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Janaína Castilho Marcoantonio – no USP 3096577

Cultura do Povo Judeu nos Tempos Modernos I – Profa Marta Toppel


Resenha crítica do documentário: Arquitetura da Destruição, de Peter Cohen

“Definir o nazismo em termos políticos é difícil porque sua dinâmica


está cheia de algo muito diferente do que chamamos de política.
Esta força motora foi, em grande extensão, estética.”

É sob esse ponto de vista que o documentário “Arquitetura da Destruição”, de Peter


Cohen, aborda a eutanásia de doentes mentais e o extermínio de seis milhões de judeus na
Alemanha nazista. Essas práticas serviram menos a uma ideologia política do que a um
objetivo estético: “o sonho nazista de criar, através da pureza, um mundo mais
harmonioso”.
O filme traça o caminho da arte na Alemanha às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
A arte moderna, movimento de vanguarda que assume formas diversas em todo o Ocidente,
ganha força na Alemanha com o expressionismo de Max Beckmann, Ernst Ludwig
Kirchner, Emil Nolde, Franz Marc e Oskar Kokoschka.
O expressionismo caracteriza-se por enfatizar os sentimentos e emoções do artista, ao
invés de preocupar-se com uma reprodução objetiva do real. A distorção de formas e as
cores gritantes são recursos utilizados pelos artistas em suas experiências. Essa nova arte,
além de conter grande dose de crítica social, contrariava o ideal nazista de beleza, residente
na antiguidade clássica da Grécia e de Roma, cujas esculturas exaltavam a beleza do corpo
e, segundo Hitler, “manifestavam o desejo de um povo de representar sua raça”.
A arte de vanguarda foi logo taxada como subversiva, sendo associada ao bolchevismo
e aos judeus: era a “arte degenerada”. Uma exposição em Berlim, que levava esse título,
reuniu obras de 730 artistas que foram banidos pelo governo nazista. Em 1931, antes de o
partido nazista assumir o poder, o teórico Paul Schultze-Naumburg apresentou palestras em
que a produção artística expressionista era comparada a slides de pessoas deformadas,
extraídos de revistas médicas. Schultze afirmava que “a arte é o espelho da saúde racial”.
Essas obras demonstravam sinais de doença mental de seus criadores.
Em contraposição à “arte degenerada”, Hitler pretendia construir a “genuína arte
alemã”, nos moldes clássicos. Faziam parte de seus planos a criação de um museu em
Viena, e outro em Lins, sua cidade natal. Hitler iniciou sua coleção de arte particular, com
peças predominantemente da época de Bismarck. Com a anexação da Áustria, o acervo de
arte dos judeus foi confiscado. As conquistas de guerra traduziam-se em acesso aos maiores
tesouros artísticos europeus.
O documentário chama a atenção para um aspecto curioso do nazismo: muitos de seus
líderes eram artistas frustrados. O próprio Hitler pintava aquarelas e desejava ser arquiteto;
nunca superou o trauma de ter sido recusado na Academia de Artes de Viena. De Wagner,
por quem nutria verdadeira idolatria, Hitler herdou o anti-semitismo, o culto ao legado
nórdico e o mito do sangue puro.
A propaganda política nazista foi pensada em termos artísticos: Hitler concebeu a
insígnia do partido, e desenhou uniformes e cartazes nazistas. Os grandes comícios eram de
certa forma teatrais; configurados como grandes óperas, tinham Hitler como personagem
principal.
Nesse contexto, medidas foram tomadas para a “limpeza racial”: em 1933, as Leis de
Nuremberg proibiram o casamento entre judeus e alemães, o que contaminaria por gerações
o sangue ariano. A esterilização do doente tornou-se obrigatória. A eutanásia – sob o novo
sentido que o nazismo confere ao termo – foi instituída por Hitler duas semanas após o
início da Guerra. No entanto, a data do documento coincide com a data da Guerra. Hitler
pretendia, dessa forma, justificá-la como uma necessidade de guerra.
Filmes e exposições eram utilizados para justificar esses procedimentos como
necessários à garantia de superioridade da raça ariana. No filme nazista “Vítimas do
Passado”, afirmava-se que pecamos contra as leis da seleção natural, ao aprovar formas
inferiores de vida e encorajar sua propagação. Os nazistas colocavam-se como meros
executores das vontades da natureza.
Outro filme pretende mostrar “o judeu sem sua máscara de europeu civilizado” – a
vida nos guetos. O filme afirma que eles se comportam como ratos, andando em bandos e
transmitindo doenças como tifo e malária. O que o filme não mostra, obviamente, é que
