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Diário do Comércio 30 de novembro de 2009

A JUSTIÇA ADORMECIDA

*José Eduardo Pastore

Um dos maiores pensadores do século passado, Carl Gustav Jung, dizia


que: quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda.

É hora de todos se darem conta, de acordarem, para o que está


acontecendo. Não é possível continuarmos tapando o sol com a peneira,
acreditando que a coisa se resolve não vendo mais o sol.

Vamos aos fatos.

Todos sabem que a Justiça do Trabalho é feita para proteger o


trabalhador. Historicamente, é o que ela vem fazendo até os dias de hoje.

A força que norteia essa justiça especializada é construída sobre a


seguinte premissa: se o trabalhador é a parte mais fraca da relação Capital X
Trabalho, então alguém deve proteger o “desprotegido” – e esse alguém é a
Justiça do Trabalho.

Esse trabalhador é considerado absolutamente “desprotegido”,


chegando perto da figura do “absolutamente incapaz”, quase que possuidor de
uma deficiência mental e que se chama, para o direito, hipossuficiente.

Posto isso, então questiona-se: será que esta realidade, da


hipossuficiência do trabalhador, não poderia ser também considerada para a
empresa?

Mais ainda, será que existe, perante o Juiz do Trabalho, somente uma
pessoa hipossuficiente?

Indo além, será que o Juiz do Trabalho pode transformar uma empresa
em pessoa jurídica hipossuficiente, com as características iguais às do
trabalhador? Acreditamos que sim. E como isso pode acontecer? Vejam o
exemplo que se segue.

Juízes do Trabalho podem penhorar, por meio de seu computador, a


conta de qualquer empresa que possua uma ação trabalhista. Trata-se de uma
prática cada vez mais utilizada pelos magistrados para garantir que o
trabalhador receba o que lhe é direito, no caso de ação trabalhista procedente.
Este procedimento é vulgarmente chamado de penhora on line.

Até aí tudo certo. Não se negue que penhora de contas correntes de


empresa pelo computador, principalmente das más pagadoras, são mais
rápidas e eficazes.

Tudo estaria certo se alguns Juízes do Trabalho, diante de uma ação


trabalhista, não estivessem penhorando todas as contas da empresa de uma só
vez. E isso decorre do fato de que o Juiz do Trabalho, por conta do sigilo
bancário, não pode vascular as contas das empresas para saber se tem dinheiro
depositado. A penhora on line desse tipo se chama penhora excessiva.

Assim, com um simples clic, o empresário pode ter todas as suas contas
bloqueadas. Caso deseje desbloquear as mesmas, os advogadas dessas
empresas têm que correr, comunicando o problema para a Secretaria da Vara
do Trabalho.

Em que velocidade você, leitor, imagina que essas contas são


bloqueadas, e em que velocidade são desbloqueadas? Vê-se daí o tamanho do
estrago.

Esse fato tem levado muitas empresas à falência. Afinal, até conseguir
desbloquear as contas, já quebraram.

Com a atitude impensada de alguns magistrados trabalhistas, está


havendo não só a penhora do valor que o trabalhador deveria receber, o que
seria justo, mas também a penhora da própria empresa. É possível penhorar-se
uma empresa? Infelizmente, hoje, sim.

Diante do que foi exposto, coloca-se a pergunta: ao penhorar todas as


contas de determinada corporação, o Juiz do Trabalho não a transforma
também em hipossuficiente? Não estaria a empresa nesse ato se tornando a
parte economicamente mais fraca? Então, não estaríamos presenciando o
princípio da hipossuficiência da própria empresa?

É certo que o juiz, para proteger um trabalhador destrua o emprego de


centenas de outros? E como fica o interesse coletivo dos empregados que não
têm nada a ver com o caso, mas ficam impossibilitados de receber salário
porque a empresa onde trabalham teve todas as contas bloqueadas?

A “parte economicamente mais fraca”, nos fatos acima narrados, é uma


presunção relativa, visto que empresa pode também se tornar hipossuficiente,
do dia para a noite.

Se o Direito do Trabalho só pensa em defender os interesses do


empregado, quem olha para a companhia nesta hora? A empresa também não
é constituída pelo conjunto de trabalhadores? Afinal, o empresário também
não é um trabalhador, só que de tipo diferente, que dá emprego a outros
trabalhadores?

Que se atente a sociedade para o que está acontecendo. Que atentem,


ainda mais, as entidades de representação de classe empresariais. Se
permanecerem quietas, então que não reclamem depois.

Outro ditado diz que: a justiça é cega.

Se é cega mesmo, então estamos perdidos, porque sequer terá a


oportunidade de olhar para fora, muito menos para dentro, a fim de acordar
para a realidade.

E se realmente a Justiça do Trabalho continuar cega, então oremos,


porque um clic de computador pode significar um clic no coração, matando
muitas empresas, tão hipossuficientes como são muitos trabalhadores.

Acorda Justiça!

* José Eduardo Pastore é advogado especialista em Direito do Trabalho e


Direito Associativo e Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP.
É assessor jurídico da Federação das Associações Comerciais do Estado de
São Paulo.
Eduardo Pastore
Pastore Advogados
www.pastoreadvogados.com.br
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