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FACULDADE DE DIREITO
Juiz de Fora
2
2007
Anderson Souza da Gama
Juiz de Fora
3
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE DIREITO
Aprovado em __/__/__
__________________________________________
Prof. Flávio Bellini de Oliveira Salles (orientador)
__________________________________
Prof. Dorival Cirne de Almeida Martins
______________________________
Prof. Abdalla Daniel Curi
Juiz de Fora
4
2007
RESUMO
trabalhista, do art. 475-J, caput, do CPC, introduzido pela Lei nº 11.232, que instituiu
estabelecidas pelos arts. 769 e 889 da CLT para adoção supletiva de disposições do
ABSTRACT
Brazilian laborite process, of the article 475-J, caput, of Civil Process Code, that has
been insert by Law num. 11.232/05. This law has instituted the sentence
implementation grade at the civil process. It was took for foundation the procedural
effectiveness and celerity principle, established on the article 5º, LXXVIII, of the
Federal Constitution and was utilized the dialect method of investigation. With this
purpose, it was exhibited the related laborite principles, it was analyzed the
conditions established by articles 769 and 889 of Laborite Law Consolidation for the
especially on laborite execution process. It was also mentioned the favorable and
unfavorable arguments to the utilization of this legal innovation on the labor process,
to, finally, propose the compatible application mode for the disposition above
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................8
1 PRINCÍPIOLOGIA APLICÁVEL.............................................................................11
Trabalhista...............................................................................................................13
PROCESSO LABORAL...........................................................................................16
CLT...........................................................................................................................17
EXECUÇÃO TRABALHISTA...................................................................................19
CPC..........................................................................................................................20
trabalho...................................................................................................................29
CONCLUSÃO...........................................................................................................32
REFERÊNCIAS........................................................................................................37
8
INTRODUÇÃO
com o modelo de processo sincrético instituído pela mesma lei, em que se retirou a
consagrado pelo art. 5º, LXXVIII, da CF/88, com redação dada pela EC nº 45.
numéricos, já que no ano de 2006, com dados atualizados até 10/07/2006, o número
pequena queda para 1.636.946 em 2007, com dados atualizados até 28/02/2007. As
uma análise focada na viabilidade ou não de utilização do art. 475-J, caput, do CPC,
Judiciário Trabalhista.
Trabalhista, que têm pertinência com o tema em questão. Num segundo momento,
parte-se para uma abordagem crítica do art. 769 da CLT, que estabelece a aplicação
das inovações trazidas pela Lei 11.232/05, culminando com a conclusão do estudo
realizado.
na execução trabalhista, com base no novo conceito de acesso à justiça. Tal método
ao objeto da pesquisa.
11
1 PRINCÍPIOLOGIA APLICÁVEL
feita breve exposição dos princípios dos direitos trabalhista, processual trabalhista e
insculpidos no art. 1º, incisos III e IV, da CF/88, como fundamentos do Estado
direito fundamental no art. 5º, inciso XXIII, da Carta Magna, e do princípio da justiça
instrumentos para realização do direito material. Com base nisso, deve o intérprete
conduzir-se por esses preceitos constitucionais, como forma de se alcançar esse fim
social, tão caro a todo o Direito, mas em particular ao ramo justrabalhista, que tem
que ocorre nas relações privadas, onde se pressupõe igualdade entre os litigantes, é
Trabalho.
forma supletiva, pela Lei nº 6.830/80 e pelo processo comum, também possui
princípiologia adotada pela execução trabalhista visa, assim como nos Direitos do
ampla defesa, não havendo mais igualdade entre as partes. Referido princípio
sendo que tal princípio tem maior importância na esfera trabalhista, em que se busca
(MENEZES, 2003).
até mesmo afastada na execução trabalhista, tendo em vista a realidade social que
ramo juslaborista deve, agora, ter em mira a satisfação de uma nova garantia
constitucional, estatuída pelo art. 5º, LXXVIII, da CF/88, que confere aos
que esta satisfação deve se dar de forma célere e efetiva, a principilogia adotada na
jurisdicionado.
16
PROCESSO LABORAL
matéria. Tal debate se dá de forma mais acirrada no que diz respeito à aplicação
efeito pela Lei nº 11.232/05, já que no processo executivo trabalhista o CPC é fonte
subsidiária secundária, pois o art. 889 da CLT prevê, como fonte supletiva primária
Fazenda Pública.
normas do processo civil. Não havendo lacuna legal na CLT, são inaplicáveis os
atenção ao art. 889 da CLT, que indica o processo comum como segunda fonte
em vista a interpretação teleológica do art. 769 da CLT, que, quando de sua edição,
célere e efetivo. Entretanto, utilizar-se de uma regra protetiva, para impedir a adoção
jurisdicional, instituído pelo art. 769 da CLT, e teria como efeito um processo civil
mais eficaz que o trabalhista, o que seria inaceitável, tendo em vista o tratamento
2007).
