100%(1)100% au considerat acest document util (1 vot)
69 vizualizări3 pagini
O documento fornece um panorama do movimento ecumênico, desde suas origens no Novo Testamento até o Conselho Mundial de Igrejas. Discorre sobre a preocupação com a unidade cristã ao longo da história, as primeiras tentativas de diálogo no protestantismo, a Conferência Missionária de Edimburgo que impulsionou o movimento, e a fundação do Conselho Mundial de Igrejas em 1948 para promover a cooperação entre denominações.
O documento fornece um panorama do movimento ecumênico, desde suas origens no Novo Testamento até o Conselho Mundial de Igrejas. Discorre sobre a preocupação com a unidade cristã ao longo da história, as primeiras tentativas de diálogo no protestantismo, a Conferência Missionária de Edimburgo que impulsionou o movimento, e a fundação do Conselho Mundial de Igrejas em 1948 para promover a cooperação entre denominações.
O documento fornece um panorama do movimento ecumênico, desde suas origens no Novo Testamento até o Conselho Mundial de Igrejas. Discorre sobre a preocupação com a unidade cristã ao longo da história, as primeiras tentativas de diálogo no protestantismo, a Conferência Missionária de Edimburgo que impulsionou o movimento, e a fundação do Conselho Mundial de Igrejas em 1948 para promover a cooperação entre denominações.
PARA QUE SEJAM UM: BREVE PANORAMA DO MOVIMENTO ECUMNICO
Alderi Souza de Matos
Desde o incio do cristianismo, a preocupao com a unidade tem sido uma constante. O Antigo Testamento j apresenta essa nfase (e.g., Sl 133.1), mas o Novo Testamento que d um testemunho mais amplo desse interesse, a comear da orao de Jesus em favor de seus discpulos (Jo 17.11, 20-23). O apstolo Paulo tambm aponta para a unidade dos cristos em textos como 1 Co 1.10; 12.12-27; Ef 2.14,16; 4.3-6; Fp 1.27; 2.2. Nos escritos apostlicos, o conjunto dos cristos identificado como a igreja. Essa nica comunidade descrita como um corpo, rebanho, edifcio ou famlia, figuras que transmitem as idias de unio, comunho, solidariedade.
1. Unidade e diversidade Acontece que, quase desde o incio, houve manifestaes divergentes da f crist. O Novo Testamento j aponta para algumas delas, em especial os judaizantes e os docetistas. O nmero dessas variantes s tendeu a aumentar com o passar do tempo. Assim, no incio do segundo sculo a preocupao com a unidade e a ortodoxia tornou-se intensa e esse fato conduziu crescente institucionalizao da igreja, com os seus bispos, credo e cnon. Isso pode ser visto claramente nas cartas de Incio de Antioquia.
A complexidade das Escrituras, com a possibilidade de diferentes interpretaes, e a igual complexidade cultural, religiosa e filosfica do ambiente em que se inseriu o cristianismo, contriburam para a crescente diversidade teolgica. Surgiram grupos como os gnsticos, marcionitas, montanistas e outros, todos taxados de herticos e rejeitados pela igreja majoritria ou catlica. Nos sculos quarto e quinto ocorreu o cisma donatista e surgiram novas dissidncias duradouras, como os nestorianos e os monofisitas.
2. A experincia medieval Na Idade Mdia, surgiu em sua plenitude a Igreja Catlica, fortemente institucionalizada, hierrquica e centralizada, aliada do Estado. Ocorreu aquilo que os historiadores denominam cristandade, uma situao de completa uniformidade religiosa em que a igreja exercia forte influncia sobre todos os setores da sociedade. A unidade se tornou um dos valores supremos, sendo a igreja entendida como una, santa, catlica e apostlica.
Em decorrncia disso, intensificou-se uma tendncia preocupante a preservao da unidade a todo custo, mesmo que com o emprego da fora. Isso j havia ocorrido com os donatistas no quinto sculo e agora tambm se aplicou a outros grupos herticos, como os ctaros ou albigenses, suprimidos mediante uma srie de cruzadas. No entanto, no foi possvel evitar duas grandes cises da cristandade, uma no meio e outra no final desse perodo: a separao definitiva entre as igrejas oriental e ocidental e a ocorrncia da reforma protestante.
3. Primrdios do movimento ecumnico Sendo o protestantismo o mais fracionado dos grandes grupos cristos, foi no seu seio que surgiram as primeiras manifestaes do que hoje se entende por ecumenismo (do grego oikoumene = o mundo habitado; ver Mt 24.14; Lc 2.1; At 17.6), isto , o esforo construtivo pela aproximao e unio dos cristos. Os reformadores j estavam conscientes dessa necessidade e tomaram algumas iniciativas nessa direo, como o Colquio de Marburg (1529), entre luteranos e reformados. Houve tambm algumas tentativas de entendimento entre catlicos e protestantes, como os Colquios de Ratisbona (1541), na Alemanha, e de Poissy (1561), na Frana. Todavia, a Contra-Reforma e as contnuas cises protestantes tornaram a unidade crist um ideal cada vez mais distante.
