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TERÇA-FEIRA
O Senhor recomenda-nos uma vez mais que a nossa atitude seja como a
daquele que está a ponto de começar uma viagem ou de quem espera uma
pessoa importante. A situação do cristão não pode ser de sonolência e de
descuido. E isto por duas razões: porque o inimigo está sempre à espreita,
como um leão que ruge, buscando a quem devorar3, e porque quem ama não
dorme4. “Vigiar é próprio do amor. Quando se ama uma pessoa, o coração está
sempre vigilante, esperando-a, e cada minuto que passa sem ela é em função
dela e transcorre em vigilância [...]. Jesus pede amor. Por isso solicita
vigilância”5.
“Eu te amo, Senhor, minha fortaleza, meu baluarte, meu libertador! (Sl 17, 2-
3). Tu és o mais desejável e o mais amável de todos os seres que se possa
imaginar. Meu Deus, minha ajuda! Eu te amarei na medida do que me
concederes e do que eu puder, muito menos do que o devido, mas não menos
do que posso... Poderei mais se aumentares a minha capacidade, mas nunca
chegarei ao que mereces”7. Não permitas que, por falta de vigilância, outras
coisas ocupem o lugar que só Tu deves ocupar. Ensina-me a manter a alma
livre para Ti e o coração preparado para quando chegares.
Este estado de vigília, como o da sentinela que guarda a cidade, não nos
garantirá sempre a vitória: juntamente com as vitórias, teremos derrotas (metas
que não pudemos alcançar, propósitos que não pudemos levar à prática
totalmente...). Ordinariamente, muitos desses fracassos não terão importância;
outros, sim. Mas o desagravo e a contrição aproximar-nos-ão ainda mais do
Senhor, e dar-nos-ão forças para recomeçar... “O grave – escreve São João
Crisóstomo a uma pessoa que se tinha separado da verdadeira fé – não é que
quem luta caia, mas que permaneça caído; o grave não é que alguém seja
ferido na batalha, mas que se desespere depois de ter recebido o golpe e não
cuide da ferida”10.
“Senhor, como és bom para quem Te busca! E como serás então para quem
Te encontra?”12 Nós já o encontrámos. Não o percamos.
(1) Lc 12, 35-38; (2) Ex 12, 11; (3) cfr. 1 Pe 5, 8; (4) cfr. Cânt 2, 5; (5) Chiara Lubich,
Meditações; (6) cfr. Santo Ambrósio, Comentário ao Salmo 18; (7) São Bernardo, Tratado
sobre o amor de Deus, VI, 16; (8) Hab 2, 1; (9) São Bernardo, Sermão 5, 4; (10) São João
Crisóstomo, Exortação II a Teodósio caído, 1; (11) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, É
Cristo que passa, n. 77; (12) São Bernardo, Tratado sobre o amor de Deus, VII, 22.