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[1] John Locke nasceu em 1632 na Inglaterra e estudou na Westminster School e Oxford, onde se interessou por filosofia, medicina e política; [2] Após se formar, trabalhou como médico e assessor político de Anthony Ashley Cooper, participando da redação de constituições coloniais; [3] Sua obra filosófica mais importante, Ensaio sobre o Entendimento Humano, demorou quase 20 anos para ser concluída, e ele sofreu perseguição política no final da vida por suas ideias liberais.
[1] John Locke nasceu em 1632 na Inglaterra e estudou na Westminster School e Oxford, onde se interessou por filosofia, medicina e política; [2] Após se formar, trabalhou como médico e assessor político de Anthony Ashley Cooper, participando da redação de constituições coloniais; [3] Sua obra filosófica mais importante, Ensaio sobre o Entendimento Humano, demorou quase 20 anos para ser concluída, e ele sofreu perseguição política no final da vida por suas ideias liberais.
[1] John Locke nasceu em 1632 na Inglaterra e estudou na Westminster School e Oxford, onde se interessou por filosofia, medicina e política; [2] Após se formar, trabalhou como médico e assessor político de Anthony Ashley Cooper, participando da redação de constituições coloniais; [3] Sua obra filosófica mais importante, Ensaio sobre o Entendimento Humano, demorou quase 20 anos para ser concluída, e ele sofreu perseguição política no final da vida por suas ideias liberais.
John Locke nasceu a 29 de agosto de 1632, no seio da famlia de
burgueses comerciantes, John e Agnes Keene, os quais geraram somente John e Thomas Locke como filhos, na cidade de Wrington, Inglaterra. Tendo origem humilde, seus pais tiveram a preocupao de dar ao jovem Locke uma rica formao educacional que o levou ao ingresso na academia cientfica da Sociedade Real de Londres. Este perodo foi marcado pela poltica do sculo XVII, tendo como marcos as datas bem ntidas os anos de 1603 a 1689. Entre essas datas, ocorreram os conflitos decorrentes do abuso do poder, por parte dos monarcas da dinastia de Stuart, e as tentativas de consolidao dos interesses da burguesia, realizadas pelos seus representantes na Cmara dos Comuns. Quando bombardeou a Revoluo de 1648, o pai de Locke, um pequeno proprietrio de terras, cavalheiro de Belluton, advogado e escrivo do Tribunal de Justia de Somerset, adotou a causa dos puritanos de famlias vinculadas tradio legalista que defendia a realeza, servindo como capito do Exrcito Parlamentar. Antes de iniciar seu perodo de estudos na Sociedade Real, Locke j havia feito vrios cursos e frequentado matrias que o colocaram em contato com diversas reas ligadas s Cincias Humanas. O jovem ingls nutriu durante toda a sua vida um rduo interesse por reas distintas do conhecimento humano desde a Filosofia, Meteorologia, Teologia e Medicina optando por esta, no curso de sua vida, como atividade profissional. Nessa poca, Locke j inicia seus estudos na Westminster School, e transfere-se depois para Oxford, Instituio qual estaria ligado durante 32 anos de sua vida, entre 1652 a 1684. Em Oxford, Locke perpassou etapas acadmicas com desempenho satisfatrio. Ele foi nessa Universidade, sucessivamente, scholar (aluno beneficiado), student (aluno no-beneficiado), fellow (graduado que recebe subsdio para o desenvolvimento de estudos e pesquisas) e titular dos cargos docentes habituais. No final de seus estudos humansticos, apresentava-se ao jovem professor a possibilidade de optar pela funo eclesistica, a fim de permanecer na Universidade. No entanto, Locke no abraou essa oportunidade, tendo j escolhido a carreira de Medicina. Inteiramente dedicado vida acadmica, s pesquisas e aos compromissos das funes pblicas, foi que John Locke escolheu permanecer solteiro. Ainda em Oxford, Locke desiludiu-se com o ensino sobre o aristotelismo escolstico apresentado, mas foi na continuao de seus estudos universitrios, que ele recebeu importantes influncias fundamentais para o seu pensamento: a de John Owen (1616-1683), que enfatizava a importncia da tolerncia religiosa; a de Descartes (1596-1650), que o abriu os olhos do modo de pensar a Filosofia Moderna; a de Robert Boyle (1627-1691), que submetia o moderno conceito dos elementos qumicos, criticando a tradicional teoria dos quatro elementos (gua, ar, terra e fogo); de Richard Hooker (1554-1600), cuja obra intitulada The Laws Of Ecclesiastical Polity (As Leis da Poltica Eclesistica) sintetizava a tradio medieval inglesa ao redor da ideia de "controle moral do poder"; Thomas Hobbes (1588-1679), autor do clssico livro O Leviat, ou matria, forma e poder de uma Repblica eclesistica e civil, que o familiarizou com o conceito de "estado de natureza" e de Thomas Sydenham (1624-1689), que revolucionou o mtodo de estudo da medicina, alicerando-o na observao emprica dos pacientes, abandonando os dogmas de Galeno (130-200). a partir daqui que Locke, dedicando-se