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Elas são as donas do dinheiro, mesmo daquele que não as pertence. Elas decidem e, quando
não decidem, influenciam decisivamente como e o quê comprar. Elas ganharam, nas últimas décadas,
um espaço desejado durante milênios. E, por conta de uma longa história de estereotipia, recebem um
opinião de conceituados institutos. Um público que está muito além de um nicho, apesar de assim ser
invalida todos os esforços de relacionamento entre marcas e mulheres, em uma comunicação mais
ética e eficiente.
evolução do papel da mulher na propaganda”, os autores Silvia Quintanilha e Raul França Filho
apontam que as mulheres são direta ou indiretamente responsáveis pela compra de grande parte dos
bens duráveis, serviços e produtos de consumo do mercado nacional. As pesquisas americanas, por
sua vez, apontam dados quantitativos que reforçam e norteiam um raciocínio análogo no mercado
brasileiro, e justificam o porquê de Faith Popcorn ter declarado que as mulheres são a força
econômica dominante nos EUA, e Tom Peters apontado o mercado feminino como a “oportunidade
As mulheres são responsáveis por cerca de 85% das compras e decisões de compra. Elas
assinam 80% dos cheques que circulam. Seu salário subiu 63% comparado aos 6% do dos homens
nas últimas duas décadas, e em mais 15 anos ganharão o mesmo que eles. Elas também decidem 92%
das viagens de férias, e 70% das viagens de aventura. Já são 46% dos viajantes a negócios.
Imóveis? Sua influência determina 91% das compras. Nos segmentos menos tradicionais, como
eletrônicos, 51% - muito acima do que os fabricantes estimavam até pouco tempo atrás. No setor
automobilístico, as mulheres são responsáveis por 50% das compras, e influenciam assertivamente
cerca de 90%. São elas que escolhem uma nova conta no banco em 89% das vezes. Em relação a
seguros-saúde, elas tomam 80% das decisões sobre dois terços de todos os gastos. Elas movimentam
uma economia em torno de U$5 trilhões. Na educação, levam quase 60% dos diplomas
Elas ganham e possuem mais hoje do que em qualquer outro período da história. Elas
controlam a maioria dos gastos da casa. Elas são mais lucrativas em termos de retorno de
Na cidade de São Paulo, um em cada quatro domicílios é mantido por uma mulher. Nos EUA,
prerrogativa de estudo que isso sugere no nosso país, a única motivação para este projeto.
A estes estímulos presentes no mercado está aliada a força bruta do efeito cumulativo de
Entendamos “preconceito” como a ação social que responde ao significado real de acontecimentos
complexos sociais com palavras, expressões, conceitos ou atitudes superficiais, que não contemplam a
Um exemplo seria a categoria de mercado “mulher Amélia”, ou a boa dona-de-casa que vive
para cuidar da família. A visão da sociedade sobre essa mulher – que um dia existiu – persiste em um
estereótipo, ou seja, uma representação subjetiva da identidade psico-social dessa mulher que, na
apresenta em uma sociedade já estruturada, um borrão desconhecido, o qual preenchemos com nossos
significados? Todo elemento que compõe essa mulher consumidora, ativa, modernizada é pela
sociedade recortado e coberto de significados. Porém, significados carregados com uma visão do
Tudo o que é estranho, diferente, passa pelo processo social do estereótipo. Este, portanto, é
um reflexo cheio de desvios, que carrega uma série de elementos emocionais e valorativos. E os juízos
Mas de onde provém este incômodo? Ele certamente provém da visão borrada sobre a
verdadeira identidade desta mulher (que socialmente é uma “nova mulher”), e também da falta de
conhecimento dos processos cognitivos que independem de cultura, ou seja, o conhecimento profundo
mensagens que realmente dialoguem com este mercado, o qual está longe de ser apenas um
nicho, considerando que as atitudes da mulher são um fenômeno psico-social, ou seja, onde o
Este tema demanda esta atenção especial. Os estudos sobre recepção destacam o meio social,
análise do processo comunicacional. Porém, nesta arena que é a mente da consumidora, situada num
mundo onde elas têm atingido esses graus surpreendentes de participação nas decisões de compra, a
disputa por seus sentidos muitas vezes passa despercebida pela necessidade de localizar e questionar
alguns estereótipos (sejam eles positivos ou negativos) arraigados à visão do mercado, desnudando
O borrão provocado pelos estereótipos traz para o bolso das empresas a conseqüência
para as empresas. Tratar a mulher como um ser mais “emocional”, “complexo” ou que “tem
dificuldades que as empresas e agências de comunicação enfrentam para dialogar com este público,
para construirmos novas abordagens na comunicação com a mulher: a Femme. Até por uma
questão ética.
