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Noções Básicas
Higiene Ocupacional –
Noções Básicas
Nome do Aluno
S e n a c S ã o P a u l o – S ã o P a u l o – 2 0 1 3
© Senac-SP 2010
Gerência de Desenvolvimento
Roland Anton Zottele
Coordenação Técnica
Rosangela Gonçalves Ribeiro
Apoio Técnico
Felipe Alves Pellegrini
Editoração e Revisão
Globaltec Editora Ltda.
Versão 2013
Higiene Ocupacional – Noções Básicas
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO / 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / 68
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O controle dos riscos ocupacionais representa hoje um dos desafios mais importantes
para os profissionais em segurança, medicina e higiene do trabalho. Novas tecnologias
geram novos produtos e exposições, que, combinados com os processos e métodos de
produção industrial, favorecem um número cada vez maior de situações que devem ser
controladas para evitar reações adversas às pessoas e ao meio ambiente.
A ação ideal para reduzir ou controlar os riscos ocupacionais deve incluir a colabo-
ração dos profissionais especializados, pois são eles que detêm as habilidades admi-
nistrativas e o conhecimento do trabalho realizado em cada área da empresa. O tra-
balhador diretamente ligado ao processo de produção poderá dar sua contribuição,
reconhecendo, mesmo que de forma subjetiva, os riscos do ambiente de trabalho.
Esta publicação tem como objetivo oferecer, de forma prática, informações técnicas e
administrativas específicas sobre reconhecimento, identificação, avaliação e controle
dos riscos ocupacionais. Para tanto, inicia com o conceito básico da disciplina – Hi-
giene Ocupacional – para, em seguida, abordar os diversos riscos ocupacionais, fina-
lizando com as fases de desenvolvimento de um programa de higiene do trabalho.
Nesta nova edição, foram introduzidos outros capítulos referentes a espaços confi-
nados e ao Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Além disso, foi incluído, após
o estudo de Higiene Ocupacional, um mapa de riscos, já que, para o estudo dos prin-
cipais riscos existentes no local de trabalho, deve ser dada atenção à existência de
ruído, de calor, de umidade e de outros agentes físicos, químicos e biológicos.
Conceito básico
Higiene Ocupacional ou Higiene do Trabalho é a ciência que se incumbe do estudo
dos riscos ambientais dos postos de trabalho; riscos estes que podem causar enfermi-
dade ou prejuízo à saúde ou ao bem-estar dos trabalhadores. Esta ciência ocupa-se,
CAPÍTULO 2
RISCOS OCUPACIONAIS
Riscos físicos
Os riscos físicos são constituídos por agentes como:
• ruído;
• vibração;
• temperaturas e pressões extremas;
• radiações ionizantes e não ionizantes;
• umidade.
As pessoas devem estar conscientes desses agentes físicos, devido ao seu potencial
de produzir efeitos nocivos imediatos ou cumulativos.
Ruído pode ser definido como qualquer som indesejável e incômodo, com variações
Ruído Ruídode frequência. É conhecido popularmente como “barulho”.
O ruído pode
Ruídoser definido
A propagação
pode como
ser defi nidoqualquer
do ruído se dásom indesejável
em qualquer
como qualquer e incômodo,
meio comlíquido
físico (aéreo,
som indesejável e incômodo, variações de
ou sólido)
com variações
através
freqüência. de ondaspopularmente
sonoras. A velocidade de propagação, porém, é diferenciada em cada um
deÉfrequência.
conhecido como “barulho”.
É conhecido popularmente como “barulho”.
desses meios. No ar, por exemplo, é de aproximadamente 340 metros por segundo.
A propagação do ruído se
A propagação dodá em se
ruído qualquer
dá em meio físicomeio
qualquer (aéreo, líquido
físico ou líquido
(aéreo, sólido) através de por
ou sólido)
ondas sonoras. As ondas
A ondas sonoras
velocidade exercem
de propagação, sobre o ouvido interno uma pressão medida em decibel
meio de sonoras. A velocidadeporém, é diferenciada
de propagação, porém,em cada um desses
é diferenciada em cada
meios. Noum dB(A)
ar,desses
por (decibel
exemplo, emaproximadamente
é de curva de compensação “A”). por segundo.
meios. No ar, por exemplo, é de 340 metros
aproximadamente 340 metros por segundo.
As ondas As Sendo uma escala,
sonoras sobre ono caso do ruído, o decibel representa o decibél
quociente entre a pres-
ondasexercem ouvido
sobre ointerno
ouvidouma pressão
uma medida
pressãoem emdB(A)
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Senac SãoPaulo
Paulo 99
Higiene Ocupacional – Noções Básicas
500 Hz, a frequência correspondente na banda posterior é de 1.000 Hz, isto é, tem o
dobro do valor. O teclado do piano, por exemplo, está dividido em bandas de oitavas.
Tomando-se como referência a nota musical dó, verifica-se que a próxima nota dó do
teclado, que se situa uma oitava acima, tem um som mais agudo, exatamente com o
dobro de valor de frequência.
Circuito de compensação A, B e C. A curva “A” é aquela que se aproxima da curva de audibilidade do ser humano.
Para uma mesma intensidade sonora, por exemplo 90 dB(A), os sons agudos com-
preendidos entre 2.000 e 8.000 Hz são mais prejudiciais do que os sons mais graves
(abaixo de 1.000 Hz).
85 8 horas
90 4 horas
95 2 horas
100 1 hora
105 30 minutos
110 15 minutos
Quando ligamos duas máquinas idênticas, que emitem ruído com a mesma intensi-
dade sonora, ou seja, com o mesmo nível de pressão sonora, temos um aumento de
3 decibéis em relação ao ruído emitido originalmente por cada máquina. Por exemplo:
Máquina 1: 85 dB(A)
Máquina 2: 85 dB(A)
Ruído resultante das duas máquinas: 88 dB(A)
Efeitos adversos
A exposição a ruídos em nível perigoso pode causar efeitos adversos para os traba-
lhadores, acarretando moléstias físicas e desequilíbrios psicológicos. A consequência
mais comum envolve o aparelho auditivo: redução da audição, surdez temporária ou
permanente, entre outros distúrbios quase sempre irreversíveis.
