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–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
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Voto nº 10.282 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.030494-7
Art. 69 do Cód. Penal;
arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput”, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.
––“São vedadas pela lei as sanções coletivas (art. 45, § 3º). Esse princípio decorre
do preceito constitucional segundo o qual nenhuma pena passará da pessoa do
delinqüente (art. 5º, nº XLV, da Const. Fed.)” (Julio Fabbrini Mirabete,
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Execução Penal, 11a. ed., p. 136).
–– De toda a sanção é pressuposto a culpa.
––“Condenar um possível delinqüente é condenar um possível inocente” (Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1981, vol. V, p. 65).
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Para a prisão preventiva não basta a inafiançabilidade do crime, nem a
presunção veemente da existência da criminalidade: é preciso, ainda, para
justificá-la, a sua necessidade indeclinável” (José de Alencar; apud João
Mendes de Almeida Jr., O Processo Criminal Brasileiro, 4a. ed., vol I, p. 333).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
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— Já afirmou um discreto que “nunca o mundo é mais injusto que quando há
justiça para uns, e outros não” (Francisco Manuel de Melo, Apólogos
Dialogais, 1920, p. 269);
— Não repugna à consciência jurídica nem quebranta a vontade da lei a decisão que
defere a réu (mesmo reincidente) o regime aberto, se condenado a pena de curta
duração. Casado e chefe de família, os efeitos de sua prisão alcançariam também
pessoas inocentes (a mulher e os filhos); donde o prescrever o direito positivo
que, ao aplicar a lei, deve olhar o Juiz o bem da sociedade (art. 5º da Lei de
Introdução ao Cód. Civil).
— A prisão, conforme o alto pensamento de Magarinos Torres, “a prisão é um
contra-senso que não regenera ninguém, mas só revolta, por contrariar
flagrantemente a natureza humana, deturpando funções e, sobretudo, atingindo
inocentes, como são a esposa e filhos do criminoso, privados, sem culpa, de
subsistência e do convívio do chefe de família” (apud José Luís Sales, Da
Suspensão Condicional da Pena, 1945, p. 13).
— A confissão, conforme os velhos praxistas, passa pela rainha das provas (regina
probationum), pois, como acentua o conspícuo Mário Guimarães, é contrário à
natureza alguém afirmar contra si fato que não seja verdadeiro (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, pág. 309).
— Na real verdade, que melhor prova da autoria do fato criminoso, do que havê-la
admitido espontaneamente o próprio réu?!
— Conforme iterativa jurisprudência dos Tribunais, a palavra da vítima, se ajustada
aos mais elementos do processo, justifica decreto condenatório.
— Se qualificado pela lesão corporal grave (art. 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal),
entende-se consumado o roubo, ainda que não tenha havido subtração
patrimonial.
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
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(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Incorre na pena de furto consumado o sujeito que, tendo subtraído coisa alheia
móvel, mantém-lhe a posse tranqüila e desvigiada, ainda que por breve trato de
tempo (art. 155 do Cód. Penal).
— O “sursis” é direito público subjetivo apenas do réu que atende aos requisitos
legais; pelo que, se o aconselharem as circunstâncias do caso, pode o Juiz
denegar-lhe o benefício, ou aplicar-lhe pena alternativa, observado o critério da
necessidade e suficiência da reprovação e prevenção do crime (art. 77, nº III, do
Cód. Penal).
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime e houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir
a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de inquérito policial, sob o
fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister prova mais clara que a
luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se
inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade
criminal do infrator.
–– No que respeita ao formal indiciamento do acusado, embora não o considerem
alguns arestos de nossas Cortes de Justiça constrangimento ilegal, argúi manifesta
violência ao “status dignitatis” do indivíduo, demais de acarretar-lhe danos de
vária ordem, por seu caráter indelével. Não se trata de fraqueza da Justiça
punitiva, senão cautela com que devem obrar seus agentes, em ordem a não deitar
a perder aqueles que, por insídia ou malícia, foram submetidos a formal
indiciamento, ato procedimental cujos estigmas persistem “ad aeternum” nos
registros dos órgãos da Polícia.
