Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
De acordo com o art. 110 da LEP, o Juiz deverá estabelecer na sentença o regime inicial de cumprimento da
pena, com observância do art. 33 do CP, que estabelece a distinção quanto a pena de reclusão e detenção.
São as seguintes:
A jurisprudência tem entendido que, na ausência de vagas no regime semi-aberto, o condenado deve aguardar a
vaga no regime fechado. O STJ, entretanto, já decidiu de forma contrária entendendo ser problema atribuível
ao Estado não podendo o condenado responder pela ineficiência do Poder Público.
O preso do regime semi-aberto tem direito, com autorização judicial, à saída temporária da colônia com
finalidade de visitar familiares, freqüentar cursos ou participar de outras atividades relevantes para sua
ressocialização por prazo não superior a 7 dias, renovável 4 vezes por ano (arts. 12, 123 e 124 da LEP).
Baseia-se na autodisciplina e no senso de responsabilidade do condenado (art. 36), uma vez que permanecerá
fora do estabelecimento e sem vigilância para trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada e,
durante o período noturno e dias de folga, deverá recolher-se à prisão-albergue.
Nos termos do art. 117 da LEP, tratando-se de pessoa maior de 70 anos, pessoa com doença grave, com filho
menor ou doente mental ou condenada gestante, excepcionalmente o sentenciado pode cumprir o regime aberto
em prisão-albergue domiciliar, circunstância em que deverá recolher-se em sua casa durante o período noturno e
dias de folga.
A jurisprudência tem admitido prisão domiciliar fora dos casos do art. 117 quando não existe na comarca
albergue no qual o sentenciado possa recolher-se.
PRISÃO DOMICILIAR: O regime aberto deve ser cumprido em prisão albergue, prisão com estabelecimento
adequado e prisão domiciliar (arts. 33 §1º, “c”, CPB e art. 117 da LEP). Assim, é forçoso concluir que a prisão
domiciliar é uma espécie do gênero aberto e, como exceção, exige a presença de mais requisitos para sua
concessão.
Somente é admissível o regime semi-aberto ou aberto, devendo a pena ser cumprida em estabelecimento especial
ou de prisão comum, sem rigor penitenciário. Neste caso, nem mesmo a regressão pode levar o condenado ao
regime fechado.
2
PROGRESSÃO DE REGIME (art. 33, §2º).
As penas privativas de liberdade devem ser executadas de forma progressiva, de acordo com o mérito do
condenado. Assim, o condenado poderá gradativamente passar de um regime mais rigoroso para mais brandos,
desde que preenchidos os requisitos legais, a fim de estimular e possibilitar a ressocialização.
Para a progressão do regime fechado para o semi-aberto, o condenado deverá ter cumprido no mínimo 1/6 da
pena imposta na sentença ou do total de penas, em caso de várias execuções. Deve ter demonstrado bom
comportamento carcerário.
Para a progressão do regime semi-aberto para o aberto, é necessário o cumprimento de 1/6 do restante da pena –
caso tenha advindo do regime fechado – ou do total da pena, quando tenha iniciado no semi-aberto. Além disso,
exige-se que o reeducando aceite as condições do programa da prisão-albergue, as condições impostas pelo Juiz,
que esteja trabalhando ou comprove a possibilidade de fazê-lo imediatamente e, por fim, que seus antecedentes e
os exames a que se tenha submetido indiquem que irá ajustar-se ao regime aberto observando a autodisciplina e
senso de responsabilidade.
Para a progressão de regime, a oitiva do Ministério Público é imprescindível, sob pena de nulidade.
A Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) estabelece que os crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes, o
terrorismo e a tortura devem ser cumpridos integralmente em regime fechado vedando, portanto, a progressão.
No entanto, o art. 1º, §7º da Lei n. 9.455/97 permitiu a progressão de regime para o crime de tortura,
modificando, neste tópico, a Lei n. 8.072/90. Comentar sobre a discussão doutrinária e jurisprudencial.
Em caso de preso provisório, como não se trata de cumprimento de pena a progressão não é admissível a
progressão. O STF, entretanto, entende ser possível a progressão desde que a sentença condenatória tenha
transitado em julgado para a acusação e presentes os requisitos para a progressão.
REGRESSÃO DE REGIME.
É a transferência do condenado para qualquer dos regimes mais rigorosos, nas hipóteses previstas em lei.
a) Quando o agente praticar fato definido como crime doloso: neste caso, para a regressão não é necessário
o transito em julgado da condenação pelo novo crime, mas apenas que o delito seja praticado.
b) Quando o agente praticar falta grave: fuga, participação em rebelião, posse de instrumento capaz de
lesionar pessoas, descumprimento das obrigações e outras descritas no art. 50.
c) Quando o agente sofre nova condenação, cuja soma com a pena anterior torna incabível o regime atual.
Além disso, em conformidade com o art. 36, §2º do CP, se o sentenciado estiver no regime aberto, dar-se-á a
regressão se ele frustrar os fins da execução (parar de trabalhar, não comparecer na prisão-albergue etc) ou,
podendo, não pagar a pena de multa cumulativamente imposta. COMENTAR ESTE TÓPICO. Inaplicável desde
o advento da Lei n. 9.268/96, que considerou a multa como dívida de valor para fins de cobrança não podendo
repercutir na liberdade do condenado.
3
REGIME ESPECIAL (art. 37).
As mulheres devem cumprir pena em estabelecimento próprio, observando-se o direito inerente à sua condição
pessoal.
