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fal ua at ui sejan8ied seni ‘aN uodsa1 794 ‘ou0s NOG. Ep ‘pepe of OFS Susy conus ta PHTECI 7 ® owoo ‘BIOURISEXS | OpeSuay is na nog apocaid onl ‘wueumg epr edna =n ‘uraUIOy 0 UNOV NOIsA ANd Yod a2 an AAWOH Od VIONGLSIXd Va Wid O T omayavy ia 12 © FIM DA ENISTENCIA DO HOMEM endamos melhor se 0 aplicarmos a nds. Mesmo fazé-la por nobre que seja mente por essa razio, sem me referir a Deus de alguma forma, faco algo imper Nao € uma coisa md, mas é menos perfeita. Isso seria ass que se tratasse de um anjo ou da propria San- ima Virgem, se prescindissem de Deus. Nao existe maior motivo para fazet uma coisa que fazé-la por Deus. E isso é certo tanto para o que Deus faz como para o que nés fazemos. ‘A primeira razio, pois — a grande razio pela qual Deus fez © universo ¢ nos fez a ns —, foi 2 sua propria gliria: para mostrar © seu. poder € bondade Seu infinito poder mostra-se pelo fato de existirmos. Sua infinita bondade, pelo fato de Ele nos querer fazer participar do seu amor ¢ felicidade. Ese nos parece que Deus € egoista por fazer as coisas para sua propria honra e gliria, é por- que nao podemos deixar de pensar nEle em termos humanos. Pen- samos em Deus como se fosse uma criatura igual a nés, Mas o fato que nao existe nada nem ninguém que mais merega ser objeto do pensamento de Deus ou do seu amor que 0 proprio Deus. No entanto. quando dizemos que Deus fez 0 universo (e nos fer a nds) para sua maior gloria, nao queremos dizer, evidentemente, que Deus necessitasse dela de algum modo. A gliria que dio @ Deus as obras da sua Criagao é a que denominamos “gloria extrin- seca”. B algo fora de Deus, que nio Ihe acrescenta nada. E como no caso do rae a met repleta de belas imagens. ‘a projeta algumas dessas ima- gens sobre a tela, para que a gente as veja e admire, isso nao acres- centa nada ao proprio artista. Nao o torna melhor ou mais notdvel do que era. ‘Assim Deus nos fez primordialmente para 2 sua honra e gloria ie a primeira resposta A pergunta “Para que nos fez Deus?” seja: “para mostrar a sua bondade” Porém, a principal maneira de Deus demonstrar a sua bondade baseia-se no fato de nos haver criado com uma alma espiritual e imortal, capaz de participar da sua propria felicidade. Mesmo nos assuntos humanos, sentimos que a bondade de uma pessoa se manifesta pela generosidade com que com- partilha a sua pessoa € as suas posses com outros. Da mesma ma- neira, a bondade divina se manifesta sobretudo pelo fato de nos fazer participar da sua propria felicidade, de nos fazer participar de Si mesmo, Por essa raziio, ao respondermos do nosso ponto de vista & per- gunta: “Para que nos fez Deus?” dizemos que nos fez. “para parti- POR QUE ESTOU AQUI? 13 ciparmos da sua eterna felicidade no céu". As duas respostas sio como que as duas faces da mesma moeda, 0 anverso € 0 reverso: a ipar da sua felicidade e a nossa par- le Deus, Bem, © que ¢ essa felicidade de que vimos falanao e para a qual Deus nos fez? Como resposta, comecemos com um exemplo: 0 do soldado americano que servia numa base estrangeira. Certo dia, 20 ler o jornal da sua terra, enviado pela mae, viu a fotografia de uma moga. O soldado nao a conhece. Nunca ouviu falar ncla. Porém, a0 fité-la, diz; “Oh, agrada-me esta moga. Gostaria de casar-me com ela”. © enderego da moga estava no pé da foto e 0 soldado decide escrever-the, sem muita esperanga de receber resposta. E, no entanto, fa resposta chega. Comegam uma correspondéncia regular, trocam fotografias ¢ contam mutuamente todas as suas coisas. O soldado enamora-se cada dia mais dessa moga, que nunca enciado e volta pé dois anos cortejou-a & distancia. Seu amor por ela f@-lo melhor sol dado ¢ melhor homem; procurou ser 0 tipo de pessoa que ela queria que fosse. Fez as coisas que ela desejaria que fizesse © evitou as que a desagradariam se chegasse a conhecé-las. Ja é um anseio ardente por ela o que palpita em seu coracdo, ¢ esté voltando para casa Podemos imaginar a felicidade que embeberd cada fibra de seu ser ao descer do trem ¢ tomar, enfim, a moga em seus bragos? “Oh! — exclamaré ao abraci-la —, se este momento pudesse eternizar-se!”. Sua felicidade € a felicidade do amor alcancado, do amor que se encontra em completa posse da pessoa amada. Chamamos a isso fruigdo do amor, © jovem recordaré sempre este instante — instante fem que seu anseio foi premiado com o primeiro encontro real — como um dos momentos mais felizes da sua vida na terra, £ também o melhor exemplo que podemos dar sobre a da nossa felicidade no céu, £ um exemplo penosamente imperfeito, extremamente inadequado, mas _o melhor que pudemos ¢1 Porque a primordial fel a que possuiremos a Deus infinitamente perfeito © seremos possuidos por Ele, numa unio tio absoluta e completa que nem sequer remo- tamente podemos imaginar o éxtase que dela advird, casa, Durante Nao sera um ser humano que possuiremos. por admirivel que seja. Sera o préprio Deus. a quem nos pessoal e consciente; Deus que ¢ Bondade, Verdade ¢ Beleza infi- nitas; Deus que € tudo, € cujo amor infinito pode satisfazer (como nenhum amor na terra) todos os desejos ¢ aspiragdes do coracio M4 © FIM DA EXISTENCIA DO HOMEM humano. Conheceremos entio uma fel diremos dela que “nem otho algum viu. nem ouvido algum ouviu, em © coracdo humano imaginou”, segundo a citagio de Sa0 Paulo (1 Cor, 2,9). E esta felicidade, uma vez alcangada, nunca se poderé perder. idade wo arrebatadora, que Mas isto nio significa que se va prolongar por horas, meses € anos. O tempo é algo préprio do mundo material perecivel. Quan- . deixaremos também o tempo que conhece- Tonga” do deixarmos esta mos. Para nés, a eternidade nao seré “uma temporada mui A sucessio de momentos que experimentaremos no céi de durago que os tedlogos chamam aevum — nfo serdo nometraveis em horas € minutos. Nao haverd sentimento de “espera” nem sensago de monotonia, nem expectativa do amanhi, Para nés, © “agora” sera a tinica coisa que contar Nisto consiste a maravilha do céu: em que nunca acaba. Esta- remos absortos na posse do maior Amor que existe, diante do qual 9 mais ardente dos amores humanos € uma pilida sombra, Eo Joss Extase no sera perturbado pelo pensamento de que um dia fer que acabar, como ocorre com todas as felicidades terrenas. £ claro que ninguém é absolutamente feliz nesta 1. As vezes, muitos pensam que 0 seriam se pudesse alcangar todas as coisas que desejam. Mas quando 0 conseguem — saiide, riqueza ¢ fam: familia carinhosa ¢ amigos leais —, acham ma a. Ainda nao sdo que seu coragio dese is sAo como a agua salga dento, que, em vez de satisfazer a ns Estes sibios descobriram que nao hi fe ‘manente como a que brota de uma fé e frutifero amor de Deus. Mas mesmo estes siibios percebem deste mundo é inadequada, e & precisamente nisso — no fato de nenhum humano jamais ser perfeitamente feliz nesta vida — que encontramos uma das provas da existéncia da felicidade eterna, que nos aguarda apés a morte. Deus, que é infinitamente bom, nao poria nos coracdes humanos. Mas, mes- desta vida pudessemt sa- a certeza de jade seria incompleta humanos. perm: dia a morte nos tirard tudo — e a nossa fel QUE DEVO FAZER? 5 No céu, pelo contrario, nao s6 seremos felizes com a maxima capa- cidade do nosso coragio, mas teremios, além disso, a perfeigio fi da felicidade, por sabermos que nada no-la poder arrebatar. Esti assegurada para sempre. QUE DEVO FAZER? Temo que muitas pessoas encarem 0 céu como um lugar onde encontrario os seres quetidos falecidos, mais do que o lugar onde encontrario a Deus. £ verdade que no céu veremos as pessoas que- ridas, ¢ que a sua presenca nos alegrard. Quando estivermos com Deus, estaremos com todos os que estio com Ele, e nos alegrara saber que nossos entes queridos estio ali, como também Deus se allegra de que estejam. Quereremos também que aqueles que aqui deixamos aleancem o céu, como Deus quer que o alcancem. de fai Paro lamente maior, seré Mas, quando o Papa entra na sala de audiéncias, é para ele, prin- cipalmente, que se dirigem os olhos de todos. De modo semelhante, todos nés nos conheceremos © nos amaremos no céu. Mas nos conheceremos ¢ nos amaremos em Deus. Nunca se ressaltard bastante que a Felicidade do céu consiste essenci in al de Deus — na posse final e com- pleta de Deus, a quem nesta terra desejamos ¢ amamos debilmente e de longe. E se este ha de ser o nosso dest — estarmos eterna- mente unidos a Deus pelo amor —, disso se depreende que temos de comegar a ami-lo aqui nesta vida. Deus nao pode clevar & plenitude o que nem sequer existe. Se nio hd um principio de amor de Deus em nosso coragio, aqui, na terra, nao pode haver a fruigio do amor na eternidade. nos colocou Deus na terra, para que, amando-o, estabelecamos os alicerces necessarios para a nossa felicidade no ¢ Na epigrafe precedente falamos de um soldado que, servindo numa base longingua, vé o retrato de uma moca num jornal e se enamora dela. Comega a escrever-the e, quando regressa a0 lar, acaba por fazé-la sua. evidente que se, para comegar, o jovem. nao se tives nado com a fotografia, ou se apis mas pou- jeresse por cla, pondo fim a corres. ficado nada para ele, ao se regresso, E mesmo que a encontrasse na estacio, a chegada do trem, 16 © TIM DA EXISTENCIA DO HOMEM Para ele © seu rosto teria si Seu coragio nao se sobressaltaria an vé-la De igual modo, se mio comeyamos a amar a Deus nesta nao haverd maneira de nos unirmos a que entra na et simplesmente, ni Ass poderia ver a beleza do mundo como outro qualquer nam homem sem olhos nie n homem sem amor de Deus nip poderd ver a Deus: lade cezo. Nao € que Deus diga ao pecador impe € sendo uma hegativa ao amor a me amas, nada quero contigo. Vai-te para o interno’ que morre sem amor a Deus, ou seja, sem arrepender-se de seu pecado, fez a sua propria escolha. Deus esté ali, mas ele nao 0 pode ver, assim como o sol brilha, mas o cego nao 0 pode ver F evidente que nio poder nar 0 que no conhecemos. Isto leva a outro dever que temos nesta vide: aprender tudo 0 que pudermos sobre Deus, para poder amé-lo, manter vivo © nosso antor © fazé-lo crescer. lado imaginirio: se esse jovem nio tivesse visto a fotografia da moca, é claro que nunca teria chegado a ami lo poderia ter-se enamorado de alguém de quem nem sequer tivesse ouvido falar. E se, mesmo depois de ver a fotografia da moga, nao the tivesse escrito ¢, pela correspondéncia, tivesse conhecido 0 seu atrative, 0 primeiro impulso de interesse transformado em amor ardente, Por isso “estudamos” religidio. médio ¢ superior. Por vros e revistas de dou- los de estudo, semindric Sao parte do que poderiamos chamar a nossa “correspon- déncia” com Deus. Sio parte do nosso esforgo por conhecé-lo me- Thor, para que nosso amor por Ele possa crescer, desenvolver-se conservar-se Ha, evidentemente, uma tinica pedra de toque para provarmos sso amor por alguém: € fazer o que agrada A pessoa amada, © que ela gostaria que fizéssemos. Servindo-nos uma vez mais do exemplo do nosso soldadinko: se, ao mesmo tempo que dissesse amar @ sua namorada © querer casar-se com ela, se dedicasse a gastar 0 seu tempo ¢ dinheiro com prostitutas © em bebedeiras, seria um em busteiro de pri lasse. Seu. amor nao seria QUE DEVO FazieR? a 0 coragiio deva dar pessoas poderio Amar a Deus nao Mas outro mmacgio de graus dife- la, que dependerio dos conhecimentos e da capa- preciar a mtisica de cada um, tudo isto o que o catecismo quer dizer quando per- ue devemos fazer para adquirir a felicidade do céu?”, e “Para adquirir a felicidade do céu, devemos conhe- Essa palayra do meio, “amar”, Mas 0 amor nio se dé sem prévio : € indispensdvel conhecer a Deus para poder amé-lo. E nao € amor verdadeiro aquele q se manifesta em obras, fazendo o que amado quer. Assim, pois, devemos também servir a Deus. impossivel contempli ios dese um poder especial. Este poder especial que Deus da 18 © FIM DA EXISTENGIA DO HOMEM aos bem-aventurados — que nao faz parte da nossa natureza huma- na ea que no temos direito — chama-se lumert gloriae. Se nao fosse por essa luz de gloria, a felicidade mais alta a que poderiamos aspirar seria a felicidade natural do limbo. Seria uma felicidade muito semelhante aquela de que goza o santo nesta vida, quando ‘em unio préxima ¢ extética com Deus, mas sem chegar a vé-lo. ‘A felicidade do céu & uma felicidade sobrenatural. Para alean- ala, Deus nos proporciona os auxil sobrenaturais a que chama- mos gragas, Se Ele nos deixasse somente com as nossas forgas, nio conseguiriamos jamais o tipo de amor que nos faria merecer © céu. E um tipo especial de amor a que chamamos “caridade”, e cuja se- mente Deus implanta em nossa vontade no Batismo, Se cumprirmos a nossa parte, procurando, aceitando e usando as gragas com que Deus nos prové, este amor sobrenatural cresceré em nés ¢ dard fruto. © céu & uma recompensa sobrenatural que alcangamos vivendo a vida sobrenatural, ¢ essa vida sobrenatural € conhecer, amar ¢ servir a Deus sob o impulso de sua graga. £ todo o plano e toda losofia de uma vida autenticamente crista QUEM ME ENSINARA? ‘Aqui, uma cenazinha que bem poderia acontecer: 0 diretor de uma fabrica leva um de seus operdrios para junto de uma nova miquina que acaba de ser instalada. £ enorme ¢ complicada. O tor diz a0 operirio: “Eu o nomeio encarregado desta maquina, Se fizer um bom trabalho com ela, teré uma bonificagao de cinco mil délares no fim do ano. Mas, como é uma maquina de grande valor, se voc a estragar, serd despedido. Aqui esti um folheto que explica o manejo da maquina, E agora, ao trabalho!” “Um momento — diré certamente 0 operdrio —. Se isto signi- fica ter um montio de dinheiro ou ficar sem trabalho, necessito de ‘algo mais que um livrinho. £ muito fécil entender mal um livro. F, além disso, a um livro nao se podem fazer perguntas. Nao melhor chamar um desses que fazem as maquinas? Poderia expli car-me tudo e certificar-se de que entendi bem”. Seria razoavel o pedido do operdrio. Da mesma maneira, quan- do nos dizem que toda a nossa tarefa na terra consiste em “conhecer, amar e servir a Deus”, € que a nossa felicidade eterna depende de como fizermos isso bem feito, poderemos com raz4o pergunt me explicari a maneira de cumprir essa tarefa? Quem me preciso saber? QUEM ME ENSINARA? 19 ipou-se A nossa pergunta ¢ respondeu a cla. E um livro em nossas maos, ¢ depois que nos arran- jassemos 0 methor que pudéssemos na interpretagio. Deus en- viou Alguém da “matriz” para que nos dissesse 0 que precisamos saber para decidir 0 nosso destino, Deus enviou nada menos que ‘seu proprio Filho, na Pessoa de Jesus Cristo. Jesus nfo veio & terra tunicamente para morrer numa cruz ¢ tedimir os nossos pecados. Jesus veio também para ensinar com a palavra e com o exemplo, Veio para nos ensinar as verdades sobre Deus que nos levam a e para nos mostrar o modo de vida que prova o nosso amor. Jesus, na sua presenca fisica e visivel, subiu ao cou na ira _da Ascenso. Mas concebeu 0 modo de permanecer como Mestre até o fim dos tempos. Com seus doze apdstolos como ¢ base, modelou um novo tipo de Corpo. & um Corpo permanece na terra, As cé rotoplasma. Sua Ca- Santo. A Voz deste mente para nos de Cristo, chama- beca € 0 proprio Jesus, ¢ 2 Alma é 0 Es Corpo & a do priptie Cris we nos fala cor ensinar € guiar, A este Corpo, 0 Corpo M mos Igreja. da Tgreja”. sinadas por Jesus Cristo, a Igreja as resu de fe a que chamamos Credo dos Apéstolos. Nele esttio as verdades funda- mentais sobre as quais se baseia uma vida cristi. 0 Credo dos Apéstolos € uma orag ma que ninguém as palavras atuais, Data sabe dos primeiros di pois do Pentecostes ¢ antes de por todo © mundo, formularam com certeza uma espécie de st das verdades essenciais que Cristo thes havia confiado. Com ele, n certos de abranger essay verdades est io de Fé para os possiveis 10 de Cristo pelo regarem suas viagens missi Assim, podemos rein em Deus Pai todo-poderoso sio de f& que os primeitos convert Aquila, P ie, quando entoamos 0 amos a mesma_profis- om tanta alegria selaram com seu sangue, 20 O FIM DA EXISTENCIA DO HOMEM Algumas das verdades do Credo dos Apéstolos, nés mesmos as poderiamos ter encontrado, sob condigies ideais. Tais sio, por cxemplo, a existéncia de Deus, sua onipoténcia, 0 fato de sero Criador do céu e da terra. Qutras. nés as conhecemos s6 porque Deus no-las ensinou, como o fato de Jesus Cristo ser o Filho de Deus, ou de haver tés Pessoas em um sé Deus, Ao conjunto de verdades que Deus nos ensinou (algumas compreensiveis para nds © outras acima do alcance da nossa razio) chamamos “revelagio divina”, ou seja, as verdades reveladas por Deus. (“Revelar” vem de uma palavra ta “retirar 0 véu"). Deus comegou a retirar o véu sobre $i mesmo com as verdades que nosso primeiro pai, Adio, nos deu a conhecer. No decorrer dos séeulos. Deus continuou a retirar 0 véu pouco a pouco. Fez revelagdes sobre Si mesmo — e sobre nds — aos patriarcas, como Noé e Abraio: a Moisés e aos profetas que vieram depois dele, como Jeremias e Dai As verdades reveladas por Deus Cristo chamam-se “revelacao.pré-cristi na para a grande manif side Adio até 0 advento de Foram preparagiio. paula- io da verdade divina que Deus nos faria por seu Filho Jesus Cristo. As verdades dadas a conhecer dire- tamente por Nosso Senhor. por meio de seus Apéstolos sob a in ragio do Espirito Santo, chamam-se “revelagio crista”. Por meio de Jesus Cristo, Deus completou a revelagio de Si mo & humanid Ja nos ido © que precisamos saber para cumpritmos 0 nosso fim e aicangarmos a eterna unio com Ele. onsequentemente, apds a morte do iiltime Apéstolo (Sie Jodo), “novas” verdades que a virtude da fé exija que creiamos, Com © passar dos anos, os homens usardo da inteliggneia que Deus Ihes deu para examinar, lar as verdades reve- ladas por Cristo. O depdsito da verdade crista, como um botdo que ri desdobrando-se ante a meditagio eo exame das grandes Porém, a £& © cone > séeulo I, ide de compreensio, Cristo © de scus porta-vozes. 0s Apéstolos. Quando © sucessor de Pedro, 0 Papa, define solenemente um. nie uma. nova de que tempo dos Apistolos e na dogma — como o da Ass verdade para ser crida: se trata de uma verdade que data d qual, por conseguinte, devemos crer. QUEM ME ENSINARA? a1 Desde o tempo de Cristo. houve muitas ocasides em que Deus fez revelagdes a determinados santos ¢ @ outras pessoas. Estas men- jam-se _revelagdes “privadas". Diferentemente das re- velagées “piiblicas” dadas por Jesus Cristo e seus Apostolos, estas outras s6 exigem 0 assentimento dos que as recebem. Mesmo apa- rigdes to famosas como as de Lourdes ¢ Fatima, ou a do Sagrado Coragio a Santa Margarida Maria, nao sto o que chamamos “ma- téria de fé divina”. Se uma evidéncia clara e certa nos diz que essas aparig6es sio auténticas, seria uma estupidez duvidar delas. Mas, mesmo que as negéssemos, no incorreriamos em heresia. As reve- lagdes privadas nao fazem parte do “deposito da fe". Agora que tratamos do tema da revelagio divina, seria bom indicar 0 livro que nos guardou muitas das revelagdes divinas: a Santa Biblia, Chamamos & Biblia a Palavra de Deus, porque foi o proprio Deus quem inspirou os autores dos diferentes “livsos” que compéem a Biblia. Deus os inspirou a escrever 0 que Ele queria que se escrevesse, ¢ nada mais. Por sua agio direta sobre a mente € a vontade do esctitor (seja este Isains ou Ezequiel, Mateus ot Lucas), Deus Espirito Santo ditou o que queria que se escrevesse. Foi, naturalmente, um ditado interno e silencioso. O escritor redi- giria segundo o seu estilo de expressio préprio. Inclusive sem se dar conta do que o levava a registrar as coisas que escrevia. Inclu- sive sem perceber que estava escrevendo sdb a influéncia da inspi- ragio divina, E, no entanto, o Espirito Santo guiava cada trago da sua pena, E, pois, evidente que a Biblia estd livre de erros nfo porque # Igreja disse, apés um exame minucioso, que nela niio ha erros, mas porque seu autor é © prdprio Deus, ¢ 0 escritor humano um mero instrumento de Deus. A tarefa da Igreja foi dizer-nos quais os escri- tos antigos que sio inspirados, conservéclos ¢ interpreti-los Sabemos, por outro lado, que nem tudo o que Jesus ensinou esti na Biblia que muitas das verdades que constituem o depésito da f€ nos vieram pelo ensinamento oral dos Apistolos ¢ foram transmitidas de geracio em geragio por intermédio dos bispos, su- cessores dos Apéstolos. Eo que chamamos Tradigio da [greja: as verdades transmitidas através dos tempos pela viva Voz de Cristo na sua Igreja. Nesta tinica fonte — a Biblia a Tradicio — encontramos a revelagao divina completa, todas as verdades em que devemos crer. Cariruto I DEUS E AS SUAS PERFEICOES QUEM & DEUS? Certa vez li que um catequista pretendia ter perdido a fé quando uma crianga Ihe perguntou; “Quem fez Deus?”, © percebew sul mente que néo tinha resposta para Ihe dar, Custa-me a crer porque me parece que alguém com suficiente nar numa catequese teria que saber que a resposta é A pri prova da existéncia de Deus esta no fato de que nada sucede a no ser que alguma coisa 0 cause. Os biscoitos nao no ser que os dedos de al; ‘ota do solo gem antes cair ali Os fildsofos enunciam este principio dizendo que “cada efeito deve ter uma causa”. , s@ Fecuamos até as origens da evolugao do universo fisi co (um milho de anos, ou um bilho, ou o que os cientistas. quei ram), chegaremos por fim a um ponto em que precisaremos per- gunta: timo, mas quem o pds em movimento? Alguém teve que por as coisas a andar, ou ndo haveria universo. Do nada, nada vem.” Os bebés vém de scus pais e as flores yém das sementes, mas tem que haver um ponto de partida. Ha de haver alguém nao feito por outro, ha de haver alguém que tenha existido sempy guém que no teve comego. Ha de haver alguém com poder ligéncia sem limites, cuja propria natureza seja Esse alguém existe e esse Alguém é exatamente Aquele a quem chamamos Deus. Deus & aquele que existe por natureza propria. i que podemos dar de Deus er que é perguntador seria (iu sempre e sempre inguém fez Deus. Deus ex QUEM & DEUS? 23, Expressamos © conceito de Deus, como a origem de todo ser, acima e mais além de tudo o que existe, dizendo que Ele é 0 Ser Supremo. Dai resulta que nao pode haver senio um Deus. Falar de dois (ou gio. A prb pria palavra Se howvesse dois deuses igualmente poderosos, um ao lado do outro, nenhum es seria supremo. Nenhum teria o infinito poder que Deus de tureza. O “i poder de um anularia o poder do outro. Cada um seria timitado pelo outro. Como diz Santo Atandsio: “Falar de varios deuses igualmente onipotentes € como falar de varios deuses igualmente H4 um s6 Deus, que & Espirito. Para entendé-lo, _precisamos ibstincias: as espirituais ¢ as fisicas. fisica € a que é feita de partes. 0 ar que respiramos, por exemplo, € composto de nitrogénio e oxi- génio. Estes, por sua vez, de moléculas, e as moléculas, de atomos, de neutrOes ¢ proties e eletrdes, Cada pequeno fragmento do igh, j que suas partes podem separar-se por corrupgio ou destruigio. Pelo contrério, uma substincia spiritual no tem part tem nada que possa quebrar-se, corromper-se, separar-se ou Isto se expressa em filosofia dizendo que uma substancia espiritual é uma substincia simples, Esta € a razio pela qual as substancias espirituais sio tais. Ando ser por um ato direto de Deus, jamais deixatio de exis Conhecemos trés espécies de substincias espirit ro lugar, a do prdprio Deus, que é Espirito Depois, @ dos anjos, e por altimo, a das almas humanas. Nos irés casos h4 uma yéncia que nao depende de nenhuma substincia fisica para atuar. E verdade que, nesta vida, a nossa alma esti unida a um corpo fisico e que depende dele para suas atividades. Mas ndo & uma dependéncia absoluia e’ permanente. Quando se separa do corpo pela morte, a wando. Continua a conhe- cer, a querer ¢ a amar, inch remente do que nesta vida mortal. Se queremos imaginar como é um espirito (tarefa di “imaginar” si fica compor uma imagem, ¢ aqui nao hé imagem que possamos adquirir); se queremos fazer uma idéia do que é um espirito, devemos pensar como seriamos se 0 nosso corpo se evapo- rasse subitamente. Ainda conservariamos todo o conhecimento que possuimos, todos os nossos afetos. Ainda seriamos ev, mas sem corpo. Serfamos, pois, espirito. 24 DEUS E AS SUAS PERFEIGOES lade que nio pode ultrapassar. Todo o criado & finito de algum modo. Tem limites a agua que 0 Oceano Pacific Pode conter.- Tem limites a energia do dtomo de hidrogénio. “Tem iclusive a santidade da Virgem Maria. Mas em Deus catecismo nos diz que Deus & “um Espii (© que significa que nao hd nada de bom, apet que nao se encontre em Deus, em grau absolutament vez 0 expressemos melhor se invertermos a frase e dissermos que nada ha de bom, apetecivel ou valioso no universo que nao seja reflexo (uma faisquinha, poderiamos dizer) dessa mesma qualidade segundo existe incomensuravelmente em Deus. A beleza de uma flor, por exemplo, é um reflexo mintisculo da beleza sem assim como um fugaz raio de lua é um palido reflexo da cegante luz solar. As perfeigdes de Deus sio da mesma substdncia de Deus. Se quiséssemios expressar-nos com perfeita exatidio, nao diriamos que “Deus € bom”, mas sim que “Deus é a bondade”. Deus, falando com propriedade, no & sibio: ¢ a Sabedoria. Nio podemos entreter-nos aqui a expor todas as maravilhosas perfeigies divinas, mas, ao menos, daremos uma vista de olhos em algumas. Ja tratamos de uma das perfeiges de Deus: a sua eter- nidade, Homens e anjos podem ser qualificados de eternos, nunca morrerao, Mas no 6 ja também jamais houve um tempo em que nio existisse. Ele sera — ‘como sempre foi — sem mudanca alguma, Deus ¢ como dissemos, bondade infinita, Nao hé bondade, que é tal, que ver a Deus sera amé-lo com amor E essa bondade se derrama continuamente sobre nds. Alguém poderé perguntar: mite tantos sofrimentos e males no mundo? Por que deixa que haja crimes, doengas ¢ misérias?” Escreveram-se bibliotecas inteiras sobre problema do mal, e nao se poderé pretender que tratemos aqui deste tema como merece. Nao obstante, 0 que podemos é mencionar que o mal, tanto -o como moral, na medida em que afeta os seres humanos, veio ao mundo como consequéncia do pecado do homem. Deus, que deu ao homem o livre arbitrio e pés em marcha QUEM & DEUS? 25 deu, temos que lavrar 0 nosso destino até o seu fin: — até a felicidade eterna, se a escolhermos como meta € se qui mos aceitar e utilizar o auxilio da graga divina —, mas livres até of © mal é idéia do homem, ndo de Deus. E se 0 inocente eo tm que sofrer a maldade dos maus, sua recompensa no final seri maior, Seus sofrimentos e lagrimas nada serio em comparacdo com 0 gozo vindouro. E, no entretanto, Deus guard sempre os que © guardam em seu coragio, A seguir, vem a realidade do infinito conhecimento de Deus. ‘Yodo 0 tempo — passado, presente ¢ futuro —; todas as coisas — fas que so € as que poderiam ser —: todo o conhecimento possivel é © que poderiamos chamar “um nico grande pensamento” da men- te divina, A mente de Deus contém todos os tempos ¢ toda a \¢0, assim como o ventre materno contém toda a crianga. Deus sabe 0 que farei amanha? Sim. E na proxima semana? ‘Também. Entio, nao é 0 mesmo que ter que fazé-lo? Se Deus sabe que na terga-feira irei de visita a casa de tia Beatriz, como posso no fazé-lo? Esta aparente dificuldade, que um momento de reflexio nos re- solvera, nasce de confundirmos Deus conhecedor com Deus causador, Que Deus saiba que i Beatriz no & a causa que me faz ir. Antes a0 contrario, € a minha devisio de ir & casa de minha tia Beatriz que dé pé para que Deus 0 saiba. © fato de o estudando seus mapas, saber que chovera amanhi, causa a chuva. E a0 contririo. “A condigio indispensivel que jaz que amanha vi chover é que proporciona ao meteorologista a base para saber que amanha choverd. Para sermos teologicamente exatos, convém dizer aqui que, fa- lando em termos absolutos, Deus ¢ a causa de tudo o que acontece. Deus € por natureza a Primeira Causa. Isto quer dizer que nada existe nem nada acontece que nao tenha a sua origem no poder . No entanto, nao ha necessidade de er filosdfica da causalidade. Para o nosso propési que a presciéncia divina no me obriga a fazer o que et decido fazer, Outra perfeigio de Deus ¢ que nio hi timites A sua presenga: dizemos dEle que € “onipresente”. Est sempre em toda a parte. E como poderia ser de outro modo, se ndo ha lugares fora de Deus? Ele esta neste escritério em que eserevo, esti no quarto em que voce 26 DEUS E AS SUAS PERFEICOES me 18, Se algum dia uma aeronave chegar @ Marte ou a Vénus, 0 etronauta nao estara s6 a0 alcangar o planeta; Deus estard al Note-se que a presenca sem limites de Deus nada tem a ver com o tamanho. © tamanho € algo que pertence & matéria “Grande” e “pequeno” nio tém sentido se aplicados a um espirio, e menos ainda a Deus, Nio, no & que uma parte de Deus est fun lugar ¢ outta noutro, Todo o Deus esté em toda a parte. Te ndo-se de Deus, espago & palavra tio sem significado como ta- ito. Deus pode fazer Pode fazer um circulo quadrado?”, poderia al- gguém perguntar. Nio, porque um circulo quadrado nao & algo, ¢ ‘ada, € uma contradigio nos seus préprios termos, como dizer luz do dia referindo-se 4 noite. “Deus pode pecat?”, Nio, de novo, porque o pecado é nada, é uma falha na obediéncia devida @ Deus. Enfim, Deus pode fazer tudo menos 0 que é nio ser, nada, Deus & também infinitamente sAbio. Foi Ele quem fez tudo, de tal modo que, evidentemente, sabe qual ¢ a melhor maneira de lusar as coisas que fez, qual ¢ 0 melhor plano para as suas criaturas. ‘Alguém que se queixe: “Por que Deus faz isto?", ou “por gue Deus Jembrar-se de que uma formiga tem do que o homem, em. sua limitada inteligencia, a por em ‘a sabedoria de Deus. ‘Nao € preciso ressaltar a infinita santidade de Deus. A beleza spiritual dAquele em quem tem origem toda a santidade humana eNidente, Sabemos que a propria santidade sem mancha de Santa Maria, ante o esplendor radiante de Deus, seria como a chama de tum fésforo comparada com 0 fulgor do sol. E Deus € todo misericérdia. Deus perdoa tantas vezes quantas os arrependemos. Ha um limite para a minha paciéncia ¢ pars ® Tequele outro, mas ao para a infinta misericérdia de Deus. | Mas Hie e também infinitamente justo, Deus no é uma vovézinha in: Gulgente que fecha os olhos sos nossos pecados. Se nos recusarnies aaa see para ami-lo € que existimos —, embora Ble mos queira ‘sericordia nfo anulard a sua justiga Tide isto e mais € 0 que queremos significar quando dizemos: “Deus & um espirito infinitamente perfeito”. Captruo TL A UNIDADE E A TRINDADE DE DEUS COMO & QUE SAO TRES? Estou certo de que nenhum de nés se daria ao trabalho de ex- plicar um problema de fisica nuclear a uma er nga de cinco anos. E, nao obstante, @ distancia que ha entre a int zéncia de uma crianga de tims avangos da ciéncia € nada em comparagio com a que existe entre am: bsilhante mente humana comRerdadeira natureza de Deus. Ha um limite para o que a mente fees mesmo em condigdes otimas — pode captar e entender. infinito, nenhum intelecto pode aleangar as suas Por ikso, a0 revelar-nos a verdade sobre Si mesmo, Deus tem que se contentar com ‘enunciar-nos simplesmente qual € essa verdade, Br .gomo” dela esta tio Tonge de nossas faculdades nesta vida, que fem 0 proprio Deus trata de no-to ex Gra dessas verdades & que, havendo um s6 Deus, existem nEle tuts pessoas divinas — Pai, Filho Espirito Santo. Ha uma sO 1a ivina, mas trés Pessoas di No plano humano, “nati- so praticamente uma € 2 mesma coisa. Se num quarto hi és pessoas, trés_naturezas humanas estio 14 presentes; seeMtvesse presente uma sO natureza humana, haveria uma s° Pes: se Assim, quando procuramos pensar em Deus como trés Pessoas com uma s6 e a mesma natureza, € como se estivéssemos dando cabegadas contra um muro. Pa cos verdades de {€ como esta da Santissima Trindade, chamamce nistérios de fé°, Cremos nelas porque Deus, no-las cnatifestou, € Ele ¢ infinitamente sébio ¢ veraz. Mas, para sabermos aaeaesgue isso pode ser, temos que esperar que Ele nos, manly toe esac cgmo por inteiro, no céu. Os te6logos podem, & claro, Gavnos alguns peguenos esclarecimentos. Assim, explicam que DADE EA DADE DE DEUS em por base a reac que divina ¢ se vé sobre Si mesmo. Concentramos 0 oll em nos samento das Neves" Mas ha uma diferenca entre 0 nosso coi de Deus sobre Si mesmo. Nosso conhecim« incompleto (os nossos amigos podem dizer-nos coisas sobre nés que nos surpreenderiam, e nem vamos falar no que podem dizer os nos- Mas, ainda que coneeito ‘que temos ac nosso nome, fosse completo, ou seja, uma perfeita reprodugio de 6 do. nosso independente, sem vida propria. O pensa- 0 ¢m minha mente, A razio interior: sem_existé mento deixaria de exi tasse a minha ateni a vida no si tempo em que e diatamente a0 nada se Deus ni Mas com Deus as coisas sio muito diferentes, da natureza divina, Nao h& outra maneita de con quadamente senao dizendo que ¢ 0 Ser que nunca teve pri que sempre foi e sempre sera. A tinica definigto real dar de Deus é dizer que & “Aquele que é". Assim se de Moisés, como recordamos: “Eu sou Aquele que é”. Seo conceito que Deus tem de Si mesmo deve ser um pensa- mento infinitamente completo e perfeito, tem que incluir a existéncia, 4 que a existéncia é propria da natureza de Deus. A imagem que Deus vé de Si mesmo, a Palavra silenciosa com que eternamente se expressa a Si mesmo, deve ter uma existéncia propria este Pensamento vivo em que Deus se expressa perfeitamente a Si mesmo chamamos Deus Filho. Deus Pai é Det Si mesmo; Deus Filho & a expresso do conhecimento que Deus tem de Si. Assim, a segunda Pessoa da Santissima Trindade ¢ chamada Filho, precisamente porque é gerada desde toda a cternidade, en- gendrada na mente divina do Pai. Também a chamamos Verbo de Deus, porque € a “ ivi ‘© pensamento sobre Si mesmo. Depois, Deus Pai (Deus conhecendo-se a Si mesmo) e Deus Filho (0 conhecimento de Deus sobre Si mesmo) contemplam 2 COMO & QUE SAO TRES? 29 Ao verem-se (fal lam nessa natureza tudo que & belo ¢ bom — quer dizer, tudo 0 que produz amor — em to. E assim a vontade divina origina um ato de amor i » para com a bondade e a beleza divinas, Uma vez que 0 amor de Deus por Si mesmo. Resumindo: & Deus conhecet do amor de Deus por Si trés Pessoas divinas em um sé poderia esclarecer-nos a 's Pessoas divinas: P: espeito da rela- . Filho e Espirito otha em um espelho de corpo Vocé de si mesmo, com uma excegio: nao é o espelho. Mas se a imagem saisse dele € se , viva e palpi © voce, entio sim, seria a imagem perfeita. Porém, 1: i mas s6 uma imento € os que 0 amor de si (0 amor de si bom) ¢ natural em igemte, haveria uma corrente de amor ardente € mituo wgem, Agora, dé asas & sua fantasia © pense ima parte tio de vocé mesmo, tio ua propria natureza, que chegasse a ‘ante de vové mesmo. Este amor ‘mas, mesmo assim, nada mais que um wreza. humal lerceira pessoa que itre voc€ € a sua imagem, e os {és unidos, de mios dadas: mana. possa ajudar- existe entre as trés. Pes olhando-se” a Si mesmo em agem de Si, to infinitamer Trindade: Deu © mostrando ja mente perl 30 A UNIDADE E A TRINDADE DE DEUS na imagem viva: Deus Filho; ¢ Deus Pai ¢ Deus Filho amando como amor vivo a natureza divina que ambos possuem cm comum: Deus Espirito Santo. Trés Pessoas divinas, uma natureza divina Se o exemplo que utilizei ndo nos ajuda nada a formar o nosso conceito da Samtissima Trindade, nao temos por que sentir-nos frustra- dos. Estamos perante um mis alm deve semis frustrado por haver ti uma pessoa que sofra de soberba intelectual consumada pretender , a insondivel profundidade da natureza de Deus. es humanas. podemos pensar em Det ile que vem depi como aquele que vem ainda um p (0 igualmente elernos porque possuem a mes- ina; o Verbo de Deus ¢ 0 Amor de Deus sto tho a Natureza de Deus. E Deus Filho ¢ Deus Espi- mais tarde. ma natureza s € mais poderosa 1 perfeigao ini que as tr8s possuem. Nao obstante, atribuimos a cada Pessoa divina certas obras, idades que parecem mais apropriadas & particular relagio daquela Pessoa divina. Por exemplo, atribuimos a Deus WG, j4 que pensamos nEle como o “gerador”, o de todas as coisas, a sede do infinito poder que Deus possui. Do mesmo modo, como Deus Filho é 0 Conhecimento ou a Sabedoria do Pai, atribuimos-lhe as obras de sabedoria; foi Ele que veio & terra para nos dar a conhecer a verdade ¢ transpor 0 abismo Deus ¢ 0 homem, ‘inalmente, sendo o Espi (0, apropria- obras de amor, especis io das almas, que resulta da habitagio do Amor de Deus em nossa alma. Deus Pai € 0 Criador, Deus Fitho é 0 Redentor, Deus Espirito Santo € © Santificador, E, nao obstante, o que Um faz, Todos 0 fazem: onde Um esta, estio os Trés. Este ¢ 0 mistério da na unidade absoluta, ita variedade beleza nos inundard no ¢ Carfruto IV A CRIACAO E OS ANJOS COMO COMEGOU A CRIACAO? As vezes, um costureiro, um pasteleiro ou um perfumista se ga- i Quando isto ocorre, usam a palavra “criagio” num sentido muito amplo. Por nova que seja Juma moda, terd que se bascar num tecido de algum tipo. Por agra- davel que seja uma sobremesa ou um perfume, tem que se basear nalguma espécie de ingrediente. jar. $ que se afanam hoje em dia nos labora vida em tubos de ensaio. Uma vez ¢ outra, apis fra- jos, misturam seus ingredientes quimicos e combinam las. Nao sei se algum dia conseguirio ter éxito ou nko, Mas, ainda que a sua paciéncia seja recompensada, nio se a ° uma nova vida. Tergo trabalha- Quando Deus «1 poder trabi “Faca-se a tu um firmamento no meio das agua (Gen 1, 3-6). ‘A vontade criadora de Deus nfio sé chamou todas as coisas & existéncia, como as mantém nela, Se Deus retirasse sustenticulo vontade a qualquer criatura, esta deixaria de existir naquele 1 saiu. As primeiras obras da criagio divina que conhecemos (Deus no tem por que dizer-nos tudo) so os anjos, Um anjo é um espi- rito, quer dizer, um ser com inteligéncia e vontade, mas sem corpo, A CRIAQAO E 0S ANJOS sem dependéncia alguma da matés irito, mas a alma humana A alma humana também é munca seré anjo, nem sequer du- Fante 0. tempo em que, separada do corpo pela morte, esperar a ressurreigao. 3k A alma humana foi { para estar unida a um corpo Dizemos que tem “afinidade” para um corpo. Uma pessoa huma composta de alma e corpo, sera incompleta sem corpo. Falaremos mais extensamente disto quando tratarmos da ressurreigao da carne. Mas, de momento, queremos apenas sali sem corpo é uma pessoa completa, € que um anjo ¢ muito superior 0 fato de que um anjo representados como mais mortais ligados & terra, is — na ordem dos pro- chamados anjos —, que nio (0S puros que se encontram fa emumeram-se os arca tudes, as dominagies, Nem sequer sabemos qi indique que seu mimero é muit nos foram dados a cor médio de Deus”. COMO COMEGOU A CRIACAO. 