––“Segundo orientação pacífica desta Corte, a determinação de indiciamento
formal, quando já em curso a ação penal pelo recebimento da denúncia, é tida
por desnecessária e causadora de constrangimento ilegal” (STJ; HC nº 29.466-
SP); 5a. Turma; rel. Min. José Arnaldo da Fonseca; j. 4.3.2004).
— Não merece crítica senão louvor e confirmação a sentença que condena por furto
simples o sujeito que, após deitar a mão ao cão do vizinho que perambulava pela
redondeza, pretende vendê-lo a terceiro, mas intervém a Polícia e frustra-lhe a
transação irregular (art. 155 do Cód. Penal).
— De nada valem os protestos de inocência do réu, se o conjunto probatório o
incrimina implacavelmente. Aliás, em pontos de furto, deve receber-se com
reserva e cautela a versão exculpatória do réu, gatuno contumaz, que sabia
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conjugar o verbo “rapio” em todos os seus tempos (art. 155 do Cód. Penal).
—“A terapêutica penal consiste numa regra de razoabilidade para efetiva
reintegração social (do infrator), que não se consolida com severidade em
excesso e muito menos num apego primário à letra fria da lei (...)” (Marco
Antônio Ferreira Lima, Promotor de Justiça).
— Na apuração da autoria de crime adotavam os romanos o judicioso critério:
“Cui prodest scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita, esse o cometeu.
É a lógica a melhor das provas.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
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comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo das partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
–– “Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
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— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória
(art. 44 da Lei nº 11.343/06).
–– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, se não houver dúvida sobre sua integridade
mental nem alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da
realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
—“Cabe ao magistrado da instrução o juízo acerca da instauração ou não do
incidente de dependência toxicológica” (STF; HC nº 84.431-SP; rel . Min.
Carlos Britto).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
44
a
Voto nº 10.412 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
993.08.029185-3
Arts. 59, 70, “caput” e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
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Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais
brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
–– Decisões contraditórias no seio da Justiça operam sempre como fator de
insegurança dos negócios jurídicos, em detrimento grave de seu nome e crédito.
–– É maior de toda crítica a decisão que, por amor do princípio que rege o
cumprimento de penas nos casos de concurso de infrações (art. 76 do Cód.
Penal), somente suspende a pena restritiva de direitos (prestação de serviços à
comunidade), sem convertê-la em privativa de liberdade, a fim de que se execute
primeiro “a pena mais grave”.
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––“Assim, o executado cumprirá a pena privativa de liberdade para, somente
depois, ter a possibilidade de prestar serviços à comunidade, devendo esta ser
suspensa enquanto cumpre aquela, em respeito ao art. 116, parág. único, do
Cód. Penal” (STJ; REsp nº 662.066-SC; 5a. T.; rel. Min. José Arnaldo da
Fonseca; DJU 1º.8. 2005; v.u.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
53
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
r
Voto nº 10.443 — ecurso de ofício Nº 993.07.118481-0
Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 746 do Cód. Proc. Penal;
art. 197, da Lei de Execução Penal.
— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício.
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).
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Voto nº 10.444 — agravo em execução Nº
993.08.028831-3
Arts. 213, 224, 225, § 1º, nº II, e 226, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
— Pratica o delito de estelionato em seu tipo fundamental (art. 171 do Cód. Penal)
o sujeito que, para pagamento de dívida, entrega ao credor cheque de terceiro
falsificado, embaindo-lhe a fé. A circunstância de ser a vítima pessoa ingênua
não desnatura o tipo penal nem serve de escusa ao réu, antes, por argüir maior
periculosidade, deve a Justiça atuar com especial rigor em relação àquele que,
sem princípios éticos, não escrupuliza em enganar, para obter vantagem indevida,
ainda os mais crédulos e simplórios.
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação,
firme e segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação”
(Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
a
Voto nº 10.464 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
993.06.106497-9
Arts. 61, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 115 e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para a inquirição de testemunhas.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
62
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do
art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347). Salvo casos especiais (ao
prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação
lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de
liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que,
acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de
periculosidade.
