributos,
quais sejam:
1. Empréstimos compulsórios
O art. 155 relaciona os impostos cuja cobrança é de competência exclusiva dos Estados e do
Distrito Federal, são eles:
Relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado onde estiver situado o bem,
ou ao DF.
Relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário
ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao DF.
Se o doador tiver domicílio ou residência no exterior ou se o de cujus possuía bens, era residente ou
domiciliado ou teve seu inventário processado no exterior, terá a competência para instituição
regulada por lei complementar.
Deve ser não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação
de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou
outro Estado ou pelo DF.
Poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços. Chamamos a
atenção do estudante para o fato de que a seletividade do ICMS não é obrigatória, ao contrário
do IPI que é obrigatoriamente seletivo.
É facultado ao Senado estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução
de iniciativa de um terço dos Senadores e aprovada pela maioria absoluta e fixar alíquotas máximas
nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados,
mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros.
Salvo deliberação em contrário, as alíquotas internas não poderão ser inferiores às alíquotas
interestaduais.
Nas operações que destinam bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, será
adotada a alíquota interna caso o destinatário não seja contribuinte do imposto e a alíquota
interestadual no caso dele ser contribuinte do imposto, nesta última hipótese, cabe ao Estado onde
estiver o destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a
interestadual.
Não incidirá sobre o ouro, quando este for definido em lei como ativo financeiro.
Não incidirá sobre operações que destinem ao exterior produtos industrializados, excluídos os semi-
elaborados definidos em lei complementar. Atualmente em todas as operações que destinem
produtos ao exterior não há incidência de ICMS, por força da lei complementar 87/96.
Não compreenderá, na sua base de cálculo, o montante do IPI, quando a operação, realizada entre
contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou comercialização, configure fato
gerador dos dois tributos.
Para maiores detalhes sobre o ICMS, aconselhamos que o estudante leia atentamente todo o art.
155 da CF.
Poderá ser progressivo no tempo, conforme previsão do art. 182, § 4.º, II da CF. Tal progressividade
visa garantir o cumprimento da função social da propriedade, onerando de forma mais gravosa os
imóveis que não a cumprirem. É um instrumento de política de planejamento urbano.
Poderá ser progressivo em razão do valor do imóvel e ter alíquotas diferentes de acordo com a
localização e uso do imóvel.
Imposto sobre transmissão inter vivos, a qualquer título,, por ato oneroso, de bens imóveis,
por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem
como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI).
Não incidirá sobre transmissão de direitos reais de garantia (hipoteca, por exemplo).
Não incidirá sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil.
Imposto sobre serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em
lei complementar (ISS).
Incide sobre os serviços previstos em lei complementar (a lei 56/87, chamada de lista de serviços).
Os Municípios só podem cobrar ISS dos serviços previstos na referida lei. Devemos atentar para o
fato que a lei complementar não cria o ISS, apenas diz sobre quais serviços o Município poderá
cobrar o ISS criado por lei ordinária municipal.
Cabe, ainda, à lei complementar fixar as suas alíquotas máximas e mínimas, excluir da sua
incidência exportações de serviços para o exterior, bem como regular a forma e as condições como
isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
Além dos impostos acima, o art. 149-A da CF outorgou aos Municípios a competência tributária para
criar, na forma das respectivas leis, contribuição para o custeio do serviço de iluminação
pública, que deverá obedecer ao princípios da legalidade e da anterioridade.