33 lo & que podemos ir para esse arias, E um mundo para Quando Deus criow os anjos. que o faz supremamente livre. Sabemos «| a Deus. Por um ato de amor a Deus. alma humana, fica habilitado a ir para o E es que ser provado pelo tinico modo com quic 0 am vado: pela livre e voluntéria submissio da por aquilo 2 que chamamos comumente um “ato de lealdade”. x Deus fez os anjos com livre arbitrio para de fazer o seu ato de amor a Deus, de escolher De € que o veriam face @ face; s6 entio poderiam entrar eterna com Deus a que chamamos Deus niio nos dev a conhecer a espécie de prova a q 08 anjos. Mi 108 pensam que Ele di prévia de Jesus Cristo, 0 Redentor da raga humana, ¢ Ihes mando que 0 adorassem.. : Jesus Cristo em todas as suas humilhagées, uma crianga no estabulo, um criminoso na cruz. Segundo esta teo- ria, alguns anjos se teriam rebelado ante a perspectiva de terem que adorar Deus encarnado. Conscientes da sua prépria magnificéncia tual, da sua beleza e dignidade, nao quiseram fazer o ato de submissio que a adoragio a Jesus Sob a chefia de um dos anjos mais dotados, Ltcifer, “ afastou de Deus muitos anjos, ¢ 0 terrivel grit “nio servirei”, percorreu os céus. ,, plai anjo ou amor tem set_pro- fe criada a Deus. im comegou o inferno, Porque 0 a separagio de Deus de um espit humana pecou na pessoa de Adio, © género humano uma segunda oportunidade, Mas no houve segunda oportunidade Para os anjos rebeldes. Dadas a perfeita clareza da sua mente angelica ¢ a desimpedida liberdade da sua vontade angélica, nem a infinita misericérdia de Deus encontrar desculpa para 0 pe- cado dos anjos. Compreenderam (num grau a que Adio jamais Poderia chegar) quais seriam as consequéncias do seu pecado. Neles nao houve “tentagio” no sentido em que ordinariamente entende- mos a palavra. Seu pecado foi o que poderiamos chamar um pecado “a sangue frio”. Por terem rejeitado Deus, deliberada e plenamente, suas vontades permaneceram fixas contra Deus, fixas para sempre. Neles nio € possivel © arrependimento, eles nao querem arrepen- der-se. Fizeram a sua escolha por toda a eternidade. Neles arde um dio perpétuo contra Deus ¢ contra todas as suas obras><_ Nao sabemos quantos anjos pecaram; Deus nio quis essencialmente, ando a raca 3h A CRIAGAO E09 ANJOS acerca disso, Pelas referéncias da Sagrada Escritura, inferimos que os anjos caidos (os “demdnios", coma comumente os chama- mos) sie numerosos. Mas o mais provivel é que a maioria das hostes celestiais tenha permanevido fiel a Deus, tenha feito seu ato de submissio a Deus ¢ esteja com 9 du Frequentemente chama-se “Satanés” ao deménio. uma pala- yra hebraica que ica “adversat Os diabos sao. claro est: os adversirios, os inimigos dos homens. Em scu édio inextinguivel 4 Deus, é natural que odeiem também a sua criatura, 0 homem. Seu Sdio torna-se ainda mais compreensivel & luz da crenga de que Deus criou os homens precisamente para substituir os anjos que pecaram, para preencher 0 vazio que deixaram com a sua desersio.x Ao pecarem, os anjos rebeldes nio perderam nenhum de scus dons naturais, © diabo possui uma acuidade intelectual e um poder sobre a natureza improprios dos meros seres humanos. Toda a sua intetigéncia ¢ todo 0 seu poder concentram-se agora em afastar do céu as almas a ele destinadas. Os esforgos do diabo encaminham-se agora incansavelmente no sentido de arrastar 0 homem ao seu mesmo caminho de rebelido contra Deus. Em consequéncia, dizemos que os diabos nos tentam ao pecado. Nao conhecemos o limite exato do seu poder. Ignoramos até que ponto podem jnfluir sobre a natureza humana, até que ponto podem dirigir 0 curso normal dos acontecimentos para induzir-nos & tentagao, para levar-nos ao ponto em que devemos decidir entre a vontade de Deus e a nossa vontade pessoal. Mas sabemos que © diabo nunca poderi forgar-nos a pecar. Nao pode destruir a nossa liberdade de escolha. Nao pode, por assim dizer, forgar-nos a um “sim”, quando realmente queremos dizer “nio”. Mas é um ad- versirio a quem é muito saudavel temer. y¢ O DIABO £ REAL? Alguém disse que 0 mais encarnigado dos pecadores dedica mais tempo a fazer coisas boas ow indiferentes do que coisas mas. Em outras palavras, que sempre ha algum bem, mesmo no pior dos homens, E isto o que tora tio dificil compreender a real natureza dos deménios. Os anjos caldos sio espiritos puros sem corpo. Sao abso- lutamente imateriais. Quando fixaram a sua vontade contra Deus em seu ato de rebelido, abragaram o mal (que € a rejeigao de Deus) com toda a sua natureza. Um demdnio é cem por cento mau; cem Por cento ddio, sem que se possa achar um mainimo resto de bem em parte alguma de seu ser. © DIABO & REAL 35, A inevitivel e constante convivéncia da alma com estes espiritos, cuja maldade sem pal € uma fora viva e ativa, nio sero menor dos horrores do inferno. Nesta vida sentimos desgosto, mal- estar, quando encontramos alguém manifestamente depravado, Com ificuldade suportaremos, pois, a idéia do que seré estar agrilhoado por toda a cternidade & maldade viva © absoluta, cuja forga de agdo ultrapassa incomensuravelmente a do homem mais corrompidoyy Com dificuldade suportaremos pensar nisso, embora devamos fazé-lo de vez em quando. Nosso grande perigo aqui na terra é esquecer que o diabo é uma forga viva e atuante. Mais perigoso ainda € deixar-nos soberba intelectual dos incrédulos. Se icos” © a escutar gente “esperta” ima_superstigdo. medieval” ha superada, insensivelmente acabarfamos por pensar que se trata de uma figura retérica, de um simbolo abstrato do mal, sem substincia real. Seria um erro fatal. Nada convém mais ao diabo do que esquecer. mo-nos dele, ou ndo the prestarmos atengio e, principalmente, nao acreditarmos nele. Um inimigo de cuja presenga nio suspeitamos, que pode atacar emboscado, & duplamente perigoso. As possibilidades de vitéria de um inimigo aumentam em proporsio & cegueira ou inad- verténcia da vitima. 5g © que Deus faz, nio © desfaz. O que Deus © tira Ele dew aos anjos inteligéncia e poder de ordem superior, e nao os revoga, nem mesmo no caso dos anjos rebeldes. Se um simples ser imano pode induzir-nos a pecar. sc um companheiro pode dizer: vamos sai de farra esta noite”; se uma vizinha nao experimenta isto, Rosa? Voc? tam- sar € de n&o ter mais filhos por algum «0 demonio pode mais ainda, colocando-nos perante tenta- 4828 suis © muito menos claras. x Mas in os pecar, Nao ha poder na terra ou no inferno que possa fazer-nos pecar. Sempre temos © nosso livre arbi- 0s fica a nossa capacidade de escolher, ¢ essa decistio, ‘20 companheiro Rosa pode i nha E todas as tentagdes que so caminho, por mais fortes com a mesma firmeza, Nao ha pe- a vontade se afaste de Deus jor em seu inguém jamais podera porque x nem todas as tentagdes vem do diabo. Mi nos rodeia, ive de amigos © conhecidos, ‘A CRIACAO E 0S ANJos Outras procedem de forgas — a que chamamos paixdes — como‘ no exemplo anterior. arraigadas em nd feitamente controladas e, com frequés sio 0 resultado do pecado original ), sabemos que, se quisermos, podemos dot Deus niio_pede—a_ninguém o impossive amor constante e Iealdade absoluta se nos fosse impossivel dé-los. Entao, devemos angustiar-nos ou assustar-nos porque virao tenta- ; € precisamente vencendo a tentagio que adi for a origem da Ele no nos pediria cemos em santidade, Teria pouco mi Os grandes santos no foram homens ¢ mulheres sem tentagdes; na maioria dos casos, sofreram tentagoes terriveis, e, vencendo-as, san- ~E-claro que nio podemos vencer essas batalhas sozinhos, Temos de ter 0 auxilio de Deus para reforgar a nossa vontade enfraquecida, is (especialmente & hora da tentagio, se fizermos 0 4) Nao temos 0 direito de esperar evitarmos os perigos desnecess: no evitarmos as possam induzir-nos tentagio —, Se andarmos buscando 0 perigo; ataremos as maos a Afogaremos a graga na sua propria fonte. x ntagtio) tornar-nos-Zo 20 nosso alcanceyy — As vezes, dizemos de uma pessoa “Deve estar possuida do diabo". \S ages so especialmente rais; simplesmente I dos poderes do Mui a humanidade. mencionamos antes, desconhecemos a. ex bo sobre © universo criado, no qu bemos que nada pode exi é sabemos que Deus, ao realizar seus planos para a criagio, nio tira pormalmente (nem aos anjos nem aos homens) nenhui ir sem que Deus o per ia como a histéri ram’ com clareza_m¢ te, ou s¢ja, que o diabo penetra no corpo de uma pessoa e controla as suas atividades fisicas: seus movimentos, suas agdes. Mas © diabo niio pode controlar a ABO E REAL. alma; a liberdade da alma humana permanece is nios do inferno juntos podem forgi-la. Na possessiio pessoa perde o controle de suas agdes fisicas, que pas- um poder mais forte, 0 do diabo. “O que 0 corpo faz, liabo que © faz, no a pessoa.» © diabo pode exercer outro tipo de influéncia, & a obsessio diabélica. Nela, mais que do interior da pessoa, 0 diabo ataca de fora, Pode agarrar um homem e derrubé-lo; pode tiré-lo da cama, alormenti-lo com rufdos hortiveis e ter outras manifestagées. Jo%o Batista Vianney, 0 amado Cura de Ars, teve que sofrer muito e de influéncia diab« lavel, © nem to- como a obsessio raras vezes. se € como se o Sangue redentor de Cristo houvesse aprisionado o poder de Sati. Mas sio ainda fre- quentes em terras pagis, como muitas vezes testemunham os narios, ainda que nao tanto como antes do Sacrificio redentor de io de uma pessoa pos- hhama-se exorcismo, No ritual da Igreja existe uma para este fim, na qual 9 Corpo Mistico de Cristo Cabega, 0 proprio Jesus, para que quebre a influéncia nio sobre ‘determinada pessoa. A fungo de exorcista & ria de todo sacerdote, mas sé se pode exercé-la oficialmente do Bispo, e sempre que uma cuidad rado que se trata de i simples doenga mental. de forma privada, nio o! Sei de um sacerdote que onyia num trem uma torrente de blasfémias que Ihe sageiro sentado na sua frente. Por fim, o sacerdote disse i “Em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, ordeno-te que voltes € deixes tranquilo este homem”, As blasfémias cessaram tra ocasido, esse mesmo sacerdote usou do mesmo exor- cismo privado diante de um casal que discutia encarnigadamente, ¢ na hora se thes amainou a ira, O diabo esta presente ¢ atua com frequéncia: no apenas em casos extremos de possessiio ou obsessiio. Falamos dos anjos caidos com certa extensio por causa do grave perigo que se corre de encarar com leviandade a sua presenga e 0 seu poder (que Deus nos defenda da do diaby a de negar a sua existéncia por ndo estar na moda acreditar nele).. Parcce mais facil e agradivel acreditar na realidade dos anjos bons CE 38 A CRIAGAO EOS ANJOS € em seu poder para o bem, que & evidentemente, muito maior gue © de Satands para o mal. x 2) Os anjos que permaneceram figis a Deus estio em amor © adoragao perpétues, © que (Deus © queira) sera tam- bem 0 nosso destino, Sun vontade aa de Deus. Os anjos, como Nossa Mie Santa ntensamente inte- ressados no nosso bem, em ver-nos no cé. Intercedem por nés € utilizam 0 poder angélico (cuja extensiio também desconhevemos) para ajudar aqueles que querem © aceitam a soa ajuda.” “~~ Que os anjos nos ajudam, é matéria de {& Se niio cremos ambém nao cremos na Fer s cada um tem um anjo da guarda pes renga comumente aceita por todos os ca ramos a Deus com a nossa devogio a herdis, os santos, cometeriamos um’ grande © invocissemos as suas primeiras obras-mes voum o eéit ¢ protegem a terra como hon- amigos € aos seus se niio honrdssemos: ras. OS anjos, que po- ACariruco V CRTAGSO E QUEDA DO TOMEM © QUE E O HOMEM? AO homem € uma ponte entre © mundo do espirito ¢ o da ma- (naturalmente, quando nos referimos ao “homem”, designamos mpancntes do género humano, o homem ¢ a mulher). alma do homem € espirito, de natureza similar ao anjo; seu tureza aos animais. Porém, © homem por dir eternidade. Os fildsofos defi- I" indica a sua alma uum pé no tempo ¢ ot © homer nal racional espiritual: © animal, 0 set corpo Conhecendo 2 que nis. os homens, temos para o orgulho © para a vaidade, & de surpreender a pouea atengio que nos a0 fato de sermmos uns seres Lio maravilhosos. Si-O. corpo te para nos deixar espantados. A pele que o cobre, por . valeria milhoes para quem fosse capaz de reproduzi-la art nte. E eléstica, renova-se por si, iimpede a entrada do ar, da a ou de outras matérias, e, nao obstante, permite que saiam, Mantém 0 corpo a uma temperatura constante, independentemente do tempo ou da temperatura exterior. Mas, se volvemos a para 0 nosso int vithas ainda maiores. Tecidos, membranas em s:© eOFaKTO, O8 p vernos_ mara- los compiem os. Cada érgio s concentra~ fem set trabalho vinte e quatro horas por dia, sem pensamentos ou 40 CRIAGAO F QUEDA DO HOMES diregio vo mente € (0) mais espantoso!), mesmo que cada spade na sua fungao propria, na realidade antemente pelo bem dos outros ¢ de todo © corpo. x [— © sdporte & a protegio de todo esse organismo a que chamamos corpo & 0 esqticlet, Dai-nos a rigidez necessiria para estarmos er guidos, sentar-nos ow andar, Os ossos dio apoio aos miisculos € tenddes._ 101 © movimento ea Dio também protegio aos as vertebras. @ ‘Akim de tudo isso, as_extremidad para a produgio dos glébulos vermethos do sangue. Outra maravitha do nosso corpo & 6 process de “ma do todo o tempo. Introd I. € NOS esqueEMOs: 0 COPE COI tarefa, Por um processo que a biologia pode explicar, mas produzir, 0 aparelho digestivo transforma © pio. a carne € as bebi- Gas num Kiquido de células vivas que banha ¢ nutre constantemente cada parte do nosso corpo. Este alimento liquide. a que chamamos sangue, contém aglicares, gorduras, proteinas ¢ outros elementos. Flut até os pulmdes € recolhe oxigénio. que transport junto com o ali- mento para cada canto do corpo.X "© sistema nervoso € também objeto de admiragio. Na realidade, ha dois sistemas nervosos: © motor, pelo qual © meu cérebro con- trola os movimentos do corpo (o meu cérebro ordena “anda”, © meus pés obedevem ¢ sc levantam ritmicamente), & 0 sensitive, pelo qual Zentimos dor (essa sentinela sempre alerta as doengas © lesdes) & pelo qual trazemos 0 mundo exterior ao nosso cérebro através dos Grgios dos sentidos, a vista. © olfato. 0 ot Por sua vez. estes Grgios sio um nove prodigio de desenho ¢ piecisio. Novamente os cientistas — 0 anatomist, 0 bidlogo. 0 Dftalmologista — poderao dizer-nos como & que esses Srgies ope ram, mas nem © mais dotado deles poder jamais construir um olho, fazer um ouvido ou reproduzir uma simples papila do paladar. Je =A ladainha das maravilhas do nosso corpo poderia prolongar-se indefinidamente: aqui s6 mencionamos algumas de passagem. Se alguém pudesse fazer um passeio turistico pelo sew proprio corpo, © guia poderia indicar-Ihe mais maravilhas que admirar do que as que ha em todos os cenfros de atragio turistica do mundo juntos. gstelas. 0 €or dos ossos. longos contribuem e@ Agua na bo E © nosso corpo € apenas a metade do homem, e, de longe, fa metade menos valiosa, Mas é um dom que temos de apreciat, uum dom que devemos agradecer. a morada idonea para a dlma espi- ritual, que é a que The da vida, poder e sentido. © QUE & 0 HOMEM? 41 © homem tem corpo, mas é mais que um animal. Como os anjos, © homem tem um espirito imortal, mas € menos que um anjo. No homem se encontram o mundo da matéria ¢ 0 do espirito. ‘Alma e corpo se fundem numa substancia completa que € o ente bumanoX —O corpo e @ alma nio se unem de modo circunstancial. O corpo nto € como que um instrumento da alma, algo de parecido a um Larro para o seu condutor. A alma ¢ 0 corpo foram feitos um para © outro, Fiindem-se, compenetram-se tio intimamente que, ao menos nesta vida, uma parte nfo pode existir sem a outra. ‘Se soldarmos um pedago de zinco a wn pedago de cobre. tere- mos um pedago de metal, Esta unigo seria uma mera unio “aci- 'Nio teriamos uma substincia nova. Saltaria & pedago de zinco pegado a outro de cobre, Mas se 0 cobre fo zinco se fundem e se misturam, surgira uma nova substincia chamamos bronze. O bronze j4 nao é zinco nem cobre, & ma substincia nova composta de ambos. De modo semelhante (nenhum cxcmplo & perfeito), © corpo ¢ a alma se unem numa subs- ia a que chamamos homem-% 0 cariter desta unio torna-se evidente pela maneira como alma e corpo atuam um sobre 0 outro. Se corto um dedo, nao & s6 0 meu corpo que sofre: também a minha alma sofre. Todo o meu eu sente a dor, E se a minha alma é afligida por preocupagdes, isso fepercute no meu corpo, © podem sobrevir ulceras © outros trans- tormos. Se 0 medo ou a ira sacodem a minha alma, o corpo reflete a emogio, empalidece ou se ruboriza, ¢ © coragio bate mais de- pressa: de’ muitas maneiras diferentes 0 corpo participa das emogSes da alma. Niio se deve menosprezar 0 corpo humano como mero acess6rio da alma, mas, a0 mesmo tempo, devemos reconhecer que a parte mais importante da pessoa completa € a alma, A alma € a parte mo essa imortalidade da alma a que libertar& o corpo da morie que The & propria, peoaemrtC@ de ure 1a = Esta maravithosa obra do poder ¢ da sabedoria de Deus que nosso corpo, no qual milhGes de mindsculas células formam diver- cos érgfi0s, todos juntos trabalhando em harmonia prodigiosa para © bem de todo o corpo, podem dar-nos uma palida idéia de como deve ser magnifica a obra do engenho divino que € a nossa alma- Sabemos que € um espitito. Ao falarmos da natureza de Deus, ex pusemos a natureza dos seres espirituais, Um espirito, viamos, & um ser inteligente ¢ consciente, que nio sO é invisivel (como 0 ar), tomo também absolutamente imaterial, quer dizer, no foi feito de matéria, Um espirito n3o tem moléculas, nem hd Atomos na alma. y_ 2 CRIACAO F QUEDA DO HOMEM —Também nio se pode medi-lo; um espirito nfo tem comprimen- to, largura ou profundidade. Muito menos peso. Por esta razio, toda 2 alma pode estar em todas e em cada uma das partes do corpo ao mesmo tempo; nfo esti uma parte na cabeca. outra na mio, € outra no pé. Se perdemos um brago ou uma perna, num aci- dente 0 numa operagio cirtrgica, nao perdemos uma parte da alma. Simplesmente, a nossa alma jé nfo estard no que mio é senio uma parte do meu corpo vivo. E, por fim, quando o nosso corpo estiver tao prostrado, pela doenga ou pelas lesdes. que nJo possa continuar a sua fungio, a alma o deixara e seremos declarados mortos. Mas a alma nao morre. Sendo absolu imaterial (0 que os sofos chamam uma “substincia simples"), nao ha nela nada que possa ser destruido ou danificado. Nao constando de partes, nio tem elementos basicos em que possa desagregar-se, nio tem maneira de poder decompor-se ou de deixar de ser o que & X = Nao sem fundamento dizemos que Deus nos fez & ¢ semelhanga. Enguanto 0 nosso corpo, como todas reflete 0 poder e a sabedoria divinos, a nossa al de seu Autor de um modo especialissimo. um r tura ¢ bastante imperfeito. Mas esse espirito substincia € imagem do Espirito infinitamente perfeito © poder da nossa inteligéncia, pelo qual conhecemos ¢ compreende- mos verdades, raciocinamos ¢ deduzimos novas verdades © fazemos juizos sobre 0 bem eo mal, feflete © Deus que tudo sabe © tude conhece. O poder da nossa livre vontade, pela qual deliberadamente decidimos fazer uma coisa ou nao, € uma semelhar infinita que Deus possui; e, evidentemente, a nossa imorta uma centelha da imortalidade absoluta de Deus Como a vida intima de Deus consiste em conhever-se a Si mes- mo (Deus Filho) € amar-se a Si mesmo (Deus Esp tanto mais nos aproximamos da di zamos a nossa intcligéncia em conhecer a Dei e e pela graga da Fé; ¢ na eternidade pela “luz da eliria’ mos a nossa vontade livre em amar o Dacor dessa imagem, \s obras, aplica- COMO NOS FEZ DEUS? = Todos os homens descendem de um homem e de ‘Adio ¢ Eva foram os primeiros pais de toda a hi hd na Sagrada Escritura verdade mais claramente en esta. O livro do Génesis estabeleve c isivamente a descendéncia desse tinico casal. COMO Nos FRZ. DEUS? a © que acontece entéo com a teoria da evolugio na sua formu. 9 mais extrema: que a humanidade evoluiu de uma forma de vida anima} inferior, de algum tipo de macaco?< Nao é esta @ ocasiio para um exame detathado da teoria da rolugio, a teoria que estabelece que tudo 0 que existe — o mundo nele se contém — evoluiu de uma massa informe de ma- téria_primig No que coneerne ao mundo em si, o mundo dos minerais, das rochas e da matéria inerte, hi uma sélida evidéncia cientifiea de que sofreu um proceso lento ¢ gradual, que se esten- de durante um periodo de tempo muito longo. Nio ha nada de contrario & Biblia ou @ (& nessa teoria. Se Deus preferiu formar © mundo criando inicialmente uma massa de Atomos ¢ estabelecendo ao mesmo tempo as leis naturais pelas quais, ppasso a passo, ossa miassa evoluitia até chegar ao universo como hoje o conhecemos, poderia muito bem (éo feito assim. Continuaria sendo 0 Criador de todas as coisas. x —Por outro lado, um desenvolvimento gradual do seu plano, rea~ lizado por meio de causas segundas, refletiria melhor o seu poder criador do que se 0 universo que conhecemos tivesse sido em um instante. © fabricate que faz seus produtos ensinando supervisores ¢ capatazes, mostra melhor seus talentos do que 0 pa- {rio que tem que intervir pessoalmente em cada passo do processo, ‘A esta fase do processo criativa, ao desenvolvimento da maté- nerte, chama-se “evolucio inorganica”. Se aplicamos a mesma teoria A matéria viva, temos a chamada tcoria da “evolugio orgi- No entanto, © quadro aqui néo é tio claro, nem de Tonge: 2 evidencia se apresenta cheia de vazios, ¢ a teoria necessita de mais provas, as. Esta teoria defende que a vida que conhecemos hoje, inclufda a do corpo humano, evoluiu por longas eras, partindo de certas formas simples de células vivas até as plantas e os peixes, c de aves ¢ répteis até 0 homem. ‘A teoria da evolugio orginica esti muito longe de ser provada icamente, Existem bons livros que poderio. proporcionar ao leitor interessado um exame equilibrado de toda esta questio. Mas, para 0 nosso propésito, basta mencionar que a exaustiva investigagio nao pode descobrir os restos da criatura que estaria a meio caminho entre 0 homem ¢ 0 macaco. Os evolucionistas orginicos baseiam muito a sua doutrina nas semelhangas entre o corpo dos simios € 0 do homem, mas um juizo realmente imparcial far-nos-4 ver que as diferencas siio tio grandes como as semethangas. E a procura do “clo perdido” continua. De vez em quando, descobrem-se uns ossos antigos em grutas e escavagies. Por um momento, hd uma grande excitagao, mas depois vé-se que aqueles rm CRIACAO E QUEDA DO T claramente de macaco. Temtos So homem de mais que menos que o homem, ja estho por desenterrar yh ‘final, o nosso interesse é relative, No que diz respeito tem nenhuma relevincia, Deus pode ter moldado 0 corpo de um provesso evel se assim 0 quis jmento de_um determinada de desejado. Deus entio criaria almas esp cspécie, e teriamos 0 primeiro homem e a primeira mulher, Adio e Mas, mesmo assitn, seria igualmente certo que Deus criow 0 nem do barre da terra. < erer ¢ 0 que o Génesis ensina sem espe nero hhumano descende de um casal origi le Adio ¢ Eva (como cada uma das nossas) foram dircta ‘te criadas por Deus, A alma € espitito; nfo pode da matéria, e também nio pode ser herdada de nossos pais. e mulher cooperam com Deus na formagao do corpo huma- ‘a alma espiritual que faz desse corpo um ser humano tem ‘mente por Deus ¢ infundida no corpo embrionério. ‘A busca do “elo perdido” continuar’, e cientistas catdlicos par- ticipario nela. Sabem que, como toda a verdade vem de Deus, mio pode haver conflito entre um dado i fretanto, nés os demais catélicos continuaremos imperturbave Fa forma que Deus escolheu para fazer nosso corpo, © que ta é a alma. FE a alma que levanta do chio os olhos do animal, Ea alma que levanta os nossos olhos até as estrelas, para que vejamos a beleza, conhegamos a verdade © amemos bem ("). 4 mejelicn Humani Generis, 0 Papa Pio XIT indica-nos a ca ina investigaeao destas matérias cientifias, "O Magistério da Tgreja mio proibe que, nas investigagBes © disputas entre os homens competentes de ambos os campos, seja objeto de estudo a x do evoluctonismo, na medida em gue busca a origem do fa viva prectistente, mas & f€ catélica manda que as_almas.s40 criadas imediatamente por Deus. Porémy ido isso se deve fazer de maneira que as razSes de wma e outra opiniio ‘0 evolucionismo = ede COMO NOS FEZ. DEUS? = Algumas pessoas gostam de falar dos seus na Arvore genealégica aparece um nobre. um grande personagem de algum modo famoso. gostam de dar portinei Se quiséssemos, cada um de nds poderia gabar-se dos antepas- sados da sua arvore gencaligica: Adio ¢ Eva. Ao sairem das maos Ge Deus, eram pessoas esplendidas. Deus nao 0s fez humanos co- muns, submetidos as leis ordindrias da natureza, tivel decadéncia ¢ da morte final, uma morte a que se seguiria uma simples felicidade natural, sem visio beatifica. Também niio fos is normais limitagdes da natureza humana, como sto 2 necessidade de adquirir conhecimentos por meio do estudo e inves tigagdo laboriosos, € a de manter o controle do espirito sobre a carne cia. y_ Deus’ conferiu a Adio e Eva no primeiro ante de sua existéncia, nossos primeiros pais eram imensamente contavam com os dons que denominamos “preter- s dos “sobrenaturais”. Os dons preter- haturais s4o aqueles que nao pertencem por direito & natureza huma- nna, ¢, no entanto, nao esta inteiramente fora da capacidade da natu- teza humana recebé-los ¢ possui-los. Para usar um exemplo caseiro relativo a uma ordem inferior da ria mos que, se a um cavalo Fosse dado o poder de voar, cs de seria um dom preternatural, Voar nio é proprio da mas hi outras criaturas capazes de fazé-lo. A fora ou além do curso ordi- palavra “preternatural nério da natureza”, ‘Mas se a um cavalo se desse o poder de pensar e de compreen- der verdades abstratas, isso nao seria preternatural; seria, de certo fnods, sobrenatural, Pensar nfo $6 esté para além da natureza do Tnvale, mas absoluta e inteiramente acima da sua natureza. Este € te 0 significado da palavra sobre a natureza da criatura; nao s6 de um cavalo ou de um homem, mas de qualquer eriatura.% NTalver este exemplo nos ajude um puto a entender os dois 6 os de dons que Deus concedeu a Adio e Eva, Primeiro, ws dons preternaturais, entre os quais se incluiam ordem imensamente superior, um conhecimento nat Jaro © sem obstéculos, que de outro modo ‘Ldquirir com uma investigagao € estudo penosos. Depois, contavary com uma clevada forga de vontade e o perfeito controle das paixdes dos sentidos, que thes proporcionavam perfeita tranquilidade inte- rior e auséncia de conflitos pessoais. No plano ¢sj dons preternatusais eram os mais importantes de que estavan dota- 46 CRIACAO E QUEDA DO HOMEM dos a sua mente © a sua vontade No plano fisico, suas grandes didivas foram a auséneia de dor e de morte. Tal como Deus os havia criado, Adio ¢ Eva teriam vivide na terra, o tempo previsto, livres da dor e do sofrimento que, de outro modo, seriam inevitaveis num corpo fisico num mundo ¢0. Quando tivessem acabado seus anos de vida temporal, entrariam na vida eterna em corpo e alma, sem experimentar a terrivel sepa- ragio de alma e corpo @ que chamamos mortesp += Porém, maior que os preternaturais era 0 dom sobrenatural que ‘WY Deus conferiu a Adio ¢ Eva. Nada menos que a participagio na propria natureza divina. De uma maneira maravilhosa, que nio poderemos compreender inteiramente até O contgmplarmos no céu, Deus permitiu que seu amor (que € 0 Espirito Santo) fluisse até as almas de Adio e Eva e as inundasse. , evidentemente, um exem- Plo muito inadequado, mas agrada-me imaginar esse fluxo do amor de Deus até a alma como © do sangue numa transfusio. Assim como © paciente se une ao doador pelo fluxo do sangue deste, as almas de Adio ¢ Eva estavam unidas a Deus pelo fluxo do seu amor. A nova espécie de vida que Adao ¢ Eva possuiam como resul- tado da sua unio com Deus é a vida sobrenatural a que chama- mos “graga san Mais adiante trataremos dela extensamente, de importaacia absoluta na nossa vida deduzir que, se Deus se dignou fazer a a propria vida nesta terra temporal, € por- que quer também que ela participe eternamente da sua vida no cfu.‘ mo consequéncia do dom da graga santificante, Adio ¢ Eva i niio estavam destinados a uma felicidade meramente natural, ou seja, a uma felicidade baseada no simples conhecimento natural de Deus, a quem continuariam sem ver. Com a graga santificante, Adio ¢ Eva poderiam conhecer Deus tal como é face a face, uma vez concluida a sua vida na terra. E, a0 vé-lo face a face, amé-lo-iam com um éxtase de amor de tal intensidade que nunca o homem te podido aspirar a cle por sua propria natureza. E esta & a espécie de antepassados que voce ¢ eu tivemos. F assim que Deus fez Adio e Evay © QUE E O PECADO ORIGINAL? Um bom se satisfaz cumprindo apenas os deveres nos filhos. Nio the baste alimentilos, vesti-los e dar- © que a lei prescreve. Um pai amoroso além disso, de Ihes dar tudo o que possa contribuir para 0 QUE E © PECADO ORIGINAL? a seu bem-estar e formagio; dar-thes. fades the permitam, Assim Deus. Nao se contentou simplesmente com dar & sua ‘a. © homem, os dons que the sio préprios por natureza. Nao the bastow doti-lo de um corpo. por maravilhoso que seja pela sua ura; © uma alma, por prodigiosa que seja pela sua inteligéncia re vontade, Deus foi muito mais longe, e dew a Adio e Eva os dons preternaturais que os livravam do sofrimento e da morte, © © dom sobrenatural da graca santificante. No plano original de Deus, se assim podemos chamié-lo, estes dons teriam passado de Adio para os seus descendentes, € voc e eu poderiamos estar gozando deles hoje, Para confirmé-los © asseguré-los & sua posteridade, uma s6 coisa exigiu Deus de Adio: que. por um ato de livre escolha, desse irre- vogavelmenic seu amor a Deus. Foi para este fim que Deus criou os homens: para que, com seu amor, Ihe dessem gloria. E, em certo sentido, este amor a Deus era a garantia de que alcangariam o seu destino sobrenatural de se unirem a Deus face a face no véu, E da natureza do amor auténtico a entrega completa de si mes: mo a0 amado. Nesta vida, sé hd um meio de provar o amor a Deus, que 6 fazer a sua vontade, obedecer-Ihe. Por esta razio, Deus dew a Adio e Eva uma ordem, uma tnica ordem: que ndo comes. sem do fruto de certa drvore. O mais provavel é que nao fosse dife- (exceto em seus efeitos) de qualquer outro fruto que Adio e Eva_pudessem colher, Mas tinha de haver um mandamento para que pudesse haver um ato de obediéncia, e tinha de haver um ato para que pudesse haver uma prova de amor: escolhe- € deliberadamente Deus, preferindo-o a si proprios. Sabemos 0 que se passou. Addo ¢ Eva falharam na prova. Co- meteram 0 primeiro pecado, quer dizer. o pecado original. E este pecado nao foi simplesmente uma desobei Foi um pecado de soberba, como o dos anjos caidos. O tentador sussurrowthes a0 ouvide que, se comessem desse fruto, seriam tio grandes como Deus, seriam deuses. Sim, sabemos que Adio ¢ Eva pecaram. Mas ji nos € mais dificil convenccrmo-nos da enormidade do seu pecado. Hoje encara- mos esse pecado como alg tendo em conta a ignorancia ¢ a fra- . parece até certo ponto inevitivel. O pecado € algo |, sim, mas surpreendente, Tendemos a esquecer-nos de que, antes da queda, nao havia ignordneia ou fraqueza. A pecaram com total clareza ce mente e absol Nio havia_circunstancias eximentes. havia des- pa alguma, Adio ¢ Eva escotheram-se a si mesmos — em lugar Ge Deus — de olhos bem abertos, poderiamos dizer. tudo 0 que as suas possil 6 CRIAGAO E QUEDA DO HOMEM E, a0 pecar, derrubaram 0 templo da criagio sobre as suas cabegas. Num instante perderam todos os dons especiais que Deus thes havia concedido: a elevada sabedoria, 0 dominio perfeito de si mesmos, 2 imunidade & doenca e & morte ¢, sobretudo, 0 lago de unido intima com Deus, que ¢ a graca santificante. Ficaram re- duzidos ao minimo essencial que Ihes pertencia pela sua natureza humana. © trigico € que nio foi um pecado sé de Adio. Como todos nés estévamos potencialmente presentes em nosso pai comum, to- dos sofremos 0 pecado. Por decreto divino, ele era o embaixador plenipotenciétio de todo o género humano. O que Adio fez, todos © fizemos. Teve a oportunidade de colocar-nos a nds, sua familia, num caminho facil. Recusou-se a fazé-lo, ¢ todos sofremos as con- sequéncias, A nossa natureza humana perdeu a graga na sua propria origem, ¢ por isso dizemos que nascemos “em estado de pecado original”. Quando eu era crianca e ouvi falar pela primeira vez da “man- cha do pecado original”, minha mente infantil imaginava esse pecado como uma grande mancha negra na alma. 1a visto muitas man- cchas em toalhas, pecas de roupa ¢ cadernos, manchas de café, amo- ras ou tinta, de modo que me era fécil imaginar uma feia mancha negra numa bonita alma branca. Quando cresci, aprendi (como todos) que o espfrito no pode manchar-se, compreendi que a palavra “mancha” aplicada ao pecado original € uma simples metéfora. Deixando de lado o fato de um espirito nfo poder manchar-sc, compreendi que a nossa he- ranga do pecado original néo algo que esteja “sobre” a alma ov “dentro” dela. Ao contrério, é a caréncia de algo que deveria estar ali, da vida sobrenatural a que chamamos graga santificante. Por outras palavras, o pecado original néo € uma coisa, é a falta de alguma coisa, como a escuridao € a falta de luz. Nao po- demos colocar um pedago de escuridao num frasco, e levé-lo para casa para vé-lo bem debaixo da luz. A escuridio nfo tem consis- téncia propria; é simplesmente auséncia de luz. Quando o sol sai, desaparece a escuridio da noite. De modo semelhante, quando dizemos que “nascemos em estado de pecado original”, queremos dizer que, a0 nascer, nossa alma esti espiritualmente as escuras, ¢ uma alma inerte no que se refere & vida sobrenatural. Quando somos batizados, a luz do amor de Deus se derrama nela caudalosamente, ¢ a nossa alma se torna radiante © formosa, vibrantemente viva com a vida sobrenatural que procede da nossa unido com Deus e sua habitagio em nossa alma, essa vida a que chamamtos graca santificante. © QUE £ 0 PECADO ORIGINAL? 49 Ainda que 0 Batismo nos devolva o maior dos dons que Deus Ida graca santificante, nio restaura os dons preternatur © de estarm da morte. Perderam-se para. sempre deve inquietar. Devemos antes alegrar os devolven o dom que realmente in sobrenatural Se a stia justiga infi cérdia infinita, Deus poderi de Adio: “Lavo as mos em relagio ao género human a vossa oportunidade, jos como puderdes! © grande dom da vida a ndo se equilibrasse com a sua miseri- ter dito facilmente, depois do pecado Tivestes frer pelo que fez Adio? Se eu ser castigado por ea pergunta se responde por s perdeu algo a que tivesse direito. Esses e Deus conferiu a Adio nao 1s por natureza, Eram dons proprio, ram didivas de Deus que Adio lose tivesse feito 0 devido ato de amor, ares em troca cle um pequeno trabalho, ¢ meu ‘a oferta, na verdade eu nao poderia culpar 0 a pobreza. A culpa seria de meu pai, nao do esse reel o pela m smo modo, se vim a est poderia ter ganho para Deus pela falta de Adio. miscricérdia infinita porque, apesar di méritos de sew 4, um s6 ser humano (sem contar Cristo) pos- ima Virgem tho de Deus — reto que Foss De Adio para suiu uma natureza humana em perfeita ordem: a S: Maria, Quando foi escothida para ser a Mae do © porque repugna que Deus tivesse contato, por i © pecado —. Maria foi preservada desd da escuridao espiritual do momento da sua concepyao no seio de Ana, Maria es suse de amor por Ele: teve o estado de graga santificante. A este privikéyio exclusive de Maria, primeiro passo na nossa redengio, chamamos a Imacu- nn 50 CRIAGAO E QUEDA DO HOMEM E DEPOIS DE ADAO? Certa_vez, um homem passeava por uma pedreira abandonada, Distraide. aproximou-se demasiado da beira do pogo que hi se for. marae caiu de cabega na gua. Tentou mas as _paredes cram to lisas € verticais que ndo podia encontrar um ponto onde apoiar a mio ou pé. Era bom nadader ida ter-se-ia afogado por cansago se um transetinte nik em apuros € 0 livesse resgatado com uma corda. Ja fora, para esva iar os sapatos de gua, enyuanto filosofava um pouco: “E sure pieendente como me era impossivel sair dali, ¢ 9 pouco que me te bem a infeliz condigio da humani- dade, depois de Adio. Sabemos que. quanto maior & a dis de uma pessoa, mais séria € a injiria que alguém atira ntra ela se come sequencias que um oth Toxo. Mas seo arren contra o Presidente dos Estados Unidos, os da F.B.I, 0 num instante e esse homem nao ird jantar a casa por bastante Fica claro, pois, que a gravidade de uma ofensa d certo ponto da dignidade do ofendido. Sendo ilimitada a dignidade de Deus — Ele € 0 Ser infinitamente perfeito —, qualquer ot contra Ble tera malicia infinita. serd um mal sem medida. Por causa disto, 0 pecado de Adio nanidade ino fundo es idade de sair por nossos proprios meios. Tudo © que 0 homem pode fazer tem um valor finito ¢ mensurdvel. Se o maior dos santos desse a sua vida em reparagio pelo pecado, © v do seu sacri nuaria a ser limitado. Também & claro que, se todos os componentes do género humano, desde Adio até o til homem sobre a terra, oferecessem suas vidas em pagamento da vida contraida com Deus pela humanidade, 0 pagamento s ficiente, Esti fora do alcance do homem fazer algo de valor Nosso destino apés 0 pecado de Adio seria irremissivel se guém tivesse vindo langar-nos uma corda; 0 proprio Deus teve q resolver o dilema, O difema era que, como somente Deus Ele era capaz do ato de reparagio pela Mas quem fosse pagar pelo pecado do homem dever se realmente tinha que arcar com as nossos pecados, se resentante, mde fé miseri- E DEPOIS DE ADAG? 3 cérdia que Deus nos mostrou, decretando desde toda a eternidade que seu préprio Filho Divino viesse a este mundo, assumindo uma natureza humana como a nossa, para pagar 0 prego devido pelos nnossos pecados. © Redentor, sendo verdadeiro homem como nés, podia repre- sentar-nos e agir realmente por nés. Sendo também verdadeiro Deus, mais insignificante de suas ages teria um valor infinito, suficiente Para reparar todos 0s pecados cometidos ou que se cometerio. Precisamente no inicio da histéria do homem, quando expulsou Adio ¢ Eva do Jardim do Eden, Deus disse a Satands: “Porei mizade entre tic a mulher, entre a tua descendéncia e a dela; ela te esmagaré a cabega, ¢ Iu em vio te revolverds contra o seu cal- canhar.” Muitos séculos tiveram que transcorrer até que a descen- Géncia de Maria, Jesus Cristo, esmagasse a cabeca da serpente. Mas © raio de esperanga da promessa, como uma luz distante nas trevas, brilhatia constantemente. Mas a historia nao terminou depois que Adio pecou ¢ Cristo, © segundo Adio, reparou 0 seu pecado. A morte de Cristo na Cruz nao @ que, a partir de entio, © homem fosse necessariamente bom. A reparagtio de Cristo ado arrebata a liberdade da vontade humana, Se temos de poder provar o nosso amor a Deus pela obedigncia, temos que conservar a liberdade de escolha que essa obe- diéncia requer. Além do pecado original, a cuja sombra nascemos, temos_de enfrentar outro tipo de pecado: © que nés mesmos cometemos. Este pecado, que nao herdamos de Addo. mas que € nosso, chama-se ‘atual”. O pecado atual pode set mortal ou venial, segundo 0 seu wu de mal Sabemos que hi graus de gravidade na desobediéncia. Quando um filho desobedece a seus pais em pequenas coisas ou é indelicado com eles, no € necessariamente por falta de amor por eles. Seu amor pode ser menos perfeito, mas cxiste, Nio obstante, se este ho Ihes desobedece deliberadamente em assuntos de grave importin- cia, em coisas que os firam € aflijam gravemente, hi bons motivos para concluir que nio os ama. Ou, pelo menos, tiramos a conchusio de que ama a si mesmo mais do que a eles. ‘© mesmo ocorre em nossas relagéies com Deus. Se desobede- cemos a Deus em matérias de menor importincia, isso nao implica necessariamente que Ihe neguemos 0 nosso amor. Esse ato de deso- bediéncia em matéria que nao € grave, ¢ 0 pecado venial. Por exem- plo, se dizemos uma mentira que nao prejudica ninguém — “Onde voce esteve ontem a noite?”