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Após 30 anos de conflitos armados na região de Aceh, Indonésia, entre o Governo Indonésio e o Movimento de Libertação de Aceh, gerador de mais de 10.000 mortos, a União Europeia, através da evocação do Título V do Tratado da União (Política Externa e de Segurança Comum - PESC), e após assinatura do Memorando de Entendimento entre as partes em conflito (Helsínquia, 2005), desenvolveu a sua primeira missão de gestão civil de crises na Ásia, em conjunto com dez membros da ASEAN , criando a Missão de Monitorização de Aceh. A missão decorreu entre 15 de Setembro de 2005 a 15 de dezembro de 2006. Para compreensão do processo que deu origem a uma missão civil externa da União Europeia na Ásia, será desenvolvido um enquadramento histórico da União à luz da PESC. No seguimento apresenta-se o preceituado no Memorando de Entendimento de Helsínquia, com os resultados obtidos pela estrutura da Missão de Monitorização de Aceh e conclusões para a Política Comum de Segurança e Defesa Europeia. Paralelamente apresentar-se-á, no anexo I, alguns dados complementares de auxílio à clarificação do interesse geopolítico e geoestratégico da União Europeia na área geográfica da ASEAN.
Após 30 anos de conflitos armados na região de Aceh, Indonésia, entre o Governo Indonésio e o Movimento de Libertação de Aceh, gerador de mais de 10.000 mortos, a União Europeia, através da evocação do Título V do Tratado da União (Política Externa e de Segurança Comum - PESC), e após assinatura do Memorando de Entendimento entre as partes em conflito (Helsínquia, 2005), desenvolveu a sua primeira missão de gestão civil de crises na Ásia, em conjunto com dez membros da ASEAN , criando a Missão de Monitorização de Aceh. A missão decorreu entre 15 de Setembro de 2005 a 15 de dezembro de 2006. Para compreensão do processo que deu origem a uma missão civil externa da União Europeia na Ásia, será desenvolvido um enquadramento histórico da União à luz da PESC. No seguimento apresenta-se o preceituado no Memorando de Entendimento de Helsínquia, com os resultados obtidos pela estrutura da Missão de Monitorização de Aceh e conclusões para a Política Comum de Segurança e Defesa Europeia. Paralelamente apresentar-se-á, no anexo I, alguns dados complementares de auxílio à clarificação do interesse geopolítico e geoestratégico da União Europeia na área geográfica da ASEAN.
Após 30 anos de conflitos armados na região de Aceh, Indonésia, entre o Governo Indonésio e o Movimento de Libertação de Aceh, gerador de mais de 10.000 mortos, a União Europeia, através da evocação do Título V do Tratado da União (Política Externa e de Segurança Comum - PESC), e após assinatura do Memorando de Entendimento entre as partes em conflito (Helsínquia, 2005), desenvolveu a sua primeira missão de gestão civil de crises na Ásia, em conjunto com dez membros da ASEAN , criando a Missão de Monitorização de Aceh. A missão decorreu entre 15 de Setembro de 2005 a 15 de dezembro de 2006. Para compreensão do processo que deu origem a uma missão civil externa da União Europeia na Ásia, será desenvolvido um enquadramento histórico da União à luz da PESC. No seguimento apresenta-se o preceituado no Memorando de Entendimento de Helsínquia, com os resultados obtidos pela estrutura da Missão de Monitorização de Aceh e conclusões para a Política Comum de Segurança e Defesa Europeia. Paralelamente apresentar-se-á, no anexo I, alguns dados complementares de auxílio à clarificação do interesse geopolítico e geoestratégico da União Europeia na área geográfica da ASEAN.
(Primeira Misso da Unio Europeia de Gesto Civil de Crises na sia) Nuno Miguel Alves de Sousa Licenciado em Engenharia da Proteo Civil Unidade Curricular Organizaes Internacionais Especializadas (Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas)
ns.estrategia@gmail.com
RESUMO Aps 30 anos de conflitos armados na regio de Aceh, Indonsia, entre o Governo Indonsio e o Movimento de Libertao de Aceh, gerador de mais de 10.000 mortos, a Unio Europeia, atravs da evocao do Ttulo V do Tratado da Unio (Poltica Externa e de Segurana Comum - PESC), e aps assinatura do Memorando de Entendimento entre as partes em conflito (Helsnquia, 2005), desenvolveu a sua primeira misso de gesto civil de crises na sia, em conjunto com dez membros da ASEAN 1 , criando a Misso de Monitorizao de Aceh. A misso decorreu entre 15 de Setembro de 2005 a 15 de dezembro de 2006. Para compreenso do processo que deu origem a uma misso civil externa da Unio Europeia na sia, ser desenvolvido um enquadramento histrico da Unio luz da PESC. No seguimento apresenta-se o preceituado no Memorando de Entendimento de Helsnquia, com os resultados obtidos pela estrutura da Misso de Monitorizao de Aceh e concluses para a Poltica Comum de Segurana e Defesa Europeia. Paralelamente apresentar-se-, no anexo I, alguns dados complementares de auxlio clarificao do interesse geopoltico e geoestratgico da Unio Europeia na rea geogrfica da ASEAN.
Palavras-chave: Unio Europeia, Gesto de Civil de Crises; Indonsia; ASEAN; Poltica Externa e de Segurana Comum; Poltica Comum de Segurana e Defesa.
1 Reino do Brunei; Camboja; Indonsia; Repblica Democrtica Popular do Laos; Malsia; Myanmar; Filipinas, Singapura; Tailndia e Vietnam. Cfr. ASEAN Member States. (s.d.). Obtido em 6 de Maio de 2013, de ASEAN: http://www.asean.org/asean/asean-member-states 2
1. INTRODUO Therefore I say to you: let Europe arise! 2
O propsito de criao de uma organizao internacional especializada concerne com a concretizao de um dispositivo dotado de elementos idiossincrticos articulados por mecanismos de regulao para alcance de objetivos comuns. A Unio Europeia concretiza um dispositivo constitudo por elementos idiossincrticos, que sob articulao e regulao comum, perspetiva garantir a superao do esforo individual pelo empreendedorismo das partes em esforo sncrono e complementar com vista ao crescimento e sucesso conjunto. A morosidade de construo do projeto europeu sofre, amide, por defesa ou por necessidade de garantia de interesses individuais, reveses no processo de integrao. Contudo, momentos existem em que o processo de integrao e de projeo da Europa como um coletivo de propsitos superiores ocorre de modo clarificador, quer quanto ao potencial da Unio Europeia como modelo singular de dilogo e gerao de consensos entre partes distintas, quer quanto capacidade inventiva de no desistncia da busca permanente da Paz por intermdio da diplomacia antes do recurso aos instrumentos Hard Power de imposio da Paz. A misso da Unio Europeia de Gesto Civil de Crises em Banda Aceh (Indonsia) exemplo da capacidade singular de utilizao do elemento Soft Power (misso civil) para alcance de objetivos e parcerias estratgicas em zonas geoestratgicas vitais para a Poltica de Segurana e Defesa Comum Europeia e por inerncia dos interesses estratgicos da Unio.
