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ARTIGO ARTICLE
de desigualdades e de descentralização
Celina Souza 1
der político em confronto com outros, cada qual das aos atuais regimes políticos. Um exemplo é
na luta para elevar sua posição. Este jogo, entre- que vários países europeus e os EUA vêm mos-
tanto, não é dicotômico, mas sim um continuum. trando uma tendência à descentralização, en-
A partir dessa orientação conceitual, a compre- quanto a Grã-Bretanha está tomando o cami-
ensão sobre como os conflitos são negociados se nho de maior centralização de poder e de deci-
torna mais importante para os objetivos de qual- são sobre políticas públicas, ao mesmo tempo
quer análise sobre as RIGs que se produzem com em que tem delegado certa autonomia legisla-
a descentralização do que a investigação dos ar- tiva para a Escócia, o País de Gales e a Irlanda
ranjos administrativos e legais que também as do Norte. Para uma teoria rival ao marxismo, a
regem. O encaminhamento de conflitos no âm- teoria da escolha pública, a descentralização é
bito das RIGs gera padrões que se sustentam em vista como fator importante na limitação da vo-
estruturas e processos muitas vezes mais infor- racidade dos burocratas como maximizadores
mais do que formais, gerando também padrões de despesas. Para essa teoria, a descentralização
extraconstitucionais e extralegais de articulação. estimula a opção dos consumidores em escolhe-
No que se refere à descentralização, apesar rem livremente suas prioridades. Assim, se um
de políticas descentralizadas estarem em voga município não atende às demandas de um con-
na maioria dos países, o conceito de descentra- sumidor, este se muda para outro, onde suas
lização é vago e ambíguo. A popularidade da preferências serão mais bem atendidas. Essas
descentralização respalda-se em vários fatores, duas visões da descentralização são difíceis de
dentre eles nos ataques da direita e da esquerda se aplicar em países em desenvolvimento. A vi-
contra o poder excessivo dos governos centrais, são marxista, por causa do papel proeminente
assim como na capacidade que o conceito traz que o Estado sempre teve nesses países. Já a teo-
embutida de prometer mais do que pode cum- ria da escolha pública também se mostra de di-
prir. Enquanto alguns autores enfatizam a des- fícil aplicação, porque cidadãos (ou consumi-
concentração administrativa, outros vêem a des- dores) pobres não parecem ter o direito de es-
centralização como uma questão política que colha de moradia baseado em nada além do que
envolve uma efetiva transferência de autoridade a disponibilidade de emprego.
para setores, parcelas da população ou espaços A descentralização tem sido o foco central da
territoriais antes excluídos do processo decisó- literatura sobre desenvolvimento. Dentro dessa
rio. Nesse sentido, o conceito de empowerment ótica, a descentralização é vista como um dos
passa a ser parte constitutiva do conceito de principais instrumentos do desenvolvimento e
descentralização. como estratégia para a redução do papel do Es-
Vários são os problemas envolvendo as for- tado. Vários problemas teóricos não-resolvidos
mulações conceituais sobre a descentralização. pela literatura sobre desenvolvimento podem
O primeiro encontra-se no fato de que a litera- ser apontados, tais como:
tura passou a enfatizar o slogan “pense global e • para cada princípio a favor da descentrali-
aja localmente”, ignorando a importância de ou- zação, pode-se igualmente identificar outro que
tras esferas, tais como, no caso dos países fede- o contrarie;
rais, os estados-membros. O segundo problema • as vantagens e as limitações da descentrali-
é que a descentralização tem significado, espe- zação são em geral apresentadas em termos nor-
cialmente na literatura anglo-saxônica, um re- mativos, sem relacioná-las com contextos polí-
direcionamento para o mercado e para os atores ticos e econômicos mais amplos, gerando, por-
locais, reduzindo as instâncias de politização. tanto, uma despolitização do debate;
Em terceiro lugar, as formulações teóricas • a linguagem usada na literatura é a da “efi-
sobre a descentralização levam em conta a reali- ciência”, “efetividade” e “controle”, sugerindo,
dade dos países industrializados, tornando suas implicitamente, que países centralizados care-
bases conceituais e metodológicas difíceis de se- cem dessas três capacidades;
rem aplicadas em outros países. Como exemplo • a literatura trata a descentralização como
dessa limitação pode-se apontar o fato de que as uma política concedida do centro para as esferas
formulações marxistas sobre a descentralização subnacionais, o que não se aplica a países como
explicam a centralização e a descentralização o Brasil, onde a decisão de expandir a descentra-
como correspondentes aos movimentos mun- lização foi tomada pelos constituintes de 1988;
diais do capitalismo. Tal explicação encontra- • a literatura tende a ignorar níveis interme-
se hoje sem sólida base empírica, dado que ten- diários de governo, focalizando apenas nas re-
dências divergentes não estão claramente liga- lações entre o centro e as esferas locais;
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social do país, fortalece a visão da descentrali- instrumentos que formatam as RIGs. Em sínte-
zação como um processo político e não apenas se, o compromisso em relação à descentraliza-
administrativo. Se tal decisão não é primordial- ção difere profundamente, seus resultados mos-
mente política, por que os constituintes se preo- tram-se altamente variáveis e as formas como
cupariam com ela? No entanto, embora a deci- as relações entre os diversos níveis de governos
são tenha sido tomada pelos constituintes, isso e de governança se estabelecem reforçam os as-
não significa a inexistência de pressões dos ato- pectos contraditórios da descentralização, es-
res subnacionais. Esses atores foram cruciais pecialmente em contextos de alta heterogenei-
não apenas nas pressões a favor da descentrali- dade.