A frequência do ruído também tem efeitos nocivos: os tons altos ou agudos (acima de
1.000 Hz) são mais danosos do que os tons baixos (graves).
Os traumas acústicos temporários são resultados de exposições a níveis excessivos
ou à presença de alta energia sonora (explosão ou impacto), causando surdez tem-
porária. A surdez temporária, ou a redução da audição, significam o esgotamento
ou fadiga da orelha interna. A recuperação requer um período de repouso em um
ambiente calmo.
Já a surdez permanente resulta geralmente de exposição continuada a ruído em ní-
veis perigosos. Ela se dá em virtude da destruição das células ciliares no interior da
cóclea, elementos sensoriais da orelha interna responsáveis pela captação das ondas
e frequências sonoras e sua transmissão, por impulsos nervosos, ao cérebro, onde
são decifradas. Não existe ação médica conhecida capaz de reparar esse dano.
O ruído em níveis perigosos pode alterar a capacidade de ouvir sons de alta frequência
(2.000 Hz a 4.000 Hz). Isso significa que a pessoa acometida pode às vezes ouvir alguns
sons, mas receber outros sons e emissões orais de forma confusa ou distorcida. Os
aparelhos de correção auditiva podem proporcionar um acréscimo nos níveis de au-
dição, ou seja, sua ajuda pode tornar os sons da conversação mais altos, porém não
mais claros.
O ruído pode surtir, ainda, outros efeitos adversos, dentre os quais podemos citar:
• cansaço;
• irritação;
• dores de cabeça;
• aumento da pressão arterial;
• problemas no aparelho digestivo;
• taquicardia;
• perigo de infarto.
Controle Ação
• manutenção adequada dos equipamentos;
• enclausuramento de máquinas e
equipamentos;
Redução do ruído na fonte • instalação de abafadores de sons de escape;
• instalação de amortecedores de vibração;
• substituição ou melhoria de processos e
métodos;
• medidas administrativas:
• controle do tempo de exposição;
Controle no receptor • acompanhamento médico (exame
(trabalhador) periódico);
• treinamento básico contra riscos de
exposição desnecessária.
Vibração
O ruído e a vibração mecânica quase sempre têm a mesma origem, mas seus efeitos
nocivos são completamente diferentes.
• a vibração de corpo inteiro, como a que ocorre com um operador de trator (este
tipo de vibração pode ocorrer tanto na posição sentada quanto em pé);
Efeitos adversos
Método de controle
Não há uma ação única para controle da vibração, e sim uma associação de medidas
de engenharia, com efetivo acompanhamento.
Obs.: Existem luvas que, em certos casos, diminuem a vibração incidente sobre o tra-
balhador durante a operação de máquinas. Possuem, no entanto, o inconveniente de
diminuir a força de pega e a sensibilidade durante o seu uso.
A condução acontece quando dois materiais entram em contato, causando uma troca
térmica em que o corpo com a maior temperatura fornece calor ao de menor tempe-
ratura até que seja alcançado o equilíbrio térmico.
Já a convecção é um tipo de troca térmica em que ocorre o transporte de calor, sendo
que um dos materiais deve estar no estado líquido ou gasoso. Após o contato dos
materiais, acontece a troca térmica e, em seguida, o líquido ou o gás se desloca, trans-
portando o calor para outro local.
A convecção pode ser natural ou forçada. Exemplos:
• convecção natural: o contato do corpo humano com o ar provoca o deslocamen-
to do ar, devido à diferença de temperaturas;
• convecção forçada: a água do radiador do automóvel é forçada a circular, a fim de
dissipar o calor gerado pelo motor.
Medição
Ambientes externos
Ambientes externoscom carga
com solar:
carga solar:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg
Onde:
Onde:
tbn temperaturade
tbn = temperatura debulbo
bulboúmido
úmidonatural;
natural;
tg = temperatura de globo;
tg = temperatura de globo;
tbs = temperatura de bulbo seco.
tbs = temperatura de bulbo seco.
As
As medições
medições devem
devem ser
ser feitas
feitas no
no local
local onde
onde oo trabalhador
trabalhador permanece,
permanece, àà altura
altura da
da
região mais atingida do corpo.
região mais atingida do corpo.
Efeitos adversos
CONTROLE DE ENGENHARIA
Controle Ação
• ventilação geral diluidora com renovação de ar;
• ventilação local exaustora (coletor localizado);
Troca térmica mecânica • ventilação pessoal (evaporação de
transpiração);
• ar-condicionado ambiental;
CONTROLE ADMINISTRATIVO
Controle Ação
• avaliação da aptidão física;
Seleção e exames médicos • acompanhamento médico e exames periódicos;
periódicos dos trabalhadores • treinamento básico de prevenção às
enfermidades derivadas do calor;
• programa de trabalho-descanso para reduzir os
esforços máximos;
• distribuição do trabalho pesado entre vários
Controle de exposição
operários;
• programação de trabalho para horários mais
apropriados do dia;
Reposição de líquidos e • controle alimentar, de ingestão de líquidos e
eletrólitos consumo de sal;
• programa para acondicionamento do
Aclimatação
trabalhador em ambientes quentes;
• programa de fornecimento e uso adequado de
vestimentas e EPIs;
Fornecimento de EPIs
• roupa aluminizada ou refletora como barreira
de calor radiante.
O frio extremo pode causar hipotermia, com consequências danosas para os tecidos
do organismo.
Radiações ionizantes
Radiações ionizantes são aquelas que extraem elétrons da matéria ao incidirem sobre
ela, produzindo íons. São exemplos de radiações ionizantes as partículas alfa, beta,
neutras, aquelas produzidas por ondas eletromagnéticas, assim como as originadas
de aparelhos de raios-X, radiações gama e aceleradores lineares.
