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Voto nº 10.035 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.169.197-


3/4-00
Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59, “caput” e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 386, nº IV, do Cód. Proc. Penal;
art. 309 da Lei nº 9.503/97.

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia


com os mais elementos dos autos, justifica a procedência da pretensão punitiva e
a condenação do réu.
— À luz da teoria unitária, “todos os que contribuem para a integração do delito
cometem o mesmo crime. Há unidade de crime e pluralidade de agentes”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 141).
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de
extraordinário poder vulnerante.
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 10.036 — agravo em execução Nº 1.174.112-3/0-


00

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
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Voto nº 10.037 — HABEAS cORPUS Nº 1.187.490-3/3-00


Art. 69 do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância
da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade
do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter
o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p.
249).

Voto nº 10.038 — HABEAS cORPUS Nº 1.180.738-3/5-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância
da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade
do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode
criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional”
(Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime
e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44
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da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.039 — agravo em execução Nº 1.172.837-3/3-


00
Art. 121, § 2º, nº II e IV, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio (art. 121, §
2º, nº II, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito
do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º,
§ 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 10.040 — HABEAS cORPUS Nº 1.188.279-3/8-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
p. 2.561).
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Voto nº 10.043 — agravo em execução Nº 1.185.656-3/7-


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Arts. 39, ns. II e V, 44, 50, nº VI e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco,
permite a inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de telefone
celular por preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da disciplina
carcerária – visto que, ao alcance de integrantes de organizações criminosas, o
telefone celular serve a fomentar rebeliões nos presídios, com risco da segurança
pública e da ordem social –, a proibição de seu uso, estabelecida pela Resolução nº
113/2003, da Secretaria da Administração Penitenciária, é ao mesmo tempo útil e
necessária. Sua inobservância implica, sem dúvida, falta disciplinar grave, sujeita
ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39, ns. II e V, da Lei de Execução Penal).
— Com a promulgação da Lei nº 11.466, de 28.3.2007, a posse de telefone celular
no interior de estabelecimento penal — já proibida pela Resolução nº 113/2003
da SAP —, passou a integrar, às expressas, o rol das faltas graves enumeradas no
art. 50 da Lei de Execução Penal: “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com ambiente externo” (nº VII).
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.044 — agravo em execução Nº 1.179.793-3/2-


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Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (157, § 3º, do
Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
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o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 10.045 — HABEAS cORPUS Nº 1.184.250-3/7-00


Arts. 71 e 171, do Cód. Penal.

— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído


com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
–– Sem atender ao requisito da pluralidade de crimes da mesma espécie, não há falar
em continuidade delitiva (art. 71 do Cód. Penal).

Voto nº 10.046 — HABEAS cORPUS Nº 1.194.408-3/7-00


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua prisão
preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).

Voto nº 10.047 — RevisÃo CRIMINAL Nº 370.910-3/9-00


Arts. 59 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 156, 185, 563, 571 e 621, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 133 da Const. Fed.
— Nulidade de cunho relativo, a ausência do réu preso à audiência, por motivo de
força maior, desde que regularmente requisitado, somente se reconhece e declara
à vista de prova cabal do prejuízo e oportuna argüição (arts. 563 e 571 do Cód.
Proc. Penal).
—“O CPP adotou o princípio de que as nulidades se consideram sanadas, desde
que o interessado as não alegue no momento oportuno” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 22a. ed., p. 443).
–– Àquele que invoca a descriminante legal de legítima defesa cabe demonstrá-la
acima de toda a dúvida, pois aqui a falta de prova faz as vezes de confissão do
crime.
–– Na revisão criminal inverte-se o ônus da prova, de arte que ao condenado,
como seu autor, cumpre demonstrar que a sentença errou ou cometeu injustiça; se
não, impossível será julgar-lhe procedente o pedido.
–– Não é contrária à evidência dos autos decisão condenatória apoiada em laudo
pericial e nas palavras de testemunhas presenciais idôneas, antes se reputa bem
fundamentada, pois tem por si prova excelente (art. 621, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
— “Evidência é o brilho da verdade que arrebata a adesão do espírito, logo à
primeira vista” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 360).
— A Lei nº 11.464/07 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
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reincidente — e conspiram todos os requisitos legais, faz jus ao benefício (art.
2º, § 2º).

Voto nº 10.050 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 839.009-3/5-


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Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº V, 110, § 1º, 115 e 155, “caput”, do
Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

–– O réu que é inocente declara-o desde logo, movido da própria razão natural, que
ordena a todo o indivíduo se defenda de injusta acusação; quem se refugia no
silêncio, embora direito seu previsto na Constituição da República (art. 5º, nº
LXIII), esse dá a conhecer que não tinha que responder à acusação, por
verdadeira. Donde o prestígio do venerável brocardo “qui tacet, consentire
videtur” (quem cala, consente).
— Ao que está na posse de coisa alheia toca provar-lhe cumpridamente a boa
origem, senão dará a conhecer que é autor de crime, pois constitui fato anormal
achar-se bem de valor em poder de outrem que não seu dono.
–– É hipótese de furto consumado (e não tentado), se o réu teve, ainda que por
breve trecho, a posse desvigiada das coisas subtraídas à vítima, que, ao demais,
delas só recuperou parte.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 10.051 — agravo em execução Nº 1.191.299-3/6-


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Art. 50 da Lei de Execução Penal.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza
aquela que prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus
rebus favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
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Voto nº 10.052 — HABEAS cORPUS Nº 1.189.105-3/2-00


Arts. 29 e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.

–– Sendo a fé o fundamento da Justiça, pode o Juiz recusá-la à certidão cujo


conteúdo, obra do erro ou malícia, esteja em contradição ideológica e essencial
com as circunstâncias do fato que reproduz ou repugne ao senso comum.
–– É doutrina geralmente recebida que ainda o mais vil dos facínoras não decai
nunca da proteção da lei, que lhe assegura “o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, nº LV, da Const. Fed.).
––“Só merece o nome de defesa a que for livre e completa” (J. Soares Mello, O
Júri, 1941, p. 16).
––“O direito de defesa não é somente criação do homem; não é somente um direito
natural, daqueles que a natureza ensinou a todos os animais. A garantia de
defesa é tudo isto e muito mais: é de direito divino. A defesa, diz Faustin Hélie,
não é um privilégio, nem uma conquista da Humanidade. É um verdadeiro
direito originário, contemporâneo do homem, e por isso inalienável.
Sêneca, que viveu e floresceu três séculos antes de Cristo, deixou, entre
outros, este pensamento admirável: julgar alguém sem ouvi-lo é fazer-lhe
injustiça, ainda que a sentença seja justa” (Vicente de Azevedo, Curso de
Direito Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 93).
––“O direito de defesa é, entre todos, o mais sagrado e inviolável” (Sobral Pinto;
apud Pedro Paulo Filho, A Revolução da Palavra, 2a. ed., p. 168).

Voto nº 10.053 — HABEAS cORPUS Nº 1.178.331-3/8-00


Art. 111 do Cód. Penal;
art. 1º da Lei nº 8.137/90;
art. 34 da Lei nº 9.249/95.

—“Judicis est semper in causis verum sequi”. Nas causas, deve o juiz buscar sempre
a verdade (Cícero).
— A despeito das vozes contrárias (que contam com adeptos na primeira esfera do
pensamento jurídico do País), a tese de que o procedimento administrativo-
fiscal, nos crimes contra a ordem tributária, constitui pressuposto ou condição
de procedibilidade é a que tem por si o voto majoritário do Supremo Tribunal
Federal (Lei nº 8.137/90).
— Nos crimes contra a ordem tributária (art. 1º da Lei nº 8.137/90, o parcelamento
da dívida antes do recebimento da denúncia elide a justa causa para a ação penal
e autoriza a extinção da punibilidade do réu (art. 34 da Lei nº 9.249/95).
—“O pagamento do tributo, a qualquer tempo, ainda que após o recebimento da
denúncia, extingue a punibilidade do crime tributário” (STF; Min. Cezar
Peluso; Rev. Tribs., vol. 824, p. 495).
–– Enquanto se não “constituir, definitivamente, em sede administrativa, o crédito
tributário, não se terá caracterizado, no plano da tipicidade penal, o crime
contra a ordem tributária, tal como previsto no art. 1º da Lei nº 8.137/90”
(STF; HC nº 84.092-CE; rel. Min. Celso de Mello).
— “Falta justa causa para a ação penal pela prática do crime tipificado no art. 1 º
8
da Lei nº 8.137/90, enquanto não constituído, em definitivo, o crédito fiscal
pelo lançamento” (Rev. Tribs., vol. 839, p. 503; rel. Min. Carlos Velloso).

Voto nº 10.054 — agravo em execução Nº 1.163.789-3/2-


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Art. 83 do Cód. Penal.

–– Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento


condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
–– O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento
condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade (necessariamente
longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de
falta grave (fuga), se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar
conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua
redenção.