. “Fui visitar um amigo", quando na realidade fiquei em casa vendo televisio —, ser um pecado venial, a 52 ORIAGKO E QUEDA DO HOMEM Mesmo em matéria grave, meu pecado pode ser venial se tiver havido ignorincia ou falta de consentimento pleno. Por exem € pecado mortal mentir sob juramento. Mas se eu penso que o per- jirio € um pecado venial, eo cometo, para mim seré pecado venial. Ou se juro falsamente porque 0 lor me colheu de surpresa © me sobres: (falta de reflexa jente), ou porque o medo as consequé: iauiu minha liberdade de opgio (falta de con- sentimento pleno), também ser pecado venial Em todos estes casos podemos ver que falta a malicia de um desprezo por Deus consciente e deliberado, Em nenhum desses exem- plos se evidencia a auséncia do amor a Deus. Estes pecados chamam-se “veniais” fica “perdio”. Deus perdi Mas isto no implica que © pecado venial seja de pouca im- portincia. Qualquer pecado é, ao menos, uma falha parcial no amor, uum ato de ingratidao para com Deus, que nos ama tanto, Em toda é, de maneira nenhuma, uma inécua. Cada um deles acarreta um castigo aqui ou no Cada pecado venial diminui um pouco o amor a Deus em nosso coragio © debilita a nossa resisténcia As tentagdes. Por numerosos que sejam os pecados veniais, a simples mu plicagio dos mesmios, ainda que sejam muitos, nunca acaba soma um pecado mortal, porque o niimero nio modifica a espécie de pecddo, embora o actimulo de matéria de muitos pecados veni ossa, sim, chegar a ser mortal. Em qualquer caso, dar habitual mente pouca atengio ao pecado venial abre a porta ao pecado mor- tal, Se vamos dizendo “sim” a pequenas infidelidades, acabaremos dizendo “sim” a tentagéo grande, quando esta se apresentar. Para quem ama sinceramente a Deus, seu propésito habitual hi de ser evitar todo pecado deliberado, seja este venial ou mortal. ‘ambém € conveniente sublinhar que, assim como um pecado odjetivamente mortal pode ser subjetivamente venial, devido a espe- ciais condigdes de ignorancia ou & falta de plena consciéncia, um pecado que, & prim parece venial, pode tornar-se mortal em circunstancias especiais. Por exemplo, se penso que é pecado mortal roubar alguns cru- zeiros, e apesar disso os roubo, para mim seré um pecado mort Ou se essa pequena quantia, eu a tiro de um cego vendedor de jomais, correndo 0 risco de atrair m4 fama para mim ou para mi- cialidade de mal que tem 0 meu ato converte-o © pecado IS DE ADAO? 53 1. Ou se continuo roubando pequenas quantias até digamos cinco mil cruzeiros. meu em pecado mi atingirem uma soma considera pecado ser mortal. Porém, se 0 nosso desejo ¢ a nossa intengio € obedecer em tudo a Deus, nao temos para nos preocuparmas com estas coisas. aa CaPituLo VI O PECADO ATUAL MINHA ALMA PODE MORRER? pecado de Adio nos submei a uniu a Si a nossa alma. © Espirito Santo — derramou-se hela, preenchendo 0 vazio es que 0 pecado origi Produzido. Como consequéncia desta inti nossa alma se cleva a um novo tipo de que se chama “graca santificant € no 6 preservar, mas incrementar Deus, depois de unir-nos a Si pelo Batismo, jamais nos aban. dona, ico modo de nos separarmos dEle & Fepel deliberadamente, E isto acont f , cons- 5 recusamos a obe- fazemos, cometemos causa a morte da alma. Esta desobediéncia a Deus consciente ¢ voluntit Erave & a0 mesmo tempo, a rejeigio de Deus. Secciona a nossa unio com Ele tio cabalmente como um alicate que cortasse o cabo ora ng a instalagio eléttica da nossa casa aos geradores da compa. nihia elétrica: se voc8 0 fizesse, a sua casa mergutharia instantanee, Mente na escuridio. A mesma coisa se passaria com a nossa alma depois de um pecado mortal, mas com consequéncias ‘mais terriveis, porque a nossa alma nio mer mas ba morte, em vida, pela mor ¢ abu fesse assim, separada modo de restabelece pem as terriveis, ardentes e torturantes sede e¢ fome de Deus para quem a alma foi criada, desse Deus que ela ferno, Pouco do que signi E isto € 0 que significa, a Deus voluntaria e consci pecado mortal, desobedecer cometer um Pecar ¢ recusar & Deus a nossa obedigncia, ¢ nosso amor, Dado due cada pedacinho nosso pertence a Deus © que todo o fim de rossa existéncia & amé-lo, torna-se evidente que cada pedacinho noses deve obediéncia a Deus, Assim, esta obrigagio de obedecer aplica.se wre nS as obras ow palavras exteriotes. como também aos deseioe € Pensamentos mais intimos, F ‘evidente que podemos pecar nio s6 fazendo 0 que Deus proibe (Pecado de acdo), como deixando de fazer o que Ele orders (pecado de omissio). pecado soubar, mas também € pecado nic Pagar las justas. & pecado wabalhar servile desnecessariamente Os, mas também o € nao prestar a Deus o culto devido, faltando & Missa nos dias de preccito 56 © PECADO ATUAL sas € mesmo @ superior, sem receber a resposta correta. Ea Vontade de Deus. Uma agio & boa se for © que Deus quer q € ma se for algo que Deus nao quer que fagamos. Algumas criancas me responde- aquela agiio € ma “porque o disse o padre, ou o a lereja, ou as Escrituras” pois, despropositado mostrar aos pais a necessidade de fo logo alcancem a idade ‘ou maidade de alguma coisa depende de que Deus a queira ou nio; € que fazer 0 que Deus quer é 0 nosso modo, 0 nosso tinico modo, de provarmos 0 nosso amor a Deus. Esta idéia serd tdo sensata para wesse que fazé-lo a um simples jade de Deus pela Escritura (Palavra escrita de Deus) e pela Igreja (Palavra viva de Deus) Mas nem as Escrituras nem 2 Igreja causam a Vontade de Deus. Inclusive os chamados “mandamentos da [greja” nio sio mais do 3 ares da vontade de Deus, interpretagdes deta- Ihadas de nossos deveres, que, de outro modo, poderiam nao nos parecer tio claros es. Os pais devem ter o cuidado de nao exagerar a seus filhos as dificuldades da viride, Se aumentam cada faltazinha da crianga torné-la um pecado muito feio © muito grande, se the caem em cima, dizendo-Ihe que cometeu um pecado mortal e que Deus nao a ama, s6 porque soltou um “palayrio” que ouviu ou diz “ é vel que essa crianga cresea com a idéia de que Deus um preceptor muito severo & Se cada ft zinha the € descrita como um pecado cera desanimada ante a clar: de tenta-lo. E isto Para que uma coisa seja pecado mortal, sabemos que sio ne- cessirias trés condigies. Se falta qualquer delas, nao haverd pecado mortal, Em primeiro lugar ¢ antes de mais nada, a matéria deve ser grave, seja por pensamento, palavras ou obras. Nao é pecado mortal dizer’ uma mentira infantil, mas o é prejudicar a reputagio alheia com uma mentira. Nao é pecado morial roubar uma magi ou uma moeda, mas 0 ¢ roubar uma quantia aprecidvel ou tocar fogo numa casa, QUAIS S40 AS RAIZES DO PECADO? ST Em segundo lugar, devo saber que 0 que fago é errado, muito errado. Nao posso pecar por ignorancia. Se ndo sei que é pecado mortal participar do culto protestante, para mim nio seria pecado ir com um amigo protesiante & sua capela. Se esqueci que hoje é dia de abstingncia ¢ como came, para mim nao haverd pecado. pressupde, € claro, que esta ignorancia no seja por minha culpa. Se no quero informar-me de certa coisa por medo de que atrapalhe meus_planos, sou culpado desse pecado. Finalmente, nao posso cometer um pecado mortal se no resolvo remente praticar determinada ago (ou omissio) que & contra a Vontade de Deus. Se, por exemplo, alguém mais forte que eu me forga a langar uma pedra contra uma vitrina, no me faz cometer um’ pecado mortal. Também no posso pecar mortalmente por aci- dente, como quando tropeco involuntariamente com alguém, ¢ este cai € fratura 0 crinio. Nao posso pecar dormindo, por maldosos que se apresentem os meus sonhos. E importante que tenhamos idéias claras sobre isto, e € impor- tante que nossos filhos as tenham na medida adequada & sua ca- pacidade. O pecado mortal, a completa separagio de Deus, ¢ dema- siado horrivel para tomé-lo com leviandade, ‘para arma na educagio das criangas, para reduzi-lo ao nivel da irteflexio ou das travessuras infantis, QUAIS SAO AS RAIZES DO PECADO? £ facil dizer se tal ou qual ado & pecaminosa. Nao o & tanto dizer se tal ou qual pessoa pecou. Se alguém se esquece, por exem- plo, de que hoje é festa de preceito € nao vai A Missa, seu pecado & s6 externo. Interiormente no teve intengio de conduzir-se mal. Neste caso, dizemos que cometen um pecado material, mas no um pecado formal, Existe neste caso uma obra md, mas no m4 inten- supérfluo e intitil menciond-lo na confissio, Mas também verdade 0 contrario. Uma pessoa pode cometer interiormente um pecado sem realizar um ato pecaminoso. Usando © mesmo exemplo, se alguém pensa que hoje é dia de preceito & voluntariamente decide nao ir & Missa sem razio suficiente, € cul- pado do pecado de omissio dessa Missa, mesmo que esteja enganado © nao seja dia de preceito. Ou, para dar outro exemplo, s¢ um homem rouba ul iia de dinheiro ¢ depois percebe que roubou seu. préiprio jeriormente cometeu um pecado de roubo, ainda que realmente nio tenha roubado. Em ambos 0s casos dizemos que nio houve pecado material, mas formal: E, natural- mente, estes dois pecados tém que ser confessados. 58 © PECADO ATUAL Vemos, pois. que & a pessoa o que determina em Ha pecado quando a inter quer. Por esta razio, sou culpado de pecado no momento em que decido cometé-lo, mesmo que ndo tenha oportunidade de pratic’to ou mesmo que depois mude de oj Se decido mentir sobre um assunto quando me perguntarem, ¢ a ninguém ovorre fazer a gunta, continuo sendo culpado de uma mentira por causa da minha ma intengio, Se decido roubar umas ferramentas da oficina em que trabalho, mas me despedem antes de poder fa7é-lo, interiormente ji cometi 0 roubo, ainda que nao se tenha apresentado a oportunidade de praticé-lo, ¢ sou culpado disso. Estes pecados seriam reais sea matéria fosse grave, teria que confessa-los. Mesmo uma mudanga de decisio nao pode apagar © pecado. Se um homem decide hoje que amanha iri fornicar ¢ amanhi muda de idéia, continuaré a ter sobre a sua consciéncia o pecado de 0 tem, A boa decisio de hoje niio pode apagar © mau propésito de ontem. & evidente que aqui falamos de uma pessoa cuja vontade tenha_tomado essa decisio, Nao nos referimos & pessoa em grave tentagiio, que luta consigo mesma, talvez durante horas ow até dias. Se essa_pessoa alcanga, por fim, a vitéria sobre si mesma ¢ di um “niio” decidido a tentagio, nio cometeu pecado, Antes pelo contrario, essa pessoa mostrou grande virtude ¢ ad- quiriu grande mérito diante de Deus. Nao ha motivo para sen culpada, ainda que a tentacao tenha sido violenta ou persistente: se fosse tio facil, qualquer um seria bom: isso no teria mérito. Nao, A pessoa de quem falivamos antes ¢ a que resolve cometer um pecado, mas é impedida de fazé-to por falta de ter mudado de idéia. © na vontade deuma ia de um pecado, liguma coisa contra @ que Deus 6 Isto nao quer dizer que o ato exterior no tenha importincia. Seria um grande erro’ inferir que. jd que alguém tomou a d tanto da levé-la @ pritica ou nio. Muito pelo contrario, real ma intencao e praticar o ato acrescenta gravidade ao pecado, inten- silica a sua malicia. E isto & especialmente assim quando esse pe- cado externo prejudica um terceiro, como no roubo: ou causa 0 pecado de outrem, como nas relaydes impuras. E ja que estamos falando de “intengao”, vale a pena mencionar que n&o podemos tornar boa ou indiferente uma agio ma com uma boa intengio, Se roubo a um rico para dar a um pobre, isso conti- nua sendo um roubo. e € pecado. Se digo uma mentira para tirar um amigo de apuros, isso continua sendo uma mentira, € eu peco. Se uns pais usam anticoncepcionais para que os filhos que j& tém QUAIS SAO AS RAIZES DO PECADO? 59, disponham de mais meios, a pecaminosidade do ato se mantém, Em resumo, um bom fim nunca justifica meios maus. Nao podemos forgar e retoreer a vontade de Deus para fazé-la coincidir com a nossa, Da mesma maneira que pecado consiste em opormos a nossa vontade & de Deus, a virtude néo & sendo o esforgo sincero por iden- icarmos a nossa vontade com a de Deus. Nao é téo arduo, a nio set que confiemos somente em nossas préprias forcas, em lugar de confiarmos na graga de Deus. Um velho axioma teolégico 0 ex- pressa dizendo: “Deus nio nega a sua graga a quem faz 0 que pode”. Se fazemos “o que podemos” — rezando cada dia regularmente: confessando-nos ¢ comungando com frequéncia; considerando amiti- de a grandiosidade do fato de o proprio Deus habitar em nossa alma em graga (que alegria saber que, seja qual for 0 momento em que Ele nos chame, estaremos preparados para contempli-lo por toda a eternidade!, mesmo que venha previemente © purgatério); ocupando- -nos num trabalho util e em diversies sis, evitando as pessoas lugares que possam por a prova a nossa humana debilidade —, en- tio nao ha divida da nossa vitéria. £ também muito util conhecermos as nossas fraquezas. Voce se conhece bem? Ou, pata dizé-lo de uma forma negativa, sabe qual € 0 seu defeito dominante? Pode ser que vocé tenha muitos defeitos; a maioria de nés os tom. Mas fique certo de que hd um que se destaca mais que os outros € © seu maior obsticulo para o crescimento espiritual. Os autores espirituais descrevem esse defeito como “paixio dominante”. Antes de mais nada, convém esclarever a diferenga entre um defeito ¢ um pecado. Um defeito € 0 que poderiamos chamar “o ponto fraco” que nos faz facilmente cometer certos pecados, ¢ mais dificil praticar certas virtudes. Um defeito € (até que 0 eliminemos) uma fraqueza do nosso cardter, mais ou menos permanente, a0 passo que © pecado é algo eventual, um fato isolado que deriva do nosso defeito. Se compararmos 0 pecado a uma planta nociva, o defeito sera a raiz que © sustenta, Todos sabemos que, quando se c di. pouco resultado aparar as plantas daninhas rente ao chao. Se nao se arran- cam as rafzes, crescerdo outra vez. O mesmo ocorre na nossa vida com certos pecados: continuario a aparecer continuamente, se nic atrancarmos as raizes, esse defeito do qual eles nascem. Os tedlogos dio uma lista de sete defeitos ou fraquezas princi- pais; quase todos os pecados atuais se baseiam num ou noutro deles. oe © PECADO ATUAL Estas sete fraquezas humanas se chamam, ordinariamente, “os sete pecados ca A palavra “capital” neste contexto significa rele- Vante ou mais frequente, nao que necessariamente sejam os maiores ou os Quais sio esses sete vicios don ntes da natureza humana? imeiro € a soberba, que poderiamos definir como a procura de- sordenada da nossa propria honra ¢ exceléncia. Seria muito longa ta de todos os pecados que nasvem da soberba: a ambigio ¢x- relagdo As nossas forcas espirituais, a vaidade, 1, els ai uns poucos. Ou, para usar expresses contempo- raneas, a soberba ¢ a causa dessa atitude cheia de amor prop que nos leva a “manter o status, para que os vizinhos no mui @ ostentacao, & ambigio de escalar postos ¢ brilhar si mente, de estar na “crista da onda”, e outras coisas do mesmo jaez. © segundo pecado capital é a avareza, ou o imoderado desejo de bens temporais. Daqui nascem nao 6 os pecados de roubo € fraude, como também os menos reconhecidos de injustica entre pa- tres © empregados, priticas abusivas nos negdcios, tacanhice e indi- ferenga ante as necessidades dos pobres, ¢ isso para mencionar s6 uns poucos exemplos. © seguinte na lista é a fuxtiria. 6 facil perceber que os pe- cados claros contra a castidade tém a sua origem na luxiria; esta também produz hd muitos atos desonestos, falsidades € injusticas que se podem atribuir & luxtiria; a perda da fé € 0 desesperar da misericérdia divina sao frutos frequentes da luxtiria. Depois vem a ira, ou o estado emocional desordenado, que nos empurra a desforrar-nos dos outros, a opor-nos insensatamente a essoas ou coisas. Os homicidios, as desavengas ¢ as injirias sio consequéncias evidentes da ira, como também 0 séo © édio, a mur- muracio ¢ o dano a propriedad A gula & outro pecado ca comida ou bebida. soez € blas« esse & um sentimento- perfeitamente natural, a nfo ser que nos leve a extremos de cobi Nio, ja é antes a-tristeza causada pelo fato de outros estarem numa situago melhor que a nossa, € 0 so- frimento pela melhor sorte dos outros. Desejamos ter 0 que um outro tem, e que no o tenha. Pelo menos, desejariamos que néo 0 ivesse, se_nés nao o podemos ter também. A inveja leva-nos 20 TB _ ____ QUAIS SAO AS RAIZES DO PECADO? 6 estado mental do © que tem ah semelhantes. Finalmente, temos a. pregui perante o trabalho; hd muita gente que balho. A preguiga ¢, antes de tudo, que cle implica, “Eo desgosto e a recusa nossos deveres, especi de nossos deveres para nos contentamos com um nivel haixo na nossa pro dade, especialmente se nos conformamos com a ritual, € quase certo que a sua causa é a preg ein dia de preceito, desleixar-se na oragio, fugir das liares © profissionais. tudo isso provém da_pregu Estes S40, pois, os sete pecados capi ira, gula, inveja e preguica. Sem costume de examinar a nossa consciéncia antes de nos de evidentemente, a0 nos confessarmos. De hoje em diante, seria muito proveitoso perguntarmo-nos nao sé “que pecados cometi e quantas vyezes", mas também “por qué”. © simples desagrado agtadavel © se QUEM B ML CaPituLo VI O A ENCARNACAOQ QUEM E MARIA? A 25 de marco celebramos 0 grande acontecimento que conhe- cemos por “Encarnacio” ia, levada pelo Arcanjo Gabriel a de que Deus a havia escolhido para ser mae do Redentor. 'o dia da Anunciacio, Deus eliminou a inf stancia que havia entre Ele ¢ nés. Por um ato de seu poder infinito, Deus fez © que & nossa mente humana parece impossivel: uniu a sua propria natureza divina a uma verdadeira natureza humana, a um corpo ¢ alma como os nossos. Eo que nos deixa ainda mais admirados ¢ que desta uniao néo resultou um ser com duas personalidades, a de Deus © a de homem. Ao contrario, as duas naturezas se uniram numa s6 Pessoa, a de Jesus Cristo, Deus e homem, Esta uniio do divino ¢ do humano numa Pessoa ¢ to singular, {do especial, que nfo admite comparagio com outras experiéncias humanas, ¢, portanto, esté fora da nossa capaci sio. Como a Santissima Trindade, é um dos grandes mistérios da nossa fé, a que chamamos o mistério da Encarnacéo. Lemos no Evangelho de $0 Joio que “o Verbo se fez carne’ Ou seja, que a segunda Pessoa da Santissima Trindade, Deus Filho, se encarnou, se fez homem. Esta uniio de duas naturezas numa 86 Pessoa recebe um nome especial, e chama-se unidio hipostitica (do grego hipéstasis, que significa “o que esté debaixo”). Para dar ao Redentor uma natureza humana, Deus escolheu uma donzela judia de quinze anos, chamada Maria, descendente do grande rei Davi la obscuramente com seus pais na aldeia de Nazaré. Maria, sob 0 impulso da graga, havia oferecido 4 Deus a sua virgindade, coisa que fazia parte do designio 63 Para a alma que havia recebido wma Deus criow a alma de Maria, 1 no. mest Ma ts Pedido dos pais de Maria. e verdadciro de Maria, ain- sindade e soubesse que o Maria. permane Quani de Jesus, devemos rec hebraico, & qu a A ENCARNAGAO do comego da nossa salvagdo 0 que ns comemoramos sempre que recitamos o Angelus. E nio surpreende que Deus preservasse da corrupeyio do sepul- ero © corpo do qual tomou o seu préprio. No quarto mistério glo- rioso do Rosario, ¢ anualmente na festa da Assungio, celebramos © fato de 0 corpo de Maria, depois da morte, se ter reunido & sua alma no eéu, algum de nés tenha exclamado em momentos de traba- “Quereria ser dois para poder atender a tudo”. & que pode levar-nos a fantasiar um pouco, as com. proveito, nos que cu pudesse ser dois, que fivesse dois corpos. duas 86 perse bos os corpos trabathariam juntos ha tarefa em que me ocupas: na esvada de mio ou uma mesa, E as duas mentes ap! juntas a solucionar qualquer problema que cu tivesse de enfrentar. © que seria especialmente agradivel para resolver preocupagies ¢ tomar decisées, Boum total e claramente sem pés nem cabeca, Sabemos que no plano de Deus sha uma natureza humana (corpo ¢ alma) para cada pessoa humana (minha identidade consciente, que me se- para de qualquer outra pessoa). Mas esta fantasia talvez nos ajude a entender um pouquinho melhor @ pers jade de Jesus. A uniao hipostatiea, a uni ureza humana e uma nat numa Pessoa -— Jesus Cristo — ¢ um mistério de f que nio podemos compreendé-lo cabaimente, Isto nao quer dizer, porém, gue nio sejamos capazes de compreender um pouice. ‘Como segunda Pessoa da Santissima Trindade, Deus Filho, Jesus existiu desde toda a eternidade. E por toda a eternidade & gerado mente do Pai. Depois. num ponto determinado do tempo, Deus ho uniu-se. no seio da Virgem Mari Ado sa um corpo como © nosso, mas a um corpo e a uma alm: fatureza humana nossa haviamos, claramente as jade 4 » que sé Deus poderia faze seu proprio poder, Por outro, realizow as ages m omens, como comer, beber e dormir, F & be mortos pel vulgares. dos QUEM & MAKIAY 63 levar em ed 4 simplesmente comer. beber, dormir © softer quando dormia, era porque & sentia realmente dor, ‘Com igual clareza Jesus mostrou_a unidade da sua personali- jade. Em todas as uma completa unidade de Pessoa. Por exemplo, nie 10 da vitiva: Ma te diz: *. Na Cruz, Jesus mas exclamou: “Tenho sed Pode ser que nada do que estamos dizendo nos ajude muito a compreender as duias naturezas de Cristo. No melhor dos ca serd sempre um mi Mas pelo menos recordar-nos-i, ao di com set glorioso titulo de “Mae de Deus”, que chamam a “excessiva” glorificago de Maria, algam em chamar a Maria Mie de Cristo; mas pre! a chami-la Mie de Deus. F, nao_obstante, a ndo ser que nos disponhamos a negar a divindade de Cristo (e neste caso det de ser cristios), nao existem razdes para distinguir entre Cristo” © “Mae de Det Uma mie nao & 36 mie do corpo fisico de seu filho; é mie da pessoa inteira que traz em seu sei. A Pessoa completa concebida por Maria & Jesus Cristo, verdadeiro Deus ¢ verdadeiro homem. A Crianga que ha vinte séculos nasceu no estébulo de Belém tinba, de certo modo, Deus como Pai duas vezes: a segunda Pessoa da San- tisima Trindade tem Deus como Pai por toda a 5 Jesus Cristo teve Deus como Pai também quando, na Anuneiagio, 0 Espi- rito Santo engendrow uma Crianga no seio de Maria Qualquer pessoa gue tenha um amigo que goste de cachorros sabe 2 verdade que ha no ditado inglés: “Se me amas, ama o meu cio", o que poder parecer tolo & nossa mentalidade. Mas estou certo de que qualquer homem ou mulher subscreveria esta outra afir- “Se me amas, ama minha mae” c. entio, alguém afirmar que ama Jesus Cristo verda- 9 ama também sua Mie? Os que objetam que a honra dada a Maria subtrai_a que & devida ‘os que dizem que 05 catélicos “adicionam” uma segunda medi “a diador entre Deus © 6 homem, Jesus Cristo, Deus encar {ram que compreenderam muito pouco da verdadeira humanidade de Jesus Cristo. Porque Jesus ama a Virgem Maria nae com 0 mero amor imparcial que Devs tem por todas as almas, mor 68 A ENC comeso como se nhecimento expe ortes para sus io Lucas exemplo, 0 andar. Mas s6 adqui 1 quando suas pernas ficaram suf Ito em Nazaré dezoito anos mai or que Jesus Cristo ” le obscuridade de Nazi am idade © graga balho algum que seja ti nos mede_ pe aos. pela vontade. Efetivamente, Uo redentores ignifica recuper cido, Pelopecado, 0 direito de heranga & unio eterna com De ecu. O Filho de Deus feito he ito para nds, Por que realizou, redengio. E do mesmo modo que & traigho do homem realiza pela negativa em dar seu amor a Deus no ato de desobedigncia que é 0 pecado de Cristo assumiu a forma de um ato de feito, expresso no ato de obediéneia infin nte per © que a ele se seguiu é também parte do scu Sacrific Tudo o que Deus taz tem valor infinite, Por ser De dos sofrimentos de Cris fiviente para pagar or Deus pelos homens, O mais teve calafrin que o Mi n bastaria para reparar todos os pe os homens pudessem empithar no outro prato da balanga, ABNAGIO iru © ¢o- wando 0 Menino tinha doze anos. is. ssperdigou” Dos wente nada diante de Jesus, com jgdes mais: nem pode necessitar. Deixando transcorr apis ano, o que Ele fer foi ensinar-nos que diante de Deus ste pessoa iw mem tra- mesmo se sgativa expressada im a tarefa redentora geu toda a sua vida na tetra. A morte de Cristo na Cruz foi a culminancia do sew ato de obediéneia: mas o que preceden 0 eplidie de cados que 69 He. O Fitho de mente perfeita até o de morrer to Nazaré como © Yue a ele conduz. Pel fato de a morte de Cristo tern’ superado tanto o prego realmente fazer pelo pecado. Deus nos tornou patente de as duas paralelas da infinita maldade us tina trinta anos de idade, empreendeu a fase da conhecemos comumente por vida piiblica. Teve co- © primeiro milagre piiblico nas bodas de Cand, © desen- hos ués_ anos seyui Durante esses anos, Jesus viajou € de leste a oeste pelo tertitério palestino, pregando sinando as verdades que todos deviam conhecer eas isessem beneficiarse da sua ree ida que os sofrimentos de Cristo bi dos 05 pecados de todos os homens, fique automat m para pagar por to- isto ndo quer dizer que cada um > do peeado, Ainda € necessirio cimeros_milagees. mas também (e princi- tal como 0 fazia. Pedir de Deus era pedir muito. 8, devolver a vista idas mos, Jesus Thes lembrava conti- Proximo, Este reino de Deus reja — seria a preparagio do ecu. A velha rel prepurar av Lo VUL A REDENGAO COMO TERMINA? € conquistar 9 mundo, ndo pode atestar Wa. por explorar. io menos pesada com seus les que a Riissia de © paga- vam. seus: Uma estacada para cada pais, ¢ nela govemador para fiear de olho nas coisas. ja-se as nagdes conservarem seu proprio go- © costumes 10s de Nosso Senhor i Mas, fora isto. pern verno local © seguirem stias propria tei era_a situagiio da. Pal Jesus Cristo. Roma cra o Lidos politicos como Jo & nossa “maquina ompunha-se dos. saver- dotes judeus. para 4 m_a mesma coisa: dos farisous, que cram os “de sangue azul fempo, ¢ dos escribas, s de leis. Com certas excegies. a maioria destes homens pertencia ao tipo dos que hoje chamamos “pol os que conhecemo: ica” moderna pow. at qi ras. © na Galildia quando Jesus thos pregando a mensagem do amor wras literalmente, pen= ico, em vez de espiritual. Aqui um rei que subjugaria o onhecimento dos sacerdotes, escribas ¢ ns corrompidos comecaram a temer que © povo modos e proveitosos postos. Este temor bit publics Combinaram de Nazaré que thes tirava a tran- ios para malar Jesus, apedr io. Mas, de cada vez, Jes mente do egaram. a imo de Jesus para Ihar, um homem cuja ise fesse arr sua avareza © modo de fazer nfeliznente par a ponto de morrer. Sta tarefa homens estava conchiida, € Ele cle, desta vez Sstolos, Agora esperavat a che- stior de sangue. Um suor agonia que 0 esperava the arrancava produzida pelo conhecimento de que, para ie seria detramado em vio. Em Getsemani, Ele fumana que provasse © conhecesse, como maldade do pecado e todo 0 seu aremendo s6 Deus pode. a hovror IS chews, © os inimigos de Jesus o levam a um julgamento ue Havia dese paridia da justica. A sentenga de morte ja ha sido ace mesmo antes de terem prestado adas ¢ contraditérias. A acusa- amava Deus, ¢ isso era u rig, para a morte latos. 0 governa- A BEDENGAO Quando Pilatos se negou a condenar Jesus & morte, os chefes judeus ameagaram o governador de criar-the dificuldades, denuncian- do-o @ Roma por incompeténcia. O pusilinime Pilatos sucumbiu & chantagem, apés alguns vaos esforgos para aplacar a sede de sangue da_populagio, permitindo que agoitassem brutalmente Jesus e 0 co- roassem de espinhos. Meditamos estes acontecimentos ao recitar os jos dolorosos do Rosério ow a0 fazer a Via-Sacra. Também oo que oorreu ao meio dia seguinte, quando res- soou no Calvario o golpear dos martelos € 0 torturade Jess pendeu da Cruz, durante trés horas, morrendo finalmente, para que nds pu- déssemos viver, nessa Sexta-feira que chamamos pagando pelos pecados nbuma alma podia entrar no ¢éus ninguém podia ver a Deus face a face. E, nao obstante, haviam existido, de certeza, fens ¢ mulheres que tinham erido em Deus ¢ na sua mi- ‘Como estas almas nde haviam me- ifixiio) num estado de Eram mui angar na terra, seu corpo jazia na sepultura, para anun- para, poderiamos dizer, acom- a Delis Pai como suas pri cias. A isto nos referimos mdescet 2 10 dos: mortos Como a morte de Jesus foi real, foi a sua alma que apareceu no limbo; seu corpo inerte, do qual # alma se havia separado, jazia fempo. noe a sua Pessoa ma como ao corpe, disposta a ntre os mortos a6 a vida_por fe nio pelo de outro. Com este milagre daria a Te concludente de gue era Deus. o da Ressurraigio, avontecimento que celebramos no Do- fio. Enos dem: thecide para termos que maginava der- a0 sepulero. 9. Porém, eo- de pedra VERMIN? cow que fechava a entrada do sepulero, quando Jesus saiu. Tesus ressuscitou dentre os mortos com um corpo slo} idéntico a que sera o nosso depois da nossa ressurreigio. corpo “espiritualizado”, livre das limitagSes impostas pelo mundo fi sico. Era (e &) um corpo que nao pode sofrer ou morrer: um corpo que irradiava a luminosidade e a beleza de uma alma unida fa Deus; um corpo que a matéria n&o podia interceptar, podendo passar através de um sélido muro como sc este niio cxistisse: um corpo que néio precisava caminhar com passos laboriosos. mas que podia mudar-se de um lugar para outro com a yelocidade dope samento: um corpo livre de necessidades orginicas como comer, be- her ou dormir. Jesus, a0 ressuscitar dentre os mortos, no subiu imediatamente ao céu, como terfamos imaginado. Se o tivesse feito, os cépticos que nao acreditassem na sua Ressurreigio (¢ que ainda estio entre ‘nés) teriam sido mais dificeis de convencer. Foi em parte por este motivo que Jesus decidiv permanecer quarenta dias na terra. Du- rante esse tempo, apareceu a Maria Madalena, aos disci aca minho de Emaiis ¢, varias vezes, aos seus Apostolos. Mas podemos assegurar que houve mais aparigdes de Nosso Senhor. além das men- cionadas nos Evangelhos: a pessoas (4 sua Santissima certa- mente) € a multiddes (Sao Paulo menciona uma delas, em que havia mais de quinhentas pessoas presentes). Ninguém jamais poder per- ‘guntar com sinceridade: “Como sabemos que ressuscitou? Quem o viu?” ‘Além de provar a sua ressurreigio, Jesus tinha outra finalidade ‘a cumprir nesses quarenta dias: completar a preparagio © missio de seus doze Apéstolos. Na Ultima Ceia, na noite da Quinta-feira Santa, tinha-os ordenado sacerdotes. Agora, na noite do Domingo de Pascoa, complementa-Ihes 0 sacerdécio, dando-Ihes 0 poder de perdoar os pecados. Quando thes aparece em outra ocasiao, cum- pre a promessa feita a Pedro e o faz cabega da sua Igreja. Explica- “thes © Espirito Santo, que sera o Espirito dador de vida na sua Tereja. Instrui-os confiando-Ihes as linhas gerais do seu. ministério, F, finalmente, no monte das Oliveiras, no dia em que comemoramos 2 Quinta-feira da Ascensio, dé aos seus Apéstolos a missio final da filtima béngio ¢ sobe aos céus. “esta sentado a direita de Deus Pai igual ao Pai em tudo: como homem, esté mai do que todos os santos, por sua. ur ridade suprema como Rei de dos rains de luz que convergem DENG AO vonverge & dkle, desde que assumiu como pripria a nossa Capiruto 1X ureza humana, Por meio da sua Igreja rege todas as _quesises a is ou temporais, a de governante tém a primazia, E seu SSPIRITO SANTO E A GRAGA supremo dos homens esté duplamente ganho por t ido ¢ resgatado com seu precioso Sangue, Depois da sua ascensiio ao Pai, a préxima vez em que apare- | ceri A humanidade o seu Rei Ressuscitado se mundo. Veio uma vez no desamparo de Belém; vird em gloriesa majestade para julear o mundo que € que Ele mesmo comprou por ti0 grande. prego. vivos € 0s mortos' julgar os A PESSOA DESCONHECIDA ia “Recebestes E eles responderam: “Nem se nos que havia Espirito Santo”, nis desconhece 0 Espirito Santo. Sax Sabemes também que se chama lien “Consolador”). 0 Advogado io de Deus © © spi, de Amor.” Sabemos tam: do nos batizamos, © que continua morando em nossa a (© rejcitamos pelo pecado mortal. E este € 0 10) © Santo para muitos catélivos. No enta © poderemos ter senio uma compreensio super- Werior da nossa san no plano di to Santo — Feagiio se desconhecermos no. ¢, evidentemente, a doutrina antes de Cristo nos ter mento, os juudeus essa_verdade, leados de Deus nico. avs muitos. dei meio de seus profetas, inc Nao comp! as coisas revelando ao homem Havia de ser Jesus wreza RITO SANTO EA GRAGA E oportun recordar aqui brevemente a esséncia da natureza ie temos capacidade para enten Deus tem de Si certamente, um prisma, ¢ > vermelho ivina é uma representagio perfeita de Si perleita se no fosse proprio da natureza divina Uma imagem mental de Deus que nfo vivesse, nao seria uma repre- sentacao perfeita. A imagem viva de Si mesmo que essa Tepresentagiio no set Deus tem em sua mente, a rando desde toda a eternidade em sua esti no a > de luz Nenhum nente presentes cada uma nas outras, na Iho, 0 Filho no Pai e © Espirite ma-se Deuls Filho. Poderiamos dizer que Deus Pai Para v caso de no at eterno de “pensar-se a Si mesmo”; Deus Filho € 0 “pensamento” vivo (¢ eterno) que se gera nese ato de pensar. Pensado, existem na mesma ¢ tiniea n sé Deus, mas em duas Pessoas. or LO perfeito, de ‘que chamamos Ey Como dois vuledes. q issima ‘Trindade uma mesma corrente de fogo, Chama Viva de Amor. dizemos no Credo Niveno que © Espirito Santo procede Esta € a vida interior da Santissima Trindade: conhecido ¢ Deus que Pessoas, cada uma ‘outras duas em & mais poderoso que Deus Espirito Devemos precav em. termos temporais. ar. ¢ depois, um pouco mais tarde, Deus Filho, © por ti Este proceso de conhecimento & -nos também para nae im: amor que constitui toda a eternidade: nao teve Antes de comegarmos a estudar o Espirito Santo em particular. ia ter presente: as tres Pessoas divinas reza_divina, mas esto unidas da uma das outras, numa das trés. cores. primarias cada uma as outras. Cada uma esta em vel. de certo mode igual corpo, Mas as idgias nico sie Referimo-nos com Ta erage — atual e santi- 1. ao crescimento em santidade. Mas como € q S se NOS perguntassem o significado destes termos? Parad: adequada, teriamos ws a fungto que 0 Espirito Santo desempenha n alma, Sabemos que o Espirito Santo € 0 Amor infinito que mente entre em pessoa. um E tendo si os honiens 0 que 0 induziu a fazer-nos partic ural que atti > Espirita de Amor — as operagies inva fe, devemos ter presente que as trés Pessoas Em termos. humanos fora da natureza divina, Pessoas ata separadamente ou sozinha. Dentro dela, dentro de Deus, cada Pessoa tem a sua atividade pripria, a sua propria relacco particu demais. De Deus conhecendose a Si mesmo, a Si mesmo: Deus imagem viva de Deus em $i; ¢ Deus Espirito Santo € 0 amor de Deus por Si mesmo. Porém, “fora de Si mesmo” (se & possivel expressar-nos tao am- ne somente na sua perfeita unidade: nenhumo Pessoa divina faz coisa alguma sozinha, © que uma Pessoa divina 7. s naturezs di atua & sempre a Santissima. Tr > um exemplo muito caseiro © inadequado. diriamos Wwar em que meu cérebro, coragio © pulmGes atuam ‘ompreender an- se 0 ESP ‘0 SANTO Ba Gi a. © QUE BA GRAGA? 8! ste caso. a saiide desta pessoa seria ha-the sido restiuwida por mioy que se q Guem. por sua vida em ia pelos pecados da hi nhou & mereceu a graga que Adio, a perdido. E assim completamos a nossa de dom ile Deas, sobrenatural e interior, de Jesus Cristo para nossa salvagi deu a sa dade, Foi Jes © se pode! &- gragas. ura, a Tgreja ou as sacramentos sio Mas este tipo de dons, por sobrena- ia incorreto chanii-los porém, quando utilizada em “se ‘iqueles dons invisiveis que residem recisando um poco mais a nossa defi- dom sobrenatural © fuicrior de Deus. mente ossivel), nio pode licidade na iatamente outra questie. As. veves, eleitos © poder de predizer © futuro. um dot vemos graga ae dom de a Deus face af E sobrenat Mais ainda, ho corpo © no sangue de Ci jamenie, di » merece ser repetido: por nat ito & visio direla de Deus, do céu. Nem sequer Adio e Eva, am dircito a ia. De fato, a alma hum: mente natural, no tem o poder de ver Vio tent capacidade para uma uniio i AE OS pre queda, ws. nao da © poder que tem um sacerdote de oferecer dade para si mesmo, mas para o Corpo Mistico estar em pecada mort Paros outros, mas as stas palavras de absolv iam aos pecadlos, Isto. nos acrescentar outro nto aga: € um dom sobrenatural ¢ interior de Deus. concedida para nossa pripria salvacito naturais © interiores, quele que os post a Missa nio the fe de Cristo, U1 sua Missa seri estar em prcadi + Deus: © pessoal com Dei Mas Deus Quando deixou homem em seu estado pur dotou-o de tudo © que & pripri nge, ¢ deu também poder que Ihe’ permitia. vi com Ele nesta vida. Esta q i — este prder de uniao ¢ intercomunie: “cima dos poderes naturais da alma, e por esta ‘ graga uma q le soprenatural da alma, um dom sobrenatural que Deus teve de commu a alma de Adio foi a sua pripria habitac ue serd para nds um mistério até o dia * Deus “fixon morada” na alma de Adao. -E, assim coma Deus com € nada me- diy In sua presenga, A qi de Deus, mas fui dEte se a graga € um dom de Deus, a que me nenhum direite, por que nos ¢ concedida? as (conhecidas) a quem se concedeu a foram os ¢ Eva, Nao nos surpreende que, si a bondade JO. sua graga aos anjos © aos nossos Primeitos pais. Nio a mereceram, & certo, mas, embora nao tivessem direito a cla, nao eram positivamente indignos desse dom. | Nao obstante. depois que Adio ¢ Eva pecaram, eles (e nds, seus [ descendentes) niio sé graga, como eram indignos ) de qualquer dom além’ dos naturais ordinarios | reza humana. Como se pide satisfarer a justica . ultrajada pelo pecado original. para que a sua bon- ( idesse atuar de novo em beneficio dos homens? A resposta arredondari a definigio de graga. Sabemos que foi ni ¢ mbem prepara a Desereviea i © nome tivesse mais E 0 do £ A graga m preé-teqntisito desta tz de pro-teq) ie NBO possttisse icante referida a Adio. Deus, wima do sinyples Jestts Cristo, por sua morte na er separava 0 homem de Peus. O desti utado. A graga santificante & co Sa Com s watural que faz com qu grande © misteriosa — se vej re este graga sa la estamos unidos a Eke Os se lorna As veres, A GRAGA QUE VALE VEM ws mamos graga santificantc, Se entrdssemos na eternidade sem essa grace santificante, teriamos perdido Deus para sempre. Uma vez recebida a graca santificante no Batismo, & questio de vida ou morte que conservemos este dom até o fim. E se nos ferisse essa catistrofe voluntiria que & © pecado mortal, seria de uma terrivel urgéneia recuperarmos 0 precioso dom que © pecado nos arrebatou, 0 dom da vida espiritual que & a graga santificante © que teriamos matado em nossa alma. E também importante que incrementemos a graca santificante da nossa alma: ela pode erescer, Quanto mais uma alma se puti- fica de si, melhor corresponde a agio de Deus. Na medida em que diminui 0 renta a graca santificame. Eo gra da nossa © grau da nossa felicidade no céu. lem contemplar 0 teto da Capela Sixtina e ter um vista_da obra de Miguel Angelo. Mas a n praver maior que a A de menor gosto artistice ficard nem sequer se_da erde algo. to. De te. todos Gu, Mas 0 graw da nossa felividade da nossa visio. E esta, por sta fcante tiver impregnado es. lo pois, as ues condig que & conservemos. perma que a recuperemos imediatamente sea perdemos pel lerceiro, que procuremos crescer em gra vé 0 eet s temente até-o fim: s pecado mortal: insia de quem is vondigdes & fie na de um bombardei as. assim a mana se tem desde a explosiio que a rebeliio do com © juizo permanentemente distorcido, rentemente det © perigo a tempo! E or quie devemos pra Por estas 1 como um rei redeado de videres, se faz preceder ¢ par um canjunto dea Fst S sio as ins © moma Deus. tov com mecd LE © ESPIRITO SANTO EA GRAG. A GRAGA QUE VALE VEM ss Uma graga atu: mente sobre as di pode atuar sobre a liberdade de escolha. E verdade que @ graga faz quase todo o tra: balho. mas Deus requer a nossa cooperagio. De nossa part isa que podemes fazer € no levantar obsticulos a aya em nossa alma Referimo-nos principalmente as gracas atuais, a esses imp nam a conhecer o bem ea tealizéelo. Ts 'o possa ilustrar a telagao da eraga com o livre. arbi Suponhamos que uma doenga me reteve na cama por longs tempo, J4 estou convalescente, mas tenho que aprender a andar de novo. Se tentar faz8-lo sozinho, cairei de brugos. Por isso, am bom amigo trata de ajudar-me. Passa-me o braco pela cintura € eur me apoio firmemente em seu ombro. Suavemente, passeia-me pelo quar. to. Jé ando outra vez! E verdade que quase todo o trabalho, quem © Tealiza & 0 meu amigo, mas h uma coisa que ele no pode farer Por mim: que os meus pés se levantem do chio. Se eu no tentacse por um pé diante do outro, se nao fizesse mais do que pendurarme do ombro do amigo como um peso morto, sew esforgo’ seria Apesar da sua ajuda, eu ndo andaria la se a perdemos) la. Podemos eselarecer o moda pera descrevendo div ter”. (ML, 25, 29). Suponhamos, pors que 0 peeador acei ra graga. ver. seréi um fortalecimento da — gemeri Do mesmo modo, podemos fazer com que muitas gragas de it para o Deus se desperdicem, A nossa indiferenga ou indoléncia ou pior Deus. no) ainda, a nossa resisténcia voluntéria, podem frustrar a agio da grtca divina em nossa alma. Evidentemente, se Deus quisesse, poderia dar-nos tanta graga que @ nossa