Os materiais radioativos têm larga aplicação na indústria e na medicina (radioterapia,
radiodiagnóstico e medicina nuclear).
Na indústria, são utilizados no controle de produção e na qualidade de produtos; por
exemplo, em ensaios não destrutivos de materiais ferrosos (como na verificação de
cavidades internas em uma peça), em radiografia de soldas (verificação de imperfei-
ções internas no cordão de solda), em fundições, etc., atividades em que se empre-
gam equipamentos de emissão de raio-X, fonte radioativa de irídio e de cobalto.
Em medicina, são utilizados na área de diagnósticos clínicos. Com o avanço da física
nuclear, que possibilitou a determinação e o controle das doses, foi possível otimi-
zar os trabalhos em radioterapia. No ambiente hospitalar, os riscos de exposição a
radiações ionizantes concentram-se nos setores de radiodiagnóstico e radioterapia.
Esses riscos também estão presentes em áreas que fazem uso de equipamentos de
diagnóstico e de imagens médicas em tempo real, como centros cirúrgicos e uni-
dades de terapia intensiva. São exemplos de radiodiagnóstico as radiografias con-
vencionais (produzidas por aparelhos fixos ou portáteis), a fluoroscopia (imagem em
tempo real), as escopias com intensificadores de imagem, os exames odontológicos,
a tomografia computadorizada, etc.
• Radioterapia – A radioterapia é uma forma de tratamento que faz uso das radia-
ções ionizantes para a destruição de células nocivas ao organismo humano. Para
esse fim, utilizam-se equipamentos geradores de ondas eletromagnéticas ou
mesmo substâncias radioativas. São formas de radioterapia a teleterapia, a bra-
quiterapia1, a terapia de contato, a terapia intracavitária, entre outras.
• Medicina nuclear – Medicamentos radioativos (líquidos ou gasosos), como ra-
dioisótopos e radiofarmacêuticos, são injetados no corpo humano de modo a
produzir imagens dos órgãos do corpo e de suas estruturas. Eles são tipicamente
absorvidos pelos órgãos e a radiação emitida pode ser detectada e localizada. O
tamanho e a estrutura do tecido, bem como a atividade bioquímica dos órgãos,
podem ser deduzidos desse modo, levando ao diagnóstico de uma doença.
Efeitos adversos
1
A braquiterapia é uma forma de radioterapia em que os materiais radioativos são implantados nas proximidades
do tumor.
Medidas de controle
Podemos passar dias, semanas, meses ou até anos sem detectar os efeitos do exces-
so de exposição a radiações ionizantes. Afinal, elas não advertem antecipadamente
sobre seus riscos: não as vemos ou ouvimos, não sentimos seu gosto e, em muitos
casos, não percebemos o dano que estão causando.
Uma medida preventiva fundamental contra os riscos de exposição a radiações ioni-
zantes é monitorar essa exposição. O monitoramento individual é realizado por meio
do uso do dosímetro de bolso, utilizado na altura do tórax. Esse equipamento oferece
uma leitura completa da exposição e deve ser utilizado em trabalhos críticos, com alta
probabilidade de exposição à radiação ionizante. Existem, ainda, instrumentos que
emitem sinais de advertência sempre que for ultrapassado certo nível de exposição à
radiação, e de alarme, em condições específicas. Outra forma de controle é a utiliza-
ção de um filme dosimétrico, que é portado pelo trabalhador que manuseia a fonte
de radiação ionizante; após determinado período, esse filme é revelado, indicando a
quantidade de radiação recebida.
A manipulação de fontes radioativas ionizantes só pode ser realizada por profissio-
nais adequadamente treinados e habilitados, pois este é um campo profissional alta-
mente técnico.
As principais formas de precaução e controle de radiações nos ambientes de trabalho
são:
• revestimento com chumbo nas paredes e portas das salas que contêm equipa-
mentos geradores de radiação;
• instalação de indicadores luminosos nos locais de acesso a áreas onde são arma-
zenados ou manipulados materiais e aparelhos que contenham fontes radioativas;
• os aparelhos de emissão de radiação devem possuir dispositivos que os desli-
guem automaticamente depois de decorrido o tempo de exposição pré-selecio-
nado;
• as salas devem dispor de meios de comunicação oral e visual com o paciente
submetido a tratamento ou exame;
• uso de aventais plumbíferos pelos operadores de aparelhos radiológicos durante
as radiografias realizadas fora das salas apropriadas;
• instalação de tratamento de esgoto nos locais de utilização de radioisótopos e de
internação de pacientes.
Essas radiações, que incluem radiações visíveis (luz visível), raios infravermelhos, ul-
travioletas, laser e micro-ondas, são de origem eletromagnética, com frequência pró-
xima da faixa de frequência da luz visível. São semelhantes às radiações ionizantes,
mas a exposição a elas provoca danos diferentes ao organismo.
O primeiro passo para o controle desse risco é o reconhecimento da possibilidade
de sua existência.
A radiação ultravioleta pode ter uma fonte natural, que é a luz solar, e fontes indus-
triais, que incluem a solda por arco voltaico (solda elétrica, fusão de metais, maçari-
cos de altas temperaturas) e as lâmpadas ultravioletas usadas na inspeção de proces-
so industrial e como lâmpadas germicidas.
Os efeitos sobre a pele incluem escurecimento cutâneo, eritemas (queimaduras), in-
terferência no crescimento celular, perda de elasticidade, etc. As exposições repeti-
das, em doses elevadas e sem proteção adequada, podem provocar o aparecimento
do câncer de pele.
A exposição dos olhos sem a proteção de filtros provoca a conjuntivite (que se mani-
festa horas depois da exposição) e implica a probabilidade de opacidade do cristali-
no, interferência na acuidade visual e produção de fadiga ocular.
