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CONSIDERAÇÕES SOBRE A LINGUAGEM INCLUSIVA

Hudson Marques da Silva (IFPE)


Davi da Silva Gouveia (IFPE)

Resumo

Apesar das crescentes lutas contra as mais variadas formas de preconceito, em uma sociedade
que recebeu como herança a cultura patriarcal, o sexo feminino ainda não encontra o seu devido
reconhecimento. Nessa ótica, identificam-se na linguagem alguns fatores que podem ser vistos
(por alguns ramos de estudo) como mais um meio de reprodução do discurso sexista, ao utilizar
palavras de gênero masculino como unificadoras em situações de indeterminação do gênero
sexual. Em oposição a essa prática supostamente inadequada, surge a chamada linguagem
inclusiva, que busca a inclusão de palavras tanto masculinas quanto femininas no discurso. Essa
visão deu origem a um projeto de lei (elaborado pela deputada Iara Bernardi, do PT), segundo o
qual os termos “sexistas” devem ser substituídos pela linguagem inclusiva em documentos
oficiais. Partindo dessas premissas, este trabalho objetiva discutir a legitimidade da linguagem
inclusiva, tendo em vista que gênero gramatical não corresponde a gênero sexual. Além do
mais, a suposta inclusão de ambos os sexos no discurso não garante uma mudança na sociedade,
podendo se tornar uma espécie de eufemismo, assim como a substituição da palavra “negro” por
“afro-descendente” não garante uma superação do preconceito racial.

Palavras-chave: Linguagem Inclusiva, Gênero Gramatical, Gênero Sexual.

Abstract

In spite of several discussions against the most diversified ways of prejudice, in a society that
inherited a patriarchal culture, women have not found their owed recognition yet. Thus, it is
identified in language some factors that may be interpreted (by some study fields) as a means of
reproducing the sexist speech, when using male gender words to refer to both male and female.
Against this supposedly inadequate practice, appears the so-called inclusive language, which
aims to include words both male and female in speech. This view originated a bill (elaborated
by Deputy Iara Bernardi, from PT), as which the “sexist” terms should be replaced by inclusive
language in official documents. Based on those premises, this paper aims to discuss the
inclusive language legitimacy, arguing that grammatical gender does not correspond to sexual
gender. Moreover, the supposed inclusion of both genders in speech does not guarantee a
change in society, what may becomes a kind of eufemism, as well as replacing the word “black”
for “afro-descendent” does not guarantee the end of racial prejudice.

Keywords: Inclusive Language, Grammatical Gender, Sexual Gender.

Campina Grande, ISSN 2175 7070, REALIZE Editora, 2009


1. INTRODUÇÃO

Expressões como “Bom dia a todos e a todas!” ou “Prezados alunos e alunas” têm
surgido com maior freqüência em reuniões, encontros, eventos, entre outros tipos de
comunicação. Elas refletem a proposta da linguagem inclusiva, que propõe a inclusão de termos
tanto masculinos quanto femininos no discurso. Essa proposta objetiva combater a perpetuação
de crenças e práticas contribuintes para a manutenção de uma sociedade patriarcalista que já
deveria ter sido superada há muito tempo. Entretanto, na maioria das localidades do mundo
inteiro, as mulheres ainda não encontraram o seu devido reconhecimento.
Nesse âmbito, inicialmente, este trabalho realiza uma breve abordagem sobre o gênero
na sociedade, conceituando sexo e gênero enquanto construtos históricos e sociais,
reconhecendo que o sexo feminino não deve ser discriminado por essa ideologia que tem
perdurado há séculos.
Com o advento dos movimentos feministas, destaca-se a proposta da linguagem
inclusiva, que interpreta o próprio idioma como mais um meio de reprodução da cultura
machista, tendo em vista que língua e cultura se confundiriam ao utilizar a figura do sexo
masculino como modelo, fazendo com que palavras de gênero masculino sejam utilizadas para
se referirem a ambos os sexos, como em “o homem” referindo-se a homens e mulheres de modo
geral.
Desse modo, apresentamos dois questionamentos que nortearão a problemática deste
trabalho: i) Será que a suposta inclusão de termos femininos no discurso pode garantir uma
mudança social no que se refere à discriminação contra as mulheres? ii) Os gêneros gramaticais,
enquanto categorias simbólicas, corresponderiam sempre ao sexo de seus respectivos
significantes?
Com base nesses questionamentos, o presente trabalho fundamenta-se principalmente
nas considerações de Iliovitz e Miranda (2007), Mattoso Câmara Jr. (2004 apud ILIOVITZ;
MIRANDA, 2007) e Ross (2009), que têm trazido contribuições significativas para esta
discussão.

