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Cândido Portinari
O CAMINHO DA COR - O QUE É COR
“ O mundo não é uma coleção de objetos naturais com via tudo em preto, branco e cinza, as cores (luz) começaram a
formas repetitivas, testemunhadas pela evidência ou pela ser percebidas devido a necessidade de se sair de dentro das
ciência; o mundo são cores. A vida não é uma série de cavernas para caçar. Com as caçadas mais constantes, as suas
funções da substância organizada desde a mais humilde retinas foram ficando cada vez mais sensíveis a luz, já que den-
até a de maior requinte; a vida são cores.Tudo é cor...” tro das cavernas quase não entrava luminosidade e com isso o
Carlos Drummond de Andrade processo de visão das cores foi se iniciando e continua em cons-
tante evolução até hoje.
O espectro solar visível, por nós aqui da Terra, é extrema-
Cor é Luz. Luz são ondas eletromagnéticas co-
mente pequeno se comparado à todos os demais raios de luz
nhecidas como fótons (fluxo de partículas energéticas sem
existentes, isso significa que, se nossos olhos começarem a se
massa) que se propagam no vácuo a aproximadamente
adaptar a outros tipos de raios, com certeza veremos muitas
300.000 Km. A luz, ou ondas eletromagnéticas são refra- outras cores, que hoje, não seríamos capazes de imaginar como
tadas em diversos comprimentos de ondas, que variam seriam. Por exemplo: se vivêssemos em um planeta onde a
devido ao encontro com outras partículas, oxigênio etc. atmosfera fosse de enxofre, em vez de oxigênio, teríamos
Essas diferenças no comprimento das ondas é o que ve- outras cores que não são essas que vemos aqui, isso foi com-
mos como Cor. provado cientificamente, por um zoosistemicista chamado
Louis Bec, que recriou em laboratório uma atmosfera de en-
Mas... cor é tudo: xofre onde encontrou ondas eletromagnéticas completamente
• a cor é luz: é o espectro visível das ondas eletromag- diferentes das nossas, lógico que ele não viu essas cores pois,
néticas, portanto cor é Física. sua retina não estava acostumada com essa atmosfera, mas
• a cor é substância: MATERIAL COM QUE PODEMOS REPRESEN- comprovou a existência dessas ondas que foram gravadas em
computadores para análise e comparação com as do nosso
TAR (TINTAS), ENTÃO COR É Química.
sistema solar.
• cor é percepção: processo que tem início em nossos
Isso pode ser mais fácil de se entender. Pense que, se
olhos, portanto, é Fisiologia.
você que vive aqui, no Brasil, de repente muda-se para o
• cor é sensação: impulso que o cérebro capta e trans-
Pólo Norte. Com certeza, os esquimós de lá, responderiam
mite ao corpo, cor é Psicologia. para você (caso perguntasse, por exemplo, “aonde é a pada-
• cor é estrutura de tons: matizes de cores são calculados ria mais próxima”). “Fica ali depois daquele iceberg azul escuro,
em porcentagens, cor é Matemática. ao lado daquele iglu cinza em frente a outro amarelado”. Você,
O processo de visão das cores exerce nas pessoas com certeza, estaria enxergando tudo como um branco só
uma ação tripla: ou no máximo um azulzinho, porque sua retina não está
1. Impressiona acostumada com aquele ambiente. Por isso dizemos que o
2. Expressa, Sente processo de visão das cores é infinito.
3. Constrói
Primeiro a cor é vista, impressiona a retina, depois “A cor é a ilusão mais séria é um pó do viver da aventura na
ela é sentida no cérebro que expressa uma sensação arte de ser destilada”
para o corpo que por último constrói uma linguagem Maud Perl
que comunica uma idéia. Temos aqui então o caminho da
cor.
Conto Sinestésico
Sabe aquilo que sente aquele corredor amarelo, que de tanto correr e não ganhar, fica verde de raiva?
Sabe?