Para as pessoas diretamente expostas a esse tipo de radiação, o método fundamental
é o uso da roupa e da proteção facial apropriada. A vestimenta deve proteger princi-
palmente o tronco e os membros superiores por inteiro, acrescentando-se luvas. A
proteção da face deve ser inteiriça, abrangendo o pescoço. A fonte de radiação deve
ser provida de lente filtrante apropriada à intensidade da radiação.
No controle ambiental das radiações, devem-se usar como barreiras chapas metálicas
ou cortinas de material filtrante ou semitransparente.
São ondas eletromagnéticas detectáveis pelo olho humano. Podem ter origem na-
tural (luz solar) ou ser obtidas artificialmente (energia elétrica, queima de combus-
tíveis, etc.). A iluminação de um ambiente pode ser natural, artificial ou, como mais
comumente ocorre, ser mista, com a associação dos dois tipos.
O uso da radiação por micro-ondas está se popularizando cada vez mais, tanto em
aplicações industriais como nos meios de comunicação e em aparelhos eletrodomés-
ticos. As radiações de micro-ondas têm a propriedade de produzir calor de dentro
para a superfície de um material em exposição.
A exposição excessiva a esse tipo de radiação pode provocar graves danos à saúde,
envolvendo os órgãos da visão (catarata) e o sistema reprodutor. O controle dos ris-
cos associados ao uso de micro-ondas resume-se em reduzir ao mínimo as exposi-
ções, com procedimentos seguros de trabalho e treinamento.
Os raios laser são ondas eletromagnéticas na faixa de frequência da luz visível que
se propagam em feixes paralelos, em uma mesma direção. São usados nas áreas de
comunicação, solda de materiais, medições mecânicas e cirurgias, entre outras.
Os efeitos dos raios laser são tão perigosos como os dos raios diretos. Os olhos são a
parte mais vulnerável do organismo humano, porque o cristalino projeta o laser a um
ponto menor na retina, o que aumenta a intensidade da radiação, provocando lesões
graves, inclusive a cegueira.
A tecnologia envolvida na obtenção dos raios laser é muito sofisticada. Recomenda-
-se a consulta a profissionais especializados para a definição dos limites seguros de
exposição. A norma ANSI-136-1 define a maneira segura de uso e também proporcio-
na informações úteis para o controle de exposições.
9. Pode-se afirmar que o principal efeito das radiações não ionizantes é a geração
de calor:
Verdadeiro ( ) Falso ( ) Nenhuma das anteriores ( )
11. As radiações não ionizantes, para as pessoas não devidamente protegidas, po-
dem desencadear o surgimento de câncer:
Verdadeiro ( ) Falso ( ) Nenhuma das anteriores ( )
Umidade
A literatura especializada não tem se interessado muito pelo tema, tanto que são es-
cassos os estudos técnicos a respeito dos efeitos nocivos da exposição a umidade em
termos ocupacionais.
Medidas de controle
Riscos químicos
A cada ano centenas de novos produtos químicos são desenvolvidos para atender à
crescente demanda das indústrias e do mercado consumidor. Um número significa-
tivo desses novos produtos e de outras substâncias químicas já em uso representa
novos problemas, com possíveis consequências para as pessoas e para o meio am-
biente. A introdução de novos agentes químicos justifica pesquisas e outros esforços
para o controle dos riscos e para a promoção de condições adequadas e seguras de
trabalho.
Entre as principais medidas preventivas, destaca-se oferecer aos trabalhadores a
oportunidade de se conscientizar sobre os riscos existentes em suas atividades ocu-
pacionais, cooperando com iniciativas para a promoção da saúde e da qualidade de
vida das pessoas.
Para serem solucionados, os problemas ligados a riscos químicos devem ser tratados
de forma multiprofissional. Os profissionais envolvidos nos serviços de segurança
devem manter contato direto com os trabalhadores e possuir razoável conhecimento
de toxicologia ocupacional.
Primeiramente, o estudo dos riscos químicos requer que se tenha clara a diferença
entre tóxico e perigoso.
Todo e qualquer agente químico que, introduzido no organismo e absorvido por
este, provoca efeitos considerados nocivos ao sistema biológico é considerado tó-
xico. Deve-se entender por efeitos os resultados de ações sobre o sistema orgânico,
incluídas as ações locais, que revelam sinais e sintomas de desequilíbrio produzidos
pela interação do agente tóxico com o organismo.
Perigoso é um termo que se refere à probabilidade de uma substância, em dada situ-
ação, produzir dano. Qualquer substância pode ser nociva se administrada de certos
modos (vias de entrada no organismo) ou em doses acima da capacidade ou resistên-
cia do organismo a ela.
Vale lembrar que algumas substâncias não são altamente tóxicas, mas possuem um
alto potencial de risco de incêndio ou de explosão.
As exposições aos agentes químicos no ambiente são, na maioria das vezes, conhe-
cidas. Utilizam-se produtos, industrializados ou não, em processos com finalidades
específicas, com poucas alterações nas características da matéria-prima, do método
ou do processo de fabricação. O risco ambiental dos compostos químicos está na
possibilidade de que eles produzam reações, formando diferentes compostos por
decomposição ou por interações, principalmente com o ar atmosférico.
Ocorrendo a exposição, a substância química pode ingressar no organismo por meio
de uma ou mais vias:
Uma quarta via de ingresso, menos comum, é a lesão decorrente de “agressão” por
objeto pontiagudo e/ou cortante ou por força exercida por ar comprimido ou líquido
pressurizado.
O tecido cutâneo cobre toda a parte externa do corpo, com uma área de cerca de
1,80 m2. Inclui também as membranas mucosas e semimucosas – lábios, conjuntivas,
canal auditivo externo, mucosa gengival e bucal, mucosas do reto, do pênis e da va-
gina –, os pelos e as unhas.