vontade humana seria arrchatada por ela, quase sem esforgo da nossa parte. Esta graga ¢ a que os célogos chamam eficaz, ‘para guicla da graca meramente sufi Z sempre alcanga o seu objetivo. Nio s6 é suficiente para as nossas necessidades espirituais, como, além disso, € Poderosa 0 bastante para vencer a fraqueza ou o endurecime que poderiam levar-nos a descurar ow a resistir & graga. i Estou certo de que todos nds tivemos alguma vez expe Assim como esta: encomramo-nos numa fa tentacio: talvez saibamos te, no Por experiencia que tentagSes deste tipo nos vencem ordinariamente no. seremos Murmuramos uma oragio, mas com pouca convicgdo: nem sequet estamos certos de querer ser ajudados. Porém, num instante, a ten. asio desaparece. Depois. ao refletir sobre isso, nao podemos dizer perdido. honestamente que vencemos a tentagio, que foi como se se tivesse necessidade da graga, & re evaporado. também € materia de f& gue Também jd sabemos o que é realizar uma agao que, para © nos- iciente 80 modo de ser. surpreende por sua abneyacio, generosidade ou des. prendimento, Expetimentames uma sensac: Mas nao temos outro remé “Realmente, cu nio sou assim.” A eraga de Deus Em ambos ¢ Hos. as pragas revebidas iio eram apenas Nao desire a nosea suficientes, mas também cficazes. As gracas destes exemplos sio de rncia @ sua alma recobrai Esta aqui um exemplo conereto de como opera a graca at Sem a ajuda de Deus, no poderiamos al tio simples ¢ a fu aga, Sem a graca sa seremos capaces dav Sem a graca’atua capazes de nos manter em graga san de tempo. Sem a graga atu santificante no ca Em vista d cordar cada al mos de um mal, 2 F isto & verdade mesmo brit @ pouco qu saber como a gi © nos avompanh poucas vezes reconhecemos am Nama ou io podemos deixar de recor aca de Deu esteve comigo", mas no dia do Juiz veremos y cada graga que tenhamos notado, houve outras cem on dez ram totalmente desapercebid E a nossa surpresa se mist os a vida felicitando-nos por nossas pe © copo de vinho a mais a que diss el com aquela pessoa que nos era ova que nos passa- nto de_vergo- nas vitérias os para sair © a que soube- mos escapar do © nosso corpo ea No dia do Jui Wve exclamar envergonhados: tudo eras Tul”, Deus, mas se sempre ¢ FONTE DE VIDA MUS. rependo-me de meus. pecados”, ou “Meu jade, com Spor outros, nossas prdprias palavras ow fazendo por entender © que dizemos. FONTE DE VIDA ss Estas “fécmulas estabelecidas” podem ser oragdes compostas pri- vadamente (embora com aprovagio oficial), como as que encon- tramos num devociondrio ow numa estampa: ou podem ser litdrgicas, quer dizer, oragies oticiais da Igreja, do Corpo Mistico de Cri como as oraydes da Missa, do Breviario ou de varias fungdes sagra- das. A matoria destas oragdes, como os Salmos e os Canticos, foram pois, rezar com nossas. préprias palavras ou com as de outros. Podemos usar oragdes privadas ou liturgicas. Seja qual for a origem das palavras que utilizamos, enquanto estas forem pre- dominantes em nossa oragio, seri0 oragdo vocal. E. sero oragio vocal mesmo que nfio as pronunciemos em yoz alta, mesmo que as digamos silenciosamente para nos mesmos. Nio € 0 tom da voz, mas 0 uso de palavras que define a oragio vocal, & um tipo de oragdo utilizado universalmente, quer pelos muito santos quer pelos que mio © sio tanto. Mas ha outro tipo de oragio que se chama mental. Neste caso, a mente e g coragio fazem todo 0 trabalho sem recorrer a palavras. Quase todo © mundo, numa ocasio ou noutra, faz oragao deste tipo, normalmente sem perceber. Se eu vejo um crucifixo © me vem 20 pensamento 0 muito que Jesus sofreu por mim, ou como sao pe- quenas as minhas contrariedades comparadas com os seus padeci- mentos, e resolvo ter mais paciéncia de hoje em diante, estou fa- zendo oragio mental. Esta oragdo, em que a mente considera alguma verdade divina — talvez algumas palavras ou agées de Cristo — e, como conse- © coragio (na realidade, a vontade) € movido a um maior amor € fidelidade a Deus, chama-se também usualmente meditacio. Ainda que seja verdade que quase todos os catélicus praticantes fazem alguma oragio mental, ao menos de vez em quando, convém ressallar que normalmente no poderd haver um crescimento espiri- tual aprecidvel se nao se dedicar parte do tempo da oragio a fazer regularmente uma oragéo mental. Tanto é assim, que o Direito Ca- nénico da Igreja estabelece que todo sacerdote dedique diariamente um certo tempo & oracio mental. A maioria das ordens religiosas prescreve para seus membros pelo menos uma hora didria de oragio mental Para um fiel comum, uma maneira muito simples ¢ frutuosa de fazer oragio mental serd ler um capitulo do Evangelho todo sos dias. Terd que procurar uma hora e um lugar livres de ruidos e distra- Goes, & proceder a leitura com pausada meditagio. Depois, dedicard alguns minutos a ponderar em sta mente o que leu, fazendo que cale fundo ¢ aplicando-o a sua vida pessoal, o que o levard ordina- riamente a formular algum propésito. TO SANTO EA GRAGA existe outra forma de it forma mais elevada de + que se 0. Santos contemplativos”, © © mais certo € que pensemos que a con © € coisa reservada a conventos ¢ mosteiros, No entanto, algo a que todo cristio deveria tend E uma forma de ora que a nossa medit: nos conduzira gradual- mente, mos a cla regularmente. E dificil descrever a oragio contemplativa, porque ha m © pou- co que descrever, Poderiamos dizer que € 0 tipo de oragio em que a mente @ © coragao sio elevados a Deus e nEle des nsam. AL mente ao menos esti inativa. Os movimentos que possa haver sto 86 do coraco (ou vontade) para Deus. Se hi pelo proprio Deus, que agora pode agit com tod coragio que tio firmemente aderiu a Ele. Antes de que alguém exclame: deixem que thes pergunte: “Alguma vez oes sentaram) numa igreja sik Ss, SM pe deo m meditar, © sairam da Igreja com uma sen - devissio © pa € 0 tipo de oragio a (anto privada com E 0 tipo de oragio em. graca maravilhosa vida interior — esta participa ida de Dous que & a graga santificamte — cresce com a oragio. Cresce também com os sacramentos que se se Batismo.” A vida de um bebé desenvolve-se com cada inspiracio que faz, com cada grama de alimento que toma. com cada movimento de. seus Kisculos informes. Assim também os outros seis sacramentos cons- trdem sobre a pi raga que o B: na alma. mento da Peni- nente, Pensamos que o sacramento do perdio & 0 We devolve a vida quando se perdeu a graga lo mortal, No ha diivida de que esse & 0 fim primi . Mas, akim de ser remédio ida, & ree a revigera Im. sacramento ex~ pecados miortais seria um erro E isso também € verdade coni FONTE DE VIDA 89 sumamente infeliz. A Peniténcia tem um fim secu que jd esté em estado de graga, € um sacramento vida como é a Sagrada Eucaristia, Por isso 0 recebem com frequén- cia 0s que no querem conformarse com uma vida espiritual me- diocre. No entanto, o sacramento que & fonte de € 0 da Sagrada Eucaristia. Mais qu intensifica a vida da graga em n no-lo diz, Na Sagrada Eu de uma lavagem com agua, enri A prépria forma do sacramento ia, Deus vem a nés, issora de poder, mas lento ¢ bebida sob as aparéncias do pio © do vinho, Esta vida dinamica que nos arrebata para € a que cha- mamos graga santificante, € o resultado da unio da aima com Deus, da habitagao pessoal de Deus em nossa alma. Nao ha sacramento que nos una tio direta e intimamente a ristia. E isto € verdade, quer pe Missa como da Comu Na Mise, nossa_alma se ergue, como a crianga que busca o peito de sua mic, ate 0 seio da Santissima Trindade, Quando nos unimos @ Cristo na Missa, Ele junta o nosso amor @ Deus ao seu amor infinite, Fazemo-nos parte do dom de Si mesmo que Cristo oferece ao Deus Uno e Trino neste Calvério perene. Poderiamos dizer que Cristo nos toma consigo e nos introduz nessa profundi- dade misteriosa que é a vida eterna de Deus. A Missa nos leva to perto de Deus que nao é de surpreender que seja para nés fonte © multiplicador eficacissimo da graga santificante, Mas o fluxo de vida nio para ai, pois na Consagragao tocamos a divindade. O proceso se torna reversivel, e nés, que com Cristo © em Cristo tinhamos chegado até Deus, recebemo-to quando, por sua vez, em Cristo e por Cristo Ele desce a nés. Numa unio mis: teriosa, que deve deixar atdnitos os préprios anjos, Deus vem a nés. Agora nao usa agua ou dieo, gestos ou palavras, como veiculo da sua graga. Agora € 0 proprio Jesus Cristo, 0 Filho de Deus real © pessoalmente presente sob as aparéncias de plo, quem faz subir vertiginosamente o nivel da graga santificante em nos. So a Missa, mesmo sem Comunhio, ja € uma fonte de graca sem limites para o membro do Corpo Mistico' de Cristo que esteja espiritualmente vivo. Em cada um de nds, as grages da Missa cres- cem & medida que consciente € ativamente nos unimos ao ofereci- mento que Cristo faz de Si mesmo. Quando as circunstincias tor- ham impossivel comungar, uma comunhio espititual sincera © fer- vorosa fara crescer mais ainda 2 graga que a Missa nos obtém. DSANTO Ey GRAGA Cristo pode erguido vol Porém. & de not ressado no cre nspor perfeitamente os obstdculos que no tenhamos tariamente, ‘tia evidencia que 0 catélico sinceramente terior deverd completar © tia. “Cada Missa, uma Missa ©", deveria ser o lema de todos. Hi um triste desper- dicio da graga nas Missas daquele que, por indiferenya on apt nio abre © coragio ao dom de Si mesmo que Deus Ihe vferece Ee um equiveco, que beira a estupidez, considerar a Sagrada Comunhio como um peridico que precisa ser cumpy ia Vez por més ou cada ano, Neste poder de dar vida, proprio da oragio e dos sacramentos, hi um ponto que merece ser destacado, Fez-se finca-pe na atirmer gio de que a em todas as suas formas, € wm dom gratuito de Deus. Tanto no comego da santidade pelo Batismo, como no oragio e demais sacramentos, até a minima Parlicipagio na graga & obra de Deus. Por muito herdicas que sejam as agdes que eu realize, nunca poderia salvar-me sem a raya, E, nio obstante, isto no me deve leva a pensar que a oragio ¢ os Sacramentos sejam formulas migicas que possam salvarsme ou Ginticarsme apesar de mim. Se ew pensasse assim, seria culpade desse “formalismo” religioso de que tantas vezes se acusa os att licos, © formalismo religioso aparece quando uma pessoa pense que se torna “santa” simplesmente por realizar certos gestos, reeitar certas oragdes ou assistir a certas cerimér Esta acusagio, quando feita contra os catélicos em geral, & su- mamente injusts, mas verdadeira se aplicada a determinados catdlicos cuja vida espititual se limita a uma recitagto maquinal e rotineira de oragoes fixas, sem cuidar de clevar a mente e 0 coragio @ Deuss # uma recepgio dos sacramentos por costume ow por falso sentide do dever, sem Jura consciente por unit-se mais 2 Deus. Em resumor Deus pode penetrar na alma 6 até onde 0 nosso eu o deixar, O QUE E O MERITO? mia vee li na seecio de pequenas noticias de um jornal que miem couistruiu uma casa para a familia, Ele mesmo fez quase (odus 28 obras, investindo todas as suas economias nos materiais Quando a teeminou, verificou com horror que se tinha enganado de Propricdade © que @ tinha construido no terreno de um visinho, Este, tranquilamente, apossou-se da casa, enquanto 0 construtor néo Pode fazer outta coisa senio chorar 0 dinkeito e o tempo perdidos, reo aL Por lamentavel que nos parega a historia deste homem, naa a @ ter importineia se a compararmos com a da pessoa que vive sem graga santificante. Por nobres € hersicas que sejam shag agdés, mio tém valor aos olhos de Deus. Se estd sem Batismo ou em pecado mortal, essa alma separada de Deus vive seus diss om io. Sas dores ¢ tristezas, scus sacrificios, suas bondades, tudo esta esprovido de valor eterno, desperdica-se diante de Deus. Nao existe miérito no que faz. Entio, 9 que é 0 métito? foi detinido como aquela propriedade de uma obra fa quem @ realiza a receber uma recompensa, Estou certo de que todos concordamos em afirmar que, em geral, agit bem cxige certo esforyo. E facil de ver que alimentar um faminto cuidlar de um doente ow fazer um favor a0 proximo requer certo secri cio wehle que estas agdes tm um valor, e que por ‘sso Merecem, ao menos potencialmente, um reconhecimento, uma Tecompensa, Mas esta recompensa nio pode ser pedida a Deus, se Fle indo teve parte nesses ages, se nfo existe comunicacio entre Deus ¢ aquele que as faz. Se um operirio ndo quer que o incluar na folka de pagamento, por muito que trabalhe, nio podera reclamar © seu sakitio, Por isso, 6 a alma que esti em graga santificante pode adquitir Ho por suas gies. B esse estado que di valor de elernidade a lima aciio. As ayes humanas, se sio puramente humanas, nao tet {enbuma signiticagio sobtenatural. $6 adquirem valor divino quan- do se tornam obras do proprio Deus, E nossas gies sdo em certo sentido obra de Deus quando Ele esta presente numa alma, quando ssta Vive a vida sobrenatural a que chamamos graca santificante F isto € tho verdadeiro que a menor de nossas. agdes adquire valor sobrenatural quando a fazemos em unio com Deus. Tudo 6 que Deus fiz, ainda que © faga através de instrumentos livres, tem due a menor de nossas obras, desde que a ia enquanto tivermos 2 intengao, ao de fazer tudo por Deus. € “a propriedade de uma obratboa que hal reecher uma recomp pla: um aumento uliria no céu. Sobre ida eterna —. é interessante ar um aspecto: para a crianga batizada, o céu é uma heranga Sua adogio como filha de Deus, incorporada em Cristo: mas ra © cristo no uso da razio, 0 céu é tanto heranga como re- compensa, a recompensa que Deus prometeu aos que o server, eS ee 99 © ESPRITO SANG FA GHAGA merecide, clevenios © peeado mortal arrchat 3 de um banco aruina as economias de toda uma vide aneira de adquirir mé ferno, nem sequer no céu de prova, 0 tempo de me Mas € consolador saber que pod (0 logo & alma se tee im ato de contrigi perfe Os méritos revive no mom aalma. Em ou megar dene ramente. qt se perde Para voce ¢ de graga samtifi homens que ‘a. viver em estado. observemos. dois poderiamos poderiamos pratica ne dizer nenhuma, pensa em Deus. ida qual depende dele mesmo, © da vida tudo © que — ninguém o f Nao & um m perta admin na vida e d cerament por isso. © generos » de si mesmo, lade om. amigo, apre- nente generoso e cons- laborivsidade, iado por todos os q }ecem iente de seus deveres civicos. $i ze detiva gue & decent’ mesmo © aos que fa7é- mem se com- nora a iado: amar a Precisamente wossa_ com abém com: se ajudam) n com Ble na cria- na. Set. amor 0s ve come A Deus sé 1a ao longo 0 de cari Sua de. pense fre- © ponto — disse lavras © ages. e de mira bem nge de si cle, oferey los oy meus pensamentos, 0 SANT EA GRAGS contrariedades de hoje dos comegos assistinde Mas existe outra c Talvez tenha dado ao aod jcamente sohrenatural, essiria, ‘© basta, Seu dia deve 5 sea Deus, com Ele, para que tenha valor eter. Em outras palavras, este homem deve viver em estado de 4 mais insignificante das a He @ sua natureza humana estava © que Jesus fazia, Deus 0 fa er reza de Deus, compartilhamos a Fm consequéncia, quaiquer coisa que fagamos Deus 0 faz por nds. Deus, presente em elemo 2 tudo o que fazemos. Par o nariz & crianga ow consertar ti icante © um gra Se @ nossa vida esté central em estado de graga’ sent sobrenatural. gnifica viver cis 0 que significa ser_homem Capituto X -\S VIRTUDES E DONS DO ESP{RITO SANTO © QUE & VIRTUDE? Vocé & virtuoso? Se the fizessem esta pergunta, a sua modéstia o faria responder: nao de um modo especial”. E, no entanto, se voce & batizado © vive em estado de grasa santificanie, possui as trés Virtudes mais altas: as virtudes divinas da fé, da esperanca ¢ da caridade. Se cometesse um pecado mortal, perderia a caridade (ou © amor de Deus), mas ainda Ihe ficariam a fé ea esperanga Mas antes de prosseguir, talvez seja conveniente repassar © signi- ido da palavra “virtud iio, a virtude se d idade € prontidao para conhecer ¢ praticar 0 bem ¢ evitar o Por exemplo, se vocé tem 0 habiio de dizer sempre a ver. dade, possui a'virtude da veracidade ou sinceridade. Se tem o hal de ser rigorosamente honesto com os direitos dos outros, possui a tude da justiga Se adquirimos uma virtude por nosso préprio esforgo, desenvol- vendo conscientemente um hi », denominamos natural essa Virtude. Suponha que decidimos desenvolver a virtude da. veracidade Vigiaremos nossas palavras, cuidando de nada dizer que altere a xerdade. A principio, talvez nos custe, especialmente quando dizer @ verdade nos causa inconvenientes ou nos envergonha, Um habito (seja_bom ou mau) consolida-se pela repetigio de atos. Pouco 2 Pouco se nos torna mais facil dizer a verdade, mestao que as suas gonsequéncias nos contrariem. Chega um momento em que dizer @ verdade € para nds como que uma segunda natureza, ¢ para me femos que fazer forga, Quando for assim, poderemos dizer sincera- mente que adquirimos a virtude da veracidade. E porque a conse. Buimos com o nosso préprio esforgo, essa virtude chamt-se natura. Mas Deus pode infundir na alma uma virtude diretamente, sem ssforco de nossa parte. Pelo seu poder infinito, pode conferit «uma Wes So as tres a que chamamos reoloeais E chamam-se teologais (ou divinas) por- respeito dirctamente a Deus: cremos em Deus. em Deus Fstas tres. v dats ent nossa dade, @ capacidade de amar a Deus com amor sobren perde pelo pecado mortal Mas mesmo que se perca a caridade, a Fé @ a esperanya perma- necem. A virtude da esperanga s6 se perde por um pecado direto mntra ela, pelo desespers de nio confiar mais na bondade © miseri- cérdia di esperanga, pois se cré al inas, E, € claro, se perdemos a fé perdemos também a vidente que nao se pode confiar em Deus se no E a f& por sua vez, perde-se por um pecado grave indo nos recusamos a cter no que Deus revelou. jem das trés grandes virtudes, a que chamamos » virtudes sobrenaturais q didas na izem respeito di mente a Deus, mas as em relag3o a Deus, chamam-se virtudes mo- tudes morais sobrenaturais sio: prudéncia, justica, lez ides cardeais. O adjetive “car que significa “gonzo”, deal” deriva do substantive latino morais, Se um homem é espiritualmente , forte e moderado, podemos afirmar que possui tam- virtudes morais. Poderiamos dizer que estas quatro n a semente das demais. Por exemplo, lina a prestar a Deus 0 culto devido, e E, de passagem, diremos que a virtude d ta das virtudes morais. neressante mencionar duas dif E VIRTUDE?: o Set sinceros que insinceros. Mas uma virtude diretamente infundida e ndo adquirida pela re torna necessariamente mais facil a pratica da virtude imaginar uma pessoa que. possuindo a virtude da fé em grau emi- 'nte, tenha tentagdes de dtivida durante toda a vida Outra diferenga entre a virtude natural ¢ a sobrenatural & a forma como cada’ uma cresce. Uma matural. como a pa- tigneia adquirida, aumenta com a prética repetida e perseverante Uma virude sobrenatural, porém, sé aumenta pela acho de Deus, & esse aumento, Deus 0 concede em proporgiio com a bondade moral ce ossas agies. Por outras palavras. tude o que aumenta a Braga suntificante aumenta também as viriudes infuses, Crescemos em vit. tude tanto quanto crescemos em graca. Que gueremos dizer exatamente quando afirmamos “creo em ‘espero em Deus” ou “amo a Deus”? Em nos ‘abitwais. & facil usarmos estas expresses com pouca precisio: bom recordar de vez em quando o sentido estrito e original das palaveas que utilizamos, Comecemos pela fé. Das trés virtudes teologais infundidas pelo Batismo, @ fé € @ fundamental. E evidente que nao podemos esperar num Deus nem amar um Deus em quem no cremos, A fé divina se define como “a virtude pela qual cremos mente em todas as verdades que Deus revelou, baseados naa dade do préprio Deus, que nao pode enganar-se nem enganar-nos” Mi aqui duas frases-chave — “crer firmemente” © “a autoridade do proprio Deus” — que merecem ser examinadas. Crer significa admitir algo como verdadeiro, Cremos quando Gamos nosso assentimento definitive ¢ inquestionavel a determinada afirmagao, Jé vemos a pouca precisio de nossas expresses quando Gizemos: “Creio que vai chover”. ou “creio que foi o dia mais agradavel do verio”. Em ambos os casos expressamos simplesmente na opinide: supomos que chovera: temos a impressio de que hoje foi o dia mais agradavel do verao. Convém ter presente este Ponto: uma opiniio nao é uma crenca. A.fé implica certeza Mas nem toda certeza & fé. Nao digo que creio em alguma coisa, se a vejo e compreendo claramente. Nuo creio que dois ¢ dois sejam quatro porque & algo evidente; posso compreendé-lo © prové-lo satisfatoriamente. O tipo de conhecimento que se refere 4 fatos que posso pereeber ¢ demonstrar & compreensio e no erenga = ou 1 — Ea accitagio de algo como verdadeiro. lo-nos mu autoridade de outro. Eu nunca estive na China, mas muitas pessoas que iveram asseguram-me que esse pais existe. Porque confio neles, creio que a China existe. Iguaimente . creio cm fissio nuclear por- isso se pode fazer ncia dos que asseguram q nagiies que se acei- Havendo tantas nossa aceitagio de uma verdade baseados ro — chamamos fé a da fé que accita uma verdade p Quando a noss: te adere a uma verdad terra era plana Deus nos reve sempre uma fe le de f& € duvidar da sabedoria infinita Especular se hav. mente presente na Eucaristia auioridade. Na de Deus ou da sur infinita veracidade. m Detis ot se Jesus est lade de Deus ou realidade, & rechavar a 6 d c . a verdadeira fi deve ser complera. “ereio no Batismo. mas niio na Con- “Afinal. por que cret em nte natural em Feta f& pode basear-se na ho de um Ser Supremo. de poder © sabe- £ possivel ter u Deus ou em muitas de st ESPERANGA E AMOR 99. doria infinitos: pode basear-se também na aceitagio do. testemunho de iniimeras pessoas grandes e sibias, ou na atuagio da Providéncia divina em nossa vida pessoal, Uma fé natural deste tipo é uma preparagio para a auténtica f& sobrenatural, que nos € infundida junto com a graca santificante na pia batismal. Mas é so esta {é sobrenatural, esta virtude da f€ divina, que nos é infundida no Bas lismo, aquela que nos da condighes para crer firme e inteiramente em todas as verdades, mesmo as mais ineféiveis © misteriosas, que Deus nos revelou. Sem esta fé, os que alcangaram o uso da 1azio io poderiam salvar-se. A virtude da f8 salva a crianca batizada, mas, quando se adquire © uso da razio, deve haver também aros de fé. ESPERANCA E AMOR E doutrina da nossa f& cristi que Deus dé a cada alma que via a graga suficiente para que alcance o céu, A virtude da espe- ranga, infundida_na aima pelo Batismo, baseia-se neste ensinamento da Igreja de Cristo ¢ dele se nutre ¢ se desenvolve com o decorrer do tempo. A ‘esperanga se define como “a virtude sobrenatural pela qual confiamos que Deus, que & todo-poderoso ¢ fiel &s suas promessas, nos concederd a vida eterna ¢ os meios necessdrios para alcangicla” Por outras palavras, ninguém perde 0 céu sendo por culpa propria, Por parte de Deus, a nossa salvacio € certa. E somente a nossa parte — @ nossa cooperagdo com a graga de Deus — 0 que a tora incerta, Esta confianga que temos na bondade divina, no seu poder ¢ fidelidade, suaviza os contratempos da vida. Se a pritica da virtude Ros exige as vezes autodisciplina ¢ abnegacio, talvez mesmo @ auto. imolacao € 0 martitio, vamos encontrar a nossa fortaleza © valor na certeza da vitéria final. A Virtude da esperanga é implantada na alma no Batismo, jun- famente com a graca santificante. Mesmo um recém-nascido, se for batizado, possui a virtude da esperanga. Mas devemos acautelar-nos, Ao chegarmos ao uso da tazao, esta virtude deve traduzir-se no ato de esperange em Deus ¢ em suas promessas. O ato de esperanga deveria destacarse de modo proeminente em nossas oragées didrias, F uma forma de oragio especialmente grata a Deus, jd que mani. festa ao mesmo tempo a nossa completa dependéncia dEle e @ nossa absoluta confianga no seu amor por nés. E evidente que o ato de esperanca é absolutamente necessario Para nos salvarmos, Nutrir diividas sobre a fidelidade de Deus em manter suas promessas, ou sobre a efetividade da sua graca em su- 100 AS VIRTUDES E DONS DO ESPIRITO SANTO perar as nossas fraquezas humanas, é um insulto blasfemo a Deus. Nessas_condigdes, ser-nos-ia impossivel superar os rigores da tenta- sao © praticar a caridade abnegada. Em resumo, nao poderiamos viver uma vida autenticamente cristé, se nilo tivéssemos confianca no resultado final. Quo poucos teriam a fortaleza suficiente para Perseverar no bem, se sé tivessem uma possibilidade em um mi de ir para o céu! Daqui se segue que a nossa esperanca deve Uma esperanga fraca amesquinha Deus bondade ilimitada. Isto nao significa que nao devamos manter um so temor de perder a alma. Mas este temor deve proceder da falta de confianga em nés, nfo da falta de confianca em Deus. Se Liicifer pode rejeitar a graca, nés também estamos expostos a fracassar, mas esse fracasso no seria imputivel a Deus. Sé um nés braria de dizer, ao arrepender-se de seu pecado: “Oh Dei tanta vergonha de ser tio fraco!”. Quem tem esperanga dird: Deus, tenho tanta vergonha de ter esquecida como so Pode-se definir um santo como aquele que desconfia absol de si mesmo e confia absolutamente em Deus. Também ¢ bom no perder de vista que o fundamento da espe- anga cristi se aplica aos outros, tanto quanto a nés mesmos. Deus quer no 86 a minha salvagao, como a de todos os homens. Esta razio levar-nos-4 a nio nos cansarmos de pedir pelos pecadores ¢ descrentes, especialmente pelos mais préximos por relagdes de _pa- tesco ou de amizade, Os tedlogos catélicos ensinam que Deus wunca retira completamente a sua graca, nem sequer aos pecadores mais empedernidos. Quando a Biblia diz que Deus endurece o seu coragio para com 0 pecador (como, por exemplo, diz do Farad que se opds a Moisés), nao é senio um modo poético de descrever reagio do pecador, este quem endurece 0 seu coracio a0 resistir & praca de Deus, E se falecesse um ser quetido, aparentemente sem arrependi- mento, também nio deveriamos desesperar-nos e “afligir-nos como 0s que nao tém esperanca”. Enquanto no chegarmos a0 céu, néo saberemos que torrente de gracas péde Deus derramar sobre 0 pe- cador recalcitrante em seu ultimo segundo de consciéncia — gracas que a nossa oracio confiante ter4 obtido. Embora a confianga na Providén ina nao scja exatamente © mesmo que a virtude divina da esperanga, esta suficientememte ligada a ela para conceder-lhe agora a nossa atengio. Confiar na providéncia divina significa que cremos que Deus nos ama a cada um de nés com um amor infinito, um amor que nio poderia ser mais direto € pessoal se fOssemos a nica alma sobre a terra. A esta ESPERANCA E AMOR 101 fé junta-se a conviccao de que Deus s6 quer o que & bem, ¢ que, em sta sabedoria pata nés € no-lo dit por se 10 poder. Ao confiarmos no sélido apoio do amor, cuidado, sabed: poder de Deus, estamos seguros. Nao caimos num estado de sombrio 'as coisas corem mal”, Se os nossos plainos se tam, os nossos sonhos se frustram e o fracasso aparenta acov- os a cada passo, sabemos que Deus fard que tudo contribua para o bem definitive, Mesmo a ameaga de uma guerra ati- io nos altera, porque sabemos que até os males que o homem produz, Deus fard que de algum modo se encaixem em seus planos providenciais. Esta confianga na divina providéncia & a q Mos tentados (¢ quem nao o é u Isat ue somos mais espertos que Deus, ¢ Ele © que nos convém em certas Pode ser que seja pec ho mai vem em nossa sei que parece Quando nos vieres “Se fizer 0 que dlesgostos”, devemos dizer. ‘as. Sabe mais do qu a virtude que permanecerd sempre a fé cederé lugar ao conheciment em Deus quando 0 Tecera, jd que possuiremos a fel dade ndo $6 nio desaparecerd, come. seri unicameni 4 como um sol em expl esse Deus. mesmos, @ rainha das virtudes, porq morais, nos condus AS VIRTEDES E DONS DO ESPIRETO SANiO) Ele Onde houver caridade, estado também as demais. virtudes “Ama a Deus ¢ faz 0 que quisetes”, disse um santo. E evidente due. se amiarmos de verdade a Deus, nos sera grato fazer somente © que for do seu agrado. © que se infunde em nossa alma pelo Batismo errado que vot é © avomodar a reve the sn ncias. 14 AS NOTAS E OS ATRIRUTOS DA IGREJA Esta teoria do “juizo privado” levou, naturalmente, a dar um passo mais: a negar veda verdade absoluta. Hoje, muita gente pre- tende que a verdade e a bondade sio termos relatives. Uma coise sea verdadeira enquanto a maioria dos homens pensar que ¢ itil, enquanto parecer que essa coisa “funciona”. Se crer em Deus ajuda vocg, entio creia em Deus; mas, se voce pensa que essa crenca tif culta a marcha do progresso, deve estar disposto a afasti-la, Eo mesmo ocorre com a bondade. Uma coisa ou uma ado € boa se contribui para o bem-estar e a felicidade do homem. Mas se a cas. idade, por exemplo, parece que refreia o avango de um mundo que esta sempre evoluindo, entio a castidade deixa de ser boa. Em resumo, bom ou verdadeiro & apenas 0 que, aqui e ago- ta, € util para a comunidade, para o homem como elemento cons. itutivo da sociedade, ¢ & bom ou verdadeiro somente enquanto cone nua a ser Util, Esta filosotia tem o nome de pragmatisino, EB muito dificil dialogar com um pragmitico sobre a verdade, porque minou © terreno que voc’ pisa comegando por negar a existéncia de qual- quer verdade real e absoluta. "Tudo o que um homem de f8 pode fazer por ele & rezar ¢ demonstrar-Ihe com uma vida cristé auténtica que 0 cristianismo “funciona Talvez nos tenhamos desviado um pouco do nosso tema prin- cipal: 0 de que nao ha igreja que possa dizer que € de Cristo se todos os seus membros no créem nas mesmas verdades, j4 que essas verdades sio de Deus, clernamemte imutiveis, as mesmas para todos 08 povos. Sabemos que na Igreja Catélica todos cremos nas mes. mas verdades, bispos, sacerdotes ou criangas; amerivanos, franceses € japoneses; brancos ou negros; cada catélico, esteja onde estiver, diz exatamente 9 mesmo quando recita o Credo dos Apéstolos. Nao estamos unidos entre nés apenas pelo que cremos, mas tam- hem por estarmos debaixo da mesma autoridade. Jesus Cristo de- ignou Sio Pedro como pastor supremo do seu rebanho, ¢ tomou as medidas uecessirias para que os sucessores do Apéstolo até o fim dos tempos fossem a cabega da sua Igreja e quem guardasse as suas verdades. A lealdade ao bispo de Roma, a quem chemamos carinhosamente Santo Padre, sera sempre 0 centro obrigatério da Igreja de Cri “Onde esta Pedro, ali esté a Igreja”. Estamos unidos também no culto, como nenhuma outra igreja Temos um s6 altar, sobre o qual Jesus Cristo renova, todos os dias, © seu oferecimento na eruz. $6 um catélico pode dar a volta ao mun- do sabendo que, aonde quer tue va — a Africa ou & India, A Ale- manha ou & América do Sul —, se encontrar sempre em casa, do onto de vista religioso, Em toda a parte, a mesma Missa; em toda a OS mesMoS sete sacramentos. SANTA E CATOLICA 125 Uma fé, uma cabeca. um cult. Esta lade pela qual Cristo orou, a unidade que estabeleceu come is que iden- icariam perpetuamente ser encontrada na Ign sua Tgreja Ca uma unidade que s6 pode SANTA E CATOLICA Os argumentos mais fortes contra a Igreja Catélica sho as vidas maus_catslic us catdlicos relaxados. Se perguntassemos a “Nao serd que tanto faz uma igrcja como outra?”. certamente os responderia indignado: “Claro que aio! Ha ume 86 Igreja verdadeira, a Igreja Catdlica”. E pouco depois ficaria coma um mentiroso diante dos seus amigos acatélicos, a0 contar as mes. (iis Piadis imorais, ao embebedar-se nas mesmas reunides, a0 cola. borar com eles em mexericos maliciosos, ao comprar os mecrce iconcepcionais € até, talvez, a6 mostrar-se menos escrupuloso gue eles nos seus negécios ou na’ sua atuacdo politica Sabemos que estes homens © mulheres sio a minoria, ainda que ft seria excessivo que houvesse um 6. Também sabemos. que ‘os pode surpreender que na Igteja de Cristo haja membros ind os. © proprio Jesus comparou a sua Tereja a rede que apanha peixes maus e bons (Mt 13,47-50); a0 campo, onde o joio eresce entre 0 trigo (MU 13, 24-30): a festa de bodas, em que um dos e Vidados se apresenta sem a veste nupeial (Mt 22, 11-14) Sempre havera pecadores. Até o final do caminho serio a cruz alue Jesus Cristo deve carregar aos ombros do seu. Corpo Mistice ndo obstante, Jesus sublinhou a santidade como uma das notas intivas da sua Tgreja. “Por seus frutos os conhecereis”, disse Ele “Porventura colhem-se uvas dos espinhos ¢ figos dos abrolhos? Toda rvore boa da bons frutos: toda arvore ma da maus fru 7.16017). Ao responder & pergunta:_“Por que é santa a Igreja Cat ar”, diz o Catecismo: “A Treja Ca tics é santa porque foi fundada por Jesus Cristo, que & santo: porque ensina, segundo 2 vontade de Cristo, uma doutrina santa e oferece os meios’ para se evar uma vida } nta, formando assim membros santos em todas as idades”, \ Todas e cada uma destas palavras sfio verdade, mas n um por de aceitar para o nosso conhecido nao catélico, espe- nente se noite anterior esteve de farra com um catol & m disso, sabia que esse seu amigo pertence A Confraria de Nossa Senhora das Dores da pardquia de Sia Paftincio. Sabemos que Jesus Cristo fundou @ Iereja ¢ que as outras comunidades que se autode. inam “igrejas” foram fundadas por homens. Mas 0. luterano, (Mt As NOTAS EOS YERIBETOS D4 IGRED\ das seitas_ protestantes, proctamam Jesus Cristo como. seu idor ova da sua origem divina. responde: ndemos responder. est a favor do bem ¢ da - promova a caridade cristi € 0 E, 10 86 nog livros & igui_ mesmo, agora, no podemos ‘mos- 2 So ficamus tue cu. O nosso feresse_ sincero) dador, pode atribuir uma dou icar 0s santos como um tema isnorar a ads; nfo pode perma © simples: re impression voce tolivos: vivessem santidade da Tgre- wzes de que lerar as nossas lades. © nosso egoismo, pensando que tudo se resolve © po numa confissio. Teremos que responder diante de 86 pelos nossos pecados. mas também pelos pecados das ferno por nossa culpa, Disse 33 mi- 999 restantes: concentremo-nos, agora Entio a nota de santidade da Tgreja area em que tu sac Cristo almas qi Ihoes? “Sempre, todas as verdades, em todos os lugares”, Esta frase descreve de uma forma condensada a terceira das quatro notas da Igteja. Eo terceito lado do quadrado qu Cristo e que nos a “marea” de £ 0 selo da auten- ignifica que abrange tudo, & provém do gfego, como dissemos antes: & versal”, que vem do latim, Quando dizemos que a © catdlica (com “¢” mimisculo) ou universal de mais nada que existiu todo o zempo desde 0 D. costes até os nossos dias. As paginas de q dario Fé disto, € no & nevessirio sequer que scja um livro escrito Hor um catélico. A tereja Catélica tem uma existéncia ininterrupta é a tinica Tgreja que pode dizé-lo feom “C” maifisculo) remos dizer antes de mais de mil € noveventos anos, e € a de verdade, Digam o que quiserem as ou da primitiva Tereja ow os “ramos primeiros séculos da histé sobre purificagio da Igreja, 0 certo & que, nos © outra Igreja alm da nestorianas, A ortodoxa grega, por cxemplo. teve 0 seu comego no século nono, quando o arcebispo de Constantinopla recusou a cemunhao ao imperador Bardas, que vivia Publicamente em pecado, Levado pelo despeito, 0 imperador separou Grécia da sua unio com Roma, ¢ a a confissio or- A confissio protestante mais & esistir no século XVI, quase n ientos anos. depois ‘de Cristo, ‘Teve a sua origem na rebeliio de Martinho Lutero, um trade lade magnética, ¢ ficou devendo a sua ripida difusio, ao apoio dos principes alemvies, que se insurgiam contra o poder do Paj tativa de Lutero de corrigir os abu ida de que havia abusos) acabou num Leraa. que comegou SREJA lade. Lutero abriu um pri- ago, J men y. Porém, as primeiras un € proliferaram (espe © inglesa). dando lugar a ceni i ainda nao t 7, ano em que Lui ada igreja de Witt Mas ne- To afixou as sacramentos da Peni Presenga Real de ive a duvidar da divindade de Jesus Cr artida, no hd uma s6 yerdade revelada por Jesus Ce ceming, Pes seus Apsstolos) que a Igreja Catslica naw proclame © ensine. vs os dias desde o Pente- Costes) € universal na dowirina (todas as verdad almas que salvar. teranos) ow inglesa as). todos narios. Mas a ma nagio ou raga, Ein em casa, sem ser propriedade de ninguém sua Tgreja € para todos os homens: ica a completa o quadrado, & 4 q mente, que a igreja q e significa. si Pretenda ser de Cristo devera provar a sua A RAZAO, A FE... EU 129 'scendéncia dos Apsstolos, al ficou a sua Tgreja, Que a Igreja Catélica passa pela prova da « Colsa muito facil de demonstrar, ‘Temos a liste se remonta do Papa atual numa linha con $ Outros bispos da Tereja C. Apéstolos, sio os elos atuais na inint Por mais de vinte séculos. Desde o ferce sobre 0 qual Jesus edi- lo em geragio, de bispo a dispo. E com to, fechamos 0 toda a clareza a © apostélica. Nao somos téo i vertidos venham agora correndo aos molhos, vie A RAZAO, A FE... E EU, Peus concedeu a0 homem a faculdade de raciocinar, e Ele pre- tende que 2 mos, Existem duas maneiras de abusar dessa fa. Lima € nko uiiizi-le. Uma pessoa que nto apendou 4 ErangainZi & por exemplo, aquela que toma como verde do Evangelho tudo © que 1é nos jornais e nas revising, Por mais absurdo due seja. Ba que aceita ingenuamente as mais extravagantes.afir- TaawGes de vendedores © anunciantes, uma arma sempre prom, para set empunhada por put Sta eptmoso clentista ow industrial diz que Deus nao exote para cla é claro que néo ha Deus. Noutras palavras, este nfio-pensante ¢ ossui Sendo opinides prefabricadas, Nem sempre € «| regui- S@ intelectual a que produz um ndo-pensante. As vezes, infal izmente, Sao 0s ais © os mestres os causadores desta apatia mental cporauan 2 natural curiosidade dos jovens © afogam os normate “porqués” com os seus “porque eu o digo © pronto”. No outro extremo estd 0 homem que faz da razi0 um au for si'mesmo, Para ele, os iimicos dados certos eo oe ‘os cientificos. Nada é certo a nao ser que O athe. & do ser que, jé © agora, produza resultados ps auc da resultado. € certo: 0 que € itil. € bom. Este hoo 132 AS NOLAS E OS At s Da IGRELA apéstolos —, a Tereja de Cristo. pode: Igreja clandestina, como ja © destinadas ao mai hismo que devemos temer. mas sim o seu fervor. © seu afi proselitista. um perigo muito mais wemivel tém eles a oferecer. mas com que zclo tornar-se outta vez uma no. f ue dinamismo. Bem pouco _Quantas pessoas. converti?” Ou, pelo menos, “quanto me preo- pei, quanta dedicagio pus na conversio dos outros)”. Esta é uma Pergunta que cada um de nds deveria fazer a si proprio de vez em quando, “Pensar que teremos de apresentar-nos diante de Deus: no “Dia do Juizo, de maos vazias, deveria fazer-nos estremecer, “Onde esto os seus frutos, onde estio as suas almas?". perguntar-nos-d Deus, e com raza, E © perguntara tanto aos cristéos comuns como aos _sacerdotes ¢ aos religiosos. N&o podemos descartar-nos desta obrigacao dando esmolas para as missdes. Isso estt bem, € neces- sério, mas & apenas 0 comeco. Também temos que rezar. Nossas oragées quotidianas ficariam lamentavelmente incompletas se nfo pe- dissemos pelos missionarios. tanto. nacionais como estrangeiros, € pe- Jas almas com que eles trabalh: Mas tezamos todos os dias pe- dindo © dom da fé para os vizi s da porta do lado. se nao sio catélicos ou nao praticam? Rezamas pelo companheiro de trabalho. que esté no escritério contiguo, na maquina eo lado? Com que fre- quéneia convidamos um amigo ico @ assistir & Missa co- nosco, dando-lhe previamente um livrinho que explique as cerimé nias? Temos em casa alguns bons livros que expliquem a fé caté- lica, uma boa colegio de folhetos, que damos ou emprestamos a menor oportunidade, a qualquer um que mostre um pouco de inte- resse? Se fazemos tudo isto, inclusive combinando para esses amigos uma entrevista com um sacerdote com quem possam conversar (quan- do as suas perguntas parecem encostar-nos 2 parede), entio estamos cumprindo uma parte, pelo menos, da nossa responsabilidade para com Cristo, pelo tesouro que nos confiou. Naturalmente, nenhum de nés pensa que todos os nao catélicos vao para o inferno, assim como nao