zação, mas também nos vetos sobre os detalhes
de como a descentralização iria ser operada e
qual a sua abrangência. Portanto, interesses Descentralização política e financeira:
conflitantes foram a principal variável na expli- alguns indicadores
cação da abrangência e do formato que a des-
centralização assumiu no Brasil. Existe um consenso hoje de que o Brasil é um
O terceiro momento da descentralização, is- dos países mais descentralizados do mundo em
to é, o entendimento sobre o seu funcionamen- desenvolvimento. Do ponto de vista dos recur-
to numa sociedade heterogênea, será examina- sos, antes da Constituição de 1988, o governo
do nas próximas seções. Devido à ausência de federal detinha 44,6% do total da receita públi-
um consenso social sobre o que seria alcançado ca, passando posteriormente para 36,5%, o que
com a descentralização, acentuado pelos altos representa 5,7% do PIB. A participação dos es-
níveis de desequilíbrios inter e intra-regionais, tados no mesmo período passou de 37,2% para
os governos locais estão respondendo de forma 40,7% (cerca de 6,3% do PIB) e a dos municí-
diferenciada à descentralização. Respostas dife- pios de 18,2% para 22,8% (3,5% do PIB). O au-
renciadas à descentralização não são, em si, pa- mento nas receitas subnacionais decorreu de
radoxais. Isto porque a descentralização se apóia várias fontes, mas duas são de maior importân-
em duas premissas. A primeira, mais conhecida cia. A primeira se deu pela transferência de cin-
e debatida, é a transferência de poder financeiro co impostos federais para os estados, aumen-
e decisório para instâncias, setores ou grupos tando a base do seu principal imposto, o ICMS,
anteriormente excluídos da estrutura de poder. beneficiando, assim, os estados economicamen-
A segunda, pouco enfatizada na literatura pu- te mais ricos. A Constituição também dotou os
blicada no Brasil, resulta da premissa anterior e estados de maior liberdade para determinar as
implica a liberdade das instâncias, setores ou alíquotas do ICMS, assim como total liberdade
grupos para decidirem o que fazer com os re- para a sua aplicação, a única restrição sendo a
cursos e o poder que lhes foram transferidos. A transferência de 25% para os municípios. A se-
idéia-força da descentralização a partir da se- gunda forma de incremento das receitas se deu
gunda premissa é a de que políticas e priorida- pelo aumento dos percentuais de transferência
des sobre certas questões serão decididas local- de dois impostos federais, o IR e o IPI, am-
mente, sem controle central, até sobre seus re- pliando, assim, os recursos dos fundos de par-
sultados (Souza & Carvalho, 1999). ticipação (FPE e FPM) e beneficiando os esta-
No entanto, e apesar dos problemas listados dos e municípios de economias mais frágeis.
acima, os governos locais, no agregado, estão Os governos subnacionais arrecadam hoje
substituindo o papel do governo federal em vá- cerca de 32% dos impostos coletados no país.
rias funções, especialmente na provisão de ser- Acrescidas as transferências, eles são responsá-
viços sociais. Além do mais, devido ao fato de veis por 43% dos recursos tributários. Em rela-
que a redemocratização foi um processo sem ção à despesa, eles são responsáveis por 62% da
ruptura com o regime político anterior, velhas folha de pessoal e por 78% dos investimentos
e novas elites políticas estão envolvidas com a públicos. O governo federal tem concentrado
implementação de políticas descentralizadas. suas despesas no pagamento do sistema previ-
Esses fatores, aliados a conflitos que emergiram denciário e dos juros, que correspondem, res-
durante o processo decisório sobre a descentra- pectivamente, a 80% e 90% da despesa pública
lização, caracterizam a forma como a descen- nessas duas funções (Serra & Afonso, 1999).
