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1. O documento discute as ideias de John Stuart Mill sobre liberalismo e democracia, especialmente sua preocupação com a tendência das sociedades democráticas reprimirem a individualidade e a originalidade.
2. Mill acreditava que a democracia, quando combinada com liberdade de pensamento e respeito à individualidade, poderia educar cidadãos independentes e resistir à opressão da maioria.
3. Ele defendia ampla liberdade individual, especialmente de pensamento e expressão, a não ser que isso causasse dano direto a outros.
1. O documento discute as ideias de John Stuart Mill sobre liberalismo e democracia, especialmente sua preocupação com a tendência das sociedades democráticas reprimirem a individualidade e a originalidade.
2. Mill acreditava que a democracia, quando combinada com liberdade de pensamento e respeito à individualidade, poderia educar cidadãos independentes e resistir à opressão da maioria.
3. Ele defendia ampla liberdade individual, especialmente de pensamento e expressão, a não ser que isso causasse dano direto a outros.
1. O documento discute as ideias de John Stuart Mill sobre liberalismo e democracia, especialmente sua preocupação com a tendência das sociedades democráticas reprimirem a individualidade e a originalidade.
2. Mill acreditava que a democracia, quando combinada com liberdade de pensamento e respeito à individualidade, poderia educar cidadãos independentes e resistir à opressão da maioria.
3. Ele defendia ampla liberdade individual, especialmente de pensamento e expressão, a não ser que isso causasse dano direto a outros.
PENSAMENTO LIBERAL E PENSAMENTO DEMOCRTICO: John Stuart Mill
Daniela Mesquita Leutchuk de Cademartori
Nenhum autor melhor do que John Stuart Mill (1806-1873) considerado por Isaiah Berlin como o fundador do liberalismo moderno percebeu o quanto democracia e igualdade estavam criando uma sociedade em que os objetivos humanos iam ficando mais estreitos, em que a originalidade e a capacidade individual iam sendo substitudos pela mediocridade coletiva. A nfase que d liberdade e ao individualismo como fundamento do bem-estar, , antes de tudo, uma tentativa de aperfeioar a democracia com homens e mulheres melhores, o que no dizer de Bobbio acaba por representar um fecundo encontro entre as vertentes dos pensamentos liberal e democrtico. J para Merquior, On liberty um manifesto do individualismo, uma exaltao liberdade, de modo a consider-la como essencial para o autodesenvolvimento, revelando assim um ponto em comum com o liberalismo autotlico alemo. Como liberal utilitarista que era, isto , como algum que abandonava as argumentaes feitas a partir de alguma posio de direito natural- pretendia colocar a liberdade no centro das discusses, como elemento fundamental da felicidade e formao do carter, instrumento no fomento do progresso. A cultura da personalidade necessita de uma individualidade desimpedida e uma esfera abrangente de privacidade. Stuart Mill partiu da constatao de que em seu mundo havia uma tendncia ao surgimento de sociedades governadas pelo sentir da maioria, seguidas ou no por instituies polticas populares. Ele receava, no entanto, assim como Tocqueville, sua potencialidade opressiva. Seus escritos sobre liberdade e individualismo apontam, como nico remdio para a opresso, mais democracia. S ela pode educar um nmero suficiente de indivduos para a independncia, a resistncia e a fora. A disposio dos homens de impor suas prprias idias aos demais to forte, na opinio de Mill, que somente os restringe o desejo do poder; este poder vai crescendo; daqui, a menos que se erijam novas barreiras, o poder aumentar, conduzindo a uma proliferao de conformistas, aduladores e hipcritas, criados por uma opinio silenciadora e, finalmente, a uma sociedade onde a timidez haver destrudo o pensamento individual e em que os homens se limitaro a ocupar-se de questes que no impliquem em riscos. Nas palavras de Berlin, com suas preocupaes Stuart Mill parece, dolorosamente, prenunciar os efeitos desumanizadores da cultura de massa que implicam na destruio de projetos individuais e comuns, tratando