pensamos que chamar-se cato- lico seja suficiente para introduzir-nos no céu. A sentenga “fora da Tgreja nao ha salvagio” significa que nao hé salvagio para os que se acham fora da Igreja por culpa pripria. Alguém que seja caté- lico © abandone a Igreja deliberadamente nao poder salvar-se se retornar; a graca da fé nao se perde a nio ser por culpa proj Um nio catdlico que, sabendo que a Igreja Catslica é a verdadeira ee A HARO A FE & © poderd salvar-se. Um nao cats ica scia voluntiria, com cegueira deli- Mas aqueles que se encontram fora ria. © que que podem con- ntender. fazendo que Deus cer- es poderiio sale vel a ninguém: recompensaré cada tenha feito do que the foi concedido. Mas isto ndo quer dizer que nds possamos iludir a nossa responsabilidade “Como o meu vizinho pode ir para o ecu sem se fazer upar?”, Também nao quer dizer que \o faz uma igreja como outra™ : ‘Beus quer que todos pertengam Lereja que Ele Tundou. Cristo quer 5 rebanho © um si P; Jesus \ desejar 98 tenham essa confianga dle: Cristo: em saber 0 que © os sacramentos é se podemos con- \ea_NOS. perguntarmos lar esta pessoa a reconhecer a verdade ermanentemente..mas com frequéne He esperar por mim para achar maneira de entrar na alma ue est ao meu lado, CariieLo XIE A COMUENHAO HOS SANTOS b O PERDAO DOS PECADOS © FIM DO CAMINHO ais provavel & que estivesse es de nossas imper- » abstante, todos os fidis a se chamavam santos. ‘gir aos que compl e estao em Efeso” ico de Cristo na. lgre} 9 Paulo pai “aos. santos Eo termo (EF 1,1) e “aos 1.1). Os Aws dos Apistol conte, cha & em- nig, quer diver, a Tgreja mos em pecado feixarfamos de pertencer & com dos sai > membros mortos do Corpo Mistivo ee: com o§ outros membros enquanto continusissemos a. ¢x- DO CAMINHO 135 As almas do purgatério sio também membros da comunhio dos santos madas na graga para sempre, ainda que renham que purificar-se dos seus pecados veniais © das st Nio podem ver a Deus ainda, mas o Espi is © nelas, ¢ nunea © poderdo perder. Frequentemente lesignames este ramo da Igreja como_Igreja_padecente, Finalmente, esté a Igreja triunfante, composta pelas almas dos bem-aventurados que se encontran’ ho cea, E a Igreja eterna, a que absorveri tanto a Igreja militante como a padecente depois do Juizo Final E, na pritica, que significa para mim a comunhio dos santos? jea que todos nés que estamos unidos em Cristo — 0s santos do ciu, as almas do purgatdrio e os que ainda vivemos na terra 0s ter conscicneia das necessidades dos outros. ‘Os santos do c&u no estio tio absorvidos na sua prépria fel Ainda que qui Seu perfeito amor a Deus deve incluir um amor 2 todas as almas criadas por Deus e adornadas com suas gragas, a todas essas almas em que Ele mora e pelas quais Jesus morreu. Em resumo, os santos devem amar as almas que Jesus . € 0 AMO que Os santos do céu tém pelas almas do purgatério € um amor passivo, Os santos estio a caminhar para a gloria essas almas cujo a em condigies de apreciar como antes ndo agio de um homem bom na terra pode mover © coragio de Deus, como mio sera a forga das oragdes que os santos oferecem por nds! Eles sio os herdis de Deus, seus amigos intimos, seus familiares. fos do c&u oram pelas almas do purgatério © por nés. Nés, de nossa parte, devemos venerar e honrar os santos. Nao s6 porque podem e querem interceder por nés, mas porque 0 nosso a Deus assim o exige. Um artista ¢ honrado quando se elogia obra. Os 10 as obras mestras da graga_de Deus; honramos Aqucle que os fez, 0 sea Redentor ‘A honra que se presta aos santos nao é subtraida ‘Ao contririo, € uma honra que Ihe tributamos de uma que Ele mesmo pedi e deseja, Vale a pena recordar que, . honramos também muitos seres queridos 36 0s canonizados. mas além das das a alg a Iereja 10 a honrar toda a Tgreja triunfante; € a festa de Todos os Santos. no dia primeiro de novembro cade al festas espee 136 A COMUNHAO DOs SANTOS Como membros da comunhio dos santos, nés que ainda esta- hmios na terra devemos orar, além disso, pelas benditas almas do pur, gatério, Agora, elas m0 podem ajudar-se: seu tempo de merecer Passou. Mas nds, sim, podemos fazé-lo, pedindo para elas o favor Ge Deus. Podemos aliviar seus sofrimentos abreviar seu tempo de espera do céu com as nossas oragdes, com as send a pee | mesmy por rdemos que a alma foi bo MUNDO. ur yeita para Deus, Como o corpo atua nesta vida, como isolante da alma, esta nao sente a tremenda Alguns santos a experimentam ligeitamente. mas a maioria de mes & sente ou sente-@ pouco, Nio obstante, no momemlo em que a a thandona © corpo, encontra-se exposta a forca plena ‘deste - ¢ experimenta uma fome tio intense de Deus que se Tanga 3 ‘barrcira de suas imperfeicies ainda presentes, até que. comm nia da separaio. purga as imperfeigies, quebra a barrcira ¢ F consolador recordar que © sofrimento das almas do. purgatirio cl, Softimento go20s0, ainda que seja tio intenso que nao posse. mos imazind-lo deste lado do Iutizo, A grande diferenca que existe entre o softimento do inferno eo do p io & que no inferno a certeza da separacio eterna v nop: a certeza da liber- ©. A alma do purgatério nao quer diante de Deus no seu estado de imperfciggo, mas, na sua agonia, tem a felicidade de saber que no fim se reunira a Ele F evidente que ninguém sabe quanto “tempo” dura o purgatério para uma alma. Pus @ palavra tempo entre aspas porque, embore bela duracio depois da morte, nao hd “tempo” no sentido em. que O.sonhecemos: nao ha dias ou noites, horas ou minutos. No entanto, & medirmos © purgatério quer por duragio ou por intensidade (1m instante de tortura pode ser pior que um ano de ligeiros incOmodos), © certo € que a alma do purgatério nio pode diminuir ou encu {ar 08 Scus sofrimentos. Nos, os que ainda vivemos na terra, sim, Podemos ajudar essas almas, pela misericérdia divina: a frequéncia © @ intexsidade da nossa oragio, seja por uma determinada alma ou Por todos os figis defuntos, nos daré a medida do nosso amor. Se de alguma coisa estamos certos, € de desconhecer quando acabaré'o mundo. Poderd ser amanbii ou dentro de um milhie de nes. O proprio Jesus. segundo lemos no capitulo XXIV do Evan. gelho de Sio Mateus, descreveu alguns dos prodigios que precederao @ fim do mundo. Havera guerras, fome © pestes: vird o reino do Anticristo: 0 sol ¢ a lua se obscurecerio ¢ as estrelas caitio do vem, sparecerd a cruz no firmamento, $6 depois destes acontecimentos _Seremos o Fitho do Homem vir sobre as nuvens do véu com grande der ¢ majestade” (Mt 24. 30). Mas tudo isto nos diz bem pouco: houve guerras e pestes. A dontinagio com sero reino do Anticristo. e os espeti Celestiais yoderiam lado. as cuerras. us comparagio com as que precede! hemos, A RESSURREIGAO DA CARNE, Durante séculos, 0 capitulo XX do Apocalipse de Sao Jodo (Li- vro da Revelagdo para os protestantes) foi para_os estudiosos da Biblia uma fonte de material fascinante. Nele, Sitio Jozo descreve uma visio profética e nos diz que 0 diabo seré acorrentado ¢ ficara preso durante mil anos, e que nesse tempo os mortos ressuscitario © reinar’o com Cristo; ao fim desses mil anos, 0 diabo sera solto € definitivamente vencido; entio vird a segunda ressurreigio. Alguns, como as Testemunhas de Jehova, interpretam esta passagem literal- mente, 0 que € um modo sempre perigoso de interpretar as imagens que tanto abundam no estilo profético. Os que tomam esta passagem literalmente e pensam que Jesus viré reinar na terra durante mil anos antes do fim do mundo, char naristas”, do latim “millenium”, que signifiea “mi Esta interpretagtio, no en- tanto, nio se harmoniza com as profecias de Cristo, ¢ © milenarismo € rejeitado pela Igreja Catélica como herético. icos acham que “mil anos” € um modo de falar que indica um longo periedo anterior ao fim do mundo, em que a Igreja gozara de grande paz e Cristo reinara nas almas dos homens. Mas a interpretagio mais comum dos peritos biblivos catdlicos € que esse_milénio representa todo 0 tempo que se segue ao nascimento de Cristo, em que Satands foi certamente acorrentade, Os justos que tenham vivido nesse tempo terio uma primeira ressurreigao, reinarao com Cristo enquanto permanecerem em estado de graga, ¢ terio uma segunda ressurreigo no fim do mundo, Paraiclamente, a primeira morte € 0 pecado, ¢ a segunda € o inferno. Delivemo-nos neste breve comentitio sobre on um ponto que podera surgir em nossas_conversas catélicos. Mas tém mais interesse pritico as coi com cerieza sobre 0 fim do mundo. Uma delas € que. quando a histéria dos homens acabar, os corpos de todos os que viveram se levantario dos mortos para unir-se novamente ay suas almas. Jb que foi o homem completo, corpo ¢ alma, quem amou a Deus ¢ 0 servi mesmo i custa de dor ¢ de sacrificio, & justo que seia o homem completo, alma e corpo, quem goze da unido eterna com Deus, que € a recompensa do amor. E ja que & 0 homem completo guem 2 Deus ao morrer em pecado, impenitente, & justo que 0 corpo the com a alma a separagio eterna de Deus, que todo o komem Nosso corpo ressuscitado seri constituide de tal maneira imitagoes fisicas que caracterizam neste mundo. ‘4 de alimento ou bebida, e. de certo modo, ‘Além disso, 0 corpo dos bum-aventurados seri ‘elorificado’ uma beleza e perfeigio que seri participagie na beleza e perfeigio da alma wnida a Deus. bo Me Como o corpo da pessoa em gue jo de Deus. a Igreja sempre mostrouw uma corps dos toe reveréncia, nica pessoa dispensada da cor Pelo consigo para o 15 de agosto — ou no domingo seguinte Assungio de Maria. © mundo acaba, os mortos ressascitam, ¢ Universal. Esse Juizo vera Jesus no trono da substitui a eruz, trono de sua infinita misericsrdia. “O Juizo oferecerd surpresas em felago ao nosso eterno des pasado pelo Juizo Particular; @ nossa alma ja estard no céu ou no inferno. © escopo do Juizo Final & em primeiro a Deus, manifestando a toda a humanidade a © misericérdia. O conjunto da vida — que com t entre si, as vezes duros e cruéis, &s vezes mesmo estlpidos ¢ — desenrolar-se-4 ante os nossos othos. Veremos que a parte da vida que conhecemos se encaixa no magno con} plano magnifico de Deus para os homens. Veremos que o poder a sabedoria de Deus, seu amor e sua misericérdia, foram sempre 0 motor do conjunto. “Por que Deus permite que isto aconteca i xamo-nos frequentemente. “Por que Deus faz isto ou ag) guntamo-nos. Agora conheceremos as respostas. A. se recebemos no Juizo Particular seri agora confirmada publicamente. Todos os nossos pecados — ¢ todas as nossas virtudes — serdo ex- postos diante de todos. © sentimental superficial que afirmava “eu no creio no inferno” ou “Deus € demasiado bom para permitir que uma alma sofra eternamente”, vera agora que, depois de tudo. Deus nao é um vovézinho complacente. A justiga de Deus é tio como a sua misericérdia. As almas dos condenados, ape- sar deles mesmos, glorificario eternamente a justiga de Deus. assim como as almas dos justos glorificario para sempre a sua misericérdia, Quanto ao resto, abramos o Evangelho de Sio Mateus no capitulo XXV (versiculos 34, 36) € deixemos que o proprio Jesus nos diga como preparar-nos para esse dia terrivel. E assim termina @ histéria da salvagio do homem, essa historia que a terceira Pessoa da Santissima Trindade. 0 Espirito Santo. es- Com o fim do mundo, a ressurteigio dos mortos ¢ 0 Juizo |, acaba a obra do Espirito Santo. Seu trabalho s janecer a eternidade, a Santo encontraré sua fruigio na comunhio dos to reunido na gloria sem fim. SEGUNDA PARTE OS MANDAMENTOS Cari ULO XV OS DOIS GRANDES MANDAMENTON: A FE PROVA-SE. COM OBRAS m. ereio na democracia, creio ivres € © melhor possivel”. a9 mesmo tempo, nao votasse, nem respeitasse as leis de seu pais, pelas suas pré- Prias agdes, que 0 condenariam como mentiroso e hipécrita, E jgualmente evidente que qualquer pessoa que manifeste cre has verdades reveladas por Deus € nio se empenhe em observar ay leis de Der sera absolutamente insincero. £ mt to facil dizer “ Mas as nossas obras devern ser a prova irrefutiivel da nossa fe. “Nem todo o que diz: Senhor, Senhot! entrar no reine dos céus, mas somente aquele que faz a vontade de meu Pai que estd nos céus” (Mt 7, 21). Nao se pode dizé-lo mai claramente: se cremos em Deus, temos que fazer 0 que Deus nos pede: devemos guardar os scus mandamentos. Convencamo-nos de uma vez de que a lei de Deus nio se com Boe de arbitrarios “faga isto” e “nao faga aquilo”, com 0 objetivo de nos aborrecer. £ verdade que a lei de Deus p3e i prova a for. taleza da nossa fibra moral, mas nio & esse 0 seu objetivo primot- d Deus no € um ser caprichoso, Nao estabeleceu seus man- damentos como quem coloca obsticulos numa corrida. Deus nao esta postado & espreita do primeiro dos mortais que caia de brucos, Para fazé-lo sentir o peso da sua ira. Muito pelo contritio, a lei de Deus & a expressio do seu amor Sabederia infinitos. Quando adquirimos um aparelho doméstico, scja de que tipo for, se temos senso comum, utilizi-lo-emos segundo as instrugdes do seu fabricante, Damos por descontad © fez sabe methor do que ngs como usaclo para que fi OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS senso comum, confiaremos em que D ie nds 0 que ¢ mais apropriado felicidade pessoal e & da humanidade. Poderiamos dizer que a de Deus & simplesmente um folheto de instrugdes que acompa- nha o nobre produto de Deus, que & 0 homem. Mais estritamente, Giremos que a tei de Deus é a expressio da divina sabedoria di fida ao homem, para que este aleance 0 seu a sua petfeigao. 0" que © hom: c nas suas relagdes com Deus como com 0 Se consideramos como seria © mundo se todos obedecessem i Tambem, se t e dure, nao haveria nevessidade de juizes, po! cobiga ou ambigao, ¢, em consequén armadas. juve cada um de nés, Nés, como a 1os a verdadeira felicidade. s os a nossa vontade com a de Deus. Fomos feitos para amar a Este € 0 fim da nossa ex A lei de Deus que rege a conduta humana chama-se lei moral, a modo de agir. A lei moral € dife- Deus governa 0 resto do universo. rigam necessariamente a natureza criada. Nao ha modo de iberdade de escolha. Se vocé di um passo sobre o da gravidade atua fatalmente © vocé se despenca, a menos que a neutralize por outra lei fisica — a da pressio do ar — um paraquedas, Mas a lei motal obriga-nos de modo di- Atua dentro do marco do livre arbitrio, Nao devemos de- |, mas podemos fazé-lo. Por isso dizemos que Se nao fosse- se n&o tivéssemos de amor. iberdade, a nossa obediéncia n ‘Ao considerarem a lei divin yguem entre lei A. reveréncia dos filhos para com os pais, @ © respeito & pessoa e a propriedade alheias humana. Esta conduta, que a cons- pertencem a propria { { j A PE PROVA-SE COM OBRAS 149 cigncia do homem (seu juizo guiado pela justa razdo) aplaude, cha- ma-se lei natural. Comportar-se assim seria bom, ¢ 0 eontrario, mau, nsecamente, quer dizer, ma por sua propria natureza. J4 era mA antes de que Deus desse’ a Moisés os Dez Mandamentos no Monte Sinai, ‘Além da lei natural, existe a lei divina positiva, que agrupa to- das aquelas agées que sio boas porque Deus as mandou, mas porque Ele as proibiu. Sao as ages cuja bondade nao esti na pro= pria raiz da naturcza humana, mas que foi imposta por Deus para aperfeigoar o homem segundo os seus designios. Um exemplo sim- ples da lei divina positiva € a obrigagdo que temos de receber a Sagrada Eucaristia por indicagao explicita de Cristo. Quer consideremos uma ou outra lei, a nossa felicidade depende da obediéneia a Deus. “Se queres entrar na vida”, disse Jesus, “cum- pre os mandamentos” (Mt 19, 17). Amar significa nio ter em conta o que as coisas custam. Uma mie jamais pensa em medir os esforgos e desvelos que dedica a seus filhos. Um esposo nfo leva em conta a fadiga que Ihe causa velar pela esposasdoente. Amor ¢ sactificio sio termos quase sindnimos. Por essa raziio, obedecer & lei de Deus ndo é um sacrificio para quem © ama, Por essa razio, Jesus resumiu toda a Lei de Deus em dois grandes mandamentos de amor. “E perguntou-the um deles, que era doutor, tentando-o: Mestre, qual-¢ 0 maior mandamento da lei? Ele the disse: Amarés 0 Se- hor, teu Deus, com todo o teu coracio, com toda a tua alma e com toda a tua mente, Este € 0 maior € © primeiro mandamento. O segundo & semelhante a este: Amaris 0 prdximo como a ti mesmo. Desses dois preceitos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22, 35-40). Na realidade, 0 segundo mandamento esta contido no primeio, Porque, se amamos a Deus com todo © coracio e com toda a alma, amaremos aqueles que, atual ou potencialmente, possuem uma parti- sipagio na bondade divina, e quereremos para eles 0 que Deus quer. Também nos amaremos retamente a nds mesmos, querendo para nds © que Deus quer, Quer dizer, acima de tudo, quereremos crescer amor a Deus, que ¢ © mesmo que crescer em santidade; ¢, mais que tudo, qureremos ser felizes com Deus no céu, Nada que se in- terponha entre Deus ¢ nds teré valor. E como 0 amor por nds € a medida do nosso amor ao proximo (que se estende a todos, exceto a0s deménios e aos condenados do inferno), desejaremos para o nosso préximo o que desejamos para nés. Quereremos que 0 préxi- 1 08 ROIS GRANDES MANDAMENTOS mo cresga em amor a Deus, que cresca em santidade. Quereremos também que alcance a felicidade eterna para a qual Deus o criou. Isto significa, por sua vez, que (eremos que odiar qualquer coisa que separe o prdximo de Deus. Odiaremos as injusticas e os males {citos pelo homem, que podem ser obsticulos para o seu ctescimento em santidade. Odiaremos a injustica social, as moradias inadequa- das, os salirios insuficientes, a exploragio dos fracos e ignorantes. Amaremos e procuraremos tudo 0 que contribua para a bondade, felicidade e perfeigan do nosso préximo. Deus facilitou-nos © trabalho ao apontar-nos nos Dez Manda- mentos os nossos principais deveres para com Ele, para com 0 nosso préximo e para conosco prdprios. Os és primeiros mandamentos declaram os nossos deveres para com Deus; os outros sete indicam 0s principais deveres para com o nosso préximo e, indiretamente, para conosco proprios. Os Dez Mandamentos foram dados original- mente por Deus a Moisés no Monte Sinai, gravacos em duas tibuas de petra, € foram ratificados por Jesus Cristo, Nosso Senhor: “Nao penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; niio vim revogé mas aperfeigod-la” (Mt. 5,17). Jesus aperfeigoa a Lei de duas ma- neiras. Em primeiro lugar, fixa-nos alguns deveres concretos para com Deus para com o priximo. Estes deveres, dispersos nos Evange- thos © nas Epistolas, sio os que se relacionam nas obras de mi- sericérdia comporais ¢ espirituais. Em segundo lugar, Jesus esclarece esses deveres dando & sua Igreja 0 direito e o dever de interpretar e aplicar na pritica a lei divina, 0 que se concretiza nos denomi- nados mandamentos da Igreja. Devemos ter em conta que os mandamentos da Igreja nao sio novas cargas adicionais que nos obriguem por cima e para além dos mandamentos divinos. As leis da Igreja niio sio mais do que interpretagdes ¢ aplicagies concretas da lei de Deus. Por exemplo, Deus ordena que dediquemos algum tempo ao seu culto. Nés pode- iamos dizer: “Sim, quero fazé-lo, mas como?” E a Igreja responde: “Indo & Missa aos domingos e dias, de guarda”. Este fato, 0 fato de as leis da Igreja nao serem sendo aplicagdes priticas das leis divi- nas, € um ponto q we ser destacado, Ha pessoas. até caté- licas, que’ raciocinam distinguindo as leis de Deus das leis da Tgreja, como se Deus pudesse estar em oposigio consigo mesmo. Aqui temos, pois, as diretrizes divinas que nos dizem como aper- feigoar a nossa natureza, como cumprir a nossa vocagio de almas redimidas: 03 Dez Mandamentos de Deus, as sete obras de miseri- cérdia corporais € as sete espirituais, e os mandamentos da Tgreja de Deus. Todos eles, & claro, prescrevem somente um minimo de SUIBLINHAK © FOS vo ast santidade: fazer a vontade de Deus em matérias obrigatérias. Mas nio deveriamos por limites. iio hd limites no nosso cresc santidade. O auténtico amor a Deus supera a letra da 20 seu espirito. Devemos esforgar-nos por fazer nao sé 0 que € le € perfeito. Aos que ndo tém medo de voar Senhor propde a observancia dos chamados conselhos evangéticas: pobreza voluntiria, castidade perpétua e obediéncia perfeita Faloremos de cada um deles — dos Mandamentos de Deu: da sua Igreja, das obras de misericérdia e dos conselhos evangélicos — a seu devido tempo. F, dado que o lado positive & menos co- nhecido que as proibiges, comecemos com as obras de misericérdia SUBLINHAR O POSITIVO E pena que, para muita gente, levar uma vida cristi nio sign fique seni “guardar-se do pecado”. De fato, “guardar-se do pe- cado” € apenas um lado da moeda da viride. £ algo necessitio, mas no suficiente, Talvez essa visio negativa da religiio, que se coniempla como uma série de proibigies, explique a falta de alegria de muitas almas bem intencionadas. “Guardar-se do pecado & 0 co- ico, mas 0 amor a Deus © ao proximo vai muito mais Para comegar, temos as obras de misericérdia corporais. Cha- mam-se assim porque dizem respeito 20 bem-estar fisico e temporal Respigadas das Sagradas Escrituras, sio sete: (1) vi- jar dos enfermos; (2) dar de comer a quem tem fome; (3) dar de beber a quem tem sede; (4) dar pousada aos peregrinos; (5) vestir os nus; (6) redimir os cativos, € (7) enterrar os mortos. Na sua descrigio do Juizo Final (Mateus 25, 34-40), Nosso Senhor estabelece o seu cumprimento como prova do nosso amor por Ele, Quando nos detemos a examinar a maneira de cumprir as obras de misericérdia corporais, vemos que sio trés as vias pelas quais podemos dirigir os nossos esforgos. Primeiro, temos 0 que se pode- Ha chamar a “caridade organizada”, Em nossas cidades modernas, € muito fécil esquecer © pobre ¢ desgragado, perdido entre a multi- dio. Mais ainda, algumas necessidades sio demasiado grandes para ue possam ser remediadas por uma sé pessoa. E assim contamos com muitos tipos de organizagdes para as mais diversas atengies sociais, a que os necessitados podem recorrer. Temos hospitais, or- fanatos, asilos, instituigSes para criangas abandonadas e subnormais, Para mencionar algumas. Quando as ajudamos, quer diretamente, quer por meio de coletas ou campanhas, cumprimos uma parte de 152, OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS nossas obrigagdes para com o proximo, mas ndo todas. Outro. modo de praticar as obras de misericérdia corporais é colaborar em movimentos pela promogio civica e social. Se nos preocupamos de melhorar a habitagio das familias pobres; se traba- thamos para atenuar as injustigas que pesam sobre os migrantes do 3 $e apoiamos os justos esforgos dos operdrios para obter um salirio adequado e seguranga econdmica; se prestamos a nossa cooperagio ative a organizagies uj misericérdia corporais. Mas, evidentemente, tudo isto nao nos livra da obrigagio de prestar ajuda sente a oportunidade — ou, melhor dito, © privilégio. No. posso dizer a0 necessitado que conhego: dei a tal associagio de cari- dade; procure: Tenhamos presente que Cristo se apresenta de- baixo de muitos disfarces. Se somos demasiado “‘prudentes” em nossa generosidade, avaliando cientificamente o ‘“mérito” de uma ne- cessidade, chegard “neces Im momento em que Cristo nos encontraré adormecidos. Jesus falou muitas vezes dos pobres, mas nem uma s6 mencionou “os pobres meritérios”. Damos por amor a Cristo, © © mérito ou demérito do pobre nfo nos deve preocupar excessivamente, Nao podemos fomentar a vadiagem dando com imprudéncia; mas devemos ter em conta que negar a nossa ajuda a uma familia necessitada por ser uma colegio de iniiteis, porque o pai bebe ou a mie no ¢ boa dona de casa (o que equivale a castigar as criangas pelos defeitos dos pais), € por em perigo a salvacio da nossa alma. A verdade no € menos exigente que isso. tem, evidentemente, outras maneiras de No mundo de hoje, no é tio ‘anos tempos do Senhor. Muitos itadas aos parentes préximos. Mas podemos ‘comunicar-nos com os capelies das prises ou das penitenciarias e como poderiamos ser titeis aos presos. Cigarros, ma- ‘itura ou de recreio? Tergos, devociondrios, escapulirios? (Facilmente podiamos ser tu ¢ eu quem estivesse atrés das grades!) Muito melhor que visitar os presos € procurar que nio cheguem a essa situacio. ‘Tudo o que possamos fazer para melhorar a nossa vizinbanga — proporcionando instalagdes para que a juventude tenha diversdes sis e atividades formativas; estendendo a mio ao jovem que vacila A beira da delinquéncia, etc. — nos assemelha a Cristo. “Visitar os enfermos”. Como sio afortunados os médicos ¢ as enfermeiras que dedicam toda a sua vida a sexta obra de misericérdia corporal! (sempre que o fagam movidos pelo amor a Deus, ¢ nao SUBLINHAR © POSITIVO 153 " ou econémicos). Mas a enfermidade do todos sem exeegio. Cristo nos acom- nha de cada vez que visitamos um dos seus membros doentes: o visitas que ndo curam, mas que confortam ¢ animam. O tempo que empreguemos em ler alguma coisa a um convalescente ou a um iar por umas horas © trabalho de uma dona de casa, jindo-a na atengio ao marido ou ao fitho doente, tem um muito grande, Mesmo um bithete expressando @ nosso de- scjo de que o doente methore, enviado por amor de Deus, nos ga- nara. 0 sorriso. divino. ximo, est acompé Quando, por amor de Ci nos ocupamos em suavizar os dissabores de um nosso irmio, estamos agradando a Deus. Quando amos, por meio das obras de misericérdia corporais, em F as necessidades do préximo — doenga, pobreza, tribulagio — € temporal. Por isso, as s sto mais urgentes para 0 crsibo que uais io tradicionalmente sete: 2) dar bom consetho a quem dele (4) perdoar as injirias; (3) G intelecto humano & um dom 10s. Toda verdade, tanto humana como sobrenatural, reflete a perfeigao de Deus. Em conse- quéncia,, todo aquele que c ento da mente, formando-a na yerdade, realiza uma obra autenticamente crist, se 0 faz por amor a Deus € ao prdximo. Aqui os pais t¢m o papel mais importante, e logo a seguir os mestres, inctuidos os que ensinam ma- térias profanas, porque todu a verdade & de Deus, Néo & ver @ razio pela qual o ensino se torna uma vocagio tio nobre, uma Vocagio que pode ser estrada real para a santidade. Naturalmente, o conhecimento de maior dignidade ¢ 0 conheci« ios0. Os que dio aulas de catecismo praticam essa obra de misericérdia na sua forma mais plena. Inclusive os que ajudam 4 construir € a sustentar escolas caté € centros catequéticos, tanto 15h OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS na nossa patria como em centros de missio, compartilham 9 mérito que deriva de “ensinar a*quem nao sabe" “Par bom conselho a quem dele necessita” € uma obra de mi- sericérdia que dispensa comentarios. A maioria das pessoas gosta de dar a sua opinide. Quando tivermos que aconselhar, estejamos certos de que © nosso conselho ¢ cem por cento sincero, desinteres. sudo ¢ baseado nos principios da fé. Tenhamos a certeza de nig escolher © caminho facil de dar a quem nos escuta 0 conselho que quer ouvir, sem ter em conta o seu valor; também ndo devemos cai extremo contririo de dar um conselho que se baseie nos nossos interesses egoistas, “Corrigir a quem era" € um dever que recai_ principalmente sobre os pais € s6 um pouco abaixo sobre os mestres e demais edu. cadores da juventude. Este dever € muito claro; 0 que nem sempre enxergamos com a mesma clareza & que o exemplo é sempre mais convincente que as admoestagées. Se no lar ha intemperanga ou uma preocupacao excessiva pelo dinheiro ou pelos éxitos mundanos; se ha criticas maliciosas ou os pais brigam diante dos filhos; se Papai fanfarroneia e mamie mente sem escriipulos ao telefone, en- Wo, que Deus se compadeca desses filhos a quem os pais educam no ‘pecado, “Corrigit a quem erra” nfo & uma obtigagio exclusiva de pais € mestres. “A responsabilidade de conduzir os outfos para a virlude E algo que nos toa a todos, de acordo com a nossa maior ou me. autoridade, Bum dever que temos que exercer com prudéncia cia, As vezes, ao ser corrigido, um pecador obstina-se mais no scu pecado, especialmente se a corregio & feita em tom Sanlarrio ou paternalista, (Nao estou bébado; deixe-me em paz, Gargom, ‘raga-me outro copo”). E essencial que fagamos a nossa cortegdo com delicadeza ¢ com carinho, tendo bem presentes as nos- sas proprias faltas e fraquezas. Mas prudéncia no quer dizer covardia. Se sei que um amigo tisa_contraceptivos, ou comete infidelidades conjugais, ou plax ela casar-se fora da Igreja, ou de outro modo pie em’ perigo a sua salvagao cterma, © amor a Deus me exige que faca tudo o que © meu alcance para dissuadi-lo do seu suicidio’ esp! Eg rdia da pior espécie procurar eximir-se dizendo: “Bem, cle sabe to bem como eu o que estd certo ¢ 0 que esti errado; jd m idade para saber o que faz; nio & assunto meu dizerthe o que ite Fazer” Se eu o vise apontando uma pistola a cabega, ou chegando uma faca ao pescogo, certamente consideraria assunto ut det ito que essa pessoa protestasse pela minha in- {romissio. E é evidente que a sua vida espiritual deve preocupar-me mais do que a sua vida fisica. Ougamos qual seré a nossa recom. © SIMON BENE 1s saiba que aquele que reconduz 0 salvaré a sua propria alma da 10 de seus pecados” (Tiago 5, 19-20). " e “sofrer com paciéncia os defeitos do Tudo 0 que temos de humano, tudo 0 que nos é natural se subleva contra o motorista imprudente que nos fecha a passagem, contra o amigo que alraigoa, contra 0 vizinho que espalha mentiras sobre nds, contra ‘omerciante que nos engana. & aqui que tocamos 0 nervo mais el do amor proprio. Custa tanto dizer com Cristo na sua cruz: perdoa-os porque nao sabem o que fazem"! Mas temos que fazé-lo, se de verdade somos de Cristo. & aqui que 0 nosso amor a Deus passa pela prova maxima ¢ se vé se 0 nosso amor ao préximo € aulenticamente sobrenatural ‘Consolar os tistes” é algo que, para muitos, surge espontanca- mente. Se somos seres humanos normais, sentimo-nos naturalmente vompadecidos dos aflitos. Mas € essencial que 0 consolo que ofere- cemos seja mais do que meras palavras © gestos sentimentais. Se pudemos fazer alguma coisa para confortar o que sofre, nao podemos deixar de faz8-lo por nos causar aborrecimentos ou, sacrificios. Nossas palavras de consolo serio mil vezes mais eficazes se forem acompa- nbadas de obras. Firalmente, “rogar a Deus pelos vivos ¢ pelos mortos” é algo gue certamente todos fazemos, conscientes do que significa ser mem- bro do Corpo Mistico de Cristo © da Comuahio dos Santos. Mas aqui também pode meter-se 0 egoismo, se as nossas oragées se limi- tarem as necessidades da nossa familia e dos amigos mais intimos, A nossa omgio, como 0 amor de Deus, deve abarcar 0 mundo, morte e cobriré am Perdoar as proximo™, Ah! Aqui é que as coisas O MAIOR 8EM “Se me amas", diz Deus, “o que deves fazer & isto”: € nos da os seus mandamentos. “Se me amas muito”, acrescenta Ele, “isto é © que poderias fazer”, © nos d& os conselhos evangélicos, um convite itica da pobreza voluntiria, da castidade perpétua e da obe- wcia perfeita. Chamam-se “evangélicos” porque & nos Evangelos = enconmiraimos o convite que Jesus nos dirige para que os prati- Vale a pena recordar na sua totalidade © patético incidente que © Mateus nos conta no capitulo XIX do seu Evangelho (versiculo -20): “Aproximou-se de Jesus um jovem e perguntou-the: Mestre, gue devo fazer de bom para alcangar a vida eterna? Disse-Ihe Jesus? 156 O8 DOIS GRANDES MANDAMENTOS Por que me interrogas a respeito do que se deve fazer de bom? $6 Deus ¢ bom. Se queres entrar na vida. guarda os mandamentos Quais? perguntou' ele. E Jesus disse: Nio matariis, nio cometerds a nao furtards. nao levantards falso testemunho, honra teu pai € tua mie © ama o teu préximo como a ti mesmo, Disse-lhe Jovem: Tenho ‘observado tudo isso desde a minha infancia. Que me resta ainda? Disse-Ihe Jesus: Se queres ser perfeito. vai. vende © que fens. da-o aos pobres. © ters um tesouro nos Depois ver € segue-me, Ao ouvir estas palavras, 9 jovem retirou-se triste, Porque posstia muitos bens”. Sentimos uma grande compaixio por esse jovem que esteve tio Perto de ser um dos primeiros discipulos do Seuhor, mas perdeu a sua gloriosa oportunidade porque nio teve generosidade, Nao ha mbém Jesus esti chamando uma multidao de fanio da sua obra por realizar, sio precisos tantos ope- Se 0 mlimero de operirios ¢ insuficiente (e sempre o ¢), nao € Porque Jesus nao chame. Pode acontecer que nio se queira Ouvit @ sila voz, oll que, como av jovem do Evangelho, falte pene. rosidade para seguislo. Por isso & essencial que todos, pais e filhos, compreendam a natureza dos conselhos evangélicos ea natureza da vocasio para a vida religiosa. De todos 0s conselhios ¢ diretrizes que se dio no Evangelho, os chamados consethos evangélicos sto os mais perfeitos, Sua obsers Wancia nos liberta — na medida em que a natureza humana pode ser livre — dos obsticulos que se opdem ao nosso crescimento em Santidade, em amor a Deus. Quem abraga esses conselhos renuncia @ ‘Uns bens valiosos, mas menores, que, no quadro da nossa natureza dlecaida, competem frequentemente com o amor a Deus. AO despo- Sarmos voluntariamente a pobreza, manietamos a cobiga © a ambigio, que sao as instigadoras de tantos pecados contra Deus ¢ contra Proximo, Ao oferecermos a Deus a castidade perfeita, subjueamos @ carne para que o espirito possa elevar-se sem amarras nem divi, soes até Deus, Ao aderirmos a obediéncia perfeita, fazemos a mais custosa das rentincias. entregamos o que ¢ mais caro ao homem, mais que a ambigio de possuir ou o poder de procriar: renunciamos a0 dominio da nossa prépria vontade. Esvazindos de nés mesmos io completamente quanto possa sé-lo um homem — sem proprie. dade, sem familia, sem vontade propria —, ficamos livres a0 marino dos nossos condicionalismos, para abrir-nos & agio da graca; esta mos no caminho da perfeicdo. Se queremos progredir em santidade, 0 espirito dos consethos evangélicos é imprescindivel a todos nds. A todos, casados. ov solteiros, ‘eligiosos ou figis comuns, & necessdrio 0 desprendimento © MAIOR BEM 157 dos bens deste mundo, a sobriedade na satisfagio dos gostos ¢ ne- cessidades, a partilha generosa dos bens com outros menos afortuna. dos, em atitude de agradecimento a Deus pelo que nos dé, 20 mesmo tempo que nos desprendemos de tudo isso para o caso de Ele nos pedir que Iho devolvamos. Para cada um segundo o seu estado, a castidade & imprescin- divel. Para o solteiro, a castidade deve ser absoluta, com voto ou sem voto. Certamente, & uma das glérias da nossa religiio que tan- tes vivam a castidade perfeita, fora e dentro de um mundo cujas sedugies sio tao abundantes ¢ onde as ocasides sio to frequentes. Ha heroismo auténtico na pureza dos jovens que dominam o impe- rioso instinto sexual até que a idade e as ircunstncias os permitam: casar-se. Hi um heroismo menos chamativo, mas no menos real, hos solteiros de mais idade cuja situagio tal que ndo os permite casar-se, talvez para sempre. H4 um nobre heroismo na continéncia daqueles que fizeram a opgio de permanecer solteiros no. mundo, para_poderem dar-se_mais plenamente ao servigo dos outros. Hé nestes lejgos que preferiram 0 celibato uma profunda reveréncia pela faculdade sexual, que encaram como um maravilhoso dom de Deus, reservado para os fins que Ele designou, ¢ que deve manter-se impo- Tuto enquanto esses fins niio sejam possiveis, E também dentro da vida conjugal se deve viver a castidade, a formosissima castidade dos esposos cristios, para os quais a uniao fisica nao é uma diversio ou um meio de satisfacto egoista, mas a feliz expressio da unio interior e espiritual de um com 0 outro © com Deus, para cumprir sua Vontade, sem pdr limites aos filhos que Ele queira enviar, abstendo-se de usar do sexo sempre que isso sirva melhor aos fing de Deus. Por Ultimo, hi a obediéneia no mundo, a submissio da von- lade, ao que © verdadeiro amor a Deus ¢ ao préximo reclamam, mui- las vezes obrigatoriamente, Esta obediéncia nao implica somente a submissio @ voz de Deus na sua Igreja e vontade de Deus nas circunstaneias da vida que muitas vezes sio fonte de contrariedades, Implica a submissao diaria da vontade e 0 controle dos desejos para todos os que querem viver em paz ¢ caridade com os outros, seja o esposo com a esposa, ou o vizinho com o vizinho. Sim, nao hi diivida de que o espirito dos conselhos evangélicos ~~ Pobreza, castidade e obediéncia — nfo se encerra entre os muros dos convenios € mosteiros. Esse espirito é essencial a toda vida ‘A maioria dos cristios € chamada a viver este espirito, embora a sua observincia ab: sé se pega a uns poucos, © Corpo Mistivo de Cristo é um corpo, ¢ nio apenas alma. Por isso tem que haver pais cristios que perpetuem os membros OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS 158, desse Corpo. Mais ainda, se o espirito de Cristo deve impregnar 0 mundo, deve haver exemplos de Cristo em todas as circunstincias da vida, deve haver homens © mulheres cristios em todos os oficios, profissdes € estados. E evidente que hd muita gente que mais santa que outtos que vivem “em rel dente que ninguém deve pensar que esti “imperfeita” porque néo se tornou frade ou freira, Para cada indi- viduo, a vida mais perfeita € aquela para a qual D na. Ha santas na cozinha como as hi no clust¥o: no mercado como no convento. Mas nao ha divida de que. wentemente da _voeagao particular de um deter . a vida religiosa € vida de perfcigio, nao porque uma pessoa se faga automaticamente per- feita ao pronunciar os trés votos religiosos, mas porque tomow pé numa senda de perieigio ao renunciar a tudo o que poderia em- baragé-la no seu propdsito de consagrar-se a Deus. Suas origens siio io antigas como a prdpria Igreja. A vida cemos — um belo mosaico composto de ges — tem a sua origem nas “Virgens” ¢ “no mundo” e & muito E igualmente evi- ondenado a uma vida ‘her © vazio de outros amores menores, hi outra razio para a promocio dav © preciosissimo Sangue de Cristo chama as almas morreu com uma urgéncia q grande e 0 trabalho ¢ uma hoste de almas generosas © abnegadas que se cntregue, sem nada que as possa distrair, s obras de misericdrdia corporais ¢ espirituais. HA necessi- dade de centrais de hiz ¢ energia espi le consigam para os insensatos que eremrezar, € assim temos as ordens de monges ¢ monjas de clausura, cujas vidas estio inteiramente dedicadas 2 oragio ¢ & peniténcia em favor do Corpo Mistico de Cristo. Sio necessirios bragos & coragdes sem conta para o cuidado dos enfermos, dos aflitos, dos sem lar trazer ao redil as ovethas perdidas; para ensinar nas ese gios, a fim de que se fale de si de Iulio César e de Shakespeare: para ensinar o ca E assim temos as congre- 's de hom estas obras de cari- por mas sim por amor eas into trabalho ficatia por fazer Se mo exis Imas. ssem esas almas, AIOR BEM 159 Os que entram para a vida religiosa obrigam-se a observancia da pobreza, castidade ¢ obed Os votos podem ser feitos por da a vida ou por um determinado numero de anos. Mas antes de se fazer qualquer voto, hi um tempo de formagio e de prova espirituais, que se chama “noviciado” e que pode durar um ou dois anos, a que se seguem os votos temporérios, que proporcionam um novo tempo de prova, até se pronunciarem os votos finais. A vida dos religiosos esté aberta a qualquer pessoa solteira e maior de quinze anos, que néo esteja impedida por obrigages ou responsabilidades que a tornem incompativel com a vida religiosa, como, por exemplo, a obrigagao de cuidar de um parente doenic. Se alguém tem satide fisica © meital normais, nfo precisa senao de ter uma intengio reta para dar esse passo: o desejo de agradar a Deus, de salvar a alma, de ajudar o préximo, Tendo em conta as prementes necessidades atuais, podemos ter a certeza de que Deus chama muitas almas, que ndo aceitam © seu convite. ‘Talvez nto sigam a sua vor — Ele fala sempre com suavidade —: talvez a fougam, mas se assustem com a dificuldade, sem levarem em conta gue quem as chama é Deus e Fle dari a fortaleza necesséria: talvez ougam e tenham a suficiente generosidade, mas sio dissuadidas pelos pais, que, com boa intengio, aconselham cautela © demoram a deci- silo, até que conseguem calar a voz de Deus e malograr a vocagio. Como se poderia ter “cautela” com Deus! Uma das intengdes cons. tantes de nossas oragies deveria ser pedir para que todos aqueles @ quem Deus chama escutem sua voz ¢ respondam: ¢ para que aque- Jes que responderam tenham a graca da perseverance. Capiruto XVI O PRIMEIRO MANDAMENTO © NOSSO PRIMEIRO DEVER © supremo destino do homem € dar honra e gloria 2 Deus. Para isso fomos feitos, Qualquer outro motivo para nos criar teria sido indigno de Deus, E, pois, correto dizer que Deus nos fez para sermos eternamente f razio secundaria do nosso fim primério para que fomos destinados: glorificar a Deus Nao é de surpreender, pois, que o primeiro dos Dez Manda- 5 nos recorde essa obrigagao. “Eu sou o Senhor teu Deus”, 1 Deus nas tabuas de pedra de Moisés, “nao ters outros mento (capitulo XX, versiculos 2 a 6), € m nhor tcu Deus, que te tirei da terra do Eg Nao tenis outros deuses diante de Mim. a nem imagem alguma do que est no alto dos céus, ou em baixo sobre a terra, ou nas guas, debaixo da terra, Nao te pros- traras i ‘visas nem Ihes prestards culto; porque, eu sou 0 Senhor Deus zeloso, que vinga a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geragio daqueles que me odeiam; e que usa de misericérdia até mil geragdes com aqueles que me amam © guardam os meus _mandamentos”, Este é 0 primeiro mandamento na sua forma completa. Pode teresse mencionar aqui que os mandamentos, segundo Deus estio claramente numerados de um a dez. A sua dis- F a memorizi-los, € coisa dos invengio da imprensa tendesse a normalizat damentos sé numeravam umas vezes de uma ma- ‘a. Frequentemente, o primeiro mandamento, to em dois u sou o Senhor teu Deus .., n80 (© NOSSO PRIMEIRO DEVER 1 era 0 primeiro. mandamento. fura nem imagem alguma nem thes prestaris culto” teris outros deuses diante de Mit © segundo era: “Nao fards para ti csc Nao te prostraras diante dessas Depois, para manter exatamente 0 mandamentos — “Nao cobigaras a casa do teu préximo” € desejaras a mulher do teu proximo..