Voto nº 10.055 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.181.415-3/9-


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Art. 121, “caput”, do Cód. Penal;


art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
— Fonte do libelo-crime, não deve a pronúncia incluir senão a qualificadora que,
mencionada na denúncia, tenha por si o influxo da prova, evitando-se, destarte,
intolerável excesso de acusação.
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Voto nº 10.056 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 931.454-3/6-


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Art. 16 da Lei nº 6.368/76;
arts. 61, 76 e 89, da Lei nº 9.099/95;
art. 2º, parág. único, da Lei nº 10.259/01.

— Se conspiram todos os requisitos legais da transação penal ou da suspensão


condicional do processo, deve o Ministério Público formular a proposta,
conforme os arts. 76 e 89 da Lei nº 9.099/95. Em caso de recusa, ao Juiz tocará
fazê-lo de ofício.
— É questão superior a toda a dúvida que o Magistrado, com a prudência do bom
varão, pode temperar com a eqüidade o rigor da lei.
— A lei, na pontual expressão de uma das maiores glórias das letras jurídicas do
País, há de interpretar-se com a lógica do jurista, que é a lógica do razoável
(Goffredo Telles Jr., A Folha Dobrada, 1999, p. 161).
— À luz da jurisprudência do STF e do STJ, a Lei nº 10.259/01 — que instituiu os
Juizados Especiais Criminais no âmbito da Justiça Federal — tem aplicação aos
ilícitos penais de menor potencial ofensivo da competência da Justiça Criminal
do Estado. Pelo que, na esfera estadual, faz jus à transação penal o autor de
infração a que é cominada pena detentiva não superior a dois anos, pois o art. 2º,
parág. único, da Lei nº 10.259/01 revogou o art. 61 da Lei nº 9.099/95, ao
modificar o conceito de infração penal de pequeno potencial ofensivo (art. 61 da
Lei nº 9.099/95; art. 2º, parág. único, da Lei nº 10.259/01).
—“Em função do Princípio Constitucional da Isonomia, com a Lei nº 10.259/01 —
que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça
Federal — o limite de pena máxima, previsto para a incidência do instituto da
transação penal, foi alterado para 2 anos” (STJ; Conflito de Competência nº
36.545-RS; 3a. Seção; rel. Min. Gilson Dipp; DJU 2.6.2003).
—“(...) de modo algum podem ser somadas as penas mínimas de cada delito para o
efeito de excluir, ab initio, a suspensão. (...) Cada crime deve ser considerado
isoladamente, com sua sanção mínima abstrata respectiva” (Ada Pellegrini
Grinover et alii, Juizados Especiais Criminais, 4a. ed., p. 262).
—“O magistrado só pode ter uma paixão, a do direito; uma só aspiração, a de
realizar a justiça; e um só objetivo, o de cumprir o seu dever” (Laudo de
Camargo, in Homenagem, 1953, p. 135).
—“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”
(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).
10

Voto nº 10.057 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.183.579-


3/0-00
Arts. 110, §§ 1º e 2º, 117, nº I, 288 e 330, do Cód. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54;
arts. 12, 14 e 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03.

—“Somente ocorre a prescrição regulada pela pena em concreto após o trânsito em


julgado para a acusação, não havendo falar, por conseguinte, em prescrição em
perspectiva, desconsiderada pela lei e repudiada pela jurisprudência” (STJ; rel.
Min. Hamilton Carvalhido; Rev. Tribs., vol. 804, p. 519).
–– Como a Medida Provisória nº 253/2005 prorrogou até “o dia 23 de outubro de
2005” (art. 1º) o prazo para a entrega de arma de fogo à Polícia Federal,
ninguém, nesse trecho, poderá ser preso em flagrante por manter alguma sob sua
guarda ou em depósito. Mas, o porte de arma de fogo, sem autorização legal,
esse constitui crime (arts. 12 e 14 da Lei nº 10.826/ 2003).
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).

Voto nº 10.058 — HABEAS cORPUS Nº 1.185.040-3/6-00

Arts. 33, § 2º, 83, parág. único e 121, § 2º, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que


sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de
que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração,
porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para
conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do
indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação
ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos
11
casos de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz
determinar a realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de
crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de
periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 10.059 — HABEAS cORPUS Nº 1.188.131-3/3-00

Arts. 180, “caput” e 299, do Cód. Penal;


arts. 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03.

— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 10.060 — HABEAS cORPUS Nº 1.190.572-3/5-00

Arts. 33 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
12
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.061 — HABEAS cORPUS Nº 1.157.303-3/7-00

Arts. 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
13

Voto nº 10.062— HABEAS cORPUS Nº 1.190.083-3/3-00

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
14
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.063 — HABEAS cORPUS Nº 1.189.005-3/6-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.064 — HABEAS cORPUS Nº 1.196.023-3/4-00

Art. 288 do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
15
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.065 — HABEAS cORPUS Nº 1.196.014-3/3-00


Art. 288 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como
que se presumem.
— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.066 — HABEAS cORPUS Nº 1.192.090-3/0-00


Art. 33 do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei da Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes
da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de
Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
16
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça”
(Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.067 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.143.185-


3/0-00
Arts. 202, 386, ns. IV e VI e 571, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de preclusão, as nulidades do processo sumário devem ser argüidas até
à audiência do julgamento (art. 571, nº III, do Cód. Proc. Penal).
— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se feita em presença de
curador e ajustada aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes,
apreendidos pela Polícia juntamente com papel-alumínio, pois tais circunstâncias
revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.069 — agravo em execução Nº 1.135.158-3/3-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade
da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art.
17
5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.070 — agravo em execução Nº 1.114.674-3/4-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.071 — agravo em execução Nº 1.144.847-3/9-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.072 — agravo em execução Nº 1.163.329-3/4-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
18
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em
julgado. Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.073 — agravo em execução Nº 1.151.339-3/7-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXIX, da Const. Fed.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.074 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.174.573-


3/2-00
Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.

— Também o testemunho policial está sujeito às contingências inerentes à condição


humana, sobretudo a falibilidade; impossível, destarte, aceitá-lo, se contraria a
mais prova dos autos e repugna à lógica do razoável.
— É lei de todos os tempos que condenação exige certeza. Dúvida, em Direito
Penal, é o outro nome da falta de prova.
— Desde que os autos deparem dúvida ao Juiz, não fará melhor que absolver o
acusado, em obséquio ao princípio geral, vigorante nas legislações dos povos
cultos: “In dubio, pro reo”.

Voto nº 10.075 — agravo em execução Nº 1.181.814-3/0-


00
Art. 50 da Lei de Execução Penal.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
19
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 10.076 — agravo em execução Nº 1.168.744-3/4-


00
Arts. 2º, parág. único e 107, nº III, do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 28 da Lei nº 11.343/2006;
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

— Ao revogar o art. 16 da Lei nº 6.368/76, o art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (Nova


Lei de Tóxicos) — que define a posse para consumo pessoal de substância
entorpecente — realizou “novatio legis in melius”, com mitigar a sanção
jurídico-penal prevista para o tipo; assim, tem eficácia retroativa, por força do
princípio constitucional da retroatividade da lei benigna (art. 5º, nº XL, da
Const. Fed. e art. 2º, parág. único, do Cód. Penal).
— A Lei nº 11.343/06, ao tratar do tipo do art. 28 (posse de entorpecentes para
uso próprio), não expungiu da conduta seu caráter criminoso, apenas lhe
atenuou o rigor punitivo, com medidas sócio-educativas. Não há falar, pois, em
“abolitio criminis” em relação ao art. 16 da Lei nº 6.368/76.
— Ao Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, portanto, caberá adequar
ao preceito do novo estatuto legal (art. 28 da Lei de Drogas) a sanção legal que a
Lei nº 6.368/76 cominava ao infrator de seu art. 16, ainda que passada em
julgado a sentença condenatória.

Voto nº 10.077 — RevisÃo CRIMINAL Nº 431.498-3/0-00

Arts. 59, 61, nº I e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal.

–– Sem fazer tábua rasa do instituto da coisa julgada, deve o Juiz entrar no
conhecimento de causa que lhe é submetida, por prevenir (ou conjurar) possível
erro judiciário, o péssimo dos vícios de julgamento.
––“Errar é humano, e seria crueldade exigir do juiz que acertasse sempre. O erro é
um pressuposto da organização judiciária que, por isso mesmo, instituiu sobre a
instância do julgamento a instância da revisão” (Milton Campos; apud João
20
Martins de Oliveira, Revisão Criminal, 1a. ed., p. 63).
— A denegação de oportunidade para a defesa (e não sua deficiência) é que nulifica
o processo.
— Em pontos de revisão criminal, inverte-se o ônus da prova: ao peticionário é
que toca demonstrar que a decisão ofendeu de frente a evidência dos autos. Aqui,
a dúvida faz contra ele e prestigia a coisa julgada.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.078 — HABEAS cORPUS Nº 1.192.838-3/4-00


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.080 — HABEAS cORPUS Nº 1.191.875-3/5-00


Arts. 14, nº II, 157, § 2º, ns. I e II, 158, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 499 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
21
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória
(art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave
– como é o roubo –, tem contra si a presunção de periculosidade.
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 10.081 — agravo em execução Nº 1.105.741-3/0-


00
Arts. 52 e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
–– A admitir-se a tese da perda dos dias remidos por falta grave, no caso em que o
sentenciado se encontrava sob livramento condicional, havia mister se lhe
computassem também, para efeito de remissão de penas, os dias de trabalho
“extra muros”, no período de prova do benefício; do contrário, seria quebrar os
princípios da justiça e da eqüidade (art. 127 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.082 — HABEAS cORPUS Nº 1.182.211-3/5-00

Art. 69 do Cód. Penal;


arts. 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14 e 15, da Lei nº 10.826/03;
arts. 33, 35 e 40, nº II, da Lei nº 11.343/06.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente


22
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a
demora na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 10.083 — HABEAS cORPUS Nº 1.187.284-3/3-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre
suas decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do
conspícuo Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande
sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si mesmas.
Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958,
p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.084 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.189.384-


3/4-00
Arts. 202 e 303, do Cód. Proc. Penal.
arts. 14 e 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 144 da Const. Fed.

