A liderança é a capacidade de influenciar um grupo em direção ao
alcance de objetivos. A origem desta influência pode ser formal, como a conferida por um alto cargo na organização, ou informal – aquela capacidade de influenciar que surge fora da estrutura formal da organização. A liderança formal é tão ou mais importante do que a liderança informal. Liderança e administração são dois termos que costumam ser confundidos. Robbins (2005) apresenta a administração como sendo o enfrentamento da complexidade. A boa administração traz ordem e consistência por meio da elaboração de planos formais, do projeto de rígidas estruturas organizacionais e da monitoração dos resultados em comparação com os planos. A liderança, por sua vez, diz respeito ao enfrentamento da mudança. Os líderes estabelecem direções através do desenvolvimento de uma visão de futuro: em seguida, engajam as pessoas comunicando-lhes essa visão e inspirando-as a superar obstáculos. As organizações precisam de liderança forte e administração forte para atingirem níveis cada vez mais elevados de eficácia. Elas precisam de líderes que desafiem o statos quo, criem visões de futuro e que sejam capazes de inspirar os membros da organização a querer realizar essas visões. Também precisam de administradores para elaborar planos detalhados, criar estruturas organizacionais eficientes e gerenciar as operações do dia-a-dia. Apresenta-se abaixo os estilos de liderança mais comuns: Autocrático - aquele líder que comunica aos seus subordinados o que é que eles têm de fazer e espera ser obedecido sem problemas; Participativo – líder que envolve os subordinados na preparação da tomada de decisões mas retém a autoridade final, isto é, tem sempre a última palavra; Democrático - tenta fazer o que a maioria dos subordinados deseja; e Page6
Laissez-faire - não está envolvido no trabalho do grupo, deixa que os
subordinados tomem as suas próprias decisões. Algumas teorias foram desenvolvidas no intuito de tentar explicar o surgimento de comportamentos de liderança nos indivíduos. Dentre elas destacam-se: a teoria dos traços, as teorias comportamentais, as teorias contigenciais e as teorias neocarismáticas. A teoria dos traços Busca traços sociais, físicos, intelectuais ou de personalidade que diferenciem líderes de não-líderes. Seguidores dessas teorias usam termos como carismáticos, entusiastas e corajosos para descrever líderes. Ex.: as pessoas normalmente descrevem Margareth Thatcher como confiante, portadora de uma vontade de ferro, determinada e decidida. Entretanto, descobriu-se que alguns traços aumentam a probabilidade de sucesso de um líder (automonitoramento), mas nenhum deles é garantia de sucesso. Não existe nenhum traço universal que possa prever a liderança em qualquer situação. Traços funcionam melhor para prever o surgimento da liderança do que para distinguir entre líderes eficazes e ineficazes. Esta abordagem está sendo cada vez menos aceita pelos pesquisadores em razão de suas limitações.
A Teoria comportamental propõe que comportamentos específicos
diferenciam os líderes dos liderados. Essas teorias afirmam que os comportamentos do líder têm um impacto importante sobre os resultados. Alguns estudos vieram a reforçar esta teoria, tais como: Estudos de OHIO, Estudos de MICHIGAN, Grid Gerencial de Blake e Mounton e Estudos Escandinavos.
Estudos de OHIO: Neste estudo foram Identificadas duas dimensões básicas
do Comportamento de liderança:
Estrutura de Iniciação: é a extensão em que um líder é capaz de definir e
estruturar o seu próprio papel e o dos seus subordinados na busca dos objetivos. Page6 Consideração: é a extensão em que uma pessoa é capaz de manter relacionamentos de trabalho caracterizados por confiança mútua, respeito às idéias dos funcionários e cuidados com os sentimentos dele.
A conclusão a que se chegou deste estudo foi a de que O líder com
estilo “alto-alto” geralmente traz resultados positivos, com altos índices de desempenho e satisfação dos funcionários.
Estudos de MICHIGAN: Neste estudo houve a Identificação de duas
dimensões do comportamento de liderança:
Líder orientado para o funcionário: enfatiza as relações interpessoais.
Líder orientado para a produção: enfatiza os aspectos técnicos e práticos
do trabalho.
Pôde-se concluir com este estudo que A liderança orientada para os
funcionários estava associada com maior produtividade do grupo e maior satisfação com o trabalho, ao contrário do outro tipo.
Grid Gerencial de BLAKE e MOUNTON : Foi desenvolvida uma matriz nove-
por-nove, representando 81 estilos diferentes de liderança, baseados nos estilos “preocupado com pessoas” e “preocupado com produção”.
Os pesquisadores que desenvolveram essa matriz chegaram à
conclusão de que administradores têm melhor desempenho em um estilo 9,9 (alto-alto), em comparação com um estilo 9,1 (autoritário) ou 1,1 (laissez- faire), porém existe pouca evidência substancial que esse estilo é o mais eficaz em todas as situações.
Estudos Escandinavos: Trata-se de uma revisão dos Estudos de Ohio, onde
foi identificada uma nova dimensão comportamental: a orientação para o desenvolvimento. Os pesquisadores defendem a idéia de que no mundo atual de constantes mudanças, os líderes devem ter um valorizar a Page6
experimentação, buscar novas idéias, assim como gerar e implementar
mudanças. Ao final do estudo concluiu-se que líderes com esse comportamento contam com funcionários mais satisfeitos e são vistos como mais competentes.