tralização está sendo implementada e reforçam No que se refere à descentralização política,
a importância das forças políticas na imple- existe um consenso de que os governadores e os
mentação de políticas públicas e o papel dos prefeitos das grandes cidades tiveram seu po-
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ra as menos desenvolvidas via ações e recursos sa-escola. Em 1999, três estados e 20 municípios
federais. Mesmo em países como o Brasil, onde adotavam o programa bolsa-escola, alcançando
existem mecanismos de transferência desses re- 140 mil famílias e 700 mil pessoas. Se em termos
cursos, como é o caso do FPM, esses mecanismos absolutos esses números impressionam, esses
têm pouco impacto para o enfrentamento das programas significam ainda pouco diante da es-
heterogeneidades regionais. Essas questões de- timativa oficial de que existem 10,3 milhões de
monstram os limites da descentralização em famílias que têm renda per capita mensal me-
países caracterizados por extremas desigualda- nor do que R$65,00 (Lavinas, 1998).
des inter e intra-regionais. Muitos trabalhos também estão mostrando
No entanto, e apesar dos constrangimentos que várias cidades, especialmente as capitais,
mencionados, os governos locais têm aumenta- adotaram políticas de aumento de suas receitas
do sua participação na prestação de serviços so- próprias, contrariando a hipótese da literatura
ciais e se tornaram nos seus principais prove- sobre federalismo fiscal, em especial aquela in-
dores. O aumento da participação dos governos formada pela teoria da escolha pública, de que
locais na prestação de serviços sociais pode ser quando as transferências governamentais têm
visto pelos números do quadro 1. peso nas receitas, os governos locais tendem a
Apesar de o governo federal permanecer co- diminuir seus esforços na arrecadação de recur-
mo o principal investidor, 65% dos seus recur- sos próprios. A taxa de crescimento das receitas
sos para a área social são gastos com o sistema próprias de 11 capitais aumentou mais de 10%
previdenciário, 17% com saúde e 8,5% com ao ano entre 1989 e 1994 (Jayme, Jr. & Marquet-
educação (Draibe, 1999). ti, 1998), diminuindo, assim, a dependência das
A despesa por região demonstra que as re- transferências federal e estadual, e aumentando
giões economicamente menos desenvolvidas as possibilidades de maiores investimentos em
apresentam gastos per capita na área social duas programas considerados prioritários pela coa-
vezes menores do que as regiões e estados com lizão política local. No entanto, mais uma vez
maior desenvolvimento econômico. No entanto, as heterogeneidades inter e intra-regionais se
tem sido significativo o esforço dos três níveis fazem presentes, já que menos da metade das
de governo na região Nordeste, onde a despesa capitais adotaram essa política, o que mostra
social per capita tem atingido 30% do PIB da que a descentralização promoveu resultados di-
região, enquanto no Norte tem sido 19,5%, no ferenciados e gerou agendas também diferen-
Sudeste 18,1%, no Sul 17,8% e no Centro-Oes- ciadas nas grandes cidades brasileiras.
te 22% (Draibe, 1999). Resumindo, os governos locais no Brasil va-
Dados das contas subnacionais entre 1986 e riam consideravelmente na sua capacidade de
1995 (Ministério da Fazenda, 1997) mostram tirar vantagens da descentralização e de inves-
que as capitais estaduais vêm, antes mesmo da tir em programas sociais. No entanto, a litera-
Constituição de 1988, priorizando gastos na tura sobre descentralização e muitos trabalhos
área social. No entanto, o papel do governo mu- sobre os governos locais no Brasil tendem a tra-
nicipal tem aumentado não só devido ao maior tá-los como uniformes e como tendo a mesma
volume de recursos investidos, mas também de- capacidade de jogar um papel expandido nas
vido à redução relativa dos gastos federais. tarefas que lhes foram transferidas. A literatura
Outra área em que o papel dos municípios brasileira sobre o tema, com poucas exceções,
tem sido importante concentra-se nos progra- ainda resiste em considerar as enormes hetero-
mas de combate à pobreza, especialmente a bol- geneidades do país e a ignorar o fato de que po-
Quadro 1
Gasto social por nível de governo
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