2. METODOLOGIA A presente investigao recorre ao mtodo qualitativo, baseando-se em pesquisas exploratrias para compreenso das razes histricas de criao da Unio Europeia enquanto organizao internacional de natureza poltica transnacional, de vocao regional, com propsito de atuao mundial, dirimindo relaes internacionais enquanto fonte universal de promoo da paz, da dignidade humana, da liberdade, da democracia,
2 Cfr. Churchil, W. (s.d.). Speech of Sir Winston Churchill - Zurich, 19th September 1946. Obtido em 25 de Maro de 2013, de Council of Europe: http://assembly.coe.int/Main.asp?link=/AboutUs/zurich_e.htm 3
da igualdade e do estado de direito e dos direitos do homem, com espaos geogrficos heterogneos; uns caraterizados e integrados no fenmeno da globalizao, sendo inclusive fonte de Poder mundial (EUA 3 ), e outros contestatrios e dinmicos atores da luta antiglobalizao oponente cultura de hegemonizao global. A investigao visa apresentar a capacidade e o papel da Unio Europeia como ator mundial, dotado de instrumentos multidisplinares para resposta aos desafios da contemporaneidade, alicerada na seguinte pergunta de partida: - Ser possvel encontrar traos de interesse geopoltico na conduo de uma misso Civil de Gesto de Crises, luz do processo de construo e integrao europeia? Caso sejam encontrados traos geopolticos estes sero apresentados na concluso do presente trabalho, com fundamentao em dados que suportem essa concluso. 3. ENQUADRAMENTO 3.1. Estados Unidos da Europa A proposta de unio dos povos europeus nasce no longnquo ano de 1946, no espao temporal imediato ao derradeiro choque de civilizaes do sculo XX, registado para a histria como a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) 4 . O Primeiro-ministro Britnico, Sir Winston Churchill, representando um dos pases vencedores da guerra 5 , discursou na Universidade de Zurique 6 , na Sua, abrindo o debate assembleia com um reconhecimento: I wish to speak to you to-day about the tragedy of Europe 7 . em nome da tragdia que se abateu sobre a Europa, apresentada como origem da cultura, arte, filosofia e cincia do mundo antigo e moderno, de uma Europa fonte da f e tica crists, em nome do progresso, da estabilidade e da paz para os povos e naes europeias e mundiais que o estadista britnico impelido a defender a criao dos Estados Unidos da Europa. A sua proposio tem origem no pensamento de Jean Monnet, que argumenta na Arglia, a 5 de Agosto de 1943, que we need to attain the following goals: the re-establishment or establishment of a democratic regime in
3 Estados Unidos da Amrica 4 Cfr. World War II. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Encyclopaedia Britannica: http://www.britannica.com/EBchecked/topic/648813/World-War-II 5 France, Great Britain, the United States, the Soviet Union, and, to a lesser extent, China in: Op. Cit., nota 3. 6 Cfr. Frise Historique Multimedia. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Toute L'Europe: http://www.touteleurope.eu/fileadmin/CIEV2/module_histoire/#/fr/les-debuts-de-la-construction-europeenne/discours-de-winston- churchill-a-luniversite-de-zerich 7 Cfr. Churchill, W. (s.d.). Winston Churchill's Speech - Zurique University. Obtido em 25 de Maro de 2013, de http://aei.pitt.edu/14362/1/S2-1.pdf 4
Europe, and the economic and political organisation of a European entity, concluindo que there will be no peace in Europe if the States are reconstituted on the basis of national sovereignty. 8
Churchill defende assim, que somente esta proposio (European entity) salvaguardaria os povos de se tornarem uma vast quivering mass of tormented, hungry, care-worn and bewildered human beings gape at the ruins of their cities and their homes, and scan the dark horizons for the approach of some new peril, tyranny or terror. 9
Demonstrando elevada intuio poltica quanto aos atores que deveriam desenvolver o projeto, Churchill antecipa-se surpresa da sua proposta referindo preventivamente I am going to say something that will astonish you, apresentando em seguida os atores principais no jogo diplomtico europeu que se seguiria. Somente uma parceria entre Frana e a Alemanha poderia desencadear e erigir o processo da unio dos estados europeus, cabendo Frana a liderana na recuperao moral e cultural da Europa, mas sempre interconectada com a elevada espiritualidade alem, que por elevada, comparvel espiritualidade francesa. Churchill preconiza que se devida e corretamente erigida, a unio dos estados europeus no poderia ser destabilizada pela fora material de um estado individual integrante. Neste projeto, as pequenas naes seriam fonte de contribuio para o projeto europeu em igualdade com as grandes naes e ganhariam a sua honra by their contribution to the common cause. 10
3.2. Comunidade Europeia de Defesa (1950-1954) Dado o mote para o nascimento de uma unio de estados europeus havia que desenvolver um modelo percursor da iniciativa. Churchill identificara em Zurique os atores principais deste desenvolvimento, que passavam pela Frana e Alemanha, cabendo Frana a iniciativa do processo. Monnet reconhece-o no memorando secreto 11
enviado ao Ministro dos Negcios Estrangeiro de Frana, Georges Bidault, em 24 de Julho de 1947, referente s implicaes do Plano Marshall sobre a poltica alem e
8 Cfr. Monnet, J. (s.d.). Jean Monnets thoughts on the future. Obtido em 25 de Maro de 2013, de Translation Centre Virtuel de la Connaissance sur l'Europe (CVCE): http://www.cvce.eu/content/publication/1997/10/13/b61a8924-57bf-4890-9e4b- 73bf4d882549/publishable_en.pdf 9 Traduo livre do autor: o vazio de uma vasta mole humana de pessoas atormentadas, com fome, aflita e aturdida por entre as runas das suas cidades e casas, perscrutando nos sombrios horizontes a aproximao de novos perigos, tiranias ou terror In: Churchill, W., Op. Cit., nota 6. 10 Churchill, W., Op. Cit., nota 6. 11 Cfr. Monnet, J. (s.d.). Mmorandum secret de Jean Monnet Georges Bidault (24 juillet 1947). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Translation Centre Virtuel de la Connaissance sur l'Europe (CVCE): http://www.cvce.eu/viewer/-/content/70724424-1f94-453b- bd47-81f0b64e6f5f/fr 5
europeia da Frana. No memorando Monnet discursa sobre as polticas a seguir para garantir o objeto de obteno de crditos com vista ao restabelecimento da economia francesa e manuteno da sua independncia. Para tal necessrio conceptualizar lorganization dune certaine cooperation europenne, dependente da partilha dos recursos de carvo da bacia do Ruhr e do papel dos 70 milhes de alemes, assumindo estes o papel de produtores e consumidores. Manifesta-se aqui o posicionamento avant la carte da elevada estatura de Jean Monnet, reconhecidamente um, seno o grande, conceptualizador do projeto europeu. Em 1950, Monnet aconselha Ren Pleven (Presidente do Conselho de Ministros da 4. Repblica Francesa) a propor a criao de uma Comunidade Europeia de Defesa. A escolha desta linha de ao sustenta-se no incio da Guerra da Coreia 12 , na qual o exrcito francs se encontra empenhado com os aliados 13 , e na pretenso de rearmamento da Repblica Federal Alem pelos Estados Unidos da Amrica enquanto estratgia de conteno da expanso do poder da Unio Sovitica na Europa Ocidental, enquadrada no planeamento em curso de criao da Organizao do Tratado do Atlntico Norte. A Frana, para obliterar o rearmamento da Alemanha, visando a reduo do poder e influncia Alem, desenvolve o Plano Pleven com o desgnio de manter o controlo sobre o processo. O plano foi apresentado Assembleia Nacional Francesa em 24 de Outubro de 1950, sendo aprovado em 26 de outubro de 1951. Em 26 de Julho de 1951, o jornal Le Figaro 14 anunciava que as delegaes 15 dos pases convidados para a conferncia de Paris de 15 de Fevereiro de 1951 16 obtinham um acordo de princpios sobre a fuso dos exrcitos para defesa do territrio europeu, sob uma autoridade comum supranacional. As delegaes acordavam ainda a criao das seguintes estruturas: Uma autoridade de Defesa Europeia (Comissrio ou Conselho) para atuao como Ministro de defesa Europeia; Um Conselho de Ministros cuja convocao obrigatria quando a Autoridade necessita de tomar decises fundamentais;