— É superior a toda crítica a decisão que, firme em prova oral idônea, decreta a
condenação do réu.
23
–– A posse de arma de fogo com numeração obliterada ou suprimida tipifica a
infração do art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento).
— No caso do art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento), bem se adivinha a “mens legis”: tratar com especial rigor o
possuidor de arma que, por acidente particular — v.g.,: numeração obliterada —,
não só dificulta seu controle pelo Estado, senão ainda se presume obtida por meio
criminoso.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 10.085 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.188.989-


3/8-00
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes denominados
hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe introduziu modificação
no art. 2º, § 1º, para permitir a seus autores progressão no regime prisional após
o cumprimento, sob o regime fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se
reincidente.

Voto nº 10.086 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.188.425-


3/5-00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
24
arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

— A condenação pelo crime do art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 (Lei de


Drogas) — atenta a severidade da pena e a espécie de regime prisional a que
estará sujeito o infrator — pressupõe a certeza do comércio nefando, e não sua
simples probabilidade. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si só, não podem supri-la. É que a
dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao réu: “In dubio pro reo”.
— Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente apreendida na
posse do réu, será de bom exemplo desclassificar para o tipo do art. 28 da Lei nº
11.343/06 (Lei de Drogas) o crime previsto em seu art. 33, se a prova dos autos
lhe não revelou, acima de dúvida sensata, ser caso de tráfico.
–– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a
hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), em
obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as decisões
da Justiça Criminal.

Voto nº 10.087 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 922.064-3/5-


00
Arts. 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 10.089 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.192.872-


3/9
Art. 121, § 2º, ns. I, IV e V, do Cód. Penal;
arts. 366, “caput”, 408, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal.
— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.
25
Voto nº 10.090 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.148.842-
3/5-00
Arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente, apreendida pela Polícia, pois
tal circunstância revela que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 já não
subsiste (e deve ser excluída), uma vez não consta da nova Lei de Drogas (Lei nº
11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo de
associação para o tráfico (art. 35).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.092 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.185.839-


3/2-00
Arts. 23, nº II e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 156, 563, 566 e 593, III, “d”, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea “c”, da Const. Fed.

— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e


incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex
informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a
prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos
jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).

Voto nº 10.093 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.174.935-


3/5-00

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.

— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que
concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de Azevedo:
26
“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem significação
o silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem cala, consente
tem sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo completo é o
seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur. Isto é: quem
cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso de Direito
Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).
— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo:
personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto
com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas
roubadas.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante é
a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.

Voto nº 10.094 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.171.733-


3/1-00
Arts. 29, 69, 70, 71, 157, § 2º, nº I e 158, § 1º, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— O que é inocente afirma-o desde logo à autoridade policial; quem prefere o


silêncio à palavra, nisto mesmo se revela culpado; é que ninguém se subtrai ao
império da lei natural, que ordena ao indivíduo injustamente acusado de crime se
defenda com todas as forças. À imputação falsa de crime só o morto não
responde, porque tudo lhe é já indiferente.
— A palavra da vítima, nos crimes de roubo, tem inquestionável importância e
pode ensejar decreto condenatório, se em harmonia com as mais provas dos
autos. Sua força está na circunstância de ter saído dos lábios da pessoa que sofreu
a violência ou grave ameaça e, pois, está em melhor condição de identificar seu
ofensor.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— Crimes da mesma espécie, o roubo e a extorsão, quando praticados nas
circunstâncias do art. 71 do Cód. Penal, configuram continuidade delitiva, não
concurso material de infrações. É desse número, portanto, o caso de delinqüentes
que, após consumar o roubo, “forçam a vítima a acompanhá-los à caixa
eletrônica para sacar o dinheiro” (cf. Rev. Tribs., vol. 765, p. 572).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.
27
Voto nº 10.095 — agravo em execução Nº 1.185.760-
3/1-00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.096 — agravo em execução Nº 1.179.384-3/6-


00
Art. 50 da Lei de Execução Penal.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 10.097 — HABEAS cORPUS Nº 1.191.531-3/6-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
28
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.098 — HABEAS cORPUS Nº 1.194.939-3/0-00

Arts. 14, nº II, 157, § 2º, nº V, 213 e 225, nº I, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que não
tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
29
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.099 — agravo em execução Nº 1.196.309-3/0-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 52, X, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
30
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.100 — agravo em execução Nº 1.158.476-3/2-


00
Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
31
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (art. 157, §
3º, do Cód. Proc. Penal), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).

Voto nº 10.101 — HABEAS cORPUS Nº 1.192.948-3/6-00

Art. 180 do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312 e 499, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a


verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada”
(apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
32
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.

Voto nº 10.102 — HABEAS cORPUS Nº 1.197.518-3/0-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.103 — HABEAS cORPUS Nº 1.191.082-3/6-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
33
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes –
Necessidade da custódia cautelar – Ordem denegada.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 10.104 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.182.668-


3/0-00
Arts. 202, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 10 da Lei nº 9.437/97;
arts. 16, nº IV e 33, § 4º, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, “caput”, da Const. Fed.

— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece


contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
–– A posse de arma de fogo com numeração raspada tipifica a infração do art. 16,
nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
34
Penal).
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).
— Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve ter
somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime.
“Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che
bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei Delitti e delle Pene, § XVI).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.105 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.190.658-


3/8-00
Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— A prisão do réu naquelas circunstâncias que a doutrina clássica do Direito


nomeia “certeza visual do crime”, isto é, em flagrante delito, serve a definir-lhe
a culpabilidade e justifica a edição do decreto condenatório, se em harmonia
com a mais prova dos autos.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera
pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com todo o
vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula:
“qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem cala,
consente).
— Àquele que tem consigo coisas alheias incumbe provar-lhes exaustiva e
convincentemente a posse legítima, sob pena de incorrer na letra da lei.
— É hipótese de furto consumado (e não tentado), se o réu teve, ainda que por
breve trecho, a posse desvigiada das coisas subtraídas à vítima.

Voto nº 10.106 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.193.495-


3/5-00
Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do
produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
35
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em
harmonia com o conjunto probatório.
— Ao renitente e empedernido autor de furtos, que se atira sem freios à estrada
tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional semi-aberto lhe servirá de
contenção do impulso criminoso e de forma de reparação do mal que causou à
sociedade.

Voto nº 10.107 — HABEAS cORPUS Nº 1.195.356-3/6-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.108 — HABEAS cORPUS Nº 1.185.658-3/6-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal;


art. 12 da Lei nº 6.368/76.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.109 — HABEAS cORPUS Nº 1.185.928-3/9-00

Art. 12 da Lei nº 6.368/76;


art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
36
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de
entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem
atender ao requisito ao lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

Voto nº 10.110 — HABEAS cORPUS Nº 1.197.599-3/9-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio
de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva
exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do
réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.111 — HABEAS cORPUS Nº 1.195.771-3/0-00


Art. 180 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
37
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.113 — HABEAS cORPUS Nº 1.184.476-3/8-00


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender
o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de
suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 10.114 — agravo em execução Nº 1.186.055-3/1-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
38
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao
direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 10.115 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.189.603-3/5-


00
Arts. 129 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.
— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do
inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de
contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, e pela notória gravidade do crime, que intranqüiliza e comove a
população honrada.

Voto nº 10.116 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 895.032-3/0-


00
Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 593, III, “d”, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea “c”, da Const. Fed.

