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ISSN 0103-9830
BT/PCC/515
Conselho Editorial
Profo Dr. Alex Abiko
Profo Dr. Francisco Ferreira Cardoso
Prof. Dro João da Rocha Lima Jro
Profo Dr. Orestes Marraccini Gonçalves
Profo Dr. Paulo Helene
Profo Dr. Cheng Liang Yee
Coordenador Técnico
Prof. Dr. Alex Kenya Abiko
Este texto faz parte da dissertação de mestrado de título "O conceito de desempenho de edificações
e a sua importância para o setor da construção civil no Brasil", que se encontra à disposição com os
autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.
FICHA CATALOGRÁFICA
Borges, Carlos Alberto de Moraes
O conceito de desempenho de edificações e a sua importância
para o setor da construção civil no Brasil. - São Paulo: EPUSP, 2008.
19 p. - (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP,
Departamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/515)
RESUMO
ABSTRACT
This paper presents the evolution of the performance concept in construction and
analyse the conditions and steps that are necessary for its application today, in the
context of the growing Brazilian market and the publication of the First Brazilian
Perfomance Building Code.
1 INTRODUÇÃO
o Brasil vive, neste momento, uma grande expansão no setor da construção civil,
que é decorrente de vários fatores, entre eles o crescimento econômico e a
estabilidade do país, a melhoria crescente dos índices macro-econômicos
brasileiros e a grande capitalização do setor através da recente abertura de capital
de diversas incorporadoras e construtoras.
Como o déficit habitacional brasileiro está voltado, em sua quase totalidade, para
as classes de baixa renda, as incorporadoras e construtoras brasileiras
identificaram este segmento como o grande mercado a ser atendido, e estão se
estruturando para produzir um grande volume de habitações populares nos
próximos anos.
A vida útil adequada para as habitações, os custos de manutenção que podem ser
absorvidos pelos usuários no pós-obra, o nível de patologias e defeitos aceitáveis,
as dimensões dos ambientes e o desempenho acústico adequado, são algumas
das questões que precisam ser discutidas e definidas pela sociedade técnica.
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Riscos de irrupção e de difusão de incêndio, respectivamente.
Efeitos psicológicos de fumaça e calor.
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. . :.,. ,<..< Tempo de sobrevivência (compartimentalização do fogo).
.. .. . . .
,. ... Segurança relativa a agentes agressivos (proteção contra explosões, queimaduras,
. . . .• " 'c.'
A construção civil, por ser o setor industrial que mais impactos causa ao meio
ambiente (JOHN, 2000), tem um papel central nesta questão, e está sendo
pressionada tanto pelo governo quanto pela sociedade a mudar sua forma de
atuação.
.. ~ .. ..,..
Para que o setor da construção possa atender a tais demandas, é necessária uma
mudança na forma de se construir, incorporando uma visão de longo prazo, e o
arcabouço conceitual do desempenho é a ferramenta adequada para o tratamento
das questões ambientais. Da mesma forma que as necessidades dos usuários
precisam ser traduzidas em requisitos e critérios de desempenho, as
necessidades ambientais (redução do consumo de energia, por exemplo) também
o são, e num horizonte de longo prazo. Assim, a sustentabilidade naturalmente
tornou-se a razão filosófica e a principal motivação para todo o investimento atual
em pesquisas e iniciativas para a aplicação do conceito de desempenho.
A concepção dos projetos para o atendimento a uma vida útil pré-definida envolve
aspectos técnicos complexos para serem resolvidos, além de aspectos de
responsabilidade legal.
sendo de cinco anos pela solidez e segurança (Código Civil, artigo 618). Sistemas,
elementos e componentes que não afetam a solidez e segurança dos edifícios não
têm prazos de garantia definidos por lei, e são, geralmente, oferecidos e
informados pelos construtores através dos Manuais de Uso e Operação dos
Imóveis.
Esses sistemas são tipicamente feitos através de controles nas fases de projeto,
construção e operação das edificações. Um fato comum a todos os países, sejam
eles desenvolvidos ou não, é que os sistemas regulatórios existentes são
tradicionalmente prescritivos, e contam com seu desempenho implícito nas
soluções adotadas.
