Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
2) Crimes Comuns e Próprios: crime comum é o que pode ser praticado por qualquer
pessoa. Crime próprio é o que só pode ser cometido por determinada categoria de
pessoas. O crime próprio pode exigir do sujeito uma particular condição jurídica
(acionista, funcionário público); profissional (médico, advogado); parentesco (pai, filho);
natural (gestante, homem).
8) Crime Continuado: nos termos do art.71, é o constituído por duas ou mais violações
jurídicas da mesma espécie, praticadas por uma ou pelas mesmas pessoas,
sucessivamente e sem ocorrência de punição em qualquer delas, as quais constituem
um todo unitário, em virtude da homogeneidade objetiva. Quando se trata de bens
jurídicos ou objetividades jurídicas, eminentemente pessoais, com pluralidade de vítimas,
não se configura crime continuado.
11) Crimes Simples e Complexos: crime simples é o que apresenta tipo penal único.
Ex.: delito de homicídio (CP, art.121, caput). Complexo, em sentido amplo, é não só o
que encerra em si outro. Em sentido estrito, é o mais vulgarmente empregado, é aquele
cujo tipo é constituído pela fusão de dois ou mais tipos, como o latrocínio (furto e morte).
13) Delito Putativo: ocorre o delito putativo quando o agente considera erroneamente
que a conduta realizada por ele constitui crime, quando na verdade é um fato atípico. O
delito putativo não é uma espécie de crime, mas uma maneira de expressão para
designar esses casos de "não-crime". Há três hipóteses de crime putativo em sentido
amplo: 1) Delito putativo por erro de proibição: quando o agente supõe violar uma norma
penal que na verdade não existe; 2) Delito putativo por erro de tipo: quando a errônea
suposição do agente não recai sobre a norma, mas sobre os elementos do crime; 3)
Delito putativo por obra de agente provocador (crime de flagrante provocado): ocorre
quando, de forma insidiosa, provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo
em que toma providências para que ele não se consuma.
14) Crime de Flagrante Esperado: ocorre quando o indivíduo sabe que vai ser vítima
de um delito e avisa a Polícia, que põe seus agentes de plantão, os quais apanham o
autor no momento da prática ilícita.
16) Crime Consumado e Tentado: crime consumado quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal. Crime Tentado quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente.
17) Crime Falho: quando o sujeito faz tudo que está a seu alcance, mas o resultado não
ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade.
19) Crime de Dupla Subjetividade Passiva: “São crimes que têm, em razão do tipo,
dois sujeitos passivos”. (Damásio E. de Jesus) Podemos citar como exemplo a violação
de correspondência; os dois sujeitos passivos são o destinatário e o remetente. A
classificação dada por Júlio Mirabete diverge da conceituada por Damásio de Jesus. O
exemplo citado acima, Mirabete classifica como crime plurissubjetivo passivo. Segundo
ele, este tipo de crime “demanda mais de um sujeito passivo na infração”. (Mirabete fala
ainda de crimes unissubjetivos, “aquele que pode ser praticado por uma só pessoa”) e
crimes plurissubjetivos (“aquele que, por sua conceituação típica, exige dois ou mais
agentes para a prática da conduta criminosa”). Magalhães Noronha classifica os
chamados crimes unissubjetivos de Mirabete como crimes unilaterais (“pode ser
praticado por uma única pessoa”).
20) Crime Exaurido: é aquele que depois de consumado (moeda falsa em circulação)
atinge suas últimas conseqüências.
25) Crimes vagos: são os que têm por sujeito passivo entidades sem personalidade
jurídica, como a família, o público ou a sociedade, ou seja, cujo resultado atinge uma
coletividade (sujeito passivo), e não uma pessoa considerada isoladamente. São
exemplos de crimes vagos: o ato obsceno (art.233, CP), a perturbação de cerimônia
funerária (CP, Art. 209) e a violação de sepultura (CP, Art. 210).- que não tem
personalidade jurídica. Cometido contra a coletividade.
26) Crimes Comuns e Políticos: são crimes comuns os que lesam bens jurídicos do
cidadão, da família ou da sociedade, enquanto os políticos atacam à segurança interna
ou externa do Estado, ou a sua própria personalidade. O crime político pode ser próprio
ou impróprio.
O crime próprio objetiva subverter apenas a ordem política instituída, sem atingir outros
bens do Estado ou bens individuais; o crime impróprio visa a lesar, também, bens
jurídicos individuais e outros que não a segurança do Estado. A CF considera
inafiançáveis e imprescritíveis os crimes políticos, anotados no Art. 5º, XLII (racismo),
XLIII (tortura e terrorismo) e XLIV (ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem institucional e o Estado democrático).
29) Crimes de Ação Múltipla ou de Conteúdo Variado: são crimes em que o tipo faz
referência a várias modalidades da ação. Ex.: art.122, em que os verbos são induzir,
instigar ou prestar auxílio ao suicídio.