–– Em face da soberania constitucional de suas decisões, os veredictos do Júri não


se anulam, exceto se em contradição manifesta com a prova dos autos, ou em
caso de corrupção ou prevaricação dos jurados. Contrária à prova dos autos é
somente aquela decisão que neles não depara fundamento algum.
–– Torpe é o motivo moralmente reprovável, abjeto e desprezível, indicativo de
39
depravação espiritual do sujeito (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 18a. ed., p. 406).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena.
Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e
conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.118 — agravo em execução Nº 1.136.168-3/6-


00
Arts. 50, nº I, 126, § 3º e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.119 — agravo em execução Nº 1.163.611-3/1-


00
Arts. 50, nº I, 126, § 3º e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 10.120 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.193.099-


3/8-00
Arts. 213, 214 e 223, “caput”, e parág. único, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Ensina a experiência vulgar que o sujeito inocente, quando acusado de crime, não
o sofre em silêncio, antes se defende com energia e prontamente.
— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem notável importância na
apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor,
pois repugna à condição da mulher, sobretudo se de vida honesta, faltar à verdade
40
em matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um como
estigma indelével (art. 214 do Cód. Penal).
— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado
violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214),
como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes
hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC
n º 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime inicialmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.121 — agravo em execução Nº 1.197.872-3/5-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.122 — HABEAS cORPUS Nº 1.199.456-3/1-00


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.123 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.199.703-


3/0-00
Arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 14 da Lei 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput” e § 1º, 34, 35 e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06;
41
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).
— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de entorpecentes, o
que caracteriza o crime do art. 35 da Lei de Drogas, senão a associação com o
intuito de praticar os crimes previstos em seus arts. 33, “caput” e § 1º, e 34.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em regime fechado”,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.124 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.188.629-


3/6-00
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 297, do Cód. Penal;
art. 386, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— A palavra da vítima, que reconhece e incrimina com segurança o autor do roubo,


justifica o desfecho condenatório da lide penal, se não lhe provar a Defesa que
mentiu ou caiu em erro crasso. Por ter sentido os primeiros efeitos da ação
delituosa, é a pessoa que está em melhores condições de indicar-lhe o autor, cuja
punição reclama, por ter o cunho de justiça.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de
roubo, sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de
personalidade e se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às
regras que disciplinam a convivência humana.
— Digno de bom acolhimento é o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que
propõe a absolvição do réu, acusado de crime de falso documental (art. 297 do
Cód. Penal), se provada a inexistência do fato (art. 386, nº I, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 10.125 — HABEAS cORPUS Nº 1.187.560-3/6-00


Arts. 14, nº II e 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
42
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.126 — HABEAS cORPUS Nº 1.171.665-3/0-00


Arts. 14, nº II e 121, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao
demais, ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério,
tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 10.127 — HABEAS cORPUS Nº 1.189.844-3/4-00


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.128 — HABEAS cORPUS Nº 1.189.067-3/8-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
43
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes
de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.129 — HABEAS cORPUS Nº 1.189.943-3/6-00


Arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.130 — HABEAS cORPUS Nº 1.186.785-3/2-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


art. 33 da Lei nº 11.343/06;
Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
44
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 10.131 — HABEAS cORPUS Nº 1.184.699-3/5-00

Arts. 66, nº III, alínea “b”, 117, nº I e 197, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.132 — HABEAS cORPUS Nº 1.201.576-3/6-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.133 — HABEAS cORPUS Nº 1.178.970-3/3-00


45
Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.134 — HABEAS cORPUS Nº 1.189.803-3/8-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.135 — HABEAS cORPUS Nº 1.194.166-3/1-00


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 16, 33 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
33 da Lei nº 11.343/06).
46

Voto nº 10.136 — HABEAS cORPUS Nº 1.193.754-3/8-00


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput”, 35, “caput”, 40, nº V e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
provocado pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).

Voto nº 10.137 — HABEAS cORPUS Nº 1.194.384-3/6-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.138 — HABEAS cORPUS Nº 1.183.572-3/9-00


Arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
47
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem
contra si a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 10.139 — HABEAS cORPUS Nº 1.198.528-3/3-00


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput”, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
48
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.140 — HABEAS cORPUS Nº 1.205.251-3/2-00


Arts. 29, 61, nº II, alínea “h”, 69, 70, 157, § 2º, ns. I, II, e V, 180, 288, parág.
único, e 329, § 1º, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX,da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).

Voto nº 10.141 — HABEAS cORPUS Nº 1.193.443-3/9-00


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 312 e 366, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX,da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.142 — mandado de SEgUrança Nº 1.196.888-


3/0-00
Arts. 310, parág. único, 581, nº V, e 584, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
49
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar
efeito suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência
subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao
agravo, como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem,
na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que,
nos casos sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes
com acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira,
Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do
Ministério Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito
suspensivo a recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução”
(STJ; HC nº 237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU
13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão
em face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 10.143 — mandado de SEgUrança Nº 1.184.188-3/3-


00
Arts. 214, 224, alínea “a” e 225, § 1º, nº II, do Cód. Penal;
art. 500 do Cód. Proc. Penal.

–– Não se conhece de Mandado de Segurança que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão
em face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).
50
Voto nº 10.144 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.064.252-
3/0-00
Arts. 14, nº II, 146, 158, § 1º e 159, § 1º, do Cód. Penal;
art. 386, ns. IV e VI, do Cód. Proc. Penal.

— Embora crime formal, admite a extorsão tentativa, se o sujeito passivo, apesar de


constrangido, não realiza a conduta pretendida pelo agente. Esta doutrina
professam os penalistas de melhor nota: (Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, vol. VII, p. 77); Heleno Cláudio Fragoso, Lições de
Direito Penal, Parte Especial, 11a. ed., vol. I, p. 217; Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 610, etc.).
— Interpretar é descobrir a vontade da lei (Vicente de Azevedo, Apostilas de
Direito Judiciário Penal, 1952, vol. I, p. 56).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de
extorsão qualificada (crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o
pratica entranhada rebeldia à disciplina social (art. 158, § 1º, do Cód. Penal).

Voto nº 10.145 — HABEAS cORPUS Nº 1.200.707-3/8-00

Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
51
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.146 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.184.335-


3/5-00
Arts. 202, 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—"O vício do inquérito policial não se projeta na ação penal, uma vez que se trata
de peça meramente informativa” (STF; RHC nº 56.092, DJU 16.6.78, p. 4.394;
52
apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p.
438).
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.147 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.196.815-


3/9-00
Arts. 202 e 303, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
arts. 33, “caput”, 33, § 4º, e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06;
art. 144 da Const. Fed.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).
–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida tipifica a infração
do art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento),
independentemente de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
53
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— Isto de alguém estar na posse de mais de uma arma de fogo, sem licença da
autoridade, não constitui concurso de crimes, senão crime único, pois que um só
o bem jurídico ofendido: segurança pública (art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03).

Voto nº 10.150 — embargos de declaração Nº 1.160.502-3/4-


01
Arts. 71, 214 e 224, alínea “a”, do Cód. Penal;
arts. 312 e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

––“Andar sem tropeçar é privilégio do Sol” (Rafael Bluteau, Vocabulário, 1712, t.


I, Prólogo).
— Segundo a comum opinião dos doutores, o princípio do estado de inocência, ou
de não-culpabilidade (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.) não revogou o art. 594 do
Cód. Proc. Penal: “O legislador ordinário entendeu que, havendo uma sentença
condenatória julgando o réu culpado, é necessário, para que possa apelar, que
se recolha à prisão” (Damásio E. Jesus, Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 477).

Voto nº 10.152 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.194.662-


3/5-00
Arts. 14, nº II, 17 e 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— É força reconhecer a qualificadora de escalada se, para praticar o furto, o réu
transpôs muro alto de 1,80 m (art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal).
— Os sistemas de segurança dos estabelecimentos comerciais não são infalíveis:
pode-lhes não raro a malícia frustrar a eficácia e ensejar a perpetração de delitos.
Não se trata, pois, de crime impossível, mas de tentativa de furto, a ação do
larápio que, após subtrair coisas à empresa-vítima, é preso no local dos fatos.

Voto nº 10.154 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.186.318-


3/2-00
Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Isto de permanecer calado no inquérito, conquanto direito seu, faz contra a


54
presunção de inocência do réu. A razão é que, se deveras inocente e limpo
de crime, tê-lo-ia já proclamado, como aqueles que são acusados sem causa, pois
a todos ensinou a Natureza a defender-se com a última força. Ordinariamente
falando, é o silêncio do réu pedra-de-toque de sua culpa.
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.

Voto nº 10.155 — HABEAS cORPUS Nº 1.201.946-3/5-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.156 — HABEAS cORPUS Nº 1.194.880-3/0-00


Arts. 129, § 9º e 329, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.157 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.185.248-


3/5-00
Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.

— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do


inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de
55
contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos
culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 10.158 — HABEAS cORPUS Nº 1.199.588-3/3-00


Arts. 14, nº II, 33 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.159 — HABEAS cORPUS Nº 1.200.698-3/5-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 16 da Lei nº 10.826/03;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
56
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.160 — HABEAS cORPUS Nº 1.198.968-3/0-00


Art. 121 do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º,
do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 10.161 — HABEAS cORPUS Nº 1.201.169-3/9-00


Arts. 14, nº II, 29, 70, 73 e 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia


cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela
Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os
empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,
em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da
Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
57
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód.
Penal, não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do
benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira, Sermões, 1959, t. V,
p. 210).