A absorção de produtos químicos pelo tecido cutâneo é, em geral, um processo mais
lento. A pele encontra-se naturalmente protegida pela secreção sebácea, pelo suor
e pela queratina, que podem, no entanto, ser removidos sem dificuldade com água
e sabão, com solvente ou base orgânica. Quando os óleos corporais são eliminados
por desengraxantes, como a gasolina, o querosene e outros solventes, a absorção é
bastante intensificada.
O grau de permeabilidade cutânea pode ser alterado por uma série de fatores e con-
dições, como temperatura, sudorese, espessura do tecido (pele), idade, circulação
periférica, etc., além de lesões que rompam a integridade da barreira cutânea.
Existem produtos que, devido a suas características físico-químicas, são absorvidos fa-
cilmente pela pele: benzeno, tolueno, nitroglicerina, chumbo orgânico, mercúrio, etc.
Esses agentes químicos se difundem na epiderme, nas glândulas sebáceas e nos folícu-
los pilosos e ingressam na corrente sanguínea para posterior ação no organismo.
Ingresso por via digestiva (ingestão)
A ingestão de produtos tóxicos quase sempre ocorre devido a maus hábitos de hi-
giene pessoal, entre os quais podem-se citar: comer, beber e/ou fumar no local de
trabalho sem lavar as mãos e o rosto. Partículas depositadas no trato respiratório,
provenientes do processo de respiração, também podem ser levadas à região bucal
por tosse, expectoração e mesmo pela fala, caindo na via digestiva.
As substâncias químicas introduzidas pela via digestiva oferecem riscos menores,
principalmente devido à baixa absorção pela corrente sanguínea, às secreções do
estômago, à ação de enzimas digestivas e à diluição com água e alimentos.
Lavar as mãos e o rosto antes da refeição e ao final do turno de trabalho é uma prática
recomendada de asseio pessoal ao trabalhador que lida com produtos tóxicos.
Toxicidade
Intoxicação
• letais;
• graves;
• moderadas;
• leves.
• agudas;
• subagudas;
• crônicas.
• a curto prazo;
• a médio prazo;
• a longo prazo.
Nas intoxicações por exposição a curto prazo, há rápida absorção do agente tóxico.
A dose é única ou múltipla, num período máximo de 24 horas. Em geral, as mani-
festações da intoxicação se desenvolvem rapidamente. Citamos, como exemplos, as
intoxicações agudas provocadas pelo monóxido de carbono e pelo ácido cianídrico.
As intoxicações por exposição a médio prazo resultam de exposições frequentes ou
repetidas aos agentes químicos, durante períodos de vários dias ou semanas. Exem-
plos são as intoxicações subagudas provocadas pelo mercúrio, pelo chumbo e pelo
sulfeto de hidrogênio.
Os gases são fluídos sem forma, nas condições normais de temperatura e pressão,
que ocupam todo o espaço que os contém. Alguns exemplos de gases são o ar at-
mosférico comum (que é, na verdade, uma mistura de diferentes gases), o monóxido
de carbono (CO), o metano (CH4), o dióxido de carbono (CO2) e o ozônio (O3), que
podem ser obtidos por combustão, decomposição de matéria orgânica, reações quí-
micas diversas, etc.
Vapores
Aerodispersoides ou partículas
Asfixiantes
Anestésicos e narcóticos
Esses contaminantes têm ação depressora do sistema nervoso central, cuja intensida-
de depende da concentração do agente tóxico. Podem, consequentemente, provocar
perda da sensibilidade e da consciência, e até mesmo a morte. Exemplos: tetracloreto
de carbono, éter etílico e álcool etílico.
Sistêmicos
São os contaminantes que, após serem absorvidos, atuam em vários sistemas e ór-
gãos vitais do corpo humano. Cada substância interage com determinados sistemas
biológicos de acordo com a afinidade que possui em relação a determinadas estrutu-
ras orgânicas. Exemplos: cádmio, chumbo, cobre, cromo, estanho e manganês.
São agentes químicos ou produtos que promovem reações alérgicas ou podem cau-
sar irritação, principalmente no trato respiratório. Exemplos: fibras de algodão, resi-
nas, óleos e pólen.
Causadores de pneumoconiose
14. Os efeitos agudos provocados pela exposição a soda cáustica são idênticos aos
efeitos produzidos a longo prazo. Esta afirmação é:
Riscos biológicos
Riscos biológicos são os microrganismos, os cultivos de células e os endoparasitos
humanos suscetíveis de originar qualquer tipo de infecção, alergia ou toxicidade. Em
sentido mais amplo, são todos os seres vivos, de origem animal ou vegetal, e todas
as substâncias deles derivadas presentes no posto de trabalho, que podem provocar
efeitos negativos na saúde dos trabalhadores. Esses efeitos negativos podem concre-
tizar-se em processos infecciosos, tóxicos ou alérgicos.
• organismos vivos;
Organismos vivos
• excrementos;
• pólen;
• poeiras vegetais;
Entre as atividades laborais que apresentam riscos biológicos podem ser citadas:
• laboratórios de pesquisa e de análise clínica;
• indústria farmacêutica;
• hospitais;
• agricultura e criação de animais;
• indústria alimentícia/conservas;
• tratamento de água e de esgoto;
• serviços de limpeza urbana;
• mineração.
Formas de contaminação
Em cada uma dessas atividades, a contaminação por agentes biológicos pode se dar
de diversas formas:
Laboratórios de pesquisa e de análise clínica:
• manipulação de microrganismos patogênicos;
• contato com animais (cobaias);
• contato com fluidos biológicos, tecidos orgânicos, etc.
Indústrias farmacêuticas:
• extratos vegetais e de animais;
• enzimas, etc.
Hospitais:
• contato com paciente;
• contato com fluidos biológicos de pacientes;
• atividade em ambientes contaminados por vírus, bactérias, etc.;
• execução de limpeza de ambiente;
• contato com objetos contaminados em lavanderias, cozinhas, etc.
Agricultura e criação de animais:
• contato com animais (zoonoses);
• obtenção de produtos alimentícios vegetais;
• contato com o solo (terra);
• contato com a água (processo de irrigação, etc.).