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos
autos, pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos
veredictos do Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c,
da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a
decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso
formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
— Embora já pertença à arqueologia jurídica — Deus seja louvado! — o argumento
de que a Polícia costuma extrair a confissão a infelizes juntamente com suas
fibras musculares, “a confissão perante a autoridade policial normalmente é
repelida, pela suspeita de coação” (Rev. Forense, vol. 226, p. 362).
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não
será manifestamente contrária à prova dos autos.
––“Se existem duas versões do fato e o júri aceita uma, que não se mostra
evidentemente falsa, não é possível reconhecer que a decisão tenha sido
manifestamente contrária à prova dos autos” (Rev. Forense, vol. 167, p. 412).
63
Voto nº 10.480 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
993.08.037871-1
Arts. 28, nº II, 43, nº V, 44, § 2º, 46, § 3º, 47, nº IV e 155, § 4º, nº IV, do Cód.
Penal;
art. 156 do Cód. Proc. Penal.
— Não se exime da tacha de larápio (e, pois, cai sob o rigor da lei) o sujeito que,
tendo-se enfrascado em bebidas alcoólicas, entra em propriedade alheia, subtrai
animal (boi), que abate, e da carne faz churrasco para amigos e vizinhos.
— O argumento da embriaguez não aproveita ao infrator, exceto se completa e
involuntária. A embriaguez voluntária, dispõe a lei que não elide a
responsabilidade criminal do agente, porque não lhe exclui a imputabilidade (art.
28, nº II, do Cód. Penal).
— Ainda que do fato criminoso praticado na calada da noite não haja outras
testemunhas mais que as estrelas do céu, incensurável é a sentença que, baseada
em confissões extrajudiciais harmônicas e verossímeis, condena sujeitos
acusados de abigeato, ou furto de gado.
—“A confissão atendível é raio de luz que ilumina de jato todos os escaninhos dos
crimes ocultos, dissipa as dúvidas, orienta as ulteriores investigações e conforta
de um só passo os escrúpulos do juiz e as preocupações de justiça dos homens de
bem” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 382).
— Em obséquio ao espírito da lei — que previne todo prejuízo à jornada normal de
trabalho do condenado (art. 46, § 3º, do Cód. Penal) —, é de bom exemplo, nos
casos urgentes, alterar medida substitutiva penal aplicada ao réu (prestação de
serviços à comunidade) para duas restritivas de direitos: interdição temporária de
direitos (proibição de freqüentar determinados lugares) e multa (arts. 44, § 2º,
43, nº V, e 47, nº IV, do Cód. Penal). Seria desarrazoado, com efeito, obrigá-lo a
prestar serviços gratuitos à comunidade em detrimento de sua própria
subsistência e da família.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
65
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
— Mas, essa liberdade (de requerer) não se deve degenerar em abuso, por forma a
paralisar a marcha do processo, com o propósito de retardar a administração
da justiça ou de tumultuar a ordem processual (Bento de Faria, Código de
Processo Penal, 1960, vol. II, p. 210).
— Em se tratando de simples “emendatio libelli”, é força proceder à devida
correção, ainda que em Segunda Instância. Conforme o STF, pode o Juiz, se é
que o não deva, na sentença, corrigir o erro (Rev. Trim. Jurisp., vol. 79, p. 95;
apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 19a. ed., p.
278).
— Viola o art. 180, “caput”, do Cód. Penal aquele que adquire veículo automotor
sem documentação, pois ainda o sujeito de siso vulgar sabe que é essa a principal
característica da coisa de origem criminosa.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa de documento falso
como se verdadeiro.
— O réu inocente responde logo à injusta acusação, como o determina a própria
razão natural; não se chama ao silêncio, que este é o refúgio comum dos
culpados.