Voto nº 10.162 — HABEAS cORPUS Nº 1.176.785-3/4-00


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.163 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.193.555-3/0-


00
Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea “b”, 59, 65, nº I e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em
harmonia com outros elementos do processo.
— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua
autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (“apud” Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).
58
— Embora seja o regime fechado o que, em linha de princípio, verdadeiramente
condiz com a gravidade do roubo e com o caráter maligno de quem o pratica, a
Lei não proíbe que o Magistrado defira ao condenado primário e menor de 21
anos o benefício do regime semi-aberto (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 10.164 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.167.864-


3/4-00
Art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;
art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.165 — agravo em execução Nº 1.204.202-3/2-


00
Art. 8º, nº II, do Decreto nº 5.993/06;
art. 5º, XLIII, da Const. Fed.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
–– Há casos, no entanto, em que o sentenciado carece do direito de pleitear
comutação de penas, por impossibilidade jurídica do pedido. Está nesse número
o condenado por crime considerado hediondo (Lei nº 8.072/90); na forma do
Decreto nº 5.993/06 (art. 8º, nº II), repugna, pois, conceder tal benefício ao autor
de estupro.
—“O indulto coletivo, por configurar uma clementia principis, fica adstrito às
condições estabelecidas. Assim, não fere o princípio da anterioridade da lei
penal o decreto concessivo que veda expressamente o beneficium para os hoje
denominados crimes hediondos, mesmo que o delito se tenha dado antes da
dicção da lei que complementou dispositivo constitucional específico (art. 5º,
XLIII, da CF)” (Rev. Tribs., vol. 741, p. 574; rel. Min. Adhemar Maciel).
59

Voto nº 10.166 — agravo em execução Nº 1.174.234-3/6-


00
Arts. 8º e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 2º do Decreto nº 5.295/2004;
art. 5º, nº XLVI, da Const. Fed.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada
obsta que, nos casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica,
portanto, a seu talante submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico,
segundo as circunstâncias do caso e a diligência do varão prudente.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 10.167 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.198.048-


3/2-00
Arts. 14, nº II, 59, 70, 157, § 2º, ns. I, II e V, 307, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Que melhor prova contra o réu que sua confissão? Donde o aforismo: “Nulla est
maior probatio quam propria ore confessio” (o que, tirado a vernáculo, significa:
não há prova maior do que a confissão de boca própria).
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
60
crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 10.169 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.198.731-


3/0-00

Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal.

— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume
livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— Embora nas mais das vezes o aumento de 1/3 pelas qualificadoras atenda aos
intuitos da lei (reprovação e prevenção do crime), não há dizer contra a sentença
que, em razão da incidência de tríplice causa de aumento, acrescenta à pena-base
cominada ao roubo a fração de 2/5 por ter ocorrido privação da liberdade da
vítima (art. 157, § 2º, nº V, Cód. Penal).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 10.170 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.189.008-


3/0-00
Art. 333, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Embora direito seu permanecer calado — que lho assegura a Constituição da


República (art. 5º, nº LXIII) —, nenhum réu ignora que esse teor de proceder
contraria de frente a própria razão natural, que manda defender-se, com todo o
61
vigor da palavra, o indivíduo injustamente acusado. Donde a parêmia de
Jeremias Bentham: O silêncio é uma confissão de fato.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.171 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.178.183-


3/1-00
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 34 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35, 62, § 11 e 63, da Lei nº 11.343/06.

— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
62
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).
— Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve ter
somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime.
“Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che
bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei Delitti e delle Pene, § XVI).
— Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei 11.343/06 (Lei
das Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico entre o delito e o objeto
utilizado para a sua prática” (Vicente Greco Filho, Lei de Drogas Anotada,
2007, p. 187).
—“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado restritivamente,
no sentido de que o confisco só deve recair sobre objetos materiais que sirvam
necessariamente para a prática do crime” (Damásio E. de Jesus, Lei
Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).

Voto nº 10.172 — HABEAS cORPUS Nº 1.205.863-3/5-00


Arts. 14, nº II e 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.173 — HABEAS cORPUS Nº 1.199.981-3/7-00


Arts. 69 e 311, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
63
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de
força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 10.174 — HABEAS cORPUS Nº 1.193.864-3/0-00


Arts. 29 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.

Voto nº 10.175 — HABEAS cORPUS Nº 1.204.128-3/4-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível ante a sua excepcionalidade a decretação ou
64
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; rel. Min. Celso de Mello;
Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262/264).

Voto nº 10.176 — HABEAS cORPUS Nº 1.205.369-3/0-00


Art. 29 do Cód. Penal;
arts. 563 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.177 — HABEAS cORPUS Nº 1.214.427-3/7-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.179 — Recurso em Sentido Estrito Nº 1.198.131-3/1-


00
Arts. 23, nº II e 121, § 2º, ns. I, III e IV, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”,do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


65
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód.
Proc. Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é
sentença processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível
a acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora
articulada na denúncia, salvo se manifestamente improcedente.

Voto nº 10.180 — Recurso em Sentido Estrito Nº 1.189.990-3/0-


00
Arts. 121, § 2º, ns. I, III e IV, 211, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 10.182 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.188.583-


3/5-00
Arts. 59 e 157, "caput", do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Aquele que, argüido acerca do fato criminoso, cerra os lábios e nada responde,
nisso mesmo dá a conhecer sua grande culpa, uma vez que a razão natural ensina
não ser próprio do inocente suportar em silêncio injusta acusação, podendo falar
e defender-se. Afora os casos de exceção (que merecem comprovados sempre),
calado só permanece quem admite a veracidade da imputação.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe
geralmente com reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do
erro ou da má-fé pode abalar;
— O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a
procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma
dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.
66
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de
furto, sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de
personalidade e se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às
regras que disciplinam a convivência humana.

Voto nº 10.183 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 873.301-3/7-


00
Arts. 155 e 329, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155 do Cód. Penal).
— Passa por princípio de razão lógica interpretar-se contra o acusado o seu silêncio,
pois não é próprio de inocente relegar sua defesa para as barras da Justiça
quando, no empenho da busca da verdade, podia já deduzi-la na Polícia.
— A sabedoria dos Tribunais tem assentado que a apreensão de bens de terceiro em
poder do acusado, sem que lhe ofereça explicação plausível, constitui excelente
prova de autoria de crime e enseja condenação.

Voto nº 10.185 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 994.313-3/4-


00
Arts. 14, nº II, 61, 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º e 155, § 4º, ns. I e IV, do
Cód. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do


exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 10.186 — HABEAS cORPUS Nº 1.181.982-3/5-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


art. 112 da Lei da Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
67
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.189 — agravo em execução Nº


993.08.023642-9
Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de


Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.190 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.180.197-


3/5-00
Art. 157, § 2º, ns. I e V, do Cód. Penal;
arts. 226, nº II e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— A falta de apreensão da arma usada no roubo nada monta para a configuração
da qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, se testemunhas fidedignas
ou a vítima lhe provaram, com firmeza, a existência. É mister, no entanto,
certeza de que o réu a trazia consigo.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
68
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de
personalidade e se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às
regras que disciplinam a convivência humana.

Voto nº 10.191 — gravo em a execução Nº


993.08.028546-2
Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL e 52, X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 10.193 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.152.897-


3/0-00
Arts. 14, nº II e 157, “caput”, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal.
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova; pela
presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição de decreto
condenatório.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
69
— Impossível capitular de furto a subtração de coisa alheia móvel mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, pois são estas elementares do roubo (art.
157, “caput”, do Cód. Penal).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 10.194 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 891.302-3/3-


00
Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal.
— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— As provas do processo em que o réu indicou, sem hesitar, o receptador das coisas
que furtara, apreendidas afinal pela Polícia, pertencem ao número das que
Beccaria denominou perfeitas: “demonstram de maneira positiva, que é
impossível ser o acusado inocente” (Dos Delitos e das Penas, § VII; trad.
Torrieri Guimarães).

Voto nº 10.195 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.192.496-


3/2-00
Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 226 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.
— Ainda que de ordinário sejam muito de estimar, as palavras da vítima perdem
sua força probante quando assentam exclusivamente em reconhecimento
fotográfico, de feição em extremo precária.
— É princípio geralmente recebido que apenas a certeza autoriza a condenação do
réu. Em caso de dúvida — presente, por força, no processo-crime onde o réu
nega o que a vítima afirma —, a solução mais prudente será a que o absolver, por
insuficiência de prova.

Voto nº 10.200 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.026865-7


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.201 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.026292-6


Art. 180 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
70
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.202 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.028175-0


Arts. 386, nº VI e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.203 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.194.042-


3/6-00
Arts. 155, § 4º, nº II e 344, do Cód. Penal.

— A titularidade do direito de apelar não é do defensor, senão do réu, ao qual toca


portanto a decisão de fazê-lo. Desde que o réu se oponha ao exercício de tal
direito, haverá o advogado de catar-lhe respeito à vontade, pois o que procura em
Juízo está sujeito ao princípio geral que informa o mandato: só procede segundo
a lei aquele que pratica o ato a que está expressamente autorizado (e o réu que
renuncia ao direito de recurso por isto mesmo desautoriza expressamente que
outrem o exercite).
–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
— “Álibi. Quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 163)
— É força reconhecer a qualificadora de escalada se, para praticar o furto, o réu
transpôs muro alto de 3 m (art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal).
— Para a configuração do crime previsto no art. 344 do Cód. Penal (coação no
curso do processo), basta a ameaça grave a testemunha ou vítima, capaz de
infundir-lhes no ânimo justificável receio.
— Ao renitente e empedernido autor de furtos, que se atira sem freios à estrada
tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional semi-aberto lhe servirá de
contenção do impulso criminoso e de forma de reparação do mal que causou à
sociedade.