Indústria alimentícia/conservas:
• fungos associados à matéria-prima;
• produtos diversos (tabaco, farinhas, etc.);
• manipulação de animais e derivados;
• extratos vegetais, etc.
Tratamento de água e esgoto:
• água para consumo domiciliar e industrial;
• tratamento de esgoto (residencial e industrial);
• resíduos orgânicos;
• esgoto hospitalar, etc.
Serviços de limpeza urbana:
• contato com produtos contaminados;
• contato com produtos em decomposição;
• inalação de gases tóxicos, irritantes e alergênicos, etc.
Mineração:
• contato com microrganismos;
• doenças endêmicas;
• contato com animais (zoonoses), etc.
Medidas de controle
A insalubridade é determinada por avaliação qualitativa, isto é, pela análise das tare-
fas e do local onde são exercidas as atividades.
• estábulos e cavalariças;
CAPÍTULO 3
PROGRAMA DE HIGIENE
DO TRABALHO
O controle dos riscos ocupacionais requer medidas básicas, em cujo estudo e imple-
mentação os profissionais especializados em Higiene Ocupacional têm participação
fundamental.
A principal forma de controle é a elaboração e vigência de um Programa de Higiene
Ocupacional, cujo êxito depende da observação de três posturas básicas: antecipa-
ção, avaliação e medidas de controle. Segue um quadro-resumo com as posturas e o
desenvolvimento de cada uma.
Ação Desenvolvimento
Reconhecer os agentes ambientais que afetam
a saúde dos trabalhadores, o que implica o
conhecimento dos produtos, do processo e do
Antecipação
método de trabalho, fluxo do processo, leiaute
das instalações, número de trabalhadores
expostos, etc.
Avaliação
Dois tipos de avaliação são requeridos: a quantitativa e a qualitativa.
Avaliação quantitativa
Avaliação qualitativa
Medidas de controle
As medidas de controle devem ter basicamente dois focos de ação: o ambiente e o
homem. Veja a seguir um quadro-resumo das medidas para cada um desses focos:
CAPÍTULO 4
MAPA DE RISCOS AMBIENTAIS
Elaboração
Elabora-se o Mapa de Riscos sobre o leiaute das instalações, que pode ser uma re-
presentação completa ou setorial da empresa, no qual devem ser assinaladas as po-
sições de máquinas e equipamentos, bancadas de trabalho, áreas de circulação de
pessoas e fluxo de materiais, equipamentos de proteção e combate a incêndio, bem
como indicações de áreas e outras informações que forem necessárias. A indicação
se dá por meio de círculos pintados internamente na cor padronizada do grupo ao
qual pertence o risco. Caso um local apresente mais de um tipo de agente de riscos
de igual gravidade (grande, médio ou pequeno), deve-se representá-los no mesmo
círculo, bastando dividi-lo em partes iguais ao número de riscos detectados e colorir
os espaços respectivos com as cores correspondentes.
Legislação
A Portaria no 25, de 29 de dezembro de 1994, do Departamento Nacional de Seguran-
ça e Saúde do Trabalho (DNSST), acrescenta ao quadro de atribuições (produtos e
serviços) da CIPA, a elaboração ou atualização do Mapa de Riscos Ambientais, com a
seguinte redação:
Art. 2o – Inclui na Norma Regulamentadora no 5, item 5.16, alínea o, com a seguinte redação:
5.16 – A CIPA terá as seguintes atribuições:
elaborar, ouvidos os trabalhadores de todos os setores do estabelecimento e com a co-
laboração do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho), quando houver, o Mapa de Riscos, com base nas orientações constantes do
Anexo IV, devendo o mesmo ser refeito a cada gestão da CIPA.
Parágrafo único – As orientações quanto à elaboração do referido Mapa de Riscos, a serem
incluídas na NR-5, passam a fazer parte da presente Portaria, como ANEXO.
A atual Portaria no 8/1999, referente a CIPA, manteve, em seu item 5.16, alínea a, a ela-
boração do Mapa de Riscos como uma das principais atribuições da CIPA.
Levantamento Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias e transporte equipamentos sem
manual depeso proteção
Exigência Ferramentas
Radiações
Névoas Protozoários de postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas
Imposição de
Frio Gases Parasitas Eletricidade
ritmo excessivo
Trabalho em Probabilidade
Calor Vapores Bacilos turno, se de incêndio ou
trabalho noturno explosão
Substâncias
compostas
Jornada de
Pressões ou Armazenamento
trabalho
anormais produtos inadequado
prolongada
químicos
em geral
Monotonia
Animais
e atividades
peçonhentos
repetitivas
Outras situações
Outras situações
de risco que
causadoras de
poderão contribuir
estresse físico e/
para a ocorrência
ou químico
de acidentes
Poeiras incômodas: podem interagir com outros agentes agressivos presentes no am-
biente de trabalho, tornando-os mais nocivos à saúde.
Fumos metálicos: provenientes do uso industrial de metais, como chumbo, manga-
nês, ferro, etc., causam doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos metáli-
cos, intoxicações específicas, segundo o metal.
Grupo 3 (Marrom) – Riscos biológicos
Vírus: são agentes infecciosos de morfologia variada que se reproduzem apenas no
interior das células, exclusivamente a partir de elementos da célula do ser parasitário.
Provocam doenças como: sarampo, gripe, raiva, hepatite, caxumba, etc.
Bactérias: são seres minúsculos universais, podendo ser encontrados em qualquer
ambiente onde exista alimento disponível, umidade e temperatura adequada. São
responsáveis por doenças como meningite, pneumonia, cólera, sífilis, etc. Porém
nem todas são causadoras de doenças.
Protozoários: são microrganismos de vida livre transmitidos ao homem quase sempre
por vetores (insetos, na maioria das vezes), como é o caso da doença de Chagas, da
malária, da doença do sono, etc.