Deputado Luiz Antonio Fleury, o Projeto de Lei nº 7.152, arquivado na Mesa Diretora
posicionamento que interpreta o art. 769 da CLT sob seu aspecto principiológico e
célere, por meio da utilização supletiva das inovações trazidas pelas regras
EXECUÇÃO TRABALHISTA
inovação trazida pela Lei 11.232/05, que implantou no processo civil o modelo de
processual trabalhista.
11.232/05.
conteúdo, já que referida lei estabeleceu nova redação para o dispositivo supra
implica algumas das situações previstas nos art. 267 e 269 do CPC (BEBBER, 2007;
MEIRELES, 2007).
269 do CPC, que não mais prevê a resolução de mérito como forma de finalizar a
antiga redação do art. 162, § 2º, do CPC. Desse modo, tem-se que na sistemática
sentença não tem mais o condão de por fim à prestação jurisdicional, esta tem
dispositivo em estudo, que prevê multa de dez por cento do valor da condenação,
21
sentença.
execução de obrigação de pagar quantia certa, regulado nos arts. 876 a 892.
devedor para, em quarenta e oito horas, pagar ou garantir a dívida, ou seja, duas
faculdades, ao contrário do que dispõe o art. 475-J, e que o devedor tem quinze dias
art. 601 do CPC, multa não superior a vinte por cento do valor executado, aplicável à
afastaria a incidência da multa de dez por cento do art. 475-J. Também afastaria a
incidência do referido dispositivo a alegação de que os art. 882 e 883 trazem, como
dez por cento sustentam que a referida norma teria caráter impositivo de coerção
não havendo previsão na CLT de dita multa, não haveria como fazer com que
incidisse na execução trabalhista, pois a omissão da lei deve ser entendida como
impeditivo para aplicação da referida norma, dada sua natureza coercitiva (PINTO,
2006).
art. 878 da CLT, e as práticas observadas no Judiciário Trabalhista, que conta com o
sistema de penhora on line, que, conforme convênio firmado com o Banco Central,
multa de dez por cento em caso de não pagamento no prazo de quinze dias,
nos moldes do art. 475-J do CPC. A execução trabalhista tem regras
próprias, sendo que a fonte subsidiária do CPC se torna aplicável somente
nos casos omissos, mesmo assim, se houver compatibilidade (art.
769/CLT), o que não é o caso do art. 475-J do CPC.”
pena de penhora.
trabalho, há concordância quanto ao fato de que a CLT não apresenta omissão legal
quanto ao procedimento adotado para a execução. Porém, alegam que o art. 880,
Judiciário, que deve pautar sua atuação em conformidade com esses mesmos fins
(SANTOS, 2006).
Assim, ante essa nova realidade normativa que se apresenta, deve o juiz
interpretação, pois estes não mais atendem às exigências da realidade social atual.
O Judiciário, agora, é desafiado a criar o direito, com base num modelo interpretativo
axiológico, deixando de ser mero reprodutor dos preceitos legais, mas, sim,
475-J, caput, do CPC, tendo em vista que esta norma viabiliza maior celeridade e
natureza civil - em que há, via de regra, igualdade entre as partes - do que às lides
1
Gemignani, Tereza Aparecida Asta, 2007, p. 52.
25
relação. Assim, a regra que impõe a multa de dez por cento mostra-se mais
quatro momentos para quitação voluntária de seu débito: quando o mesmo torna-se
Argumenta-se também que, uma vez que a regra prevista no art. 475-J do
processo de conhecimento e que a CLT não prevê nenhuma regra nesse sentido no
desta forma, tal dispositivo seria aplicado ao processo do trabalho, por força do art.
769 da CLT. Assim, no processo do trabalho as regras previstas nos arts. 880 e
Reforça essa tese a redação do art. 832, § 1º, da CLT, que estabelece
trabalho causa mais impacto para o devedor do que no processo comum, tendo em
vista que, na sistemática processual comum antiga, já era praxe os juízes fixarem
Ainda em relação à tão discutida multa, se for admitido que a norma que a
impõe deve ser interpretada restritivamente, por deter caráter coercitivo, também
deveria ser afastada a incidência, na seara processual trabalhista, por exemplo, das
multas previstas nos arts. 17 e 18 do CPC (litigância de má-fé) e no art. 601 do CPC
Deve-se atentar para o fato de que a multa de vinte por cento, prevista no
sendo aplicável em qualquer fase do processo, ao passo que a multa de dez por
devedor, sustentada pelos defensores da não aplicação do art. 475-J, tem-se que a
significa dar ciência, seria medida desnecessária diante dos novos parâmetros de
(CHAVES, 2006).
