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Este documento discute a constituição do pensamento histórico segundo Jörn Rüsen. Rüsen argumenta que o pensamento histórico está relacionado à administração da experiência temporal e fornece uma orientação cultural ao lidar com a contingência da vida. Ele classifica o pensamento histórico em três tipos e defende que a ciência histórica aprimora a racionalidade ao atualizar critérios de verdade histórica de forma metódica.
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Titlu original
A Constituição Do Pensamento Histórico Em Jörn Rüsen
Este documento discute a constituição do pensamento histórico segundo Jörn Rüsen. Rüsen argumenta que o pensamento histórico está relacionado à administração da experiência temporal e fornece uma orientação cultural ao lidar com a contingência da vida. Ele classifica o pensamento histórico em três tipos e defende que a ciência histórica aprimora a racionalidade ao atualizar critérios de verdade histórica de forma metódica.
Este documento discute a constituição do pensamento histórico segundo Jörn Rüsen. Rüsen argumenta que o pensamento histórico está relacionado à administração da experiência temporal e fornece uma orientação cultural ao lidar com a contingência da vida. Ele classifica o pensamento histórico em três tipos e defende que a ciência histórica aprimora a racionalidade ao atualizar critérios de verdade histórica de forma metódica.
Universidade Federal de Gois Goinia, Gois, Brasil krisleyrv@hotmail.com
Resumo: A investigao, explicitao e interpretao de princpios comuns aos estudos histricos em todas as suas variaes de suma importncia para tentarmos compreender a Histria e a tarefa do historiador. E, para fazer tal anlise devemos ir para alm das relaes pr-estabelecidas, e analisar a constituio de sentidos. Segundo Jrn Rsen o pensamento histrico salienta a relao entre tempo, histria e sentido. Pensar historicamente abrir possibilidade para conceber com outra dimenso cultural o mundo natural. Certa parte da temporalidade que inerente aos processos do dia-a-dia, no que diz respeito a tomar decises, trazida a conhecimento por meio do pensamento histrico, e esse procedimento amplia significativamente a orientao que a cultura disponibiliza ao agir e sofrer do homem. Palavras-Chave: Pensamento; Racionalidade; Constituio.
O pensamento histrico
O presente trabalho em exposio tem como objetivo apresentar a constituio do pensamento histrico em Jrn Rsen. Primeiramente, para fazer tal anlise,
1 Graduanda em Histria pela Universidade Federal de Gois Anais do III Simpsio Nacional de Histria da UEG / Ipor Gois / Agosto/2013 | 399
apontaremos com embasamento em sua obra Razo Histrica (2001), porque o conhecimento histrico toma um modo cientifico e especfico e porque sua constituio cientfica se d por meio de uma estrutura de pensamento. Antes de tudo, devemos deixar claro, que aqui, entendemos a histria como um campo de aplicao do conhecimento histrico, ou seja, a histria sendo entendida como o objeto prprio do pensamento histrico em seu modo cientfico, especificamente. Para Rsen, o pensamento visto como cientifico. E a Histria como cincia deve ser vista como uma realizao particular do pensamento histrico que est inserido em fundamentos da vida corrente. O agir um modo corriqueiro na vida humana, o homem est em um ininterrupto processo de interpretao do mundo e de si. O pensamento histrico mantm relao com a administrao da experincia temporal, uma inter-relao entre as intenes do futuro e as experincias do passado: Para agirem e sofrerem de acordo com intenes formadas a partir das representaes que cultivam acerca da natureza e do mundo social, os seres humanos sempre esto diante de carncias existenciais de orientao cultural. Para Rsen, o pensamento histrico surge precisamente em resposta a essas carncias. (ASSIS, p. 15) De acordo com Rsen, no pensamento histrico h outro tipo de orientao que transcende a tradio. Que seria uma forma especifica cultural de orientao que se liga a gesto da experincia temporal da contingncia. Contingncia essa, que uma das formas mais inquietantes e corriqueiras da vida humana. Logo, esse outro tipo de posio do pensamento histrico para alm da tradio, surgi como uma forma especifica de orientao da subjetividade humana ao mesmo passo que multiplica os recursos da contingncia. Quando h uma transformao do pensamento histrico no mbito intelectual, de tempo para sentido h uma ampliao substantiva da cultura. Rsen aponta uma interdependncia entre fatores do pensamento histrico, cinco especificamente, no constructo de um dinmico