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BRANDING 3.0
Gestão sustentável de marca
Abstract: This paper aims at a critical re-evaluate the methods for managing brand
strategy, introducing the new concept of branding 3.0 and a single concept of
sustainability through the influence of brands in the consumer.
Branding 3.0:
Gestão sustentável de marca
Pedro Passos
branding 3.0. Trata-se de adequar o modo sustentável de produção não somente aos
todas seguindo uma mesma linha verde de comportamento, fazendo com que exista
uma imagem comum de marcas responsáveis, mas que suas iniciativas sejam todas
Em entrevista concedida, GELLI1 nos diz que é muito fácil falar hoje de culpa, ou
tentar culpar algo pelo ponto que chegamos. Por exemplo, quando iniciou a revolução
realmente aquilo nunca fosse acabar, pois era algo muito grande, e esse pensamento
reversível. Segundo DUPAS2(2008) tanto Marx como Kant supunham que a evolução
como medicina e comunicações entre muitas outras. Mas apesar de todas as vantagens
que conseguimos com nossas novas tecnologias, também presenciamos muitos efeitos
colaterais não antecipados. GORE3 (2008) completa afirmando que ainda hoje muita
gente assume, de forma equivocada, que a Terra é tão grande que nós, seres
1-GELLI, Fred – (Rio de Janeiro, 1966) formado em Desenho Industrial e Comunicação Visual pela PUC – Rio, Fred Gelli é sócio e
diretor de criação da Tátil Design de Ideias, pela qual já conquistou mais de 70 prêmios nacionais e internacionais, entre eles, o
Leão de Bronze no Cannes Lions 2009, o ouro no IDEA Brasil 2009 e o iF Design Award em 2004 e 2006.
Em 2009, ministrou um workshop sobre o Branding 3.0 no Cannes Lions e, em 2008, foi o primeiro brasileiro a julgar a categoria
Design no Cannes Lions, na categoria Packaging Design, Brand Identity e Environmental Design. Em 2007, Fred Gelli participou
como jurado do Prêmio D&AD Global Awards, na categoria Packaging Design. É professor do curso de graduação em Desenho
Industrial e Comunicação Visual na PUC-Rio, onde inaugurou, em 2008, o curso de Ecoinovação.
2 - DUPAS, Gilberto - (São Paulo, 1943-2009) Foi talhado para assumir o papel de líder desde que foi admitido na Escola
Politécnica da USP, aos 19 anos. Dois anos antes do golpe militar, escolhido como representante do centro acadêmico, envolveu-
se nos movimentos políticos que defendiam o diálogo interclassista com operários e trabalhadores rurais - mais especificamente,
com a chamada esquerda católica, que se transformou na Ação Popular (organização clandestina que lutou contra a repressão até
1973). Logo cedo percebeu que seu caminho não seria o de construir pontes de concreto, mas pontes sociais, o que o levou da
Engenharia para a Economia, formando com amigos um grupo de estudos em busca de teorias de desenvolvimento. Na gestão de
Franco Montoro em São Paulo (1983-87), Dupas foi presidente da Nossa Caixa e secretário da Agricultura. No governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-02), integrou o Grupo de Análise e Pesquisa da Presidência. Também fez parte de conselhos do Ministério
da Educação e Cultura, do Instituto de Estudos Avançados da USP, do Cebrap e da Fundação Getúlio Vargas. Publicou cerca de seis
centenas de artigos. Escreveu 12 livros e organizou ou escreveu capítulos para outros 35. Dentre suas principais obras estão "Crise
Econômica e Transição Democrática" (1987), "Economia Global e Exclusão Social" (2001), "Ética e Poder na Sociedade da
Informação" (2001), "Tensões Contemporâneas entre o Público e o Privado" (2003), "Atores e Poderes na Nova Ordem Global"
(2005) e "O Mito do Progresso" (2006).
humanos, não podemos exercer um grande impacto no sistema ecológico do planeta.
Essa afirmação talvez fosse verdadeira no passado, porém, não é mais. O problema é
emergência planetária.