12 Cfr. Guerra da Coreia. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Infopdia: http://www.infopedia.pt/$guerra-da-coreia 13 Cfr. Le rejet de la ratification du trait instituant la Communaut Europenne de Dfense. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Assemble Nationale: http://www.assemblee-nationale.fr/histoire/ced/sommaire.asp
14 Cfr. 'The conference for a European army has reached an agreement of principle' from Le Figaro (26 July 1951). (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Translation Centre Virtuel de la Connaissance sur l'Europe (CVCE): http://www.cvce.eu/viewer/- /content/cd375010-6bef-4ad4-a5df-7ac8ced47464/edc65634-ca53-4b9e-9839-4a937c95a5ba/en. 15 Frana, Alemanha, Itlia, Blgica e Luxemburgo. Cfr. Op. Cit., nota 13. 16 Op. Cit., nota 12. 6
Uma assembleia parlamentar (constituda pelos mesmos delegados que integram o Plano Schumann para a Comunidade do Carvo e do Ao) para escrutnio da Gesto da Autoridade e em certa medida, para alocao de fundos; Um Tribunal de Justia para administrao de quaisquer disputas legais emanescentes entre a Autoridade e os Estados. A 27 de Maio de 1952 nasce a Comunidade de Defesa Europeia, optando os pases ratificantes 17 pela criao de um Conselho de Defesa Europeia (em detrimento de um Comissrio) e a manuteno de exrcitos nacionais, no se concretizando uma fuso plena sob auspcios comuns. Esta Comunidade nunca teria materializao, alcanando-se o seu fim com a no ratificao do Tratado pela Repblica Francesa, sob proposta do Presidente do Conselho Pierre Mends France Assembleia Nacional em 30 de Agosto de 1954 18 . 3.3. Poltica Externa e de Segurana Comum (PESC) Aps o fracasso de construo de uma Comunidade de Defesa Europeia, os intentos de harmonizao de uma Cooperao Poltica Europeia ganham novo folego com o Relatrio de Davignon 19 (1970), no qual proposto um novo modelo organizativo da ao comum europeia. Com o Relatrio Davignon verifica-se um aprofundamento dos processos de consulta e deciso baseados em consensos. necessrio aguardar at 1992 para, com a assinatura do Tratado de Maastricht 20 , materializar a Poltica de Segurana e Defesa Comum dando corpo ao 2. pilar da Unio Europeia 21 . A figura do Alto Representante para a Poltica Externa e de Segurana Comum da Unio Europeia concretizou-se com o Tratado de Amesterdo com objetivo de assistncia ao Conselho Europeu nas questes de poltica externa e segurana comum, contribuindo para a formulao, elaborao e execuo das decises polticas, e quando necessrio, atuando em nome do Concelho a pedido da Presidncia,
17 Frana, Alemanha, Itlia, Holanda, Blgica e Luxemburgo. Cfr. Op. Cit., nota 12. 18 Cfr. Histria da UE (s.d). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Unio Europeia: http://europa.eu/about-eu/eu-history/1945- 1959/1954/index_pt.htm. 19 Cfr. Davignon Report (Luxembourg, 27 October 1970). (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Translation Centre Virtuel de la Connaissance sur l'Europe (CVCE): http://www.cvce.eu/content/publication/1999/4/22/4176efc3-c734-41e5-bb90- d34c4d17bbb5/publishable_en.pdf
20 Cfr. Tratados da UE. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Unio Europeia: http://europa.eu/eu-law/treaties/index_pt.htm 21 Cfr. Pilares da Unio Europeia. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Europa: http://europa.eu/legislation_summaries/glossary/eu_pillars_pt.htm 7
conduzindo o dilogo poltico com terceiros 22 . Pela primeira vez, desde a formulao de Jean Monnet na Algria, e de Winston Churchill em Zurique, a Unio passa a dispor, permanentemente, de um representante para a poltica externa e de segurana comum. O Tratado de Nice conclui a arquitetura da PESC com a institucionalizao do Comit Poltico de Segurana 23 para acompanhamento da situao internacional nos domnios pertencentes ao mbito da poltica externa e de segurana comum, exercendo sob a responsabilidade do Conselho, o controlo poltico e a direo estratgica das operaes de gesto de crises. 24
3.4. Poltica Europeia de Segurana e Defesa (PESD) Com o desencadear da Guerra da Bsnia (Abril 1992 Dezembro de 1995), Jacques Poos, Ministro dos Negcios Estrangeiros do Luxemburgo, afirma The hour of Europe has dawned 25 . No podia estar mais errado. A hora do amanhecer da Europa assemelhou-se a um entardecer sombrio carregado de nuvens cinzentas que s alivou com o ribombar dos ataques areos das Foras Armadas Americanas, numa estratgia conhecida por lift and strike (levantamento do embargo e conduo de ataques areos). A Europa, condutora inicial do processo optou por uma conduta de embargo e apoio humanitrio, com criao de zonas seguras e envio de foras de manuteno da paz (Plano de Paz Vance-Owen) sem conseguir, no decurso do conflito, impedir os campos de concentrao e limpezas tnicas 26 em larga escala. No rescaldo do conflito nos Balcs, a Frana e o Reino Unido, realizam, em 1998, a Cimeira de Saint-Malo, dando corpo frase enigmtica de Jacques Poos no incio da Guerra da Bsnia. Na declarao conjunta dos chefes de estado dos dois pases afirmado solenemente que a Unio Europeia necessita de se colocar numa posio onde possa desempenhar na globalidade o seu papel nos palcos internacionais. () Para esse fim, a Unio deve dotar-se de capacidade para aes autnomas, suportadas por foras militares credveis, dos meios para deciso do seu uso, e prontido em caso de
22 Cfr. Tratado de Amsterdo. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Unio Europeia: http://eur- lex.europa.eu/pt/treaties/dat/11997D/htm/11997D.html. Artigo J.16 do Ttulo V do Tratado de Amesterdo, que Altera o Tratado da Unio Europeia, os Tratados que Instituem as Comunidades Europeias e Alguns Actos Relativos a Esses Tratados - Jornal Oficial n C 340 de 10 de Novembro de 1997. 23 Cfr. Esra, B., & Et al. (2009). European Security and Defence Policy: the first ten years (1999-2009). Paris: The European Union Institute for Security Studies. (p. 28-31). 24 Cfr. Tratado de Nice. (s.d.). Obtido em 25 de Maro de 2013, de Unio Europeia: http://eur- lex.europa.eu/pt/treaties/dat/12001C/htm/C_2001080PT.000101.html 25 Cfr. Hansen, L. (2006). Security as Practice - Discourse Analysis of the Bosnian War. Oxon: Routledge - Taylor & Francis Group (p. 103). 26 Hansen, L., Op. Cit., nota 24. (p. 104-109). 8
