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Índice

Apresentação ................................................................3
Porque a juventude deve ser socialista ..........................5
Pontos para o programa estudantil-secundarista .........15
Anexo I
Organização ................................................................27
A situação exige a organização da juventude ..........................27
A importância dos grêmios secundaristas ..............................28
Obstáculos a serem vencidos .................................................29
Construir Grêmios livres e independentes ..............................29
Proporcionalidade na formação da direção do Grêmio.............30
Assembléia estudantil e reuniões ampliadas ..........................30
Jornal do Grêmio ...................................................................30
Anexo II
Trabalho e estudo........................................................32
O estudo e o trabalho devem estar juntos ..............................32
O movimento estudantil está diante de tres grandes problemas:
1) o desemprego; 2) destruição da escola pública; 3) a
violência................................................................................34
Dois grandes problemas da juventude: desemprego e
impossibilidade de estudar.....................................................37
A juventude dos bairros está sem escola e trabalho................39
Contra a destruição da educação, organizar o movimento
estudantil com uma política revolucionária ............................40

1
Por que a juventude tem de ser socialista?

“Progressão continuada” = promoção automática ...................42


O POR defende a educação vinculada à produção social.........45
Enem: Nao avalia nada ..........................................................46
O que você sabe sobre o Enem? .............................................47
Nossa campanha contra o Enem ............................................49
Anexo III
Violência nas escolas...................................................51
Para acabar com a violência nas escolas ................................51
Nada de militarizar a escola ...................................................53
Anexo IV
Grêmios ......................................................................55
Campanha junto aos grêmios.................................................55
Que organização de grêmios devemos alcançar? ....................56
Nossa luta pelos Grêmios livres e independentes....................57
Que grêmios precisamos? ......................................................58
O grêmio nas escolas .............................................................59
Organizar os grêmios estudantis independentes .....................59
Anexo V
Contra as aulas de Religião .........................................61
Implantação das aulas de religião ..........................................61
Anexo VI
Luta antiimperialista ...................................................64
Combater a Alca: Frente Única Antiimperialista .....................64
Devemos defender a luta do povo palestino ............................66
Por que nós estudantes temos de condenar a guerra dos Estados
Unidos contra o Iraque ..........................................................67
A luta contra a Alca e a Base de Alcântara tem de continuar ..68
Os estudantes têm de assumir a luta antiimperialista ............69
Os estudantes devem se mobilizar contra a guerra imperialista
..............................................................................................70
Anexo VII
Aliança com a classe operária......................................74
Os Estudantes devem lutar ao lado da classe operária ...........74
Anexo VIII
Os estudantes e o novo governo...................................76
Defesa do voto nulo programático ..........................................76
As eleições e o novo governo...................................................77
Anexo IX
Funcionamento da Corrente Proletária ........................79
Como funciona a Corrente Proletária da Educação -
Secundarista .........................................................................79

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Apresentação

A juventude tem retomado as mobilizações nos últimos


anos. Os movimentos nas escolas e universidades, os pro-
testos contra a globalização, as manifestações políticas e
contra a guerra imperialista têm contado com a participa-
ção massiva dos jovens.
No entanto, juntamente com o crescimento da partici-
pação política da juventude, destaca-se a ausência de uma
direção revolucionária que expresse seu combate ao capi-
talismo. E não há outra forma da juventude se libertar ple-
namente: tem de ajudar a destruir o sistema de exploração
do homem pelo homem.
A política dominante nas direções do movimento é a do
estalinismo contra-revolucionário e do reformismo, com a
participação minoritária das correntes de esquerda demo-
cratizantes. O controle dessas correntes sobre as organiza-
ções estudantis as leva à conciliação de classes, ao
peleguismo, à burocratização e distanciamento dos estu-
dantes. E à anulação dessas organizações enquanto ins-
trumento de luta e unificação dos estudantes.
O trabalho revolucionário no movimento estudantil tem
de partir de uma realidade bastante difícil. A elaboração do

3
Por que a juventude tem de ser socialista?

programa revolucionário, que responda aos problemas colo-


cados pela política burguesa de destruição do ensino públi-
co e ligue essa luta com a emancipação dos estudantes no
socialismo, se dá simultaneamente à defesa da independên-
cia das organizações estudantis e do próprio movimento.
Ao mesmo tempo, é somente se estiver munido da políti-
ca revolucionária, aquela que é capaz de expressar teorica-
mente as tendências de luta e as necessidades dos
estudantes, o movimento estudantil será capaz de se de-
senvolver de forma independente.
O POR tem militado pela construção de uma corrente
proletária no movimento secundarista. Uma corrente pro-
letária significa que procura expressar e se apoiar na políti-
ca da classe operária para atuar no movimento estudantil.
Ou seja, sabe que a emancipação do estudante está ligada
à conquista do socialismo, que só pode ser resultado da re-
volução proletária. Elabora a luta pelas reivindicações es-
tudantis a partir da necessidade de erguer o movimento
estudantil para que se entenda, a partir da própria expe-
riência, a necessidade de juntar-se à classe operária em
sua luta revolucionária.
Nesta publicação, reproduzimos alguns textos que fazem
parte da luta do POR para construir uma corrente proletária
secundarista, resultado da elaboração coletiva do partido e
de estudantes que atuam conosco com esse mesmo objetivo.
O primeiro deles é uma argumentação sobre a necessidade
da juventude de se somar à luta pelo socialismo. O segundo
são os pontos do programa que elaboramos para fundamen-
tar uma corrente proletárioa estudantil. A terceira parte é
um conjunto de anexos, que são artigos publicados em nos-
sos boletins, que também apontam para os princípios que
defendemos em nossa intervenção cotidiana.
A síntese desse material constitui um passo pequeno
mas fundamental para a construção do partido revolucio-
nário no meio estudantil secundarista.

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Porque a juventude deve ser socialista

1. O regime capitalista não pode trazer nada de bom


para a juventude. O mesmo dizemos para o conjunto da po-
pulação trabalhadora. A exploração do trabalho e a acu-
mulação de capital (propriedade privada dos meios de
produção) geram concentração de riquezas nas mãos de
uma minoria burguesa e pobreza, miséria, para a maioria
explorada. Faz parte do funcionamento econômico capita-
lista o esmagamento constante das condições de vida das
massas. Estas criam toda a riqueza vendendo sua força de
trabalho. Os capitalistas, que são donos dos meios de pro-
dução (fábricas, máquinas, terras, matérias-primas), se
apropriam da riqueza produzida e pagam para a classe
operária um salário que mal dá para sobreviver. Milhões
estão obrigados a passar com um salário mínimo, que mal
dá para comprar a cesta-básica de um trabalhador. Mi-
lhões não têm emprego. Está aí por que se estima que 50
milhões de brasileiros vivem abaixo da pobreza absoluta,
que significa passar fome e morrer cedo. O capitalismo
mata de fome crianças, adultos e velhos. A juventude tra-
balhadora é parte dessa situação.

5
Por que a juventude tem de ser socialista?

2. O capitalismo chegou ao auge do desenvolvimento


tecnológico. No entanto, as maravilhas da tecnologia não
trazem o fim da miséria da maioria e não amenizam sequer
o saque das potências imperialistas contra as nações atra-
sadas (semicoloniais). Pelo contrário, os surtos de inovação
provocam destruição de postos de trabalho e potencializam
a superprodução. O desemprego mundial se agiganta, os
salários rebaixam, precarizam as relações de trabalho e as
potências se tornam mais saqueadoras. Resultam, portan-
to, em mais opressão social e opressão nacional. A juventu-
de sofre na carne o desemprego tecnológico. A burguesia
falseia com o argumento de que o aumento da produtivida-
de alcançada com as novas tecnologias criará as condições
para um futuro melhor às novas gerações. Na realidade, in-
tensifica-se a exploração e aumenta a concentração mono-
polista do capital. Falseia também com a propaganda de
que o desemprego se deve a que as novas tecnologias exi-
gem novas qualificações. Assim a solução apresentada é
qualificar a mão-de-obra jovem e requalificar a adulta. O
que verificamos, no entanto, é que sobra mão-de-obra qua-
lificada e que não há interesse real da burguesia em qualifi-
car um número ainda maior, basta ver a decadência geral
do sistema de ensino. A tecnologia como forma de capital
só pode ser utilizada como meio de intensificação da explo-
ração do trabalho e, consequentemente, de eliminação de
emprego. Serve também para aumentar o poderio das mul-
tinacionais e das potências que arrancam riquezas no
mundo inteiro. A juventude se depara com o capitalismo
em decomposição e com a campanha de que lhe falta quali-
ficação e experiência. A maioria das novas gerações não
terá outro futuro, no capitalismo, senão a fome e a miséria.

3. A exploração do trabalho traz conseqüências particu-


lares para a juventude. Começamos por destacar o desem-
prego, o emprego sacrificante, os baixos salários e as

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Pontos para o programa estudantil secundarista

dificuldades de estudo. A juventude é um momento da vida


em que a capacidade produtiva se manifesta. Essa capaci-
dade combina as potencialidades mentais (intelectuais) e
físicas. O que coloca para os jovens a combinação do traba-
lho intelectual e manual, ou seja, teórico e prático. Esse
momento da vida implica incorporar a juventude na produ-
ção social e num novo momento de aprendizado escolar. A
continuidade do desenvolvimento das capacidades intelec-
tuais, que têm início na infância, depende do vínculo com
produção social. Mas o capitalismo impossibilita a unidade
entre a teoria e a prática, entre a educação e a produção so-
cial. Mutila as capacidades dos jovens. Incorpora uma par-
te como mão de obra barata e a submete a uma intensa
exploração. Assim, impõe aos jovens uma situação oposta
às necessidades de ensino. Esgota e mutila suas capacida-
des. Uma outra parcela é marginalizada do processo pro-
dutivo. Não tem emprego. Por esse meio, também é
mutilada.
4. Cresce a desintegração de uma ampla camada da ju-
ventude que desde cedo é golpeada pela miséria de sua fa-
mília. Concentra-se nos bairros, favelas e cortiços que
refletem as conseqüências sociais da exploração do traba-
lho e do desemprego. Parte dela é empurrada para a “mar-
ginalidade”. O que mostra o bloqueio da sua capacidade
produtiva e intelectual. O capitalismo a impossibilita de
acesso à produção social e a afasta da escola. A miséria se
transforma em criminalidade. A esse contingente cada vez
maior, a burguesia e seu Estado têm como resposta a vio-
lência policial e judiciária. O aumento da criminalidade en-
tre a juventude aumenta os assassinatos de jovens. As
chamadas instituições de recuperação, reeducação, reinte-
gração social, como a Febem, na verdade reproduzem a
opressão. A barbárie da Febem retrata a barbárie do capi-
talismo.
5. Está presente a opressão racial contra a juventude

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Por que a juventude tem de ser socialista?

negra, que constitui a maioria nos bairros pobres. Acresce


a isso a discriminação burguesa aos migrantes nordestinos
e seus filhos. A opressão racial e discriminações são conti-
nuidade da opressão de classe. Os jovens negros recebem o
maior impacto da sociedade de classe. As raízes históricas
da escravidão colonialista continuam a se projetar no capi-
talismo de nossos dias. Por mais que o Estado e seus tentá-
culos, como a escola, Igreja, Ongs, procurem amenizar a
opressão racial e os preconceitos discriminatórios contra
as camadas mais pobres, o fato é que essas formas de
opressão são mantidas. A escola e as Igrejas procuram dis-
farçá-las por meio de propaganda ideológica. Mas perante o
trabalho se manifestam, provocando seleção, diferencia-
ções salariais etc. E perante à repressão do Estado, os ne-
gros e nordestinos são alvo de todas as arbitrariedades. A
burguesia, seus governantes e suas instituições promovem
a ideologia da igualdade e justiça. Mas, na vida econômica
e nas relações sociais concretas, o capitalismo reproduz
toda sorte de opressão racial e de discriminação social. A
ideologia de igualdade racial do capitalismo não correspon-
de às relações econômicas e sociais.
6. Ao mesmo tempo em que se aplica a lei das armas
contra esses milhares de jovens, o Estado desenvolve ações
hipócritas que vão do assistencialismo ao culturalismo
burguês, disfarçado de popular. A religião também é utili-
zada para conter a revolta da juventude oprimida. O Esta-
do e Igrejas atuam em conjunto para canalizar
ideologicamente a juventude, obscurecendo a raiz capita-
lista da miséria e da opressão social. Procura-se desenvol-
ver valores de adaptação da juventude como força
produtiva a ser explorada. O conformismo, o pacifismo e a
religiosidade são largamente cultivados pelas instituições
que se encontram penetradas nos bairros populares. A es-
cola sintetiza a ação do Estado e das religiões, disseminan-
do tais valores contrários à luta de classe e a toda forma de

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Pontos para o programa estudantil secundarista

revolta oposta à opressão capitalista. As constantes cam-


panhas pela “paz”, contra a violência, pela “cidadania”,
pelo trabalho voluntário e de incentivo à cultura enlatada
são trazidas de fora para dentro dos bairros operários. Atu-
am sobre os jovens e suas famílias com a idéia de que terão
uma vida melhor no futuro. Impedem aos oprimidos com-
preenderem que a miséria e a violência são duas faces da
exploração do trabalho. Objetivam esconder o inimigo dos
explorados, que é a classe burguesa. Assim, a paz apregoa-
da é a paz da submissão dos oprimidos aos opressores.
Tudo que se referir à organização revolucionária da juven-
tude contra o capitalismo é combatido por um conjunto de
instituições, financiadas pelos exploradores.
7. A capacidade produtiva latente e a energia criadora
da juventude, ao serem bloqueadas e sofrerem mutilações,
se convertem em revolta. Na maior parte das vezes, a revol-
ta se expressa como reações individuais e, quando coleti-
vas, são despolitizadas. Mas o importante é que expressam
o instinto de revolta contra a opressão vivida. Não se con-
formam com a miséria, o desemprego, a discriminação, re-
pressão policial e as perseguições. Essas manifestações de
rebeldia, tidas como criminosas pela ordem burguesa, são
combatidas pela repressão e pela catequese ideológica. A
burguesia age no sentido de esvaziar o conteúdo social que
está por trás das revoltas instintivas dos jovens. São trata-
das como desajustes da juventude que não se esforça por
superar sua condição social, de forma a se incorporar ao
trabalho, escola etc. Ao contrário, o instinto de revolta, que
se manifesta de maneira caótica e deformada, demonstra
que a juventude não aceita passivamente a agressão e vio-
lência com que a sociedade de classe atua sobre suas vi-
das. O problema está em superar o caráter individual e
anárquico da contestação. É preciso transformar a revolta
instintiva em consciência de classe.
8. A grande maioria da juventude compõe as classes so-

