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O documento discute a avaliação na escola cidadã, propondo uma avaliação processual, contínua, participativa e investigativa, em oposição à avaliação tradicional classificatória e excludente. A avaliação deve diagnosticar avanços no aprendizado dos alunos de forma a promover a progressão e inclusão, considerando os diferentes ritmos de cada um. As escolas têm reconstruído práticas de avaliação como registro de observações e produções dos alunos, autoavaliação, reuniões com famílias e con
O documento discute a avaliação na escola cidadã, propondo uma avaliação processual, contínua, participativa e investigativa, em oposição à avaliação tradicional classificatória e excludente. A avaliação deve diagnosticar avanços no aprendizado dos alunos de forma a promover a progressão e inclusão, considerando os diferentes ritmos de cada um. As escolas têm reconstruído práticas de avaliação como registro de observações e produções dos alunos, autoavaliação, reuniões com famílias e con
O documento discute a avaliação na escola cidadã, propondo uma avaliação processual, contínua, participativa e investigativa, em oposição à avaliação tradicional classificatória e excludente. A avaliação deve diagnosticar avanços no aprendizado dos alunos de forma a promover a progressão e inclusão, considerando os diferentes ritmos de cada um. As escolas têm reconstruído práticas de avaliação como registro de observações e produções dos alunos, autoavaliação, reuniões com famílias e con
Jussara Margaret~ de Pau/a Loch' Na Rede Municipal de Ensino (RME) de Porto Alegre, um con- junto significativo de educadores lutam contra aface conservadora da escola eprocuram construir alternativas progressistas ecoletivas envolvendo os diferentes segmentos da comunidade escolar nessa direo. O processo de reestruturao curricular, proposto pela Ad- ministrao Popular, busca essa conscincia da escola como espao integrante eindissocivel dos demais aspectos que compem atotali- dade social. Para issoaSMED, vemdesde o incio dasegunda gesto num processo permanente de discusso, estudo e aprofundamento terico-prtico. Este texto fruto da reflexo, sistematizao econtribuio deto- dos os envolvidos, emdiferentes momentos, atravs do seu fazer no desdobramento concreto do Projeto Constituinte Escolar, realizado em1994-1995. Propomos comear analisando aescola tradicional, de concepo positivista neoliberal (voltada para omercado), emque existe o tem- po de ensinar eo tempo de avaliar, enquanto momentos estanques: diagnstico no incio do ano; emcada bimestre ou trimestre de provas, testes, trabalhos, notas conceitos, recuperao: comunicao aos pais; ao final do ano o tempo de classificar: aprovando ou reprovando oaluno como decorrncia natural deste processo. Professora de didtica do curso de Pedagogia da PUCRS e Assessora Tcnica da Coordenao Pedaggica da Secretaria Municipal de educao daprefeitura dePorto Alegre. 106 Avaliao: uma prtica em busca de novos sentidos Os "contedos escolares" so organizados de forma linear, hie- rrquica epreviamente determinados por bimestre, srie, disciplina, sob justificativa de serem pr-requisitos de outros. Dessa forma are- petncia (repetio) vista como um fator de aprendizagem uma vez que ficar mais tempo na mesma srie aalternativa para que o aluno alcance os pr-requisitos da srie seguinte, o que na realidade pou- co acontece. Segundo o professor Celso Vasconcelos "a reprovao representa a lgica da excluso social no campo da educao; se a repetncia fosse fator de aprendizagem no teramos uma realidade de tantos alunos rnultirrepetentes'' (1993). Assim a avaliaco escolar usada como instrumento de coer- , . o e controle social, muitas vezes justificando-se "naturalmente" a seleo social, a discriminao e at a punio de determinados grupos. A RME, durante o processo "Escola Constituinte", ao propor no PrincPio n. 37 que "o currculo deve acolher adiversidade, explicitar e trabalhar as diferenas, garantindo atodos oseu lugar eavalorizao de suas especificidades, ao mesmo tempo emque aproveita o contato com essas dificuldades para questionar o seu prprio modo de ser", comprometeu-se em combater a escola conservadora excludente, de repetidos fracassos atravs de "uma proposta poltico-pedaggica pro- gressista voltada