Sim, ética. Destacamos esta questão como alicerce ideológico para a adoção deste tema. É
preciso encarar este projeto com toda a responsabilidade inerente a ele. Consideremos isto sob o
Jung teoriza sobre o que acontece quando se excluem camadas imensas da população de
algum fluxo social. Esse grupo forma um enorme contingente humano que desperta,
provoca a exclusão. Essa massa acaba por esperar uma integração, mas por ser rechaçada para uma
clandestinidade da participação, sua ação corrói e rejeita a ordem constituída. Este processo é
chamado de Sombra que, no nível psicológico, pode ser identificada como as potencialidades deixadas
Observando a situação da mulher frente à comunicação, podemos perceber que, quando não
masculinizado é mais que comum, e isto infere a exclusão – ainda que inconsciente – por parte da
É dessa segregação, presente tanto nas mensagens quanto nos meios, que provém a Sombra
sobre o público feminino. Ela (a Sombra) está na lesão dos talentos, potencialidades, desejos e
projetos da mulher, alimentando a sensação de inadequação da comunicação feita hoje. É por isso
que nas pesquisas citadas entendemos o porquê de as mulheres não se sentirem equiparadas aos
homens nos valores do mercado. E por sabermos que isso se estende a outros assuntos da vida, nossa
responsabilidade aumenta.
Vivemos em uma cultura de gêneros. Insistimos que a conscientização como dever ético
deve ser um postulado na vida do comunicador. “Uma visão parcial da psique leva a uma
desconhecimento dos agentes e variáveis do tema proposto mantém insolúveis os problemas éticos
atuais e confunde a reflexão. A miopia social promove evasão do conflito. Enquanto que a correção
desta visão marginalizadora da mulher tem vantagens econômicas e éticas: por um lado, atende
mulher e sua Sombra. O que desejamos ao assumir essa postura como empresa de comunicação é
Para que haja um enfrentamento do problema, é preciso ter perspectivas de uma saída, ou
então a tensão gerada pela reflexão trará somente a produção de mais sombras e estereótipos. A
Em seus trabalhos, Martha Barletta, uma das grandes autoras sobre marketing de gêneros nos
EUA, disse:
(...) é que o DNA dos ratos e dos seres humanos é 95% igual. Os dois
– Marketing to Women
cromossomo Y masculino. O fato de a mulher possuir dois X, e o homem possuir um Y (um único
cromossomo estruturalmente diferente) faz toda a diferença. Esta pequena, quase insignificante
singularidade cromossômica, gera todas as características específicas do homem, inclusive a presença
Do ponto de vista biológico, portanto, não se pode ignorar o fato de homens e mulheres serem
humano e modelam suas preferências pessoais, relata que os neurocientistas estão buscando descobrir
atitude em relação à comunicação, à marca, ao estímulo etc) como um processo que soma aspectos
individuais e sociais. O que tentaremos destacar é a importância das características inatas do gênero
qualquer cultura”.
mulher. E, enquanto nossa observação biológica se apóia nos estudos de diversos centros de
neurociência e institutos de pesquisa, nosso estudo sobre a cultura parte de uma avaliação profunda da
evolução da mulher em toda sua história no mundo. Desde a pré-história, o contexto social deu
espaço para o exercício de características que vemos até hoje nas mulheres. O fato é que temos
tinham que resistir aos rigores da criação dos filhos e garantir que
chegassem à idade de procriar. Com menos testosterona no sangue e
pequenos.”
âmago do ser humano, são a mesma fonte instintiva de sobrevivência. As pesquisas comprovam isso:
caçadores na Indonésia”.
Vgotsky afirma que cada ser humano, ao nascer, traz consigo a história de sua espécie. E que
as atividades mentais ganham o peso dos pensamentos mais complexos conforme o tempo passa na
vida de uma pessoa. Nos estágios iniciais de desenvolvimento, as atividades mentais se apóiam mais
sociais que fazem parte da constituição do comportamento da mulher brasileira, sob o ponto de
De posse de tais estudos, chegamos ao momento mais significativo deste projeto; já teremos
um conhecimento mais relevante sobre o receptor, falta-nos explorar a ciência da emissão e seus
desdobramentos práticos.
A linha de pensamento que seguimos engloba os principais teóricos da comunicação, de
Aristóteles a Adorno, mas tem grande enfoque prático, valendo-se de técnicas de marketing,
A criação publicitária terá como ponto de partida verificar a capacidade de atração que as
imprescindível para compreendermos sob que aspectos devem ser construídas as mensagens para a
consumidora.
instruções sobre a mulher. Toda a pesquisa caminha para provocar no comunicador o espírito
embasamento que utilizamos busca, na essência, uma comuicação mais consciente com a
mulher brasileira hoje, desenvolvemos metodologias para a criação de mensagens mais envolventes,
mensagem”.
Objetivos
Cientes de que somos capazes de apontar caminhos estratégicos reais e possíveis para a criação de
uma comunicação eficiente, criativa e ética em todos os níveis da mesma: desde o conceito da marca e
desenvolvimento das mensagens verbais (linguagens e seus usos) até o planejamento de mídia, canais
de distribuição, relações públicas, (os meios e as relações indiretas com a consumidora), apostamos
neste projeto e abrimos as portas aos profissionais que com ele se sentirem entusiasmados.
Referências blibliográficas recomendadas
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