Voto nº 10.204 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.034745-0


Arts. 14, 157, § 2º, ns. I, II e V, § 3º, 180, “caput”, e 288, parág. único, do Cód.
Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


71
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.205 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.032995-8


Art. 214, combinado com o art. 224, alínea “a”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que não
tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.206 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.188.756-


3/5-00
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 1060/50;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06;
72
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo
de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva
isenção ou parcelamento.

Voto nº 10.207 — HABEAS cORPUS Nº 1.198.347-3/7-00


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.208 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.029846-7-


00
Arts. 29, 157, § 2º, ns. I, II e IV, 288, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 499 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
73
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave –
como é o roubo –, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.209 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.034929-0


Arts. 29 e 180, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada”
(apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio
de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva
exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do
réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.

Voto nº 10.210 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.034937-1


Art. 180, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
74
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada”
(apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.

Voto nº 10.211 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.035558-4


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.212 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.037872-0


Arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, 40, nº III e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
75
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.213 — HABEAS cORPUS Nº 1.212.123-3/5-00


Arts. 14, nº II, 29, 69 e 158, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.214 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.030649-4


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
76
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.215 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.186.243-


3/0-00
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo, em pacotes apreendidos pela
Polícia, considerável quantidade de substância entorpecente, pois tal
circunstância revela que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso
próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.216 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.034639-9


Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
arts. 312 e 659, do Cód. Proc. Penal.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
77
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.217 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.191.700-


3/8-00
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 28, § 1º, da Lei nº 11.343/06.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc.
Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei,
donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16 não se
mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência considerável
quantidade de substância entorpecente, apreendida pela Polícia, pois tal circunstância
revela que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se
o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e
conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.218 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.026000-1


Art. 41 do Cód. Proc. Penal;
art. 188, nº III, do Decreto-lei nº 7.661/45.
— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de
justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus” com o
contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos elementos dos
autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação penal” (cf. Rev. Tribs.,
vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa.
Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à
sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e
autorize a instauração do processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique
o autor (art. 41 do Cód. Proc. Penal).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta se
mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 10.219 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.190.200-3/9-00


Arts. 59 e 157, "caput", do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Que melhor prova contra o réu que sua confissão? Donde o aforismo: “Nulla est
maior probatio quam propria ore confessio” (o que, tirado a vernáculo, significa:
não há prova maior do que a confissão de boca própria).
78
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em
harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão
punitiva e a condenação do réu.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve a
posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave ameaça.

Voto nº 10.220 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.020055-6


Arts. 14, nº II, 70 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos
de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca
oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre
suas decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do
conspícuo Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande
sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si mesmas.
Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958,
p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.221 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.027599-8


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


79
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade —
bem preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 10.222 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.028326-5


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.223 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.023955-0


Arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 10.224 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.188.618-


3/6-00

Arts. 24 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.


80

— É entendimento jurisprudencial uniforme de todos os Tribunais do País que, em


se tratando de crimes patrimoniais, de ordinário praticados na clandestinidade, a
palavra da vítima há de preferir à “versão sistematicamente negativa dos
acusados, visto que não se concebe que alguém possa, gratuitamente, incriminar
um desconhecido” (Rev. Tribs., vol. 736, p. 629).
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita
espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
—“A alegação de estado de necessidade não é admissível em face da prática de
roubo, principalmente quando o sujeito emprega arma” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 584).
—“A periculosidade do agente, revelada pela prática do crime de roubo qualificado
pelo uso de arma e concurso de pessoas, pode constituir motivação bastante
para fixação do regime inicial fechado” (Rev. Tribs., vol. 790, p. 540; rel. Min.
Maurício Corrêa).

Voto nº 10.225 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.201.984-


3/8-00

Arts. 29, “caput”, 33, § 2º, alínea “b” e 155, § 4º, ns. III e IV, do Cód. Penal.

— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa


satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Incorre na pena de furto consumado o sujeito que, tendo subtraído coisa alheia
móvel, mantém-lhe a posse tranqüila e desvigiada, ainda que por breve trato de
tempo (art. 155 do Cód. Penal).
––“O Código Penal, descrevendo a qualificadora, fala em crime cometido mediante
duas ou mais pessoas (...). Não diz subtração cometida. Entre nós, comete crime
quem, de qualquer modo, concorre para a sua realização (art. 29, caput). De
maneira que o partícipe ou co-autor também comete crime” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 576).
— A nota de reincidência é óbice à concessão de regime semi-aberto ao réu,
somente quando superior a 4 anos sua pena; se inferior a 4 anos, não há proibição
legal de que o Juiz lho defira. No silêncio da lei, devem suprir-lhe a lacuna os
princípios gerais do Direito e até a Eqüidade (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód.
Penal).
81
Voto nº 10.227 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.197.903-
3/8-00

Arts. 15 e 157, § 3º, in fine, c/c o art. 14, II, do Cód. Penal.

—“Se o agente pratica homicídio tentado e subtração patrimonial tentada, a


doutrina unânime ensina que responde por tentativa de latrocínio (art. 157, § 3º,
in fine, c/c o art. 14, II)” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed.,
p. 548).
— Incorre nas penas de tentativa de latrocínio o agente que, ao praticar roubo,
efetua disparos de arma de fogo contra a vítima, com evidente “animus
necandi”, nela produzindo lesões corporais de natureza grave (arts. 157, § 3º,
2a. parte, e 14, nº II, do Cód. Penal).
— Não é para subestimar a palavra da vítima, a qual os Tribunais tiveram sempre
em boa conta. Com efeito, falando pela via ordinária, quem mais abalizado a
discorrer das circunstâncias de um fato, do que a pessoa que lhe foi
protagonista?!
— Não se trata de hipótese de desistência voluntária (art. 15 do Cód. Penal), senão
de tentativa perfeita de roubo, a do agente que, percebendo que a consumação
lhe representava consideráveis riscos, desiste do crime e, ao desatar a fugir, é
preso em flagrante pela Polícia.

Voto nº 10.228 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.031261-3

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 10.229 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.022958-9


82
Arts. 61, nº I e 157, § 2º, ns. I e II do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.230 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.029.283-3


Arts. 13, § 2º e 351, § 4º, do Cód. Penal;
arts. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.
–– Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a
instauração de persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal
da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.
–– Comprovada a falta de justa causa, ou de fundamento razoável para a acusação,
será força obstar à persecução penal, em obséquio ao “status dignitatis” do
indivíduo, que deve estar ao abrigo de procedimentos ilegítimos e temerários.

Voto nº 10.231 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.032316-0


Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p.
264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
Voto nº 10.232 — embargos de Declaração Nº 1.171.669-3/5-01
Arts. 288, 297 e 304, do Cód. Penal;
art. 6º do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º e 2º, da Lei nº 8.137/90;
83
art. 34 da Lei nº 9.249/95;
art. 15 da Lei nº 9.964/00;
art. 1º da Lei nº 10.054/00;
art. 9º da Lei nº 10.684/03;
art. 5º, nº LVIII, da Const. Fed.
— Nos casos de crime contra a ordem tributária, definido pela Lei nº 8.137/90, o
esgotamento da via administrativa não é condição de procedibilidade para a
instauração da persecução penal, se o agente responde a outros delitos, em
concurso material, que não caem sob o regime da Lei nº 10.684/03 (art. 9º).
—“O sujeito identificado civilmente não precisa submeter-se a identificação criminal,
salvo em casos excepcionais, que deverão ser expressos em lei, como, v.g., quando
não apresenta o documento, este contém rasuras, indícios de falsificação etc.”
(Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 11).
— Os indiciados em inquérito policial, “desde que não identificados civilmente,
serão submetidos à identificação criminal, inclusive pelo processo datiloscópico
e fotográfico” (art. 1º da Lei nº 10.054/2000).
— Pelo comum, não possuem os embargos declaratórios caráter infringente ou
modificativo do julgado (cf. Rev. Trim. Jurisp., vol. 182, p. 896; rel. Min. Celso
de Mello).

Voto nº 10.233 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.032592-8


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p.
264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.234 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.180.497-


3/4-00
84
Arts. 77 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 111 da Lei de Execução Penal.

— A sentença que, fundada em prova idônea (confissão, reconhecimento do réu pela


vítima, apreensão da “res furtiva”, etc.), decreta a condenação de autor de roubo,
não rende ensejo a crítica, antes merece confirmada, por ser expressão de bom
Direito (art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal)
— No Juízo das Execuções Criminais, o regime prisional do sentenciado, em caso
de nova condenação, será determinado pela soma da última pena com o restante
da que está cumprindo (art. 111 da Lei de Execução Penal).
— Se ultrapassar 4 anos a soma das penas, não pode ser imposto ao sentenciado o
regime aberto (cf. Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 5a. ed., p. 279).
— Há repugnância lógica e jurídica entre o regime aberto e a pena superior a 4
anos; pedido de “sursis” e pena privativa de liberdade superior a 2 anos também
são idéias que se implicam (art. 77 do Cód. Penal).