deciso, de modo a responder a crises internacionais 27 . Eis o amanhecer da Poltica Comum de Segurana e Defesa. 3.5. Poltica Comum de Segurana e Defesa A poltica comum de segurana e defesa parte integrante da poltica externa e de segurana comum e deriva da Poltica Europeia de Segurana e Defesa. As aes comuns de segurana e defesa apoiam-se em meios civis e militares, colocando os Estados-Membros disposio da Unio, os meios disponveis para alcance dos objetivos definidos pelo Conselho. Como referido, sendo parte integrante da PESC, estes meios podem ser alocados no exterior das fronteiras da Unio com objetivo de assegurar a manuteno da paz, a preveno de conflitos e o reforo da segurana internacional, de acordo com os princpios da Carta das Naes Unidas. 28
definido no artigo 43. do Tratado de Lisboa (TL) quais aes cujos meios civis e militares podem ser utilizados (atualizao das Petersberg tasks 29 ). Estas so: Aes conjuntas em matria de desarmamento, misses humanitrias e de evacuao, misses de aconselhamento e assistncia em matria militar, misses de preveno de conflitos e de manuteno da paz, misses de foras de combate para a gesto de crises, incluindo as misses de restabelecimento da paz e as operaes de estabilizao no termo dos conflitos. O artigo salienta que do espectro de aes possveis identificadas, todas estas podem desenvolver-se num quadro de luta internacional contra o terrorismo, sendo vivel o envio de meios da unio para combate direto no territrio de pases terceiros. ainda salvaguardado o princpio de defesa comum, com prestao de auxlio pelos Estados- Membros por todos os meios ao seu alcance, em caso de agresso armada de um Estado-Membro (n. 7 do artigo 42. do TL). No Tratado sobre o funcionamento da Unio Europeia 30 (artigo 38.) identificam-se as estruturas de controlo poltico e direo estratgicas das operaes de gesto de crises, cabendo ao Comit Poltico e de Segurana, sob responsabilidade do Concelho e do
27 Cfr. FrancoBritish St. Malo Declaration (4 December 1998). (s.d.). Obtido em 26 de Maro de 2013, de Centre Virtuel de la Connaissance sur l'Europe: http://www.cvce.eu/viewer/-/content/f3cd16fb-fc37-4d52-936f-c8e9bc80f24f/en 28 Op. Cit., nota 29. Artigo 42. do Tratado de Lisboa. 29 Cfr. Petersberg tasks. (s.d.). Obtido em 26 de Maro de 2013, de Europa - Synthses de la Lgislation: http://europa.eu/legislation_summaries/glossary/petersberg_tasks_en.htm 30 Cfr. Union, E. (2012). Jornal Oficial da Unio Europeia - Verses consolidadas do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia. Obtido em 10 de Maro de 2013, de Eur-Lex: http://eur- lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2012:326:FULL:PT:PDF
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Alto Representante da Unio para os Negcios Estrangeiros e da Poltica de Segurana (ARUNEPS), tais funes. ao Conselho que compete a definio das decises quanto s misses a executar, seus objetivos e regras gerais de execuo, cabendo ao ARUNEPS a coordenao dos aspetos civis e militares das misses, mantendo contacto permanente com o Comit Poltico e de Segurana. Este ltimo assiste o Conselho nas matrias relevantes relacionadas com as reas da segurana e defesa. O ARUNEPS participa nas reunies do Conselho, sendo eleito colegialmente por este rgo (artigo 18. do TL) o que contribui para a relevncia da sua funo no quadro da poltica externa e de segurana comum (artigo 15. do TL), como responsvel pela sua conduo bem como pela conduo da poltica comum de segurana e defesa (artigo 18. do TL). Assume, paralelamente, uma das vice-presidncias da Comisso Europeia (artigo 17. do TL). O ARUNEPS apoiado por um Servio Europeu para a Ao Externa (n. 3 do artigo 27. do TL). 3.6. Estratgia de Segurana Europeia A Gesto Civil de Crises da Unio Europeia conforma-se como um elemento de resposta Estratgia de Segurana Europeia (ESE) (Conselho Europeu, 2003) 31 . Neste documento, o Conselho reconhece que a Europa, fruto da construo e integrao europeia nunca foi to prspera, segura e livre, devendo-o em parte, estreita relao atlntica com os Estados Unidos, centrais para a integrao e segurana europeias, da qual a Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN) o elemento de maior reflexo. Contudo, nenhum pas consegue de per si, num cenrio de complexidade crescente, enfrentar todos os desafios. elucidado (ao ano de 2003) que desde 1990, as guerras mataram, direta ou indiretamente, 4 milhes de pessoas, dessas, 90% civis, a que se somam 18 milhes de refugiados (displaced people). A esta dinmica de misria humana, derivada de aes humanas de autopreservao, materializadas em atos de conservao ou agresso de limites difusos, levou Freud abordar a questo da Guerra, a convite de Albert Einstein 32 , referindo que o instinto de autopreservao ser de natureza ertica, mas para garantia da preservao necessria a sua conjugao com aes agressivas. O desejo por algo concretiza a vontade da sua posse. Do conflito pela
31 Cfr. Uma Europa Segura num Mundo Melhor. (12 de Dezembro de 2003). Obtido em 26 de Maro de 2013, de Consilium: http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cmsUpload/031208ESSIIP.pdf 32 Cfr. Einstein, A., & Freud, S. (s.d.). Documents - The Problem of Civilization - Why War? Obtido de German History in Documents and Images: http://germanhistorydocs.ghi-dc.org/pdf/eng/PROB_EINSTEINFREUD_ENG.pdf. (p. 7-8).
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posse nascer a agresso. A agresso, se ato de violncia organizada entre estados, quase-estados ou coligaes em que o recurso luta armada constitui, pelo menos, possibilidade potencial, visando um determinado fim poltico em que cada um dos adversrios procura obrigar o outro a submeter-se sua vontade, ou seja, a capitular 33
d lugar Guerra, conforme a definio. Na consequncia da problemtica da posse, somam-se os problemas associados com acesso aos recursos naturais, energia e s alteraes climticas, aos estados falhados e criminalidade organizada e terrorismo a estes associados, de escala mundial, questo nuclear de pases no ocidentais e antagnicos ao processo de globalizao, da crise econmico-financeira mundial temtica contempornea das ciberameaas e da hiper- informao. A ESE alerta que numa era de globalizao, as ameaas longnquas podem ser to preocupantes como as que esto prximas de ns A primeira linha de defesa h-de muitas vezes situar-se no exterior. 34 Estas ameaas so distintas do mundo bipolar existente antes da queda do muro de Berlim. Na poca, os atores e as regras eram de conhecimento das partes em confronto. Hoje as fronteiras so multidimensionais, difusas e de geometria varivel. A Europa reconhece a importncia da geografia e das fronteiras. Uma vizinhana instvel perturba a estabilidade interna, devido ao crescimento da criminalidade organizada que se move em sociedades desorganizadas e disfuncionais. Outro aspeto merecedor de ateno no documento estratgico reporta-se ao crescimento demogrfico sem controlo dos pases vizinhos pela tendncia migratria que uma juventude vida por um modo de vida prspero da Unio tender a realizar. Nas imediaes da Europa, as questes mais pertinentes so a estabilidade dos pases de leste, do Mdio Oriente (questo Israelo-palestiniana), do Sul do Cucaso e do Norte de frica. A ESSE refere os Acordos de Berlim Mais como fonte de partilha comum de recursos, podendo a Unio Europeia recorrer s capacidades e ativos da NATO para execuo da Poltica Comum de Segurana e Defesa. O realce dado necessidade de atuao conjunta perante novas e velhas ameaas, aproveitando oportunidades e visando o desenvolvimento de parcerias estratgicas com o Japo, a China, o Canad e a ndia (no ano de 2003 as economias dos BRICs 35 ainda no tinham explodido economicamente na cena internacional).
