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Entrevista FÁTIMA BERENGUER

ANA CAROLINA ANDRADE E LETÍCIA ANDRADE

"Se manter é complicado, conquistar é mais difícil ainda"


Uma das donas da Cambodja, grife de grande reconhecimento em Salvador, mostra como é possível fazer
moda na Bahia sem se deixar abalar pelas dificuldades oferecidas pelo mercado

Fátima, Aninha e Mariana


Berenguer são as irmãs que levam á
frente a grife baiana Cambodja, além
de dividirem a paixão pelo universo
da moda. A Cambodja acaba de
realizar seu quarto desfile pelo
evento Barra Fashion Bahia. Além de
tomar conta da parte de criação e
produção da grife, Fátima ainda é
mãe, bailarina profissional e dona de
um sorriso simpático. Ela é
responsável, entre outras funções, por
lidar com a imprensa, e mostra que,
mesmo com as dificuldades no
mercado baiano de moda, é possível
fazer bonito .
A Cambodja tem como sócias as irmãs
Fátima, Ana Lúcia e Mariana Berenger. A
idéia da grife partiu de uma vontade das
três e foi planejada ou a sociedade
aconteceu por acaso através de uma das
irmãs? Na época, a idéia surgiu de uma
iniciativa minha. Pedi para um namorado
meu, que
estava viajando a trabalho, que trouxesse
algumas metragens de tecido para eu
confeccionar algumas peças. Surgiu do "Meu armário é
interesse de tentar formar, talvez, um
pequeno negócio. A gente não imaginava
exclusivamente
onde podia chegar, mas talvez fosse a Cambodja. É
intenção de iniciar alguma coisa. Eu tinha
me formado e minha mãe sempre costurou complicado falar
em casa, fazia muita roupa pra gente usar e
tínhamos o exemplo do que era confeccionar de outra marca,
uma peça. Então, quando ele foi a trabalho -
lembro que na época as pessoas falavam
porque, na
daquela moda batik, uma coisa meio tye die, verdade, eu
realmente não
umas cangas - eu pedi pra ele trazer alguns
metros de tecido pra mim. Quando ele
chegou, eu liguei pra Aninha e disse “poxa,
Durval trouxe umas cangas lindas, alguns
visto."
metros de tecido. Vamos ver o que a gente
consegue fazer com isso”. Aí eu comprei
uma máquina e a gente começou a fabricar
umas pecinhas com essa canga de base. Daí
eu fiz um bazar em casam – tinha até camisa
masculina de botão - onde as peças todas
foram vendidas. Então, foi criada uma
sementinha e a partir dali as coisas foram
acontecendo.
bem direcionado.Na loja tem também "Hoje já existem mais produtos, 30% são essas pecinhas
uma linha da Bianca de bijuteria. básicas, que não podem faltar, os
Sendo que pro desfile usamos faculdades (de moda). outros 70% são forte da Cambodja,
acessórios de couro da Mary Design. Acredito que isso que é aquela peça que você vai usar
ajuda a alavancar e de repente vai marcar.Agora essa
Quais são as dificuldades pecinha básica que não pode faltar,
enfrentadas por vocês no mercado da esse cenário, abrindo que deve estar presente no seu
moda baiano? Considero que a mais possibilidades." guarda-roupa, que de repente não
matéria-prima é muito complicada de cansa de usar, normalmente
ser encontrada e os acessórios - como o E acessórios? investimos nessas peças que eu
botão, a linha, um zíper legal, um Uso os acessórios que a grife considero com essas padronagens
material diferenciado para detalhes de importa. Meu armário é mais neutras, essas cores mais
roupa - também. Temos uma carência exclusivamente Cambodja. É básicas. Primeiro, a premissa da cor,
muito forte, em tecido principalmente. complicado falar de outra marca, que é o preto, o cru. De uma coleção
Buscamos nas importadoras, mas, no porque, na verdade, eu realmente pra outra está sempre presente e o
fundo no fundo, não temos muita não visto. branco, o cinza e o chocolate. Agora
opção. Acho que o detalhe que faz a vem o nude com tudo, que é esse tom
diferença e, para isso, não temos muita Em relação ao Barra Fashion, de pele. Eu vou mais pelas cores,
alternativa. Essa é a maior dificuldade. vocês desfilaram na 7°, 9°, 10° e porque as modelagens adicionais,
Com relação às vendas, trabalhamos no 13° edição. Como surgiu o como uma calça clássica, como um
mercado com todas as dificuldades que convite? Por termos uma loja no vestidinho, um tubinho básico, isso
todo mundo tem. Temos que estar Shopping e ser uma iniciativa do de coleção pra coleção você sempre
sempre lançando algo diferencial, próprio Shopping, eles dão vai encontrar. Mas não é isso que o