Voto nº 10.235 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.032152-3


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 40, nº VI e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.236 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.27266-2


Arts. 33, § 2º, 83, parág. único, 121, § 2º e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
85
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 16, parág. único, nº 10.826/2000.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo
de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de
suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação
ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos
casos de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz
determinar a realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de
crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de
periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 10.237 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.033179-0


Arts. 155, § 4º, ns. I e III, § 5º e 330, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
provocado pela defesa”(Súmula nº 64 do STF).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 10.238 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.025778-7
Art. 16, parág. único, nº IV, do Estatuto do Desarmamento;
art. 10 da Lei nº 9.437/97;
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.
— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com outros elementos de prova, máxime o firme reconhecimento
do réu pela vítima.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Incorre em crime e, pois, sujeita-se às penas da lei aquele que possui arma de
fogo com numeração raspada, sem justificá-lo (art. 16, parág. único, nº IV, do
Estatuto do Desarmamento).
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
86
Voto nº 10.239 — HABEAS cORPUS Nº
993.08.024738-2
Art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto


a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
“habeas corpus” preventivo, não o infundado receio de que futura decisão possa
contrariar-lhe interesse (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
––“O habeas corpus preventivo só deve ser concedido quando estreme de dúvidas o
procedimento arbitrário e ilegal da autoridade coatora, importando em
sofrimento ou coação ilegal à pessoa do paciente” (TJDF; rel. Antônio
Honório; DJU 6.9.79, p. 6.650; apud Alberto Silva Franco et alii, Código de
Processo Penal e sua Interpretação Jurisprudencial, 1999, vol. I, p. 702).

Voto nº 10.240 — HABEAS cORPUS Nº 1.200.380-3/4-00


Art. 647 do Cód. Proc. Penal.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto
a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.241 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.031748-8


Art. 155, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
87
Voto nº 10.242 — HABEAS cORPUS Nº
993.08.007378-3
Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— Falou advertidamente o grande Rui: “A regra da igualdade não consiste senão em
quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam”(Oração
aos Moços, 1a. ed., p. 25).
—“A decisão em favor de um réu só poderá ser estendida a outro se forem idênticas
as situações de ambos no mesmo processo” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 67,
p.685).

Voto nº 10.243 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.001241-5


Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira abusão


lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois
entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de
“ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de
sua culpabilidade.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
88
Voto nº 10.244 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
993.08.010892-7
Arts. 71 e 155, “caput”, do Cód. Penal.

— A sabedoria dos Tribunais tem assentado que a apreensão de bens de terceiro em


poder do acusado, sem que lhes ofereça explicação plausível, constitui excelente
prova de autoria de crime e enseja condenação.
— O crime continuado, instituto nascido da eqüidade, é uma “fictio juris”
destinada a evitar o cúmulo material de penas (cf. José Frederico Marques,
Curso de Direito Penal, 1956, vol. II, p. 354).
— No crime continuado, mais do que a unidade de ideação, prevalecem os elementos
objetivos referidos no art. 71 do Cód. Penal e a conveniência de remediar o exagero
punitivo, que não corrige o infrator, senão que o revolta e embrutece, por frustrar-
lhe a esperança de realizar, em tempo razoável e justo, o sonho da liberdade.

Voto nº 10.245 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.023596-1
Art. 157, § 2º, ns. I e II, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal.

— A reiteração de disparos de arma de fogo à mão-tenente, em região nobre da


vítima, descobre para logo o intuito homicida do agente (“animus necandi vel
occidendi”).
— “Quem dispara arma em direção do ofendido demonstra vontade de produzir o
resultado morte, ou assume o risco de produzi-la” (Rev. Tribs., vol. 404, p. 100;
rel. Chiaradia Netto).
— “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realiza
o agente a subtração de bens da vítima” (Súmula nº 610 do STF).
— “A incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

Voto nº 10.246 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.027858-0
Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea “b”, 59, 157, “caput” e § 2º, nº I, do Cód.
Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.
— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua
autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (“apud” Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A palavra da vítima, nos crimes de roubo, tem inquestionável importância e pode
ensejar decreto condenatório, se em harmonia com as mais provas dos autos. Sua
força está na circunstância de ter saído dos lábios da pessoa que sofreu a violência
ou grave ameaça e, pois, está em melhor condição de identificar seu ofensor.
— Impossível capitular de furto a subtração de coisa alheia móvel mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, pois são estas elementares do roubo (art. 157,
“caput”, do Cód. Penal).
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).
89
— Embora seja o regime fechado o que, em linha de princípio, verdadeiramente
condiz com a gravidade do roubo e com o caráter maligno de quem o pratica, a
Lei não proíbe que o Magistrado defira ao condenado primário e menor de 21
anos o benefício do regime semi-aberto (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 10.247 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.025411-7


Art. 157, § 2º, ns. I e II, conjugado com os arts. 29 e 69, do Cód. Penal.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.248 —Recurso em Sentido Estrito Nº


93.08.026689-1
Arts. 14, nº II, 107, nº IV, 109 e 155, “caput”, do Cód. Penal.

— Não é de bom exemplo antecipar o exame do mérito à produção da prova com o


intuito de aferir prescrição virtual, que isto implica descaso pela obrigatoriedade
da ação penal e violação grave da primeira garantia de todo o acusado: ter
oportunidade de comprovar sua inocência (art. 107, nº IV, do Cód. Penal).
— Se a pena ainda não foi concretizada na sentença, não há reconhecer prescrição,
antecipadamente, com fundamento em juízo de provável condenação, visto como
pode suceder que o réu venha a ser absolvido, o que terá por benefício de maior
quilate que a extinção de sua punibilidade pela porta ampla da prescrição.
—“A maioria da jurisprudência não aceita a chamada prescrição virtual”
(Guilherme de Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5a. ed., p. 469).

Voto nº 10.249 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.112406-0
Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59, 92 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 19 da Lei das Contravenções Penais;
art. 15, nº III, da Const. Fed.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
–– Arma, ainda que imprópria, configura o roubo circunstanciado (art. 157, § 2º,
nº I, do Cód. Penal), se apta a ofender a incolumidade física.
— Considera-se arma branca, para efeito do art. 19 da Lei das Contravenções
Penais, o facão de cortar cana, quando utilizado para ataque ou defesa (cf.
Damásio E. de Jesus, Lei das Contravenções Penais Anotada, 1999, p. 63).
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de
extraordinário poder vulnerante.
90
— Sob pena de violar, em seu espírito e forma, preceito constitucional, é defeso
à sentença condenatória subtrair o réu à perda dos direitos políticos (art. 115, nº
III, da Const. Fed.), dentre os quais se inclui, por força, o direito do voto.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 10.250 — gravo em a execução Nº


993.08.029080-6

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 10.251 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.010717-3

Art. 213, conjugado com o art. 226, nº II, e art. 71, do Cód. Penal;
arts. 393 nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
— “O habeas corpus não é meio idôneo para
corrigir possível injustiça da sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p.
242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
91
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 10.252 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.036381-1

Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06.

— É regra de direito positivo que o réu não pode


apelar sem recolher-se à prisão (art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que
estatui o art. 393, nº I, do mencionado diploma legal, convém a saber: entre os
efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado
na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não
há dispensar-lhe o benefício do apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito
e à boa razão, sendo legítima a sentença que o denega.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a
liberdade provisória quem é acusado de tráfico de entorpecentes, crime do
número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 10.253 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.050425-3

Arts. 14, nº II, 71, 213, 214, 224 e 226, nº II, do Cód. Penal;
arts. 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e


rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória. Questão que
implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente poderá ser tratada
na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Contra o parecer de notáveis juristas, que
sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de
92
que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da
impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere
e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de
locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 10.254 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.071037-


3
Arts. 59, “caput” e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do
interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto de inocência.
O que prefere o silêncio — aliás, direito que a Constituição da República
assegura a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) — é certo que não confessa a autoria
do delito, mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera
pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com todo o
vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula:
“qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem cala,
consente).
— Palavra de vítima, não há desprezá-la em princípio. Deveras, quem mais
abalizado para discorrer de um fato senão aquele que lhe foi o protagonista?
Exceto na hipótese (mui rara) de mentira ou erro, suas declarações bastam a
acreditar um termo de condenação.
— A só presença de duas ou mais qualificadoras não obriga ao aumento da pena do
roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de grosso
calibre e alto impacto.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 10.255 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.019878-0
Arts. 71, parág. único e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo


comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que afugenta as sombras sob que
se pretende abrigar a impunidade.
— É, por força, o regime fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.
93
Voto nº 10.256 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
993.07.115482-2
Arts. 72 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.
— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do
inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de
contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 10.257 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.021089-6
Art. 214 do Cód. Penal.