medicina experimental e agregando nos crculos daqueles que valorizavam a experincia como fonte do conhecimento, que sistematiza a sua filosofia empirista, redigindo sua primeira obra em latim, Ensaios sobre a Lei da Natureza (1664). Em 1666, Locke torna-se mdico particular do lorde e primeiro conde de Shaftesbury, Anthony Ashley Cooper (1621-1683). Este, obtendo sucesso no seu tratamento, convence Locke a entrar na poltica e atribui-lhe outras funes, como a de seu sucessor, participando, assim, de uma constituio para a colnia de Carolina, na Amrica do Norte, lanando, logo depois, sua obra, Constituies Fundamentais da Carolina (1669). Na residncia do lorde Ashley, em Londres, Locke convivia com os mais altos crculos intelectuais e polticos da poca. Foi nesse perodo que ele comeou a escrever uma de suas obras principais, o Ensaio sobre o Entendimento Humano, o qual durou quase vinte anos. Com a ascenso do conde do lorde Ashley, em 1672, a presidente do Conselho de Colonizao e Comrcio e ao cargo de chanceler, aumentaram tambm as ocupaes polticas de Locke. Acompanhando-o, tornou-se Secretrio para Apresentao de Benefcios, devendo se encarregar de todos os problemas eclesisticos. Deve-se mostrar que Locke, alm de filsofo, mdico, sempre manteve tambm inclinao para a poltica, no toa que ele ficou conhecido como o pai do liberalismo, por ter participado do processo revolucionrio da Inglaterra. Deste modo, representando os interesses polticos do Parlamento, o conde de Shaftesbury cada vez mais era contrrio s medidas e interesses para o fortalecimento do Absolutismo empregado pelo soberano Carlos II (1630-1685). Sendo, portanto, demitido do seu cargo, Locke, por sua vez, teria tambm que abrir mo das suas atividades polticas, viajando, logo depois, para a Frana, onde permaneceu durante trs anos relacionando-se com os crculos intelectuais de Montpellier e Paris. Voltando Inglaterra, por volta de 1679, encontra grande movimento poltico, sabendo, logo aps, que o conde de Shaftesbury, opositor de Carlos II, estava preso. Entretanto, em 1678, o conde voltava a exercer suas funes de presidente do Conselho Privado, exigindo de Locke, seu retorno pelos seus servios, todavia, j sabendo que suas relaes com o monarca Carlos II no durava muito tempo. Falecendo o conde de Shaftesbury, em 1683, Locke sente-se perseguido e vigiado pelo partido do rei, o qual no permitia todos queles que apresentassem independncia de pensamento na Universidade, por perceber que da poderia existir um ataque ao poder pessoal; por outro lado, a antiquada burocracia que tomara conta dos destinos da Universidade, sentia-se ameaada diante dos voos intelectuais do professor Locke. A respeito de sua perseguio, aonde o conduziu ao afastamento da Universidade, Peter Laslett, afirma da seguinte forma o momento tenso nos corredores acadmicos: "A ordem rgia para afastar Locke de sua carreira acadmica, expedida em 1684, foi o primeiro passo contra as universidades no lance final dos Stuart em favor do governo pessoal (...). terrvel ver aqueles que se sentavam com ele mesa agirem como agents provocateurs, mas tpico de Locke que nem sequer um piscar de olho pudesse ser usado contra ele. Meia gerao mais tarde, os professores de Oxford causariam dano ainda maior sua universidade ao recusarem admitir os livros de Locke em seu programa de ensino. Bem pouco podem Oxford e Christ Church reivindic-lo com justia como um dos seus, pois Locke j era uma autoridade em todo o mundo erudito quando essas instituies o reconheceram. Os ltimos dias que passou entre eles ilustram, de forma dramtica, o seu modo de portar-se. Em 21 de julho de 1683, a Universidade de Oxford ordenou, atravs de Convocao, a realizao, no Ptio das Escolas, atualmente o Quadriltero Bodleiano, da ltima queima de livros na histria da Inglaterra. O decreto, afixado nas salas e bibliotecas das faculdades, anatematizava doutrina aps doutrina j escrita nos Dois Tratados. Entre os autores condenados fogueira estavam alguns cujos livros tinham lugar ento nas prateleiras do aposento de Locke em Christ Church. Aparentemente, ele compareceu ao ato em pessoa, para assistir acre fumaa elevando-se entre as torres, calado como sempre, e ocupado em despachar sua biblioteca para o campo. Algumas semanas mais tarde, com certeza havia partido de Oxford para a regio campestre em que nascera, e no outono estava exilado na Holanda. Locke jamais pisaria novamente em Oxford 1 . Nessa perseguio, a qual Locke foi vtima por parte da burocracia universitria, o saudoso, bom e erudito Dr. John Fell 2 , diretor da Universidade desde 1660, pessoa na qual Locke depositava toda confiana, aparece escrevendo para o Secretrio de Estado, nas seguintes palavras sobre a pessoa que era Locke: Sendo o Dr. Locke um estudante desta casa (...) e suspeito de ms intenes para com o governo, tenho-o, h vrios anos, mantido sob vigilncia (...). Suas principais obras so publicadas a partir de 1689, ao voltar Inglaterra, depois da vitria do Parlamento da Revoluo Gloriosa e ascenso ao trono de Guilherme de Orange e Maria. Locke publicou a Carta sobre a