foram eles, os nazistas, que os confinaram nesses guetos cercados de arame farpado,
amontoados, em condições subumanas de existência, sem comida, sem emprego, sem
assistência médica, onde a proliferação de doenças era uma conseqüência previsível.
Em 1935, aconteceu, em Berlim, a exposição “O milagre da vida”. Um painel gigante,
intitulado “Isso pode ser chamado de vida?”, mostrava a evolução de retardados
gradativamente excedendo o número de indivíduos normais. A idéia de assassinato em
massa já estava presente na exposição, embora apenas em 1941 o método de fuzilamento
fosse substituído pelo extermínio em câmaras de gás.
A figura do médico consolidou-se enquanto líder político racial. Ocorreu um processo
de nazificação da medicina: os médicos judeus foram afastados da profissão; abriram-se
escolas de medicina nazistas. Cerca de 45% dos médicos alemães eram membros do
Partido. O médico não é mais um profissional a serviço do indivíduo; ele está a serviço do
“corpo alemão”. Os judeus e doentes mentais foram cobaias involuntárias nas mãos desses
médicos, que cometeram uma variedade infindável de atrocidades em nome da raça ariana.
O “embelezamento do mundo” pressupunha também o fim da luta entre classes – não
por meio de reformas sociais, mas, mais uma vez, estéticas: uma campanha pela “beleza no
trabalho” usava o slogan “Trabalhadores limpos e lojas limpas”. Para o médico Gerhard
Wagner, “se mostrarmos ao trabalhador como deve se lavar e o elevarmos ao nível da
burguesia, ele entenderá que não há porque lutar. O despertar estético vai libertá-lo de
sua classe e libertar a sociedade do conflito da luta de classes”.
Ao compreender a força motora do nazismo enquanto estética, o documentário não
pretende simplificar sua compreensão, destacando-o de seu contexto político ou
desconsiderando os acontecimentos que convergiram para a ascensão de Hitler, mas sim
avaliar sob nova luz seu caráter peculiar: diante de uma crise estrutural, a solução apontada
pelo nazismo não passa pelo âmbito econômico (embora a indústria da guerra tenha
acabado com o desemprego), mas pela idéia de “embelezamento do mundo”. Mas quem
pode definir o que é Belo? Existe “O Belo” enquanto conceito absoluto?
Escreve um sobrevivente do comando da morte em Teblinka: “(...) os corpos
amontoavam-se em volta das câmaras de gás e lá permaneciam durante dias. E sob
aquelas pilhas de cadáveres havia uma cloaca, uma cloaca de dez centímetros com sangue,
vermes e merda. Ninguém queria retirar aquilo. Os judeus preferiam deixar-se fuzilar a
trabalhar ali (...) A carne dos cadáveres ficava-lhes nas mãos”(in Memória da Barbárie,
de Roney Cytrynowicz). Como é que uma cena como essa pode ter lugar num mundo que
almeja O Belo?
O nazismo surgiu numa Alemanha destruída pela Primeira Grande Guerra. As
imposições do Tratado de Versalhes – perda dos territórios conquistados, desmilitarização,
reparações em dinheiro e metas de produção – mostraram-se demasiado severas. Devido à
hiperinflação, um operário chegava a receber seu salário cinco vezes no mesmo dia. O
desemprego era crítico. A República de Weimar, fragilizada, encontrou forte oposição
política ao tentar cumprir as metas do Tratado.
A extrema direita procurava um bode expiatório para justificar o caos na Alemanha: o
judeu. Numa “conspiração judaica mundial”, eram judeus os detentores do monopólio dos
bancos e da imprensa; também judeus eram os bolcheviques subversivos. Acusados,
simultaneamente, de serem os grandes capitalistas e os grandes revolucionários, foram
culpados por todos os males da Alemanha.
Com a ascensão do Nacional-Socialismo, grande parte da população judaica alemã
deixou o país. A maioria, no entanto, permaneceu. Os judeus da Alemanha haviam
assimilado de tal forma a cultura alemã que se sentiam alemães. É necessário lembrar que a
história desse povo foi marcada por séculos de perseguições religiosas. Era um povo sem
terras e sem pátria, “sua esperança estava na Alemanha de Goethe e Schiller”.
O genocídio não surgiu sem mais nem menos. Os nazistas traçaram, pouco a pouco, o
destino dos judeus. Primeiro, sua exclusão social. Proibidos de exercer certas profissões,
freqüentar escolas e lugares públicos, transitar por determinadas ruas e, finalmente,
confinados aos guetos. Na seqüência, vieram as deportações. Os trabalhos forçados nos
campos de concentração eram tão exaustivos que a expectativa de vida de um judeu
passava a ser de três meses. Por último, o extermínio.