33 Cfr. Operaes Volume I [RC 130-1] (1987). CEGRAF/Ex. Exrcito Portugus. Estado-Maior do Exrcito, Departamento de Operaes. 34 Op. Cit., nota 35. (p. 6) 35 Conjunto dos Pases: Brasil, Rssia, ndia e China. 11
O Relatrio sobre a Execuo da Estratgia Europeia de Segurana 36 (2008), identifica avanos na estabilidade dos Balcs, emoldurando um bom quadro de relaes com os pases a Sul e a Leste da Europa e com novos espaos de ao no Afeganisto e Gergia, contudo reconhece instabilidade crescente no Mdio Oriente, em alguns estados prximos, com riscos para a segurana comum por no controlarem a criminalidade, a imigrao ilegal, a pirataria, com recrudescimento da ameaa terrorista e crime organizado no interior das fronteiras das Unio. A questo do programa nuclear Iraniano igualmente identificado. Nos pases em crescimento surge a China na liderana com a criao de uma nova classe de consumo, que abandona, gradualmente a pobreza. A urbanizao crescente e a interligao das suas infraestruturas crticas, aliadas s alteraes climticas e aos resultados da globalizao com gerao de novos equilbrios de poder gerou um gap de valores entre os atores mundiais, potenciado pela crise financeira que abalou as economias de maior progresso ou em vias de desenvolvimento. O Relatrio relega a cunhagem da nova ordem mundial por um termo de renovao da ordem multilateral. Nesta frase adivinha-se a construo de um novo equilbrio de poderes, reiterando a importncia da parceria estratgica atlntica no quadro da Unio Europeia e da OTAN, visando o alcance de melhores resultados na gesto de crises. Na identificao dos maiores desafios surge a proliferao de armas de destruio macia, com objetivo de regulamentao de um regime de no proliferao. Destaca-se o Terrorismo e o Crime Organizado como dois grandes vetores de ao, tendo ocorrido nas fronteiras internas da Unio dois ataques atentatrios dos valores Europeus (Madrid e Londres). Este facto faz ascender os receios quanto utilizao de dispositivos qumicos, radiolgicos, nucleares e de bioterrorismo. O tema da ciber-segurana ganhou relevncia devido interconetividade das infraestruturas crticas, em especial nas reas dos transportes, comunicaes, fornecimento de energia e internet. A segurana energtica adquire preponderncia crtica devido ao declnio da produo Europeia, obrigando a importar, at 2030, quase 75% do petrleo e gs consumido, sendo que a provenincia destas matrias-primas tm lugar em Estados instveis, aumentando a vulnerabilidade europeia. A previso perturbadora das alteraes climticas concorre como um multiplicador de ameaas. O poder destrutivo das catstrofes naturais aliado ao elevado impacte para a manuteno das condies de vida das comunidades, quer
36 Cfr. Relatrio sobre a Execuo da Estratgia Europeia de Segurana. (11 de Dezembro de 2008). Obtido em 27 de Maro de 2013, de Consilium: http://www.consilium.europa.eu/ueDocs/cms_Data/docs/pressdata/PT/reports/104638.pdf 12
pela degradao ambiental, quer pela busca de recursos escassos gera um cenrio propcio para o despoletar de conflitos de ordem n. exemplo do potencial de afetao das catstrofes naturais, em meio urbano, o Furaco Katrina, em Nova Orleans (EUA), contribuindo para a degradao das condies socioeconmicas nas franjas da populao desprotegida ou em situao de pobreza. Foram precisamente os mais desprotegidos os mais afetados pela calamidade (aproximadamente 1.300 mortes, com inundao da cidade e 300.000 casas sem condies de habitabilidade, ao que se adicionou a paralisao da extrao de petrleo e gs no Golfo do Mxico, somando prejuzos na ordem dos 100 mil milhes de dlares) 37 . Outro exemplo, que contou com a participao da Unio Europeia na Gesto de Crise, decorreu em 26 de Dezembro de 2004, com a ocorrncia de um sismo (magnitude 9.0 na escala de richter), seguido de tsunami no Oceano ndico, causando 175.000 mortes e 106.000 desaparecidos, com destruio de habitaes e recursos de sobrevivncia para milhes de habitantes em 12 pases do Sul Asitico e frica de Leste). 38
O relatrio identifica trs 39 grandes linhas de ao estratgica: Responder s ameaas, muitas vezes no exterior, com reconhecimento da impossibilidade de uma resposta exclusivamente militar; construo de uma poltica de vizinhana europeia de consolidao de promoo e consolidao da boa governao, dependente do sucesso da poltica externa nos Balcs, sem que novas adeses ao projeto criem linhas divisrias internas na Europa; e promoo de uma ordem internacional sustentada no multilateralismo, com base na Carta das Naes Unidas, com promoo, pela Unio, do papel das Naes Unidas, preparando-se para intervir onde quer que as regras do Direito Internacional sejam desrespeitadas, reconhecendo o papel fundamental da OTAN no cumprimento desse desgnio. Refere ainda que as Organizaes Regionais so um instrumento importante para o fortalecimento da governao global, constituindo o comrcio e polticas de desenvolvimento alavancas importantes para a promoo de reformas.
37 Cfr. Townsend, F. F. (Fevereiro de 2006). The Federal Response to Hurricane Katrina - Lessons Learned. Obtido em 27 de Maro de 2013, de Disastersrus: http://www.disastersrus.org/katrina/White%20House%20Katrina%20report.pdf. (p. 1-9). 38 Cfr. King, R. (6 de Abril de 2005). Tsunamis and Earthquakes: Is Federal Disaster Insurance in Our Future? Obtido em 27 de Maro de 2013, de Federation Of American Scientists: http://www.fas.org/sgp/crs/misc/RL32847.pdf. (p. 1) 39 Cfr. Rehr, J., Weisserth, H.-B., & Et al. (2010). Handbook on CSDP - THe Common Security and Defence Policy of the European Union. Obtido em 27 de Maro de 2013, de Consilium: http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cmsUpload/csdp_handbook_web.pdf. (p. 20)
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3.7. Gesto de Crises da Unio Europeia No encontrando definio para o lxico Crise nos Tratados da Unio, Larsson (Larsson et al., 2009: 2) define uma crise como um large-scale incident that comes unexpectedly, calls for immediate action and threatens the fundamental values of the society 40 . Na leitura da definio no se depreendem categorizaes de ordem ou gradao polticas. A gradao recai sobre a magnitude do incidente (large-scale) e, indiretamente, sobre o objeto ameaado os valores fundamentais da sociedade. Mas tambm aqui no conforma os valores. Os valores so definidos pela sociedade. O apelo direto dirigido para a imperatividade da ao sem concretizao dos elementos que constituam um dispositivo (a construo holstica). A ameaa ou o risco de ameaa aos valores fundamentais de uma sociedade constitui a situao de crise e razo para edificar, dispor e empregar um dispositivo, entendido como um conjunto de meios materiais e imateriais distintos, para preveno, resposta e reposio da normalidade aquando da probabilidade ou da manifestao dos riscos ou ameaas atentatrios dos valores fundamentais. So valores inviolveis e inalienveis dos Homens, com raiz no patrimnio cultural, religioso e humanista da Europa, a liberdade, a democracia, a igualdade e o Estado de direito. A estes valores fundamentais acrescenta o artigo 2. do Tratado o respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias. Quando ameaados os valores fundamentais impera a necessidade de ao. Na circunvizinhana da materializao fsica de aes concretas para a gesto de crises subjaz um dispositivo composto por um conjunto heterogneo de elementos, entre os quais discursos, () decises regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados cientficos e proposies filosficas. 41 Segundo Michel Foucault (Pereira, 2009:185) as instituies constituem um dos elementos do dispositivo sendo-lhes inerente a edificao, organizao e emprego de meios atinentes prossecuo de um objetivo. O dispositivo de Gesto de Crises, entre outros elementos (Civil-militar/militar), definiu, no Concelho Europeu de Santa Maria da Feira (2000) quatro reas de interveno prioritrias na gesto civil de crises: Polcia, Sistema Judicirio, Administrao e Proteo Civil. 42 luz destas quatro reas de interveno civil que iremos analisar a resposta da Unio Europeia na primeira misso da Unio