sistema, no qual um fator vai de encontro ao outro, at que, no fim, o quinto volta ao primeiro. Esses fatores, segundo ele, so etapas de um processo de orientao do homem no tempo, mediante o pensamento histrico. (2001, p. 35). Em princpio, trata-se de fatores presentes em todo pensamento histrico (ainda mais quando se pensa em termos de mtodo, de uma forma geral e ampla), mas, quando aliados a matriz disciplinar da cincia da histria, esses fatores adquirem certa especificidade, que nos permite ver o pensamento histrico constitudo de forma cientfica do pensamento histrico comum. A importncia desses fatores consiste em 400| OLIVEIRA, K. A./ A Constituio Do Pensamento Histrico Em Jrn Rsen / p. 398-407
esclarecer o contexto em que a vida cotidiana dos homens e a cincia da histria esto inseridas o tempo; e reconhecer que a histria enquanto cincia auxilia para as mudanas na vida prtica dos homens no tempo. H uma carncia de orientao quando se confronta tradio e pensamento histrico, e tambm quando comparamos diferentes pensamentos histricos. Para Arthur Assis, professor de teoria e metodologia da histria na Universidade de Braslia, e, estudioso da obra de Rsen, em seu livro A teoria da histria de Jrn Rsen: uma introduo, aponta que Rsen desenvolve o argumento de que a cincia da histria, no sentido de uma modalidade mais sofisticada do pensamento histrico, est relacionada com uma segunda ampliao do campo da cultura. Sendo assim, o pensamento histrico, se realizado de forma cientificamente, aprimora a racionalidade que j o faz diferente da tradio. Logo, a cincia histrica como modalidade do pensamento histrico tem a finalidade de constituir sentido, desempenhando funes de orientao cultural. Rsen classifica o pensamento histrico em trs tipos distintos de pertinncia: a emprica, a normativa e a narrativa. Ao que se refere pertinncia emprica, diz respeito propriedade da relao entre pensamento histrico e experincia do passado. A pertinncia normativa refere-se relao do pensamento histrico e as normas e significados do contexto de produo e recepo de determinada narrativa histrica. E, por fim, a pertinncia narrativa tem relao com a plausibilidade do sentido das histrias, e a relao entre as intenes de futuro e as experincias passadas reconstitudos nas narrativas histricas. Tema ao qual no abordaremos de forma profunda aqui a questo da narrativa histrica, sabendo claro, que est intrinsecamente ligada a questo da fundamentao do pensamento histrico. Todo pensamento histrico atualiza os critrios gerais e universais do que se entende por verdade histrica. E, a cincia histrica executa essa atualizao submetendo as pertinncias emprica, normativa e narrativa a requisitos metdicos especficos. E, isso transforma as relaes entre pensamento histrico e experincias. Segundo Arthur, Rsen aponta que todo conhecimento histrico pode ser superado, tanto em questes culturais, quanto ao contedo normativo, que estar sempre sujeito a transformaes das normas e significados culturais. Ao favorecer determinadas interpretaes do mundo sujeitas a complementaes, crticas e s superaes por outras interpretaes feitas, a cincia da histria faz com que ampliem-se as oportunidades de consenso intercultural. A Anais do III Simpsio Nacional de Histria da UEG / Ipor Gois / Agosto/2013 | 401
objetividade da cincia histrica corresponde a essa abertura das interpretaes histricas para a possibilidade da crtica e da refutao. O conhecimento histrico um modo particular de um processo amplo do pensamento humano, por isso, devemos retirar o produto cognitivo especificamente histrico, tudo aquilo que for prprio de sua particularidade cientfica. Com o que se colhe desse resultado, teremos como grandeza genrica e elementar do pensamento histrico, a conscincia histrica. E, para Rsen, a conscincia histrica o ponto de partida para compreender o que histria enquanto cincia, e, porque ela necessria. Rsen faz a anlise de conscincia histrica enquanto o que chama de fenmeno do mundo vital, ou seja, uma forma de conscincia humana que est inter-relacionada com os atos da vida humana na prtica. isso que se entende por conscincia histrica, a sntese das operaes mentais que os homens utilizam para interpretar as experincias da evoluo temporal do mundo que o cerca e de si mesmo, de maneira que isso possa orient-lo de forma prtica e intencional. E, embasado nessa argumentao, que Rsen segue a tese de que os homens devem agir intencionalmente para viver, e que essa mesma intencionalidade o define como um ser que deve ir alm. A conscincia histrica est fundada nessa ambivalncia antropolgica: o homem s pode viver no mundo, isto , s consegue relacionar-se com a natureza, com os demais homens e consigo mesmo se no tomar o mundo e a si mesmo como dados puros, mas sim interpret-los em funo das suas intenes de sua ao e paixo, em que se representa algo que no so. Com outras palavras: o agir um procedimento tpico na vida humana na medida em que, nele, o homem, com os objetivos que busca na ao, em principio se transpe sempre para alem do que ele e seu mundo so a cada momento. (RSEN, p. 57) Ainda como aponta Keith Jenkins, em A histria repensada, o passado e a histria no so a mesma coisa, no esto um ligado ao outro de forma a qual possamos ter somente uma leitura histrica do passado. Um existe livre do outro, esto distantes entre si no tempo e no espao, o mesmo objeto de investigao pode ser interpretado de formas diferentes, existem diferentes leituras interpretativas. O passado j ficou, a histria o que os historiadores fazem com ele quando colocam as mos a obra. Aponta que a fragilidade epistemolgica permite que as interpretaes dos historiadores sejam multplices, pois h um passado e vrios historiadores, com referncia a isso abre discusso para quatro pontos que pensar serem importantes. 1- Nenhum historiador consegue abarcar todo o passado, o contedo de tudo o ocorreu praticamente ilimitado; 2- Nenhum relato consegue descrever o passado tal qual ele ; 402| OLIVEIRA, K. A./ A Constituio Do Pensamento Histrico Em Jrn Rsen / p. 398-407
3- No importa o quo aceitvel e verificvel seja a histria, ela um constructo pessoal, uma manifestao da perspectiva do historiador como narrador; 4- No entanto, graas a essa possibilidade de ver os fatos em retrospecto, de certo modo sabemos mais sobre o passado do que as pessoas que l viveram. Os valores e significados das experincias do passado tem grande relao com o horizonte atual de vida do homem. Rsen utiliza o termo tradio para fazer referncia aos setores de experincias atuais que mantm estreita relao com o passado. Assim como aponta Johann Gustav Droysen, os restos de passado no presente no so somente resduos de atos de vontades individuais. Quanto ao que expe acerca do que seria tradio, para Rsen uma forma de orientao cultural, onde o passado ainda no tomado como tal. No que diz respeito temporalidade das tradies, o passado, de certa forma, ainda no passou. Com isso, no existe uma linha de diferenciao entre passado e presente. No sistema da tradio, o passado est sempre presente, e, o presente por conseguinte necessita de historicidade. O tempo, se torna assim, como disse Assis, o ontem eterno. (2010, p. 22) Ocorre somente com a historicizao do homem com o tempo, o que podemos chamar e identificar como passados os setores de experincia que so de relevncia da perspectiva do mundo histrico atual. Falando com outras palavras, o passado deixa de estar presente somente quando ocorre a historicizao do homem no tempo. Aponta ainda Rsen que, quando essa historicizao no ocorre, a vida corrente constantemente assombrada pelas experincias do passado. No mais, somente com a diferenciao do modo de pensar o passado, por meio das narrativas histricas, que ocorre o que j citamos acima, a despresentificao do passado. No entanto o homem pode tornar-se consciente do vnculo de indissociabilidade entre passado e presente, e tambm, consequentemente, futuro. Isso acontece graas ao que nos debruamos a escrever aqui desde o princpio: o pensamento histrico. De acordo com Rsen, somente o pensamento histrico pode revelar que o presente resultado de um trabalho cultural acumulado ao longo da cadeia das geraes humanas, consolidando o passado, no quadro geral do entendimento humano, como uma instncia temporal especfica. Rsen aponta que o pensamento histrico possibilita a descoberta de segmentos do passado que, no fossem as narrativas histricas, estariam apenas inconscientemente presentes nas tradies. (ASSIS, p. 23)
A transformao de passado em histria, segundo o que diz Rsen, mediada por significados, normas e valores que compem determinado grupo em uma determinada poca. Sendo assim, um olhar especificamente histrico sobre o passado s Anais do III Simpsio Nacional de Histria da UEG / Ipor Gois / Agosto/2013 | 403
concretizado quando as experincias do passado possuem ou adquirem algum significado para o presente. O pensamento histrico, segundo Collingwood, existe em relao a alguma coisa que no est no presente momento, portanto, ele nunca pode ser um isto. Os objetos abordados so eventos que j aconteceram, no passado e em condies que j no mais existem, apenas quando tais objetos j no so mais perceptveis que se pode dizer que isso um pensamento histrico.