-nem nada do que the per- tence” —— se juntaram em um sé. Quando Martinho Lutero deu origem A primeira confissic protestante, escolheu este sistema de numeragio. O outro sistema, que nos € tao familiar, fez-se comum ha Tgreja Catélica, Esta circunstincia fez com que 0 nosso se~ gundo mandamento seja para muitos protestantes 0 terceito, © nosso terceiro 0 quarto, € assiin sucessivamente. Num catecismo protestante, € 0 sétimo mandamento © nio o sexto que proibe adultério, Em ambos 0s casos, os mandamentos sio os mesmos; ha apenas diferentes sistemas de numeragio. 4 mencionamos que o numero dez nao é sendo uma ajuda mnem a. Wale a pena recordar que os mandamentos em si sio também ajudas que Deus proporciona & meméria, seja qual for o sistema de numeracio. No Monte Deus — & excecio de ter destinado um dia especifico para Ele — nio impds novas obriga- 4 humanidade, Desde Adao a lei natural exigia do homem a ica do culto a Deus, da justiga, da veracidade, “da castidade ¢ Bas demais virtudes morais, Deus apenas gravou em tabuas de pe- dra o que a {ei natural j4 exigia do homem. Mas, no Monte Si Deus também nado nos entregou um tratado exal 7 de lei moral Limitou-se a proporcionar uma lista dos pecados mais graves contra as virtudes mais importantes: idolatria contra iio, profanago contra reveréncia, homicidio e roubo contra justiga, perjurio contra veracidade ¢ caridade; ¢ deixou ao homem essas virtudes como guias onde enquadrar os deveres de natureza similar. Poderlamos dizer que 0s Dez Mandamentos sto como dez cabides onde podemos pen- durar ordenadamente as nossas obrigages morais. Mas voltemos agora & consideragéo particular do primeiro man- damento. Podemos dizer que poucos de nds se acham em situacdo de cometer um pecado de idolatria cm sentido literal. Mas ja se poderia falar figurativamente daqueles que rendem cl deus de si mesmo: aos que colocam as riquezas, os negécios, 0 éxito social, 0 prazer mundano ou o bem-estar fisico acima dos seus de- veres para com Deus. No entanto, esses pecados de auto-idolatria enquadram-se, em geral, em mandamentos diferentes do primeiro. ‘Admitindo que 0 pecado de idolatria nio € problema para nés. poderemos dirigir a nossa atencio para © significado positive do primeiro mandamento. Dele se pode afirmar — como de quase 10 164 © PRIMEIRO MaNDAMENTO que a honra de Deus ou o bem-estar do préximo o requeiram, A honra de Deus 0 requer quando omitir essa profissio de té equiva: feria a negé-la. E esta obrigagio nfo se aplica somente aos casos extremes, em que nos € exigica a negagio expressa da nossa f& como ha antiga Roma ou nos atuais paises comunistas, mas também 2 vida ordindria de cada um, Podemos ter reparos nossa f€ por medo de que prejudique os nossos neg de chamar a ‘Ipa em reuniGes sociais, pode encontrar-se em situagdes em que ocultar a sua £6 eq a negé-la, em pre- juizo da ‘honra devida a Deus. E muitas vezes, quando fugimos de professar a nossa fé por covardia, © préximo sofre também. Muitas vezes um irmao ou inma de fé mais fraca observa a nossa conduta antes de deci PECADOS CONTRA A FE © primeiro mandamento obriga-nos a conhecer o que Deus re+ € a crer nessas verdades firmemente. Isto ¢ 0 que significa a-virtude da {6 Sempre que deixamos de cumprir estas obrigagées, pecamos contra a fé. Mas ha certos pecados graves ¢ concretos contra esta virtude ue ‘merece Uma mengio especial. e o primeiro de todos & 0 pe- Cado de apostasia. A palavra “apéstata” soa de modo parccido a “apéstolo”, mas significa quase 0 contririo. Apéstolo ¢ aquele que propaga a fé. Apéstata ¢ aquele que a abandona completamente. Encontram-se apéstatas em quase todas as paréquias: pessoas “que dirdo que foram catélicas, mas que j4 nfo créem em nada. Com fre- quéncia. @ apostasia € consequéncia de um mau casamento. Comeca com um casamento realizado fora da Igreja ou com uma pessoa que no pratica. Excluindo-se do fluxo da graga divina, a fe do catélico definha ¢ morre, e no final do Processo a pessoa se vé sem fé nenhuma. Nio sio a mesma coisa apostasia e relaxamento. Pode haver um catélico relaxado que nao v4 & Missa nem comungue ha dez anos. Ordinariamente, a raiz desta negligencia € simplesmente a preguiga, “Trabalho muito toda a semana e tenho o direito de descansar aos domingos", diré certamente esse homem. Se Ihe perguntarmos qual PECADOS CONTRA & FE 1 que todo sacer- © relaxado nao € ainda um apéstata. De forma vaga, pretende voltar num futuro impreciso & pratica da sua reli morre antes de fazé-lo, nio lhe sera necessariamente negado 0 en- terro cristo, se o paroco puder encontrar nele qualquer sinal de que ainda conservava a fé e de que se arrependeu & hora da morte. £ uma idéia erronea supor que a Igreja nega enterro cristio aos que no cumprem o chamado dever pascal E verdade que a Tgreja toma este fato como evidéncia de que uma pessoa possui a verdadeira fé: se consta que comunga pela Piscoa, nao seri preciso mais nada. Mas, como Mae amorosa que para os seus filhos extraviados, basta a Igreja a menor prova para que conceda o enterro cristie ao defunto, supondo que este conser vava a f€ e se atrependeu de seus pecados, quer dizer, sempre que tha morrido excomungado ou publicamente impenitente. Um ro cristio ndo garante, de modo algum, que determinada alma va para o céu, mas a Igreja nfo quer aumentar a dor dos parentes negando 0 entero cristo, contanto que possa encontrar uma des- culpa valida para o autorizar. Um cat tum pode ir vivendo de costas para Deus, més apis més, ano ninguém pode viver indefinidamente em pecado mortal, itando constantemente a graga de Deus, sem que afinal se en fe sem f& A f€ € um dom de Deus, e tem que chegar um momento em que Deus, que é infinitamente justo como é infinita- mente misericordioso, nao possa permilir que seu dom continue a ser desprezado e se continue abusando do seu amor. Quando a mao de Deus se retira, a f€ morte. causa de apostasia, além do relaxamento, € a soberba E um perigo a que se expoe quem se aventura impru- @ ultrapassar os seus limites intelectuais ¢ espirituai © caso do jovem que entra na Universidade € comega a descur: oragio, a missa € os sacramentos. Assim que abandona a su: Vé-se deslumbrado pela atitude de desdenhosa superiori- rofessor para com “as supersticbes supera- inclui a religiio. Em vez de aceitar 0 repto da ide com que topea nas aulas — e estudar as Fespostas —, o jovem estudante troca ‘a autoridade de Deus € da sua Tgreja pela autoridade do professor, Isto nao quer dizer que © PRIMEIRO MAND AMEN & maioria dos professores universitarios sejam ateus ou coisa pare. cida, mas apenas que € possivel encontrar casos desses com alguma facilidade: professores que. levados pela sua propria insoguran tentam afirmar seu eu menosprezando as mentes superiores 4 sua im homem assim pode causar danos irrepariveis a estudantes im. pressiondveis © contagié-los com a sua soberba intelectual. As leituras imprudentes sio outro perigo frequente para a fé Uma pessoa afetada de pobreza intelectual pode ser presa facil das arcias movedigas de autores refinados e engenhosos, cuja atitude para com a eligido seja de suave ironia ou altivo desprezo. Ao ler tais autores, € provavel que a mente superficial comece a por em diivida as suas crengas religiosas. Se niio sabe sopesar as provas ¢ Por conta pripria, se no tem presente 0 ditado inglés de que tolo pode fazer mais perguntas numa hora do que um sibio respon der num ano”, o leitor incauto troca a sua f€ pelos sofismas brilhan- tes ¢ pelos absurdos impenctraveis que vai lendo, Finalmente, a apostasia pode ser resultado do pecado habitual Um homem nao pode viver em continuo conflito consiga mesmo, Se as suas agdes contradizem a sua fé uma das duas partes tem qne ceder. Se negligencia a graga, & ficil que jogue pela ianela a f€, e nao o pecado. Muitos justificam a perda da fé por dificul- dades intelectuais, quando na realidade tratam de encobrir desse mo- do conflito mais intimo e menos nobre que tém com as suas paixdes. Além da tejeigao total da £é, que € 0 pecado da apostasia, existe a Fejeigao parcial, que ¢ © pecado de heresia, e quem o comete cha- mavse herege. Herege é um batizado que se recusa a crer numa ou mais verdades reveladas por Deus ¢ ensinadas pela Igreja Cat Uma verdade revelada por Deus proclamada solenemente pela Igreja denomina-se dogma de {é. A concepgio virginal de Jesus — 0 fato de nao ter tido pai humano — € um exemplo de dogma de fe. A infalibilidade do sucessor de Pedro, do Papa, quando ensina dou. trina de f& € moral a toda a Cristandade, é também dogma de fé. Outro é o da Imaculada Conceigio, isto é, 9 fato de Deus ter criado @ alma de Maria livre do pecado ‘original. Sio alguns exemplos dos dogmas que, entrelagados, formam a tapecaria da £8 catdlica. Rejeitar um deles é rejeitar todos. Se Deus, que fala pela sua Igreja, pode errar num ponto de doutrina, nao hi tazio nenhuma para crer nos demais, Nao pode haver ninguém que seja “ligeiramente herético", como também nao pode haver ninguém due esteja “ligeiramente morto”. As vezes, poderiamos pensar que @s anglicanos da “High Church” estio muito perto da Iereja por- Que créem em quase tudo 0 que nés cremos, tém ceriménias pare PRE\DOS GONERA A FE: ww amentos Ds em seus & assim: dizer que alguém izer que alguém est sa Missa, confessionirios & p: Deve-se ter et quer pecado. se d le no pecado de heresia, c ntre pecado material e pecado formal. Se uma pessoa faz sos Padrinhos, & porta ou no da igreja onde estes se en intram reunidc is Stes se encor &, dey » Fecordathes a ah Eoq Porque todos vis, que fosies Cristo” (Gal 3. 27) avs préprios comegos da lee: los na véspera do Domingo da Ressurr n alegria durante 10 da Igreja, 0 Domingo gue se segue n_albis” — 0 domingo das vestes dia os cristios iravam a ‘a batismal, sugestio que queria fazer. Nio ha ra a veste batismal; desse dose fri lo para a erianga, o que pedems dios ais pode set: “O Batismy” on ‘@ entrada na Igreja”, “a ida eterna” A resposta de Cris Porque nesse compromisso que pais e padric & stlansa. € convida-os a tragar, juntas 28 © BATISMO © sinal da cruz na from da erianga. Eo sinal do levera marcar-the os passos da vida e acompanha-la Como aconteve na celebragio de todos os sacramentos, antes de jar 0 rito sacramental propriamente dito. tem lugar a Liturgia da Palavra, que consta de algumas leituras biblicas relacionadas com © batismo, A homilia que se segue 4 leitura tem como finalidade, além de comentar os textos Tidos, preparar todos os presentes para entenderem melhor a profundidade do mistério do Batismo e assu- ria as obrigacdes que dele decorem, especialmente quanto aos pais © aos padrinhos. A Liturgia da Palavra encerri mirem com © com a oragio dos fiéis, a invo- cagiio dos santos © uma bela oragio pedindo a Deus que faga com “que estas criangas, livres da mancha original. se tornem um templo vivo pela presenga do Espirito Santo”; e, por iltimo. com a ungio pré-batismal, Esta primeira ungio € feita pelo celebrante no peito de cada -alectimenos, a0 mesmo tempo que diz: “O 2 forca. Que ela penetfe em vossas vidas leo em vosso peito”. O dleo dos cateciimenos € um dos trés loos que © hispo da diocese consagra todos os anos na Quinta-feira Sania. Os outros dois sio 0 Santo Crisma e 0 leo dos Enfermos. A ungio no peite da erianga representa a “couraga” espiritual com que’ Batismo a recobre. © seu significado encon: tra-se nas palavras de Sio Paulo, que diz (Ef. 6, 13-16): “Tom: pois, a armadura de Deus. .., revesti-vos da couraca da. justica com a qual possais apagar os dardos inflamados do maligno”. E de novo: “Revestidos da couraga da fé © da caridade” (I Tes. 5, 8). a como este Logo apés, todos se dirigem ao batistério, e. quando se encon- tram junto da pia batismal. 0 celebrante recorda o admiravel plano de Deus, que pela d4gua quis santificar 0 homem. Estd a comegar a Liturgia Sacramental, que tem como primeiro passo uma oragio sobre a deua, que o celebrante toca com a mio, enquanto pede que venha sobre ela a forga do Espirito Santo, para que todos os que forem batizadas ressuscitem com Cristo para a Vida Depois, chega_o momento de fazer as promessas do Batismo, que serio promnciadas pelos pais ¢ padrinhos. © celebrante per- gunta-thes: “Renuns a S: vis?””, e eles respondem: “Renuncio”. SE a todas as suas ohras?”. “Renuncio”. “E a todas as suas sedu= gées?". “Renuncio”. Uma vez formuladas as promessas, 0 celebran- te recebe a profissio de fé dos pais e padrinhos. perguntando-th “Credes em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra? ASCIMENTO DE UMA ALMA ous “Credes em Jesus Cristo, seu tinico Filho, Nosso Senhor, que nascew da Virgem Maria, padeceu ¢ foi sepuliado, ressuseitou dos _mortos ‘Credes no E: (0, na Santa Tereja Ca- dos pecados, na res- surreigdo dos mortos ¢ na vida eterna?. A cada uma destas tres as 08 pats ¢ padrinhos respondem: | “Creio” romessas © esta profissio da nossa fé. Em celebram 0 anive do. batismo tém a prética admirivel de renovar as promessas do Batismo antes de se sentarem & mesa para a refeigio da festa; € © pai quem per- gunta, € todos respondem em unissono. ceriménia. O sacerdote 10 a crianga, Primeito, 0 celebrante convida a familia a aproximarse da dgua batismal. Ci- tando © nome da crianga, pergunta aos pais e padrinhos se querem que seja batizada na mesma fe da Igreja que acabam de professar, logo a seguir batiza a crianga dizendo as palavras_sacramein SN... eu_ie batizo em nome do Pai, do Filho ¢ do Espirito Santo” Ao mencionar o nome de cada uma das tés Pessoas divinas, mergulha és vezes a crianga na agua (batismo por imersio) ou detrama tés vezes agua sobre a sua cabeca (batismo por infusio), Na pritica, a forma que se segue normalmente & @ do: batismo por infusio, e, neste caso, +0 pai ou a mae seguram a crianga sobre a pia batismal, Onde for tradicional que a segurem o padrinho ou a madrinha, conserva-se essa tradigéo. & muito conveniente manter a crianga com a iramente inclinada para baixo, de modo que a agua possa correr-lhe sobre a fronte sem entrar nos olhos. Para mim, que ja batizei tantas criangas, este & sempre um mo- mento de solenidade méxima, Imagino a milicia celestial congre= gada em torno da fonte batismal, em ansiosa espera de que um novo membro se incorpore a0 Corpo Mistico de Cristo e & Comunhio dos Santos. Penso no proprio Deus todo-poderoso, com olhar de amor impaciente, aguardando o momento de tomar posse daquela alma. Penso no espantoso milagre de graga que esté para acontecer, € quase posso sentir o calor da presenga do Espirito Santo (E pen- Sat que nds, muitas vezes, damos tio pouca importancia a isso! ‘Sim, tivemos batizado no domingo”) Com os olhos da fé, podemos ver as dguas da salvacio envol- vendo a crianca, enterrando para sempre a antiga carga de pecado do homem, para que a ctianca possa surgir delas convertida num homem novo em Cristo, Este especial simbolismo do Batismo tor- na-se mais expressivo quando o batismo € administrado por imersio 246 © BATISMO completa. Mas o batismo por infusio conserva também © mesmo significado. Uma vez transcorrido este chegando rapidamente ao fim, A cri dos céus, do sacerdécio eterno de na_cabeca, com © dleo até a vida eterna” Cristo, mom nN como os reis © sacerdotes dos tempos antigos eram ungidos, a crianga & 9 santo. Antes da a Deus: “Que Ele te consagre com o membro de Cristo, sacerdote, profeta ¢ rei. ce também, leo Santo para que, como ues _No seu Povo E agora que tem lugar o breve rito da veste branca: se a fanga nao estiver de bi te de Cri pais ¢ amigos te Acabada esta ora¢ “Recebe a luz de Cristo’ esta luz vos & logo ouv Deus Pai Vem agora a concluséo do rito do Bai altar, 0 celebrante Parem os novos batizados para a recepgio dos § udem por dignidade de filho de Deus at © sacerdote apre: E os pais pascal a vela da crianga, que tem um belo si mido nas palavras que o celebrante |hes entregue para que a Para que esta crianca caminhe na vi filho da iuz. Perseverando na fé. passa com todos 0s encontro do Senhor quando Ele vier". tocar os ouvidos ¢ a boca da que fez os surdos ouvir e @ sua palavra © professar a fé par ra 10, O celebrante recorda (0; pot isso trazes esta veste bi ia palavra ¢ exemple a iasceste de novo © Que tens wnservar a Ia. por Cristo, os mudos falar, te conceda que possas vor € gliria de De pé, diante do para que pre- amentos da Crise mae da Eucaristia, quando for o momento; ¢ todos juntos rezam © Pai Nosso. Da uma béngio as mies, aos pais ¢ a todos os pre- sentes, @ encerra 0 rito com uma ben seu filho a Os pais ofereceram santo, QUEM PODE BATIZAR? final e a despedida Deus thes d Em caso de emergéncia, voce saberia administrar o sacramento do Batismo? Provavelmente sim. recebido aulas de cat tins para a primeira cor munhio, Ha poucos cavilicas que, tendo no, ainda que sejam apenas as preparaté- ‘leada a im- EM PODE BATIZAR? oT um leigo fi Por sua vez, raziw grave. prescindivel para se entrar no céu, Por esta razio. Nosso Senhor Jesus Cristo deixou as portas esse sacramento abertas de par em par em caso de nevess Quando um nao batizado esti, em perizo de morte, € nao havendo sacerdote qualquer pessoa pode batizé-lo. Mesmo um 0 ou um ateu pode administrar validamente o batisn tenha a intengio pelo menos de “fazer o que faz a Tere riménia © empreete a forma corretamente. Basta derran nna fronte do batizado e, a0 mesmo tempo. pros iivelmente (enguanto w dgua escorre) as palavras: “But 70 em nome do Pai, do Filho e do E Estas ras deveriam ser tio familiares a um batizado como o seu pi ome. Pode apresentar-se uma casio em que a. salvagio eterna de uma alma dependa de conhevé-las. No que se administra na igreja, a agua é pecialmente ber mo privado, ‘igua benta, istra-se © batismo privado em ma- idosa_a sobrevivéncia do recém-na: ido. Se_o hospital € bem atendido por pessoal ca os pai 0 Fazio para preocupar-se: uma freira ou enfermeira se ene istrar o batismo sea vida da ctianca es Mas se a futura mae v » hospital que n: 'S Messe aspecto. deve tomar as medidas necess Filho seja batizado em caso den lade, inclusive levando a do batismo ese laa hora do parto, “Doutor. sea de meu filho corer perigo, por favor, derrame um pouco de sobre 19 tempo essas_palavras v7 alta, com a it fazer no batismo fer_em casa ¢ adoecer repentinamente antes de vada. qualquer membro. da fa Os ‘agos que prendem um bebé a vide ‘argem entre a : c. as vezes, _ Nesses casos, nfo 248, © BATISMO let sobrev a sé-lo. iga batizada privadamente sobrevive, deve-se dar no registro. batismal. mais tarde de uma ira comunhio € rece- Depois de a crianga se recuperar, os © paroco a data para the serem adminis nal. Ter&o que leva- a igreja, para receber as ceriminias do batismo solene, exceto a infusio da 4gua, a menos que haja motivos para suspeitar que isso no foi feito adequadamente, ica privadamen .€ escolhé-los talvez queiram. A tinica coisa necessiria € que ham intengio de ser padrinhos. Em casos assim, esse mesmo casal (se Ihe for possivel) deve acompanhar a crianga & igreja para das restantes ceriménias. Na pritica, raras vezes nhos para um batismo privado, especial- caso, pode intervir como padrinho su- em os pais o pecam. hamos ocasido de administrar priva- damente 0 10, mas pode acontecer. Um possivel converso pode ficar gravemente doente antes de ser recebido na Tereja. Ou u io batizado pode m ser batizado a gente que morte se m sequer saiba que e ia de sua parte? ser por culpa prdpria. E um a Tereje — que Deus da a cada alma se salvar, Ninguém podera jamais di “Nio pude alcangar 0 Para os que nao tém ocasiio de receber o Batismo, 0 caminho 249 Uma pessoa que ama a Deus doo que Deus quer, tem o jas a impedem de receber 0 a Ihe serem Do mesmo modo que © supremo amor pecados, mesmo mortais, & alma que nao 0, © supremo amor a Deus apagara tanto o original como os atuais, da alma que nio le_receber 0 batismo, N que ama a Deus conhece o Batismo ¢ quer re- a essa disposicao bi descor 1 6 acompanhada pelo amor a Deus mesmo. Um judew piedoso. com supremo amor a Deus, pode muito bem estar dé posse do batismo de desejo implicito. A forma mais elevada de substituir o batismo sacramental ou © de desejo & aquela que chamamos batismo de sangue. “Ninguém fem maior amor que aquele que dé a vida por seus amigos” Jo quer pessoa que sofra o ma ‘ar a recompensa eterna, Martir morte ou uma io ou a uma reserva-se imente para os que sofrem morte 1 sangue por Cristo, i morte &s mios dos am reservades para a métodos de tortura em que longada por muitos anos e se pode matar um s em scu corpo. Ha hoje muitas almas em es © campos de trabalho que sofrem o que Fulton Sheen cham : arti s Niio restam dividas sobre a realidade s. A agonia de mente e corpo pode durar anos. am de desinteria ou de outra doenca contraida nas_prisées, a palma do mart toda a eternidade, ¢, sem divida, NOS que nfo tiveram oportunidade de re- ceber 0 batismo antes de serem presos. Capirtto XXV A CONFIR O SACRAMENTO DA CONFIRMAGAO Naseer ¢ ereseer ma pessoa, entze eles ceresver se antes na E quase Wo Se frustra até certo ponto se no é seguido pelo crese mento. Um pena porque o seu desenvolvimento fis completo foi impedido por um defeito glandular. Compadevem de um idiota cujo erescimento mental parou por um defeito lulas cerebrais. Nascemos para crescer e, ao crescer, aperfeigoamos nosso nascimento. Estes fatos patentes da vida fisica podem ajudar-nos a compreen- de der ai gue ha na nossa vida espiritual entre os sacra- mentos do Batismo ¢ da Confirmagio. Ainda que a Confirmagao por di m sacramento e tem por fim aperfeigoar 0 que © Batismo iniciou em nés. ‘amos dizer que, de certo modo. somos batizados para sermos confirmados. Nascemos espiritualmente no Batismo: através dele, passamos a participar da vida di Santissima Trindade e comegamos a viver a vida sobrenatu tudes da t& da es- peranca © da caridade. mo-nos a Cristo na sua Tereja para prestar culto a Deus, crescemos também em graca e bondade, Mas essa etapa da vida _espi concentramo-nos_ pri mos. Tendemos a estar Prencupados com as necessidades da nossa prépria alma, com os pssos esforgos por “sermos bons”. E claro que nie podemos con- Centrar-nos exclusivamente em nis _mesmos: no, se entendemos o Corpo Mistico de Cristo; nfo, se en- “como um ato comum de eulto, € por combater o mal, 8 fazer tudo 0 set. Soberano, SACRAMENTO DA CONFIRVIAGAO a ver cada vez idade para con ndamente (ou « maglio € um erescimento espi Pata que possamos em torneo do. Com cla, ches: que sej com os quais pron despertar da adolese ga cOMega lidades da ida- o da familia, Compro- © bem de Cristo-no- iximo, Nesse re uma gt mento pelo ig eM nossa alm; A CONFIRMAGAO E, pois, de lamentar que muitos cai de soldados de um ponto de vista neg: ‘os encarem seu papel ro. Véem-se na defensiva, dispostos a lutar pela sua fé se thes trouxerem a luta & sua porta, Ou véem talvez o reino de Cristo —e a si mesmos — como que em estado de sitio, cercados pelo inimigo, lutando pela mera sobre- vivéncia, Mas nfio ¢ essa, de maneira nenhuma, a verdadeira e dindmica coneepgio da graga e do poder da Confirmagao. O cristio confir- mado langa-se jubilosamente ao cumprimento da sua yocagao, Forte na fé e cheio de um amor ardente pelas almas — que nasce do seu amor a Cristo —, sente uma preocupagio constante pelos outros. Experimenta uma inguieta insatisfagio se nfo faz que valha a pena, algo que contribua para thes al vida, algo que contribua para thes assegurar a promessa da vida eterna. Seus atos ¢ palavras proclamam aos que o rodeiam: “Cristo e vive para do Espirito Santo, que descerd sobre vés, ¢ sereis minhas testemu- has... até os confins da terra” (At I, 8), Nao sabemos cxatamente quando foi que Jesus, na sua vida fez” de que nos fala S40 Jofio e que nio estio escritas nos Evangelhos (ver Jo 21, 25). Conhecemos 0 fato peta Tradigao da Tgreja, isto é, pela doutrina da Agreja transmitida até ngs desde os tempos do Senhor por meio dos Apéstolos, rados pelo Espirito Santo. E a Tradigio tem a mesma autoridade que a Sagrada Escritura, comé fonte da verdade divina. Se um amigo nosso, partidario de que mente a Biblia & a fonte da ‘Mostre-me onde se diz na: Biblia que devemos crer sé no que aparece ali escrito”. Mas a Sagrada Escritura fala-nos da Confirmagdo. Nao com esse nome, € claro, pois, iros tedlogos da Tgreja. O pri- mitivo nome da Confirmagio era “imposigio das mins”. Esse é 0 nome que a Sagrada Escritura utiliza nesta passagem dos Atos dos Apostolos: “Quando os Apéstolos que estavam em Jerusalém souberam que havia sido recebida na Samaria a palavra de Deus, tendo chegado, por eles a fim de receberem o Espirito Santo, pois a deseido sobre nenhum deles, mas somente © SACRAMENTO DA CONFIRMAGAO los, ofereceu-lhes também a mim esse poder, a fim de qui impuser as mos receba o Espirito Santo’ ’, nome que se d4 ao pecado de ci Mas trata-se de um ponto de menos impor- ‘A verdadeira importincia da passagem est no fato de nos do sacramento da Confirmacio. Diz-nos que, embora seja um puses- A passagem conta ainda como se administrava a Confirm; pondo @ mio de quem confirma sobre a cabega da- quele que vai ser confirmado ¢ dizendo ao mesmo tempo uma ora- gio para que este receba o Espirito Santo. De momento, estamos especialmente interessados nese fato que ® passagem nos conta claramente: que eram os Apdstolos — isto é, ispos — quem confirmava. Fosse quem fosse que tivesse bati- lo os samaritanos, ¢ evidente que nao tinha poder para “impor- thes as mios” ¢ comunicar-thes 0 Espirito Santo. Dois dos Apés- tolos, Pedro ¢ Jo%o, tém que desloear-se de Jerusalém & Samaria para ad Geralmente, s6 0 bispo tue confirma. Em alguns casos, porém, pode fazé-lo um sacer- or concessio do direito geral — por exemplo, em perigo de morte — ou por indulto ou delegagao especial. Desde tempos re- ‘motos, tm também esta autorizacdo os sacerdotes da Igreja Catélica grega. esse ramo da Igreja, o sacerdote que batiza uma crianga confere-the também a Confirmagao logo depois. No rito latino, como. sabemos, nao se dé essa pri © Papa Pio XII, que tanto lutou por tornar os sacramentos mais acessiveis ao povo, concedeu em 1947 uma autorizagio muito Pi Autorizou os pirocos de qualquer lugar — sempre que © bispo nao estivesse disponivel — a admi rar dentro da sua ia © sactamento da Confirmagio, ro extraordind- rio, a qualquer batizado que ni ‘one lasse em perigo de morte por doenga, acidente ou idade avangada. E isto & assim, mesmo que seja um bebé que ja em peri de morte. Ainda que a Confirmacdo na Igreja Catdlica de rito l A CONFIRMAGAO Entre outras: : nossa {& Alguns, internos, quando as paixdes 0 in chogue com a nossa fe Se desejamos seguir um camino que shossa fe nos profbe, mas, por outro lado. nao podemos viver em permanente conflito conosco, € queremos ter paz interior, algo tem Que ceder. Se pudéssemos convencer-nos de que a nossa fé ¢ errada, ‘ariamos de mios livres pata seguir os nossos desejos € conservar essa paz. £ nessas circunstancias que a graga da Confirmagio vem nossa ajuda, se a deixamos agir, ¢ faz retroceder de mancira ites do egoismo pari que tiunfe a fé& A paz que ramos € ur © perigo vem de fora, A perigo em & ativamente perseguido, preso ott torlurado por causa da f&, & algo evidente. Nesses casos, podemos apreciar claramente @ necessidade da graca da Confirmagio. A si- tuagio de perigo dos que vivem numa atmosfera de indiferent ‘ religioso nio € to evidente, mas & muito real. O perigo de nos . deixarmos arrastar pelo ambiente, de querermos ser “boas pessoas”, mas mediocres, esti sempre presente, A ter sic amortever a fé, ' de nao tomé-la muito a sério, & quase inev A graga da Con- firmagio virt em nossa ajuda para preset wala de vas lores € manter © bom rumo. entio eneo! Outras v que se encontra todo aquele q HE um perigo externo que ameaga espe cursam estudos superiores, sobretudo se frequentam de orientagio nio crista. Esses catslicos tém de enfrentar o peso dos erros de alguns eclesiisticos do passado, dos erros humanos co- metidos por este ou aquele agente humano de Cristo, o lastro. de papas indignos ¢ prelados extravagantes, da condenagio de Galilew © dos exccssos da Inquisiciio. Tende-se a esquecer que divinos nao so os agentes de Cristo na sua Tgreja. mos sim Ele mesmo nela, € 0 catélico comeca a adotar uma atitude defensiva © a sentir-se : um pouco envergonhado Depara como desprez0 mi para com a religijo em geral ¢ 9 ca Gio. gonha para um claro ressenti de itrisio de pessoas a quem a De novo a graga da Confirmas: superar a dil ao de que © prestigio. t fazé-lo © SIGNIFICADO DA CONFIRMAGAO. 257 de amanha, a0 passo que as verdades de Deus permanecem inalte- riveis. Forte na fé, ouve sem se perturbar as explicagdes de tais professores. Sim, todos temos necessidade da graga de Confirmagio. ‘Tanto que € pecado mio receber este sacramento se hd ocasiao disso. um pecado que seria mortal se @ recusa se devesse a0 desprezo por esse sacramento. Os pais que. por descuido, impedem que scus fillos sejam confirmados, cometem um sério pecado de negligéncia Enquanto na Igreja oriental € costume confirmar as criangas indo sio batizadas, a tradigio da Igreja latina é administrar a inmagao quando alcangado © uso da razao, isto é em toro dos sete anos de idade. Os adultos que nfo tenham sido confirma- dos podem sé-lo com facilidade falando com © paroco. Tanto no caso das criangas como no dos adultos, é necessério um padrinho, que deve ser do mesmo sexo de quem se vai confirmar e ter a0 menos reze anos de idade. © padrinho deve ser catdlico praticante, con- irmado ¢ diferente dos padrinhos de batismo. Como estes, deve também fazer tudo quanto esteja ao seu alcance para que © afithado chegue @ uma vida catélica plena. A especial graga sacramental da Confirmacao & como vimos, tum fortalecimento da f. Sob 0 aspecto negativo, tornamo-nos fortes contra as tentagGes ¢ @ perseguigio; do ponto de vista positivo, au- mentam as nossas. forgas para chegarmos a ser testemunhas ativas de Cristo. A Confirmagio produz também em nossa alma um au- mo dessa fonte de vida basica que & a graga santificante. Deus pode aumentar 0 que no esta presente: por isso, quem vai receber 0 sacramento da Confirmacio deve fazé-lo em estado de graga.Receber a Confirmacao em ‘pecado mortal seria abusar do sacramento: seria cometer 0 cado de sacrilégio. No entanto, reeepgtio do sacramento seria vélida. No momento em que essa Pessoa recebesse a absolvigio de seus pecados, as gracas latentes da ‘onfirmagio reviveriam nela. Capitulo XVI A EUCARISTIA — © MAIOR DOS SACRAMENTOS 1 que nos: dispomos @ eitudar © sacramento da Sagrada assar por uma situagho semelhante a do viajante ue toma a percorrer_uma regio bem conhecida. Encomtraremos ares — neste caso, verdades — jé vistas ante- s verdades que vamos recordar, confiamos em que haveremos de notar fates de interesse que antes nos passaram cesaporshids Podenos tam confar em destobrir ours pa sagens —~ ouiras verdades — que escaparam totalmente & nossa ob- servagio em viagens anteriores por esta regiio amada ¢ familiar, que 0 tema do maior dos sacramentos, Quando dizemos que a Sagrada Eucaristia & 9 maior dos sucra- mentos, afirmamos algo evidente, © Batismo é, sem diivida, 0 sa- nto mais necessdrio; sem ele, ni podemos it para o céu. No entanto, apesar des maravithas que 0 Batismo e 0s outros cinco sacramentes produzem na alma, nfo sio senito instrumentos de que Deus se serve para nos dar a sua graga: mas na Sagrada Eucavstia ti mento que Nos comunica as gragas di- sz énos dado o proprio Dador da graga, Jesus Cristo Nosso eahor, real ¢ verdadeicamente presente Seng van mento do Corpo e to Sangue de Cristo tem tido muitos Pio dos Anjos, Ceia do Senhor, mihecidos. Mas 0 pio, © nome que a Tereja di ¢ sacramento € Sagrada Euceristia, Provém do Novo nome off Testamento. Os quatro escritores sagrados — Mateus, Marcos, Lucas ente a “ns que Jesus tomou e = que nos ni Ultima Ceia, di: § io eo las at ee E assim, da palavra © pio e © vinho em suas mios e “deu gracas © MAIOR DOS SACRAMENTOS 239 grega “cucharistia", que significa “agio de grayas", resultou o nome do nosso sacramento: a Sagrada Eucaristia 0 gatecismo ensinasnos que a Eucaristia & ao mesmo tempo sacrificiee.sucramento, Como sacrificio, a Eucatistia ¢a Missa, a agao divina em que Jesus, por meio de um sacerdote humano, trans- forma 0 pio e 0 vinho no seu préprio corpo e sangue ¢ continny ‘empo © oferecimento que fez a Deus no Calvario, 0 ofereci. mento de Si proprio em favor dos homens. O sacramento dla, Sa. grada Eucaristia adquire © ser (ou € “confeccionado™, como dizen s tedlogos) na Consagragio da Missa: nesse momento forna presente sob as aparéncias do pio e do vinho. Eon essas @paréncias permanecem, Jesus continua @ estar presonte eo sacramento da Sagrada Eucaristia continua a existir ali, O ato de receber @ Sagrada Eucaristia chama-se Sagrada Conunhio. Pode mos dizer que 4 Missa € a “confecgio” da Sagrada Eucaristis c Gus 2 comunhio € a sua recepgio, ‘Entre uma e outra, o sactas Fo ng net @ existie (Como no sacrario), quero tecebamos, quer nao, Qo ttarmos de aprofundar no conhecimento deste sacramento, ao lemos melhor maneira de fazé-lo do que comegando por onde vais Irae Por aauele dia na cidade de Cafarnaum, em que fer come metel das promessas: a de dar a sua came e 0 seu sangue como alimento da nossa alma No, Wéspera, Jesus tinha langado os alicerces da sua promessa Sabendo que ia fazer uma tremenda exigéncia i fé de seus ouvinies, Fe raios Para cla. Sentado numa ladcira, do outro lado de mar de Tiberiades, inha pregado a uma grande multidao, que o havia ir ¢ agora, j4 a0 cair da tarde, prepara-se para des. Mes, movido de compaixao © como preparagi pata a Atingamess# do dia seguinte, faz 0 milagre dos pies ¢ ‘dos eines Atimenta a multidio — s6 0s homens eram cinco mil Jesus esti totalmente presente em cada uma das partes. Se caisse a0 cho uma particula da héstia consagrada ou se derramasse uma gota do cilice, Jesus estaria presente todo e inteiro nessa particula © nessa gota I) N80 B PAO. 269, or isso que os panos de altar tém que ser lavados com a - Porque poderia haver aderida a cles uma par- Estes panos de altar compreendem 0 ‘obre © qual se coloca a patena com a héstia eo cilice nsagrades durante a Missa: a pala. o pano quadrado que cobre » » wilice durante a Missa: ¢ © sanguineo, © pano com que o sacer. Xe caxuga 0s Kibios depois de consumir o preciosa Sangue ¢ seca os dedos ¢ 0 cillice depois de lavar o célice com vinho ¢ agua, ow so com jgua. Jesus, cvidentemente. nio deixa o scu lugar no eeu, "4 cita do Pai”, para se tornar presente na Sagrada Eucaristia, Per. Gu est no altar. “Quem se faz presente sob as aparén. cits de ilo © do vinho & 0 corpo slorificado de Jesus, 0 seu corpo como esta no eéu. Na Sagrada Bucaristia, Jesus esti presente tal como & no tempo 1a Ceia, por exemplo, foi o corpo “passivel” ida mortal) que se tornou presente quando Gronunciou as palavras da consagrasio, pois ainda nao tinha morrido. Se os Apéstolos tivessem celebrado Missa naquelas horas er que Permaneceu no sepulero, 0 que se teria tornado presente sein Corpo morto; sob as aparéncias do pio teria estado 0 seu po sem o sanigue, ¢ sob as apartncias do vinko, 9 seu sangue 7 9 Corpo. pols este estava empapando o solo do Calvario, S eaiide Presente também a sua natureza divina, visto que corpo © sangue ia — sob dimensdes tio pe- £ em tantos lugares ao mesmo tempo — parece suscitar dhas Como pode um corpo humano estar pre- mM espaco tio pequeno? Como pode um corpo humano estar hatios Tugares ao mesmo tempo? Estas dificuldades. ¢ claro, sao ‘ss aparentes, “Deus assim o fez: portanto, pode ser feito. De. ee ekordar que Deus € 0 autor da natureza’ o amo eo senhar c a icas do universo foram estabelecidas por Deus, ode, Rode. stspender a sua agio se assim 0 quiser, sem que o seu Peder infinito tenha que fazer nenhum esforgo. IE verdade que. segundo a experiéncia humana, um corpo deve Sf determinada “extensao”, isto é deve ocupar determinade ‘espaco. Segunda a nossa iencia, um corpo deve estar num s6 lugar de 4 cacko (estar em varios lugares ao mesmo. tem= & lige tlesconhecido para ads. Pode-se. pois. afirmar que um Ta eect EXIENSHO nO espago, ou que ocupe virios lugares go men Mo tempo, € um impossivel fisico: isto € impossivel para as A EUCARISTIA sicas, Mas estes fendmenos nao so impossiveis metafisicamente: quer dizer, no ha contradigio inerente n: de um corpo sem ex- fensio ou na idéia da multilocagao. Uma contradicéo inerente os tornaria absolutamente impossiveis: estaria neste caso, por exemplo, i6ia de um circulo quadrado, que & uma contradiggo nos seus préprios termos. Talvez isto nos arraste excessivamente para o campo da filosofia. Mas os pontos que nos interessa deixar claro sio: primeiro, que Jess ndo esté presente na Eucaristia em miniatura, Esta plenitude da sua Pessoa glorificada, de uma maneira espiritual sem extensio nem espago. Nao tem altura, largura ou espessura, © segundo ponto € que Jesus nio se multiplica: nfio passa a s hés- tias, Ha um sé Jesus, 0. A sua multilocagio nio € resultado de mul sdes, mas da suspensao da amente ao seu sagrado corpo. E como se esti das as partes do espaco fossem atraidas para & chamada — e é — © sacramento da unidade. Quando comungamos — nés € 0s nossos companheiros de comunhio do mundo inteiro —, estamos onde Ele esté. O espago se dissolveu para nds, e todos juntos somos um em Cristo. Quanto tempo permanece Jesus na Sagrada Eucaristia? O tem- po que permanecem as espécies do pio e do vinho. Se um fogo repentino destruisse as héstias consagradas do sacrério, Jesus nfio se ‘As aparéncias do pao e do vinho se transformariam em cinzas, mas Jesus j4 nao estaria 1a. Quando, depois de comungar- , 0 nosso processo digestivo destrsi as aparéncias do pio, Jesus jd nao permanece corporalmente em nds: s6 fica a sua graga O PAO, O VINHO E O SACERDOTE Na Ultima Ceia, Jesus transformou o pio € 0 vinho no se prio corpo ¢ sangue. Ao mesmo tempo, mandou os scus Apést epetirem a mesma acao sagrada no futuro. “Fazei isto em minha ", foi_o encargo solene que Ihes deu. Evidentemente, Jesus néo manda coisas impossiveis ¢, portanto, juntamente com esse man- dato conferiu-lhes 0 poder necessirio para transformarem 0 pio ¢ 0 vinho no seu corpo e sangue, Com as palavras “Fazei isto em mi- nha meméria”, Jesus converteu os seus Apistolos em © poder de transformar 0 pio € 0 vinho no corpo € no sangue do Salvador foi transmitido pelos Apéstolos aos homens que deve- riam perpetuar o seu trabalho ¢ partilhar da sua missio quando © PAO, O VINHO E 0 SACERDOTE om cles se fossem embora. E_ estes, por sua vez, confeririam esse poder sacerdotal @ outros. E assim, de geragio em geragio, durante quase dois mil anos, 0 poder do sacerdécio ‘se foi iransmitindo por meio do sacramento da Ordem Sagrada. De bispo em bispo, che- gol! até os sacerdotes de hoje. A acio liturgica pela qual se transforma 0 pao € 0 vinho no corpo € no sangue do Senhor é a Santa Missa. A palavra “Missa deriva do “missa”, que significa “despedida”. Por forca de um costume da primitiva cristandade, este vocdbulo passou a ser o nome da aio pela qual Jesus se torna presente na Eucaristia A dos batizados, ninguém estava autorizado a assistir a0 sacri Os futuros conversos (chamados cateciimenos) nham que deixar o recinto ao terminar a leitura do Evangelho © o Tanto a estes apés o sermao, como ao resto da assem © {erminar @ aco sagrada, o sacerdote dirigia a adverténcia I “Ide, & a despedida”, em Pelo uso, a palavra “missa” chegou a designar 0 sac completo, Teremos ocasido de estudar mais adiante a Missa como sacri- ficio. Aqui queremos apenas indicar que nela que o pio ¢ 0 vinho transformados no corpo e no sangue de Cristo, mudanca que (em lugar quando © sacerdote, fazendo-se instrumento livre e volun. io de Cristo, pronuncia sobre as espécies as palavras do Senhor © célice do meu Sangue”. De pé ante visivel de Jesus, 0 sacerdote humano ito de Cristo, ¢ Cristo, pela forca do Espirito Puate: te mesmo instante se toma presente sob as aparéacias do Nessas palavras — que sio chamadas palavras da a esséncia da Missa, e 36 clas, endo as demals eragbes (@ excegio da comunhio do sacerdote, que completa Teh i? & Missa. Isto requer, naturalmente, que o sacerdote mad encio de consagrar o pio © 0 vinho. ‘Se, por exemplo. se reanido @ uma mesa em que houvesse pio ¢ vinho, um sacerdote premsksse a narrar a Ultima Ceia aos demais comensais, ¢ 20 fazé-lo am Isse as palavras da consagragao, € evidente que n&o haveria meget, porque £ sacerdote nao teria essa intengio. . 