trabalhando vitrine, equipe de vendas... oportunidade a qualquer lojista de cliente busca lá na loja. O básico é
A marca como um todo. Temos uma participar. Agora, obviamente que muito raro. Eles compram por
preocupação diária com isso, para estar tem um custo alto e a maioria das impulso, por estarem indo comprar
sempre conquistando novos clientes, lojas, não sei, não tem interesse... um vestido diferenciado.
porque se manter já é complicado, Talvez elas não queiram atrelar o Normalmente as pessoas chegam na
conquistar é mais difícil ainda. Então, produto ao mundo fashion, já que loja e perguntam “poxa, eu quero um
temos essa preocupação de geralmente são mais ligadas ao comercial. Não vestido diferente, um blusa...” a
estar lançando um diferencial na loja, são todas as lojas que participam, palavra é sempre “diferenciada”. É
seja na vitrine, como eu disse, seja com são poucas. Mas acreditamos que a alguma coisa que ele quer para, de
uma promoção interessante pro cliente, Cambodja deve estar presente nos alguma forma, se diferenciar do
dando essa informação a ele através de eventos de moda, que deve estar outro. Ele não busca na loja alguma
e-mail. É um trabalho que vai desde a sempre atrelando a moda ao coisa para se parecer com ninguém
confecção até o comércio. conceito. Esse conceito fica bem ou estar discreto.
claro quando colocamos na
O cenário de moda em Salvador está passarela. Trazemos credibilidade Em meio a tantas coleções
se ampliando ou ainda está muito pra marca, o cliente fala que tem lançadas, já houve alguma peça em
restrito? Acho que está se ampliando. orgulho de vestir a marca. Sempre especial que não teve aceitação do
Esse ano foi notório, inclusive a dizemos que é um bom retorno, que público?Normalmente tem. Toda
presença de vocês e do público apesar de sair apenas mil pessoas, coleção tem algumas peças que vão
estudante de moda, que compareceram repercute bem. Sempre que justamente para a liquidação, que são
mais pedindo convite nas lojas. Eu pudermos participar do evento, que aquelas peças com problema de
sinto esse interesse crescente pelo tiver um formato que acreditamos, modelagem. Às vezes você pode
mundo da moda e pela especialização pretendemos continuar presente. acertar na estampa, mas errar num
em moda. Nós não temos nenhuma corte e aquela peça não vestir bem.
formação em moda. Nem eu, nem A moda se dá como um ciclo. As Mas isso é raro. Normalmente,
minhas irmãs. Na nossa época, era tendências, como anos 70 e 80, trabalhamos muito bem essa parte de
muito raro você encontrar um trabalho estão voltando. Mas alguns elaboração do produto, com a
interessante de moda. Hoje já existem estilistas consideram que existem aprovação da piloto. Também
mais faculdades, há um leque maior peças únicas, que não podem sair acontece de uma cor não agradar.
nesse sentido. Acredito que isso ajuda do guarda-roupa, tipo um Você pode vender um modelo em
a alavancar esse cenário, abrindo pretinho básico e uma calça duas ou três cores e uma cor
mais possibilidades. jeans. O que não pode faltar nas encalhar. Essas peças normalmente
araras da Cambodja? (Risos) vão pra liquidação e daí termina por
O que você, Fátima, usa e recomenda Pois é. Acho que, do nosso mix de sair, porque a gente dá o diferencial
da grife baiana? no preço (risos).
Ah! Eu só visto Cambodja! (Risos) Só,
única e exclusivamente.
E para o processo de criação, vocês “O mercado baiano em com pessoas interessadas em
utilizam alguma fonte especial, tem relação a tecidos é abrir novas lojas Cambodja pelo
alguma inspiração, buscam nas ruas muito escasso, oferece Brasil. Ainda nos fortalecendo
modelos variados ou seguem algum dentro da produção para que
ritual para isso? pouca variedade e, por possamos abrir esse leque de
Começamos com a pesquisa virtual, isso, normalmente franquias em outros Estados.
através da internet, nos desfiles de compramos de
moda (internacional) que acontecem ... E importar? Temos alguns
com antecedência, porque a coleção importadoras” fornecedores em Recife e em São
deles é lançada quase um ano antes da Paulo, que já fazem o produto
nossa. A primeira pesquisa eu verão. Logo que lançamos a coleção, acabado com a nossa etiqueta.
considero que seja essa, para entender chamamos de transição, que é o Não conseguimos fabricar 100%
as apostas das coleções. Então, a período que você está saindo do do que vendemos, por conta das
pesquisa do verão começa com um ano inverno, onde você já mostra um dificuldades no mercado baiano.
