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RESUMO
1. Introduçao
O conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos está baseado no fato de
que nenhuma empresa existe isoladamente no mercado. Uma complexa e interligada cadeia de
fornecedores e clientes, por onde fluem matérias-primas, produtos intermediários e acabados,
informações e dinheiro, é responsável pela viabilidade do abastecimento de mercados
consumidores.
Para que a cadeia de suprimentos funcione de forma coordenada, os
relacionamentos são de extrema importância. Em alguns casos observa-se relacionamentos
baseados no poder, onde geralmente impera a vontade do mais forte. Em outros casos
observa-se os relacionamentos baseados na confiança.
No que se refere à cadeia de suprimentos automotiva, o problema do
relacionamento é ainda mais complexo, principalmente se for considerado o espaço
compreendido entre a montadora e suas concessionárias. Nesse aspecto, existe um
relacionamento baseado na confiança e parceria ou há uma relação de poder clara, onde
impera a ordem ou o imperialismo?
O presente artigo tem como objetivo avaliar o grau de relacionamento da cadeia
de suprimentos automobilística, no segmento compreendido entre a montadora Volkswagen e
as concessionárias na cidade de Fortaleza. A avaliação foi feita sob a óptica das
concessionárias, englobando seis aspectos: o grau de participação da montadora na resolução
de problemas envolvendo as concessionárias o grau de envolvimento da montadora na
melhoria dos processos internos das concessionárias o grau de participação da montadora no
treinamento e capacitação dos funcionários das concessionárias o grau de confiança entre a
montadora e as concessionárias e a transparência das informações entre as partes. O estudo é
focado predominantemente nas relações da chamada cadeia de suprimentos imediata, mais
novas plantas, sendo duas no Paraná e uma na Bahia e no Rio de Janeiro. Estes dados indicam
maior distribuição do parque automotivo no Brasil e, com a inter-relação das plantas, o
incremento da demanda de serviços logísticos. Ë importante salientar também a evolução das
exportações setoriais, que, na década, atingiram e se mantiveram no patamar de cerca de 20%
das vendas da indústria. (ANFAVEA, 2000).
Novas formas de organização da produção têm sido implantadas no Brasil,
principalmente nas novas fábricas da Volkswagen em Resende - RJ, da GM em Gravataí - RS
e a, em implantação, da Ford em Camaçari na Bahia. Estas fábricas são organizadas sob a
forma do consórcio modular ou condomínio industrial (SALERNO et al, 1998).
6. Metodologia
A pesquisa ora realizada é de natureza exploratória em função do pouco
conhecimento das suas variáveis. Utilizou-se técnicas de analise descritiva com ênfase nos
métodos quantitativos. A pesquisa descritiva é justificada em função da necessidade de
somente observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos, sem que haja nenhuma
manipulação por parte dos autores (MARTINS, 1994, p.15). Empregou-se uma metodologia
que combinou tanto aspectos bibliográficos como empíricos de pesquisa de campo.
A investigação dividiu-se em etapas, conforme explicado a seguir: analisou-se
inicialmente o referencial teórico a partir de livros, artigos e outras fontes. Ao longo da
pesquisa bibliográfica, levantou-se os principais conceitos referentes ao tema estudado,
identificando inclusive as variáveis utilizadas para avaliação do relacionamento entre a
montadora e as concessionárias. Para tanto, utilizou-se as variáveis apresentadas no estudo de
Bronzo, (2001). Segundo o autor, o relacionamento entre os elos da cadeia pode ser avaliado
sob o ponto de vista de quatro variáveis, conforme apresentado na seqüência
a) participação da montadora na resolução de problema das concessionárias
b) envolvimento da montadora na melhoria de processos das concessionárias
c) envolvimento da montadora na capacitação e treinamento do pessoal das
concessionárias
d) confiança e transparência entre montadora e concessionárias
Após a definição das variáveis a examinar, elaborou-se o questionário. Para cada
variável fez-se algumas perguntas, onde as respostas disponíveis estavam classificadas em
graus, conforme quadro 3
LEGENDA DESCRIÇAO
DT DISCORDO TOTALMENTE
DM DISCORDO MUITO
DP DISCORDO POUCO
CP CONCORDO POUCO
CM CONCORDO MUITO
CT CONCORDO TOTALMENTE
Fonte: Os autores (2003).
Quadro 1. Respostas possíveis do questionário.
PERGUNTAS DT DM DP CP CM CT
1. A montadora esta sempre se antecipando aos problemas que 1 3
envolvam a concessionária ?
2. Quando a concessionária esta com algum problema que 1 3
envolva a montadora, esta sempre se dispõe a resolve-lo ?
3. Quando ocorre algum problema que envolva a montadora, o 1 2 1
acesso às pessoas é fácil e rápido ?
4. Todos os problemas que são repassados para a montadora 1 2 1
são resolvidos rapidamente ?
TOTAL 3 8 5
PORCENTAGEM (%) 0 0 18 50 32 0
Fonte: Os autores (2003).
Tabela 1. Resumo das respostas que avaliaram a participação da montadora na solução dos problemas.
PERGUNTAS DT DM DP CP CM CT
10. A concessionária disponibiliza todas as suas informações para 2 2
que a montadora possa analisar e traçar novas estratégias?
11. O grau de transparência existente entre a montadora e a 3 1
concessionária é excelente?
TOTAL 0 0 5 32 0 0
PORCENTAGEM (%)
Quadro 3. resumo das respostas que avaliaram o nível de transparência entre montadora e concessionárias. Fonte
As autores (2003).
8.Conclusão
Nota-se que as práticas de relacionamento apresentadas neste estudo tendem a
aumentar o grau de dependência, da concessionária/montadora, àquele relacionamento. Este
aumento da dependência mútua entre empresas tende, por sua vez, a unir os destinos das
organizações, mitigando os riscos de comportamentos oportunísticos. Existem evidências de
uma preocupação crescente com os relacionamentos em outros níveis na cadeia - por
exemplo: certificações e treinamentos em qualidade estão sendo cada vez mais exigidos pela
montadora; os problemas entre montadora e concessionária estão sendo resolvidos de maneira
conjunta e com rapidez.
A partir dos resultados deste estudo percebe-se que, nas recentes concessionárias
da Volkswagen instaladas em Fortaleza/CE, o relacionamento imediato na cadeia de
suprimentos tem sido caracterizado por diversas iniciativas de aproximação entre clientes e
fornecedores. Considera-se que estas iniciativas são um importante e necessário passo para
uma política mais abrangente de gerenciamento da cadeia de suprimentos total.
Referências
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