40 Cfr. Olsson, S., & Et al. (2009). Crisis Management in the European Union (1. ed.). Heidelberg: Springer. (p. 2). 41 Cfr. Pereira, M. J. (2009). Poltica Externa Europeia como um Dispositivo de Segurana. In C. G. Costa, & Et al, A Unio europeia Como Ator Global - Dimenses Econmicas e Normativas da Poltica Externa Europeia (pp. 167 - 244). Lisboa: Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas. (p. 185). 42 Cfr. Civilian Crisis Management. (s.d.). Obtido em 26 de Maro de 2013, de External Union Action Service: http://www.consilium.europa.eu/eeas/security-defence/civilian-crisis-management?lang=en 14
Europeia de Gesto Civil de Crises na sia, batizada de Aceh Monitoring Mission (AMM). 4. THE ACEH MONITORING MISSION (AMM) A Misso de Monitorizao de Aceh foi a primeira misso de gesto de crises no militar, conduzida pela Unio Europeia na sia 43 , culminando com um processo de 30 anos 44 de conflitos entre os diversos Governos da Indonsia e o Movimento de Libertao de Aceh (Gerakan Aceh Merdeka - GAM). A Misso foi aprovada pelo ato adotado sob o Ttulo V do Tratado da Unio Europeia, publicado no Jornal Oficial da Unio Europeia - Council Joint Action 2005/643/CFSP, de 9 de Setembro. O processo iniciou-se com a assinatura do Memorando de Entendimento 45 , em Helsnquia no ano de 2005. Foi promotor do encontro entre as partes o ex-Presidente da Finlndia, Martti Ahtisaari, chairman da organizao no-governamental Crisis Management Iniciative (CMI). No incio do sculo XVII 46 , o territrio de Aceh tornou-se o estado mais forte na regio, sendo um estado islmico, cuja preponderncia declina aps meados do sculo VXII. Aps a Indonsia declarar a sua independncia, em 17 de agosto de 1945, e reconhecida em 27 de Novembro de 1949, o Sultanato de Aceh integra a provncia do Norte da Sumatra. Devido ao descontentamento geral da populao de Aceh o governo central concedeu um maior grau de autonomia, que na prtica, fruto da explorao dos ricos recursos naturais da provncia (gs e petrleo), assoberbava a maioria dos lucros deixando o povo local em condio de pobreza. Em 1976, um descendente direto da dinastia do Sultanato de Aceh, Hasan de Tiro, cria o Movimento de Libertao de Aceh, declarando a provncia independente. A resposta no se fez demorar com envio de tropas governamentais para a provncia iniciando-se uma luta armada sangrenta. O presidente Suharto declarou, em 1989 a provncia como
43 Cfr. Nicoletta, P., & Helly, D. (Outubro de 2005). Aceh Monitoring Mission: a new challenge for ESDP. Obtido em 27 de Maro de 2013, de International Security Information Service: http://www.isis-europe.eu/sites/default/files/publications- downloads/esr_27.pdf 44 Cfr. Initiative, C. M. (2012). Aceh Peace Process - Follow-Up Project. Obtido em 27 de Maro de 2013, de Reliefweb: http://reliefweb.int/sites/reliefweb.int/files/resources/aceh_report5_web.pdf 45 Cfr. Memorandum of Understanding between the Government of the Republic of Indonesia and the Free Aceh Movement. (s.d.). Obtido em 27 de Maro de 2013, de Consilium: http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cmsUpload/MoU_Aceh.pdf 46 Cfr. Rathner, J., & Hazdra, P. (s.d.). The Aceh Monitoring Mission An Innovative Approach to DDR. Obtido em 27 de Maro de 2013, de Austrian Armed Forces: http://www.bmlv.gv.at/pdf_pool/publikationen/small_arms_ache- monitoring_mission_j_rathner_p_hazdra.pdf
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uma zona militar especial, encrudescendo os combates numa guerra civil que matou mais de 10.000 pessoas. A primeira tentativa de paz foi promovida pelo Centro para o Dilogo Humanitrio Henri Dunant, em 2003, cujos resultados foram negativos. Como resposta o Presidente Megawati implementou a Lei Marcial, que em 2004 foi reconvertida em Estado de Emergncia. O ponto de viragem na postura das partes em confronto foi uma catstrofe natural. Em 26 de Dezembro de 2004, um sismo de magnitude 9.0, seguido de Tsunami mata, de um s golpe e na provncia de Aceh, 160.000 pessoas. A catstrofe fica registada em vdeo e transmitida, semelhana da cobertura televisiva da Guerra do Golf, escala mundial e no perodo de Natal. Na lista das vtimas da catstrofe incluem-se mais de 2.000 vtimas (mortos e desaparecidos) de pases da Europa. 47 A mobilizao para recolha de fundos torna-se global. S o Oxfam International Tsunami Fund recebeu 294 milhes de dlares 48 para apoio crise. O Memorando de Entendimento foi antecedido por 5 rondas de negociao (27 de Janeiro a 17 de Julho de 2005). O relatrio do CMI salienta que desde a primeira reunio entre as partes, a Unio Europeia no assumia somente um posicionamento de apoio financeiro, envolvia-se nas negociaes com uma agenda poltica. O processo de negociao foi financiado pelo Mecanismo de Reao Rpida da Comisso Europeia, pelo governo holands, finlands, Suo, entre outros representantes da sociedade. O Memorando de Entendimento confirma a vontade do Governo da Indonsia e do Movimento para a Libertao de Aceh em aderir Paz. O Captulo 1 do memorando concerne com a governao de Aceh. Define a publicao de uma nova Lei de Governao para a provncia de Aceh, promulgada e com entrada em vigor antes de 31 de Maro de 2006. A lei sofreu algum atraso, entrando em vigor a 1 de Agosto de 2006 como a Lei n. 11/2006. Esta Lei reporta-se aos princpios da Lei de Governao de Aceh (LoGA Law on the Governing of Aceh), participao poltica, assuntos econmicos e administrao das leis. O Captulo 2 sustenta que o Governo da Indonsia aderir s convenes internacionais das Naes Unidas para os Direito Civil e Poltico e para os Direitos Econmicos,
47 In: http://en.wikipedia.org/wiki/Countries_affected_by_the_2004_Indian_Ocean_earthquake 48 Cfr. In the Wake of the Tsunami - An evaluation of Oxfam Internationals response to the 2004 Indian Ocean Tsunami. (Dezembro de 2009). Obtido em 27 de Maro de 2013, de Oxfam: http://www.oxfam.org/sites/www.oxfam.org/files/oxfam- international-tsunami-evaluation-summary.pdf
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Sociais e Culturais, com instalao de um Tribunal de Direitos Humanos em Aceh. definido tambm que ser estabelecida uma Comisso para a Verdade e Reconciliao em Aceh pela Comisso Indonsia para a Verdade e Reconciliao para formulao e determinao das medidas de reconciliao. O Captulo 3 reporta-se Amnistia, comprometendo o Governo da Indonsia em garantir o mais rapidamente possvel, amnistia a todas as pessoas que houvessem participado nas atividades do GAM. A amnistia teria que ser pronunciada no mais do que 15 dias aps a assinatura do Memorando de Entendimento, seguindo no mesmo prazo, a libertao de todos os presos polticos. Os casos de no entendimento seriam resolvidos pelo Chefe de Misso, apoiado por Conselheiro legal da Misso. Neste captulo, igualmente definido que o uso de armas pelo GAM, aps a assinatura do memorando ser considerado uma violao ao memorando, com imputao de responsabilidade ao visado, o qual perde o direito de amnistia. Ficou definido que todo e qualquer cidado da Repblica da Indonsia, que haja sido amnistiado, recupera todos os seus direitos polticos, econmicos e sociais, bem como o direito de participao livre nos processos polticos, tanto em Aceh como ao nvel nacional. Foi igualmente definida a estruturao da organizao para reintegrao na sociedade civil dos combatentes, prisioneiros polticos e civis afetados, prevendo-se a constituio de um Fundo de Reintegrao, distribuio de terras arveis, emprego ou em caso de incapacidade, apoio social das autoridades de Aceh. A propriedade destruda de civis, por razo do conflito, ser objeto de medidas reparadoras similares. O acesso dos combatentes GAM a funes nas foras de segurana ou foras militares garantido nos termos do memorando, em conformidade com a regulamentao nacional Indonsia. No captulo 4 foi acordada a cessao de todos os atos de violncia entre as partes aps a assinatura do Memorando, com desmobilizao de 3.000 tropas do GAM, estando estas interditas de uso de uniforme militar ou insgnias aps a assinatura. O GAM proceder ao desarmamento de todas as armas, munies e explosivos (840 armas). O processo de desarmamento comearia em 15 de Setembro de 2005 e ficaria concludo em 31 de Dezembro de 2005. O Governo da Indonsia acordou a retirada de todos os militares e foras de segurana de estruturas no orgnicas do territrio de Aceh. O perodo de desmobilizao compreende o perodo de desarmamento do GAM. 17