30) Crimes de Forma Livre e de Forma Vinculada: crimes de forma livre são os que
podem ser cometidos por meio de qualquer comportamento que cause determinado
resultado. São crimes de forma vinculada aqueles em que a lei descreve a atividade de
modo particularizado.
31) Crimes de Ação Penal Pública e Ação Penal Privada: o art.100 do CP diz que "a
ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido".
33) Crimes Conexos: nos crimes conexos a extinção da punibilidade de um deles não
impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão (art.108). Nos
que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção da
prescrição relativa a qualquer deles (art.117, §1o , 2a parte).
34) Crime de Ímpeto: é aquele em que a vontade delituosa é repentina, sem preceder
deliberação. Ex.: homicídio cometido sob o domínio de violenta emoção, logo seguida a
injusta provocação da vítima.
35) Crimes Funcionais: são os que só podem ser praticados por pessoas que exercem
funções públicas.
37) Delito de Referência: é a denominação dada por Maurach ao fato de o sujeito não
denunciar um crime conhecido quando iminente ou em grau de realização, mas ainda
não concluído.
38) Delitos de Tendência: são crimes que condicionam a sua existência à intenção do
sujeito.
40) Crimes Pluriofensivos: são os que lesam ou expõem a perigo de dano mais de um
bem jurídico.
41) Crimes Falimentares: os delitos falimentares podem ser: 1) próprios: os que podem
ser cometidos pelo devedor ou falido, ressalvada a hipótese de participação de terceiro;
2) impróprios: os que só podem ser cometidos por pessoa diversa do devedor ou falido,
tendo o fato relação com a falência; ex.: delitos do perito de falência; 3) antefalimentares:
praticados antes da quebra; 4) pós-falimentares: cometidos depois da declaração da
falência. Os delitos antefalimentares são sempre próprios. Os pós-falimentares podem
ser próprios ou impróprios.
45) Delito Transeunte e não transeunte: crime transeunte é o que não deixa vestígios;
não transeunte, o que deixa.
47) Crime em trânsito: são delitos em que o sujeito desenvolve a atividade em um país
sem atingir qualquer bem jurídico de seus cidadãos. Ex.: uma carta injuriosa que,
enviada de Paris para Buenos Aires, passa pelo nosso país.
48) Crimes Internacionais: são os referidos no art.7o, II, a, do CP, como tráfico de
mulheres, difusão de publicações obscenas, danificação de cabo submarino,
entorpecentes.
49) Quase-crime: ocorre nas hipóteses dos arts. 17 e 31 do CP, respectivamente, crime
impossível e participação impunível.
50) Crimes de Tipo Fechado e de Tipo Aberto: delitos de tipo fechado são aqueles
que apresentam a definição completa, como o homicídio. Neles, a norma de proibição
descumprida pelo sujeito aparece de forma clara. Crimes de tipo aberto são os que não
apresentam a descrição típica completa. Neles, o mandamento proibitivo não observado
pelo sujeito não surge de forma clara, necessitando ser pesquisado pelo julgador no
caso concreto. São exemplos de crimes do tipo aberto: 1) delitos culposos: é preciso
estabelecer qual o cuidado objetivo necessário descumprido pelo sujeito; 2) crimes
omissivos impróprios: dependem do descumprimento do dever jurídico de agir; 3) delitos
cuja descrição apresenta elementos normativos.
51) Tentativa Branca: ocorre quando o objeto material não sofre lesão.
55) Crime Organizado: É aquele praticado por uma organização criminosa. Segundo
Mirabete, organização criminosa “é aquela que, por suas características, demonstre a
existência de estrutura criminal, operando de forma sistematizada, com planejamento
empresarial, divisão de trabalho, pautas de condutas em códigos procedimentais rígidos,
simbiose com o Estado, divisão territorial e, finalmente, atuação, regional, nacional ou
internacional”. Nossa legislação usa este termo ‘crime organizado’, preferindo uma
redação mais simplista, referindo-se a ‘crime organizando’ como ‘bando’ ou ‘quadrilha’.
56) O que é crime de mera suspeita: É praticado por interpretação pessoal precipitada,
podendo levar a acusação fraudulenta, ilegal.
57) O que é crime de simples desobediência: "O arguido que utiliza veículo automóvel
apreendido ao abrigo do DL n. 522/85 - por falta de seguro obrigatório - comete crime de
desobediência simples e não crime de desobediência qualificada, por não ser aqui
aplicável a cominação constante do artigo 22 do DL n. 54/75 de 12/02". Não deixa de ser
ilícita e culposa a conduta do arguido que desobedece à ordem de agente da PSP para
parar, só pelo facto de não ter carta de condução e recear por isso ser preso bem como
por ter praticado roubos.