— No crime de receptação dolosa, é das circunstâncias mesmas do fato e da
personalidade do agente que se deve aferir o elemento subjetivo do tipo, de sorte
que nenhum valor têm os protestos de inocência do réu que adquire a estranho,
sem documentação regular, motocicleta. Aquele que assim procede, por força que
não pode ignorar se trata de coisa de origem ilícita, máxime se possui tormentosa
biografia penal (art. 180, “caput”, do Cód. Penal).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes denominados
hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe introduziu modificação
no art. 2º, § 1º, para permitir a seus autores progressão no regime prisional após
o cumprimento, sob o regime fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se
reincidente.
72
— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha que, ao
depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato juridicamente
relevante, com o intuito de favorecer o réu. A mentira não pode ter entrada no
templo da Justiça!
— Se exerce ocupação lícita e tem filhos menores, a mulher condenada por falso
testemunho, ainda que reincidente, faz jus à substituição de sua pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos, medida socialmente recomendável (art.
44, §§ 2º e 3º, do Cód. Penal).
73
— Como lhe compete presidir às audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).]
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
33 da Lei nº 11.343/06).
a
Voto nº 10.513 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
993.08.031433-0
Arts. 29, §1º, 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 566 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
78
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
79
— Matéria de grande peso é a de que trata o art. 127 da Lei de Execução Penal —
o condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido...
—, pois obriga o Juiz a decidir contra a própria consciência, se quiser atender à
letra da lei.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada
pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas
jurídicos a perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito
ao tempo remido pelo trabalho.
a
Voto nº 10.521 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
993.08.029757-6
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 10 da Lei nº 9.437/97;
art. 12 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
arts. 5º, nº LXIII e 144, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
–– Decisões contraditórias no seio da Justiça operam sempre como fator de
insegurança dos negócios jurídicos, em detrimento grave de seu nome e crédito.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
81
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-
aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— Incorre nas penas da Lei nº 9.437/97 (art. 10, § 1º, nº III) quem efetua disparo de
arma de fogo em lugar habitado, ainda que a deflagração seja para o alto (“ad
astra”), pois se trata de “infração que prescinde de perigo concreto, real, à
incolumidade pública” (Damásio E. de Jesus, Crimes de Porte de Arma de Fogo
e Assemelhados, 1999, p. 61).
— À luz do princípio da consunção, não há reconhecer concurso material, senão
crime único, entre porte ilegal de arma de fogo e disparo em via pública, já
que este pressupõe a posse da arma, com que o realiza (arts. 14 e 15 da Lei nº
10.826/03).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
––“A parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará obrigada a
pagá-las, desde que possa fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da
família” (art. 12 da Lei nº 1.060/50).
— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita
espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— É certo que não se ocupa de bagatelas o Direito Penal; na esfera dos crimes contra
o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, só tem relevância a lesão
jurídica de valor econômico. “De minimis non curat praetor”, já o proclamavam
os romanos, como a significar que se não devia dar peso à fumaça. Mas, aplicado
inconsideradamente, o princípio da insignificância é motivo e ocasião de
afronta grave à lei, que prevê a punição do infrator.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
87
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente acondicionada em pacotes, pois tal circunstância revela
que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— Não há que reparar em sentença que condena réu com base em indícios, se fortes
e concordes, pois “o valor probante dos indícios e presunções, no sistema do
livre convencimento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas”
(José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.. vol.
II, p. 378).
— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado
violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214),
como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes
hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC
n º 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime inicialmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
91
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante
a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel.
Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— O inocente, quando vítima de infâmia, brada logo por justiça, com todas as forças
e incessantemente. O silêncio do réu, na Polícia, ainda que se não tenha por
documento formal de culpa, entende-se por estultícia desmarcada, pois era sua
primeira e melhor oportunidade de proclamar a inocência, e deitou-a a perder!
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06, Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Em se tratando de réu primário, a “regra é partir da pena base no grau
mínimo” (TRF da 1a. R; Ap.nº 22.082; DJU 5.3.90, p. 3.233).
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—“A justiça deve ser equânime; concilie, sempre que for possível, a retidão
com a bondade em toda a acepção da palavra” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica a Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
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