os homens como criaturas irracionais suscetveis de serem manipuladas pela publicidade e pelos meios de comunicao de massa. Ele acreditou, fundamentalmente, que os homens s podem desenvolver-se e chegar a ser completamente humanos quando uma rea mnima de suas vidas garantida contra as interferncias dos outros homens, isto , transformada em rea inviolvel. S assim h liberdade, ou a limitao do direito de coao. A obra de Mill, Sobre a liberdade (1859), aborda o que chama de liberdade social ou civil. No se refere ao livre arbtrio, mas natureza e os limites do poder que pode exercer legitimamente a sociedade sobre o indivduo, com base em fundamentos que se opem ao liberalismo econmico (livre-cambismo): a liberdade dos produtores e vendedores no comrcio capaz de assegurar preos baixos e qualidade, por terem, justamente fundamentos polticos e no econmicos ou na liberdade de atividades. No tocante liberdade de comrcio embora pensasse que ela no envolvia questes relativas verdadeira liberdade, por ser incompatvel com a justa distribuio dos frutos do trabalho deveria ser absoluta, no admitindo intervenes de tipo algum, mesmo em situaes em que o comrcio fosse uma atividade nociva aos indivduos, como o caso do comrcio de substncias venenosas. Nestes casos, s seria aceitvel que os indivduos fossem advertidos do perigo ou que se exigisse o testemunho prvio (preappointed evidence de Bentham), intervenes que no implicavam o uso da fora por parte do estado. Stuart Mill acreditava que quando a sociedade que tiraniza o indivduo a sociedade coletivamente, com respeito aos indivduos isolados que a compem os meios atravs dos quais ela executa tal tarefa vo muito alm dos atos praticados pelos seus funcionrios polticos. quando a sociedade, ao agir, penetra muito mais nos detalhes da vida cotidiana do indivduo chegando a encadear-lhe a alma. Por isso no basta a proteo contra a tirania do magistrado. Necessita-se tambm proteo contra a tirania da opinio e sentimento prevalecentes; contra a tendncia da sociedade a impor, por meios diferentes das penas civis, suas prprias ideias a prticas como regras de conduta para aqueles que discordam delas; a afogar o desenvolvimento e, se possvel for, a impedir a formao de individualidades originais e a obrigar a todos carcteres a moldar-se sobre o seu prprio. Para propor seu princpio limitador da autoridade da sociedade sobre o indivduo, Stuart Mill partiu das premissas da defesa incondicional da liberdade de pensamento e discusso e do respeito individualidade, um dos elementos do bem-estar. Sobre a liberdade de pensamento e discusso, ele afirmava que, antes de tudo preciso considerar que, em assuntos envolvendo questes complexas, tais como idias morais, religiosas e polticas, mais de a metade da argumentao que privilegia determinada opinio se constri destruindo as opinies que lhe so contrrias. Para que se consiga que uma argumentao contrria seja admitida, preciso apresent-la mediante uma estudada moderao de linguagem e evitando o mais cuidadosamente possvel toda ofensa intil. 2
S a tolerncia capaz de contrapor-se prtica da negao da liberdade de expresso e das individualidades. De acordo com Berlin, a contribuio de Mill a este conceito a maneira como entende a tolerncia: ela no pode resumir-se ao respeito opinio dos outros. Mill sabia que quando algo realmente nos toca, todos os que mantm pontos de vista diferentes devem nos desagradar profundamente e por isso o mximo que pede da tolerncia que se tente compreender (tolerar) as idias diferentes. Em suma, a pregao da tolerncia, em Stuart Mill, o corolrio de sua crena na necessidade de uma maior variedade possvel de indivduos, frente homogeneizao promovida pela sociedade. A defesa que Mill faz, no segundo captulo da obra Sobre a liberdade, da liberdade de pensamento e de discusso, salienta os princpios bsicos da doutrina liberal. De acordo com Bobbio, ela fixa em regras fundamentais a linha de demarcao entre o estado e o no estado (a esfera da sociedade religiosa, da vida intelectual e moral dos indivduos e dos grupos, a sociedade civil, isto , as relaes econmicas no sentido marxiano da palavra) . J de acordo com