2. O GÊNERO NA SOCIEDADE

As discussões em torno das questões de gênero ainda não se tornaram obsoletas, uma
vez que as tendências de manutenção de uma cultura patriarcalista parecem persistir em todas as
esferas da sociedade contemporânea. Sua origem, como ressalta Boff e Muraro (2002), reside
nos tempos mais remotos, pois, desde quando as atividades que exigiam a força de trabalho
(caça, agricultura, etc.) foram atribuídas ao sexo masculino nas comunidades primitivas, se
iniciou todo um processo de reprodução da cultura machista que classifica o homem como sexo
superior, posicionando-o como chefe da família. Essa ideologia estendeu-se às demais funções
sociais, como trabalho, política, religião, e assim por diante.
Nesse contexto, do mesmo modo como os nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial,
tentaram comprovar “cientificamente” que os judeus eram uma raça inferior (a fim de justificar
seus atos e crimes contra a humanidade), houve uma tendência machista de classificar as
características femininas como fatos biológicos. Soihet (2004 apud JESUS, 2009) destaca que
“A medicina do século XIX afirmava que a fragilidade, o recato e o predomínio das faculdades
afetivas sobre as intelectuais eram características biologicamente femininas, assim como a
subordinação da sexualidade ao instinto maternal”.

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Todavia, com o avanço de estudos culturais, sobretudo o da antropologia,
defendemos que as diferenças de comportamento entre sexos distintos não são determinadas
biologicamente, mas sim por meio de um processo de aprendizagem (endoculturação) que faz
com que as atividades atribuídas a homens e mulheres variem entre povos de culturas diferentes.
Exemplificando essa ótica, Laraia (2006, p. 19) observa que

O transporte de água para a aldeia é uma atividade feminina no Xingu


(como nas favelas cariocas). Carregar cerca de vinte litros de água
sobre a cabeça implica, na verdade, um esforço físico considerável,
muito maior do que o necessário para o manejo de um arco, arma de
uso exclusivo dos homens. [...] O exército de Israel demonstrou que a
sua eficiência bélica continua intacta, mesmo depois da maciça
admissão de mulheres soldados. [...] E os nossos índios Tupi mostram
que o marido pode ser o protagonista mais importante do parto. É ele
que se recolhe à rede, e não a mulher, e faz o resguardo considerado
importante para a sua saúde e a do recém-nascido.

Se isso é verdadeiro, torna-se indiscutível o papel determinante da cultura educacional


de cada povo para o estabelecimento dos papéis dos sexos masculino e feminino perante a
sociedade. Nessa perspectiva, surge a distinção entre sexo e gênero, como define Eckert e
McConnell-Ginet (2003, p. 10, tradução nossa)1: “O sexo consiste em uma categoria biológica
baseada principalmente no potencial reprodutivo enquanto o gênero é uma elaboração social do
sexo biológico”. Ou seja, os termos sexo masculino e sexo feminino são definidos a partir dos
aspectos físicos, enquanto os gêneros masculino e feminino representam papéis sociais – o
modo como homens e mulheres são classificados na sociedade.
Portanto, o conceito de gênero é construído histórica e culturalmente a partir das
ideologias sociais vigentes, as quais, neste caso, têm apresentado um discurso machista. É no
combate a essa visão que surge o movimento das feministas, com uma luta pertinente e legítima
que pretende acabar com a discriminação contra as mulheres de modo geral. Dentre outros
aspectos, esse movimento busca identificar e combater atos que contribuam para a petrificação
da cultura patriarcalista, dentre os quais aparece a linguagem – que supostamente estaria
reforçando essa cultura através de estruturas consideradas sexistas, que serão discutidas nas
seções subseqüentes.

3. A PROPOSTA DA LINGUAGEM INCLUSIVA

Antes de questionarmos a legitimidade da linguagem inclusiva, faz-se necessário defini-


la e compreender a fundamentação que justificaria a sua aplicação nas mais diversas situações
lingüísticas do cotidiano. Cabral (2006 apud ILIOVITZ; MIRANDA, 2007) a define como

[...] um dos campos de estudos que vem sendo desenvolvido dentro da


concepção de gênero, diz respeito à inclusão do feminino na elaboração
lingüística. Propõe a utilização dos termos masculino e feminino na
construção da linguagem como, por exemplo: “Sala dos professores e
das professoras”; “Casa da cidadania”, em vez de “Casa do cidadão”;
“O ser humano”, em vez de “O homem”; “Os alunos e as alunas” etc.