para asclasses populares na superao das condies de dominao a que esto submetidas, proporcionando uma ao pedaggica, dialtica, onde seefetive aconstruo do conhecimento earelao entre aprendizagem edesenvolvimento pela Comunidade Escolar" (PrincPio n. 39). Transformar, portanto, a escola, o currculo e conseqente- mente o processo avaliativo de carter classificatrio sentensivo e excludente marcado pela aprovao X reprovao, ao final de cada srie em um processo inclusivo, interativo e de promoo dos sujeitos, tem sido um dos grandes desafios da escola funda- mental organizada por ciclos de formao na busca de concretiza- o destes princpios. Avaliao na escola cidad 107 Esta transformao no fcil, no est pronta, porm constru- es ereconstrues tm sido feitas ao longo desta caminhada ejse evidenciam na nossa prtica cotidiana. A proposta deavaliao naescolacidad prope uma ruptura comes- sasvises tradicionais, funcionalistas ou sistmico-mecanicistas que per- meiam aeducao e conseqentemente as prticas pedaggicas decor- rentes delas, assumindo uma posio contra-hegernnica que contempla o desenvolvimento do sujeito edetodos os sujeitos do ato educativo. Parte do entendimento de avaliao enquanto apossibilidade de vir aser ou de fazer um outro de si mesmo, aconstruo de cada um edo coletivo como diferentes, saudveis, alegres cidados. aprtica da nossa existncia se construindo apartir da avaliao que fazemos de ns mesmos edas incorporaes que fazemos apartir da percep- o - atuao do outro conosco, de tal forma que assim como "sofre- mos" ainterferncia do outro, tambm interferimos na realidade do outro. Realidade esta entendida como construo social eno como algo meramente objetivo enatural; como, compreenso da ao hu- mana concreta e contextualizada em que as tentativas de compre- enso e apreenso do mundo tm sentido naquele momento, para aquele sujeito, naquele grupo, ena investigao dessas tentativas de desvelamento que precisamos intervir. Nenhuma nota, conceito ou "certo ou errado" poder expressar etrabalhar esse momento. O carter da avaliao tem, portanto, outra lgica, diferente, ato poltico. Propicia evivencia mudana, avano, progresso, enfim, aprendizagem. Na perspectiva da Escola Cidad, proposta pelos princpios, idias ediretrizes levantados no Constituinte Escolar aavaliao secaracte- rizacomo processual, contnua, participativa, diagnstica einvestiga- tiva princpios esses que so descritos da seguinte forma: Processual econtnua: - intimamente ligada concepo de conhecimento ecurrculo como aconstruo histrica, singular ecoletiva dos sujeitos; 108 Avaliao: uma prtica em busca de novos sentidos - processo permanente de ao-reflexo-ao; - contnua, isto , ocorre durante o processo de aprendizagem dos alunos eno aps, comafinalidade deproporcionar avan- o conceitual, progresso, incluso ereincluso no sentido do autoconhecimento eautopromoo do sujeito. Participativa: - Envolve todos os segmentos: pais/mes, alunos/as, professo- res/ as, funcionrios/as como: * co-partcipes * co-autores * co-responsveis na prxis durante o processo de aprendiza- gem, retomando, reorganizando ereeducando osenvolvidos por meio de reunies, assemblias econselhos de classe, de srie/ etapa ou ciclo. Investigativa ediagnstica: - o aluno o parmetro de si mesmo; - respeita o processo de construo de conhecimento do aluno considerando o acmulo de conhecimentos dele; - considera o erro construtivo como ponto dereflexo, busca de alternativa edesafio para novas construes; - inclui amedida mas no seesgota nela: aobservao, oregistro eareflexo constantes so alguns dos mltiplos instrumentos para levantar dados e"ver" arealidade. Nesse sentido aavaliao como nos diz Saul dimenso intrnseca do ato de conhecer e portanto fundamentalmente compromissada com o diagnstico do avano do conhecimento quer na perspectiva de sistematizao, quer na produo do novo conhecimento de modo ase constituir em estmulo para o avano da produo do conheci- mento (1986, p. 129). A avaliao faz parte do ato educativo, do processo de aprendi- zagem. Avalia-se para diagnosticar avanos e entraves, para intervir, agir, problematizando, interferindo eredefinindo os rumos ecami- nhos aserem percorridos. Avaliao na escola cidad 109 odesafio que as escolas tmproposto asi prprias, jexpressa a avaliao dentro de uma concepo emancipatria