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade


sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena.
Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.258 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.074.206-3/0


Art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 12, § 1º e § 2º, nº II e 18, inc. III, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
arts. 33, § 4º e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).
— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão
policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A causa de aumento de pena prevista no inc. III do art. 18 da Lei nº 6.368/76
(“visar a menores de 21 anos”) não se aplica aos indivíduos de idade superior a
18 anos, por efeito de “abolitio criminis”, já que a Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas), ao tratar a matéria (art. 40, nº VI), alude a “criança” (pessoa até 12
anos de idade incompletos) e “adolescente” (de 12 a 18 anos), conforme o
critério fixado pelo art. 2º da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
94
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.259 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.018669-


3
Art. 59 do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 10.260 — agravo em execução Nº 1.102.867-3/2


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
95
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 10.261 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.0194410-6


Art. 77 do Cód. Penal;
art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95;
art. 10 da Lei nº 9.437/97 (porte ilegal de arma de fogo);
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– A existência de processo contra o réu, pela prática de outro crime, constitui


violação grave das condições do sursis processual e justifica-lhe a revogação, na
forma do art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95.
–– A revogação do benefício, portanto, decorre da vontade expressa da lei, contra a
qual pelejará em vão o acusado.
––“A medida fica sujeita a uma condição resolutiva. Havendo causa, é revogada”
(Damásio E. de Jesus, Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada, 4a. ed., p.
125).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.262 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.010759-9
Arts. 304 e 307, do Cód. Penal.
96
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova; pela
presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição de decreto
condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso) o sujeito
que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua fotografia, consta
o nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 10.263 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.026026-5
Arts. 33 e 184, § 2º, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.

— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se convicente e ajustada


aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Incide nas penas da lei, pela manifesta criminalidade de sua conduta, aquele que,
com o intuito de lucro, traz consigo ou tem em depósito, para expor à venda,
cópias de fonogramas (CDs) e videogramas (DVDs), sem autorização dos
titulares dos direitos. Não permite a lei que espertalhões, por cupidez e má-fé,
lancem mão de obra intelectual alheia, com violação de direito do autor (art.
184, § 2º, do Cód. Penal).

Voto nº 10.264 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.019689-3
Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea “b”, 59 e 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 156 do Cód. Proc. Penal.

— Àquele que invoca em sua defesa a tese do estado de necessidade cabe prová-la
acima de toda a dúvida, aliás cairá na conta de réu confesso (art. 156 do Cód.
Proc. Penal).
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.
97

Voto nº 10.265 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.198.032-3/0-


00
Art. 171, “caput” e § 2º, nº VI, do Cód. Penal;
art. 463, nº I, do Cód. Proc. Civil.

–– É da tradição de nosso Direito, por aplicação analógica do art. 463, nº I, do Cód.


Proc. Civil, que o juiz pode corrigir, de ofício, erros ou inexatidões materiais;
nos mais casos, proferida a decisão, termina o seu ofício, conforme a regra de
Ulpiano: “officium functus est” (Dig. 42, 1, 55).
—“Já no Direito romano, Ulpiano ensinava: Depois de pronunciada a sentença, o
juiz perde a jurisdição e não pode corrigi-la, quer haja exercido seu ofício bem,
quer o tenha feito mal” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol.
II, p. 353).
— “O despacho de recebimento da denúncia importa juízo de admissibilidade da
acusação ... e, sendo irrecorrível, não pode ser reconsiderado” (STF, Rev. Trim.
Jurisp., vol. 18, p. 176).

Voto nº 10.266 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.012618-6
Arts. 14, nº II, 146 e 158, do Cód. Penal;
art. 386, nº II, do Cód. Proc. Penal.

— Reputa-se de bom quilate — e, pois, merece preservada dos tiros da crítica — a


sentença que, forte nas declarações da vítima, no testemunho policial e em
gravações telefônicas, decreta a condenação de autor de crime de extorsão (art.
158 do Cód. Penal).
— Embora crime formal, admite a extorsão tentativa, se o sujeito passivo, apesar de
constrangido, não realiza a conduta pretendida pelo agente. Esta doutrina
professam os penalistas de melhor nota:Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, vol. VII, p. 77; Heleno Cláudio Fragoso, Lições de Direito
Penal, Parte Especial, 11a. ed., vol. I, p. 217; Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 610, etc.).
— Se o agente, contudo, entra na posse (ainda que efêmera), do dinheiro exigido à
vítima, reputa-se consumada a extorsão, pois obtivera vantagem indevida
mediante grave ameaça.

Voto nº 10.267 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.03.031223-7
Arts. 59 e 155, § 2º, do Cód. Penal.

— É aplicável o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal, se primário o réu e de


pequeno valor a coisa furtada (como tal considerado o que não excede ao salário
mínimo).
— Não é o privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal incompatível com o furto
qualificado; uma vez concorram os requisitos legais, pode o Juiz deferi-lo ao réu
cujos antecedentes e personalidade o tornem merecedor do benefício. Esta é a
98
lição de graves autores (v.g.: Damásio E. de Jesus e Paulo José da Costa
Jr.) e a jurisprudência dos Tribunais (STF, STJ, TACRIM-SP, etc.).

Voto nº 10.268 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.049428-7
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 156 do Cód. Proc. Penal.

— Nas declarações do réu, “todas as variações graves são um indício positivo de


mentira” (Mittermayer, Tratado da Prova em Matéria Criminal, 1871, vol. II,
p. 30; trad. Alberto Antônio Soares).
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo mentir.
—“Álibi: quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 163).

Voto nº 10.269 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.028930-1
Arts. 44, §§ 2º e 3º, 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do


interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto de inocência.
O que prefere o silêncio — aliás, direito que a Constituição da República
assegura a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) — é certo que não confessa a autoria
do delito, mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera
pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com todo o
vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula:
“qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem cala,
consente).
— Palavra de vítima, não há desprezá-la em princípio. Deveras, quem mais
abalizado para discorrer de um fato senão aquele que lhe foi o protagonista?
Exceto na hipótese (mui rara) de mentira ou erro, suas declarações bastam a
acreditar um termo de condenação.
— Outro tanto em relação ao testemunho policial: não merece a nota universal de
tendencioso e suspeito; unicamente em face de contradição aberta e inverossímil
com o conjunto probatório é que se lhe deve dar de mão.
— Não desacredita a Justiça nem recomenda mal o Juiz substituir a pena privativa
de liberdade de autor de furto mínimo, ainda que reincidente, por restritiva de
99
direitos, socialmente recomendáveis (art. 44, § 3º, do Cód. Penal).

Voto nº 10.271 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.012287-3
Arts. 29, §1º e 157, § 2º, ns. I e II, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód.
Penal.

— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto


condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção
reunidos no processado.
— Não se caracteriza a figura jurídica da participação de menor importância, se o
agente desempenha atividade relevante de sentinela do crime ou executor de
reserva (art. 29, §1º, do Cód. Penal).
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.

Voto nº 10.272 — mandado de SEgUrança Nº


993.08.021471-9
Art. 7º, nº XV, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia);
art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.

— Apenas a violação de direito líqüido e certo, pedra angular do instituto, autoriza


a impetração de mandado de segurança (art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.).
— O direito líqüido, certo e incontestável, objeto do mandado de segurança,
conforme os anais do Pretório Excelso, “é aquele contra o qual se não podem
opor motivos ponderáveis, e sim meras e vagas alegações cuja improcedência o
magistrado pode reconhecer imediatamente sem necessidade de detido exame”
(apud, Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957, p.
128).
— Ainda que se haja de franquear autos de processo ou inquérito policial ao
advogado, em obséquio à majestade e importância de seu claro ofício, urge
atender a que tenha interesse jurídico na questão. O argumento de que, nos
termos do art. 7º, nº XV, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), tem direito
de “vista dos processos judiciais e administrativos de qualquer natureza”, não se
recebe “sine grano salis”. É que a sobredita regra geral sofre restrição expressa
em seu art. 7º, § 1º, nº I, “in verbis”: não se aplica o disposto nos incisos XV e
XVI “aos processos sob regime de segredo de justiça”.
—“O direito do advogado a ter acesso aos autos de inquérito não é absoluto,
devendo ceder diante da necessidade do sigilo da investigação, devidamente
justificada na espécie (art. 7º, § 1º, 1, da Lei nº 8.906/94)” (STJ; RMS nº
15.167-PR; rel. Min. Felix Fischer; DJU 10.3.2003).
100
Voto nº 10.273 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
993.07.007901-0
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Não tem direito à redução de pena do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 o sujeito
preso em flagrante na posse de grande quantidade de entorpecente (v.g., 1/2kg),
pois tal circunstância está a demonstrar, “per se”, que se dedicava a atividade
criminosa.
— O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes denominados
hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe introduziu modificação
no art. 2º, § 1º, para permitir a seus autores progressão no regime prisional após
o cumprimento, sob o regime fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se
reincidente.

Voto nº 10.274 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.033765-9


Arts. 50, nº II, 66, nº III, alínea “b”, 118, nº I e 197, da Lei de Execução
Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e
provisória do condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave (art.
50, nº II, da Lei de Execução Penal).
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por
101
isso, está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus”
(art. 118, nº I, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.275 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.040655-3


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.276 — HABEAS cORPUS Nº 1.218.205-3/3-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.277 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.019800-4


Art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, LXIX, da Const. Fed.

— Se foi o advogado-impetrante quem a requereu, não há senão homologar a


desistência de “habeas corpus”, pela presunção de que obrara “secundum jus” e
à luz da ética profissional (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— Ao contrário do que passa com a apelação, não há mister poderes especiais para
desistir de “habeas corpus”. Se desnecessário o instrumento de mandato para
impetrá-lo, seria contra-senso exigir poderes especiais para dele desistir.
102

Voto nº 10.278 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.080299-2
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.

— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do


inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de
contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

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