0 le trigo se pode converter no corpo de Cristo, Uete Jesus te lzado pio de a Ceia. Se as palavras Cie de gre eon usem ronurciadas sobre pio feito de outra espé- traneaterec ame 2¥ei8. centeio ou miko, por exemplo, no havera ‘quer pio de farinha de trigo serve. No entanto. a Igreja latino requer que sé se utilize Pao azimo, quer dizer, sem 272 A EUCARISTIA izou pio azimo, visto celebrado a Ultima Cei: dia dos azimos”, um pe- de sete dias em que os judeus s6 comiam pio sem ferment. Nao obstante, a Igreja Catélica de grego, como a maioria jas orientais. usa pao com ferme ssa como a nossa. Mas, quer tenha fermento quer nio, © pao deve ser de trigo, Como Jesus utilizou vinho de ua na Ultima Ceia, s6 se deve usar vinko de uva para a Missa. Se as palavras da consagracio se pronunciassem sobre vinko feito de outra fruta (como vinho de ce rejas ou de ameixas), nio produziriam efeito, O corpo ¢ 0 sangue do Scnhor nio se fariam presentes. $6 0 sumo puro fermentado de uva pode ser utilizado na Missa. Uma vez que © pio e 0 vinho se tenham transformado no corpo € no sangue de Cristo, 0 nosso Salvador permanece present quanto as aparéncias do pio € do vinho se conservarem Por outras palavras, Jesus esté presente na Sagrada Eucat somente durante a Missa, mas enquanto as hdstias consagradas_ na Missa continuarem mantendo as aparéncias de pio. Isto quer dizer que devemos & Eucaristia a adoragio que se deve a Deus. jé que a Sagrada Eucaristia contém o proprio Filho de Deus. Adoramos a Eucaristia com culto de latria, que é 0 culto reservado exchusiva- mente a Deus. Na Igreja primitiva, a adoragao a Jesus sacramentado se prati- cava apenas dentro da Missa. A devorio a0 Santissimo Sacramento fora dela — to familiar nos nossos dias — desenvolveu-se lenta € gradualmente. Parece que os cristios demoraram bastante tempo a aperceber-se plenamente do tesouro que tinham na Euc: 86 no século XIT & que nasceu o costume de reservar a Sagras ristia para a adoragio dos cristios fora da Missa. A partir dai, devogio 0 Santissimo Sacramento desenvolveu-se rapidamente. Hoje, em cada i que arde na lamparina do sacrario, Dentro dela, Jesus esté presente, nto na hdstia grande que se usa na béngdo solene, ¢ que se guarda de metal, como nas héstias pequenas, guardadas numa copa revestida de ouro — 0 cibério —, que € utilizada para dis- tribuir a comunhio aos fisis. A partir do momento em que se comecou a estender a devogio & Sagrada Eucaristia fora da Missa, trés priticas devotas se torna- © PAO, O VINHO E © SACERDOTE 273 rsais: a festa e procissio do Corpus Ch 10 com 6 Santissimo Sacramento ¢ a devogio a exposicio jas Quarenta Horas. sima Trindade. Parle da celebragio conse na proche do que pode ser nesse dia ou no domingo seguinte, se houver so. Nessa pri vada na ida custédia ou ostens leralmente caixa para de ouro, Nas procissdes ¢ nas béngkos solenes, No. ostensério, Tomou-se costume expor o Sa para adoragao dos figis, e logo houve um desenvolvimento desse costume, concluindo-se o ato com a béngio dos assis. que © sacerdote dé com o Santissimo. O ito da béncio, mo hoje o conhecemos, remonta ao século XIV. Consiste num reve periodo de exposigio ¢ adoragio, em que se medita 2 Sagrada seritura, se cantam hinos, se dizem oragées, se adora ¢ reza em léncio, terminando com a béng&o que o sacerdote dé com 0 os. fensério ou © cibério. & a béngio do proprio Jesus na Sagrada Horas foi iniciada em Milio, no século em 40 horas ininterruptas de adora- fo2,8 imo Sacramento exposto, em comemoragio das 40 Boas que o corpo de Jesus permaneceu no sepulcro. O "spo. se o julgar oportuno, pode fixar a cada pardquia e comu- nidade religiosa certas datas para que cada semana, em algum ‘ocese (a ndo ser que esta seja muito pequena), a devogio a Horas se mantenha, ¢ assim se ofereca a Jesus sacra- uma adoragio perpétua. Esta devogdo costuma comegar fo das Ladainhas dos santos ¢ termi is min do Santissimo Sacramento. om 8 Procissio aH A MISSA A Missa ¢ um memorial do Senhor Jesus. E um memorial per- fo, em que a sua Prese lamente cons- em que Deus prové prio sangue. Mas & banquete. E sobre Com transcorrer dos séculos, a palavra “sacrific grande parte do seu significado exato, ¢ passou a indicar doloroso ¢, por isso, desagradavel: a renincia a alguma coisa que gostariamos de ter ou de fazer. fe, no enlanto, a palavra “sacrificio” tinha um 86 1 se oferece a Deus um dom, is apropriado. Deriva sacrum, sagrado, e facere, fazer. Fazia-se ona & posse ¢ ao uso humanos, © ofe- recendo-a a Deus por um ato simbélico de doagdo. © desejo de oferecer dadivas a Deus parece estar profunda- mente arraigado no coragio humano. Os primeiros saci se tem noticia sio os que ofereciam os fithos de Adio, Que Deus queria ser honrado com dons oferecidos pelas suas criaturas, é sem divida uma verdade que Adio e Eva levaram con- sigo do Paraiso. No mesmo prescindindo da revelagio di- jade sempre experimentou Em toda a histéria, 1am oferecido sacri- na ignorancia de Deus renderam ssa ignordncia chegou a tal scar o heneplicito divino mediante sacri- sempre € por toda a parte, o homem sentiv dons a Deus ou aos deuses. ¢ os povos que adoraram o verdadeiro Deus, \guimos és periodos histéricos. No periodo que vai de Adio a Moisés — sagrada uma sl COMEGAMOS A a7 a época patricarcal —, 0 povo de Deus tendia a viver em tribos unidas por lagos de sangue e governadas por um patriarca, que era g progenitor mais velho ainda vivo, de quem descendiam os mem bros da tribo. Noé, por exemplo, foi um patriarca, como o foi ‘Abraio. O patriarca era também o sacerdote da familia (ou tribo) © presidia a oferenda dos sacrificios a Deus. ‘Quando Deus suscitou Moisés para conduzir 0 seu povo do Egito até & Terra Prometida, introduziu algumas mudangas: espi ficou detalhadamente que sacrificios the deviam ser oferecidos dai por diante; e, 20 mesmo tempo, constituiu um sacerdécio oficial , seria Aardo (0 irmao de Moi- periodo, que vai de Moisés até o advento do Messias, chama-se idade mosaica. Com a vinda de Cristo, comegou uma nova era, a era cristd, em que vivemos vocé ¢ eu. Tudo'o que antes dela ‘aconteceu era preparacio para a etapa final do plano divino para a salvagio dos homens. As idades patriarcal ¢ mo: yeram cheias de pro- fecias © figuras que, como postes tavam para Cristo, a sua “boa nova” ¢ o seu perfeito sact Basta-nos recordar Melquisedeque, sacerdote da idade patriarcal, que ofereceu a0 Senhor pio ¢ 18.20). E mais larde, na idade mosaica, as prof sobre Jesus: seis sacerdote para sempre segundo a (Ps 109, 4). Ou entio o profeta Mak que ja que “desde a saida do sol até 0 ocaso, meu nome é grande entre os gentios, em todo lugar ha sacrificio e se oferece ao meu home uma héstia imaculada: porque meu nome é grande entre os zentios, diz 0 Senhor dos exércitos” (Mal 1, 11). Isto faz voltar a nossa afirma que a io perfeito. Todos os sacrificios an- ‘eriores & Missa tinham um grande defeito: para Deus, os dons ofe- recidos nio tinham, em si, valor nenhum. Simplesmente devolviam a Deus as coisas que, para comegar, Ele mesmo criara: touros, ovelhas, Po © vinho, Mesmo todo 0 ouro que € guardado nos bancos do mundo, em si, ndo teria valor nenhum para Deus. O Senhor se Comprazia nas oferendas porque se dignava fazé-lo; aceitava gracio- Samente os nossos insignificantes dons por serem expressio do amor dos homens. Mas no Sacri ‘io da Missa irrompe um elemento novo e mara- vilhoso: pela primeira vez € todos os dias, a humanidade pode ja ferecer a Deuls um Dom digno dEle: 0 dom do seu proprio dom que Deus nao s6 se tem que aceitar, um dom que Deus nfo pode recusar, u preciso aos seus olhos porque € um dom de Deus a Deu: ‘A Missa & as trés coisas: memori ade tudo, & sac , banguete, sacrifi , que duraré enquanto 0 QUE CONSTITUI UM SACRIFICIO? “Socrates sacrificou © seu prestigio pessoal na jogada ¢ passou ‘a bola ao centro-avante, que marcou o pri lemos numa crénica esportiva iro gol do encontro”, © uso do termo “sac Sabemos que, no seu sentido original, sacrificio é um dom feito No entanto, nem todos os dons oferecidos a Deus sio sacrificios. Os cem cruzeiros com que contribuimos para as des- pesas da paréquia ou o par de calgas velhas que damos as Confe- réncias_vicentinas, ib a oferenda € subtraida ao uso huma- no e de alguma mai que se faz a Deus. ificar que € um dom Nos sacrificios pré-cristios, se ofereciam um animal, este era morto sobre o altar e, frequentemente, consumido este era derramado no chao, diante Esta destruigio do dom (nds 0 devolvemos a Ti, oh Deus!) pelo fogo. Se ofereciam vinho, HA um nome especial para o dom que se oferece a Deus em ‘A palavra outra das que tiveram fcado com o transcorrer dos séculos. Hoje em dia, stelionato. Mas, original- ignificava especificamente 0 dom ‘© mesmo sentido que idente ou de um e ma” tem a palavra “ nto a sublinhar € que © sactificio nfo ¢ um ato de A oferenda de um sacrificio é um ato de culto ver dizer, de grupo. ica que quem oferece um jo n&o o faz em nome propri UM SACRIFICIO? a Oferece-o em nome do grupo que represe! Nos tempos pré-cristéios, 0 pat da sua tribo ou familia; o rei, thos de Aariio, em nome dos isra nome dos seus stiditos; Se © de um sacrifice genuino: jo deve ter © epresentar 9 grupo em cujo nome faz a oferenda. Seja area-sacer sacerdote ou anronita-sacerdote, deve ter 0 di- ide se dirigir a Deus em nome do povo de Deus. Direta ou indiretamente, deve possuir esse mandato de Deus. £ curioso obser- fr que a palavra “sacerdote” € uma das que nao adquiriram signi- ‘ados diferentes. Ainda hoje, quando se usa 10 especifico: 0 homem que eferece sacri fem um set essa razio, ndo se chama sacerdotes aos ministros das seitas protes~ tantes: eles no oferecem sacrificios, nao créem nel Passo @ passo, construimos a definigio de sacrificio. Podemos 1 descrevé-lo como “a oferenda de um dom (chamado re um grupo faz a Deus, ¢ a destruigo dessa vitima para que & um dom feito a Deus, realizado por alguém (chamado sacer- dote) que tem o diteito de representar esse grupo”. Devemes ter idéias a Missa 0 Santo S: Jaras sobre a raziv pela chamamos jo. Tem todos os elementos essenciais a um yerdadeiro sactificio. O primeiro ¢ principal ¢ que hd a oferenda de um dom mente precioso, da vitima infinitamente perfeita: © proprio Filho de Deus. Ha 0 grupo pelo qual o dom ¢ ofere- cido: todos os 1s batizados em uniZo com o Vigario de Cristo na terra, o Papa; quer dizer, 0 Corpo Mistico de Cristo. 14 tam- bém o sacerdote: 0 homem que, por meio do sacramento da Ordem Sagrada, recebeu de Deus néo s6 0 mandato, mas também o poder necessario para oferecer a Deus este dom sublime, o poder de mudar © pio ¢ 0 vinho no Corpo © no Sangue de Cristo. O sacerdote humano, no entanto, nao passa de uma figura se- cundaria. £0 proprio Jesus Cristo quem representa realmente 0 um povo que Ele comprou com o seu sangue. & 0 to © sacerdote real de cada Missa; ¢ Cristo-sacerdote quem oferece Cristo Deus por todos nds. O sacerdote humano é simplesmente, o “instrumento viyo de Cristo-sacerdote” como nos lembra o Coneilio Vaticano II. Pelo sacramento da Or- dem Sagrada, Jesus designou esse homem e deu-lhe poderes para ser seu agente livre e cooperante; para dizer as palavras pelas quais Cristo, num ponto determinado do tempo ¢ do espago, renova @ oferenda de Si mesmo feita na cruz. ima, Cada Missa nio E 6 aqui que se dé a destruigho da 280 ‘A MISSA ¢ um novo sacrificio em que Jesus morse outra vez, mas a conti- nuagio e prolongamento — no tempo — da morte, de uma vez por todas, de Jesus na cruz, Usando uma expressio modema, poderia mos dizer que Jesus nos reativa o sacrificio do Calvario. A Missa nos torna presente ¢ eficaz, aqui e agora, a Vitima oferecida no altar da cruz. A morte de Jesus é muito mais que um fato histérico. £ um sacrificio eterno. Nao hd ontem para Deus. Na sua mente infinita, para a qual todas as coisas passadas sfo presente, Jesus pende eternamente da cruz Nao € uma verdade fécil de captar, mas é a verdade: na Missa, © tempo € a distancia so aniquilados num sentido mistico, ¢ vocé © eu nos encontramos ao pé da cruz na qual o Filho de Deus se oferece em reparagdo pelos nossos pecados. Na Missa, Jesus Cristo Sacerdot nitamente precioso, se oferece a si propris qué? Com que fim? ‘A Missa tem um fim quddruplo, ¢ esses quatro objet ‘um firme enraizamento na relagdo que existe entre Deus e nds. € 0 Dono e Senhor de toda a criagio. Tudo o que existe, foi Ele que 0 fez. Somos criaturas de Deus, propriedade de Deus; perten- cemoshe em corpo ¢ alma. Da propria natureza da relagio de criatura para Criador, surgem certas_obrigage A primeira de todas € reconhecer essa propria relagio: reconhe- cero poder, sabedoria e bondade de Deus, reconhecer que Ele € tudo e nds nao somos nada comparados com Ele. O préptio fim da nossa existéncia, a razo pela qual Deus nos fez, € dar-the gloria. Abaixo do nivel humano, as coisas criadas dio gléria a Deus pelo simples fato de existirem. Os minerais, as plantas € os animais dio testemunho da grandeza de Deus simplesmente sendo © que sio. Mas 0 caso do homem é diferente, e dele se espera mais. Com 1a alma imortal, com o seu livre arbitrio e as suas poténcias de ‘pensar ¢ falar, 0 homem nio pode ser um mero testes munho mudo da gléria divina. Com a sua liberdade, que é seu pr exclusive, 0 homem deve dar gléria a Deus livremente, deve cantar livremente os louvores divinos. Em resumo, 0 homem deve adorar a Deus. Adorar a Deus é © primeiro_ dos deveres do homem, o elemento mais essen oragio, o fim pI Vitima perfeita e Dom infi- a Deus, por nds, Por do préprio Filho de Deus, que nos representa. Depois da adoragao, © segundo dos nossos deveres para com Deus € a gratidio. Sendo Deus a fonte de todo o bem, sabemos X QUE CONSTITUI UM SACRIFICIO? 281 temos ou esperamos, vem de Deus. Nem sequer poderiamos continuar a existir se Ele nos deixasse fora da sua mente por um simples instante, A vida fisica e a vida espiri- tual, as gragas que continuamente recebemos todos os dias, 0 amor a amizade, as ondas da televisio e a agua que sai da torneira: tudo, absolutamente tudo, é de Deus e a Ele devemos agradecer. Dar gragas é pois, o segundo elemento essencial de toda oragio ¢ sactificio verdadeiros. E 0 segundo fim da Missa. Nela, Jesus Cristo oferece a Deus, em nosso nome, uma agio de gragas que sobrepuja os dons que recebemos, uma agio de gracas infinita, que a prdpria infinita bon- dade de Deus nao pode superar. ‘Além de adorar ¢ dar gracas, a nossa relacio com Deus impée- -nos outro dever: o de pedir'a Deus as gracas de que nos e os is hor lamos para alcangar 0 céu. Dotando-nos de fez com que a nossa salvagio dependesse re cooperagio: Ele no nos forga a accitar umas gragas mos. Mostramos a nossa disposigao de cooperar quan- do pedimos a Deus as gracas de que necessitamos. Deus fez também com que, em certo grau, a nossa salvacio dependesse dos outros. Jesus Cristo dignou-se fazer-nos participar tor; as nossas oragdes beneficiam os outros, Posto que é les — pelas gracas de que necessi Tezamos por Naturalmente, rezamos pelos que estio ligados a nés por lagos de sangue, de dever ou de afeto; mas as nossas oragdes devem ir mais longe ¢ abranger todos os homens, Se . podemos pedir favores temporais — ¢ Deus se compraz Tezat_ por sa. ¢ € 0 préprio Jesus Cristo quem nela i cede conosco € por nés. Além de adorar, dar gragas © pedir, devemos a Deus reparagio pelos nossos pecados. Pela pripria natureza da nossa relasio com © seu Criador —, devernos ot Rebelar-nos pelo pecado ci € a0 mesmo im nos rebelamos, € nossa obri- ‘a reparando 0 nosso pecado. Mais ; mano € a interdependéncia entre AinGs€ famMbsM necesstro que oferecemos reparagio pelos pecados alhtios.Devemos recordar de novo que Deus quer que participemos ln obra redentora de seu Filho. ca da_just la, dada a unidade do g A MISSA Nenhum de nés pode oferecer uma satisfagio adequada pelo s6 Jesus podia, ¢ na cruz o fez, e na Mis inua todos 0 valor , A nossa Teparacdo pessoal. sfagio pelo pecado, que Jesus ofereceu na cruz, que 0s nossos atos de reparagao, oferecidos em unio com os de Cristo, ganham valor ags olhos de Deus. Este & 0 quarto dos fins pelos quai & Missa: reparagdo a Deus pelos pecados dos homens. Adorar a Deus, dar-the gracas, pedir a sua graca ¢ reparar o se oferece No nosso aprego pela Missa, a gléria de Deus deve ter precedéncia sobre as gragas que ela nos consegue. CADA MISSA E A NOSSA MISSA © fim primordial da Missa é dar honra ¢ glitia a Deus. No entanto, os efeitos da Missa nio se detém ai; oferecendo a sua infi- homenagem a Deus, Jesus Cristo também aleanga grandes gra- gas para nds. As gragas que Deus, pelos méritos de seu Filho, nos concede na Missa chamam-se “frutos” da Missa. ‘Os tedlogos distinguem trés espécies de frutos na Missa. pris i Em consonancia com a intengio de Nosso © sacerdote oferece em cada Missa 0 Santo cl vos € defuntos, € pela salva- ao de’ todos os homens. Por vontade de Cristo ¢ da sua Iereja, esentes em cada Missa, ¢ 0 sacerdote que a iS mem que queira, As gragas que resultam Missa, © grau em que cada alma a recebe dependeré em grande parte iio. com que da Missa e das suas proprias disposigbes interiores. O altar irradia essas gragas comuns como ondas que abrangerio 0 mundo inteiro, mas elas encontram melhor acolhida nos coragdes melhor dispostos. Essas gracas crescem especialmente nas pessoas unidas em espirito a todas as Missas que se oferecem cm toda a parte; ai esté uma intengio que deverfamos fazer nossa todos os dias, nas oracdes da manbi. Nalgum lugar, em qualquer momento das vinte e quatro horas do dia, esté-se oferecendo uma Missa; deveriamos ter o desejo de participar em cada uma delas. i, tina tate CADA MISSA B A NOSSA MISSA 283 E evidente que a aplicagio do fruto geral da Missa nao depende das disposigdes daqueles por quem é oferecida. Se assim nos pecadores ou descrentes por gragas da Missa depende da vontade de Deus, tanto como das disposigdes pessoais. Que a Missa a conversio de almas endurecidas e empedernidas, é uma ver- todos experimentamos, Além do fruto geral da Missa, temos 0 fruto especial, que se aplica @ pessoa ou pessoas (vivas ou mortas) por quem a Missa é ida pelo celebrante. Quando damos uma espértula para que se celebre uma Missa, este fruto es aplica-se as pessoas por quem se oferece a intengio da Missa, isto é a nés ou a terceitos. Todos, sem davida, sabemos que o a1 costume de dar uma es- ir uma Missa tem a sua. m nas palavras de Sao Paulo (1 Cor 9, 13) que dizem que aquele que serve o altar ipar do altar. Nao se deve perguntar nunca: custa uma Missa?” A Missa tem valor infini prego. A espértula nio é um preco ja que fazemos. E quando o sacerdote aceit gado cm consciéncia, sob pena de pecado mortal, a procurar que essa Missa seja oferecida de acordo com as intengses do doador. © costume de dar uma espértula é no fundo, uma grande van- tagem para os figis, Poderia um sacerdote prometer dizer uma Missa alguém ¢ depois esquecer a st vez que aceitou a espértula, nao se permitiré esquecé-la wudar de opi recebé-la, é obri- = pedir 0 de Deus as da Missa seja ida pelos mortos. mos maneira de saber que parte do fruto propiciatério ma Missa se aplica a determinada alma; por a pela alma que dese- ‘Também nio temos maneira de saber quando termina € uma issa por um defunto: te que apliques 0 fruto 284 A MISSA Além dos frutos geral e especial da Missa, ha a do sacerdote celebrante. e que contribuirio para a sua propria san © reparagio de seus pecados. Este fruto ¢ chamado fruto pessoal da Missa. Uma Missa que se oferece por uma pessoa falecida nao tem que ser necessariamente de defuntos. Normaimen festa no calendario da Igreja que nao permitem que se digam Missas de defuntos, mas isto nfo deve criar problemas Aqueles que as soli tam. O fruto especial da wialmente & pessoa lecida, quer seja Isto da pé para outra questio que podemos comentar de passa- gem: 0 costume de oferecer Missas em honra de nossa Mie Santa Maria ¢ dos santos. & uma pritica que remonta aos primeiros tem- pos da Igreja, quando se ofereciam Missas pelos mértires, nos ani- versirios da sua morte. Sabemos perfeitamente que ndo se pode oferecer a Missa a um santo; s6 a Deus pode ser oferecida. Mas € grato a Deus que honremos os seus amigos, os ‘comemo- io € © mesmo de qualquer devogao aos santos: dar gléria a Deus honrando as obras mestras de sua graga: os seus santos. Quando oferecemos a nés para dar gléria a Deus, e pedimos a Deus que nos conceda as daquele santo. Por conse- guinte, podemos oferecer uma Missa em honra da Santissima Virgem ow de algum sar a uma alma ou almas do purgatério. A MISSA TEM HISTORIA Ao lermos no Evangelh perimentou um grande desenvol E um desenvolvimento que é muito facil de entender. 0 sac que Jesus Cristo ins Quinta-feira Santa é uma pedra preciosa que Ele oferec Igreja. Era uma jéia perfei ipureza_nenhuma, mas. como toda jsia, necessitava de um engaste apropriado para que a sua ISTORIA 285 Ida Missa que hoje 1a Ceia segundo Sao Mateus (26, lo gracas, deu-lho, di- los vis, que este € 0 meu sangue d ua ago de gragas bem refletida na 3, 410) que Jesus colocou antes da Ultima Cei pes us Apéstolos, um rito simbélico de pul \contramos no ato penitencial do comego da (3, 14-17) quem nos tra 2 lavagem dos 1¢40 Cujo eco £ também Sao seguiam mui ros como devia ser completa a ruptura com a a do Antigo Testamento (abolida por Deus). Continuavam i ar das ceriménias da sinagoga, e reuniam-se fe em grupos pequenos para a “fracio do po’ lo foram expulsos da sinagoga por seus irmios ju sao do pao” umas oragdes mol- wnias da sinagoga. Essas ceriménias con- sistiam basicamente em duas leituras, uma do livro de Moisés ¢ tomada dos demais profetas, seguidas de um sermio, ¢ tudo ‘Ao adotarem o modelo das sina- ": comegaram a usar leituras do Novo E assim se originou Evangetho, de uma. preparsi se chama Li ia © outras oragdes). Na real n iO para a Missa propriamente gia da Palavra ¢ outrora era designada com o nome 286 A MISSA de Missa dos cateciimenos, porque, nos primeiros tempos da Igreja, era essa a tinica parte a que podiam assistir os possiveis conversos: enquanto nao fossem batizados, ndo os deixavam assistir & Missa imeira, A elaboragio das ceriménias da Missa desenvolveu-se muito pidament ema da Missa que hoje oferecemos ficou prati- camente estabelecido no ano 150. Um escritor cristio daquele tem- po, Sao Justino Martir, descreve-nos assim a Missa que entéo se oferecia: “Num dia cujo nome se toma do sol, os que moram na cidade ¢ os do campo se retinem € entio, quando ha tempo, léem-se rias dos Apdstolos (quer dizer, os Evangelhos) e os escritos dos profetas. Terminadas as leituras, 0 presidente (quer dizer, 0 sa- cerdote) dirige-nos um discurso (quer dizer, um sermiio), em que nos pede encarecidamente que p1 juemos as belas ligdes que aca- bamos de ouvir". Esta era a Liturgia da Palavra, como hoje a . Sao Justino descreve-nos em seguida a parte mais essen- isto é&, a Liturgia Eucaristica. leva-se pio € um cilice com Agua e vinho ao presidente dos irmios, que os recebe e oferece louvores ao Pai de todos, em nome do Filho ¢ do Espirito Santo, e depois prossegue com certa detengio, recitando da Missa, em que se inclui a consagragio), porque Ele nos fez dignos de participar desses dons. Quando termina as oragdes e a agtio de gragas, todo 0 povo pre- sente responde: Amém”. (Este é 0 grande Amém da nossa Missa, que se diz depois do “Por Cristo, com Cristo, em Cristo”, logo do Pai Nosso). ‘Depois da ago de gragas do presidente ¢ da resposta do povo, conos, como se chamam entre nés, distribuem o pio e o vinho entre os que pron ram a agéo de gragas.,. ¢ ndo os tomamos. como alimento e bebida comuns; do mesmo modo como nos foi ensinado que, pela palavra de Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor se encarnou, assim também estes alimentos, para os que tenham pro- ido as palavras de petigio © ago de gracas, sio a verdadei ie © sangue daquele Jesus qi homem e que entra na nossa came © sangue quando o recebemos” (Cap. 65-67 da“ Apologia”). Vemos aqui a Missa ja muito perto da sua forma final No ano 150, a estrutura fundamental da Missa estava jé esta- belecida, No ent as oragées nela contidas continuaram a de- s fer-se_ durante mais quatro séculos e meio. Nos tempos do Papa Sio Gregorio Magno, que morreu no ano 604, 0 desenvolvi- mento da Missa tinha chegado a um esquema mui atual. SA TEM HISTORIA 287 Durante © periodo que vai de Séo Justino a So Gregério, foi do um elemento de oragio ao elemento de instrugdo que ituia a Missa dos catectimeno: da Missa. Nos tempos de Séo Justino, havia duas leituras, uma do Velho Testa- mento ¢ outra dos Evangelhos, e a homilia (sermao). Nos de Sio Gregirio, 0 ‘0 ou canto de entrada, 0 Kyrie ou “Senhor, tende © Gloria ¢ a oragto (Coleta), se inclufam nessa 10 com as leituras © © sermio. introitus”, que signi- “entrada”) obteve o seu nome. No comeco, era’ um saimo as, no século VIII, essas’ procissées solenes de entrada Pouco a pouco em desuso, € 0 Intrdito tornou-se cada ver mais curto. A procissio do Intréito € uma das quatro de que constava a Missa ja em tempos remotos. As outras trés eram a procissiio do . gulc atravessava a igreja até o “gradus” ou degrau em gue © didcono cantava o Evangelho; a procissio do Ofert6 que alguns membros da comunidade dos fiéis traziam ao altar as oferendas de po € vinho ¢ outros dons; ¢ a procissio da Comunhio, em que os presentes se aproximavam em filas ordenadas para reccber & comunhao. Em cada uma dessas procissdes, 0 coro e 0 povo cantavam um salmo apropriado. Felizmente, trés dessas procissées —a do Int », a do Ofertério e a da Comunhao — foram Tes- ‘auradas pela reforma | to vem 0 Kyrie, eleison (“‘Senhor, tende piedade Esta stiplica & misericér ina, que antes se dizia em ‘ga, vem dos dias (antes do século 1V) em que o grego ia liturgica de Roma. O Kyrie & um vestigio de um anti- ime romano. O povo congregava-se numa igreja (a da assembléia) onde se reunia com o Papa ou outro bispo iam todos em procisséo 2 outra igreja (cha- 1) para a celebragio da Missa. Durante essa procis- ma ladainha de aclamagdes a Deus, issOes cairam em desuso (por volta do século VI), Jo abreviada como parte da Missa: 0 “Senhor, € © “Cristo, tende piedade de nés", que se mantém no Missal atual A MISSA Nao sabemos exatamente quando € que o Gléria veio a fazer Parte da Missa. Sabemos que, na sua origem, eta cantado apenas na Missa da Noite de Natal, e, no século VI, na Missa dos domin- gos e em certas festas, mas unicame pelo Papa. Aos sacerdotes comuns era permitido o cai ia 86 na Missa da Pascoa. Estas restrigdes s6 foram levantadas no século XII, quando 0 Gléria Passou a fazer parte das Missas de cardter gozoso. A oracdo que o sacerdote recita na Missa logo apés 0 Giléria (ou © Kyrie, se niio hi Gléria), chama-se Coleta, ou simplesmente Ora. gio, © nome collecta originou-se no fato de que, na época das Missas estacionais, esta oragao era recitada pelo Papa ou por um bispo na igreja da assembléia ou reunigo (ecclesia collecta), antes de a procissio partir para a igreja estacional. Quando esas procis- s6es cessaram, a Coleta passou a fazer parte integrante da Missa, Para terminar a historia desta primeira parte da Missa, resta apenas explicar como surgiram 0 Credo e a Oragio dos Fi © Credo, embora fosse recitado algumas vezes durante a dos primeitos séculos, somente foi estabelecido como parte turgia' no ano 1014. pelo papa Bento VII. Depois de ouvir a palavra de Deus nas leituras, o Evangelho © 0 sermio, vemos como € proprio fazer uma declaragio da nossa fé, recitando 0 Credo antes de se proceder & sagrada Acao da Missa. A oragio dos fitis, tradicional nas liturgias dos primeiros sécuc los, consistia numa enumeragio das intengdes pelas quais se oferecia © Santo Sacrificio, cuja parte essencial comecava a seguir. Foi su Primida na época de Sio Gregorio Magno, provavelmente por terem sido incorporadas ao Canon oragdes de intercessio que cumpriam a mesma finalidade. Recentemente, o Concilio Vaticano IT quis res- {aurd-la. Na oragdo dos fikis, “exercendo a sua fungio sacerdotal, © Povo suplica por todos os homens”. Reza-se “pela Santa Tare pelos governantes, pelos que padecem nevessidade, por todos os hi mens ¢ pela salvagio de todo o mundo” (Instrugio Geral do Missal Romano, n.° 45) A LITURGIA EUCARISTICA, A Liturgia da Palavra € a primeira das duas grandes partes da Missa, que nos prepara com leituras, oragSes e instrugio para a gran- de Agdo da Missa. Nos ritos, no ato. peniteneial, no Kyrie, no Gloria € na oragao inicial da Missa, nés nos dirigimos a Deus. Nas keituras ¢ nas homilias, Deus se dirige a nés com palavras de ins- trugio e admoestagio. RCIA EUCARISTICA 289 Agora estamos prontos para comegar o Sacrificio, Na Jgreja iva, chegado este momento, os cateciimenos € os penitentes pi- blicos deviam abandonar a assembigia: $6 os batizados que sessem sob interdito_permaneceriam para a Eucari Gragas, a Missa. Foi por essa razio que esta parte da Missa pas- @ chamar-se a Missa dos Figis, hoje designada pelo nome de tem ts partes, A primeira costuma chamar-se Ojertério. Comega com a apresentagio das oferendas — acompanhada as vezes por um canto — € acaba com a Oragio so as oferendas: em seguida, vem a Oracio Fucaristic ‘i centro da Missa, que comeca com o Preficio e t om a cha mada doxologia final: “Por Cristo. com Cristo, em C % finalmente, temos a Comunhdo, que comega com o Pai Nosso e ter ina com a béncao e despedida finai ssas tres partes da Missa € este: No Ofertério. apresentamos as nossas oferendas. © nosso amor, © nosso ser (representados pelo pio © pelo vinho): unimo-nos Cristo, que esté prestes a oferecer-se. como.oferenda perfeita, & Santis. ‘Trindade, Na Oracio Eucaristica, Jesus consagra a nossa oferen- ‘ consigo, dom infinitamente perfeito. até Deus. Na Comu- Missa. tendo accito a nossa oferenda e depois de transfor- na Pessoa infinitamente preciosa de seu Filho, Deus nos de- lve esse dom. No Ofertétio. unimo-nos a Jesus em espfrite: na munkiio, unimo-nos a Ele realmente, a fim de crescermas ¢ viver- a vida eterna Podemos tepresentar a Missa como um tridngulo. Por um lado, nos com Cristo até Deus. No do triangulo, esté a Cor wragio da Missa. a aceitagao de Deus ¢ a transformagio, Pel cutro lado, Deus desce até nés em Cristo, © para descrever em detalhe o de- Liturgia Eucaristica. Aqui apenas pode- \S pontos de maior relevancia. Na lgreja_primitiva, 0 Ofertério era mais uma agio do povo ue uma série de oragées recitadas pelo sacerdote. Depois da Missa los catectimenos, os figis aproximavam-se do presbitério em procis- trazendo as suas oferendas, Traziam pio e vinho, dos quais ‘ma parte seria utilizada para confeccionar a Eucaristia, Mas tam- bem 0 n outras dadivas. como frutas, mel. azeite. queijo ou k F mas eram para o Coxpo Mistico de Cristo, para ajudar os res € para manter © clero. Fosse qual fosse a oferenda, seu sim- bolismo era o mesmo: esses donativos representavam o doador, ‘que Se colocava a si mesmo na Missa. 20 A MISSA Um didcono recebia as oferendas e colocava-as sobre uma mesa perto do altar, esvaziando as vasilhas de vino num recipiente maior, € dispondo os pies sobre um pano de linho. Durante a procissio do Ofertério, a comunidade dos figis ¢ @ coro alternavam-se no canto de alguns salmos apropriados. Terminada a oferenda, © diécono levava ao altar 0 pio ¢ 0 vinho que iam ser necessitios para o Santo Sacrificio, incluidos os que seriam devolvidos aos figis como dom de Deus sob a forma de Sagrada Comunhio. Depois de ter aceitado © disposto as ofe- rendas sobre o altar, os que as haviam manejado Tavavam as mios: esta € a origem do lavabo que o sacerdote faz hoje na Missa. Entio, © celebrante dizia uma oragio sobre 0 pio ¢ 0 vinho destinados ao Sacrificio, a tinica oracio do Ofertério que era dita pelo sacerdote. Esta aparece na nossa Missa atual, como oraciio sobre as oferendas, oragio que se diz logo antes do Preficio, © Ofertério termina com a oragio do sacerdote sobre as ofe- rendas. E agora vamos entrar na parte mais solene do Santo Sacri- a Oragio Eucaristica ou Canon, que se inicia com um hino de louvor chamado Prefacio: um hino que canta a gléria do Rei ‘que estd prestes @ chegar e a subir ao seu trono. a cruz, A palavra “canon” — tradicional, na Igreja, para designar a Oragio Eucaristica — significa regra. Na lingua grega, canon signi- fica tanto régua de carpinteiro como regra de conduta, Esta parte central da Missa chamou-se Cinon porque é fixa — em seus diversos formulrios — ¢ imutavel, no sentido de que o cclebrante nio pode acrescemtar-the ow tirar-Ihe nada Nos primeiros tempos da Igreja, ndo era assim. A Eucharistia ou Ago de gracas — que assim se chamava 0 Canon — consistia numa oragio improvisada na sua maior parte pelo sacerdote, em que se agradecia em detalhe a Deus os seus muitos beneficios © bon- dades; ¢ alcangava 0 seu ponto culminante na descrigio do maravi- Ihoso dom da carne e do sangue de C: Gradualmente, algumas dessas oragées (provavelmente, as com- postas por bispos especialmente venerades) foram sendo adotadas de modo gcral, ¢ mais tarde tornou-se costume usar apenas uma delas © Canon Romano (a atual Oragio Eucaristica primeira), que desde © ano 600 até os nossos dias permaneceu substancialmente inalte- rada. Atualmente, © novo Missal Romano contém quatro Ora- ees Eucaristicas — 0 sacerdote eseothe uma ou outra, conforme as circunstineias —, restabelecendo assim © uso de algumas daque- antigas formas. E interessante notar que os primeiros cristios consideravam a Oragio Eucaristica inteira como a oragdo da Consagracio. Hoje io € 0 vinho se convertem no © Sangue do Senhor no momento em que o sacerdote as palavras “Isto € @ meu Corpo" ¢ iva cristiandade, no entanto, os cristiios que nés da diferenca centre as suas partes. Por essa razio. a Tereja terminava a Agio com a clevagio da Sagrada Hostia e do Calice. exatamente antes do Pai Nosso. para que o povo pudesse adori-los Durante esta foi a tinica elevagio da Missa. A eleva- io das espécies consasradas imediatamente apés a Consagracio s6 se introduziu no século XT_A primitiva clevagio ainda se conserva na Missa — ao dizer-se “Por Cristo, com Cristo, em Cristo’ conserva 0 set posto relevante. quando se eleva a patena ¢ 0 le © povo, enquanto este diz em unissono 0 Grande “Amem™, Com o Pai Nosso comega o rito da Comunhao, a terceira das Partes que compiem a Liturgia Eucaristica. Como ‘as outras, esta também se. ‘olveu_gradualmente através dos séculos. Deve-se notar que. nos tempos antigos, até bem avancada a Idede Média, tinha-se por certo que todos os que mA Missa receberiam lambém a. Sagrada Comunhio, Durante os primeiros mil anos de istoria crist. © povo tinha a plena compreensio de que cada Missa nossa Missa”. Todos participavam da Missa da maneira mais completa possivel. o que supunha participar na Vitima do Sactificio, reeebendo de Deus, transformado, o dom que The haviam oferecido: Por outras palavras, indo comungar. Na Idade Média, este sentido de par diminuido e, em consequéncia, o povo se desleixou em receber a Sagrada Eucaristia. Desde os tempos dos papas Sio Pio X e Pio XIL. a Tereja empenhou-se sobremaneira em restaurar o conceito da Comunhiio como parte integrante do Santo Sacrificio, animando. frequente, por causa de um sentimento lade. Devemos ter presente que Jesus 10 nos os para podermos comungar frequentemente. ic comunguemos frequentemente para podermos os anos, surgi na Tgreja uma heresia chama- nome de um bispo holandés, Jansen, que re O tema da graga, extremamente rigoroso A heresia jansenista sustentava que s6 os muito santos podiam receber a Sagrada Comunhio frequentemente, e que inguém deveria usar aproximar-se da Santa Mesa sem uma pre- Paracio profunda ¢ uma longa e intensa prética da virtude. E apesar de ter sido condenada por varios Papas, essa heresia difundiu-se por foda a Tgreja © perdurou em certa medida até 0 nosso préprio sé 6 recebeu 0 golpe de morte quando o Papa Sao Pio X promulgou © seu famoso decreto sobre a Comunhio frequente. © Papa Sio Pio disse muito claramente que, além de se estar re de pecado mortal, a outra nica condigéo necessiria para co- Tungar diariamente € fazé-lo com intengio feta. A intengio mais Perfeita um ardente desejo de nos unitmos a Jesus por causa do Rosso grande amor por Ele. Pode ser que no tenhamos alcancado ainda esse grau de perfeigdo nas nossas disposigdes, 0 grau de termos fome dEle, No entanto, mesmo que a disposigio’ nao seja perfeita, 14 a ser reta, Comungar pelo desejo de vencer as tentagdes € au Mio conservasse as aparéncias de pio, nao receberiamos a Sagrada hem as pragas que esse sacramento nos confere. Deve- pois, manter a Sagrada Hostia na boca apenas o tempo sufi- Para que se umedeca e a possamos ingerir. Seria um erro sério recebermos a Sagrada Comunhio quando fremos de indisposigdes digestivas que possam facilmente producit Se alguém sofresse um ataque repentino de ndusea ¢ vo. mitasse a Sagrada Héstia, deveria recolhé-la num pano limpo ¢ ene trega-la ao sacerdote para que dispusesse dela. Se o sacerdote niio se encontra perto ou & duvideso que as aparéncias de pio ainda subsistem, os vmitos devem ser envoividos num pano