Ficou definido que o nmero de militares regulares estacionados em Aceh seria de 14.700, e polcias 9.100. Aps a assinatura do memorando ficou interdita a deslocao de um contingente militar na zona superior a um peloto. Em caso de necessidade de deslocao de um efetivo superior esta deslocao careceria de autorizao do Chefe da Misso de Monitorizao. O desarmamento de grupos ilegais seria igualmente garantido pelo Governo da Indonsia, ficando responsvel pela garantia da ordem interna a polcia regular (orgnica) que receberia formao especial, em Aceh e no exterior, sobre temticas relacionadas com Direitos Humanos. A defesa externa do territrio de Aceh ficou a cargo das foras militares, mantendo no territrio s o contingente acordado (14.700 militares). O Captulo 5 concerne com o estabelecimento da Misso de Monitorizao, composta pela Unio Europeia e pases contribuintes da ASEAN (Association of Southeast Asian Nations). Esta Misso foi liderada por Pieter Feith (UE) acompanhado por uma delegao de 128 membros e 91 dos pases da ASEAN envolvidos (Tailndia, Malsia, Brunei, Filipinas e Singapora), num total de 219 elementos civis. A Misso estabeleceu o quartel-general em Banda Aceh, distribuindo-se no territrio em 11 distritos (Sigli, Bireuen, Lhoksemawe, Langsa, Tapak Tuan, Blang Pidie, Meulaboh, Lamno, Banda Aceh, Kutacane and Takengon) com um escritrio de apoio logstico em Medan. A Misso integrava 4 equipas mveis de desarmamento. O custo da Misso foi financiado pelo oramento da Unio europeia (9 milhes de euros) e por estados membros e pas contribuintes (6 milhes de euros). As Misses da Misso de Monitorizao mandatadas eram as seguintes: Monitorar a desmobilizao e entrega de armamento; Monitorar a recolocao de foras militares e de segurana no regulares; Monitorar a reintegrao dos membros ativos do Movimento de Libertao de Aceh; Monitorar a situao dos direitos humanos e prestar assistncia nesse domnio; Monitorar a mudana do processo legislativo; Dirimir os casos de amnistia em conflito; Investigar e dirimir as denncias s violaes do Memorando de Entendimento; Estabelecimento e manuteno da ligao e boa cooperao entre as partes. A Unio celebrou um Acordo de Estatuto de Misso (SoMA) com o Governo Indonsio para enquadramento do estatuto, privilgios e imunidade para a Misso de 18
Monitorizao de Aceh e seus membros, comprometendo-se as partes a garantir segurana, proteo e condies de trabalho estveis, com livre circulao em Aceh. Um aspeto relevante do memorando reveste-se pela concordncia das partes pela inexistncia da figura de veto ou controlo das aes da Misso de Monitorizao. O Governo da Indonsia garantiu, nos termos do memorando, localizaes para a deposio de armas e sua imediata destruio, com publicidade dos atos. O Captulo 6 dedicado forma de resoluo de conflitos entre as partes, com definio de gradaes de resoluo perante a insanabilidade do objeto discordante. Em Fevereiro de 2006, o Ministro dos Negcios Estrangeiros Holands Ben Rudolf Bot, afirmou: We have celebrated the end of Ramadan two weeks ago, and for the first tima in many years people from Banda Aceh, the capital, were able to move to the villages to be with their relatives for this important religious holiday. 49
No incio do ano de 2006, o chefe de Misso, Pieter Feith, props que a Misso de Monitorizao fosse prolongada para uma forma minimalista (85 pessoas) aps a data de 15 de Maro, mantendo-se a misso at realizao de eleies na provncia de Aceh, a organizar em Dezembro de 2006. A proposta foi aceite, tendo a Misso terminado as suas atividades em 15 de dezembro de 2006, aps a eleio para o lugar de Governador de Aceh, do ex-combatente da resistncia Irawandi Yusuf. 50
5. RESULTADOS No relatrio Asia Briefing n. 44 de 13 de Dezembro, publicado no site International Crisis Group 51 , reconhecido o sucesso da Misso de Monitorizao at data do relatrio. As principais concluses so as seguintes: Entrega das armas pela guerrilha do Movimento de Libertao de Aceh e retirada das tropas indonsias nos prazos definidos. Os presos amnistiados regressaram s suas casas. A proposta da nova Lei de Governao Local em Aceh foi elaborada, com consulta de largos setores da sociedade de Aceh e do Movivemento de Libertao, tendo sido submetida ao parlamento Indonsio para apreciao e aprovao. Dois pontos crticos foram identificados: o primeiro foi questo da reintegrao dos ex-combatentes do GAM, com discusso sobre a forma de pagamento a dinheiro para financiamento da sua reintegrao (por entrega
49 Cfr. Aceh Monitor Mission (AMM). (1 de Novembro de 2009). Obtido em 27 de Maro de 2013, de Netherlands Institute of Military History: http://www.defensie.nl/english/nimh/history/international_operations/mission_overview/48170964/aceh_monitor_mission_(amm)/ 50 Op. Cit., nota 49. 51 Cfr. Aceh: So Far, So Good. (3 de Dezembro de 2005). Obtido em 27 de Maro de 2013, de International Crisis Group: http://www.crisisgroup.org/en/regions/asia/south-east-asia/indonesia/B044-aceh-so-far-so-good.aspx
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direta ao interessados ou atravs dos comandantes do GAM), gerando uma discusso interna no interior do prprio Movimento de Libertao. O segundo, o processo de aceitao da proposta de Lei para a Governao Local e a calendarizao das eleies, surgindo um receio que ensombra o processo, a possibilidade de Aceh no futuro ser dividida em mais do que uma provncia. Em 19 de Dezembro de 2005, o total das 840 armas foram entregues pelo GAM para destruio e o Governo Indonsio ir proceder recolocao das tropas e polcias no orgnicas do territrio. A 29 de Dezembro de 2005 decorreu uma cerimnia de partida dos ltimos contingentes militares (3.300 tropas no orgnicas), no porto de Lhokseumawe, com presena do Comandante Militar de Aceh, General Supiadin, do Alto Representante do GAM, Irwandi Yusuf e do Chefe da Misso de Monitorizao, Pieter Feith. Em 31 de Dezembro de 2005 celebrou-se o descomissionamento das foras policiais no orgnicas (2.150 polcias), com partida da fora no dia 4 de Janeiro de 2006. O atraso deveu-se a problemas tcnicos nos navios de transporte. Em 22 de Fevereiro de 2006 concluiu-se o processo de verificao dos contingentes das foras armadas e policiais no territrio de Aceh, com confirmao do cumprimento pelo Governo Indonsio do artigo 4.7 do Memorando de Entendimento. Encontravam-se no territrio 14.700 militares e 9100 polcias. O mandato da Misso de Monitorizao oficialmente alargado at 15 de Junho de 2006, por deciso do Conselho Europeu de 27 de Fevereiro de 2006, por solicitao do Governo Indonsio com concordncia do Movimento de Libertao. A 13 de Maro 2006, 100 monitores abandonam a misso por concluso do mandato, mantendo-se 85 monitores no territrio aps deciso de extenso do prazo da misso. Em 26 de Abril de 2006, o Alto Representante para a Poltica Externa e Segurana Comum da Unio Europeia, Javier Solana, visita Aceh. Em Junho de 2006 o Conselho Europeu decide prolongar a Misso por mais trs meses, at 15 de Setembro de 2006, a pedido do Governo Indonsio e com apoio total do Movimento de Libertao. A 3 de Julho d-se um incidente com uso de armas, registado como o incidente de Paya Bakong, do qual resulta um morto e dois feridos. A investigao do incidente foi conduzida pela estrutura de misso. A nova Lei de Governao de Aceh foi aprovada pelo Parlamento Indonsio em 11 de Julho de 2006. Em 3 de Agosto de 2006 o Ministro dos assuntos Internos, Muhammad 20