A teoria da histria em relao constituio do pensamento histrico
Para Rsen, o que pretende uma teoria da histria na perspectiva da razo histrica? A busca da racionalidade deve ser colocada em evidncia, uma vez que, nela se encontra a origem de todo o pensamento histrico. Quando falamos em uma teoria da histria, apontamos justamente a pretenso de racionalidade da cincia da histria, ou seja, o processo que consiste na investigao das estruturas de determinado contedo, que visa dadas determinaes racionais manifestas. Ela voltada para as fundamentaes da cincia da histria, que esto sempre presentes e, j pressupostas na pesquisa e quando se escreve a histria com base nessa mesma pesquisa. Tem, alm disso, a funo de evidenciar como nessa fundamentao histrica, existe a pretenso de demonstrar a racionalidade. Constitui-se no mbito de um pensamento histrico que no objeto direto da pesquisa histrica, mas, diante de determinadas organizaes do pensamento histrico, se colocam a condies da pesquisa, objetivando esclarecer os pressupostos que determinam o pensamento histrico-cientfico. Segundo Rsen, ento com base nessa argumentao que a teoria da histria visa explicar tanto os pressupostos aos quais se baseiam a pretenso de racionalidade da cincia da histria, quanto s razes que so utilizadas para admiti-la. Com a anlise dos fundamentos da cincia da histria, a teoria da histria coloca em evidncia alguns aspectos em suas anlises tericas, que permaneceriam na escurido de certas obviedades, e, se pretendem chegar racionalidade, essas obviedades se tornam problemas e devem ser solucionados. A fundamentao da histria, no faz com que a teoria da histria assuma um papel de tutora da pesquisa histrica: 404| OLIVEIRA, K. A./ A Constituio Do Pensamento Histrico Em Jrn Rsen / p. 398-407
A investigao terica dos fundamentos da cincia da histria no significa a elaborao desses fundamentos como uma teoria, de tal maneira que a histria somente seria possvel e praticvel como cincia quando os tericos da histria lhe abrissem o sinal verde, fornecendo uma teoria da histria. (...) Ao contrrio, a teoria da histria tem por objetivo analisar o que sempre foi a base do pensamento histrico em sua verso cientfica e que, sem a explicitao e a explicao por ela oferecidas, nunca passaria de pressupostos e de fundamentos implcitos. (RSEN, p. 14) Conforme o pensamento histrico vai sendo fundamentado racionalmente, abre- se a possibilidade de uma crtica racional, com a teoria da histria, esse pensamento tem uma possibilidade maior de fundamentar-se e criticar-se. Sendo assim, para Rsen, a teoria da histria uma metateoria 2 da cincia da histria. No so todas as formas metateoricas da cincia da histria, que constituem, de toda forma, uma teoria da histria. E possvel que se trate (meta)teoricamente de diversas maneiras e com diferentes objetivos a cincia da histria. Tanto possvel elaborar uma teoria que seja externa a prxis da pesquisa histrica, quanto conceber uma teoria que seja relevante para o prprio conhecimento histrico, com isso, a cincia histrica investigada como fator da prpria histria, logo, um objeto de pesquisa e sujeito do pensamento histrico ao mesmo tempo.