O grande esforo missionrio protestante do sculo 19 deu origem ao moderno movimento ecumnico. As misses denominacionais que atuavam no terceiro mundo perceberam a dificuldade de pregar o evangelho e ao mesmo tempo justificar uma igreja dividida. Com isso surgiram as primeiras conferncias missionrias, realizadas na Inglaterra e nos Estados Unidos durante a segunda metade daquele sculo. Da aproximao entre as misses nos campos estrangeiros surgiu a idia do dilogo, colaborao e possvel unio das prprias igrejas nos pases de origem.
4. A Conferncia de Edimburgo No sculo 19 foram criadas vrias organizaes cooperativas interdenominacionais, tais como a Associao Crist de Moos (1844), a Aliana Evanglica (1846) e a Federao Mundial de Estudantes Cristos (1895). Todavia, o evento que contribuiu de modo mais direto para o surgimento do movimento ecumnico foi a Conferncia Missionria Mundial, realizada em Edimburgo, na Esccia, em 1910. Essa conferncia levou em 1921 criao do Conclio Missionrio Internacional. Dois lderes importantes desse perodo foram John R. Mott e J. H. Oldham. Mais tarde haveria de destacar-se o arcebispo William Temple.
Uma das primeiras iniciativas ecumncias foi o movimento de Vida e Obra, que buscou promover a cooperao das igrejas na rea social. Sua primeira conferncia, realizada em Estocolmo em 1925, foi convocada pelo arcebispo Nathan Sderblom. A Conferncia de Edimburgo evitou discutir as diferenas teolgicas entre as igrejas. Sob a liderana do bispo episcopal americano Charles H. Brent, surgiu o movimento de F e Ordem, voltado para a unio orgnica das igrejas e a busca de posies teolgicas comuns. A primeira conferncia desse movimento realizou-se em Lausanne, em 1927. Aps a II Guerra Mundial, esses dois movimentos se fundiram dando origem ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI), instalado em 1948 em Amsterd.
5. O Conselho Mundial de Igrejas A reunio de instalao do CMI contou com a presena de 351 delegados procedentes de 147 denominaes em 44 pases. Foi a mais abrangente assemblia crist reunida at ento. A base confessional afirma que o CMI uma fraternidade de igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador de acordo com as Escrituras e que, portanto, buscam cumprir em conjunto a sua vocao comum para a glria do nico Deus, Pai, Filho e Esprito Santo.
A principal autoridade reside nas assemblias de representantes oficiais nomeados pelas igrejas filiadas. At o momento realizaram-se nove: Amsterd (1948), Evanston (1954), Nova Delhi (1961), Uppsala (1968), Nairobi (1975), Vancouver (1983), Canberra (1991), Harare (1998) e Porto Alegre (2006). A sede est localizada em Genebra e o principal cargo executivo o de secretrio geral. Seus detentores desde a fundao foram W. A. Visser t Hooft (1948-1966), Eugene Carson Blake (1966-72), Philip A. Potter (1972-84) e Emlio Castro (1985-1993), Konrad Raiser (1993-2003), Samuel Kobia.
Em 1961, o Conclio Missionrio Internacional uniu-se ao CMI, tornando-se a sua Diviso de Misso Mundial e Evangelismo. A atual estrutura do CMI composta de trs unidades: F e Testemunho, Justia e Servio, Educao e Renovao. Um rgo importante o Instituto Ecumnico de Bossey, na Frana, fundado em 1946. Alm do CMI, muitos outros organismos mundiais, nacionais e regionais tambm tm se voltado para a promoo do ideal ecumnico. Os evanglicos, por exemplo, tm a sua Fraternidade Evanglica Mundial.
O CMI representa a maior parte das igrejas protestantes histricas e das igrejas ortodoxas. Atualmente, so 348 igrejas em mais de 120 pases. Dele no participam a maior parte dos evanglicos e dos pentecostais, sob a alegao de falta de verdadeiro envolvimento missionrio e afastamento do cristianismo bblico. A Igreja Catlica Romana tambm no se filiou, embora venha participando do movimento mais amplo desde o pontificado de Joo XXIII, que criou o Secretariado para a Promoo da Unidade Crist (1960) e convocou o Conclio Vaticano II (1962-65), no qual se aprovou o importante Decreto sobre o Ecumenismo.
Concluso O movimento ecumnico est deixando um legado contraditrio. Por um lado, representa um esforo srio de busca de dilogo e cooperao entre grupos cristos muito diversos; tem dado testemunho da f crist num mundo dilacerado por divises e conflitos; tem enfrentado alguns dos problemas mais prementes e angustiosos da atualidade. Por outro lado, sua agenda liberal e inclusivista o tem impelido para o relativismo teolgico, para crescentes concesses a certos valores da sociedade secular, para a progressiva diluio da identidade crist frente a outros sistemas religiosos. O verdadeiro ecumenismo ser aquele que observar o lema paulino: Seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo.