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1931) e Wind – A Força dos Ventos (Carrol Ballard, EUA, 1992), extraído do livro:
VIANA, Nildo. Os Valores na sociedade moderna. Brasília: Thesaurus, 2007 (extrato do
capítulo 02, “Axiologia e Axionomia”).
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Ar fresco é bom para a saúde.
Em qualquer lugar, se tiver uma chance,
Em qualquer lugar, a vida é uma melodia.
Em qualquer lugar, é vinho e romance
Então aqui estamos, nós dois e a liberdade!
Você nunca deveria ter pensado em casamento
Quando se nasceu para viver viajando
Enquanto espera que a idade da sabedoria o possa trazer
Pense no amor como um mero episódio
É o nosso destino
Velho companheiro
Meu velho amigo, a terra é redonda.
Haverá mulheres onde for
Quando finalmente chegarmos ao fim
Será a hora de ir mais devagar
Em qualquer lugar, se você tiver a chance
Em qualquer lugar, a vida é uma melodia
Em qualquer lugar, é vinho e romance
Então aqui estamos, nós e a liberdade!
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vida, e justifica até o abandono da mulher que gosta por estar participando
de “um grande sonho”, algo que não poderia “fazer sozinho” e por isso
deveria se submeter à decisão de que ela teria que abandonar a equipe. Após
a derrota dos americanos para os australianos, Bill Parker acaba indo
disputar e ganhar a copa do ano seguinte.
Ao lado da competição, o nacionalismo é outro valor bastante
presente no filme. A bandeira norte-americana tremula e a derrota de um
ano é esquecida com a vitória no ano seguinte. Os americanos, vencedores
cinco anos seguidos, perdem um ano, mas se recuperam no ano seguinte. Os
valores objetivados no filme, além da competição e do nacionalismo, ainda
apontam para o iatismo como algo digno de receber um filme e por isso se
justifica. Uma cena, quando os “heróicos americanos” tentam buscar
financiamento para sua nova empreitada, e percebem que é difícil convencer
empresários investir em tal futilidade, a justificativa para buscar o apoio
financeiro é que é um “esporte limpo”. A futilidade da justificativa é igual a
futilidade do objetivo. Assim, a vitória na competição é o objetivo central de
todos os americanos envolvidos no filme, alguns por dinheiro, outros por
amor ao iatismo e nenhum valor autêntico é expresso em toda a história.
Sem dúvida, o filme é, no geral, bastante ruim, mas é uma
manifestação axiológica e isto fica claro. A temática, o foco central da ação,
os valores da competição, nacionalismo, busca do sucesso (vitória) e fama,
são os valores burgueses que perpassam todo o filme. A competição é tão
intensa que se manifesta até entre a equipe norte-americana, do início ao
fim. Na primeira disputa, o diálogo de Bill Parker e seu treinador, esclarece
isso: tem muitos “egos” atrás de você, ou lidera ou sai do caminho. Na
segunda disputa, a posição de Charley querendo substituir Parker é outro
exemplo. A única mensagem do filme é a competição, daí sua pobreza geral.
Desta forma, A Nós a Liberdade é um filme axionômico e Wind
– A Força dos Ventos é um filme axiológico. Sem dúvida, estas observações
a respeito dos dois filmes possuem o objetivo de destacar apenas os valores
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objetivados em tais manifestações artísticas e não uma análise global dos
mesmos. Caso o objetivo fosse uma análise mais ampla, seria necessário
abordar vários outros aspectos, inclusive a questão da consciência manifesta
no filme.
Assim, as obras de arte, tal como objetos, mercadorias,
brinquedos, produções culturais, etc., são valores objetivados e, por isso,
podem ser axiológicos ou axionômicos, além das manifestações
contraditórias e ambíguas que mesclam traços de ambos.