choque que trouxe a tona que a humanidade tem poder técnico para destruir toda a
poderosas que hoje somos capazes de exercer uma influência significativa em muitas
3 GORE, Albert Arnold Jr. (Washington ,1948) Vice-presidente do governo democrata americano Clinton de 1993 a 2001. Em
2000 concorreu à presidência dos Estados Unidos e perdeu, em uma eleição marcada por contagem polêmica dos votos, para
George W. Bush, apesar de ter tido mais votos populares, já que Bush obteve mais delegados no colégio eleitoral.Em 2006, lançou
“Uma verdade inconveniente”, documentário sobre mudanças climáticas, mais especificamente sobre o aquecimento global, o qual
se sagrou vencedor do oscar de melhor documentário em 2007. ecebeu o Nobel da Paz em 2007, junto com o Painel
Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU
4 - SACHS, Ignacy (Polônia, 19270) Chegou ao Brasil em 1941 como refugiado da Segunda Guerra. Permaneceu no país até
1954, onde se graduou em economia pela Faculdade de Ciências Econômicas e Políticas do Rio de Janeiro (hoje Cândido
Mendes). De volta à Polônia, trabalhou no Instituto de Relações Internacionais. De 1957 a 1960, esteve na Índia como funcionário
da embaixada polonesa, período em que realizou seu doutorado na Escola de Economia da Universidade de Delhi. Ao retornar à
Polônia, foi encarregado de criar um centro de pesquisas sobre economias dos países subdesenvolvidos, na Escola de
Planejamento e Estatística, em Varsóvia. É professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), França, na
qual ingressou em 1968. Na EHESS, fundou e co-dirige o Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo. Alguns dos seus
livros são "Extrativismo na Amazônia Brasileira: Perspectivas sobre o Desenvolvimento Regional" (1994) e "Estratégias de
Transição para o Século 21: Desenvolvimento e Meio Ambiente" (1993), "Rumo à Ecossocioeconomia — Teoria e Prática do
desenvolvimento (2007) e "A Terceira Margem" (2009).
2 - CORPORAÇÕES – Onde começar as mudanças
Dupas(2008) questiona como faremos para que haja uma mudança já que o
desejo pela propaganda global. O que podemos perceber é que esse problema pode
marca é essencial para empresas que projetam a longo prazo um crescimento para sua
com programas de marketing a longo dos anos é que os consumidores aprendem sobre
essas, e como elas podem ou não satisfazer suas necessidades. Através da formação
confiança
O branding segundo Keller pode ser definido como “conjunto de atividades que
competitivo”.(Keller, 2006, pág X). Branding não é entendido pelos seus defensores
o negócio que essa desenvolve. Segundo GELLI, hoje podemos perceber que as
marcas são as instituições mais poderosas do planeta. Isso define não somente que
elas detem um grande poder em suas mãos, mais que esse poder significa
branding: Estamos na era em que o consumidor ama as marcas. As marcas não estão
somente ligadas a sua cadeia produtiva e seu produto final, mas a relação de consumo
nos últimos anos foi alterada e o consumidor anseia muito mais do que somente o
produto.
GORE(2006) nos afirma que essa crise traz oportunidades sem predecentes. Em
entrevista, GELLI nos diz que os investimentos de sustentabilidade são a longo prazo,
prazo são coisas que terão que mudar não somente pelo conceito, mas por uma
expeculação por exemplo torna-se algo mais difícil de ser aplicado. O mercado hoje
esportivos nike, que lançou uma linha alternativa de seu tênis Air, com o conceito de
sustentabilidade, do qual o tênis era feito com materiais de re-uso, dentre outros
marcas como timberland, que não tem relação direta com o público da nike, o que
acabou por fazer uma contra campanha ao novo Nike. Os críticos o denominaram como
hobbits, no filme O Senhor dos Anéis. A marca teve que abandonar esse projeto,
lançando um novo tênis que era feito de matéria prima sustentável, mas que ainda era
um nike, que ainda possuía a mesma imagem de marca na mente dos críticos, e claro,
na mente do consumidor.
Contribuir com o meio ambiente é sim indispensável, mas não podemos deixar
marcas estão tentando se tornar verde pelo caminho mais curto – o que geralmente
acontece é a preocupação com a visão técnica – são contratados engenheiros que re-
mesmo caminho.
assim como outras diversas marcas, que levaram anos para conquistar seu espaço no
momento em que todas as marcas começam a discursar o mesmo texto, elas caem em
descrédito, e mesmo elas tendo razão, o consumidor para de acreditar no que é dito
pela marca, pois não é algo intrínseco a seus valores, mas um direcionamento igual ao
corretas, devemos entender também como a relação dessse consumidor foi alterada
em seus planejamentos, e esse pensamento verde deve ser exatamente igual a alma
GELLI nos mostra ao falar de branding 3.0, que o impacto causado pelas marcas, seja
ambiental, seja social, deve estar de acordo com as praticas da marca e o que
mercado.
marca, na força que já existe em sua estrutura. GELLI mostra que qualquer marca
possui valores que colam com esses paradigmas, pilares para o negócio de hoje para a
marca no futuro. Esses pilares não podem ser construídos em cima de pilares
desenvolvimento para o futuro, pois não devemos mais como gestores de marcas, de
forma ética, conceituar de forma solidária e sincrônica com a geração atual, mas
futuras.