1 LASLETT, Peter. Introduo. In: LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. (Traduo de Julio Fischer; introduo de Peter Laslett). So Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 33. 2 John Fell (1625-1686), clrigo decano do Christ Church College, na poca em que Locke ali estudou. Posteriormente, foi sagrado bispo de Oxford. Tolerncia (1689), onde escreveu trs, sendo uma delas causa de muita polmica por abordar a liberdade de conscincia religiosa, sustentando a tese pelo fato de que o Estado deveria cuidar do bem estar material dos cidados e no tomar partido de uma religio; os Dois Tratados sobre o Governo Civil (1689), nos quais, um combate ironicamente tese de Robert Filmer (1588- 1653), defensor do absolutismo dos Stuart, segundo a qual os monarcas reinantes remontavam seu poder a Ado e Eva; no outro, expe as teses polticas do prprio Locke; Alguns Pensamentos Referentes Educao (1693), onde se aplica sua teoria empirista do conhecimento aos problemas do ensino em que enfatiza o valor da experincia no desenvolvimento da mente das crianas; Racionalidade do Cristianismo (1695) e o Ensaio sobre o Entendimento Humano (1690) obra mais importante de cunho filosfico, escrita nos perodos de convivncia com Shaftesbury, o qual o motivou nos altos voos intelectuais na preocupao centrada do processo histrico na luta em prol de colocar na poltica inglesa, reformas onde abririam portas para a sociedade burguesa rumo modernidade. Na obra, Locke inicia suas palavras dizendo que o resultado do Ensaio foi de solucionar o problema filosfico abordado em discusso fortuita entre amigos; diante da dificuldade, Locke sugeriu uma prvia indagao sobre a extenso e o limite do entendimento humano. A indagao proposta acabou por se transformar na obra com a qual o pensador pretendia fundamentar a tolerncia religiosa e filosfica. O papel fundamental no Ensaio desempenhado pela anlise crtica da doutrina das ideias inatas. 3 Enfatiza que a busca do conhecimento d-se pelas experincias e no por dedues ou especulaes lgicas, onde afirma tambm que a mente de uma pessoa ao nascer uma tabula rasa, uma espcie de folha em branco que, por meio das experincias pelas quais ela passa pela vida, estas vo se formando na sua mente, construindo seu conhecimento e sua personalidade. Os ltimos dias de vida de John Locke, em meados de 1691, o nosso autor estabeleceu-se nos domnios de Sir Francis Masham (1646-1723), no pequeno solar deste em Otes, Essex, circundado de fossos e sob os delicados
3 LOCKE, Jonh. Ensaio sobre o Entendimento Humano. Traduo de Anoar Aiex. So Paulo: Nova Cultura, 1999, p. 9. cuidados da esposa de Masham. Recebia a visita dos seus amigos, entre eles, Isaac Newton (1642-1727), fsico moderno. Damaris Masham (1658-1708), a amiga mais prxima de Locke, foi a primeira mulher britnica a escrever sobre temas filosficos (de inspirao neoplatnica), sendo uma das correspondentes de Gottfried Leibniz (1646-1716). da autoria de Damaris a primeira biografia de Locke, escrita pouco depois da morte do filsofo. Damaris Masham era filha de Ralph Cudworth (1617-1688) de Somerset, pensador de orientao neoplatnica, professor no Christ Church College. Em Otes, a vinte milhas de Londres, o filsofo passou seus ltimos e gloriosos anos, ao lado da sua biblioteca, acompanhado do seu criado e com as comodidades bsicas, sem luxos, dispondo do seu prprio cavalo. Ocupava o tempo escrevendo e corrigindo as suas obras, mas, sobretudo, escrevendo cartas aos intelectuais, aos editores, aos especuladores da bolsa, aos polticos e aos funcionrios da Coroa. Exercia, assim, uma influncia decisiva. Durante o vero, Locke mudava-se para Londres e continuava com os seus contatos no meio intelectual e poltico desde a sua residncia na capital, em Lincolns Inn Fields. Peter Laslett traou o seguinte quadro acerca da morte do filsofo: Locke morreu em 29 de outubro de 1704, em seu gabinete em Otes, um cmodo de paredes castanho-escuros gordurosos e de melanclico branco, as cores dos livros que haviam sido parte to grande de sua vida. Est sepultado a grande distncia de Oxford e de seus ancestrais em Somerset, numa companhia um tanto estranha, pois os Masham, que jazem por toda a sua volta em High Laver, foram tories e cortesos na gerao seguinte 4 . Simblica companhia e contribuio que revela o quanto o pensamento lockeano contribuiu para modernizar as estruturas do Estado ingls, convertido definitivamente em instrumento da sociedade civil para garantir a vida, honra e bens de todos os cidados, sem distines de partidos polticos, religio ou classes sociais. .
4 LASLETT, Peter. Introduo. In: LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. (Traduo de Julio Fischer; introduo de Peter Laslett). So Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 60.