Fungos: são organismos que não realizam fotossíntese. Os fungos se desenvolvem
em locais quentes e úmidos. Podem ser formados por uma ou por várias células. Os
bolores (mofos) são os exemplos mais comuns de fungos. Esses organismos são os
responsáveis pelas micoses de pele, unhas, couro cabeludo, etc.
Parasitas: organismos que vivem no corpo de hospedeiros, retirando alimento para
seu sustento e causando doenças como gripe, esquistossomose, malária, etc.
Bacilos: são bactérias em forma de bastonete que podem ou não causar doenças e
epidemias. Entre as principais estão cólera, tuberculose, tétano e lepra.
Grupo 4 (Amarelo) – Riscos ergonômicos
São determinados pela falta de adaptação das condições de trabalho às característi-
cas psicofisiológicas do trabalhador.
O Ministério da Previdência Social elaborou a Norma Técnica sobre Lesões por Esfor-
ços Repetitivos (LER), criando procedimentos administrativos e periciais para a pre-
venção, a caracterização e a reabilitação profissional.
Atualmente, o Anexo 2 do Regulamento dos Benefícios da Previdência Social refere-
-se à redução da força e/ou da capacidade funcional dos membros com 6 graus de
desempenho muscular.
A terminologia “LER” está sendo substituída, por alguns especialistas e entidades,
pela terminologia “DORT” (Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho).
1
Bancada de
Preparação
1
Geladeiras
Serviços
Administrativos
Bancada de
Preparação
CAPÍTULO 5
ESPAÇOS CONFINADOS
onde se coloca matéria orgânica – biomassa – misturada com água; é no seu interior
que acontece a fermentação da biomassa, dando origem ao biogás – gás metano – uti-
lizado como fonte de energia para diversas aplicações) em estações de tratamento de
água, ou no caso de grande vazamento de nitrogênio líquido altamente refrigerado.
O nitrogênio é um gás inerte que, no entanto, em caso de grandes vazamentos, ou
no interior de espaços fechados, ocupa o lugar do oxigênio, provocando a morte por
asfixia. É utilizado para fazer a purga (processo no qual o espaço confinado é manti-
do livre de contaminantes atmosféricos mediante a troca da atmosfera por meio da
injeção de ar limpo, vapor ou gás inerte, como o nitrogênio. A escolha do meio de
purga depende da natureza do contaminante existente dentro do espaço confinado)
de tubulações ou outros ambientes. Também é empregado para realizar a inertização
(processo de deslocamento de atmosfera por um gás não combustível, eliminando
uma atmosfera inflamável). Esse procedimento produz uma atmosfera IPVS (Imedia-
tamente Perigosa à Vida e à Saúde) devido à deficiência de oxigênio.
Serão citados, a seguir, exemplos de acidentes que podem ocorrer no interior de
espaços confinados:
• Engolfamento – ocorre quando uma substância sólida ou líquida finamente divi-
dida (flutuante no ar) envolve e captura completamente uma pessoa, podendo
provocar morte por asfixia.
• Soterramento – captura de uma pessoa por um líquido ou sólido deformável,
podendo resultar em morte devido à entrada de substâncias no sistema respira-
tório. Possibilidade de ficar preso e morrer por estrangulamento ou esmagamen-
to. Esse tipo de acidente já aconteceu no interior de silos de armazenamento de
cereais, onde o trabalhador que ficou em pé sobre um monte de milho em grãos
foi “afundando” na massa estocada, morrendo asfixiado.
Danos irreversíveis podem ser causados em espaços confinados, em função da falta
de oxigenação do cérebro, resultando na perda de orientação e dos sentidos. Por
exemplo, numa atmosfera rica em nitrogênio, basta que uma pessoa inspire duas
vezes para perder os sentidos.
Os riscos encontrados ao se adentrar em espaços confinados são:
• Deficiência de oxigênio (asfixia) – ocorre quando a concentração de oxigênio
encontra-se abaixo de 19,5%, sendo que abaixo de 18% o risco é considerado gra-
ve e eminente (risco grave e eminente é toda condição ambiental de trabalho que
possa causar acidente ou doença profissional com lesão grave à integridade física
do trabalhador). A deficiência de oxigênio também pode se dar por deslocamen-
to (por exemplo: vazamento de nitrogênio no espaço confinado) e consumo de
oxigênio (por exemplo: oxidação de superfície metálica no interior dos tanques).
Antes da entrada em um espaço confinado, a atmosfera interna deve ser medida por
meio de equipamentos intrinsecamente seguros (situação em que o equipamento
não é capaz de liberar energia elétrica ou térmica suficientes para, em condições
normais ou anormais, causar a ignição de uma dada atmosfera explosiva, conforme
expresso no certificado de conformidade do equipamento). Os parâmetros a serem
avaliados são os seguintes:
1. Concentração de oxigênio: é a primeira medição a ser feita. Para isso, utiliza-se
um equipamento denominado “oxímetro”.
2. Gases e vapores inflamáveis.
3. Contaminantes do ar potencialmente tóxicos.
Durante os trabalhos nos espaços confinados, as medições devem ser feitas a cada
quinze minutos, no máximo.
Caso uma empresa possua atividades a serem realizadas em espaços confinados, tor-
na-se necessário manter uma equipe de resgate treinada para emergências. Manter
uma equipe própria treinada pode garantir um atendimento mais rápido do que o
que seria obtido com uma equipe externa de emergência, como, por exemplo, os
bombeiros.
Essa equipe deve ser treinada para atuar com os equipamentos de emergência e de
proteção individual. O treinamento de primeiros socorros deverá fazer parte da for-
mação básica.
No caso de emergências e resgates em espaços confinados, devem ser seguidos al-
guns procedimentos:
• Para cada grupo de 20 trabalhadores, 2 devem ser treinados para resgate;
• Manter ao alcance dos trabalhadores suprimento de ar e/ou equipamento de res-
piração autônoma para resgate;
• Utilizar cordas ou cabos de segurança e armaduras para amarração que possibili-
tem meios seguros de resgate.