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_________________________
1
Original: Sex is a biological categorization based primarily on reproductive potential whereas
gender is the social elaboration of biological sex.
De acordo com essa definição, a linguagem inclusiva trata-se basicamente de incluir
palavras tanto de gênero masculino quanto de gênero feminino em situações em que o discurso
direciona-se a ambos os sexos, ou então, substituir o termo masculino enquanto unificador dos
dois sexos por palavras de sentido mais coletivo. Essa proposta transformou-se, inclusive, em
projeto de lei, o PL 4610/2001, apresentado pela deputada Iara Bernardi (PT-SP) e PL
438/2008, pela deputada Sandra Rosado (PSB-RN); objetivando a utilização da linguagem
inclusiva em documentos oficiais.
Outra aplicação que tem surgido na proposta da linguagem inclusiva é o uso do símbolo
@ como unificador dos sexos masculino e feminino, o que poderia neutralizar as questões de
gênero na língua, como explica Cannabrava (2009):

Podemos utilizar o símbolo @ como uma ‘soma’ de a + o, tal como


vem sendo feito por diversas publicações feministas para englobar o
masculino e o feminino, como o Jornal Fêmea, do CFEMEA (Centro
Feminista de Estudos e Assessoria). Em sua edição mais recente, de nº
123, por exemplo, encontramos na última página uma frase que bem
caracteriza essa opção: ‘... @s empregad@s e trabalhador@s avuls@s
que não têm carteira assinada ...

Para os defensores da linguagem inclusiva, a aplicação de termos masculinos como


unificadores de ambos os sexos representaria uma linguagem sexista que refletiria as crenças e
valores da sociedade que a utiliza, como exposto por Vieira (2009):

Quando se diz ‘A salvação do planeta está nas mãos dos homens’, ao


invés de ‘A salvação do planeta está nas mãos da humanidade’, reflete-
se a posição que o homem vem ocupando na história, reforçando-se seu
papel hierárquico e as relações de poder e dominação masculina na
sociedade.

Nesse contexto, acredita-se que a aplicação da linguagem inclusiva contribuiria para o


enfraquecimento da cultura patriarcalista que tem reinado na sociedade, pois a mesma autora
declara que “Quando se quebra com a linguagem, quebra-se também com padrões
comportamentais”. (VIEIRA, 2009). Se isso é verdadeiro, a mudança dessa prática lingüística
considerada sexista forneceria uma mudança das crenças e práticas sociais que discriminam o
sexo feminino.

4. CRÍTICA À PROPOSTA DA LINGUAGEM INCLUSIVA

Embora sejamos completamente a favor das lutas contra as mais variadas formas de
preconceito presentes na sociedade, incluindo as ideologias defensoras de uma suposta
superioridade do sexo masculino em detrimento das mulheres, pretendemos questionar a

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legitimidade da implantação da linguagem inclusiva, enquanto instrumento de combate a essas
ideologias, no que tange a sua lógica argumentativa.
Um dos principais argumentos dos defensores da linguagem inclusiva, como abordado
anteriormente, reside na idéia segundo a qual a suposta inclusão de termos femininos no
exercício da linguagem cotidiana poderia contribuir para uma mudança de crenças e práticas
características da cultura machista. Entretanto, interpretamos esse argumento como
inconsistente, remetendo-nos às palavras de Iliovitz e Miranda (2007):
Defendemos que não é através da mera substituição de algumas
expressões nem através do uso da linguagem inclusiva que a sociedade
vai mudar. Esta idéia seria extremamente ingênua e superficial, senão
ilusória. A mudança social vem através da educação, da
conscientização e do respeito às diferenças. Esse respeito certamente
pode estar presente na linguagem, mas não basta. É preciso ir além.
Trata-se, então, de todo um processo social – como tal, entretanto, não
se processa instantaneamente; requer uma “paciência coletiva”, algo
como tolerância em massa, a menos que a própria massa o desconheça,
uma vez que se trata de um aspecto de caráter intelectual, e é
exatamente isto que, infelizmente, percebe-se na sociedade. As “ilhas”
de conhecimento (por exemplo, as universidades) não dão conta, nesse
sentido, de tal tarefa, ao menos em curto prazo. (grifos dos autores)