9
Por que a juventude tem de ser socialista?

ciais oprimidas, ou seja, a classe operária, a camponesa e a


classe média urbana. Constituem a nova geração de força
de trabalho a ser explorada pela classe capitalista. Uma
parte é incorporada ao trabalho e outra se soma ao exército
de desempregados. A sociedade burguesa não tem como
superar suas contradições econômicas, que levam em um
pólo o aumento da concentração de riquezas e em um outro
o da miséria. O futuro da maior parte das novas forças de
trabalho é de sacrifício. De geração em geração, o capitalis-
mo em decadência reserva a seus novos integrantes maior
violência. Está aí um ponto de partida para se compreen-
der o lugar da juventude na sociedade de classe. A juventu-
de proletária que chega a vender sua força de trabalho
passa a ocupar um lugar estratégico na produção social.
Viverá as condições de exploração e opressão nos locais de
trabalho, compondo o conjunto da classe operária. A par-
cela que permanecer no exército de desempregados não de-
ixará de fazer parte da classe operária. Trata-se apenas do
contingente jovem que se agrega à massa de desemprega-
dos. A juventude proletária, pelo lugar que ocupa nas rela-
ções de produção, tem pela frente a tarefa de cumprir o
papel revolucionário na luta de classes. Mas a juventude
oprimida é mais ampla. Os filhos de camponeses pobres e
da classe média urbana arruinada são também golpeados.
Unidos à classe operária fortalecem o movimento de trans-
formação histórica.
9. A classe operária é a classe revolucionária. Encon-
tra-se em total antagonismo à propriedade privada dos me-
ios de produção e toda forma de exploração do trabalho.
Encarna a produção social e assim tem a faculdade de
transformar a propriedade privada em propriedade coletiva
dos meios de produção. Eis por que somente a classe ope-
rária pode contrapor-se à burguesia com um programa so-
cialista. A organização da juventude sob o programa da
classe operária é a condição para emancipá-la da ideologia

10
Pontos para o programa estudantil secundarista

burguesa e de suas formas pequeno-burguesas. A luta


contra a sociedade de classe permite elevar a consciência
política, compreender as leis de funcionamento do capita-
lismo e de sua transformação para a sociedade sem clas-
ses, ou seja, para a sociedade comunista.
10. Desde que Marx e Engels revelaram as leis das
transformações e demonstraram que a classe operária se
constituía na classe capaz de pôr fim à exploração do tra-
balho, sepultando a propriedade privada dos meios de pro-
dução, a burguesia passou a travar uma luta mortal contra
o socialismo científico. Combate o comunismo com todo
tipo de mentiras e falsificações. A propaganda burguesa
contra o comunismo procura, particularmente, atingir des-
de cedo as crianças e a juventude. Desenvolve a idéia de
que só no capitalismo há liberdade. E que as diferenças de
classe são naturais, podendo ser superadas pelo esforço
individual. Por meio da concorrência, o capitalismo é apre-
sentado como o regime da oportunidade e da liberdade. Na
realidade, a classe capitalista promove a concorrência en-
tre os trabalhadores no mercado de trabalho, opõe os jo-
vens operários aos operários adultos diante da escassez de
postos de trabalho e empurra os jovens para disputa entre
si desde a escola até o trabalho. Alimenta os preconceitos
entre a juventude operária e da classe média. A verdadeira
liberdade no capitalismo é a do patronato comprar a força
de trabalho, dispensá-la quando lhe convier, manter mi-
lhões vivendo na penúria e sustentar com muito dinheiro
as instituições defensoras da sociedade de classe. A juven-
tude oprimida transforma seu instinto de revolta comba-
tendo a ideologia burguesa da liberdade de exploração, da
concorrência entre os explorados e dos preconceitos e assi-
milando por meio da luta o programa da classe operária, o
socialismo científico.
11. A consciência socialista se alcança e se desenvolve
por meio da organização da juventude, em oposição à ex-

11
Por que a juventude tem de ser socialista?

ploração capitalista. Essa organização vai desde os orga-


nismos sindicais, grêmios estudantis, comitês de bairro até
o partido revolucionário. Esse último, o partido, é o instru-
mento da organização socialista mais avançada. Nenhuma
outra forma de organização pode substituí-lo ou superá-lo.
Isso por que o partido marxista, por sua natureza, elabora
o programa da revolução socialista. Organiza a militância
no interior dos movimentos sociais, dirigindo as lutas para
a destruição do capitalismo. Os demais organismos são au-
xiliares. Permitem a organização das massas, que resistem
aos ataques da burguesia. Mas para que cumpram o objeti-
vo de defesa dos explorados contra os exploradores têm de
ter em sua direção a política do proletariado, que se materi-
aliza no partido operário revolucionário.
12. A maior parte da juventude ainda se encontra desor-
ganizada e dispersa. O que favorece a atuação dos organis-
mos da burguesia para manter sua alienação social e
política. As direções sindicais e estudantis, comprometidas
com os interesses e a ideologia da burguesia, desestimu-
lam a organização de massa, bloqueiam os instintos de re-
volta e promovem o descrédito na necessidade da formação
política revolucionária. Combatem o método da luta de
classe, substituindo-o pela política da colaboração de clas-
se. Atuam contra a estratégia de destruição do capitalismo,
iludindo com a possibilidade de reformas sociais e humani-
zação das relações de exploração do trabalho. Escondem a
ditadura de classe da burguesia, escondendo o caráter de
classe da democracia burguesa. Obscurecem a opressão
das nações imperialistas sobre os povos oprimidos, defen-
dendo uma nova ordem econômica internacional e a paz
mundial sob o regime capitalista. As organizações da ju-
ventude se encontram penetradas dessas posições
pró-capitalistas. A luta por organizar os jovens em oposi-
ção a toda forma de opressão exige o combate às direções
adaptadas à política de conciliação de classe e a constru-

12
Pontos para o programa estudantil secundarista

ção de direções verdadeiramente socialistas. Essa tarefa


depende de avançar a organização da juventude no partido
operário revolucionário.
13. A Corrente Proletária Secundarista se organiza so-
bre a base de princípios e programa do Partido Operário
Revolucionário em construção. A luta contra o capitalismo
e pelo socialismo no meio da juventude não é senão traba-
lhar para que o programa da classe operária dê expressão
consciente aos instintos de revolta da juventude oprimida.
Não há dois programas, um da juventude socialista e outro
da classe operária. O programa é um só: o da emancipação
de todos os explorados pela via da transformação da socie-
dade capitalista em socialista. A juventude militante se or-
ganiza em torno do programa proletário e dedica sua
energia para que as leis da história sejam realizadas pela
revolução social. Essa tarefa implica trabalhar no seio da
juventude proletária, camponesa e da classe média urba-
na. Partindo da opressão sofrida pela juventude, extraindo
suas necessidades e transformando-as em reivindicações,
a Corrente Proletária Secundarista toma a frente das lutas
e organiza o movimento sob a estratégia da revolução soci-
al. Da mesma forma que só há um programa, o movimento
da juventude combate o sistema de exploração do trabalho
ao lado da classe operária e dos camponeses pobres, cons-
tituindo um só movimento antiimperialista e anticapitalis-
ta. Para derrotar a classe capitalista e destruir o seu
Estado opressor, a classe operária necessita reunir a maio-
ria oprimida e ganhar posição de dirigente da luta de clas-
ses. É assim que o programa proletário refletirá e dará
unidade às mais diversas lutas de todos os explorados. A
juventude socialista tem um papel decisivo para a conquis-
ta da unidade e coesão da maioria explorada em torno da
classe operária.

13
Por que a juventude tem de ser socialista?

14
Pontos para o programa
estudantil-secundarista

1. Os estudantes não constituem em si classe social.


Duas classes oprimidas formam a massa estudantil: os fi-
lhos de operários e os da pequena burguesia. Temos jovens
proletários, camponeses e de classe média urbana.

2. No capitalismo, confrontam-se duas políticas total-


mente definidas: a da burguesia e a do proletariado. A bur-
guesia exerce seu poder político e constitui sua ideologia de
classe dominante a partir do seu poder econômico. A es-
sência de sua política é o domínio da maioria explorada por
meio da ditadura de classe burguesa. O Estado capitalista,
o conjunto de suas instituições e seus partidos são instru-
mentos dessa ditadura econômica, social e política sobre o
proletariado e demais oprimidos. O proletariado luta para
se emancipar e emancipar toda sociedade do regime de
propriedade privada dos meios de produção, transforman-
do-o em propriedade coletiva. Esse objetivo histórico de
transformação do capitalismo em socialismo exige que a

15
Por que a juventude tem de ser socialista?

política do proletariado tenha por estratégia a destruição


da ditadura de classe da burguesia, portanto, de seu poder
político, materializado no Estado burguês. A luta de classe
entre burguesia e proletariado levará à insurreição da mai-
oria oprimida para a tomada do poder. A classe operária,
por ser a classe que coletivamente arca com a produção ca-
pitalista, é a única classe que tem possibilidade de criar
um novo Estado e impor um governo operário e camponês
contra a classe exploradora. Para derrotar a ditadura de
classe da minoria é preciso edificar transitoriamente a di-
tadura da maioria - a ditadura do proletariado. O Estado
Operário se assentará na mais ampla democracia da maio-
ria explorada.

3. A política pequeno-burguesa reflete a contradição en-


tre o proletariado e a burguesia. Isso por que é uma classe
intermediária. Sofre a pressão da luta entre as duas clas-
ses fundamentais. A pequena burguesia não tem como ter
uma política própria. Como classe, segue ou a burguesia
ou ao proletariado. A política pequeno-burguesa pretende
reformar o capitalismo, ao contrário da política operária
que objetiva destruí-lo e substituí-lo pela sociedade socia-
lista. A reforma do capitalismo serve aos interesses da clas-
se burguesa.

4. A Corrente Proletária Estudantil do Partido Operário


Revolucionário (POR) expressa no interior dos estudantes a
política do proletariado. Essa tem por estratégia a destrui-
ção do capitalismo por meio da revolução socialista. Seu
conteúdo, portanto, é antiimperialista e anticapitalista. A
defesa da política proletária implica derrotar a política pe-
queno-burguesa de reforma do capitalismo, que domina o
movimento estudantil. Esta se acoberta de socialista. Mas,
na verdade, o conteúdo de sua política é democráti-
co-burguesa. Contrapõe-se à defesa da estratégia da revo-

16
Pontos para o programa estudantil secundarista

lução proletária. Serve de canal para a política eleitoral dos


partidos adaptados ao Parlamento e ao capitalismo. Assim,
mantém as reivindicações democráticas estudantis nos li-
mites do que julga possível alcançar no interior do capita-
lismo e por meio de suas instituições. Sem que se derrote
ideológica e organizativamente essa orientação peque-
no-burguesa, a maioria estudantil não terá como pôr em pé
um movimento independente da burguesia e vinculado ao
movimento da classe operária.

5. A Corrente Proletária Secundarista parte da necessi-


dade de se constituir uma fração revolucionária que orga-
nize os estudantes mais avançados politicamente e mais
destemidos na atuação prática. Compreende que o movi-
mento estudantil é parte da luta de classe. De forma que a
organização independente dos estudantes frente à política
burguesa e pequeno-burguesa ocorrerá se se construir
uma fração que encarne o programa da classe operária e o
traduza frente aos problemas da educação. Que responda
a todo tipo de opressão sofrida pela juventude. Partindo
das reivindicações mais elementares, uma poderosa cor-
rente estudantil proletária poderá vincular as massas es-
tudantis oprimidas ao movimento geral da maioria
explorada. Enquanto os estudantes não constituírem essa
fração revolucionária, seu movimento permanecerá limita-
do à política corporativista de suas direções.

6. A luta por romper o isolamento dos estudantes peran-


te o movimento operário e camponês é uma tarefa que po-
derá ser cumprida construindo o partido operário
revolucionário. A Corrente Proletária Secundarista traba-
lha em torno do objetivo de levar aos estudantes a necessi-
dade da organização do partido operário revolucionário.
Uma corrente que não coloque claramente essa necessida-

17
Por que a juventude tem de ser socialista?

de e não trabalhe em torno dela não tem como ajudar as


massas estudantis a se colocarem sob a direção da política
proletária.

7. O capitalismo já comprovou que não pode dar acesso


à maioria trabalhadora a todos os níveis da educação. A
universalização do ensino fundamental sequer pôde ser
cumprida plenamente. O ensino médio é restrito a uma mi-
noria. O ensino superior é limitado a uma ultra-minoria. A
luta pelo acesso à educação das massas oprimidas é uma
tarefa democrática que só pode avançar por meio da luta de
classe e da estratégia da destruição do capitalismo. A esco-
la se encontra totalmente desvinculada da produção social.
Assim, não tem como desenvolver o ensino científico e
transformador da realidade. A divisão entre a prática e a te-
oria é um reflexo da sociedade de classe. A escola expressa
essa divisão social do trabalho. Dessa forma, a escola é de-
formadora do conhecimento e obstáculo à aprendizagem e
desenvolvimento pleno das faculdades humanas. A defesa
da escola vinculada à produção social, assim como a do di-
reito universal ao ensino a todos, está em contradição com
a exploração, a divisão capitalista do trabalho e a opressão
às faculdades intelectuais das massas. A luta pela escola
vinculada à produção social é parte do programa anticapi-
talista.

8.A escola da sociedade capitalista não tem como objeti-


vo a aprendizagem científica e a elevação cultural de toda
população. O baixo nível de aprendizado é conseqüência de
uma escola completamente desvinculada da produção so-
cial (do trabalho). Ela expressa a separação entre a teoria e
a prática, entre o trabalho intelectual e o trabalho manual.
O conhecimento ministrado nas escolas não comparece
como necessidade prática e nem pode ser verificado na rea-

18
Pontos para o programa estudantil secundarista

lidade, ou seja, na produção social. Professores e estudan-


tes não estão inseridos numa relação de conhecimento
prático e teórico, que traga problemas e exijam soluções. A
escola desvinculada da produção social não desenvolve as
faculdades intelectuais e físicas. É sempre uma escola que
exige que os alunos decorem as fórmulas, os “pontos” e
transcrevam mecanicamente nas avaliações. Os professo-
res comparecem como os donos do conhecimento (dos pon-
tos e das fórmulas) e o cérebro dos alunos como recipientes
que deverão ser preenchidos. Os mais “modernos métodos”
da pedagogia acabam se reduzindo a aprendizagem deco-
rativa. Aprender para essa escola é decorar e responder de-
corativamente. Há inúmeros outros fatores que agravam
essa situação, como o aluno faminto, o desempregado, as
péssimas condições de trabalho e ensino e o sucateamento
das escolas pelo governo.

9. A avaliação na escola capitalista não pode ser um ins-


trumento próprio da aprendizagem. Ela não tem a função
crítica e autocrítica. Não se constitui em um meio de verifi-
cação da assimilação coletiva e individual. A avaliação nes-
sa escola é sempre punitiva, individualizadora, seletiva e
concorrencial. É falsa a afirmação de que nessa escola não
se aprende por causa dessa ou daquela forma de avaliação.
A avaliação punitiva é externa ao conhecimento. Funciona
como instrumento de pressão para a aprendizagem mecâ-
nica e repetitiva. A intervenção do governo na escola chega
ao ponto de determinar uma avaliação de fora para dentro,
completamente alheia ao que se passa na sala de aula. A
reforma educacional tem como base as avaliações exter-
nas. As verbas e os salários estão submetidos ao desempe-
nho dos alunos e professores, segundo os critérios da
reforma destruidora da educação. Na verdade, o que se
pretende é cortar gastos com a educação.

19
Por que a juventude tem de ser socialista?

10. A escola é uma correia de transmissão dos interes-


ses, ideologia e valores da classe burguesa. Está organiza-
da sob o controle do Estado. Os governos, por meio dos
organismos estatais - ministério, secretarias e diretorias de
ensino -, impõem a política educacional. Esta corresponde
à divisão de classe da sociedade, em que é preciso susten-
tar a opressão da minoria capitalista sobre a maioria traba-
lhadora. A educação ditada pelo Estado mantém a
opressão de classe e incute o servilismo, passividade e obs-
curece o domínio burguês. A relação da escola com o Esta-
do reproduz a divisão de classe da sociedade e expressa a
ditadura de classe da burguesia. A ferrenha centralização
estatal sobre as escolas é a condição para a classe burgue-
sa, por meio de políticas governamentais, manter sob seu
controle o ensino e assegurar a concretização da ideologia
dominante. O currículo, o conteúdo das disciplinas, o livro
didático, as campanhas, as relações sociais que envolvem a
educação, a proibição de grêmios livres, a proibição da livre
expressão e organização nas escolas, tudo isso constituem
a escola como instituição de uma classe - a classe capitalis-
ta.

