Educação Bilíngue (Libras-Língua Portuguesa) Narrativas dos 2023 Professores Surdos
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Esta é uma obra que relata uma pesquisa cuja ênfase no currículo para a diferença, inspirado nas bases de um novo campo político-cultural. Um projeto centrado no exame dos nexos entre os processos históricos pelos quais se constroem as desigualdades sociais, por um lado, e no desenvolvimento de formas alternativas de educação que apresentem uma superação das opressivas formas existentes, por outro. Mas esse projeto apresenta riscos e impõe exigências conceituais e epistemológicas para explicar o fim de certezas que ainda é para muitos um incômodo.
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Educação Bilíngue (Libras-Língua Portuguesa) Narrativas dos 2023 Professores Surdos - Paulo Cesar Machado
Sumário
CAPA
PARTE A
ARTICULAÇÕES E APROXIMAÇÕESQUE PRODUZEM SENTIDOSNA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS DO IFSC
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
UM OLHAR CONTIGENCIAL: DE ONDE SE FALAE SE CONSTITUI A PESQUISA
1.1 EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS NO CENÁRIO INCLUSIVO: RUPTURAS E CONTINUIDADES
1.2 A DESESTABILIZAÇÃO DE CERTEZAS:A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA
1.2.1 A investigação de narrativas:entre as linguagens e a comunicação visual
1.2.2 Narrativas sinalizadas e a tessitura da investigação
1.2.2.1 Procedimentos e sessões dialogadas: a captura das narrativas
ESQUEMA NORTEADOR DO EIXO 1:
ESQUEMA NORTEADOR DO EIXO 2:
CAPÍTULO 2
ARTICULAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS: DIFERENTES DISCURSOS QUE PRODUZEM SENTIDOS
2.1 TRAJETÓRIAS CRUZADAS NO ENCONTRO COM O OUTRO
2.2 REFERENCIAIS DE ESTUDOE POSSÍVEIS REDES CONCEITUAIS
2.2.1 O discurso e a representação em questãona educação de surdos
2.3 ALGUMAS IMPRECISÕES DO BILINGUISMOE DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE
2.3.1 Línguas de sinais: diferença em perspectivasna educação bilíngue
2.3.2 A linguagem e a comunicação visualcomo diferença na cultura surda
PARTE B
ENREDAMENTO DAS NARRATIVASSINALIZADAS SOBRE QUESTÕES CURRICULARES
CAPÍTULO 3
AS LINGUAGENS E A COMUNICAÇÃO VISUAL DO SURDO
3.1 EDUCAÇÃO BILÍNGUE: UM ESPAÇO CURRICULARPARA A DIFERENÇA CULTURAL SURDA?
3.2 A LINGUAGEM E A COMUNICAÇÃO VISUAL DO SURDO: ALGUMAS POSSIBILIDADES NUMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE
3.2.1 Conflitos entre linguagens em questão na comunicação visual do surdo
3.2.2 Espaços curriculares, falta de espaçose os não espaços das linguagens
3.2.3 Comunicações visuais e experiência visual:resistência ao colonialismo
3.2.3.1 Experiência visual: caminhos e relações do texto escrito e imagético nos materiais didáticos
CAPÍTULO 4
ESPAÇOS DE CONFLITO ENTRE A PROPOSTA CURRICULAR BILÍNGUE E A POLÍTICA INCLUSIVA
4.1 PARA QUEM SE PRODUZ UMA PROPOSTA CURRICULAR BILÍNGUE?
4.2 DISCURSOS DA POLÍTICA INCLUSIVA E OS SABERES DOS SUJEITOS SURDOS: ARENAS DE DEBATES NA PROPOSTA CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS
4.3 ESPAÇOS DE ENCONTROS, DEBATES E A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DAS COMUNIDADES SURDAS: A EDUCAÇÃO EM PAUTA
4.4 FRONTEIRAS ENTRE IDENTIDADES LINGUÍSTICASE CULTURAIS E O DECRETO N.º 5. 626/2005
À GUISA DE CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
SOBRE O AUTOR
SOBRE A OBRA
CONTRACAPA
Educação bilíngue (Libras-Língua Portuguesa) narrativas dos professores surdos
questões curriculares
Editora Appris Ltda.
1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.
Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT
Editora e Livraria Appris Ltda.
Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês
Curitiba/PR – CEP: 80810-002
Tel. (41) 3156 - 4731
www.editoraappris.com.br
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Paulo Cesar Machado
Educação bilíngue
(Libras-Língua Portuguesa)
narrativas dos professores surdos
questões curriculares
AGRADECIMENTOS
O presente livro, originário da pesquisa de doutorado, é resultado de muitos desafios, debates e críticas e, sobretudo, encontros e interações. Entendo que muitos fazem parte dele, entre os quais alguns colegas, professores e amigos de diferentes tempos e lugares. Foram muitos esses colaboradores e a intensidade da minha gratidão é a mesma a todos. Todos vocês potencializaram esta pesquisa. Porém, faço referência a algumas pessoas que foram essenciais nesta construção.