3 - O modo errado de pensar verde
para problemas estruturais. Como uma associação entre a Shell e o WWF para plantio
não é possível plantar árvores no mesmo ritmo em que ela mesma contribui para a
poluição.
GELLI nos mostra que ao trabalhar com empresas de negócios diferentes, como
Natura e Nike, temos que perceber que independente da categoria ou área de atuação,
elas precisam “descolar-se” dos nichos, descolar da “naturebisse” que é pregada hoje.
produtos “eco”, todos eles terão que encontrar esse caminho, encaixar nesse novo
SACHS completa que, o que hoje é recurso, ontem não era, e alguns dos
recursos dos quais somos dependentes hoje, serão descartados amanhã; Assim
Branding 3.0, temos o produto Natura Ecos 3.0, do qual foram potencializados valores.
A grande importância é investir nesses valores, que já estão intrínsecos nos produtos.
Uma outra grande referência é a rede de supermercados Wall Mart, que investir
stakeholders como Coca Cola a oferecer opções sustentáveis para os clientes que vão
à suas lojas.
Segundo SACHS(2008) Invenção é a palavra certa, pois a necessidade hoje é
preocupação com o meio ambiente, temos também problemas sociais, culturais que
verdes.
COMO PENSAR BRANDING 3.0
Temos em comum um ponto que nos faz pensar como deverá ser a evolução do
homem e sua relação com o ambiente, e assim aplicar isso na gestão de marca e nos
produtos da biomassa para sua vida material: alimentos, ração anima, combustível,
fibras para roupas, construções de abrigos, tudo feito de modo criativo baseado no
observações e críticas, Marx percebeu que junto com a evolução industrial surgiu uma
população que se amontoava nas grandes cidades, uma falha irreparável no processo
arruinava o poder de trabalho, assim como a agricultura de larga escala exauria o solo,
havia uma falha metabólica entre o homem e a terra, por meio do roubo de seus
Marx havia acabado depois da produção capitalista, pois essa “volta-se para a terra só
depois que esta foi exaurida pela sua influência e depois eu suas qualidades naturais
Rotundo apud DUPAS (2006) formulou um estudo sobre uma perspectiva sobre
micro e o macro ambiente, que seria os elementos da natureza e sua própria casa, o
respeito e uma cosmopolítica onde visa sempre o equilíbrio entre as partes, tudo
moldado sobre o que ele nomeia como Biopoder da Abundância, desde a origem,
contexto é algo inimaginável, pois não existe consumo excessivo, excitação excessiva
de crise ambiental.
atuação humana é equivalente a uma erva daninha que domina, mas de forma
interdependência com mais de cinqüenta por cento de toda a vida marinha; da mesma
forma, o designer nos propõe a relação desses corais com a semelhança das
metrópoles, onde cinqüenta por cento da população mundial está sobre apenas dois
dessas instituições, e conseqüentemente nosso futuro, fazendo com que dentro das
marcas, sua essência tornará essa adaptabilidade em um novo caráter, agora único.
Conseqüências por utilizar por exemplo fontes não renováveis de energia serão
sentidas independentemente das ações que são propostas, mas somar o valor das
diferenciada para não somente minimizar esses impactos, mas mobilizar muito mais o
consumidor em busca dessa verdadeira imagem responsável de marca, pois não mais
sustentabilidade não caiam como uma maquiagem para a imagem da marca, ou como
GELLI diz, uma camiseta que não sirva a marca, mas que inclua os valores e conceitos
O design é sim um dos agentes que tem contribuido para o desequilíbrio global,
obsolescência programada, da qual o produto tem seu prazo de duração pouco maior
produtos que não precisam ir para a gaveta. Isso tem que mudar. “O grande desafio do
uma nova visão do design está surgindo, o design thinking. Segundo o cientista Donald
de criar valor, porque se algo não foi feito é porque ainda não pensaram em uma forma
criativa de faze-lo.
de gestão atuais que é necessário: Não só um conhecimento holístico, mas uma forma
de nexialismo entre as áreas para que desenvolvam-se novos conhecimentos, como o
Branding 3.0
Referências
Branding 3.0
Disponível em: http://www.branding30.com.br/ - acesso em 10/11/2009
GELLI, Fred. Branding 3.0, Entrevista Concedida à Pedro Passos, São Paulo,
18/11/2009.
KELLER, Kevin Lane. Gestão Estratégica de Marcas, São Paulo, Pearson Prentice
Hall, 2006.
PORTO, Edson. Inteligência, Época Negócios, ed. 33, pág. 116, São Paulo, Editora
Globo. Nov 2009.