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“A pena pecuniária é uma diminuição da riqueza, aplicada por lei, como castigo de um delito”
(Francesco Carrara).
A pena de multa, uma modalidade de prestação pecuniária, surgiu em períodos bíblicos. Naquela
época ela tinha claro objetivo indenizatório, de composição de perdas e danos nos moldes da
reparação civil atual. Na Roma antiga, persistiu com a mesma natureza indenizatória, típica da
vingança privada, mantendo esse mesmo caráter e ampla utilização na antiguidade e na alta idade
média, sendo depois substituída pelas penas corporais, culminando com as penas privativas de
liberdade. Durante este período a pena pecuniária teve existência secundária. No final do século 19,
como conseqüência da luta contra as penas privativas de liberdade de curta duração, ressurgiu com
plena força as penas pecuniárias.
O que diferia a pena de multa das outras penas pecuniárias era o seguinte:
O critério utilizado pelo direito brasileiro para o estabelecimento da multa é o do dia-multa, levando
em consideração o rendimento auferido pelo condenado durante um mês, dividindo-se por 30. O
resultado equivale ao dia-multa. Leva-se em consideração não só o seu salário, mas toda e qualquer
renda, inclusive de bens e capitais apurados na data do fato.
Existe alguma dificuldade para se encontrar o número de dias-multa a ser estabelecido, existindo três
posicionamentos:
4) Deve-se levar em conta a capacidade econômica do condenado. Quanto mais rico maior
o número de dias fixados (art. 60).
5) Deve-se utilizar o mesmo critério para a fixação da pena definitiva, com as três fases.
6) É fixado de acordo com a culpabilidade do agente, mas levando-se em consideração
apenas as circunstâncias judiciais do art. 59.
Existe discussão, mas o posicionamento mais válido é que o valor a ser pago deve ser atualizado
desde a data do fato. É a posição do STJ.
Com a modificação implementada pela Lei n. 9.268/96 que deu nova redação ao art. 51 do CP e
passou a proibir a conversão da multa em detenção surgiram discussões acerca da natureza da multa.
a) Paga alguns, capitaneados pelo Prof. Damásio, a cobrança da multa deve ser promovida pela
Fazenda Pública e a obrigação não se transmite aos herdeiros. As causas suspensivas e
interruptivas da prescrição e a forma de cobrança passam a ser aquelas discriminadas na
legislação tributária.
b) Para o Ministério Público de São Paulo só ocorreram duas mudanças: a multa não pode ser mais
convertida em detenção e as causas interruptivas e suspensivas da prescrição passa a ser as da
legislação tributária. No mais, a atribuição para a cobrança é do Ministério Público, a
competência permanece com o Juiz das execuções criminais e o prazo prescricional é o previsto
no art. 114 do CP.
Existe discussão acerca da conversão das outras penas pecuniárias diversas da multa. O Prof. César
Roberto Bitencourt sustenta que todas as penas pecuniárias não podem ser mais convertidas em
prisão e outros, como o Prof. Fernando Capez etc, entendem que a proibição é apenas em relação à
multa não atingindo as demais penas pecuniárias.
Se para o delito houver previsão de pena privativa de liberdade e multa, é possível a substituição da
pena privativa de liberdade por multa. No entanto, a multa derivada da substituição não faz
desaparecer a outra multa, cumulando-as.