11. A defesa da autonomia da escola frente ao Estado é


uma reivindicação democrática. Questiona a centralização
e controle da educação por parte da classe burguesa e de
seu Estado. Coloca o funcionamento da escola nas mãos
dos trabalhadores e estudantes. A única função do Estado
é manter financeiramente as escolas para que possam ter
condições de ensino e trabalho. A autonomia da escola im-
plica eliminar todos os órgãos que exercem o controle e
aplicam a política educacional e eleger diretamente os res-
ponsáveis pela educação. A revogabilidade de mandato

20
Pontos para o programa estudantil secundarista

será parte da democracia escolar. Conforme amplia a de-


composição do capitalismo, mais a burguesia necessita eli-
minar e combater a autonomia das escolas. A escola do
capitalismo é centralizadora e antidemocrática. Os gover-
nos ditos democráticos dizem respeitar a autonomia esco-
lar, dando aos conselhos de escola poder de gestão. Mas,
na verdade, não passa de uma caricatura de controle da
educação pelos representantes de escola. São organismos
burocráticos, limitados pelo poder dos diretores e da buro-
cracia estatal. A autonomia das escolas é uma reivindica-
ção que a burguesia não poderá cumprir. Será parte da
luta pelo fim do controle das escolas pela minoria capitalis-
ta.

12. A juventude é educada a não ver a luta de classes e a


não participar dela. Padece de todos os males do capitalis-
mo sem saber de onde vêm e se é possível combatê-los. A
essência dos ensinamentos burgueses para a juventude
centra-se no cultivo da incapacidade desta pensar os pro-
blemas com sua própria cabeça e realizar experiências pró-
prias. Sempre são tidos como imaturos para se posicionar
social e politicamente diante das grandes questões do país,
do trabalho, da escola etc. Dependem da família, dos edu-
cadores, do governo e do Estado. Suas revoltas individuais
ou coletivas são tomadas como provas de imaturidade ou
desajustes típicos da adolescência. Não se admite que o
descontentamento expressa a opressão da sociedade de
classe e que a juventude constitui uma força social revolu-
cionária. A formação política e ideológica da juventude está
marcada pelo conformismo, pela explicação alheia e pela
repressão. A família, Igreja e a escola atuam poderosamen-
te para que o conformismo, individualismo e servilismo
obscureçam a visão crítica, canalizem a revolta e bloquei-
em a ação transformadora da juventude no seio do movi-
mento social. Ao contrário, a juventude está com a mente

21
Por que a juventude tem de ser socialista?

aberta para compreender as contradições do sistema de ex-


ploração e opressão e tem disposição para defender uma
nova sociedade.

13. A escola permite a presença coletiva da juventude.


No entanto, sua estrutura e funcionamento reforça o indi-
vidualismo. Não pode haver vida política justamente por-
que esta pressupõe elaboração e ação coletiva. Essas, por
sua vez, pressupõem independência frente a escola hierár-
quica, condicionada a uma autoridade estatal
pré-estabelecida e que funciona à base da divisão entre
uma cúpula que manda e a maioria que executa. Impõe-se
uma disciplina vertical, autoritária, centrada no indivíduo
e contraposta às manifestações estudantis, coletivas e in-
dependentes. O palavreado de liberdade, participação e
responsabilidade, propagado pela doutrina do Estado, está
em consonância com a disciplina pré-estabelecida do po-
der, que objetiva sufocar as revoltas sociais frente às con-
tradições da sociedade de classe. É essa orientação que
regulamenta as organizações estudantis e condicionam
suas atividades.

14. Os grêmios estudantis são previstos na legislação


estatal à imagem e semelhança do verticalismo e autorita-
rismo escolar. Os estudantes estão impedidos de terem
grêmios livres e independentes. São desestimulados e até
mesmo cerceados de liberdade de imprensa. O jornal e bo-
letins dependem da autorização e está previsto um profes-
sor que servirá de filtro ao pensamento dos estudantes. O
direito de divulgação, de assembléias e uso da escola para
atividades políticas é cerceado. O trâmite burocrático, que
passa do professor responsável pelo grêmio até o diretor e
que pode chegar ao delegado de ensino, funciona como
obstáculo e censor da vontade coletiva dos estudantes. A
interferência da burocracia escolar, que segue as prescri-

22
Pontos para o programa estudantil secundarista

ções repressivas do Estado, chega ao ponto de montar as


chapas dos grêmios, determinar quem pode ou não partici-
par e direcionar os rumos das eleições. O Estado
pré-estabelece um estatuto único a todos os grêmios, de
forma a impossibilitar que os próprios estudantes o redi-
jam e o aprovem, seguindo o princípio da independência
política, da democracia e do método da luta coletiva. A con-
quista da real liberdade de expressão, organização e mani-
festação é ponto de partida para um vigoroso movimento
estudantil oposto a toda forma de opressão da sociedade
capitalista.

15. O obstáculo à independência dos grêmios não se


apresenta apenas por parte do Estado e da estrutura esco-
lar. A política que dirige as organizações centralizadoras,
como UMES e UBES, colabora com o intervencionismo go-
vernamental na existência dos grêmios. Não fazem movi-
mentos pelos direitos democráticos dos secundaristas
terem liberdade real. Ocorre que a conquista de grêmios li-
vres é parte da luta pelas reivindicações e pela politização
geral da juventude. Não se trata apenas de uma questão or-
ganizativa, mas dos grêmios como instrumentos de agluti-
nação das forças estudantis contra os ataques do
capitalismo aos explorados e, particularmente, contra a
opressão sofrida pela maioria jovem. Esse conflito contra-
põe os estudantes aos governos e ao Estado. O problema
está em que as direções da UMES, UBES etc estão presas à
política estatal, que favorece a formação de uma casta de
dirigentes fisiológicos e burocráticos. Essas direções são
avessas à luta de classe e ao vínculo das massas estudan-
tis aos problemas gerais da classe operária, camponeses
pobres e demais explorados. Submetem-se às pressões dos
governos, do Parlamento e dos partidos burgueses. São
movidos pelo eleitoralismo, pelo pacifismo burguês, pelas
campanhas assistencialistas e por pequenos conflitos de

23
Por que a juventude tem de ser socialista?

interesses particulares contra o Estado (carteirinhas esco-


lares, critérios de avaliação etc). As reivindicações vitais
que levam os jovens a rechaçarem a opressão e a enfrenta-
rem a ditadura de classe da burguesia são marginalizadas.
Mais do que isso: essas direções combatem qualquer mani-
festação contrária a sua política de adaptação do movimen-
to estudantil à democracia burguesa. A conquista de
grêmios livres e independentes é uma tarefa política que
depende não só de combater a repressão estatal mas tam-
bém a política burocrática das direções.

16. A juventude enfrenta todos os males do capitalismo


em decomposição. Há alguns tormentos que lhe atingem
em cheio: o desemprego, o emprego estafante, as dificulda-
des de estudo ou mesmo a impossibilidade de estudar. Qu-
ando tem algum trabalho, sofre tamanha exploração que
lhe tira a energia para o estudo. Se tem tempo para estu-
dar, não tem emprego e vive sobressaltado pelas necessida-
des elementares. Na melhor das hipóteses, está empregado
e freqüenta escola. Nesse caso, a escola é um peso que car-
rega com muito custo. A maioria da juventude se depara
com todas essas variantes. O capitalismo não lhe permite
ter uma jornada de trabalho compatível com uma jornada
de estudo. Milhares de jovens anualmente estão prontos
para ingressarem na produção, garantirem sua sobrevi-
vência e prosseguirem os estudos, casos em que não te-
nham de abandonar prematuramente a escola. Ocorre que
uma boa parte não encontra emprego. Esse problema vem
se agravando devido às contradições da economia capita-
lista e de sua crise estrutural. Milhões de jovens vêm sendo
empurrados para a miséria, fome e desespero. O capitalis-
mo desperdiça o enorme potencial criador da juventude e
reserva-lhe toda sorte de violência. A forma de exploração
do trabalho chegou a um ponto alto de incompatibilidade
com a vida da família trabalhadora e especialmente com as

24
Pontos para o programa estudantil secundarista

novas gerações. Trata-se da decadência do regime de ex-


ploração, na sua fase mais alta de desenvolvimento mundi-
al, que contraditoriamente se manifesta na forma de
barbárie social. A luta da juventude e sua politização se
chocam abertamente contra a exploração e a barbárie.

17. Por forças dessas circunstâncias históricas, os estu-


dantes necessitam compreender porque são tão golpeados,
que leis econômicas, políticas e sociais provocam tantos
distúrbios em suas vidas e como enfrentar realidade tão
adversa. Os descontentamentos e revoltas instintivas têm
de se transformar em consciência revolucionária. O que
será possível lançando-se a construir o partido da revolu-
ção socialista. O capitalismo não é um sistema indestrutí-
vel. E também não cairá por si só. Sua transformação está
colocada há muito tempo, uma vez que suas forças produ-
tivas alcançaram pleno desenvolvimento, chegando a épo-
ca imperialista. Revoluções proletárias ocorreram e
retrocederam. O que confirma a tese do marxismo científi-
co de que a fase imperialista é de decomposição do capita-
lismo, portanto de guerras, revoluções e contra-revoluções.
A burguesia mundial se aproveitou da degenerescência das
revoluções proletárias, que se degeneraram em restaura-
ção capitalista para realizar uma grande campanha contra
as transformações e o socialismo cientifico de Marx,
Engels, Lenin e Trotsky. De fato, a restauração burguesa
nos países revolucionários romperam o processo mundial
de destruição do capitalismo e de construção das bases da
sociedade comunista. No entanto, o capitalismo continuou
em sua marcha de desintegração e vem recolocando para a
classe operária e a juventude a necessidade de retomada
dos movimentos socialistas. Os jovens combativos estão
sendo chamados a romper a cadeia de alienação da política
e ideologia da classe burguesa – do imperialismo – e reto-
mar a compreensão das leis de funcionamento da história.

25
Por que a juventude tem de ser socialista?

Essa é a tarefa para vencer a crise de direção, organizar o


partido por meio do programa da revolução e ditadura pro-
letárias e soldar a juventude ao movimento do proletariado
e da maioria oprimida mundial.

18. A juventude brasileira oprimida faz parte da estru-


tura social de um país capitalista semicolonial. Sofre os im-
pactos da opressão imperialista, incluindo o colonialismo
cultural. Não só carrega o peso do parasitismo da burgue-
sia nacional como também da burguesia internacional.
Não é por acaso que os planos econômicos, sociais e educa-
cionais ditados pelo imperialismo, tendo à frente os Esta-
dos Unidos, resultam em mais desemprego, destruição da
escola e saúde públicas. Por todos os poros penetram a do-
minação cultural e as campanhas de arregimentação da
juventude por detrás do colonialismo imperialista. A bur-
guesia nacional, seus governos e partidos abrem as portas
não só para o saque econômico como também para a domi-
nação ideológica traçada pelo aparato mundial das potên-
cias. O nacionalismo burguês do passado fracassou e se
esgotou pela impossibilidade da burguesia semicolonial
ser independente do imperialismo e impor as condições de
soberania nacional. As tentativas de reformas e de uma
cultura nacional não passaram de caricaturas. A juventu-
de deve compreender o lugar que ocupa no país semicolo-
nial para combater corretamente o imperialismo tendo por
estratégia a destruição do capitalismo. As reivindicações
de emprego, salário, escola, saúde e lazer estão associadas
ao combate pelas reivindicações antiimperialistas de inde-
pendência nacional e de derrocada do capitalismo para se
construir a sociedade sem classes.

26
Anexo I
Organização

A situação exige a organização da juventude


Estamos diante de uma crise econômica e social que se
agrava cada vez mais. O desemprego que atinge a maior
parte da juventude é prova disso.
Mas o problema é ainda maior: quando se arruma um
emprego, o salário mal dá para comer; parte dos empregos
está terceirizada, o que significa perda de direitos traba-
lhistas; os patrões não querem assinar carteira profissio-
nal; cresce o emprego temporário, que traz o desemprego
em seguida; avança o subemprego.
E a escola?
O governo e a burguesia dizem que os jovens precisam
se qualificar para ter emprego. Mas o que fazem com a es-
cola pública?
Fecham salas de aula, reduzem carga horária, lotam sa-

27
Por que a juventude tem de ser socialista?

las com até 50 alunos, impedem o estudo regular depois de


certa idade, centenas de jovens não têm vaga nas escolas
de seu bairro, os professores trabalham como doidos por
um salário minguado, o ensino nada tem a ver com a vida
prática, com as necessidades do trabalho, nada tem a ver
com a produção social.
E aqueles que têm algum emprego, como podem estu-
dar? Levam uma vida do cão. Chegam à sala de aula que-
brados.
Não é preciso estender mais essa descrição, para se ver
como a juventude está sob intensa opressão do sistema ca-
pitalista de exploração do trabalho.
Está claro que é falso o argumento dos exploradores e de
seus governos de que o desemprego atinge a juventude por
falta de qualificação. A sociedade capitalista destrói cons-
tantemente postos de trabalho e desmorona a escola públi-
ca.
Essa é uma das razões fundamentais para que os estu-
dantes e toda juventude se organizem em movimentos.
Que construam os grêmios. Que construam os comitês de
luta dos bairros. Que atuem nos sindicatos. Que se colo-
quem em luta coletiva contra essa estrutura econômica e
social que esmagam nossas vidas.

A importância dos grêmios secundaristas


Em cada escola deveria ter um grêmio ativo. Mas na ma-
ioria das escolas eles não existem e naquelas que existem
poucos são atuantes.
E por quê?
Muitas são as razões. A mais importante, ao nosso ver, é
a falta de uma direção política dos estudantes e de toda ju-
ventude explorada.
A direção da União Brasileira dos Estudantes Secunda-
ristas (UBES) e da União Metropolitana dos Estudantes Se-
cundaristas (UMES) está sob o controle de um grupo que

28
Pontos para o programa estudantil secundarista

não trabalha por politizar os estudantes, não organiza mo-


vimentos que tenham por base a defesa do emprego e da
escola e que também não tem interesse de ajudar os estu-
dantes a organizarem os grêmios.
Está na hora de trabalhar duramente para pôr em pé os
grêmios. São eles que permitem a coletivização dos proble-
mas, dão expressão organizativa às lutas e ajudam os estu-
dantes a se formarem politicamente.

Obstáculos a serem vencidos


Os grêmios são regulamentados pelo Estado. A regula-
mentação serve justamente para dificultar sua criação.
Para serem criados, devem estar sob a supervisão do dire-
tor e de um professor. Ora, os grêmios pertencem aos estu-
dantes, por que então devem nascer sob o controle externo
de alguém? Justamente, para que os estudantes não os
criem por necessidade da luta e para impor desde o início
uma característica de grêmio puramente festivo.
Esse tipo de grêmio está amarrado à direção da escola, a
direção da escola está amarrada à delegada de ensino e a
delegada de ensino está amarrada ao governo. Um grêmio
assim nasce morto para os estudantes. Não serve para
suas causas e não ajuda a elevar a consciência política da
juventude.
Mas esses obstáculos devem ser vencidos com luta pe-
los GRÊMIOS LIVRES E INDEPENDENTES.