As teorias das contingências surgiram da impossibilidade de
obtenção de resultados consistentes com as teorias de traços e comportamentais levando os pesquisadores a enfocar as influências da situação no sucesso da liderança. Essas teorias buscam identificar quais variáveis situacionais básicas são capazes de influenciar a eficácia da liderança.
As teorias Neocarismáticas enfatizam o simbolismo, o apelo
emocional, o extraordinário compromisso por parte dos liderados e que percebem a liderança de maneira próxima àquela de uma “pessoa comum”, sem complexidade teórica. As teorias neocarismáticas englobam, entre outras, os seguintes estilos de liderança: liderança carismática, liderança transacional e liderança transformacional.
A liderança carismática é caracterizada pelas atribuições que os
liderados fazem das capacidades heróicas ou extraordinárias de liderança quando observam determinados comportamentos. Algumas características pessoais identificadas nos líderes carismáticos são: visão e articulação, risco pessoal, sensibilidade ao ambiente, sensibilidade às necessidades dos liderados e comportamentos não-convencionais. As evidências sugerem que a influência desses líderes sobre os liderados é exercida em um processo de 4 etapas:
- Líder articula uma visão atrativa de futuro;
- Comunica suas expectativas de alto desempenho expressando confiança
nos liderados e despertando auto-estima e autoconfiança nos mesmos;
- Comunica através de palavras e ações um novo sistema de valores a ser
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seguido pelos liderados; e
- Submete-se a sacrifícios para demonstrar coragem e convicção em relação à sua visão.
É válido salientar que especialistas acreditam que as pessoas podem
ser treinadas para ter comportamentos carismáticos, além de que o carisma parece ser mais apropriado quando a tarefa dos liderados possui um componente ideológico ou quando o ambiente envolve um alto grau de incerteza ou tensão.
A liderança transacional é baseada na troca. Os seguidores
cumprem as vontades do líder para conquistarem as recompensas desejadas. Os líderes transacionais apresentam duas características básicas: Comportamento direcionado para recompensas contingenciais – envolve esclarecer expectativas de desempenho e recompensar os seguidores quando essas expectativas são atendidas; e Comportamento dinâmico de Administração por exceção – este tipo de comportamento é demonstrado quando um líder esclarece padrões mínimos de desmpenho e pune os seguidores que não desempenham de acordo com esses padrões. É válido salientar que os líderes transacionais monitoram constantemente o desempenho de seus seguidores.
A liderança transformacional, em contraste com a liderança
transacional, envolve motivar os seguidores a fazerem mais do que o esperado, se desenvolverem e crescerem continuamente, aumentarem seus níveis de autoconfiança e colocarem os interesses da equipe e da própria organização acima de seus próprios interesses. Observa-se que a liderança transformacional resulta tanto de características pessoais quanto de ações específicas. Três características foram identificadas com os líderes transformacionais: carisma, estímulo intelectual e consideração individualizada. Carisma refere-se especificamente à capacidade de o líder inspirar emoções e paixão em seus seguidores e fazer com que eles se Page6
identifiquem com o líder. O estímulo intelectual corresponde à habilidade do
líder de aumentar o foco de seus seguidores sobre os problemas e desenvolver novas maneiras de abordar os problemas, ou seja, líderes que oferecem estimulo intelectual reexaminam premissas, buscam diferentes pontos de vista e tentam ser inovadores. Por fim, a consideração individualizada é semelhante ao líder centrado no empregado e centrado na consideração. Esta característica envolve incentivar e desenvolver os seguidores a fim de que eles se tornem autoconfiantes e desejem melhorar seu desempenho.
Pesquisas apontam que Líderes transformacionais conseguem maior
satisfação e produtividade dos seus seguidores.
Algumas das novas habilidades que os líderes de equipe devem
desenvolver são:
- paciência para compartilhar informações
- confiar nos outros
- abrir mão da autoridade
- Compreender o momento certo para intervir equilibrando controle x
autonomia x apoio.
Ressalte-se que, além das habilidades naturais e adquiridas dos
líderes, há uma condição que é fundamental para o alcance de um bom desempenho da equipe: a confiança dos liderados em relação ao seu líder. A confiança É uma expectativa positiva de que a outra pessoa não irá agir de maneira oportunista – seja por palavras, ações ou decisões. Esse conceito envolve em familiaridade e disposição para assumir risco. A seguir são apresentadas algumas dimensões básicas que fundamentam a confiança:
Integridade: honestidade e confiabilidade
Competência: habilidades e conhecimentos
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Consistência: previsibilidade; teoria x prática
Lealdade: disposição para proteger outra pessoa
Abertura: transparência na relação de confiança
A relação de confiança pode ser estabelecida por três caminhos:
Confiança baseada na intimidação: se baseia no medo e nas represálias,
caso ela seja violada.
Confiança baseada no conhecimento: baseada na previsibilidade do
comportamento que resulta de um histórico de interações.
Confiança baseada na identificação: baseada na compreensão mútua
de intenções e na concordância sobre os desejos e vontades de cada parte.
Diante do exposto, é válido salientar que uma pessoa pode
desenvolver habilidades de liderança. Além disso, estilos de liderança não são totalmente excludentes. Os indivíduos podem apresentar mais de um estilo de liderança, dependendo da situação em que se encontrem. Uma pessoa pode tanto ser mais voltada para comportamentos de liderança transacional, como, em um outro momento, mostrar-se mais transformacional e vice-versa.