CAPÍTULO 6
APOSENTADORIA ESPECIAL
E PERFIL PROFISSIOGRÁFICO
PREVIDENCIÁRIO (PPP)
Se a empresa possui atividades em que seus funcionários são expostos a agentes no-
civos que ensejem aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 de trabalho, ela deverá
pagar uma contribuição adicional, destinada ao financiamento das aposentadorias
especiais. Essa contribuição incide sobre o salário pago ao trabalhador que tem direi-
to a aposentadoria especial da seguinte forma:
a) Fatos geradores ocorridos no período de 1o de abril de 1999 a 31 de agosto de
1999:
• 4% no caso de aposentadoria especial após 15 anos de trabalho.
• 3% no caso de aposentadoria especial após 20 anos de trabalho.
• 2% no caso de aposentadoria especial após 25 anos de trabalho.
b) Fatos geradores ocorridos no período de 1o de setembro de 1999 a 29 de feverei-
ro de 2000:
• 8% no caso de aposentadoria especial após 15 anos de trabalho.
• 6% no caso de aposentadoria especial após 20 anos de trabalho.
• 4% no caso de aposentadoria especial após 25 anos de trabalho.
c) Fatos geradores ocorridos a partir de março de 2000:
• 12% no caso de aposentadoria especial após 15 anos de trabalho.
• 9% no caso de aposentadoria especial após 20 anos de trabalho.
• 6% no caso de aposentadoria especial após 25 anos de trabalho.
A comprovação do exercício de atividade especial será feita em um formulário de-
nominado Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela empresa, ba-
seado no Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho contido em um dos
seguintes programas: PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), PCMAT
(Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção)
ou PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), quando se tratar de minerações.
Na ausência desses documentos, ou caso a empresa não esteja enquadrada na NR-1,
o PPP deverá ser elaborado com base no LTCAT – Laudo Técnico das Condições Am-
bientais de Trabalho.
O PPP está previsto no artigo 58 da Lei 8.213/91. A denominação Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP) foi criada pelo Decreto 4.032/01. Somente com a Instrução Nor-
mativa (IN) 78/02 foi aprovado o formulário do PPP.
• Para trabalhadores com mais de um vínculo empregatício (ou mais de uma fonte
pagadora), devem ser informados os códigos a seguir:
05 – Não exposto a agente nocivo.
06 – Exposição a agente nocivo: aposentadoria especial aos 15 anos de trabalho.
07 – Exposição a agente nocivo: aposentadoria especial aos 20 anos de trabalho.
08 – Exposição a agente nocivo: aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho.
O PPP deve ser mantido atualizado magneticamente ou por meio físico, anualmente,
na mesma época em que se apresentarem os resultados da análise global do desen-
volvimento do PPRA (NR-9), PGR (NR-22), PCMAT (NR-18) e do PCMSO (NR-7)
O PPP e a comprovação de entrega ao trabalhador, na rescisão de contrato de traba-
lho , deverão ser mantidos na empresa por vinte anos. A seguir, o formulário PPP.
7. Data do Nascimento 8. Sexo (F/M) 9. CTPS (Nº, Série e UF) 10. Data de Admissão 11. Regime Revezamento
12.1. Data do Registro 12.2. Número da CAT 12.1. Data do Registro 12.2. Número da CAT
13.1. Período 13.2. CNPJ/CEI 13.3. Setor 13.4. Cargo 13.5. Função 13.6. CBO 13.7. Cód. GFIP
14 – PROFISSIOGRAFIA
15.1. Período 15.2. Tipo 15.3. Fator 15.4. Itens./ 15.5. Técnica 15.6. EPC 15.7. EPI 15.8. CA EPI
de Risco Conc Utilizada Eficaz (S/N) Eficaz (S/N)
15.9. Atendimento aos requisitos das NR-06 e NR-09 do MTE pelos EPI informados (S/N)
Foram observadas as condições de funcionamento e do uso ininterrupto do EPI ao longo do tempo, conforme especificação técnica do fabricante,
ajustada às condições de campo.
17.1. Data 17.2. Tipo 17.3. Natureza 17.4. Exame (R/S) 17.5. Indicação de Resultados
( ) Alterado
( ) Estável
___ /___ /___ ( ) Normal ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
( ) Alterado
( ) Estável
___ /___ /___ ( ) Normal ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
( ) Alterado
( ) Estável
___ /___ /___ ( ) Normal ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
( ) Alterado
( ) Estável
___ /___ /___ ( ) Normal ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
das demonstrações ambientais e dos programas médicos de responsabilidade da empresa. É de nosso conhecimento que a prestação de informações falsas neste
do trabalhador, constituindo crime, nos termos da Lei no 9.029/95, práticas discriminatórias decorrentes de sua exigibilidade por outrem, bem como de sua divulgação
para terceiros, ressalvado quando exigida pelos órgãos públicos competentes.
(Carimbo) (Assinatura)
___ /___ /___
OBSERVAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACGIH. Threshold Limit Values (TLVs) for Chemicals Substances. EUA: 2009.
“Pocket Guide to Chemical Hazards, NIOSH, EUA”, disponível em www.cdc.gov/niosh. Acesso em: 03
ago. 2010.
“Manual de Legislação Atlas”, 16, Portaria 3.214, de junho de 1978, Normas Regulamentadoras de
Segurança e Medicina do Trabalho, MTE, Brasil.
MACEDO, Ricardo. Manual de higiene do trabalho na indústria. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
1988.
Encyclopaedia of occupational health and safety. 4a ed. Genebra: International Labor Office, 1998. 4 v.
Disponível em: http://www.ilo.org/encyclopaedia (inglês) ou http://www.mtas.es/insht/EncOIT/Index.
htm (espanhol).
CAMPOS, Armando Augusto Martins. CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: uma nova
abordagem. 9a ed. rev. atual. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006.