Aos professores surdos que participam deste estudo, que generosamente me permitiram usar suas narrativas para o entendimento de suas vivências no contexto da educação bilíngue do IFSC, oferecendo-me assim a possibilidade de refletir sobre as questões curriculares que propomos.
Aos colegas de pesquisa e vivência educacional, pelas inúmeras conversas e orientações, e por suas lutas incansáveis na construção da melhoria da vida e da educação bilíngue LIBRAS-Língua Portuguesa.
Às pessoas de meu convívio, as quais amo e por quem sou amado, no dia a dia oferecendo o impulso, a coragem e o aconchego necessários para acreditar em nossos projetos.
À tradutora intérprete da Língua de Sinais Letícia Tobal por sua participação nas sessões coletivas de entrevistas, como também nas transcrições e revisões, sempre que necessário, das narrativas para a língua portuguesa escrita. Agradeço seu esforço, seu interesse e a seriedade com que atuou o tempo todo.
A todos os colegas do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Educação de Surdos (NEPES), agradeço a parceria intelectual e interlocuções.
O que somos
significa dizer também o que não somos
[...]A identidade
hegemônica é permanentemente assombrada pelo seu Outro.
(Tomaz Tadeu da Silva)
PREFÁCIO
Começo por aqui contando à leitora e ao leitor que nas páginas seguintes irão encontrar os estudos de Machado (2023), juntamente com a essência do professor Paulinho, forma carinhosa que me refiro ao professor Paulo Cesar Machado, colega de trabalho e colega militante em prol da educação de surdos construída por e com os surdos.
O professor Paulinho nos traz reflexões e argumentos por meio do diálogo com os surdos participantes de seu estudo, onde debate sobre questões curriculares e relações de poder que atravessam o campo da Educação Bilíngue para surdos, abrindo caminho para a compreensão da dimensão das complexidades de relações entre surdos e ouvintes e dos fatores que compõem a Educação Bilíngue para muito além da questão de duas línguas.
Seu livro rompe com os discursos e olhares para os surdos como inocentes, anormais
e deficientes
usando seu privilégio de ouvinte para dar espaço para que nós Surdos possamos narrar, nomear, descrever, classificar, identificar e diferenciar a nós mesmos e desconstruir o currículo que nos aprisiona.
Seu texto enfatiza o significado da experiência visual relacionada a surdez e nos convida a questionar, refletir e problematizar se a Educação Bilíngue para Surdos na política de educação vigente se trata de uma armadilha para esconder a diferença surda? Ou seja, mais uma tentativa de homogeneização impondo e direcionando todos os esforços para aprendizagem da língua majoritária e deixando à deriva a experiência visual, a cultura surda, o currículo e a educação que nós Surdos queremos
?
Este livro é bastante oportuno para implementação das políticas educacionais para Surdos que estão sendo debatidas no Brasil. Finalizo aqui agradecendo ao professor Paulinho por ser um aliado que enxerga a diferença surda.
Simone Gonçalves de Lima da Silva
Professora Doutora Surda
LISTA DE SIGLAS
CEFET/SC: Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
FENEIS: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos
IFSC: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
GES: Grupo de Estudos Surdos
GIPES: Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos
FDDS: Fórum em Defesa dos Direitos dos Surdos
INES: Instituto Nacional de Educação de Surdos
LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LIBRAS: Língua de Sinais Brasileira
NEPES: Núcleo de Ensino e Pesquisa em Educação de Surdos
NUPPES: Núcleo de Pesquisas em Políticas Educacionais para Surdo
MEC: Ministério da Educação
ONG: Organização não Governamental
PROLIBRAS: Exame Nacional de Certificação de Proficiência em Língua Brasileira de Sinais e em Tradução e Interpretação da Libras/Língua Portuguesa
SECADI/MEC: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
SEESP/MEC: Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação
SETEC: Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
SW: Signwriting
TILS: O tradutor-intérprete de língua de sinais
TIRSL: Congresso Internacional de Pesquisas em Línguas de Sinais
UDESC: Universidade do Estado de Santa Catarina
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina
UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNESCO: United Nations Educations, Scientific and Cultural Organization
WFD: World Federation of the Deaf
PARTE A
ARTICULAÇÕES E APROXIMAÇÕES
QUE PRODUZEM SENTIDOS
NA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS DO IFSC
INTRODUÇÃO
E nessa história, a pergunta pela educação se volta a nós mesmos para nos obrigar a olhar bem. Olhar melhor nossa pergunta, pois toda pergunta pode ser também um abandono, uma obstinação, ou então um cruel convite à sinceridade.