e queimados, rma _geral por simples devocdo. Mas a Instrugdo Immensae charitatis de 29 de Janeiro de 1973 esta. beleceu: iplina vigente, os figis podem aproximar-se da Sagrada Comunhéo pela segunda vez no mesmo dj Missa do dia de Péscoa ou numa das Missas que sao dia de Natal, ainda que hajam comun; no sibado & tarde ou na véspera de um dia de preceito, se se quer cumprir com a obrigagio de ouvir Missa, ainda que jé se tenha comungado no mesmo dia pela man: Podem apresentar-se outras circunstincias especiais 1 Permitido receber pela segunda vez a Sagrada Comunhio (ci casos mais normais estabelecidos na Instrucio): nas missas fm gue se administra os sacramentos do Batismo, Confirmagao, Ungio dos Enfermos, Ordem, Matriménio, na Missa em que s¢ a a primeira comunhao: nas seguintes Missas de defuntos: Missa de exéquias, “ao receber a n na missa celebrada no dia do enterro € na do primeiro aniversirio: por ocasiio da. ad pistragdo do Viatico, durante a qual se pode dar a comunhio aos familiares ¢ a amigos do enfermo que se acham presentes, Naturale Genie, a Instrugio refere-se a pessoas que jé receberam a Sagrada Comunhao nese dia Tenho obrigacao (desde a Quarta-Feira de comungar uma vez por ano pela Pascoa de Cinzas até o dia de Nossa Senhora do A SAGRADA COMUNHAO. CONSELHOS PRATICOS PARA COMUNCAR ais Carmo, 16 de julho) € em perigo de morte. Omitir deliberadamente a comunhéo em qualquer desses casos pecado grave Deveria comungar com a frequéncia que me fosse possivel. A Sagrada Eucaristia € 0 nosso alimento espiritual e, pelo menos, de- veriamos ter tanto interesse em alimentar. @ nossa alma como em alimentar © nosso corpo: ora, ninguém omite as suas refeigdes. por grandes temporadas. A Sagrada Eucaristia é também garantis de fel cidade eterna, se a recebemos regularmente ¢ com razodvel frequén. cia, todos 08 dias, se pudermos. Jesus prometeu: ““Aquele deste pao viveré eternamente” (Jo 6, 59), a Tgreja concedeu aos que tém dificuldades fazer 0 propésito de receber a Sagrada Comunhdo em todas as Miss que assistamos, como faziam os primeiros éristaos Ponhamos que estamos preparados por dentro © por fora para fazer uma comunhio digna, Podemos perguntar-nos: “Quanta graya poderei receber quando comungar?” Ji ouvimos dizer que uma sé comunhio contém um depésito wsgotdvel de gracas, que uma s6 comunhio seria suficiente pare ving ont Uma pessoa. Jé ouvimos estas e outras afirmagses. pa- € pode de gragas que cada individuo recebe ipacidade que esse in: Agua no Oceano A\ . mas uma garrafa de ler conter um litro dessa agua, mesmo que a mergulhemos ate aoe forma parecida, a nossa alma tem uma capacidade ‘ada para a graca. Como criatura finita que é nenhuma ses pode ter capi Para a graga, nenhuma alma ndig6es de absorver toda a graca que uma comunhiio poe to ndo quer dizer que em cada conseguindo toda a graga que Ie nao capacidade S6 Deus sabe qual ‘a de graga de uma alma. Mas todos podemos lavermos alcancado ainda essa capacidade ma- A SAGRADA COMUNHAO, Aumentamos a nossa capacidade de graga quando retiramos a areia da garrafa, quando tiramos os obstaculos & graga que embara- gam a nossa alma. O primeiro ¢ 0 maior deles € 0 apego ao pecado Yenial (uma comunhao digna pressupde auséncia de pecado mortal). Enquanto houver um sé pecado venial que ndo queiramos abandonar (um rancor contra o chefe, @ intemperanga no uso do dlcool, uns comentarios maliciosos com laivos de murmuragio), estaremos tedu- zindo 2 capacidade de graga da nossa alma, Uma vez livres do pecado venial, ainda resta a lta contra as imperfcigées, essas falhas que mostram que o nosso amor a Deus ndo ainda de todo o coragao. Pode haver desleixo ou desinteresse na nossa oragio, resisténcia’ egoista em ajudarmos 0 préximo, falte de esforgo para veneer a nossa irritabilidade ou impaciéncia, certa vaidade infantil nas nossas atitudes ou nos nossos talentos. —Sejam quais forem, esas imperfeigdes sio provavelmente muitos grios de areia na nossa garrafa, Que podemos fazer com esses pecados ¢ imperfeigdes? Por um pouco mais de esforgo ¢ receber a Sagrada Comunhio com maior frequéncia. Um feito maravilhoso da graga da comunhao & que nos purifica e fortalece contra as mesmas coisis que a impedem de agit. Com um pequeno esforgo da nossa parte, cada Sagrada ‘Comunhzo prepara o caminho para maiores gragas na seguinte. Cada wunhao edifica sobre a anterior. Este fato esclarece também a afirmagdo de que “uma sé comu- nhiio € suficiente para fazer um santo”. £ verdade que o Senhor podia, por um milagre da sua graca, fazer de um pecador um santo com uma sé comunhZo. Mas, normalmente, Deus permite que 0 cre mento na santidade seja um crescimento organico, gradual e estivel como o de uma crianga. que mal se percebe de um dia para o ro. De novo aqui uma praca cdifica sobre a anterior. B melhor conhecermos claramente 0 progresso A Gnica conclusio que devemos tirar de tudo isto é que nos importa muito que cada comunhao nos leve © mais longe possivel. sto exige uma preparagao imediata de cada comunhio, que estimule ‘0s nossos sentimentos de arrependimento, 8 amor ¢ gratidao, que nos urraste a uma entrega auténtica, para identificarmos a nossa vontade com a de Deus. E é evidente que cumprimos tudo isto se nos unimos com weridade ¢ recolhimento ao oferccimento da Missa. Depois, temos esses preciosos minutos apis a comunhio, em que Nosso Senhor Jesus nos tem, poderiamos dizer, abracados. A “agio de gragas" da comunhio significa renovarmos as nos promessas CONSE MOS PRATICOS PARA COMUNGAR ai7 de amor e gratidao, significa perguntarmo-nos quieres que eu Taga", ¢ escutarmos com sposta que vir, Se a béngao final da Missa nos apai m pé no corredor, preparados para empreender uma veloz corrida para casa em busca do nosso café com leite, € que estamos malba- tando lastimavelmente muitas gragas que Jesus ainda nao acab: nos dar. Fora alguma circunstancia excepcional, deveriamos ter norma permanecer na igreja por mais dez tos, dando gracas comunhio. Ha um ponto final (¢ muito coasolador) que convém ter pre- sente: podemos comungar com muita frequéncia: podemos prepa- tarnos adequadamente para a comunhio e depois dar gragas com gencrosidade; podemos estar tratando sinceramente, de comunhio cm comunhdo, de por em pritica os nossos propisitos e, apesar de ‘do isso (ou talvez por causa disso), sentirmo-nos insatisfeitos co- sco préprios. Entio, nio nos limitemos a exclamar: “Com tantas vomunhées, como devia ser melhor!” Perguntemo-nos também: “Sem tas comunhdes, que seria de mim?” Pel Capiruo XXIX A PENITENCIA © SACRAMENTO DA PENITENCIA E um estranho paradoxo. Frequentemente, os conversos dizem que uma das coisas mais duras para se fazerem catdlicos é 0 pensa- mento de terem de “ir confessar-se". E, no entanto, para nds, que crescemos na Igreja, o sacramento da Peniténcia & provavelmente 0 Que, & parte o Batismo, menos quererfamos deixar. A paz de mente ede alma que o sacramento da Peniténcia nos da nao tem suceda- neo. E uma paz que brota da certeza — nfo de uma esperanca in- segura — de que os nossos pecados foram perdoados, de que estamos em amizade com Deus. Evidentemente, também o converso aprende rapidamente a amar o sacramento da Peniténcia, quando supera os seus Vagos temores, temores que nascem da ignorancia do que este sacramento € na realidade. - A palavra “peniténcia” tem dois significados, Em primeiro lu- gar, temos a virfude da peniténcia, a virtude sobrenatural que nos leva a detestar os nossos pecados, por um motivo que a {é nos dé a conhecer, ¢ ao propésito consequente de nao ofender Neste sentido, 0 termo “peniténe Antes de Cristo, a 0 meio pelo qual os homens podiam alcancar 0 perdio de seus pecados. Mesmo hoje, para os que estio fora da Igreja de boa fé e nao dispdem do sacramento da Peniténcia, ela é 0 tinico meio de alcangar 0 perdaio dos pecados. Alm de Ser ume virtode, a Penténcia é um sacramento. Def nese como “o sacramei por Jesus Cristo para perdoar s pecados cometidos depois do Batismo”. Ou, para dar uma defi- nigio mais longa e descritiva, podemos dizer que a Peniténcia € 0 sacramento pelo qual 0 sacerdote, como instrumento vivo de Deus, © SACRAMENTO DA PENITENCIA 319 perdoa os pecados cometides depois do Batismo, quando © pecador est ramente arrependido, diz as suas faltas em confissio a0 saverdote ¢ se submeie 2 satisfagio ou pena que este Ihe impoe. Pela sua morte na cruz, Jesus Cristo redimiu 0 homem dope. cado © das consequél do pecado, especialmente da morte eterna, & seu efeito. pois, de surpreender que Jesus tenha insti- jo no mesmo dia em que ressuscitou dentre os mottos o sacras 0 pelo qual os pecados dos homens podem ser perdoados. Ao entardecer_ do Domigo da Ressurreicio, os, reunidos na sala alta onde Mas deixemos que seja So Foo quem conte (20, 19-23): « is €, pondo-se no meio deles, disse-lhes: A paz seja convosco, E. dizendo isto, mostrou-thes as maos eo lado. Os discipulos ale. eraram-se_venddo 0 Senhor. Disse-thes Ele outra vez: A’ paz’ seja convosco. Como meu Pai me envi eu vos envio, Dizendo soprou e disse-thes: Recebei 0 Espirito gueles a quem rdes os pecados, ser-Ihes-io perdoados; aqueles a quem os reti- \es-4iO retide Parafraseando estas palavras de Jesus numa linguagem mais mo- derma. o que Tesus disse foi tenho 0 poder de perdoar transmito 0 uso dese poder. Sereis meus ‘er pecados que perdoardes, Eu os perdoarci. perdoardes, Eu niio os perdoarei”. Jesus 16s esqueceriamos as valentes promessas lamos pecados graves depois. Sabia que muitos ipago na propria vida di inf A a Mas J uma quarta, e uma cen Pecado, com a morte dos “Apéstolos. thes deu de perdoar os pecadi vinho no seu se interrompesse , bem como Jesus nao para salvar unicamente os Jesus veio para até o fim do: ‘ontemporaineos dos seus Apés- ar todos os homens que quisessem sal. pos. Quando morria na cruz, tinha-nos idos & parte do poder de geragio em gera- to da Ordem Sagrada, E um poder que 320) A PENITENCIA te exerce quando ¢ sobre © pecador cons ito ¢ diz: “Eu te absotvo dos teus pecados. em nome do Pai, ¢ do Filho, ¢ do Espitito Santo”. Temos ouvido estas palavras muitas vezes. Sto “a formula da absoly Todo sacerdote tem o poder de perdoar os pecados pritica, precisa de algo mais. Precisa do que se chama O sacramento da Peniténcia assemelh a declaragio, e © sacerdote pronuncia a s na ordem da lei civil. 0 juiz de uma comarea judick pode julgar as causas de outra comarca, a ndo ser que seja pmeado pela auteridade. Sem essa nomeagio, nenhum juiz tem isdigdo fora da sua coma mesma maneir i espiritual no tribunal da Peni ispo da diocese Ihe dé a a, © sacerdote carece de ‘os pecados. Mais ainda. o tem licenga. Um sacerdot plo, nio pode confessar vi set que bispo de Chape envonirando-se 0 saverdote em Chape de Aracaju Ihe pega que o confesse. cada sace Mas, na se de Aracaju, por exem- fidamente na diocese de Chapecs, a nao © autorize a fazé-lo, ou a nao ser que, um dos seus paroquianos Pode acontecer uma vez ow outra que 0 sacramento da Peni- ia nos parega uma carga. Talver até t lamar nalguma_ocas “Oxal Mas também nio ha diivida de que, cm momentos de serenidade, feremos compreendido o amor que devemos @ este sacramento e como nao quereriamos passar sem cle. Basta pensar um pouco em tudo © que o sacramento da Pe faz. por se uma pessoa se separou de Deus por um de desi r dizer, por um pecado mortal), © sacramento ia essa_alma com Deus: x graga santificante Ao mesmo tempo, os pecados sio perdoados. id&o desaparece de um quarto mal se voltaa essa alma, Do mesmo modo gue a esc acende a lu lg confessar-se- sem pecado mortal, nem por isso 0 sacramento é recebido em vio, Neste caso, a alma recebe um incre- menro de graca santificant fica que se a fortalece aquela_participa: unida a Deus. E quer se esteja ou Pre perdoados todos os pecados ver tido e de que esteja arrependida 0 sem ais que © penitente tenha come- Trata-se desses pecados leves € © SACRAMENTO DA PENITENCIA 321 mais comuns que nfo nos separam de Deus, mas dificultam a plena irradiagio da sua graga na nossa alma, como as nuvens dificultam a irradiagao solar. Alem de restaurar ou avmentar a graga santificante e de perdoar os pecados mortais ¢ veniais, que outras vantagens nos proporciona este sacramento? Se se trata de pecados mortais, & cancelado pela Peniténcia 0 castigo clerno que deles resulta inevitavelmente. ve do pecado mortal, elimina também o perigo de desastre eterno a que essa alma estava destinada, Ao mesino tempo que perdoa o castigo eterno devido pelo pe- cad mortal, sacramento da Peniténcia perdoa pelo menos parte da pena temporal devida pelo pecado. Esta pena temporal & sim- plesmente a divida de satis que devo a Deus pelos meus peca- inclusive depois de terem sido perdoados. E questio de “con- ‘0s estragos”, poderiamos dizer. Vejamo-lo por um exemplo caseito: um rapaz deixa-se arrebatar por um momento de ira ¢ dé um ponta-pé numa mesinha, derru- bando ¢ quebrando um objeto de cerimica. “Sinto muito, mamae — diz cle, arrependido —, Nao deveria té-lo feito”, “Bem — diz a se esti arrependido, nao 0 castigarei. Mas teré que reco- wer os pedagos quebrados, ¢, além disso, espero que compre um objeto novo com as suas economias.” A mie perdoa a desobedién- € absolve o filho do castigo, mas espera que ele ofereca uma rebeldia. a satisfagdo que devemos a Deus por havé-lo ofendido, mamios “pena temporal devida pelo pecado”. E ou pa amos essa pena com oragdes, mortificagdes € outtas boas agbes s em estado de graca nesta vida, ou teremos que pagé-la’ no gatorio, Esta € a divida que o sacramento da Peniténcia reduz, menos em parte, proporcionalmente ao grau do nosso arrepen. mento. Quanto mais fervorosas forem as nossas disposigdes, mais Se reduz a satisfagiio temporal que devem: Outro efeito do sacramento da Peniténcia ¢ devolver-nos os mé- das boas obras que teahamos feito e que se tenham perdido Pecado mortal. Como sahemos, toda boa agao que realizamos estado de graca santifican tencio de agradar a Deus, € to & mereve-nos um aumento de graca nesta Mesmo, as agies mais simples — uma pa- um gesto de cortesia —, feitas com amor de Deus, cau- se 32a A PENITENCIA, as oragies, Missas e sacramentos. No como uma jozada insensata na roleta pode fazer perder as economias de toda um vida. Ao perdoar-nos 0 pecado mortal, Deus podia, em perfeita justiga, deixar que os nossos méritos passades continuas- n perdidos para sempre. Mas, na sua bondade infinita, nao o faz, a comecar outra vez. do principio: © sacramento da Peniténvia nao s6 perdoa os nossos pecados, como nos devolve tam- bém os méritos que tinhamos pe iamente, nte, de todos esses beneficias, o sacramento da Pe- de que possamos necessilar — ¢ na medida em que delas nevessitemos — para po- dermos sulisfazer os nossos pecados passados e¢ vencer as nossas tentagies futuras. Esta € a “graca sacramental” especial da Penitén- cia, que nos fortifica contra as recaidas no pecado. 1 a remédio espiritual que fortalece ¢ ae mesme tempo cura. Esta € a razao pela qual toda pessoa desejosa de ter verdadeira vida interior sente neces- sidade de confessar-se com frequéncia. A confissio frequente é uma das melhores defesas contra o pecado mortal. Seria, pois, 0 ctimulo da estupidez dizer: “Eu nao preciso confessar-me porque nio co- meti nenhum pecado mortal” Todos estes efeitos do sacramento da Peniténcia — a restauragio ‘ou o aumento da graga santificante, o perdiio dos pecados, a remis- sio da pena, a devolugio do mérito ¢ a graga para vencer as ten- tages — sto possiveis gracas. aos in méritos de Jesus Cristo que este sacramento imprime na nossa alma. Sestis Cristo na cruz realizou j& a sua obra por nds; no sacramento da Peniténcia, damos a Deus simplesmente a oportunidade de partithar conosco os infi- nitos méritos de seu Filho, PREPARAGAO DA CONFISSAO Provavelmente, muitos de nés recehemos o sacramento da Peni- téncia com razoavel frequéncia, E, sem diivida, quando somos seve~ ramente tentados, ou de aleum modo temas © espirito atribulado, encomtramos nesse sacramento uma fonte abundante de fortaleza e paz. Agradecemos a Deus por nos ter dado essa oportunidade tao a il, além das gragas 4 mio de obtermos orientagiio ¢ conselho es gue 2 Peniténcia nos da, Se somos sensatos, procuraromos © mesmo confessor regularmente, para que possa conhecer melhor as nossas necessidades. Nao obstante, pode ser que muitos de nis — sem grandes ten- PREPARACKO DA CONFISSAO 323, problemas de peso — recebamos o sacramento da Peni- ramente. Vamos confessar-nos com frequéncia porque ie € bom para a nossa alma. Dize- Nao sentimos sensagio alguma de renovagio ao sair- ssiondrio: no nos vemos melhorar apreciavelmente de con para confissio. Qual pode ser a causa desta espécie de apatia? Que esti faltando da nossa parte para nos confessarmos com fruto? O catevismo da uma lista de cinco condigdes para recebermos dignament’ sacramento da Peniténcia, Primeiro, examinarmos a nossa conscién sundo, doer-nos dos nossos pecados. Terceiro, fazer o firme propésito de nao pecar dai por diante. Quarto, con- fessar os nossos pecados ao sacerdote. Quinto, querer cumprir a Peniténcia que o confessor nos impoe. Omitir qualquer destes pon- ts pode ocasionar, no pior dos casos, uma confissio completamente indigna, uma confissio sacrilega; e, no melhor, uma confissio com cnos fruto, em que a nossa alma receba muito pouca graga. Consideremos em primeiro lugar o exame de consciéneia, Defi- ne-se como o esforgo sincero por recordar todos os pecados come- tidos desde a tiltima confissio vilida. Devemos cumprir essa tarefa antes de nos aproximarmos do confessionario, Se alguém tem di culdade em examinar a stia consciéncia — por exemplo, por estat afastado da confissdo hd muito tempo ou por ter pouca formagio iosa —. 0 sacerdote o ajudara com gosto a fazé-lo, se Ihe falar Mas o normal é ter os pecados antecipadamente preparados para desfilarem em revista perante o sacerdote, logo que este nos ossa ouvir. A questio & saber se 0 nosso exame de consciéncia tem a pro- fundidade e a seriedade que deveria ter. facil, especialmente se os confessamos com frequéncia. descurar este ponto. “O mesmo dltima ver", dizemos. “Descuidei as oragdes, usei 0 nome cue da él de Deus com pouca reveréneia, perdi a paciéncia uma vez e disse duas ou trés mentiras pequenas.” E com essa olhada ripida julga- Mos estar preparados para a confissio. Parece que esquecemos que © que vamos receber € nada menos que um sacramento, um sacra- mento por cuja eficdcia Cristo morreu em agonia, O nosso exame de consciéncia deveria ser uma preparacio pausada ¢ cuidadosa: caso Contrario, niio nos deve surpreender que a nossa quota de graca seja Pequena, Antes de mais nada, © nosso exame deve comegar com uma eragio fervorosa, pedindo ao Esptrito Santo luzes para podermos Feconhecer os nossos pecados claramente, confessi-los adequadamente A PENITENCIA ARAGRO DA CONFISS\O 325 ler-nes sinceramente. St depois nos dedicaremos a inven: Sem pressas nem nervosismos (deixando que outros pas. mM 4 nossa frente no confessiondrio, se chega a nessa \ez e nao estamos preparados), repassaremos os mandamentos de Deus © da Igrcja e 0s nossos deveres part plican- i nossa pessoa. “Devemos preocupar-nos de recordar os, peca. dos mortais se. Cada pecado mortal deveria doer-nos como a proverbial punhalada. Mas. como pretendettos fer zet uma conti ito frutifera, buscaremos também os nossos pe- fados veniais, aquelas coisas gue impedem 0 nosso pleno amor a Deus. Podemos sentir a inclinagio de despachar um ou outro mandae Bento demasiado depressa. Dizemos: “O primeira mandamento? Nao adorei n Nao, evidentemente. Mas que acon- tece com as irreveréncias cia, com as distragdes na oragio, com im pouco de superstigao talvez? “O quinto mandamento? Nao mate! ninguém”. iio: mas que acontece com as broncas em casa, quando comego @ gritar ¢ deixo todo o mundo ressentide? ‘Que dizer sobre o rancor que guardo contra fulano e sicrano? Que dizer sobre a minha secreta esperanca de que fulano “se meta na entree gada que andava procurando”?’ “O sexio? Nao cometi adultérie on fornicagio”. Nao, mas que dizer desse olho curioso na praia, desens piadas marrom de escritério? “O oitavo? Ah, sim! Disse tune oe duas ment Sim? E que dizer daquela murmuragio daninha que soprei, daquclas € preconceitos contra essa Pessoa de outro pais ou raga? Quando de verdade comegarmos a Slaminar-nos sobre a virtude da caridade, surpreender-nos-a ver que necessitamos de mais tempo do que pensavamos E que acontece com a honestidade da nossa conduta em assun- tos de dinheiro, com a justica com os subordinados. coma nessa generosidade em repartir com os menos afortunados os nossos: bens Indleriais? Que acontece com a nossa plena accitagao de tudo 0 que a Tereja ensina? E com a temperanga e a sobriedade na comida ¢, Sobretudo, nas bebidas? (Ou teremos que embebedar-nos para per, ceber que nio somos comedidos?) E com o exemplo de vida chat que damos aos que nos rodeiam? jo ¢ necessario continuar aqui a lista. Uma fraqueza a que inclinamos € comparar-nos com © vizinho da frente ou com a ha do lado, ¢ concluir que, depois de tudo, nio somos tio maus assim. Esquecemos que 0 iinico com quem temos 0 ditcito de com Pararenos & Jesus Cristo. Ele & 0 nosso modelo, ninguém mais. es _de que temos dor sincera dos nossos pecados. Podemos T-nos involuntariamente de confessar um pecado — até mortal — € mesmo assim fazer uma boa confissio, receber o perdav dos nossos pecados. Mas também podemios confessat todos os nossos pecados com a indxima precisio e, no entanto, sair do confessionario n cles ainda em nossa alma, se nao temos uma contrigio sincera, ‘io tao essencial para recebermos valida- mente © sacramento da Peniténcia? A palavra “contrigao” deriva do latim ¢ significa “moer”, “pulverizar”, A idéia de reduzir 0 eu a Po € a gue nos leva a apresentar-nos diante de Deus com pro- funda humildade, O Concilio de Trento, que tratou amplamente do sacramento da Peniténcia, diz. que a contrigio & “um pesar de cora. glo € detestagio do pecado cometido, com o propésito de nunca mais cometé-lo”, E facil compreender a necessidade da comtrigdio como condigaio Para © perdi. Se ofendemos alguém, uma loucura pensar ue essa Pessoa nos perdoard mesmo que nao sintamos dor da ofensa fmetida nem Iho fagamos saber. Nao é de surpreender, pois, que Deus, a quem ofendemos com uma desobedigneia deliberada aoe seus mandamentos, exija que nos arrependamos das nossas ofensas. para sermos absolvidos da culpa. Deus nio perdoa nenhum pecado, mor. tal ow venial, se nao estamos arrependidos. Mas também temos a outra cara da moeda, muito mais conso- ladora. Nos assuntos humanos, deparamos is vezes com gente ran- Sorosa € vingativa, que nunca perdoa um insulto, por mais que nos doa mal cometido ¢ nos desculpemos. Deus nao é assim. Deva perdoa toda ofensa, por odiosa que seja, se 0. pecador tem verda- deira contric Temos que distinguir duas espécies de contrigiio: a perfeita e a aigpurtelta. A diferenga entre elas baseia-se nos motivos que as pro- duzem. nos “porqués” do. nosso arrependimento, A eonrie, er {ila ¢ a dor dos pecados que nasce de um perfeito amor Dose, Se a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, simplesmente Dor Ser infinitamente bom © merecedor da nossa lealdade absolute, ©. 88 consideragio nos leva ao pesar de o termos ofendide, Esta € a contrigdo perfeita Deve-se notar que este “am: a Deus sobre todas as coisas por mesmo” no impli jamente um sentimento de amor A humana, em E facil. sentirme iran itis Pessoas que por Deus: mas isto nio quer dizer que (roiranos essas pessoas a Deus, Santa Branca, miside She Ls (© rei Luis IX de Franga), di-nos um bom exemplo disso. Nio se Ponte duvidar do ardeme amor materno que sentin. por se fi & Antes de receber sacramento da Peniténcia, & importante exa- ‘ninarmos bem a consciéncia; mas é ‘mats importante ainda assegu- a \ CONTRICAG 1s © ato de contrigio, devemos renunciar resolutamente a todas yieagas a0 nosso bem espiritual, quer provenham de pessoas, res, de coisas ou de certas atividades Deveese notar que © nosso proj to de emenda — a nossa re- solugio de evitar o pocado e as ocasides préximas de pevado — deve abranger no sé os pecados mortais que tenhamos cometido, mas todos os pecados mortais possiveis sem exeegio. Sem esta resolugio nenhum pecado mortal pode ser perdoado. uagio € diferente com relagio a0 pecado venial. O pecado venial no ra Ge Deus, nao extingue a sua graga em nossa Por conscguinte, & possivel obter 0 perdio de determinado 9 venial, mesmo que os outros fiquem por perdoar. Isto significa © © nosso propdsito de emenda deve estender-se a todos os peca~ dos veniais que esperamos nos sejam perdoados, mas nao necessa- iamente a tods > pocados veniais cometidos. Agarrar-se a algum pecado vei ‘ Wo se Tenuncia a outros, denota, evidentemente, um nivel o de amor a Deus, ii nao estamos falan- do do que & melhor, mas do minimo necessario. Sem dor nao pode haver perdio, e sem propésito de emenda haver dor genuina. & um principio evidente e, no entanto, vel que algumas pessoas, que se horrorizariam ante o pensa- de fazer uma mi confissao ocultando um pecado mort senlem © mesmo horror ante uma confissio invilida por falta de um propdsito firme de emenda, Se alguém € culpado de pecados mortais, ndo basta que os diga ao confessor ou recite um ato de contrigio rotineiro. Se o penitente nao esté sincera e firmemente resolvido a niio tornar a cometer um pecado mortal, a sua confissio é um ato de hipocrisia. £ uma confissio tio ma como a daquele que oeultasse conscientemente um ou mais pecados mortais a0 con- fessor. No entanto, a0 ganharmos conseiéneia da necessidade de fazer ‘um propdsito de emenda sincero, nfio devemos cair no erro de con- fundir 0 momento atual com as possibilidades do futuro, Uma pes- $08 pode muito bem experimentar sentimentos como este: “Arreper Go-me sinceramente dos meus pecados mortais, real e verdadeira- mente nfo quero cometer nenhum pecado mortal outra vez. Mas conhego a minha fraqueza e sei como, sob pressio, tenho quebrado 63 meus bons propésitos no passado. Ja antes me propus nao cair outra vez, mas cai. Como posso, pois, estar certo de que o meu propésito de agora é firme?” Podemios estar certos de ter um firme propésito de emenda agora, se mantivermos @ nossa mente no agora, sem procurar complicagées imaginando um futuro hipotético. Ainda que no passado tenhamos AGHADECER A DEUS PELA CONEISSAO 331 pode ser a vez em que saltemos 0 te esta pode ser a vez em que, com a paciente lcancemos © triunfo. Ainda que seja um axioma avalizado por um longo uso, niio ¢ verdade que o inferno esteja chcio de boas intengdes. O que esté ; 0 do inferno esta cheio contra a earidade ou qualquer bsolutamente claras acerca e conta na conjissio é este ser que depois da vilria final. Mas 0 > que deixa de Tutar. n com certa fre- Se erro, ditet que sinto muito, ¢ Deus me dizer os meus pecados a umt simples Deus mic perdoe.” Parece uma afirmagio razoi- ie? E, no entanto, este rede de pescador. los de outro modo. 2s cometidos » sacerdote parte o esse & 9 modo de Fazc-lo. 0 ede re los fosse parte essen- 5 sacerdots pecados, Ele hes-io perdoa- 382 A CONTRICAO. queles a quem os retiverdes, ser-lhes-io retidos” (To 20, 23) E, com Jesus ni essay palavras © esas palavras nao tém sentide a ni ser que pres- suponham 2 acusagio dos pecados. Como € que os Apéstolos © os sacerdotes que os sucederiam poderiam saber que pecados perdoar ¢ que pecados nao perdoar se nao soubessem que pecados eram esses? E como € que poderiam conhecer esses pecados se niio fosse 0 prd- prio pecador a manifest 1s? A histéria da Tereja confirma o significado patente dessas pala- vras do Senhor. Os escritos. primi we, jd desde o comego da Igreja. s6 se concedia 0 perdio aos penitentes depois de confessarem os seus pecados. A. pri entre meiros séculos © os nossos dias & que, quando a Igreja sua_ inf © perdio dos pecados nio era concedide sem mais nem menos, Se o pecado era do conhecimento piiblico — como a a inato —, 0 pecador devia submeter-se oda a vida, ¢ 86 the era concedido 0 sacramento da Penitén © que os criticos ie esquecem ¢ que nem todas as palavras de Jesus estio reg nos Evangelhos. Quando consideramos que Jesus pregou ¢ ensinou due rante um periodo de quase u@s anos, perceberios como € pouco o que as poucas paginas dos quatro evangelistas registram em compa- \s da Tgreja) ragio com tudo 0 que Jesus deve ter ensinado. Pode tos, por cxemplo, de que. na noite do Domingo da Ress Apéstolos aproveitaram a fundo a ocasifio para pergi qual o s pecados, perdao, A historia mostra-nos que a manifes dos_pecados. para obter o perdi é tio antiga como a Igreja Catdlica. Fm consequén- © sectério que afirma que “a confissio ¢ uma invengio dos Padres para ter as pessoas na mio” est exibindo a sua ignorincia tanto quanto os seus preconceitos. A réplica evidente a ico € perguntarthe: “Bem, se os padres inventaram a con= entio por que nio se eximiram eles priprios da obrigagio de confessar-se?” O Papa tem que confessar-se, os bispos tém que confessar-se. os padres tém que confessar-se, tal como toda a gente. cado exato das suas palavras: © sobre as condigdes que teriam que exigir para esse fie que ouvimos de vez em quando de que o sacramento da Peniténcia € um que devemos temer ¢ evitar tanto quanto possivel tes, sabemos que nao é assim, que essa € uma patranha, Sabemos que o sacramento da Peniténcia LK A DEUS PELA CONFISS0 333 n dos maiores presentes que Deus nos fez. um presente sem o Poderiamos passar e que sempre teremos de agradecer. m primeiro lugar. a0 requerer a explicita confissio dos nossos pecades. Deus nos protege contra 2 universal fraqueza humana, que nos Iva a justificar-nos. Esta muito bem dizer: “Na intimidade minha alma, direi a Deus que me arrependo, ¢ Deus me per- Se nos fosse pedido somente isso, seria ‘muito facil en pensando que estivamos arrependidos, quando, na reali- ide. continuatiamos apegados aos. nossos pecados ¢ 0s tomnariamos a cometer com a maior sem-ceriménia. Mas quando temos que tra- wz, quando temos que por-nos de joelhos € manifesti-los voz, entio temos que enfrentar a verdade. Ja nio é tao que nos enganemos, Deus, que nos fez e sabe com que faci- lidade nos enganamos, proporcionou-nos um bendito meio para nao tos iludirmos, Outro dos beneficios da confissio, digno de ser levado em conta parte do sacraniento da Peniténcia, & que nos proporciona um consclho autorizado para as nossas necessidades espirituais. Assim como um médico nos ajuda com a sua cigncia a curar e a prevenir as doengas fisicas, na confissdo encontramos um perito nos males da alma, que nos prescreve os remédios ¢ as salvaguardas necessdrias para conscrvarmos a satide espiritual e crescermos em santidade, Também nio é desprezivel a ajuda psicoldgica que obtemos na confissio, tal como a sensagio de alfvio que se segue & manifestagio dos nossos pecados. a paz e o jttbilo interiores que acompanham a feca de termos sido perdoados, a libertagio dos sentimentos de culpa que nos perturbavam e desalentavam. N&o nos surpreende que um eminente psiquiatra (no catilico) tenha dito: “Se todas as reli- ides tivessem a confissto, haveria muito menos pacientes nos nossos "”. No nos surpreende também que aquele que conhece 08 beneficios deste sacramento exclame: “Obrigado, meu Deus, pela Confissio! Depois do Batismo, ha uma s6 coisa que nos pode separar de Deus: 0 pecado mortal, 0 reptidio consciente e deliberado da von- ade de Deus em matéria grave. © principal fim do sacramento da Peniténcia & restaurar na alma do pecador a vida divina (a graca Santificante) que havia perdido. Por conseguinte, os pecados que devemos dizer na confissio sao todos os pecados mortais cometidos depois do Batismo © nio confessados previamente. Ji que © pecado venial ndo extingue em nés a vida da graca, somos obrigados a menciond-los na confissio. Mas é muito i : nada nos pode de terem sido perdoados do que submeté-los & x A CONTRIGAO m disso, no sacramento da Peniténcia roscbemos gragas especiais, que mos dao forgas para evitar esses pe- cados no futuro, Mas & verdade que o pecado venial pode ser per- doado fora da confissio por um ato de contrigao sincero (ao menos se for uma contrigio perfeita) e um propésito de emenda. hd obrigagio de confessar os pecados mortais duvi- dosos. “Mas, novamente, é mais prudente manifestar esses pecados na confissio, para o bem da nossa paz interior e por causa da graca que recebemos co: is. No entanto, nao é imprescindivel confessar os pecados mortais duvidosos para se fazer uma boa con= fi Se o fazemos, devemos mencionar as nossas dividas ao sa- € confessi-los depois “como estiverem na presenca de Deus”, Um exempio de pecado mortal duvidoso seria um acesso de ira vin- 1, que desperia em nds a diivida de saber se essa ira foi plena- mente detiterada ou ne, Outro exemplo poderia set 0 dos pensa- mentos impuros, com a diivida posterior de saber se consentimos imos com a prontidio suficiente, Nao € necessdrio ‘sublinhar que devemos ter muito cuidado em hos enganarmos nesta matéria. Devemos fugir de nos procurar- mos convencer de que um pecado mortal € duvidoso quando ha dicios razoziveis do contrario. Ao confessarmos os nossos pecados mortais, temos obrigagio de dizer 0 mimero de vezes que cometemos cada pecado. Para um catdlico praticante que se confessa frequentemente, ndo hé nenhum problema nisso. Quem nao se tenha confessado hd muito tempo pode ver-se em dificuldades. Deve lembrar-se entio de que Deus wo pede @ ninguém o impossivel. Se no puder recordar o némero exato de vezes que cometeu certo pecado, basta que faca uma estie mativa sincera. Um modo pritico de proceder nesses casos € fazer © cAlculo com base no niimero de pecados cometidos por semana ou por més, ou Ao referirmos os nossos pecados na confissio, temos que indicar a espécie de pecados que cometemos. Nio basta dizer: “Pequei contra o segundo mandamento”. Devemos mencionar (supondo que © pecado foi mortal) se pecamos por blasfémia, falso juramento, maldigio ow profanagio. Nao basta dizer: “Pequei contra a jus. ica”. Temos que distinguir se foi roubo, fraude, dano A proprie- dade ou a reputacéo alheia, A maioria dos devociondrios propor- clona uma relagio de possiveis pecados, que podem ajudar o penitente a enumeré-los e classificd-los. Néo convém sobrecarregar a confissio com pormenores desne- cessirios das faltas cometidas. Os incidentes que nos tenham levado @ odiar © cunhado e as consequéncias que dai resultaram para a CER A DEUS VELA CONFISSAO 335 écie do pecado, isto & q ic ao pecado uma nova mali que copo dourado nio basta se porventura esse copo fo a; neste caso, a0 pevado de roubo acresventa-se © pecado de sacribégio. Nao basta dizer que se jurou falso se 0 juras mento CaUsOU UM grave prejufzo a um terceito nos seus bens on ha sua Tama; neste caso, acrescenta-se a injustiga ao perjuirio, Para fazer uma boa cont € importante nio sé dizer os pecados, mas também dizé-los de modo adequado. Se todo 0 esp ito do sacramento da Peniténcia & de arrependimento pelo erro re- thecido, € evidente que devemos ir & confissio com uma profunda umildade de coracio, Atitudes como as daquele que diz: “Bem, afinal de contas, nao sou tao mau assim”, ou “imagino que sou como todo © mundo” ou “todos fazem coisas assim: nfo deve ser um pecado tio terrivel”, seriam fatais para se fazer uma boa con- fica nada mais (¢ nada menos) que deve- mos manifestar os nossos pecados com sinceridade e franqueza totais, sem intengfio alguma de oculté-los ou desfiguri-los. A nossa con- fissie ser ncera se tentdssemos fazé-la usando frases vagas ou ammbiguas, na esperanca de que o confessor nfo perceba de que & estamos falando: se andassemos por af buscando um sacerdote duro de ouvido @ quem escapem as nossas palavras atropeladas ou sussurradas; se intercaldssemos desculpas e alibis com a intengio de salvar 0 nosso amor proprio, Mencionamos estes defcitos nie porque sejam pritica comum, mas para que comprecndamos melhor a esséncia de uma boa con! Tissio, A grande maioria dos catslicos recebe frequentemente e com agradecimento o sacramento da Peniténcia: sio um exemplo cons- tite de como fazer uma boa confissio, e a sua sinceridade e hu- Imildade sio fomte inesgotivel de edificagdo para os sacerdotes que 68 atendem, CarituLo XXXI A CONFISSAO ACUSAGAO DOS PECADOS Nosso Senhor Jesus Cri fosse também um aio de pk que se tornasse um peso intolera E verdade que to Batismo devem ser expl principio é va- ido mesmo quando, por necessidade urgente, ¢ preciso adiar tempo- rariamente a confissio explicita Uma pessoa gravemente docnte, que esteja tao fraca que Possa especificar os seus pecados, pode receber © sacramento da Pen ‘éneia simplesmente manifestando que pecou e que se arrepende do: pecados cometidos. Pode-se absolver um grupo numeroso de sok dos, & hora de entrarem em combate, se manifestam em termos ge a sua culpa e, a0 mesmo tempo, a sua contrigio: mas, em casos de emergéncia como estes ou outros andlogos, previstos pelas leis da Igreja, © pecador continua obrigado a manifestar em detalhe os pe cados mortais da préxima ver que for confessar-se. Se alguem recebesse uma absol fa — nos casos muito especi v el para os pecados mori cia, Teria feito ipio quando alguém se esquece de men- Cionar na confissio um ou mais pecados mortais que tenha cometido. Se depois se recorda desse pecado, deve mencioni-lo na prixima confissio, mas ndo & necessétio que corra imediatamente a0 confes- sore, entretanto, pode aproximar-se da comunhio, De ‘rislo universal do penitente, 0 pecado por ele esquecido jé foi indi- ACUSAGAO DOS PECADOS 337 retamente perdoado; fica apenas a obrigagio de mencioné-lo, se o recorda, para que seja diretamente perdoado. Seria de uma grande ins -se indevidamente & hora de preparar a confissio ov inquictar-se por medo de esquecer aci- dentamente algum pecado. Mais insensato ainda seria deixar-se per~ lurbar por vagas inguietagdes acerca de confissbes passadas. Deus é justo juiz, mas no um juiz tirano, Tudo 0 que nos pede € que usemios dos meios razodveis para fazer uma boa confissio. Nao nos dira contas das inevitaveis fragilidades humanas, pecado que temos a certeza de ser mortal ¢ que deveriamos confessar. Proveder assim é nio querer cumprir uma das condigées que Deus nos pede para nos conceder o seu perdio. Se nio nos “abrimos” a Deus, Deus nio abrird o seu tribunal ao perdio. © tragico de uma ma confissio & que produz uma reagio em cadeia de pecados, A néo ser que — e até que — retifiquemos a 0 invélida, cada confiss2o ¢ cada comunhéo posteriores servo € um novo pecado se acrescentara a0 anterior. Passar do tempo, a consciéncia poder insensibilizar-se, mas inca poderd ter verdadeira paz. Felizmente, uma mé confissio pode ser corrigida com facilidade, desde que o penitente decida emendar-se, Basta que diga 20 sacer- te: “Certa vez confissto e agora quero corti . © confessor tomar esta declaragio como ponto de partida e, inter. rogando com compreensiio, ajudara o pecador a descarregar-se do seu pecado. interrogando com compreen- em confessar uma acho vergonhosa serd nor se tivermos presente que aquele a quem nos dirigimos ¢std cheio de compreensio e afeto. O sacerdote sentado do outro ado da grade do confessionario mio est cheio de si nem disposto 8 franzir o sobrolho a cada falta que the comuniquemos. Ele tam- bém humano. Ele também se confessa. Em vez de nos desprezar pelo que temos a dizer-Ihe, admiraré a humildade com que esteremos Vencendo a nossa vergonha. Quanto maior for o nosso pecado, mais alegria daremos ao sacerdote com o nosso artependimento. Se o sacerdote chegasse a saber quem € o penitente, seu aprego por ele nao diminuiria; ao contrério, aumentaria pela sinceridade e confianga depositada no confessor. A parte estas consideragSes, sabemos —~ ¢ € algo reconfortante xdos — que 0s pecados que dizemos em confissio estio cobertos para

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