de antecedência, nas semanas de moda pouquinho do que é que vai ser o Alguns vestidos de festa mais
de Paris, Milão e Nova York. A partir verão, mas não vai direto ao assunto. trabalhados e algumas partes de
daí, a gente começa a entender o que é baixo, como calças e shorts jeans,
tendência no mundo para a próxima Para produção de peças, vocês não são nossa especificidade.
coleção. Observamos de que forma recorrem a fornecedores de tecidos Conseguimos fabricar mais
podemos transformar isso para a nossa baianos ou de outros estados? É vestidos e blusas, que é o forte da
realidade. Normalmente escolhemos difícil fazer uma seleção das nossa produção.
um tema, principalmente no ano que estampas e do material? Os tecidos
vamos fazer desfile ou catálogo. Se não são quase todos importados, são Esse ano a Cambodja surgiu
partirmos de um tema, não coreanos em sua maioria. As com uma novidade: um malha
conseguimos selecionar de tudo que foi importadoras predominam hoje no ecológica, feita de fibras de
apostado o que quereremos focar. As mercado brasileiro. Quase não temos bambu. De onde partiu essa
passarelas internacionais têm muita fornecedores locais, só para malha idéia? A grife possui alguma
variedade, os estilistas hoje conseguem com estampas, que é a Menegotti. O preocupação com o meio
falar de tudo.A partir daí, escolhemos, mercado baiano em relação a tecidos ambiente? Acho que já existe
dentro da nossa temática, no que vamos é muito escasso, oferece pouca essa consciência, não só nossa,
nos especializar melhor, nos variedade e, por isso, normalmente mas desse fabricante, que
aprofundar melhor na pesquisa. compramos de importadoras. desenvolve essa tecnologia. Eles
encontraram o fio, feito de fibras
Como você disse, as coleções são Para a seleção das estampas e do de bambu, ao qual procuramos
feitas de acordo com as estações do material, vocês recebem alguma aderir. Essa tendência de
ano, a exemplo da primavera/verão e amostra de tecido ou as estampas trabalhar com o que é
do outono/inverno. Sendo uma são exclusivas? Essas estampas não ecologicamente correto é
marca baiana, para desenvolver os são exclusivas da Cambodja. mundial. Esse tecido tem um
projetos das coleções vocês se Trabalhamos com estampas ainda caimento melhor, tem uma
baseiam nas estações do ano, mesmo padronizadas, vindas dessas sensação de leveza e conforto e é
Salvador sendo uma cidade tropical? importadoras. Mas estamos iniciando uma malha bem transparente,
Quando iniciamos o trabalho, há quase esse processo de tentar exclusividade com o fio bem delicado, então
dezesseis anos atrás, as coleções eram nas estampas. Normalmente não é aquela malha pesada. E
mais segmentadas. Nos preocupávamos desenvolver uma estampa requer um esse ano a abertura do desfile foi
mais com as coleções bem custo alto. Agora começamos a com ela e toda essa linha areia.
definidamente. Hoje, acreditamos em enxergar a possibilidade de
pequenas coleções. Lógico que as desenvolver estampas mais ou menos A Cambodja mantêm algum
coleções primavera/verão e nessas padronagens diferenciadas, tipo de parceira com outras
outono/inverno ainda predominam com um traçado mais exclusivo, mais marcas, à exemplo da também
dentro no estilo de uma coleção. Mas personalizado. Temos o cuidado de baiana Bianca Cabral?
como na Bahia o inverno não é tão selecionar muito bem as estampas Trabalhamos com fornecedores
rigoroso, uma roupa que você compra, para dar essa cara de exclusiva, de acessórios como um todo, de
tanto no inverno quanto no verão, dá mesmo não sendo ainda. bijuterias, brincos e colares.
para usar o ano inteiro. Agora, na loja, Trabalhamos também com Beth
para sempre ter novidade, para que o Vocês são uma marca de Salvador Barreto, que fica no Sul, e com
cliente perceba que, se ele voltar uma que costumam exportar produtos Mary Design, que vem de Belo
semana depois ele vai encontrar um para outras cidades do Brasil? Horizonte. Desenvolvemos a
produto novo, subdividimos em Ainda não. Concentramos nossa linha de bolsas desse ano em
pequenas coleções. Então, dentro do produção nas três lojas. Tanto que parceira com Bianca. Ela tem um
verão, fazemos duas ou três coleções, temos muito pedido de franquia, trabalho bacana e nós
que é a primavera, o verão e o alto conseguimos fazer um trabalho

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