Construir Grêmios livres e independentes


Devemos convocar reuniões na escola e constituir uma
Comissão de Organização do Grêmio Livre e Independente.
Essa Comissão deve tirar um boletim pela construção do
Grêmio. Explicar o que é e para que serve. Os estudantes
devem participar ativamente na sua construção.
Compreendido isso, a Comissão deve marcar a eleição,
dando prazo para a inscrição de chapas.

29
Por que a juventude tem de ser socialista?

Se o diretor for democrático e educador, vai reconhecer


o direito dos estudantes terem seu próprio grêmio. Caso
contrário, os estudantes terão de luta pelo direito democrá-
tico de ter o grêmio.
Um grêmio conquistado na luta ganha solidez, porque é
fruto do movimento legítimo dos estudantes.

Proporcionalidade na formação da direção do


Grêmio
Somos da opinião que havendo mais de uma chapa,
deve haver proporcionalidade na constituição da diretoria
do Grêmio.Por exemplo, se a chapa 1 tiver 70% dos votos,
fica com 70% da diretoria e 30% para a chapa 2. E assim
por diante. Quanto mais democrático for o Grêmio, mas
combativo e atuante será.

Assembléia estudantil e reuniões ampliadas


Não há um verdadeiro grêmio sem assembléia estudan-
til. Quando há um grande problema a ser decidido, então o
grêmio deve convocar a assembléia. Ela serve para que os
estudantes participem ativamente do movimento estudan-
til. A assembléia assegura a democracia do grêmio, permite
a discussão coletiva e garante as decisões. A diretoria deve
também fazer reuniões ampliadas para ganhar colabora-
ção dos estudantes mais atuantes e que darão continuida-
de ao grêmio.

Jornal do Grêmio
A idéia de um professor ser responsável pelo grêmio é o
de ser responsável pelo jornal. Isso não é correto, por mais
que gostemos do professor e deste ter boas intenções. Os
estudantes devem ter independência para escrever e se
responsabilizar pelo que escreve.
O jornal é a voz política do Grêmio.
A consciência e a compreensão dos estudantes não po-

30
Pontos para o programa estudantil secundarista

dem ser substituídas por ninguém. Devem aprender com o


movimento estudantil e corrigir seus erros por experiência
própria.
Somente um pensamento livre pode levar a uma prática
livre e transformadora. A subserviência da mente é própria
da opressão por aqueles que não querem ser questionados
e combatidos. Não aceitamos a idéia de que os estudantes
ainda são jovens e não ainda não têm capacidade de com-
preensão política.
O jornal deve trazer secções culturais e informativas,
mas em sua essência deve ser político.

31
Anexo II
Trabalho e estudo

O estudo e o trabalho devem estar juntos


Sabemos que é preciso ter um sentido para os estudos.
Ouvimos que estudar é necessário para se adquirir conhe-
cimentos e ter um futuro assegurado no trabalho. Essa
idéia separa o estudo do trabalho.
Explicam que primeiro tem de conseguir terminar a es-
cola e sair dela bem preparado para depois encontrar um
emprego. Como a concorrência no mercado de trabalho é
grande, dizem que quanto mais preparado mais fácil arru-
mar uma colocação e ter um melhor salário.
Quem é que diz isso?
São eles: o governo, os responsáveis pela Secretaria da
Educação e os patrões. Têm feito uma verdadeira campa-
nha na televisão, jornais e nas escolas. Muitas vezes, pega-
mos nossos professores e nossos pais repetindo a
campanha do governo sem pensar sobre a ligação do traba-
lho e o ensino.
Devemos dizer: Governo deixe de enrolar. O estudo e o

32
Pontos para o programa estudantil secundarista

trabalho não podem ser dois momentos separados na vida


da juventude. Queremos e precisamos da escola e do traba-
lho ao mesmo tempo. Para isso, o trabalho tem de estar de
acordo com nossa idade e não ultrapassar a jornada de 4
horas. O restante de nosso tempo dedicaremos aos estudos
e ao lazer. A escola, por sua vez, tem de estar vinculada ao
trabalho (à produção social). É na produção social que de-
senvolvemos a verdadeira capacidade de pensar, de resol-
ver problemas e aprender a ciência.
Devemos de cara dizer não à jornada de trabalho de 8
horas ou mais e aos trabalhos mutiladores. Existem mi-
lhões de jovens escravizados pelos capitalistas e que se-
quer conseguem freqüentar um curso. Existem outros
milhões que trabalham o dia inteiro e quando vão ao curso
noturno já estão acabados. A maioria da juventude é arras-
tada para o subemprego. Em todos esses casos, os patrões
usam e abusam da força de trabalho do jovem, pagando
um salário miserável e arrancando-lhes até a última gota
de energia.
Vejam bem: os que estão trabalhando ou não podem fre-
qüentar a escola ou freqüentam uma escola que não tem
nada a ver com o conhecimento e ainda tem de suportá-la
na pior das canseiras. E a grande maioria da juventude não
tem trabalho e não consegue sequer terminar o ensino mé-
dio. Temos aí a verdadeira realidade. A escola está separa-
da do trabalho.
Dizer que primeiro tem de se qualificar estudando para
depois encontrar emprego é uma falsificação feita pela bur-
guesia e seu governo. Acontece que o sistema econômico
capitalista já não pode assegurar emprego para milhões de
trabalhadores. Se é jovem, dizem que não tem experiência.
Se já chegou aos 30 anos, é considerado velho para o traba-
lho. Vemos que milhares e milhares de trabalhadores com
muito experiência e inclusive com um grau de escolaridade
avançado estão desempregados.

33
Por que a juventude tem de ser socialista?

É desta observação da realidade que nós do movimento


estudantil devemos tirar as conclusões:
A bandeira de emprego e trabalho deve ser levantada
por todos os trabalhadores e estudantes;
Nenhum jovem fora da escola e do trabalho;
Jornada de trabalho de 4 horas e o restante do tempo
dedicado ao estudo;
Salário calculado de acordo com as necessidades.

O movimento estudantil está diante de tres


grandes problemas:
1) o desemprego; 2) destruição da escola pública;
3) a violência
A luta pelo trabalho é ponto de partida
O movimento estudantil tem de tomar nas mãos a ban-
deira de NENHUM JOVEM SEM EMPREGO, NENHUM
JOVEM FORA DA ESCOLA. O emprego é a única fonte de
existência da maioria. No entanto, anualmente os capita-
listas têm destruído milhões de postos de trabalho.
Milhares e milhares de pais de família perdem o traba-
lho e não encontram outro. A juventude se defronta com o
mesmo problema. As novas gerações prontas para o traba-
lho batem na porta das agências de emprego e recebem dos
capitalistas um NÃO. Uma grande parcela volta para a casa
e encontra pais e irmãos sem trabalho. E aqueles que estão
empregados recebem um salário que não dá para o susten-
to da casa. A parcela da juventude empregada está subme-
tida a uma violenta jornada de trabalho. A maioria não tem
nenhum direito trabalhista. Os que estão estudando che-
gam zonzos na sala de aula.
Está aí por que a luta pelo trabalho e contra a explora-
ção capitalista é o ponto de partida da juventude.
Levantemos nas escolas e nas ruas a bandeira de:
NENHUM JOVEM SEM EMPREGO, NENHUM JOVEM
FORA DA ESCOLA. Esse conteúdo se expressa na luta pela

34
Pontos para o programa estudantil secundarista

reivindicação de: JORNADA DE TRABALHO DE NÃO MAIS


DE 4 HORAS PARA A JUVENTUDE E O RESTANTE DO
TEMPO NA ESCOLA. POR UM SALÁRIO COMPATÍVEL
COM AS NECESSIDADES. APLICAÇÃO DE TODOS OS
DIREITOS TRABALHISTAS. FIM DE TIPO DE TRABALHO
QUE MUTILA FÍSICA E MENTALMENTE OS JOVENS.

Defendemos a escola pública, gratuita, laica e científica


vinculada à produção social
Que escola o governo nos oferece? Na sua maioria com
salas superlotadas. Os professores ganham uma porcaria,
carregam uma jornada que os esmaga e há muitas faltas.
Os estudantes não sabem para que estudam. O ensino é
repetitivo, decorativo. Os professores já não conseguem
dar aula, tamanho o desinteresse da maioria. Uma boa
parte das escolas está caindo aos pedaços. Até mesmo es-
colas de lata foram improvisadas pelo governo.
A tal da reforma do ensino só veio piorar as coisas. De
nada adianta abolir a repetência se o problema está em que
não se aprende nada. As avaliações do Saresp e Enem não
têm nada a ver com ensino e aprendizagem. O problema é
que a escola está desvinculada do trabalho. A maioria dos
estudantes que estão em condições de trabalhar não tem
emprego e vive na miséria. A pobreza da família operária se
projeta no ensino. A escola pública abriga justamente a
grande maioria de filhos de operários e desempregados. Os
salários mal dão para comer, quando se tem algum empre-
gado na família.
Para agravar, a reforma do governo favorece ainda mais
a privatização do ensino. Procura gastar menos com o ensi-
no público e abrir espaço para as escolas particulares.
Ao lado da defesa do emprego, a defesa da escola públi-
ca deve ser o ponto de partida do movimento estudantil.
Nossa resposta: ESCOLA PÚBLICA, GRATUITA, LAICA E
CIENTÍFICA LIGADA À PRODUÇÃO SOCIAL; FIM DA

35
Por que a juventude tem de ser socialista?

ESCOLA PARTICULAR COM SUA TOTAL ESTATIZAÇÃO.


NÃO À REFORMA DO GOVERNO DESTRUIDORA DA
ESCOLA PÚBLICA.

A violência é obra do capitalismo


Reclama-se que o jovem está se tornando mais violento.
Que se deixa influenciar mais facilmente pela marginalida-
de. Que já não é educado por valores familiares, religiosos e
morais. Que perdeu o interesse pela escola. E que a violên-
cia vem tomando conta do ensino.
Chega-se a reconhecer hipocritamente que o desempre-
go influencia para que essa catástrofe da crise social entre
os jovens aconteça. Mas tudo se faz para esconder o essen-
cial: o capitalismo apodrecido está matando massivamente
jovens. Todas as chagas da marginalidade são criação do
desemprego e da miséria. Mas desemprego e miséria são,
por sua vez, produtos da exploração capitalista.
A resposta da burguesia e seu governo tem sido aumen-
to da polícia e, portando, militarização da sociedade. Como
não se resolve a causa, atacam-se os efeitos com medidas
repressivas e violentas. As campanhas de Jovem Cidadão,
Criança Esperança, Comunidade Solidária, Paz e Cidada-
nia, Trabalho Voluntário etc. não passam de catequese ca-
pitalista e disfarce à violência dos baixos salários, da fome,
do desemprego e da matança de jovens. As fábricas estão
demitindo milhares impunemente. As multinacionais
(Volks, Mercedez etc.) destróem centenas de postos de tra-
balho, reduzem salários e acabam com antigos direitos tra-
balhistas.
Essa violência passa como não violência social. Passa
como normalidade econômica. É normal se matar de fome.
Trata-se de uma normalidade que, quando os operários re-
agem com a greve, ocupação da fábrica e manifestações de
rua, os patrões usam da violência policial. É com essa vio-
lência que o capitalismo se mantém.

36
Pontos para o programa estudantil secundarista

Devemos dizer: a parcela da juventude jogada na margi-


nalidade é vítima da burguesia e de seu Estado. Ao contrá-
rio, lutamos por desmascarar as falsas campanhas de paz,
amor, cidadania, trabalho voluntário como solução. É por
meio da luta que os explorados e a juventude enfrentarão o
desemprego, a fome, o analfabetismo, a ignorância. Apoia-
mo-nos nas reivindicações de emprego a todos, salário mí-
nimo real, escola e saúde públicas para enfrentar a
exploração capitalista e lutar pelo socialismo.

Os mentirosos, falsificadores e manhosos dirão que a so-


lução está em votar bem
Não será pondo votos em urnas que os trabalhadores e
juventude enfrentarão a crise social. Será organizando um
grande movimento em todo país por emprego, salário, esco-
la e saúde públicas. Não podemos aceitar subordinar nos-
sas reivindicações à representação burguesa no
parlamento e ao Estado capitalista com seu respectivo go-
verno. Temos nossas organizações próprias e com elas po-
demos lutar nas ruas. Contra O DESEMPREGO E A
DESTRUIÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA, LUTAMOS POR
ORGANIZAR UM GRANDE MOVIMENTO DE MASSA QUE
UNA A JUVENTUDE À CLASSE OPERÁRIA.
Que a UNE, UBES, UMES, CUT e sindicatos convoquem
uma grande manifestação nacional pelo emprego, salário,
escola pública e pelas conquistas trabalhistas

Dois grandes problemas da juventude:


desemprego e impossibilidade de estudar
O jovem é neste início de década o principal afetado pelo
desemprego, segundo o relatório do IBGE. Assim começa a
matéria do jornal Estado de São Paulo de 13 de junho.
O Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) apurou que
na faixa de 17 a 18 anos o desemprego atinge 13,4% dos jo-
vens e na de 18 a 24 anos chega a 12,5%. Na verdade, é

37
Por que a juventude tem de ser socialista?

muito mais.
O fato é que milhões de jovens brasileiros estão fora da
produção porque não têm trabalho. Essa situação oprime o
jovem que não pode ter auto-sustento, passa necessidade e
se vê em meio a uma grande crise social. É daí que decor-
rem muitos males, que arrebentam a vida da juventude.
A explicação de que o jovem não encontra emprego por-
que falta experiência profissional ou porque não está capa-
citado é mentira dos governos e de seus representantes. A
verdade é que o capitalismo já não cria empregos mais do
que destrói. Todos os anos são milhares de postos de traba-
lho fechados, superando em muito os que são abertos.
O outro problema é o da impossibilidade de estudar. A
maioria mal faz o ensino fundamental. E tem de interrom-
per os estudos porque não pode ingressar no ensino médio
(colegial). Eis as razões: 1) A parcela que arruma emprego
tem uma jornada pesada e exerce atividades estafantes; 2)
A parcela desempregada se vê sem meios econômicos e
desmotivada; 3) Não há vagas para todos; 4) A legislação
impede àqueles que estão fora da idade e da série freqüen-
tarem o ensino regular.
Notem quantos obstáculos à continuidade dos estudos
aos jovens.
Não se trata de lamentar essa barbaridade, mas de iden-
tificar a origem dela e travar a luta. Como dissemos é o sis-
tema capitalista de exploração do trabalho que cria o
desemprego e empurra a juventude para a miséria. É esse
mesmo sistema que lhe nega a continuidade dos estudos.
O movimento estudantil, portanto, deve ter como um
dos objetivos essenciais lutar pelo direito ao emprego e ao
ensino em todos os níveis. O que significa lutar contra a ex-
ploração do trabalho e toda forma de opressão social.
A CORRENTE PROLETÁRIA ESTUDANTIL-
SECUNDARISTA defende:
1) Emprego a todos jovens, com jornada máxima de 4

38
Pontos para o programa estudantil secundarista

horas e o restante do tempo dedicado aos estudos; 2)


Emprego compatível com suas condições de desenvolvi-
mento físico-mental;3) Salário calculado segundo as ne-
cessidades reais; 4) Escola para todos e fim de toda
legislação proibitiva aos estudos; 5) Fim do ensino desvin-
culado do trabalho e educação ligada à produção social (es-
cola científica).