(SKLIAR, 2003, p. 195)
Atualmente faz parte do cenário político e educacional a problematização do tema inclusão/exclusão social com vistas, entre outras coisas, a se propor uma educação que possa convocar e acolher a todos em suas singularidades, sejam elas sociais, linguísticas, culturais, históricas e/ou políticas. Esse novo milênio que nos interpela a considerar a alteridade também a partir da própria alteridade ao menos para se colocarem, em permanente crítica, os estreitos laços entre o saber – que tecemos sobre o outro – e o tipo de poder que esse saber quer ter sobre ele.
Os cidadãos do século XXI vivem sob o nobre princípio universal e constitucional da Educação para Todos
, presente nos discursos e nos documentos oficiais. No entanto, a escola, com seu currículo, ainda se configura no princípio da Educação para Alguns
. Esse paradoxo é pauta de muitos estudiosos no contexto políticas educacionais e o impacto para a contexto a educação bilíngue para surdos (MACHADO, 2008; FERNANDES, 2010; LODI, 2013; SOUZA et al., 2016).
É, pois, na tensão entre os anseios por teorias totalizadoras/unificadoras, de um lado, e na busca por novos paradigmas que possam dar conta das singularidades e de suas contradições, de outro, que têm emergido as discussões sobre as diferenças e as igualdades, inventando-se outros currículos para as diferenças na contemporaneidade.
No âmbito das políticas públicas, além da política de inclusão, merecem destaque as discussões em torno das reformas curriculares que vêm sendo implementadas na educação. Moreira, Pacheco e Garcia (2004) e Moreira (2010) afirmam que a temática do currículo está, mais do que nunca, presente em toda parte, e se articula em torno de dois eixos principais: o das políticas educacionais e o das discussões teóricas. No plano das políticas públicas, tem sido visível o impacto das reformas curriculares, principalmente nos recentes anos, no contexto das reformas neoliberais. Em um segundo plano, a teoria curricular tem sido abalada por uma série de perspectivas que colocam em questão as visões mais tradicionais da teoria curricular, ocasionando o surgimento de uma diversidade de perspectivas nesse campo.
É fundamental, portanto, reconhecer que, para tentar tornar a sociedade mais humana, a educação deve buscar um desbloqueio dos mecanismos de exclusão existentes. Cabe aos profissionais envolvidos o compromisso de procurar mudanças no quadro caótico atual, por meio da discussão educacional com base na alteridade e na implementação de propostas que considerem a educação como um contexto que abriga cada vez mais sujeitos a ser considerados em suas diferenças. Seguramente, este trabalho assinala a necessidade de uma maior reflexão curricular no âmbito educacional. Com o intuito de transformar a educação em um espaço verdadeiramente democrático, as múltiplas relações entre o eu e o outro se estabelecem de forma menos assimétrica.
O livro aqui apresentado traz para reflexão a diferença cultural surda e algumas relações com as questões curriculares da proposta bilíngue Libras-Língua Portuguesa, pensando a educação de surdos na interface entre os pressupostos da política inclusiva e do bilinguismo.
O currículo e sua prática escolar, desde a criação do Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade do MEC, buscam atender aos ideais da política inclusiva, com o objetivo de transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos. Abrem-se possibilidades de mudanças paradigmáticas para uma liberação epistemológica que implicam outras noções inclusivas e suas relações curriculares voltadas a diferentes grupos sociais.
Hoje a língua brasileira de sinais (LIBRAS), como normativa governamental, é oficial e a organização da educação bilíngue a diretriz para a educação de surdos. Neste livro propõe-se a apresentar uma pesquisa que realizou uma análise da Proposta da Proposta de Educação Bilíngue do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) – Campus de São José (https://www.ifsc.edu.br/web/campus-sao-jose), trabalho embrionário, do atual Campus Bilíngue LIBRAS-Língua Portuguesa (http://www.palhoca.ifsc.edu.br), localizado no município de Palhoça-SC. Tal pesquisa foi a partir do ponto de vista das narrativas do professor¹ surdo, gerada e implementada pelo Núcleo de Ensino e Pesquisas em Educação de Surdos (NEPES)², este foi um núcleo organizador e espaço de fomento de estudos passando por alterações e diferentes formatações, nos Campus citados, atualmente em vigência e cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil (CNPq).
Entende-se que a escuta
do professor surdo é um aprofundamento na reflexão acerca da educação bilíngue (Libras-Língua Portuguesa) frente à concepção de currículo como uma arena
de lutas por sentidos, e no qual a diferença cultural surda é contestada, necessitando permanentemente ser pontuada e problematizada como uma marca presente nos projetos educacionais, duvidando-se de verdades
que estão aí, pondo em circulação outros discursos sobre a alteridade surda. Como sugere Skliar (2004, p. 8), pensar os surdos, desde os surdos, para os surdos
.