Ai que raiva... eu acabei ficando preta de tanta raiva daquilo tudo que me aconteceu, foi isso que eu senti
naquele dia chegando lá e vendo aquelas paredes vermelhas, e não era um bordel... árvores enormes que
também eram vermelhas e acima um céu amarelo com o sol branco, no mato um cavalo lilás passe-
ava... fui embora revoltada com tudo aquilo que via e te encontrei, lembra?
Num belo dia nos conhecemos e tudo passou a ficar cor de rosa... saímos por uma praia prateada
onde a areia era meio verde clarinha e contrastava com tudo.... era a coisa mais bela que já tinha visto... no
rádio, a canção do U2, que saía dos auto-falantes, enchia o carro de cores como amarelo, rosa e verde,
nunca tinha visto nem sentido nada parecido em toda a minha vida!
Lá fora o azul do céu trazia uma tranquilidade... da mesma forma que o azul-prata do mar um liber-
dade infinita.
Ficamos juntos naquele dia e de noite junto à luz azul que vinha da janela foram-se embora as míni-
mas rendas pretas que vestia para te torturar... As paredes rosa tornaram-se neve em meio ao fogo.
No dia seguinte, acordei e tinha em minha cabeceira um lindo ramalhete de rosas azuis... como fiquei
feliz que coisa diferente e... romântica.
Me vesti então, de preto bem elegante e fui olhar o mar!!! Vermelho?? Com as gaivotas amarelas
voando... capturando seus alimentos uns peixes transparentes rosas e verdes... não acreditava no que
meus olhos viam e diante de tudo isso achei melhor voltar para minha cidade, pois estava ficando tonta. Me
desesperei, parei e pensei: será que estou louca?
Fui para casa e decidi esperar anoitecer e ver as estrelas pretas, a lua lilás e o céu branco como sempre
foi.
Percebi então, que o mundo continuava o mesmo e tudo aquilo tinha sido um pesadelo. Fechei os olhos e
viajei com todas as cores, afinal o mundo das cores tem que estar em perfeita sincronia, se não já viu no que pode
dar.
Acordei no dia seguinte verde e preta de tanta raiva e de nervoso por tudo aquilo que passei com
esse pesadelo... então me lembrei dos nossos corpos vermelhos de fogo banhados pelo brilho azul da
lua ao receber um ramalhete de rosas azuis com meu nome escrito em vermelho.
Será que tudo isso foi mesmo um pesadelo ou terá sido um sonho?
ASSOCIAÇÕES CROMÁTICAS EXSITENTES NO TEXTO:
A Patafísica
Teoria da comunicação que se baseia no conceito
de que tudo se movimenta em ciclos espirais, portanto
tudo que for criado ou construído com base desse prin-
cípio, consegue informar mais rapidamente e objetiva-
mente.
Seu símbolo é o “Ouroboros” a “Cobra mordendo o
rabo” que significa que tudo começa e termina no mes-
mo lugar, que a vida gira dentro de uma espiral onde o
início e o fim se encontram. O DNA, as células, o cliclo
da vida.
De acordo com essa teoria, todo elemento de co-
municação que tenha o princípio do ouroboros em sua
criação será mais bem recebido. Ou seja o transmissor
ajudando o receptor a entender e assimilar melhor uma
idéia.
Como esse conceito dificilmente é percebido pelas
pessoas nos meios de comunicação, por isso, ele acaba
se tornando um elemento de comunicação subliminar.
Para empregar o princípio da patafísica devemos usar
no início e no fim elementos visuais ou não visuais que
sejam iguais. Isso faz com que uma pessoa que esteja
assistindo um filme ou lendo uma matéria, onde no final
exista algum elemento que já tenha aparecido no seu
início, lembre melhor de tudo que foi visto/lido durante
aquele tempo.
Esse elemento, visual ou não, repetido funciona como
um link, um botão de “start” que faz com que o recep-
tor relembre o que foi absorvido entre os dois objetos
repetidos.
Portanto, não se esqueça, tudo que tem no seu fim
algo que lembre o seu início, vai ser melhor assimilado
pelo cérebro.