Touraine, o segundo princpio de Mill (a interferncia do estado s admitida para proteger a liberdade) iria, no final do sculo XIX, justificar o intervencionismo do estado. Apesar deste aparente desvio prtico de sua teoria, o tratamento dado pelo autor a este tema limita-se a exemplificar situaes em que ocorrem intervenes ilegtimas na liberdade do indivduo - tais como a proibio de bebidas fermentadas, a instituio da sabatariana, a proibio da circulao ferroviria aos domingos e a perseguio ao fenmeno do mormonismo nos Estados Unidos - demonstrando que a regra a da no interveno. A possibilidade de intervir do estado existe como uma exceo: Em primeiro lugar, no deve de modo algum acreditar-se que o dano ou o risco de dano aos interesses dos demais, nica coisa que justifica a interveno da sociedade, justificam-na sempre. A proibio do matrimnio, pelo estado, a menos que as partes consigam demonstrar possurem meios para sustentar uma famlia, no excede, segundo Mill, seus legtimos poderes. Ter muitos filhos em pases superpovoados, desencadeando uma competio que rebaixar os salrios constitui um grave crime contra todos os que vivem dele. O autor tambm desenvolveu trs grandes classes de objees s intervenes do estado (sempre sem envolvimento da violao ao princpio da liberdade). As do primeiro tipo eram representadas pelas situaes com probabilidade de serem melhor executadas pelos indivduos do que pelo governo. A segunda considerava que mesmo que os indivduos no conseguissem fazer melhor que o governo, delegar-lhes uma determinada atividade contribuiria como um meio para sua educao mental. A delegao era recomendvel no juzo por jurados, desde que as decises no fossem polticas, nas instituies locais e municipais livres e populares e na direo de empresas industriais e filantrpicas por associaes voluntrias. Tais atividades constituam-se na parte prtica da educao peculiar de um povo livre, sendo que, O que o estado pode fazer utilmente constituir-se no depositrio central e ativo propagandista e divulgador da experincia resultante de numerosos ensaios. Sua funo consiste em tornar possvel que cada experimentador se beneficie com os ensaios dos outros, em lugar de no tolerar seno suas prprias experincias.
Uma ltima objeo limitando a interveno do governo era o grande mal decorrente do aumento desnecessrio do poder do estado. Um pas que absorve, no servio do governo, todos os talentos superiores, concentrando uma numerosa burocracia livre apenas nominalmente. Neste regime, como o pblico no possui qualificaes por falta de experincia para moderar a atuao da burocracia e no caso de no existirem governantes com inclinaes para a reforma, nunca se conseguir efetivar nada contrrio aos interesses da burocracia. Bobbio salienta que Stuart Mill, alm de enfatizar que a primeira conduta do governo deve ser a de no prejudicar os outros, prope um critrio de justia distributiva, quando espera do estado que imponha a cada um a exigncia de sustentar a prpria parte (a ser determinada base de princpios igualitrios) de esforos e sacrifcios necessrios para defender a sociedade e os seus membros de danos e molstias. Aqui passa a linha divisria entre os fautores do estado liberal e do estado social, j que no est claro e nem universalmente compartilhado o que se deve distribuir e nem com que critrio.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: BERLIN, Isaiah. John Stuart Mill y los fines de la vida. In MILL, John Stuart. Sobre la libertad. Traduo de N. R. Salmones. Madrid: Alianza, 1986. BOBBIO, Norberto. Liberalismo velho e novo In O Futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Traduo de M. A. Nogueira. So Paulo: Paz e Terra, 1986. GIANOTTI, Jos Arthur. Vida e obra In MILL, John Stuart. Sistema de lgica dedutiva e indutiva e outros textos.Traduo de J. M. Coelho. So Paulo: Abril Cultural, 1985. MERQUIOR, Jos Guilherme. O Liberalismo: antigo e moderno. Traduo de H. de A. Mesquita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. MILL, John Stuart. Sobre la libertad. Traduo de N. R. Salmones. Madrid: Alianza, 1986. TOURAINE, Alain. O Que a democracia? Traduo de G. J. de S. Teixeira. Petrpolis: Vozes, 1996.