O caráter surreal dos fatos que se sucederam foi responsável por uma paralisia que
adiou a resistência dos judeus. Eles acreditavam que a confinação nos guetos era o máximo
que se podia esperar dos nazistas. Não poderiam conceber, em pleno século XX, que seriam
vítimas de tamanho terror.
No gueto de Varsóvia, a resistência armada só se tornou possível quando 85% dos
habitantes do gueto já haviam sido deportados para campos de extermínio”, afirma Roney
Cytrynowicz em “Memória da barbárie”. Isso porque, até o início das deportações, o
Conselho Judaico era contrário à idéia de resistência armada, por acreditar que isso
acarretaria maior violência por parte dos alemães.
Ainda segundo Cytrynowicz, “é apenas no contexto de isolamento dos judeus e da
omissão dos aliados em relação ao extermínio que se pode entender porque houve poucos
casos de resistência armada de judeus diante do exército nazista. Os judeus não tinham um
país ou um governo no exílio que lhes desse apoio. Não tinham um exército e tampouco um
território para onde ir”. O desejo dos judeus de criar um Estado na Palestina feria os
interesses imperialistas da Inglaterra na região.
A resistência caracterizou-se por manifestações isoladas e, salvo raras exceções, como
a oposição aberta do governo dinamarquês, os países aliados foram omissos em relação ao
extermínio. “A dúvida sobre qual era o verdadeiro inimigo, se o nazismo ou o comunismo,
persistiu mesmo depois que as tropas de Hitler invadiram a Rússia em 1941 e lançaram os
soviéticos nos braços dos aliados. Mas era muito mais forte dois anos antes, quando Hitler
e Stalin assinaram um tratado de não agressão enquanto trocavam amabilidades (...). Foi
somente no final de 1942 que o mundo, atordoado, começou a tomar conhecimento da
política de extermínio do governo alemão, mas até o fim da guerra não se tinha plena
consciência das dimensões da tragédia”, escrevem os jornalistas Ricardo Amorim e
Cristiano Dias para a Revista Veja. Mas tal omissão prolongou-se mesmo quando os fatos
tornaram-se evidentes: os esforços dos aliados destinavam-se exclusivamente à vitória
militar; mesmo após a entrada dos EUA na guerra, o grito por socorro aos judeus raramente
foi atendido.
O genocídio de judeus confere um aspecto singular à Segunda Guerra Mundial. Pela
primeira vez na história da humanidade, milhões de seres humanos foram assassinados num
processo industrial. O ato de matar passou a ser pensado em termos da relação
custo/benefício. O extermínio foi de tal forma banalizado e integrado à rotina alemã, que
matar judeus não era considerado crime.
Somente um Estado intrinsecamente burocrático poderia ter dado forma ao nazismo.
Segundo Hanna Arendt, “não existia uma única organização ou instituição pública na
Alemanha, ao menos durante os anos de guerra, que não estivesse envolvida nas ações e
transações criminais” (in Memória da Barbárie).
Em seu julgamento, Eichmann afirmou que estava apenas fazendo seu trabalho. Ele
não se considerava criminoso; sua consciência estava tranqüila, de fato. Essa normalidade
espantou aos juízes. O extermínio fora institucionalizado; nada fazia com que o alemão
comum questionasse os desdobramentos de seus pequenos atos.
A maioria conivente foi de fundamental importância para a concretização do
genocídio, e esse fato é assustador, pois revela que o estabelecimento de um Estado
totalitário e assassino não é uma realidade remota que deva ser esquecida e enterrada. Ao
contrário, reflexões são continuamente necessárias, e seu alcance deve ser amplo; sua
discussão deve chegar à sociedade, ou então o cidadão comum – acostumado a cumprir
ordens, integrado numa rotina podadora, que dele não exige uma postura permanente de
pensar suas ações – não oporá resistência ao estabelecimento de ideologias semelhantes.
Bibliografia

CYTRYNOWICZ, Roney. Memória da Barbárie.


HOBSBAWN, Eric. A Era dos Extremos. (capítulo 1 – A era da guerra total)

Sites
http://www.pletz.com/livro_ibm1.htm
Matéria da Revista Veja publicada nesse site judaico (sobre a relação entre empresas
capitalistas e nazismo)

http://www.ibiblio.org/wm/paint/glo/expressionism/
WebMuseum, Paris (sobre movimento expressionista)

http://www.machanley.com/Expressionism.html
Sobre expressionismo alemão

http://www.chass.utoronto.ca/german/hum199.html
German Studies at the University of Toronto (sobre a relação entre arte e nazismo)

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