- Direito à vida;
- Direito à integridade física e moral;
- Direito à Igualdade;
- Direito de Propriedade;
- Direito à liberdade de pensamento e convicção religiosa;
- Direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem;
- Direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou abuso de poder;
- Direito à Assistência Jurídica;
- Direito à educação e à cultura;
- Direito ao trabalho remunerado;
- Direito à indenização por erro judiciário;
- Direito à alimentação, vestuário e alojamento com instalações higiênicas;
- Direito de Assistência à saúde;
- Direito à assistência social;
- Direito à individualização de pena;
- Direito de receber visitas;
- Direitos políticos: a condenação transitada em julgado acarreta a suspensão dos direitos
políticos enquanto durarem seus efeitos (art. 15, III, da CF). Trata-se de efeito extrapenal
automático e genérico da condenação, que independe da execução ou suspensão condicional da
pena principal. A perda de mandado eletivo decorre de condenação praticada com abuso de
poder ou violação de dever para com a administração pública quando a pena for igual ou
superior a 1 ano ou, nos demais casos, quando a pena for superior a 4 anos (Lei n. 9.268/96).
Trata-se de efeito extrapenal específico que precisa ser motivadamente declarado na sentença.
TRABALHO DO PRESO (Art. 39): Nos termos do art. 39, do CPB, o trabalho do preso será sempre
remunerado, sendo-lhe garantido os direitos da previdência.
DA REMIÇÃO (art. 126 da LEP): o condenado que cumpre pena no regime fechado ou semi-aberto pode
descontar, para cada 3 dias trabalhados, 1 dia no restante da pena. A remição deve ser decretada pelo Juiz,
ouvido o Ministério Público. Se posteriormente for punido por falta grave, o condenado perde o direito ao tempo
remido (art. 127 da LEP). A remição aplica-se para efeito de progressão de regime e livramento condicional.
Somente são computados os dias em que o preso desempenha a jornada normal de trabalho. A autoridade
administrativa informa mensalmente, através de relatório ao Juiz da execução, os dias trabalhados.
SUPERVENIENCIA DE DOENÇA MENTAL DO CONDENADO (art. 41): sobrevindo doença mental depois
da condenação, o condenado deve ser transferido para hospital de custódia e tratamento psiquiátrico e a pena
poderá ser substituída por medida de segurança (art. 183 da LEP). Caracteriza constrangimento ilegal a
manutenção do condenado em cadeia pública quando for caso de medida de segurança. Nestes casos, deve ser
instaurado um procedimento incidente na execução para a conversão da pena para medida de segurança, caso
contrário, apesar de ficar no hospital de custódia, o condenado continuará cumprindo pena e, ao final desta,
deverá ser colocado em liberdade, mesmo que não tenha recobrado a higidez mental.
4
DETRAÇÃO PENAL (art. 42): é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo
de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em hospital de
custódia e tratamento ou estabelecimento similar. Ou seja, se o indivíduo ficou preso durante o processo, o
tempo de permanência no cárcere será descontado do tempo da pena privativa de liberdade imposta na sentença
final.
Prisão provisória é o tempo em que o réu esteve preso em virtude de flagrante, por força de prisão preventiva ou
de prisão temporária, de sentença condenatória recorrível ou de pronúncia.
A detração aplica-se qualquer que tenha sido o regime de cumprimento fixado na sentença, ainda que seja
aplicada pena substitutiva.
Não se aplica à condenação de multa, pois a redação do art. 51 veda a conversão da multa em detenção.
Em relação ao sursis, também não se aplica a detração, pois a pena substitutiva não guarda proporção com a
pena privativa de liberdade aplicada na sentença.
O art. 42 permite a detração em caso de medida de segurança. Entretanto, na medida de segurança o prazo de
cumprimento é indeterminado, posto que o Juiz apenas fixa o prazo mínimo de seu cumprimento (de 1 a 3 anos)
e a sua continuidade perdura enquanto não for averiguada, por perícia médica, a cessação da periculosidade.
Caso não seja constatada a cura, o Juiz determina a continuidade da internação até a próxima perícia e assim
sucessivamente. Assim, a detração aplica-se ao prazo mínimo estabelecido pelo Juiz para fazer a primeira
perícia.
A competência exclusiva para conhecer da detração é do Juízo da Execução, não cabendo ao juiz da condenação
aplica-la, desde logo, para poder fixar um regime de pena mais favorável ao acusado, pois se estaria dando início
à execução, antes do conhecimento da pena definitiva.
Prisão provisória em outro processo: a questão é se pode descontar o tempo preso provisoriamente em que
resultou sentença absolutória em outro processo com resultado condenatório. Existem 3 posições:
1) Sim, desde que o crime pelo qual o réu foi condenado tenha sido praticado antes da prisão no
processo em que o réu foi absolvido, para evitar que o agente fique com um crédito para com a
sociedade;
2) Sim, desde que o crime pelo qual houve condenação tenha sido anterior à absolvição no outro
processo;
3) Sim, desde que haja conexão ou continência entre os crimes de processos distintos.
A posição mais defensável é a primeira, interpretando-se o art. 111 da LEP, que permite a detração em processos
distintos, ainda que os crimes não sejam conexo, combinado com a CF, art. 5º, LXXV, que obriga o Estado a
indenizar o condenado por erro judiciário ou quem permanecer preso por tempo superior ao fixado na sentença,
situação equivalente a quem foi submetido a prisão processual e posteriormente absolvido.