Valendo-se de fundamentos de bases epistemológicas sob a ótica dos Estudos Culturais articulados à perspectiva pós-estruturalista, mais especificamente dos Estudos Surdos em Educação³ e autores afinados com essa orientação teórica, a construção da narrativa que constitui a escrita deste livro pode ser comparada a uma teia que se estende sem limites
: misturam-se vozes, produzindo discursos em que há circulação de elementos
e tudo está relacionado com tudo
, uma vez que, como Eagleton (2006, p. 195), pensa-se que a linguagem é muito menos estável do que advogam os estudiosos do estruturalismo clássico
⁴. Ele assim se expressa em referência à linguagem:
Em lugar de ser uma estrutura bem definida, encerrando unidades simétricas de significantes e significados, ela passa a assemelhar-se muito mais a uma teia que se estende sem limites, onde há um intercâmbio e circulação constante de elementos, onde nenhum dos elementos é definível de maneira absoluta e onde tudo está relacionado com tudo.
O livro apresenta-se organizado em duas partes. A primeira – Parte A, denominada Articulações e Aproximações que Produzem Sentidos na Proposta de Educação Bilíngue para Surdos do IFSC
– é composta por esta apresentação e pelos capítulos 1 e 2.
No capítulo 1, Um olhar contigencial: de onde se fala e se constitui a pesquisa
, faz-se o contrapondo ao discurso da educação especial
⁵ clínica, que intenta tornar o sujeito surdo um pretenso normal
ouvinte, utilizando políticas educacionais e práticas escolares que o representam como deficiente
. Nesse contexto, reflete-se sobre as representações de surdos e de surdez⁶ traduzidas na educação de surdos. Além disso, apresenta-se também o campo metodológico, de inspiração bakhtiniana, que movimenta a produção das narrativas sinalizadas como geração de dados, a constituição da pesquisa e os dois eixos temáticos alcançados para análise do corpus da pesquisa, na Parte B: o eixo 1, As linguagens e a comunicação visual do surdo
, e o eixo 2, Espaços de conflito entre a proposta curricular (LIBRAS e Língua Portuguesa) e a política inclusiva
.
No Capítulo 2, intitulado Articulações teórico-metodológicas: diferentes discursos que produzem sentidos
, apresentam-se os referenciais de estudo e possíveis redes conceituais, enfatizando-se a linguagem na constituição dos sujeitos e o uso que se faz do discurso e do enunciado num sentido foucaultiniano. No decorrer dos dois capítulos, dialoga-se com autores da orientação teórica escolhida e outros que lhes são convergentes, referenciando e compondo a revisão bibliográfica.
A Parte B, denominada Enredamento das Narrativas Sinalizadas sobre Questões Curriculares
, está organizada com os Capítulos 3 e 4. Nessa parte, os eixos 1 e 2 intitulam os Capítulos 3 e 4, formando os planos analíticos que, ao operar com as referências teóricas, permitem a construção da trama textual, enredando as narrativas dos professores surdos com as falas dos autores escolhidos.
No Capítulo 3, intitulado As linguagens e a comunicação visual do surdo
, aprofundam-se algumas reflexões sobre as questões curriculares na educação bilíngue do IFSC.
O Capítulo 4 é intitulado Espaços de conflitos entre proposta curricular (LIBRAS e Língua Portuguesa) e a política inclusiva
. Como segundo momento do corpus de análise, pelo mesmo procedimento do anterior e na linha complementar à análise, traçaram-se leituras reafirmativas do reconhecimento político da diferença surda numa proposta bilíngue afinada com as ações reivindicativas dos movimentos surdos.
Nas Considerações Finais, intituladas À guisa de conclusões
, como contribuição teórica desta investigação sugere-se, em consonância com os autores escolhidos e com base nas análises dos excertos das narrativas dos professores surdos, algumas reflexões que podem contribuir no enfrentamento de conflitos que caracterizam uma proposta bilíngue (LIBRAS e Língua Portuguesa) no cenário inclusivo.
A todos que se aventurarem nesta leitura, mediados pela alteridade que seja capaz de produzir novos olhares, saberes e fazeres educativos, enfim, capaz de engendrar mudanças curriculares para educação bilíngue para a diferença cultural e linguística dos surdos.
¹ Ao optar em utilizar o gênero masculino neste estudo, não significa que desconheço a forma de escrever generificada. No entanto, para fazer isso, é preciso mais do que simplesmente acrescentar os artigos aos gêneros; é preciso uma apropriação teórica que contemple as discussões de gênero, não possível para este estudo.
² Disponível em: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/8908. Acesso em: 12 fev. 2022.
³ Esse campo de estudo se constitui, segundo Carlos Skliar (1998, p. 5), como "enquanto um programa de pesquisa em educação, onde as