atravs de prti- casreconstrudas tais como: anotaes sobre asprodues dos alunos; registros de observaes ou produes dos alunos; dossi; relatrios descritivos de desempenho individual; auto avaliao do aluno, do grupo, da turma edos educadores; reunio pais/alunos/professores para anlise do dossi pela fam- lia - "ver pelo olhar da famlia"; conselhos de classe, etapa/ciclos, participativo; assemblias avaliativas; reunies pedaggicas. Um dos conceitos inseridos na Proposta Poltico-Pedaggica da Escola Cidad por ciclos de formao o de "progresso". um dos elementos centrais da proposta, seno o elemento central, pois assegura odireito detodos continuidade econcluso daeducao bsica pelo menos de nove anos. preciso entend-lo enquanto um processo pelo qual passam todos os sujeitos envolvidos durante todo o tempo de sua formao. A idia de progresso j seevidencia: primeiro na "enturmao" de alunos ealunas, pois as crianas pr-adolescentes eadolescentes so enturmadas conforme o contexto de desenvolvimento que apre- sentam dentro das idades emque seencontram eas atividades peda- ggicas de cada turma sopensadas apartir desuasvivncias, saberes eexperincias considerando ainda a manifestao de diferentes rit- mos, tempos, dificuldades, potencialidades dentre outras. Essa enturmao se d em cada ano do ciclo, considerando as quatro fontes diretrizes do currculo: socioantropolgica, sociopsico- pedaggica, epistemolgica, filosfica ou se apresenta no conjunto do ciclo pelas chamadas "Turmas de Progresso" (TPs). Essas TPs seconstituem emmais uma estratgia necessria enquanto todas as 110 Avaliao: uma prtica em busca de novos sentidos escolas no consigam superar asvises ainda classificatrias eexclu- dentes. Nas TPs as turmas so menores, constitudas de mais ou menos vinte alunos. O trabalho pedaggico se origina na investigao da situao decadaaluno emparticular edo grupo emgeral, sepropon- do a criar condies para que as aprendizagens ocorram. Portanto possibilita assim, que emqualquer tempo os/as alunos/as possam progredir eserementurmados, no ano de ciclo, aseus pares aproxi- mados emconhecimento efases dedesenvolvimento. A previso e o importante trabalho das professoras volantes ou itinerantes atuando junto com as professoras referncias tambm contribuem na superao do trabalho isolado e individual que ca- racterizavam aao do titular. Cria-se um "coletivo de educadores" emcada ciclo emque h co-responsabilidade na aprendizagem eno sucesso dos alunos. A solidariedade no planejamento, na execuo e avaliao se estabelece na busca constante da aprendizagem dos alunos. Estetambm um importante avano na proposta para asprofes- soras: termina o isolamento, asolido; oexerccio cotidiano docente no pode mais aceitar fechar aporta da salade aula eser "dona" da mesma. Organizam os tempos e espaos de forma diferenciada: a professora volante ou itinerante poder entrar junto, trabalhar com grupos pequenos enquanto aprofessora referncia reagrupa o ciclo, ou outros movimentos que sefizeremnecessrios. As trs modalidades ou tipos de avaliao: formativa, sumativa e especializada indicam cada uma delas, formas diferenciadas de pro- gresso: Avaliao Formativa - investiga, diagnostica, sedno cotidiano. nesta modalidade que se investigam os processos de construo do conhecimento eneles seintervm. Durante essamodalidade seorga- nizaumdossi - pasta individual- comoregistro das aprendizagens significativas realizadas pelos alunos/a. Es e regi tro o on titu- Avaliao na escola cidad 111 dos detrabalhos, produes individuais egrupais derelatrios cons- trudos coletivamente pelo grupo deeducadores, dos educandos, pe- losprprios pais eoutros documentos que podero ser analisados na trajetria doia aluno/a na escola. Os trabalhos que serviro deamostra no dossi no precisam ser os mesmos para todos as/as alunos/as, pois cadaumparmetro de si mesmo, devemsimser "datados" eretratar oprocesso particular de cada um. Cada dossi diferenciado mostrando o caminho de cadasujeito no seuprocesso deaprendizagem, asdiferentes hipteses construdas, asalternativas encontradas na resoluo das questes, a maneira como os conceitos trabalhados na escolaesto sendo cons- trudos etc. Esta modalidade, avaliao formativa, est presente desde a en- turmao etemdurao trimestral. O importante para todos, alunos dos anos do ciclo ou das