Nessa perspectiva, a mera inclusão de termos femininos ou substituição de palavras de


gênero masculino por substantivos coletivos no exercício lingüístico cotidiano caracteriza uma
espécie de eufemismo – “[...] palavra ou expressão empregada no lugar de outra palavra ou
expressão considerada desagradável ou chocante.”(CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 399) –
que serve apenas para disfarçar o caráter supostamente negativo das palavras. Como exemplo
disso, constatamos que a substituição de termos como “negro” por “afro-descendente” não fez
diminuir o preconceito racial presente na sociedade, ou ainda, “portadores de necessidades
especiais” em vez de “deficiente físico”. Esse tipo de prática lingüística não tem servido como
instrumento eficaz para a diminuição de ideologias discriminadoras, como se pode citar o caso
do povo iraniano, cujo idioma vigente é o persa – língua que, diferentemente do português, é
desprovida de gênero, demonstrando sua característica neutra de tal modo que não apresenta os
pronomes “ele” e “ela”, utilizando apenas o termo “un” para se referir a ambos os sexos.
Todavia, sabe-se que o povo iraniano preserva uma cultura de caráter patriarcalista
provavelmente mais acentuada que a nossa, levando a pesquisadora Ross (2009, tradução
nossa)2 a questionar: “Por que a ‘ausência de gênero’ da língua persa não criou uma utopia
feminista? Isso serve para nos mostrar que o gênero na linguagem é completamente irrelevante
para a abertura sexual da sociedade”.
O segundo questionamento que levantamos quanto à legitimidade da linguagem
inclusiva é ainda mais grave, pois os seus defensores parecem acreditar que os gêneros das
palavras estão necessariamente ligados ao sexo dos seus respectivos significantes. Contudo, um
dos precursores da lingüística brasileira, Mattoso Câmara Jr. (2004 apud ILIOVITZ;
MIRANDA, 2007), já chamaria a atenção há muito tempo para desfazer essa confusão
conceitual:

[a flexão de gênero] costuma ser associada intimamente ao sexo dos


seres. Ora, contra essa interpretação falam duas considerações

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fundamentais. Uma é que o gênero abrange todos os nomes
substantivos portugueses, quer se refiram a seres animais, providos de
sexo, quer designem apenas ‘coisas’, como casa, ponte, andaiá,
femininos, ou palácio, pente, sofá, masculinos. (...) Depois, mesmo em
substantivos referentes a animais ou pessoas há discrepância entre
gênero e sexo, não poucas vezes. Assim, testemunha é sempre
feminino, quer se trate de homem ou mulher, e cônjuge, sempre
masculino, aplica-se ao esposo e à esposa. Para os animais, temos os
chamados substantivos epicenos, como cobra, sempre feminino, e tigre,
sempre masculino.
_________________________
2
Original: Why didn’t the ‘gender free’ Persian language create a feminist utopia? This goes to
show us that gender in language is completely irrelevant to the sexual openness of society.
Portanto, o que ocorre é que gênero gramatical não corresponde a gênero sexual, uma
vez que aquele se trata de uma categoria simbólica que pode se referir tanto a significantes
providos de sexo (masculino ou feminino) quanto a significantes neutros. Pelo fato de a língua
portuguesa não apresentar o gênero neutro, todas as palavras são ou do gênero masculino ou do
gênero feminino, mesmo que se refiram a significantes desprovidos de sexo. Desse modo,
quando um termo como “o homem” é substituído por “a humanidade”, o que ocorreu foi que
uma palavra de gênero masculino foi substituída por outra de gênero feminino, implicando o
mesmo tipo de problema suposto pelos defensores da linguagem inclusiva. A língua portuguesa
apresenta os substantivos sobrecomuns – “[...] substantivos de um só gênero que nomeiam
pessoas de ambos os sexos.”(PASCHOALIN, 2008, p.36) – como “a criança”(gênero feminino),
“o indivíduo” (gênero masculino), “a pessoa” (gênero feminino), e assim sucessivamente.
Seguindo a mesma lógica argumentativa dos defensores da linguagem inclusiva, afirmaríamos
que o emprego do termo “a criança” referindo-se a ambos os sexos seria inadequado, por refletir
apenas um gênero.
Ross (2009, tradução nossa)3 questiona esse equívoco ressaltando que

[...] a teoria da ‘linguagem sexista’ parece acreditar que as palavras


não podem ter mais de um significado: se ‘homem’ e ‘ele’ em alguns
casos referem-se ao masculino, então não podem contemplar o
masculino e o feminino em outras situações [...].