A juventude dos bairros está sem escola e


trabalho
A maioria dos jovens que mora nos bairros operários
não conseguiu vaga nas escolas públicas. O governo impõe
os critérios para poder estudar: 1) O jovem não pode ficar
um ano sequer sem estudar; 2) Não pode estar fora da ida-
de estipulada por série; 3) Não pode ter repetido ou parado
de estudar por algum tempo, porque acaba ficando fora da
idade para a série; 4) Não pode fazer suplência e depois vol-
tar ao regular no ensino médio. E mesmo que esteja dentro
desses violentos critérios, ainda tem de enfrentar filas e lis-
tas de espera porque não há escola para todos.
Por outro lado, a juventude não tem conseguido traba-
lho. Quando consegue, as condições são precárias: 1) Não
tem carteira assinada; 2) O contrato é temporário; 3) Está
sujeito à exploração das coopergatos (cooperativas); 4) A
jornada de trabalho é monstruosa; 5) O salário não dá para
viver.
Como se vê, de um lado, não tem trabalho e, de outro,
não tem escola. Os patrões não admitem porque dizem que
não têm experiência, falta qualificação ou não tem idade. A
escola não os aceita porque estão fora da idade e de série. A
juventude está espremida. Precisa do trabalho e da escola.
Tanto os governos quanto os patrões os excluem.

É possível derrotar essa política dos patrões e governos


Não dá para ficar parado esperando que caia do céu o

39
Por que a juventude tem de ser socialista?

emprego e a escola. A primeira coisa é ter claro o objetivo de


nossa luta. Ou seja: 1) Nenhum jovem fora da escola, ne-
nhum jovem sem trabalho; 2) jornada de 4 horas no traba-
lho e o restante na escola; 3) Um salário que dê para viver.
Sabemos que sozinho não conseguiremos nada. É preci-
so a unidade da juventude. A união entre os que estão na
escola e os que querem estudar. Para isso, é preciso: 1) Que
os grêmios das escolas realizem uma ampla campanha para
ter vagas para todos; 2) Uma campanha para criação de es-
colas em todos os níveis, inclusive suplência para aqueles
que querem fazer; 3) Que o sindicato dos professores (Apeo-
esp) também faça a campanha, juntamente com os grêmios;
4) Que realizemos nos bairros operários o cadastro de todos
os que estão sem escola e trabalho; 5) Que convoquemos as-
sembléias nos bairros para aprovar a luta pela escola e pelo
trabalho; 6) Exigir o governo passe-livre para estudantes e
desempregados.
Como vimos, somente a luta coletiva e a mobilização di-
reta poderá derrotar a política dos patrões e dos governos
contra a juventude, que necessita do trabalho e da escola.

Contra a destruição da educação, organizar o


movimento estudantil com uma política
revolucionária
O governo FHC vem também pisoteando a educação. Fe-
chou escolas, as salas de aula estão superlotadas, reduziu
as vagas para o ensino médio, entregou a educação funda-
mental para os prefeitos (municipalização), arrochou mais
os salários dos professores, aumentou a exploração do tra-
balho, ampliou as telessalas, criou os ciclos para diminuir
os gastos, introduziu o ensino religioso e favoreceu a priva-
tização. Tudo isso para ajustar a educação aos cortes de
verbas e impor maior controle totalitário do Estado sobre
as escolas.
É claro que se o nosso ensino já era péssimo. Com tais

40
Pontos para o programa estudantil secundarista

medidas, a situação se tornou intolerável. A “escola de cara


nova” do governo é de arrepiar os miolos.
Para defender o ensino, é preciso organizar o movimen-
to estudantil com uma política de combate e não de cor-
po-mole da direção da UNE, UBES e UMES. A bandeira da
paz é própria de quem não quer lutar. Dizemos o contrário:
combate sem trégua aos exploradores. O pacifismo amorte-
ce e anula a revolta dos oprimidos.
Está colocado a campanha por um programa de defesa
da escola pública, gratuita, laica e vinculada à produção
social. Eis alguns pontos:
1. Fim da escola particular e criação de um sistema úni-
co, público e gratuito. Estatização de todo o sistema educa-
cional, expropriando os empresários da educação e pondo
fim à mercantilização do ensino;
2. Controle das escolas pelos trabalhadores da educa-
ção e estudantes. Fim do controle burocrático pelo Estado,
Secretária da Educação, Delegacias de Ensino e politiquei-
ros. Constituição de verdadeiros conselhos de base, com
poder de decisão, ligados entre si, e que dirijam de fato a
educação. Essa é autonomia de que precisamos.
3. Fim de toda a reforma neoliberal da educação. Nada
de remendar no Parlamento a reforma privatista de FHC.
Que os estudantes e trabalhadores organizados discutam
quais são as mudanças que o ensino necessita para aten-
der as necessidades da maioria oprimida. Em defesa de
uma escola científica e ligada ao trabalho (vinculada à pro-
dução social).
4. Constituição de uma rede de grêmios independentes,
sem nenhum interferência externa ao movimento estudan-
til. Fim da legislação que atrela os grêmios aos diretores de
escola. Liberdade total de reunião, expressão e manifesta-
ção nas unidades escolares.

41
Por que a juventude tem de ser socialista?

“Progressão continuada” = promoção automática


Durante todo o período eleitoral, o governador Geraldo
Alckmin enfrentou críticas dos país, alunos e professores
quanto à chamada progressão continuada. Todo mundo vê
que por detrás da progressão continuada está a promoção
automática. Reclama-se que os alunos saem da escola com
o diploma na mão sem saber nada.
A progressão continuada, criada em 1998, faz parte do
conjunto de medidas adotadas pela reforma educacional
imposta pelo Banco Mundial (BIRD) e aplicada por
FHC/Covas/Alckmin. Tem como objetivo acabar com a re-
petência para reduzir as despesas do Estado. Não importa
se o aluno aprendeu ou deixou de aprender. O que importa
para o governo são duas coisas:
1. Evitar a repetência porque um aluno custa ao Estado
de São Paulo cerca de R$50,00/mês;
2. Gastar pouco com a educação para continuar pagan-
do os juros da dívida externa e, com isso, atrair novos em-
préstimos dos organismos internacionais (FMI, BIRD).
Como se vê, a progressão continuada é uma das medidas
do plano neoliberal, que tem como essência o corte de gastos
nos serviços públicos (saúde, previdência e educação).

A grande inovação de Alckmin


Assim que soube dos resultados eleitorais, Alckmin rea-
firmou sua intenção se manter a vergonhosa “progressão
continuada”. Porém, para esconder o fato de que os alunos
passam sem saber, o governador resolveu impor um exame
todo o ano para todos os alunos (Saresp anual). Para os
professores, que o próprio Secretário da Educação Chalita
diz que “não estão preparados para isso”, Alckmin criará as
“capacitações”, para “treiná-los para a ”progressão conti-
nuada".
O governo responsabiliza os alunos e professores pelo
fracasso escolar e prepara mais punições: provão do saresp

42
Pontos para o programa estudantil secundarista

e capacitação. Como se isso eliminasse os graves proble-


mas educacionais. As novas punições servirão para agra-
var a destruição do ensino público.

Estudantes e professores unidos para enfrentar a refor-


ma educacional do governo
Os grêmios e todos os organismos estudantis devem se
somar com os sindicatos dos trabalhadores da educação
para enfrentar de conjunto as medidas neoliberais aplica-
das na educação. Desde já, organizar o movimento de re-
sistência para combater nas ruas a reforma educacional
que vem destruindo a escola pública. Desde já, levantamos
nossas principais reivindicações:
1. Nenhum aluno fora da escola. Abertura de todas as
escolas e salas fechadas e criação de novas unidades;
2. Nenhum centavo do povo para pagar os banqueiros
agiotas. Mais verbas para a educação e serviços públicos
em geral;
3. Fim da rede privada de ensino e criação de um único
sistema educacional, mantido pelo Estado e sob o controle
dos trabalhadores;
4. Fim dos vestibulinhos e vestibulares;
5. Melhoria das condições de ensino e de trabalho;
6. Reposição imediata das perdas salariais dos educa-
dores. Fim dos 8 anos de congelamento salarial e elimina-
ção da farsa do bônus.
7. Nenhum estudante fora do trabalho (todo jovem deve
ter garantido 4 horas de trabalho e o restante na escola).
Defesa da combinação trabalho/escola.
8. Defesa de uma escola vinculada à produção social,
portanto de uma escola onde verdadeiramente se aprende
e se produz conhecimento.

Defender a aprendizagem
É preciso ter claro que o baixo nível de aprendizado é

43
Por que a juventude tem de ser socialista?

conseqüência de uma escola completamente desvinculada


da produção social (do trabalho). Ela expressa a separação
entre a teoria e a prática, entre o trabalho intelectual e o
trabalho manual. O conhecimento ministrado nas escolas
não comparece como necessidade prática e nem pode ser
verificado na realidade, ou seja, na produção social. Profes-
sores e estudantes não estão inseridos numa relação de co-
nhecimento prático e teórico, que traga problemas e exijam
soluções.
Assim, a escola desvinculada da produção social não
desenvolve as faculdades intelectuais e físicas. É sempre
uma escola que exige que os alunos decorem as fórmulas,
os “pontos” e transcrevam mecanicamente nas avaliações.
Os professores comparecem como os donos do conheci-
mento (dos pontos e das fórmulas) e o cérebro dos alunos
como recepientes que deverão ser preenchidos. Os mais
“modernos métodos” da pedagogia acabam se reduzindo a
aprendizagem decorativa. Aprender para essa escola é de-
corar e responder decorativamente.
Há inúmeros outros fatores que agravam essa situação,
como o aluno faminto, o desempregado, as péssimas condi-
ções de trabalho e ensino e o sucateamento das escolas
pelo governo. Nessa escola, a avaliação não pode ser um
instrumento próprio da aprendizagem. Ela não tem a fun-
ção crítica e autocrítica. Não se constitui em um meio de
verificação da assimilação coletiva e individual. A avaliação
nessa escola é sempre punitiva, individualizadora, seletiva
e concorrencial.
Não devemos cair na armadilha de que nessa escola não
se aprende por causa dessa ou daquela forma de avaliação.
A escola da sociedade capitalista não tem como objetivo a
aprendizagem científica e a elevação cultural de toda a po-
pulação. Cabe-nos denunciar a destruição da educação
por parte do governo e defender uma nova escola, a escola
vinculada à produção social. Partindo desse ponto, defen-

44
Pontos para o programa estudantil secundarista

der as condições de trabalho e ensino. Inclusive exigir o fim


da intervenção do governo na escola e em todo o processo
de ensino. A escola tem de estar sob o controle de quem es-
tuda e ensina.

O POR defende a educação vinculada à


produção social
No capitalismo, a divisão social do trabalho impede a
burguesia edificar um sistema de ensino enraizado no pro-
cesso de produção. A escola atual não pode objetivar que as
massas trabalhadoras tenham acesso às leis que regem o
funcionamento e as transformações da natureza e da soci-
edade. Impossibilita a aprendizagem e o exercício do co-
nhecimento através da atividade prática.
No sistema capitalista, os assalariados são utilizados
como mera força de trabalho, a ser consumida em função
da acumulação de capital. Uma escola enraizada na produ-
ção social coloca aos trabalhadores o conhecimento como
ferramenta de transformação, que necessariamente con-
duz à destruição do poder capitalista e de toda fornia de
opressão.
Tanto o governo quanto os refomnistas falam da unida-
de entre a teoria e a prática. Pura idade! Os reformistas (PT)
com]atean a idéia marxista de que, para superar essa divi-
são entre teoria eprádca, éprecisodesáuiromodo capitalis-
tadeproàução, través da revolução social. Por isso, estão
sanpre apresentando emendas ás reformas educacionais
do Estado burguês.
Ao contrário, o POR parte da idéia de que a desagrega-
ção do capitalismo e o bloqueio das forças produtivas (tra-
balho humano e tecnologia) provocam o desmoronamento
da escola capitalista. A burguesia (proprietária dos meios
de produção e apropriadora de toda a riqueza) é incapaz de
desenvolver plenamente as forças produtivas e colocar o
conhecimento a serviço das transformações. Essa tarefa

45
Por que a juventude tem de ser socialista?

está reservada unicamente à classe revolucionária: o prole-


tariado. Isso pelo lugar que ocupa nestas relações, o prole-
tariado é a única força social que encarna e que pode
destruir os laços que bloqueiam as forças produtivas e que
impossibilitam a elevação material e cultural das massas
oprimidas.
Partimos das reivindicações mais elementares das mas-
sas trabalhadoras (emprego atodos, salário mínimo vital,
acesso irrestrito a todos os níveis de educação etc) e do mé-
todo da ação direta (greves, ocupações etc) para o objetivo
estratégico da destruição do sistema de exploração do tra-
balho. Portanto, vinculamos as necessidades urgentes do
ensino como parte do programa proletário da revolução so-
cial.

Enem: Nao avalia nada


O governo impõe as medidas de destruição do ensino
público: fechou escolas, superlotou salas de aula, arro-
chou os salários dos professores, reduziu a grade curricu-
lar (número de aulas de disciplinas), sucateou as condições
de aprendizagem e criou as telessalas. O ensino médio foi
violentamente atingido.
É parte da reforma do governo a imposição das avalia-
ções. De fora para dentro, o governo organiza as provas e
mede os resultados. Com o Saresp, o governo reprovou 50
mil alunos, só em São Paulo. Com o Provão, dá nota às fa-
culdades. E com o Enem, engana os alunos que a nota ser-
virá para o acesso às universidades.
Essas provas não avaliam nada. Só servem para o gover-
no esconder sua responsabilidade de destruição das condi-
ções de ensino. O que pode melhorar a educação é o ensino
passar para o controle dos trabalhadores, ampliar as ver-
bas para a educação, reduzir a jornada de trabalho dos
professores, acabar com a superlotação das classes, criar
escolas e ligar a educação ao trabalho.

46
Pontos para o programa estudantil secundarista

O movimento estudantil tem de se organizar para rejei-


tar os provões e lutar por um programa de defesa da escola
pública, laica e gratuita.

O que você sabe sobre o Enem?


O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) contará
com 1,8 milhão de estudantes, atraídos pela propaganda
governamental de que a nota obtida servirá para ajudar a
entrar nas universidades e faculdades.
A pergunta que fazemos: Por que o governo está inte-
ressado em realizar um exame como esse? O governo fala
que o Enem tem dois objetivos: 1) Que os estudantes que
forem bem na prova estarão sendo ajudados a entrar na
Universidade; 2) E que o Enem é uma forma de avaliação
em que se aplica a capacidade de raciocínio e conhecimen-
tos múltiplos.
Mas a verdade é: O Enem é um meio de favorecimento
dos donos das escolas privadas.E por quê? Porque estarão
economizando dinheiro com o vestibular. Essas escolas
são as que aceitam a nota do Enem, como se fosse a do ves-
tibular, para atrair uma parcela da juventude a estudar
nas instituições particulares. Ao estudante não basta pas-
sar no Enem, têm de ter dinheiro para pagar altas mensali-
dades. As universidades públicas (USP, UNICAMP, UNESP)
dizem que aceitam até 20% da nota da primeira fase. Por-
tanto, somente os melhores colocados. Na segunda fase, o
Enem não serve. É bom lembrar que esses já são os que
têm possibilidade de ser aprovados nos vestibulares para
tais universidades públicas.
O Enem serve para fortalecer a privatização do ensino
superior. A maior parte dos estudantes serão levados a fre-
qüentar os cursos nas faculdades privadas. Essas faculda-
des têm crescido e se tornado verdadeiros negócios para os
capitalistas da educação. Por outro lado, os estudantes
sem nenhuma perspectiva para alcançar as faculdades pú-

47
Por que a juventude tem de ser socialista?

blicas usam os míseros salários para encher os bolsos dos


mercenários do ensino. Outros, chegam a se endividar
através de financiamentos bancários. Está aí por que as es-
colas privadas estão satisfeitas com o Enem.