TPs, agarantia do avano nas aprendiza- gens eque so responsabilidade ecompromisso coletivo dos sujeitos envolvidos no processo: aluno, pais-mes, professores ... Contamos, ainda, comaexistncia do laboratrio deaprendiza- gemque pretende investigar ecompreender osprocessos cognitivos pelos quais passam as/as alunos/as na costruo do conhecimento, em horrios extraclasse. Contribui, tambm, com as/as professo- res/ as referncias na sua interveno em sala de aula durante o processo deconstruo do conhecimento pelo educando. Pretende ainda criar alternativas didtico-pedaggicas de atendimento aos alunos no s aos do laboratrio de aprendizagem assim como de dissemin-Ias e difundi-Ias entre todos os educadores, integrando as atividades do laboratrio de aprendizagem com o trabalho das turmas econtribuindo na discusso do trabalho pedaggico na sala de aula. O laboratrio deaprendizagem atende agrupos pequenos dealu- nos que podero ser diferentes conforme arealidade de cada escola d alu I os. 112 Avaliao: uma prtica em busca de novos sentidos Avaliao Sumativa (de sumrio eno de soma) - aglobalizao da avaliao formativa que acontece ao final do ano, para todos os/ as alunosas) do ano do ciclo ede um ciclo para outro, pois todos pro- gridem. Aponta os modos ou tipos de progresso que so trs: a) Progresso Simples - para os estudantes que acompanharam o trabalho desenvolvido sem encontrar maiores dificuldades. Alunos que avanaram na aprendizagem. b) Progresso complano didtico deapoio - para os estudantes que ainda manifestam algumas dificuldades, que necessitam de uma interveno mais individualizada. Este plano deve ser elaborado pelo coletivo de educadores a partir do dossi dos alunos. c) Progresso sujeita a uma investigao especializada - requerida pelos educadores para casos de alunos que necessitam de uma investigao mais aprofundada sobre as dificuldades e que extrapolam os limites da escola apresentando neces- sidade de atendimento mais amplo. Realizada por todos os profissionais possveis de contribuir para a organizao do trabalho no ano seguinte: orientadora educacional, supervi- sara escolar, educadores evolantes do ciclo. Laboratrios de aprendizagem, coordenador cultural e recorrendo a outros profissionais como assistentes sociais, psiclogos, agentes de sade, mdicos eoutros em parceria com aSMS, Universida- des, redes de atendimento. Avaliao Especializada - Pode ser realizada sempre que necessrio ou ser indicada, quando for o caso na progresso de um ciclo para outro. destinada queles educandos que necessitam de apoio edu- cativo especial emuitas vezes individualizado. Para atender crianas comnecessidades especiais, contamos ainda com o atendimento emturno contrrio aos alunos, pela SIR: Sala de Integrao eRecurso. atendida por pedagogos especiais em turno oposto ao horrio regular da turma, para alunos com necessidades Avaliao na escola cidad 113 especiais contnuas ou transitrias. O atendimento poder ser indi- vidual ou emgrupo. Constitui-se num espao e modalidade de trabalho pedaggico complementar eespecfico para ainvestigao eatendimento aos alu- nos que apresentarem necessidades educativas especiais. Finalizando quero citar o depoimento do segmento de pais/mes na discusso realizada no IV Encontro de Conselhos Escolares em dezembro de 1995: Na avaliao deve ser visto o aproveitamento dos alunos dentro do que a escola props e discutir os porqus das dificuldades de assimilao desses conhecimentos. A escola no existe para avaliar pessoas eaprovar ou repro- var, mas para faz-Iasadquirir conhecimentos ecrescer plenamente. Luckesi (1996), neste sentido, faz uma distino entre julgamento e avaliao, diz que o julgamento define uma situao, do ponto de vista do sim edo no, do certo edo errado; aavaliao acolhe algu- ma coisa, ato, pessoa ou situao, reconhece-a como (diagnstico) para agir; no h uma separao entre o certo eo errado; h o que existe eesta situao que existe acolhida para ser modificada. Na avaliao no h seleo eexcluso. Eledefine aavaliao da aprendi- zagem como um "ato amoroso, no sentido de que aavaliao por si, um ato acolhedor, integrativo, inclusivo." Tem portanto, objetivo de diagnosticar, acolher ereincluir o educando, pelos mais variados meios, no processo de aprendizagem, de tal forma que integre todas as suas experincias de vida. Nesse