interpretação das normas processuais com base nessas novas garantias, o que
na seara processual comum. A discussão dá-se sobre qual o marco para contagem
do prazo de quinze dias imposto ao devedor para pagamento do valor devido, sob
pena de acréscimo de multa de dez por cento sobre o valor da condenação. São
várias as posições defendidas: há quem entenda que o prazo de quinze dias inicia-
defensores de que tal prazo inicia-se a partir momento em que as partes foram
liquidação. Não cumprida a obrigação, o devedor será citado, nos termos do art. 880
da CLT, para pagamento do débito acrescido da multa de dez por cento, prevista no
art. 475-J do CPC. Assim, o art. 475-J do CPC incidiria na fase de conhecimento e o
Descumprida a determinação, haveria nova citação, nos termos do art. 880 da CLT,
para pagamento do débito, já acrescido da multa de dez por cento (SILVA, 2006).
de oito dias, em atenção ao art. 6º da Lei nº 5.584/70, que estabelece este prazo
2006).
quanto ao termo inicial de contagem do prazo de oito dias, que se daria a partir da
já que referido mandado poderia ser expedido de ofício pelo juiz, em atenção ao art.
(BEBBER, 2006).
prazo a ser adotado seria de quinze dias, conforme previsto no art. 475-J, por se
entender que tal prazo não guarda qualquer relação com o prazo estabelecido para
apelação no processo civil, de forma que não seria necessária compatibilização com
que deveria ser aplicado o prazo de quarenta e oito horas previsto no art. 880 da
quinze dias, o juiz, de ofício, em atenção ao art. 848 da CLT, estaria autorizado a
requerer a penhora on line do valor devido, já acrescido da multa de dez por cento
(CHAVES, 2006).
32
CONCLUSÃO
estatal, especialmente do Poder Judiciário, que agora, mais do que nunca, deve
Tendo por base tais fatos, questionou-se a aplicação do art. 475, caput,
CLT.
créditos trabalhistas, sendo que essa estrutura deve estar, atualmente, ainda mais
não possui nenhum dispositivo que trate do conceito de sentença, motivo pelo qual
33
esse novo conceito de sentença, previsto para o processo sincrético, passa a ser o
Assim, não haveria omissão legal na CLT a ser preenchida pelo processo
comum, porém há lacuna axiológica, uma vez que a aplicação das normas laborais
leva a resultados injustos e insatisfatórios no que tange aos ditames impostos pelo
769 da CLT deve ser interpretado à luz dos princípios constitucionais, notadamente
jurisdicionado.
seara trabalhista, já que o texto trabalhista apresenta omissão axiológica no que diz
respeito aos fins de justiça que se deve perseguir com a aplicação e interpretação
sistemática laboral.
será de oito dias, a contar da ciência das partes sobre a sentença líqüida ou da
intimação de sua liqüidação, uma vez que referido prazo guarda proporcionalidade
com o prazo de quinze dias previsto para o processo comum. Isto porque o prazo de
trabalhista.
credor, fica este dispensado no processo do trabalho, já que o art. 878 da CLT prevê
que a execução pode se iniciar de ofício pelo juiz. Assim, não haveria motivo para
que esta mesma regra não fosse aplicada à fase de cumprimento da sentença.
475-J do CPC, funcionaria da seguinte forma: o devedor contaria com prazo de oito
disposto no art. 832, §1º, da CLT, deve o juiz, nas sentenças de procedência, logo
descumprimento.
36
melhoria da condição social do trabalhador, seja realizada de forma cada vez mais
efetiva e célere.
37
REFERÊNCIAS
MAIOR, JORGE LUIZ SOUTO. Reflexos das alterações do código de processo civil
no processo do trabalho. Revista LTr, São Paulo, v. 70, n. 08, p. 920-930, ago. 2006
NICACIO, ANTONIO. Execução – multa de dez por cento prevista no art. 475-J da
Lei n. 11.232/05 – inaplicabilidade na execução trabalhista. LTr suplemento
trabalhista, São Paulo, Ano 42, n. 129/06, p. 543-544, 2006
SANTOS, ÉLISSON MIESSA DOS. A multa do art. 475-J do CPC e sua aplicação no
processo do trabalho. LTr suplemento trabalhista, São Paulo, Ano 42, n. 103/06, p.
435-440, 2006
Banca Examinadora:
JUIZ DE FORA/MG
1º período letivo/2007