Que valor tem o Enem na Fuvest?


Quem diz isso? O estudo do Núcleo de Apoio aos Estu-
dos de Graduação da USP afirma que o peso do Enem na
Fuvest não interfere em nada nos resultados dos vestibula-
res da Fuvest. Diz que apenas 2,7% foram ajudados ou pre-
judicados pelo Enem, de um total de 121.247 inscritos.
Portanto, não será com o Enem que a maioria dos estudan-
tes chegará à universidade pública.
O acesso à universidade pública é barrado pelo vestibu-
lar. Os aprovados no vestibular são os que têm melhores
condições financeiras para pagar um cursinho e também
os que obtém as melhores notas no Enem.

Dados confirmam:
1. As maiores notas do Enem são para os alunos que es-
tudam na rede privada.
2. As maiores notas do Enem são para os alunos que
têm uma renda familiar acima de 50 salários mínimos.

A grande maioria dos filhos de operários e classe média


arruinada, que estudam na rede pública, ficaram com no-
tas inferiores. Desses, quase 40% têm renda familiar de até
um salário mínimo (R$200,00). São esses que não terão
acesso à universidade pública e estão sendo ludibriados
pela propaganda das faculdades privadas.

O Enem é parte da reforma educacional do governo


O governo vem impondo a destruição da escola pública,
através da reforma privatista do Banco Mundial. Para isso,
fechou escolas, reduzir o número de salas de aula, superlo-

48
Pontos para o programa estudantil secundarista

tou outras, eliminou disciplinas da carga horária dos alu-


nos, demitiu professores e impôs um brutal arrocho
salarial.
O Enem como o Provão e o Saresp não avaliam nada. A
conversa mole de que se trata de um exame para medir a
capacidade de raciocínio dos alunos é uma grande menti-
ra. O Enem e outras avaliações governamentais servem
unicamente para acobertar a responsabilidade do governo
de destruir a educação e ampliar a privatização do ensino.
O gasta um dinheirão para promover o Enem. Um dinheiro
público aplicado em favor do ensino privado.

Para onde deve ir o Enem?


Nossa luta é pelo fim de todo e qualquer vestibular. De-
fendemos o livre acesso de tos estudantes à Universidade.
Faz parte dessa luta a defesa da Universidade Pública,
Gratuita, Científica e Autônoma. O que implica se colocar
pelo fim da mercantilização do Ensino, em todos os níveis.
Nós do movimento secundarista exigimos que a UNE,
UMES, UBES trabalhem em torno dessas reivindicações. E
que mandemos o Enem para aquele lugar.

Nossa campanha contra o Enem


O governo marcou para o dia 25 de agosto o “Exame Na-
cional do Ensino Médio (ENEM)”. Inscreveram-se 1,85 mi-
lhão de estudantes. Os jovens que estão no último ano do
ensino médio e os que terminaram são atraídos pela propa-
ganda governamental de que o resultado obtido nessa pro-
va servirá como passagem livre para as universidades. O
próprio governo diz que 312 faculdades aceitam o resulta-
do do Enem como nota para o vestibular. Dessas escolas,
somente 37 são públicas. O Enem para ter acesso à univer-
sidade é uma farsa. A grande maioria não terá nenhum be-
nefício. Os estudantes devem dizer não a essa mentira.
Vamos boicotar o Enem.

49
Por que a juventude tem de ser socialista?

O que está por detrás do Enem é a reforma privatista da


educação, que prevê avaliações realizadas pelo governo, a
exemplo do Saresp e Provão. O Enem, como os outros exa-
mes, não avalia nada. Todos eles servem unicamente para
acobertar a responsabilidade do governo de destruir a edu-
cação pública e ampliar a mercantilização do ensino.
A juventude e o movimento estudantil organizado (grêmi-
os, UNE, UMES, UBES etc.) têm de se colocar contra as ava-
liações determinadas pelo governo. Levantar a bandeira do
livre acesso a todos os níveis de ensino. Portanto, fim dos
vestibulares. E se colocar pela estatização de todo o sistema
de ensino, sob o controle dos trabalhadores. Ou seja, fim da
rede privada. Como se vê, o nosso movimento está em cho-
que contra a reforma educacional de FHC/Banco Mundial.
Sabemos que essa luta implica organização e mobilização
direta dos estudantes com os demais trabalhadores.
Diante da isca do Enem, defendemos:
1. Fim dos vestibulares. Acesso a todos à universidade.
Fim dos cursinhos que só servem para enriquecer os capi-
talistas da educação. Fim da disputa entre os estudantes
por vagas, concorrência imposta pela mercantilização do
ensino. As capacidades intelectuais dos jovens não podem
ser joguetes nas mãos de empresários e governo.
2. Fim de toda rede privada de ensino. Estatização de todas
as escolas sem nenhuma indenização a seus proprietários.
Um único sistema de ensino, público, gratuito, laico e vincula-
do à produção social. Autonomia da educação, total controle
do ensino pelos estudantes, professores e funcionários.
3. Condições materiais para os jovens estudarem: com-
binação do trabalho com os estudos. Emprego a todos os
jovens, jornada máxima de 4 horas e o restante do tempo
na escola, salário calculado de acordo com as necessida-
des, trabalho de acordo com as condições físicas e mentais,
proteção trabalhista contra as arbitrariedades patronais.
Colegas estudantes, vamos boicotar o exame do Enem!

50
Anexo III
Violência nas escolas

Para acabar com a violência nas escolas


• Nenhum jovem fora da produção
• Jornada de 4 horas no trabalho e o restante na escola
• Proibição do trabalho noturno para jovens
• Proibição do trabalho incompatível com seu desenvol-
vimento físico e mental.
• Um salário calculado segundo as necessidades
• Acesso à escola pública a todos em todos os níveis
• Sistema único de ensino público, gratuito e laico, com
o fim do ensino privado; fim da mercantilização da educa-
ção; fim do vestibular
• Não à militarização da escola
• Não à interferência da religião e do governo na escola
• Por uma escola científica, ligada à produção social
• Por uma escola controlada pelos trabalhadores e estudantes
• Que nenhum pai de família esteja desempregado
• Que nenhuma família ganhe menos do que um salário
mínimo que atenda as reais necessidades (R$2.000,00).

51
Por que a juventude tem de ser socialista?

SEM LUTA POR ESSAS CONDIÇÕES NÃO SE PODE


ENFRENTAR A VIOLÊNCIA E ACABAR COM A
DESTRUIÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM

Nós estudantes, os professores e funcionários devemos


lutar contra as falsas soluções apresentadas pelo governo
sobre a violência nas escolas. O que está sendo implanta-
do?
* Ronda escolar reforçada por mais policiamento;
* Contratação de dois mil vigias;
* Ocupação de zeladorias por policiais (passarão a mo-
rar na escola);
* Instalação de câmeras no interior das escolas;
* Adestrar os professores em ética e cidadania.

Para acobertar a militarização capitalista da escola, o


governador Alckmin diz que quer “uma educação para o
trabalho”, pois reconhece que uma das principais causas
da violência é o desemprego. Devemos denunciar a farsa
governamental de uma escola que prepara os jovens para o
emprego.
Ocorre que não existem empregos para a maioria. Repe-
timos: não existem empregos. Por onde então começar o
combate à violência?
• Por emprego a todos jovens com uma jornada de traba-
lho que não ultrapasse 4 horas, fim da jornada de trabalho
infanto juvenil que consome até mais de 8 horas, fim do
trabalho incompatível com o desenvolvimento fisico e men-
tal, fim do trabalho escravo (não pago e imposto), um salá-
rio calculado segundo as necessidades.
• Nenhuma criança ou jovem fora da escola. Que não
faltem vagas. Que os estudantes-trabalhadores possam
continuar os estudos em todos os níveis.
• Que a escola esteja ligada à produção social (ao pro-
cesso do trabalho, criador da existência do homem ; ligado

52
Pontos para o programa estudantil secundarista

à indústria e à agricultura.) Que se aprenda pela unidade


teoria e prática.
• Fim da militarização capitalista da escola. A polícia é o
braço arnado do Estado para reprimir os movimentos soci-
ais. O desvio da juventude e de trabalhadores desemprega-
dos para o crime é obra da exploração do trabalho,
sustentada pelo Estado. Nós estudantes da Corrente Prole-
tária Estudantil - Secundarista chamamos a todos para a
campanha.

Nada de militarizar a escola


A cada acontecimento violento na escola, a imprensa es-
tampa sempre a mesma resposta: aumentar o policiamen-
to dos locais de estudo. Recentemente foi revelado que um
terço das escolas estão vigiadas por câmaras de segurança.
Querem nos fazer acreditar que os traficantes de drogas
serão afugentados. E os estudantes socialmente desajusta-
dos não se sentirão livres para praticar atos de vandalismo.
Assim, nós estaremos imunes a situações trágicas.
Trata-se de falsa solução.
As drogas, gangues, depredações, tiroteios, ameaças,
mortes são conseqüências. É como a febre do doente. Sem
se acabar com a infecção, não se acaba com a febre.
Onde está a raiz da violência marginal? Está no desem-
prego, miséria e na falta de perspectiva de vida para a ju-
ventude.
Sabemos que dirão: nas escolas particulares de ricos
também há violência. É verdade, por toda parte há violên-
cia. Estamos diante de um problema geral, que não diz res-
peito apenas à escola. Mas essa constatação não nega as
causas acima apontada. Pelo contrário, confirma-a.
A violência marginal generalizada expressa a crise social
generalizada. E tudo isso se deve ao sistema capitalista de
exploração do trabalho, que está apodrecido. O governo, os
exploradores capitalistas e seus defensores procuram con-

53
Por que a juventude tem de ser socialista?

ter a crise social e a conseqüente violência com a violência


policial, com a militarização da sociedade e com a repres-
são política e cultural.
Acobertam que são os donos do poder econômico e man-
dantes da polícia os responsáveis pelo desemprego, fome
de milhões de família e escravidão no trabalho.
Nós estudantes, devemos dizer: nada de polícia nas es-
colas, nada de militarizar a sociedade, nada de câmaras
para controlar nossas vidas. Contra a violência: a solução é
emprego a todos, um salário mínimo de 2000,00 Reais, es-
cola ligada à produção, jornada de trabalho compatível
com os estudos e fim do capitalismo.
Nossa bandeira é de emprego, salário e ensino gratuito a
todos em todos os níveis contra a exploração do trabalho, a
violência marginal e a militarização da sociedade.

54
Anexo IV
Grêmios

Campanha junto aos grêmios


Nos bairros mais afastados (bairros operários) a maioria
dos jovens ficou sem escola. As exigências do governo são
muitas para aceitar a matrícula. O governo tudo faz para
negar a vaga. Por isso, exige idade, não ter repetido nenhu-
ma série, não ter abandonado a escola e não ter feito su-
plência.
Mas por que a juventude é obrigada a desistir de estu-
dar? Justamente porque precisa arrumar um emprego
para ajudar a família. Quando arruma o emprego, não con-
segue chegar no horário ou quando chega está tão exausto
que dorme na sala de aula. E quando repetem é porque não
consegue decorar o conteúdo que é passado, que nada tem
a ver com a realidade.
Devemos organizar uma campanha nos bairros por
meio dos grêmios estudantis. Uma campanha para abrir
mais escolas e pelo fim de todas essas exigências do gover-
no. Direito à escola a todos que querem estudar.

55
Por que a juventude tem de ser socialista?

Que organização de grêmios devemos alcançar?


Em muitas escolas ainda não existe grêmio. É preciso
construí-los. E os grêmios existentes padecem de graves li-
mitações.
São elas: 1) não são livres e independentes. Estão sob o
controle do diretor e do professor ‘responsável’. É preciso
independizá-los, conquistando o direito dos estudantes te-
rem sua própria organização; 2) não se caracterizam como
instrumento de luta dos estudantes, sendo reduzidos a
clubes festivos; 3) faltam-lhes um jornal crítico, que anali-
se os problemas e ajude os estudantes a elevarem sua
consciência social e política.
Esses três pontos reunidos demonstram que o movimen-
to secundarista ainda não atingiu uma organização coletiva
e não estruturou em cada escola uma direção política.
Tal atraso se explica por muitas razões. Achamos as
mais importantes: 1) as organizações superiores, como
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e
União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas
(UMES), estão sob o domínio da política do PCdoB/UJS e
do PT, que fazem delas aparelhos para o eleitoralismo. Aca-
bam subordinando as entidades estudantis às políticas
parlamentares e governamentais. É por isso que não fazem
movimentos coletivos em defesa das reivindicações da ju-
ventude e não as unificam ao movimento operário e campo-
nês; 2) A repressão da Diretoria de Ensino contra a
liberdade dos estudantes se organizarem livremente nas
escolas. Os estudantes são condicionados a não pensarem
de acordo com suas próprias experiências; 3) A despolitiza-
ção da juventude é grande devido a atuação desses fatores.
Mas a crise social se amplia e está exigindo da juventu-
de atuação e nova organização. A tarefa é criar uma rede de
grêmios livres e independentes, articulados entre si por
meio de inter-grêmios, que podem ser organizados por re-
gião e inter-regionais.

56
Pontos para o programa estudantil secundarista

Nossa luta pelos Grêmios livres e independentes


Em nossos Boletins da Corrente Proletária da Educa-
ção-Secundarista, temos defendido:
1. Que os Grêmios devem ser organizados e dirigidos pe-
los estudantes, sem depender de professores ou diretores.
Temos capacidade para isso. Não aceitamos a idéia de que
é preciso um professor para coordenar ou supervisionar. O
controle externo do Grêmio tira sua liberdade e indepen-
dência organizativa e política. Nesse sentido, a legislação
governamental e sua aplicação nas escolas é repressiva e
viola o direito da juventude pensar e agir com seu próprio
pensamento e aprender com suas experiências políticas e
sociais.
2. Os Grêmios devem expressar as necessidades dos es-
tudantes e aspirações no seio da sociedade em que vive-
mos. São muitas as contradições: desemprego massivo,
superexploração no trabalho quando existe, pobreza da
maior parte da juventude, escolas caindo aos pedaços, en-
sino totalmente desvinculado do trabalho (da produção so-
cial), falta de escolas, exclusão de grande parte da
juventude do grau médio, violência, repressão policial, dis-
criminações raciais etc. Todos esses problemas atingem a
vida da maioria, portanto devem ser enfrentados pelo movi-
mento estudantil.
3. A juventude deve se politizar e elevar a consciência
social de trabalhadores explorados no capitalismo. Quem
explora? Quem fica com a riqueza? Por que existe, de um
lado, tanta fartura e desperdício e, de outro, tanta miséria e
carência? O que são os partidos? O que defendem? Por que
o Brasil é submetido aos credores internacionais? Por que
os banqueiros mandam no Estado e no governo? Por que o
capitalismo pode ser transformado em socialismo? A ju-
ventude deve saber de tudo e lutar pelo que compreende
correto. Suas idéias se formarão na luta de classe, que é
por onde se manifestam os movimentos sociais na socieda-

57
Por que a juventude tem de ser socialista?

de de classe, que é o capitalismo. Para isso, os Grêmios de-


vem ser livres e independentes.
4. Ser livre e independente significa também que os es-
tudantes elegem sua direção, que tenham um jornal feito
por eles, que se reúnam sem a vigilância externa, que con-
quistem o direito democrático de reunião e de assembléia
nas escolas, que divirjam entre si, que construam a demo-
cracia interna do movimento estudantil, que combatam as
falsas direções políticas, que possam se posicionarem e lu-
tarem por qualquer problema da sociedade.

