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Texto 1 Texto 3
“Nós não nos (1)______________ com a vida que temos “Num mundo ideal, seríamos mais (1)____________.
no nosso próprio ser. Queremos viver na ideia dos outros Permaneceríamos inabalados, quer fôssemos ignorados ou
uma vida (2)______________ e esforçamo-nos para isso notados, (2)____________ ou achincalhados. Se alguém
por parecer. Trabalhamos incessantemente a embelezar e nos cumprimentasse de modo falacioso, não seríamos
conservar o nosso ser imaginário e (3)______________ o indevidamente (3)____________. E se, após procedermos
verdadeiro. E se temos ou a tranquilidade ou a a uma avaliação justa de nós próprios, nos tivéssemos
generosidade ou a (4)______________ empenhamo-nos decidido pelo nosso valor, o facto de alguém
em fazê-lo saber-se, afim de prender estas virtudes ao (4)____________ da nossa insignificância não nos
nosso outro ser e desprendemo-las de nós para as deixaria magoados. Teríamos uma consciência exacta do
juntarmos ao outro. Seríamos de bom coração poltrões nosso valor. Mas em vez disso, parecemos comportar
para adquirir a (5)______________ de valentes. Grande dentro de nós uma pluralidade de perspectivas
marca do nada do nosso ser é a de não estar (5)____________ sobre as nossas personalidades.
(6)______________ um sem o outro e de trocar Reconhecemos sinais de inteligência como de estupidez,
frequentemente um pelo outro. Porque aquele que não de humor e (6)____________, de importância e inanidade.
morresse para conservar a sua honra seria E nestas condições tão (7)____________, acaba por caber
(7)______________. (Blaise Pascal, Pensamentos; §806-147; sempre à sociedade a última palavra na questão da nossa
Traduzido por Wilson Rodrigues da edição de Louis Lafuma, Pascal, relevância. A negligência exalta as nossas auto-asserções
Œvres Complètes; Seuil, Paris, 1963, p. 506).
negativas (8)____________, ao passo que um sorriso ou
um cumprimento desencadeia a (9)____________ inversa.
contentamos fidelidade imaginária infame Parecemos estar dependentes dos afectos dos outros para
negligenciamos reputação satisfeito nos tolerarmos a nós próprios.
O nosso «ego» ou autoconcepção pode ser visto como um
Texto 2 balão suspenso, eternamente dependente do hélio do amor
“Qual o sentido de tamanha (1)_____________ neste exterior para se manter inflado, mas vulnerável às mais
mundo? Qual a finalidade da (2)_____________ e da ínfimas farpas da (10)____________. Há qualquer coisa de
ambição, da perseguição de riqueza, do poder e da absurdo e temperante na forma como somos animados pela
proeminência? Satisfazer as necessidades da atenção e afectados pela falta dela. A nossa
(3)_____________? O (4)_____________ do mais (11)____________ pode toldar-se pelo simples facto de
humilde trabalhador pode satisfazê-las. Quais serão então um colega nos cumprimentar de modo distraído ou de não
as vantagens desse grande objectivo da vida humana a que nos atenderem o telefone. E somos capazes de achar que a
chamamos melhorar a nossa (5)_____________? vida vale a pena por alguém se recordar do nosso nome e
Ser observado, ser correspondido, ser notado com nos enviar um cabaz de fruta.
simpatia, (6)_____________ e aprovação, são tudo
vantagens que podemos propor-nos retirar daí. O homem disposição divergentes enaltecidos impermeáveis
rico compraz-se na sua (7)_____________ porque sente insinuar latentes negligência reacção seduzidos
que ela faz recair as atenções do mundo sobre si. O homem sensaboria volúveis
pobre, pelo contrário, (8)_____________ da sua pobreza.
Sente que ela o coloca fora do (9)_____________ dos seus
semelhantes. Sentir que não somos notados representa 1. Com base nos textos anteriores assinale as proposições
necessariamente uma desilusão para os desejos mais verdadeiras com um (V) e as Falsas com um (F).
(10)_____________ da natureza humana. O homem pobre
sai e volta a entrar despercebido, e permanece na mesma 1. Contentamo-nos com a vida que temos no nosso
(11)_____________ seja no meio de uma multidão seja no ser.
recato do seu covil. O homem de nível e 2. Nunca queremos viver na ideia dos outros uma
(12)_____________, pelo contrário, é visto por todo o vida imaginária.
mundo. Toda a gente anseia por vê-lo. As suas acções são 3. Gostamos que os outros conheçam e falem bem
objecto de (13)_____________ públicas. Raro será o das nossas boas qualidades.
gesto, rara a palavra que ele deixe escapar que passe 4. Há pessoas que preferem morrer a ter má fama.
(14)_____________. 5. Só procuramos satisfazer as nossas necessidades
naturais.
atenções avareza azáfama candentes complacência 6. No mundo real temos uma consciência exacta do
condição despercebida distinção envergonha-se nosso valor.
horizonte natureza obscuridade riqueza salário 7. O nosso ego é sensível às mais pequenas formas
de negligência.
2. Preencha as seguintes palavras-cruzadas com 3. Responda às seguintes questões:
vocabulário e conceitos dos textos. 3.1. Enumere e caracterize as diferentes formas de
vida imaginária que têm vindo a ser
caracterizadas ao longo dos textos das várias
fichas apresentadas.
3.2. Tendo em conta as diferentes formas de vida
imaginárias identificadas anteriormente
considera que a sua vida é real? (Esta pergunta
não é para responder na aula, nem a resposta está
sujeita a avaliação escolar).
Horizontais
1. O mesmo que estado de espírito.
6. Desejo apaixonado de acumular dinheiro, excessivo
quer quanto à ambição com que o ganha, quer quanto ao
modo como o poupa.
7. A palavra utilizada no texto de Pascal para caracterizar
o tipo de vida que vivemos na mente de uma outra pessoa.
9. Diz-se daquilo que não tem boa fama.
10. Diz-se de uma acção segunda que procura combater
uma acção primeira.
11. Antónimo de convergente.
12. Aquilo que limita o nosso campo de visão, por
exemplo, quando olhamos para o mar é a linha em que o
mar e o céu se tocam.
13. Antónimo de patente, ou seja, aquilo que não se
apresenta de forma clara e directa.
Verticais
2. Diz-se do estado em que se encontram aquelas coisas
que estão pouco visíveis, que mal se vêem ou conhecem.
3. Aquilo que fazemos quando executamos uma tarefa
com pouca atenção e pouco cuidado, sem lhe atribuirmos
por isso a sua devida importância (verbo conjugado no
presente, na terceira pessoa do plural).
4. Retribuição monetária do trabalho realizado por um
trabalhador, normalmente pago no final do mês.
5. Aquilo que cada um diz de si quando a respeito de
qualquer coisa já não precisa de mais nada. Por exemplo,
quando já comeu o suficiente.
8. Aquilo que não deixa passar água ou outros líquidos.
Antónimo: permeável.
10. A fama ou importância que é socialmente atribuída a
alguém ou a algo.
Área de Integração 10º Ano
1.1 A construção do conhecimento ou o fogo de Prometeu
(Ficha 03: O estatuto como orientação vital).