De fato, se todas as palavras do português são ou do gênero masculino ou do


gênero feminino, então em situações genéricas direcionadas a ambos os sexos, nada mais
sensato que eleger apenas uma palavra unificadora, contanto que fique bem clara a
intencionalidade de inclusão. A mesma autora observa que “Historicamente, se uma língua
possui um sistema de gênero e faz distinções entre ‘ele’ e ‘ela’, então um ou outro também
tenderá a ser o gênero comum para quando ambos os gêneros estiverem envolvidos”. (ROSS,
2009, tradução nossa).4 O importante é que ao se utilizar uma expressão como “Olá a todos!”,
todos (homens e mulheres) sintam-se contemplados.
Por fim, observamos que a utilização do símbolo @ como neutralizador do gênero,
conforme abordado na seção anterior, tratar-se-ia de uma aplicação possível apenas para a
modalidade escrita, pois como ficaria a pronúncia? Neste caso, fonologicamente, teria de se
escolher um padrão, não solucionando o suposto problema. Portanto, as questões mais

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importantes da utilização da linguagem no cotidiano estão ligadas aos seus aspectos semânticos,
isto é, às intencionalidades discursivas.

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3
Original: “[...] the theory of ‘sexist language’ seems to say that words cannot have more than
one meaning: if ‘man’ and ‘he’ in some usage mean males, then they cannot mean both males
and females in other usage [...]”
4
Original: “Historically, if a language possesses a gender system and distinguishes between ‘he’
and ‘she’ then one or the other will also tend to be the commom gender for when both genders
are involved.”
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar das mudanças significativas que vêm ocorrendo nas últimas décadas, o sexo
feminino ainda tem enfrentado barreiras diante dos papéis sociais a ele atribuídos por uma
sociedade que ainda demonstra algumas características da cultura machista. Contra esse tipo de
comportamento, o advento dos movimentos feministas reflete uma reação legítima que almeja
nada mais que um princípio ético: o direito à igualdade.
Nesse sentido, defendemos que o sexo feminino deve sim obter seu devido
reconhecimento e inserção em todas as esferas em que se tem deparado com barreiras
completamente preconceituosas e desprovidas de qualquer justificativa consistente. No entanto,
identificamos a proposta da linguagem inclusiva como um meio sem fundamentos lógicos e/ou
eficazes de combate a esse tipo de preconceito, pois a simples inclusão de palavras de gênero
feminino ou a substituição de palavras de gênero masculino por substantivos coletivos no
discurso não garantem uma mudança na sociedade, tornando-se apenas uma espécie de
eufemismo.
Finalmente, este trabalho argumentou que o gênero gramatical representa uma categoria
puramente simbólica que não está intimamente ligada ao sexo dos respectivos significantes. Isso
ocorre porque a língua portuguesa não possui o gênero neutro, por isso, todas as palavras dessa
língua são ou do gênero masculino ou do gênero feminino, mesmo que o significante ao qual se
referem sejam desprovidos de sexo. Assim, tanto palavras de gênero masculino quanto palavras
de gênero feminino podem ser utilizadas como unificadoras em situações em que se referem a
ambos os sexos, pois o fator mais importante é que as intencionalidades discursivas fiquem
claras.

6. REFERÊNCIAS

BOFF, Leonardo; MURARO, Rose Marie. Feminino e masculino: uma nova consciência para o
encontro das diferenças. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.

Campina Grande, ISSN 2175 7070, REALIZE Editora, 2009


CANNABRAVA, Beatriz. Uma linguagem inclusiva. In: Linguagem inclusiva: coletânea de
textos. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7276276/Linguagem-inclusiva> Acesso
em: 15 Set de 2009.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto,
semântica e interação. São Paulo: Atual, 1999.
ECKERT, Penélope; McCCONNELL-GINET, Sally. Language and gender. Cambridge: CUP,
2003.
ILIOVITZ, Erica Reviglio; MIRANDA NETO, Cleto B. Há lógica na linguagem inclusiva?
Interfaces de Saberes, v. 7, p. 4, 2007. Disponível em:
<http://www.interfacesdesaberes.fafica.com/viewissue.php?id=4> Acesso em: 15 Set de 2009.
JESUS, Sandra Alves Moura de. A mulher e a história: um papel desigual. Disponível em: <
http://www.fja.edu.br/proj_acad/praxis/documentos/ensaio_03.pdf> Acesso em: 15 Set de
2009.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 20. ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2006.
PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo: FTD, 2008.
ROSS, Kelly L. Against the theory of “sexist language”. Disponível em: <
http://faculty.ed.umuc.edu/~jmatthew/articles/against.html> Acesso em 15 Set de 2009.
VIEIRA, Vera. A discriminação à mulher está presa à tirania das palavras e imagens. In:
Linguagem inclusiva: coletânea de textos. Disponível em:
<http://www.scribd.com/doc/7276276/Linguagem-inclusiva> Acesso em: 15 Set de 2009.

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