Que grêmios precisamos?


O grêmio estudantil é uma organização que representa
os interesses dos estudantes. Quando os estudantes rei-
vindicam a formação de um grêmio e se mobilizam para
que ele exista em sua escola, estão lutando pela garantia de
uma conquista democrática. Estão defendendo algo conse-
guido através da luta de outros estudantes. Não estão pe-
dindo nenhum favor à direção ou aos professores da
escola.
O grêmio que queremos não pode ter nenhuma interfe-
rência do Estado, diretores, conselho de escola, APM etc.
Deve ser um organismo de ação dos estudantes, totalmen-
te independente.
A importância dos grêmios está em que permite a orga-
nização dos alunos para lutar por um ensino público, laico
e gratuito em todos os níveis. Para que seja um canal para
a defesa da reivindicação do emprego a todos os jovens, jor-
nada de 4 horas de trabalho e o restante na escola e pela
conquista de uma escola vinculada à produção social. Por-
tanto, os grêmios devem ser organismos vivos para enfren-
tar os governos e a classe capitalista, responsáveis pela
destruição da escola pública. Devem ser democráticos,
portanto organizados a partir das assembléias por escola e
assembléias gerais de estudantes. Devem ter como objetivo

58
Pontos para o programa estudantil secundarista

central a unidade dos estudantes com a classe operária. Os


estudantes com sua força apóiam o programa da classe
operária pelo fim do capitalismo e pela conquista do socia-
lismo.

O grêmio nas escolas


O grêmio tem de ser uma instituição sob total controle
dos estudantes, enfim, os alunos escolhem a data da reu-
nião, como será a eleição do grêmio, enfim, o grêmio tem
que ser dos alunos e para os alunos sem qualquer inter-
venção da direção da escola, pois o grêmio defende os inte-
resses dos estudantes.
Soubemos que em uma escola a direção, depois que aca-
bou o prazo para inscrições de chapas, empurrou pela gar-
ganta dos alunos uma única chapa para assumir o grêmio.
Essa chapa foi escolhida a dedo para baixar a cabeça
para a diretoria, enfiar o rabo entre as pernas e acatar to-
das as decisões da diretoria, uma marionete nas mãos da
direção.
Estão fazendo isso só para dizer que, nas decisões árbi-
trárias dessa escola, o órgão representante dos alunos es-
teve presente e foi ouvido.
Esses alunos deveriam ter vergonha de ser fantoches
nas mãos da direção.
- Fora chapa única, joguete na mão da direção!
- Fora direção autoritária e antidemocrática!
- Fora Imposição!
- Estudantes, o grêmio é de vocês, organizem uma elei-
ção, montem chapas, exerçam os seus direitos, organizem
os nossos grêmios sem qualquer intervenção da direção da
escola!

Organizar os grêmios estudantis independentes


O grêmio estudantil é um organismo que representa os
interesses dos estudantes. Quando os estudantes reivindi-

59
Por que a juventude tem de ser socialista?

cam a formação de um grêmio e se mobilizam para que ele


exista em sua escola, estão lutando pela garantia de uma
conquista democrática, estão defendendo um instrumento
conseguido através da luta de outros estudantes. Não es-
tão pedindo nenhum favor à direção ou aos professores da
escola.
Os grêmios não devem ter interferência do Estado, dire-
tores, conselho de escola, professores e APMs (Associação
de Pais e Mestres). Os grêmios devem ser totalmente inde-
pendentes.
É importante que o grêmio exista nas escolas, para que
os alunos possam lutar pelo ensino público e gratuito em
todos os níveis e se organizem para conquistar suas reivin-
dicações.
Por isso, os grêmios precisam ser independentes e atu-
antes. Devem ser organismos vivos, atentos aos interesses
dos alunos e às medidas impostas pelo governo contra os
trabalhadores e, em particular, aos estudantes. Devem es-
tar organizados de tal forma que respeitem o conjunto dos
estudantes da escola e não aos conchavos com direção e
politiqueiros eleitoralistas. Devem ser democráticos, pro-
movendo a participação massiva dos estudantes em as-
sembléias e não decidir por cima da vontade coletiva dos
alunos.
O grêmio deve, também, procurar a unidade com os tra-
balhadores e, principalmente, com a classe operária. Os
grêmios não podem ser organismos isolados em cada esco-
la e com uma política corporativa. O isolamento dos grêmi-
os não possibilita o enfrentamento com o governo.
Os grêmios independentes do Estado e das direções de
escola só podem estar sob a base da política e direção revo-
lucionárias. Ou seja, um grêmio que defende o programa
de derrubada do sistema capitalista e de implantação do
socialismo.

60
Anexo V
Contra as aulas de Religião

Implantação das aulas de religião


Esse ano temos uma novidade: o ensino religioso. A
Igreja exigiu colocar a religião como uma disciplina do cur-
rículo obrigatória a todas as escolas. O governo cedeu para
contar com apoio político da Igreja às suas reformas. Acon-
tece que o governo vem aplicando as medidas de cortes de
recursos à educação pública. Fechou escolas, superlotou
salas, municipalizou parte do ensino fundamental, reduziu
o ensino médio, ampliou as telessalas, colocou a polícia na
escola no lugar de funcionários e demitiu milhares de pro-
fessores.
Para completar a reforma, impôs as aulas religião fora
do horário regular e obriga os alunos a freqüentarem dizen-
do que não se trata de religião, mas sim de “ética, cidadania
etc.”.
Argumentos mentirosos.
Veja o que governo diz: “as sociedades globalizadas, mas
profundamente marcadas por desigualdades de condições

61
Por que a juventude tem de ser socialista?

de acesso a bens essenciais, encontram-se ... à mercê da


violência urbana, dos conflitos étnicos e religiosos, do de-
semprego e da fome, da falência do núcleo familiar tradicio-
nal ... Portanto, os projetos educacionais devem incluir o
ensino religioso – para restaurar valores humanos, de com-
promisso moral e ético...”.
Trata-se da maior demagogia e falsidade. Isso porque é o
governo e o sistema econômico capitalista que implantam a
fome e a miséria para a maioria da população, o desempre-
go, o salário mínimo de R$180,00 e a destruição da saúde e
educação públicas. Como essas medidas são duras, preci-
sa enganar os alunos com a reza de “valores humanos”.

Não queremos domesticação


O ensino religioso tem a função de ludibriar a juventu-
de, desviar sua atenção dos verdadeiros problemas e das
formas de luta para combater tais medidas. Uma parcela
do professorado (que enfrenta na pele a rebeldia dos estu-
dantes em sala de aula) e dos pais considera que o ensino
religioso poderá ajudar na “educação” da juventude. Nada
mais falso.
A imposição do ensino religioso é um dos mecanismos
da burguesia e de seu governo para manter a exploração do
trabalho e domesticar a juventude. Trata-se do fortaleci-
mento do controle da Igreja sobre a educação pública, visto
que a Igreja já é proprietária de grande parte da rede de en-
sino privado. É necessário que os estudantes e professores
digam não ao ensino religioso.

Defendemos o ensino laico e científico


A reivindicação do ensino laico e de nenhuma ingerên-
cia dc Estado e da religião é a defesa do ensino científico.
A implantação do ensino religioso é parte da desagrega-
ção da escola. Para o capitalismo e os exploradores da po-
pulação, não há interesse em ter uma escola em que se

62
Pontos para o programa estudantil secundarista

tenha o verdadeiro conhecimento da realidade, o desenvol-


vimento da crítica e aprendizagem obtida pela unidade da
teoria e da prática. A escola que temos é de ensino decorati-
vo, desvinculado do trabalho e que não desperta interesse
da juventude. A religião vem reforçar esse tipo de escola.
Devemos defender a escola laica e científica em oposição
ao obscurantismo (superstições, crenças e outras formas
de domínio) pregado pela religião e a toda essa forma de en-
sino imposto pelo Estado.

63
Anexo VI
Luta antiimperialista

Combater a Alca: Frente Única Antiimperialista


Foi marcado para a semana de 1º a 7 de setembro um
plebiscito nacional sobre a Alca. A Alca (Área de Livre Co-
mércio das Américas) é uma iniciativa dos Estados Unidos
para ampliar o seu domínio sobre toda a América do Sul e
Central. A potência norte-americana exige que os governos
aceitem as imposições de abertura total dos mercados para
que as suas multinacionais possam desovar suas mercado-
rias, que eliminem as barreiras comerciais para a circulação
de bens e serviços (o livre acesso do capital estrangeiro aos
setores da saúde e educação), que dêem maior liberdade
para o capital financeiro, que permitam o controle militar di-
reto dos Estados Unidos em suas fronteiras (a exemplo da
Base de Alcântara) e que promovam mudanças nas leis tra-
balhistas para que as empresas possam reduzir os chama-
dos encargos sociais e rebaixar os salários.
Eis aí por que os Estados Unidos estão pressionando
para que a Alca seja rapidamente implantada. Os governos

64
Pontos para o programa estudantil secundarista

latino-americanos são submissos ao imperialismo. Estão


endividados até a medula com os credores internacionais.
Portanto, estão de joelhos perante os Estados Unidos e es-
molando alguma vantagem que por ventura possa ser con-
cedida pela potência norte-americana.
Por outro lado, o plebiscito nacional contra a Alca vem
sendo encaminhado nos moldes do plebiscito realizado
contra a dívida externa. O resultado pode ser o mesmo: não
virar em nada. Sequer se colocava radicalmente contra o
pagamento da dívida externa. Dizemos isso porque os ple-
biscitos não estão acompanhados da verdadeira luta anti-
imperialista e anticapitalista.

Nosso método para combater a Alca


O rechaço à Alca implica a luta antiimperialista. Tra-
ta-se do combate pela expulsão do imperialismo das semi-
colônias latino-americanas. Significa enfrentamento e
expropriação do grande capital nacional e internacional,
responsáveis pela sangria dos países e miséria das massas
trabalhadoras. Tarefa essa que só poderá se realizada pelo
proletariado, aliado aos camponeses e setores médios arru-
inados. A construção da frente única antiimperialista é
uma tática que se opõe às frentes eleitoreiras e é a via para
unir os explorados em torno do programa e direção da clas-
se operária.

A bandeira de “Uma outra América é possível” é burgue-


sa. Nossa posição: “Estados Unidos Socialistas da América
Latina"
Sob o capitalismo, não é possível uma integração dos
países latino-americanos. Tais países são semicoloniais e,
portanto, submetidos ao imperialismo. Experiências de in-
tegração regional foram realizadas ao longo da história da
América Latina. A última delas é o Mercosul. Todas fracas-
saram sob a direção dos governos comprometidos com o

65
Por que a juventude tem de ser socialista?

capital colonialista e imperialista. Somente a classe operá-


ria e os camponeses pobres poderão criar um movimento
antiimperialista e socialista pela derrubada do domínio das
potências.
A juventude estudantil é muito importante para poten-
ciar a aliança operária e camponesa em uma frente única
antiimperialista. Existem aqueles que dizem lutar contra a
Alca defendo o Mercosul. Devemos criticar e rechaçar essa
posição. Os estudantes devem levantar a bandeira da clas-
se operária que é a dos Estados Unidos Socialistas da Amé-
rica Latina.

Como atuar na campanha do plebiscito


Defendemos que o plebiscito seja claramente antiimpe-
rialista. Que diga: Expulsar o imperialismo da América La-
tina e Central com a luta dos explorados. Que diga: Fora a
Alca. Que o plebiscito não tenha um fim em si mesmo. Que
seja apenas um instrumento para chamar os trabalhado-
res e a juventude a constituir uma frente única antiimperi-
alista, de luta e de massa. Os grêmios devem convocar os
estudantes para organizar a campanha com esse conteú-
do.

Devemos defender a luta do povo palestino


Estamos assistindo todos os dias a invasão de Israel so-
bre os territórios da Palestina. Desde 1948, quando os paí-
ses vencedores da 2ª Guerra Mundial (Estados Unidos,
Inglaterra) impuseram o Estado de Israel contra o povo pa-
lestino, que os combates não pararam. Os palestinos foram
arrancados de suas terras e de seu território para dar lugar
a um Estado que servisse aos interesses dos Estados Uni-
dos.
O povo palestino tem reagido aos tanques, bombas e
mísseis israelenses com paus, pedras (as Intifadas). Nesse
momento, são dezenas de jovens que entregam suas vidas

66
Pontos para o programa estudantil secundarista

servindo de homens-bombas para defender o seu povo.


O governo de Israel é fascista e age de acordo com as or-
dens dos Estados Unidos.
Os estudantes não podem ficar calados diante de tama-
nha violência. Não podem confiar em que a ONU solucione
o problema. A ONU é um organismo controlado pelos Esta-
dos Unidos. Devemos defender as reivindicações dos pales-
tinos e lutar contra a guerra sionista de Israel e se colocar
pela autodeterminação dos povos. Somente a vitória dos
palestinos em luta contra Israel e seus aliados imperialis-
tas poderá dar lugar a um Estado Palestino livre e demo-
crático.

Por que nós estudantes temos de condenar a


guerra dos Estados Unidos contra o Iraque
A guerra dos Estados Unidos contra o Iraque é quase
inevitável, a não ser que os trabalhadores e a juventude no
mundo inteiro saiam às ruas e lutem contra o ataque impe-
rialista.
O governo norte-americano justifica sua guerra com o
argumento de que se trata de acabar com os arsenais de ar-
mas químicas do Iraque. Isso é falso. Os Estados Unidos
têm a maior indústria armamentista e vendem armas no
mundo todo. O que os Estados Unidos querem é se apossar
de um país que tem petróleo. Para isso, tem de derrubar o
governo de Saddam Hussein.
Outras potências como a França e Alemanha temem
perder mais ainda influência econômica e militar nessa re-
gião do Oriente Médio. Por isso, defendem que o Iraque se
submeta às decisões da ONU para que inspetores do impe-
rialismo vasculhem o país à procura dos supostos arsenais
químicos.
O governo iraquiano aceitou a volta dos inspetores.
Entretanto, os Estados Unidos não querem nem saber dis-
so, querem a guerra. O governo da Inglaterra apoia os Esta-

67
Por que a juventude tem de ser socialista?

dos Unidos procurando tirar vantagens da aliança militar


com a maior potência do mundo.
Em vários países, Inglaterra, Itália e Estados Unidos, as
manifestações contrárias à invasão dos Estados Unidos ao
Iraque já começaram. É importante que os estudantes e
toda a juventude operária se lancem à luta contra a prepo-
tência dos capitalistas internacionais. A vitória dos Esta-
dos Unidos reforça seu poder econômico e militar de
intervenção no mundo todo.
Na América Latina, essa ofensiva vem sendo imposta
através dos planos neoliberais, da implantação da Alca e
das bases militares. A classe operária e a juventude tem de
levantar a bandeira de autodeterminação dos povos opri-
midos e derrota do imperialismo.
Não à guerra dos Estados Unidos contra o Iraque!
Combater o imperialismo organizando uma frente única
antiimperialista!