sentido importante destacar o papel dos sujeitos envol- vidos: Alunos: oaluno sujeito responsvel pelo ato deaprender. A apren- dizagem de sua responsabilidade na relao com o professor, com seus colegas e com o conhecimento. Ningum aprende pelo outro, ningum ddo seu conhecimento aoutro. O conhecimento constru- do pelo sujeito eportanto, asua avaliao tambm, ningum melhor que o prprio aprendiz para dizer o que est aprendendo ou no. 114 Avaliao: uma prtica em busca de novos sentidos Avaliao na escola cidad 115 Pais: Compromisso com o vir a ser de seus filhos, o pai e a mequeescutam, ouvem, vem, "sabem" no queseufilho avanaou no, percebem suas dificuldades. Necessidade deseenvolver, no se omitir, debuscar espaos na escola para pensar juntos econcretizar alternativas quevenham acontribuir naaprendizagem enaformao deseus filhos. Funcionrios: Enquanto educador, tambm parceiro, ouvinte dos alunos na hora do recreio, nos corredores quando "cuida" deles para que o professor possa sair da aula por alguns momentos epor- tanto "oconhece" etemmuito adizer econtribuir neste processo. Professores: Enquanto principais sujeitos desta transformao, por issoepara issoquero usar aspalavras dePaulo Freire: (...) Se aminha opo democrtica, progressista, no posso ter uma prtica reacionria. No posso discriminar o aluno em nome de nenhum motivo. A percepo que o aluno tem de mim no resulta exclusivamente de como atuo mas tambm de como o aluno entende como atuo. Evidentemente, no posso levar meus dias como professor a perguntar aos alunos o que acham de mim ou como me avaliam. Mas devo estar atento leitura que fazem de minha atividade com eles. Precisamos aprender a compreender a significao de um silncio, ou de um sorriso ou de uma retirada da sala. O tom menos corts com que foi feita a pergunta. Afinal, o espao peda- ggico um texto para ser constantemente "lido", interpretado, "escrito" e "relido". Neste sentido, quanto mais solidariedade exista entre o educador eeducandos no "trato" deste espao, tanto mais possibilidades de aprendi- zagem democrtica se abrem na escola. Creio que nunca precisou o professor progressista estar to advertido quan- to hoje em face da esperteza com que a ideologia dominante insinua a neutralidade da educao. Desse ponto devista, que reacionrio, o espao pedaggico, neutro por excelncia, aquele em que se treinam os alunos para prticas apolticas, como se a maneira humana de estar no mundo fosse ou pudesse ser uma maneira neutra. Minha presena de professor, que no passa despercebida dos alunos na classe e na escola, uma presena em si poltica. Enquanto presena no posso ser uma omisso, mas um sujeito de opes. Devo revelar aos alunos aminha capacidade de analisar, de comparar, de avaliar, de decidir, de op- tar, de romper. Minha capacidade de fazer justia, de no falhar verdade. tico, por isso mesmo, tem que ser meu testemunho. Ensinar exige compreender que a educao uma forma de interveno no mundo. C..) O dilogo uma espcie de postura necessria, na medida em que os seres humanos se encontram para refletir sobre sua realidade tal como a fazem e refazem ... Atravs do dilogo, refletindo juntos sobre o que saber- mos eno sabemos, podemos aseguir, atuar criticamente para transformar arealidade (1996). Concluindo, importante ter presente e salientar a concepo que permeia toda aproposta dos ciclos de formao eem especial neste assunto - avaliao - as funes de investigao - pesquisa - diagnstico edeparticipao que perpassam todos os momentos/ tempos/espaos etodos os sujeitos envolvidos na constante postura de ao-reflexo-ao sobre avida vivida no cotidiano escolar. Op- tamos por centrar nossa discusso no nos instrumentos etcnicas historicamente usados, mas nos mecanismos, estratgias einiciativas forjados nesta concepo egarantidos pela prpria proposta. H que refletir, questionar eproblematizar se, eat que ponto, estes mesmos mecanismos e estratgias esto contribuindo na for- mao de cidados porto-alegrenses, riograndenses, brasileiros edo mundo, mais sensveis, solidrios, apaixonados, ticos, coletivos, construtores deuma cidadania melhor. 11 Avaliao: uma prtica em busca de novos sentidos f rncias bibliogrficas AZEVEDO, J . C. Escola cidad: construo coletiva eparticipao popular. ln. SILVA, L. 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