Maaruf, entrega simbolicamente a nova Lei de Governao de Aceh ao Governador de Aceh, Mustafa Abubakar, aps assinatura da Lei pelo Presidente da Indonsia, Susilo Bambang Yudhoyono, em 2 de Agosto. Em 7 de Setembro, o Conselho Europeu decidiu extender a Misso de Monitorizao at 15 de dezembro de 2006, reduzindo-se o corpo da Misso para 36 monitores, com reorganizao de todo o staff em Banda Aceh. Em 12 de Setembro de 2006 a Misso de Monitorizao de Aceh foi visitada por uma delegao da Comisso Europeia e pelo Sr. Glyn Ford, designado Observador Chefe da EU para o processo eleitoral em Aceh, marcadas para 11 de Dezembro de 2006. As eleies foram observadas pela Estrutura de Misso de Observao Eleitoral da Unio Europeia, com competncias tcnicas especficas em relao aos processos eleitorais. Em 16 de Setembro de 2006 foi conhecida a concluso do processo de investigao do incidente de Paya Bakong 52 , com indicao de uso desproporcionado de fora por militares em assuntos de ordem pblica, da responsabilidade das foras de segurana, sem respeito pelos princpios universais dos direitos humanos. O caso foi encaminhado para o Governo da Indonsia, que se comprometeu tomada de medidas de acordo com a Constituio e a Lei Indonsia, referindo que j foram aplicadas medidas disciplinares, com decurso do correspondente processo judicial, sendo ainda providas compensaes para as vtimas e comunidade de modo a efetuar uma reconciliao. Em 3 de Novembro o Chefe de Misso convidou representantes da sociedade civil para participao num debate sobre o papel da sociedade civil na sustentabilidade do processo de paz aps a partida da Misso de Monitorizao em 15 de Dezembro de 2006. Em 15 de Dezembro a Misso de Monitorizao de Aceh chegou sua concluso. Pela importncia da data transcreve-se o pargrafo constante no stio de internet da estrutura de misso: On 15 December 2006 the Aceh Monitoring Mission (AMM) came to an end. All tasks assigned to AMM and as specified in the Memorandum of Understanding (MoU), signed in Helsinki on 15 August 2005, have been completed. The peace in Aceh has been re-established and the peace process has become irreversible and self-sustaining. There is complete freedom of movement and speech in Aceh and
52 Cfr. On the outcome of the meeting of the Comission on Security Arragements (COSA). (16 de Setembro de 2006). Obtido em 28 de Maro de 2013, de Aceh Monitoring Mission: http://www.aceh- mm.org/download/english/Press%20Statement%20COSA%2016%20September%202006.pdf
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on 11 December 2006 the province held its first direct and democratic local elections. The AMM was established on 15 September 2005 and its overall aim has been to monitor the implementation of the MoU agreed by the Government of Indonesia and the Free Aceh Movement (GAM). The peace process belongs to the people of Aceh and now the signatories of the MoU, together with the newly and democratically elected Governor, and with the support of the EU, ASEAN and the wider international community, will need to continue the long term implementation of the MoU. 53
6. CONCLUSO A legitimidade da Unio Europeia no cenrio das Relaes Internacionais sai profundamente reforada pela defesa dos valores fundamentais da Unio de desenvolvimento e reforo da democracia e do Estado de direito, do respeito pelos direitos do homem e das liberdades fundamentais, reforando a segurana da Unio pela estabilizao de uma zona de interesse geoestratgico mundial dada a sua proximidade ao Estreito de Malaca, um choke point 54 para o trfego martimo internacional de ligao entre o Oceano ndico (Mdio Oriente) e o Oceano Pacfico (Extremo Oriente), e ainda dotada de vastos recursos energticos (em especial gs natural). A cooperao com o Governo da Indonsia, com o Movimento de libertao de Aceh e com os pases da ASEAN fomentaram a cooperao internacional e o estreitamento de relaes com um espao geogrfico determinante para a defesa dos interesses da Unio no espao econmico da ASEAN e do extremo oriente (China, Coreia do Sul e Japo), materializando uma capacidade de projeo de influncia e modus operandi da Unio Europeia (Soft Power) em territrios geogrficos longnquos, de anterior domnio colonial Holands, sendo de salientar que o bloco dos pases da ASEAN constitui uma barreira geoestratgica circulao martima no Mar da China Meridional. A ASEAN visa constituir-se como um bloco geopoltico 55 de natureza similar Unio Europeia, desenvolvendo-se enquanto comunidade poltica e de segurana, econmica e sociocultural. na potenciao da estabilidade interna deste espao geogrfico, com potencial de conteno regional da hegemonia Chinesa, que a Unio Europeia desenvolveu uma parceria estratgica, num quadro de misso de gesto civil de crises, garante
53 Cfr. Mission Accomplished. (2006). Obtido em 28 de Maro de 2013, de Aceh Monitoring Mission (AMM): http://www.aceh- mm.org/english/info_menu/archive.htm 54 The Strait of Malacca, located between Indonesia, Malaysia, and Singapore, links the Indian Ocean to the South China Sea and Pacific Ocean. Malacca is the shortest sea route between Persian Gulf suppliers and the Asian marketsnotably China, Japan, South Korea, and the Pacific Rim. Oil shipments through the Strait of Malacca supply China and Indonesia, two of the world's fastest growing economies. It is the key chokepoint in Asia with an estimated 15.2 million bbl/d flow in 2011, compared to 13.8 million bbl/d in 2007. Crude oil makes up about 90 percent of flows, with the remainder being petroleum products. Cfr. World Oil Transit Chokepoints. (s.d.). Obtido em 6 de Maio de 2013, de United States Energy Information Administration: http://www.eia.gov/countries/regions-topics.cfm?fips=WOTC 55 Ver Anexo I. 22
da capacidade de gesto Europeia escala mundial, dando uso a um dos instrumentos da sua Poltica Comum de Segurana e Defesa, a Gesto de Civil de Crises. As elevadas reservas de gs natural detidas no espao ASEAN, aliadas voracidade energtica da China que sustenta o crescimento econmico atual, contudo gerador de graves problemas de sustentabilidade ambiental pela primazia do uso de carvo (70,4% - 2009 56 ) e petrleo (17,9% - 2009) como energias primrias, confere reserva estratgica de gs natural indonsia uma posio estratgica na economia asitica escala regional, em razo do gs natural ser uma energia com menor impacto ambiental, nomeadamente na sua utilizao em centrais de produo de energia eltrica de ciclo combinado. No domnio energtico, a Unio Europeia pode constituir-se como um parceiro estratgico credvel e confivel da ASEAN, contribuindo para a produo de estratgias e estudo de solues tcnicas e tecnolgicas com peso futuro na balana de transaes europeias no setor da energia, da indstria e dos servios.
56 Oil & Gas Security - People's Republic of China. (s.d.). Obtido em 7 de Maio de 2013, de International Energy Agency: http://www.iea.org/publications/freepublications/publication/China_2012.pdf
23
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Ilustrao 2 - Proved Reserves of Natural Gas (Trillion cubic feet) 58
57 Crude Oil Proved Reserves. (s.d.). Obtido em 6 de Maio de 2013, de United States Energy Information Administration: http://www.eia.gov/cfapps/ipdbproject/iedindex3.cfm?tid=5&pid=57&aid=6&cid=regions&syid=1980&eyid=2013&unit=BB 58 Proved Reserves of Natural Gas. (s.d.). Obtido em 6 de Maio de 2013, de United States Energy Information Administration: http://www.eia.gov/cfapps/ipdbproject/IEDIndex3.cfm?tid=3&pid=3&aid=6 0 5 10 15 20 25 30 2009 2010 2011 2012 2013 Crude Oil Proved Reserves China Asean India Australia Japan 0 50 100 150 200 250 300 350 2009 2010 2011 2012 2013 Proved Reserves of Natural Gas Asean China India Australia Pakistan 27
Ilustrao 3 - Total Petroleum Consumption ((Thousand Barrels Per Day) 59
Ilustrao 4 - Total Electricity Net Consumption (Billion Kilowatthours) 60
59 Total Petroleum Consumption. (s.d.). Obtido em 6 de Maio de 2013, de United States Energy Information Administration: http://www.eia.gov/cfapps/ipdbproject/iedindex3.cfm?tid=5&pid=5&aid=2&cid=regions&syid=1980&eyid=2012&unit=TBPD 60 Total Electricity Net Consumption. (s.d.). Obtido em 6 de Maio de 2013, de United States Energy Information Administration: http://www.eia.gov/cfapps/ipdbproject/iedindex3.cfm?tid=2&pid=2&aid=2&cid=regions&syid=1980&eyid=2010&unit=BKWH 0.00 1000.00 2000.00 3000.00 4000.00 5000.00 6000.00 7000.00 8000.00 9000.00 10000.00 1 9 8 0
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Total Petroleum Consumption China Japan Asean India Australia 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 1 9 8 0
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Total Electricity Net Consumption China Japan India Asean Australia 28
Ilustrao 5 - Population (Millions) 61
61 Population. (s.d.). Obtido em 6 de Maio de 2013, de United States Energy Information Administration: http://www.eia.gov/cfapps/ipdbproject/iedindex3.cfm?tid=93&pid=44&aid=33&cid=r7,&syid=1980&eyid=2011&unit=MM 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1 9 8 0