A luta contra a Alca e a Base de Alcântara tem


de continuar
Mais de 10 milhões, no plebiscito, disseram não à Alca.
O importante do movimento foi o fato de ter dado um pri-
meiro passo de tomada de consciência sobre o significado
econômico, social e militar da implantação da Alca e da ins-
talação da Base militar norte-americana de Alcântara.
Quanto à Alca, os operários, camponeses, a juventude e
demais oprimidos disseram não ao aumento do domínio
econômico do imperialismo sobre a América Latina. Quan-
to à Alcântara, disseram não à ofensiva militar dos Estados
Unidos. Alca e Alcântara são duas faces de uma mesma
moeda.
O poder econômico do imperialismo vem acompanhado
do domínio militar. Basta dar uma olhada na quantidade
de bases militares que estão sendo instaladas no mundo
todo para ver a ofensiva militarista. Basta ver que os mono-

68
Pontos para o programa estudantil secundarista

pólios exigem maior submissão dos países atrasados para


que entendamos a necessidade da luta contra o imperialis-
mo. Os governos e as burguesias desses países são coni-
ventes e atuam contra seu próprio povo. Por isso, não
podem travar a luta antiimperialista e acabam sendo en-
treguistas.
A Alca/Alcântara tem tudo a ver com a guerra dos Esta-
dos Unidos contra o Afeganistão e a que está sendo prepa-
rada contra o Iraque. Tem também tudo a ver com o
massacre de Israel contra os palestinos.
O crescimento do domínio imperialista tem como conse-
qüência o maior atraso econômico dos países semicoloniais
(oprimidos) e maior ataque dos capitalistas contra os tra-
balhadores (desemprego, rebaixamento salarial, destrui-
ção de conquistas sociais e fome). Só a classe operária e
demais explorados podem resistir a essa voracidade dos
capitalistas.
Dissemos que o plebiscito foi apenas um passo. De nada
adiantará caso pare aí. É preciso dar continuidade a esse
movimento organizando os trabalhadores e a juventude,
saindo às ruas em manifestações crescentes. É preciso que
a classe operária tome a frente constituindo os comitês de
frente única antiimperialista. A juventude deve participar
ativamente da luta antiimperialista.

Os estudantes têm de assumir a luta


antiimperialista
As reformas de FHC são ditadas pelos Estados Unidos,
FMI, Banco Mundial e outros agentes do imperialismo. O
objetivo principal é o de gastar menos com os serviços soci-
ais (saúde, educação etc), intensificar a exploração do tra-
balho, aumentar impostos, favorecer as multinacionais e
banqueiros. Trata-se da submissão do Brasil ao imperialis-
mo por intermédio do governo e da burguesia brasileira. A
Alca que vem aí é mais uma medida em favor dos monopóli-

69
Por que a juventude tem de ser socialista?

os, contra a economia dos países atrasados e, sobretudo,


de esmagamento da vida da população.
Nós estudantes respondemos: Fora o imperialismo!
Abaixo o governo e a burguesia brasileira entreguista! Luta
antiimperialista para conquistas a independência nacional
e colocar a economia sob o controle da classe operária e de-
mais trabalhadores! Fora com a Alca!

Os estudantes devem se mobilizar contra a


guerra imperialista
Contra a vontade da maior parte da população mundial,
os Estados Unidos vão à guerra. O verdadeiro objetivo é de
apossar da segunda maior reserva de petróleo do mundo,
que está sob o solo do Iraque. A ocupação militar desse país
permitirá aos Estados Unidos um maior controle do Orien-
te Médio.
Mas os interesses econômicos da burguesia nor-
te-americana vão além. Os Estados Unidos têm uma gigan-
tesca indústria armamentista. O que levou a uma
superprodução de material bélico. Esse ramo tem um im-
portante peso na sua economia interna. A guerra é um
meio de usar parte desse grande arsenal.
Os monopólios e a oligarquia financeira estão por detrás
do governo Bush; e este transforma os interesses econômi-
cos em guerra contra um povo oprimido, cuja única capaci-
dade de defesa está na sua disposição de sacrifício e de
heroísmo.
O imperialismo provocará um genocídio e continuará a
espalhar a mentira de que seu objetivo é pôr fim aos perigos
do armamento de um governo ditatorial e do terrorismo. O
imperialismo continuará falsificando com o argumento de
que a guerra genocida é para a paz mundial e concórdia en-
tre os povos.
Mas a democracia das potências e sua paz são as do es-
magamento dos povos e governos que ousam defender sua

70
Pontos para o programa estudantil secundarista

soberania, sua autodeterminação. A cooperação e a liber-


dade das potências são as da escravização dos povos pelo
capital financeiro e monopólios industriais e comerciais.
O imperialismo é o domínio exercido pela minoria que
concentra o capital financeiro e o poder militar sobre a mai-
oria dos países que compõem o mundo. Esse domínio não
tem como ser mantido apenas por meios econômicos. É
preciso o uso de uma poderosa máquina de guerra.
A violência reacionária é própria da constituição do ca-
pitalismo como um sistema de exploração do trabalho e de
domínio dos mais fortes países contra os mais fracos. Mais
ainda: as guerras são utilizadas para destruir riquezas di-
ante das crises de superprodução. Por meio da destruição
de forças produtivas em grande escala, a burguesia reani-
ma seus negócios. É por meio também das guerras que a
burguesia imperialista reparte o mundo entre si e subjuga
ainda mais as fracas nações. As duas grandes guerras
mundiais são exemplos disso.
As potências não têm como manter sua máquina econô-
mica funcionando sem que utilize largamente o saque das
nações subjugadas. Os pesados endividamentos, a explo-
ração dos recursos naturais, o controle monopolista dos
ramos fundamentais da produção, o manejo do mercado
internacional, imposição de acordos comerciais que desna-
cionalizam ou quebram ramos internos, todas essas carac-
terísticas estão a nossas vistas e são próprias do sistema
capitalista na sua fase última de desenvolvimento, que é a
do imperialismo.
Ocorre que o capitalismo é um sistema econômico em
decomposição. O que quer dizer que já não pode desenvol-
ver as forças produtivas uma vez que estas já se encontram
altamente desenvolvidas e não mais cabem nas relações de
produção sob a forma dos monopólios e do parasitismo do
capital financeiro. Essas mesmas forças produtivas estão
encarceradas no interior de cada país, sendo que o merca-

71
Por que a juventude tem de ser socialista?

do mundial se estreitou enquanto que a capacidade de pro-


dução aumentou enormemente. A alta concentração de
riqueza nas sete maiores potências tem, em contrapartida,
a concentração da pobreza no restante do mundo.
É essa lei de funcionamento do capitalismo que precisa
ser compreendida, para assim se compreender que as
guerras provocadas pelas potências são erupções violentas
e bárbaras da decomposição. Aqueles que se colocam con-
tra a guerra, mas não admitem que esta é uma conseqüên-
cia do capitalismo que apodrece e se negam a dizer
claramente que se trata de um ataque sanguinário do im-
perialismo, serão inconseqüentes no combate a esse mal.
Não haverá paz sob o imperialismo. Mesmo que a maio-
ria da população mundial aspire a paz, a burguesia mono-
polista levará seus governos a acionar as guerras. Há um
outro lado que deve ser observado. Ainda que não se tenha
uma guerra declarada, os povos oprimidos estão sob a coa-
ção armada das potências imperialistas. A paz sob o impe-
rialismo será sempre a da dominação. Será sempre uma
máscara colocada na face do capitalismo para esconder as
raízes das guerras e de outras formas de opressão.
Aqueles que apoiam o desarmamento do Iraque pelos
inspetores da ONU, como solução pacífica, acabam por se
colocar no campo do intervencionismo imperialista. Isso
porque viola o princípio da autodeterminação dos povos.
As potências possuem uma máquina infernal de guerra,
que movimenta bilhões de dólares no comércio de armas.
Elas têm todo tipo de material bélico de alta destruição. E é
com esse poder que o imperialismo arma e desarma os paí-
ses semicoloniais. A maior ameaça à humanidade é o arse-
nal nuclear dos Estados Unidos. Aceitar o
intervencionismo “pacífico” ou não-pacífico significa admi-
tir o imperialismo como força controladora do mundo. A
ONU é um organismo mundial do imperialismo. Foi criada
para garantir a partilha do mundo pelas potências.

72
Pontos para o programa estudantil secundarista

A luta da classe operária, demais explorados e da ju-


ventude contra a guerra de opressão nacional levado a
cabo pelos Estados Unidos tem de se colocar no terreno da
luta de classes e do levante dos povos oprimidos. Combater
a guerra imperialista é enfrentar a burguesia em cada país.
Trata-se de defender a expropriação dos monopólios, impor
o controle operário da produção e dirigir-se a derrubar a
burguesia do poder do Estado.
Essa tarefa histórica não será realizada de uma hora
para outra. Mas deve estar presente no combate antiimpe-
rialista à guerra. A bandeira que no momento se contrapõe
frontalmente ao colonialismo imperialista é a da defesa da
autodeterminação dos povos, que implica inclusive o direi-
to do Iraque se armar. Somente o povo iraquiano pode deci-
dir o destino do governo Saddan e do armamento.
A luta para derrotar a ofensiva militar dos Estados Uni-
dos exige que a classe operária, camponeses, demais explo-
rados e a juventude constituam um grande movimento de
frente única antiimperialista.
Viva a resistência mundial contra a guerra do imperia-
lismo!
Defendamos o direito incondicional da autodetermina-
ção dos povos!
Constituir os comitês de frente única antiimperialista!

73
Anexo VII
Aliança com a classe operária

Os Estudantes devem lutar ao lado da classe


operária
A reforma de FHC/Dornelles ataca fundo as condições
básicas de sobrevivência da classe operária e demais assa-
lariados. E por quê? Porque permite aos capitalistas acaba-
rem com direitos trabalhistas duramente conquistados
pelos trabalhadores. Exemplos: o 13o salário poderá ser
parcelado e até mesmo não pago; a licença maternidade
corre o risco de ser extinta; redução de férias, horário de
alimentação e descanso semanal. Enfim, mais de 50 direi-
tos poderão ser alterados para que os burgueses explorem
mais e lucrem mais.
Todo mundo fala que é uma escândalo o Brasil ter tan-
tas condições econômicas e um povo tão oprimido pela mi-
séria. Entretanto, o governo e os capitalistas impõem mais
violência trabalhista sobre a maioria que produz. Os estu-
dantes conscientemente devem ser colocar do lado da clas-
se operária na sua luta contra a exploração.

74
Pontos para o programa estudantil secundarista

Levantamos a bandeira: Abaixo a reforma trabalhista de


FHC/Dornelles! Defesa de todos os direitos sociais! Rea-
juste imediato dos salários! Emprego a todos! Readmissão
dos demitidos! Redução da jornada de trabalho sem redu-
zir os salários (escala móvel das horas de trabalho)! Ne-
nhum jovem sem emprego!

75
Anexo VIII
Os estudantes e o novo governo

Defesa do voto nulo programático


As eleições são o campo político da burguesia. Os
partidos em disputa pelo poder representam a classe
capitalista (PSDB, PMDB, PFL, PDT e outros). José Ser-
ra, Ciro Gomes e Garotinho são raposas que enganam
os trabalhadores. O PT acabou por fazer parte dos par-
tidos burgueses. A aliança de Lula com o empresário
Alencar (PL) diz tudo sobre o programa capitalista do
PT. O fato é que não existe nenhum partido revolucio-
nário, verdadeiramente socialista e vinculado a classe
operária que possa usar as eleições como meio para
combater as ilusões dos explorados no voto e nos gover-
nos burgueses. O Partido Operário Revolucionário
(POR) ainda está em construção e impedido de ter suas
candidaturas. Frente a isso, defende que os trabalha-
dores e a juventude anulem o voto em defesa de um
programa proletário.

76
Pontos para o programa estudantil secundarista

As eleições e o novo governo


Os estudantes e os explorados sentiram a enorme cam-
panha eleitoral que foi feita nesse ano. Rios e rios de dinhe-
iro foram gastos para convencer a população a votar. Os
partidos políticos, as Igrejas, as escolas, sindicatos e asso-
ciações de bairro atuaram para levar a propaganda eleito-
ral dentro de nossas casas e cabeças à procura de votos.
Tudo se prometeu. Desde o emprego aos jovens e adultos,
aumento do salário mínimo, remédios de graça, mais hos-
pitais públicos, fim da violência, escola para todos até o fim
da promoção automática. Tudo para arrancar votos.
Todos os candidatos, inclusive Lula, fizeram parte dessa
festa da caça aos votos. Mas quem sustenta essa riquíssi-
ma eleição? São os empresários, banqueiros, latifundiários
e grandes comerciantes. Esses capitalistas abriram os co-
fres para eleger seus representantes para o poder legislati-
vo (deputados e senadores) e para a Presidência da
República. Trata-se da velha expressão: Toma lá e dá cá
(elegem seus renresentantes para servir seus interesses).
Portanto, quem comanda as eleições é a classe burguesa,
atuando sobre os trabalhadores para que depositem o voto
nos candidatos que servirão aos interesses da classe capi-
talista. O povo não exerce nenhuma influência sobre os
candidatos eleitos e nas decisões do Estado.
Os explorados e estudantes foram chamados a confiar
no governo Lula, na esperança de que será um governo di-
ferente. Atraídos também pela condição de Lula, um operá-
rio que despontou das greves do início dos anos 80.
Esperançosos de que colocará um basta ao desemprego, à
miséria, à violência e à falta de escolas públicas.
Sabemos que a situação do Brasil é grave. O FMI e ou-
tros bancos internacionais exigirão que o governo continue
pagando a dívida externa e aplicando os planos econômi-
cos (neoliberais). O governo eleito assumiu que cumprirá
com todos os acordos. Cumprir com os acordos significa

77
Por que a juventude tem de ser socialista?

descarregar o peso da crise nos ombros dos trabalhadores.


Os explorados terão de continuar arcando com as demis-
sões, o salário mínimo de fome, as altas tarifas, a falta de
saúde e educação.
Essa experiência nos mostrará que não devemos ter ilu-
são nas eleições e nas promessas de candidatos. Os traba-
lhadores e a juventude têm de arrancar pela força suas
reivindicações. O que quer dizer usar toda forma de luta
coletiva contra a exploração capitalista. Desde já, dizemos
sem temor que o governo de Lula trairá as necessidades e
as esperanças da povo pobre e da juventude oprimida.
Nós, estudantes, filhos de operários e trabalhadores po-
bres, não vamos poder abaixar a cabeça. Temos de exigir
nossos direitos: emprego e escola para todos.

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Anexo IX
Funcionamento da Corrente Proletária

Como funciona a Corrente Proletária da


Educação - Secundarista
A Corrente Proletária Secundarista se reúne em plenárias
regionais e gerais. Nelas se discutem os principais temas e
problemas da escola, da política nacional e internacional. O
Boletim Corrente Proletária tem seu conteúdo elaborado co-
letivamente e todos trabalham em torno de sua divulgação.
Os militantes da Corrente Proletária têm por método or-
ganizar a juventude em um movimento independente do
Estado e dos partidos burgueses. A Corrente Proletária
também se coloca contra o sistema de exploração capitalis-
ta do trabalho e defende o fim da exploração do homem
pelo homem, lutando pelo socialismo. A luta contra o impe-
rialismo é uma parte da luta contra o capitalismo.
Para elevar a capacidade política e teórica, a Corrente Proletá-
ria faz permanente cursos de formação. É importante que a ju-
ventude se organize em torno das lutas e do socialismo científico.
Participem da Corrente Proletária.

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