As tarefas da teoria da histria para a fundamentao do pensamento histrico-cientfico
O que Rsen faz quando se debrua a analisar o papel da Teoria da Histria em relao ao pensamento histrico, apontar que a teoria no atende diretamente a pesquisa emprica, o que ela faz examinar a prpria pesquisa e o que e as teorias utilizadas por ela fazem para que se alcance o resultado obtido. A pesquisa emprica ento segue pensando em si mesma e se guiando por consideraes tericas, porque h nela uma pretenso de cientificidade da cincia da histria: Independentemente de como venha a se definir cincia, um pensamento cientfico sempre um pensamento bem fundamentado. Pensar de forma bem fundamentada requer conhecer as regras e os princpios desse pensar, ou seja: um conhecimento que no se constituiria sem a reflexo do pensamento sobre si mesmo. A racionalidade que um pensamento histrico reivindica, ao proceder cientificamente, implica, pois, um saber metaterico, reflexivo, no estilo da teoria da histria. Essa reivindicao jamais poderia ser formulada
2 Entendemos aqui Metateoria, de acordo com o que Rsen explicita em sua obra, ou seja, uma teoria da cincia histrica vai para alm da prxis e pode evidenciar pensamentos cognitivos, e, os pensamentos que so desenvolvidos dessa forma, so reflexes. A prxis dos historiadores vai alm do agir prtico, com isso metateoria uma teoria reflexiva da teoria da histria para pensar o pensamento histrico embasado no mbito da racionalidade. (2001, p. 15) Anais do III Simpsio Nacional de Histria da UEG / Ipor Gois / Agosto/2013 | 405
sem a devida investigao dos fundamentos do pensamento histrico (RSEN, p.17) Rsen aponta duas tarefas da teoria da histria, que hoje so impostas. Primeira tarefa , a delimitao com rigor e conscincia das formas de pensar prprias da teoria da histria, pois o termo teoria com ser muito abrangente, acaba por abarcar uma gama muito vasta de argumentaes muito heterogneas, que veem de diversos campos e com vrias superposies interdisciplinares. Logo, apontado que falta ento uma sistematizao que possibilite ver dentro da teoria da histria um campo de conhecimento com limites prprios. No entanto, ao longo da discusso, Rsen faz questo de ressaltar que o objetivo por ele no a produo de uma exaustiva tese acerca das questes sistemticas abordadas, mas sim a proposio de elementos que tolerem explicitar o contexto onde so encontrados os principais problemas da teoria da histria. Por conta do ponto levantado anteriormente, a segunda tarefa est intimamente ligada a ele, porque as diferentes formas de argumentao referidas, devem estar inseridas em um lugar consistente de problema e argumentao, quando a mesma j possuir um lugar claro, e de mesmo peso que sua funo no mbito do pensamento histrico. E, essa funo, deve demonstrar que a teoria da histria uma reflexo especfica do pensamento histrico, onde existe a tenso entre reflexo e realizao prtica do pensamento histrico. No entanto, sabemos que determinar a funo da teoria da histria, no pode ser feito sem que corramos alguns riscos. Delimitar de forma sistemtica o objeto da teoria da histria leva a uma viso que globalizante, que geralmente tende a privilegiar os grandes contextos, em descaminho aos pormenores. Com isso, necessrio uma reflexo minuciosa entre esses dois extremos. Os princpios do pensamento histrico, que determinam a histria enquanto cincia, no podem ser totalmente recuperados pela historiografia. Percebemos ento, que para Rsen, o pensamento histrico fornece, com suas potencialidades racionais no mbito cientfico, mais orientaes no tempo que os processos da vida prtica social conseguem absorver. O modelo de objetividade do conhecimento histrico exige da disciplina sensibilidade ao tratar da carncia de orientao de seu tempo. E, a cincia da histria, se ignorasse a carncia de orientao de seu tempo, enfraqueceria a validade da objetividade. 406| OLIVEIRA, K. A./ A Constituio Do Pensamento Histrico Em Jrn Rsen / p. 398-407
Portanto, utiliza-se da narrativa para fazer com que o passado vire presente, com o intuito de dar sentido a si e ao mundo, e, o pensamento histrico, obedece por princpio, lgica da narrativa. A busca da histria como conhecimento do passado, utiliza-se da argumentao (uma vez que Rsen entende por argumento, aquilo que produz justificabilidade e aceitao) e razo (razo no sentido da produo sistemtica, uma busca de sentido, significado e direo), razo essa que tem por objetivo demonstrar os argumentos que podem ser apresentados para que a histria se configure como cincia, no bastando fazer a anlise de categorias, mas sim de como determinadas categorias se conectam a outras e se estabelecem em determinado momento, mediante diretrizes de interpretao histrica, que so estruturas conceituais que servem para orientar o olhar histrico sobre o que j passou, dando origem a exposio de significados e experincias, que por conseguinte vo chegar ao resultado final do pensamento histrico. Tendo em vista que um elemento que age como determinante no pensamento histrico so as perspectivas, pois elas determinam a percepo de determinadas experincias, como experincias histricas. Sendo assim, um componente fundamental na constituio do pensamento histrico cognitivo. Portanto, quando se encontra com um horizonte de experincia que age no presente, o pensamento histrico se referencia temporalmente, e, com isso, as experincias do passado e as expectativas que se tem do futuro recebem valorao, e quando isso ocorre os pressupostos terico-metodolgicos das respectivas pesquisas se voltam para a construo do discurso histrico. A mudana temporal reconstituda temporalmente atribuiu significao e interpretao para os processos de evoluo no tempo nos quais vivem os sujeitos das narrativas, ou seja, no prprio processo de comunio no qual a narrativa se d.
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Anais do III Simpsio Nacional de Histria da UEG / Ipor Gois / Agosto/2013 | 407
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