Essa entidade produziu diversos trabalhos que foram e estão sendo utilizados por
inúmeros países, como os Estados Unidos e a Inglaterra, para o desenvolvimento
de sistemas regulatórios baseados no desempenho.
10
Sexton e Barrett (1998) definem inovação bem sucedida como a efetiva geração e
implementação de uma nova idéia, que aumenta o desempenho organizacional
como um todo. Esta definição implica numa visão de negócio, e não simplesmente
sob o aspecto técnico, pois qual seria a motivação de uma empresa em
desenvolver um produto ou sistema inovador se isso não trouxesse resultados
para o seu negócio?
Para que a inovação de fato aconteça, é necessário que existam condições que
independem da utilização de uma abordagem de desempenho, e a principal delas
é que as empresas tenham segurança de que o investimento despendido para a
geração de inovações possa ser recuperado através de uma maior
competitividade, rentabilidade ou imagem no mercado. A afirmação de que a
aplicação do conceito de desempenho, por si só, estimula a inovação, nem
sempre é verdadeira.
.'...".
11
O projeto para elaboração da Norma foi financiado pela Caixa Econômica Federal
com recursos do Finep, e demorou oito anos para ser concluído. Na primeira
etapa dos trabalhos, de 2000 a 2004, o coordenador da Comissão de Estudos foi
o Engenheiro Ércio Thomaz, do IPT 2, e de setembro de 2004 até a data de sua
publicação, o Engenheiro Carlos Alberto de Moraes Borges, diretor da Construtora
Ta~ab Ltda., empresa de médio porte que atua no mercado paulistano de
incorporação e construção há 25 anos, assumiu a coordenação.
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• Desempenho estrutural;
• Segurança contra incêndio;
• Segurança no uso e operação;
• Estanqueidade;
.. .,....
13
• Desempenho térmico;
• Desempenho acústico;
• Desempenho lumínico;
• Durabilidade e manutenibilidade;
• Conforto tátil e antropodinâmico;
• Adequação ambiental.
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i
Tabela 2 - Propostas para a aplicação do conceito de desempenho na Construção Civil do
Brasil
Arcabouço
Normativo
Eliminação dos conflitos edistorções das
normas técnicas atuais da Construção Setor formal
Civil III
I
Desenvolvimento de normas de
desempenho e revisão concomitante das Setor formal
normas prescritivas
Criação de Código de Consulta para
elaboração de Normas Técnicas para a Setor formal
construção: auto-regulamentação
Campanha de conscientização e
divulgação de Normas Técnicas
Setor formal
IIII l - - - ,
I
Exigência contratual para cumprimento Órgãos financeiros
de Normas Técnicas nos financiamentos públicos e privados.
àhabitação governo e setor formal
Criação de instrumentos de fiscalização Órgãos financeiros
para avaliação do desempanho das
edificações
públicos e privados,
governo e setor formal II
Ambiente
Regulatório
Incentivos financeiros para as Ó - fi '
construtoras com histórico de obras com ;gbal'os Inan~eldros
bom desempenho
pu ICOS e pnva os
III .
Desenvolvimento de legislação sobre a Órgãos financeiros
responsabilidade legal para o setor da públicos e privados.
Construção Civil
. ,
governo e setor formal
Órgãos financeiros
Obngatonedade do seguro-<lesempenho •br
para as edificações brasileiras
. ad
pu ICOS e pntv fos, I
III
III .
govemo e se or orma
Criação do Sistema Nacional de Códigos S t f I
•, , eor orma govemo e
e Praltcas para elementos construtivos e , 'd d'
sistemas do edifício Unlversl a es
III
Criação de programas de formação para
projetistas voltados à concepção de
Ambiente Técnico Setor formal
projetos, para atender a níveis de
desempenho pré-<leterminados
II
Padronização da forma de apresentação
do desempenho dos elementos e
Setor formal
componentes de construção fabricados
no Brasil
"~ "~
16
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLACHERE, G. Savoir bâtir, Paris, Eyrolles, 1974 apud Jean-Luc CHEVALlER (a),
Julien HANS (a). Performance Based Approach French State of Art, 2003. 343
p.
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