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(Perreira 2007:222)
Assim sendo o trabalho constitui uma forma de problematização de que não somente a
escola e a família são instituicoes socializadores nos processos de transmissão de
valores, mas também a televisão.
A partir dai da para perceber que a televisão é parte da cultura e assim sendo está
imbuído de significados, que são atribuídos pelos actores sociais, e neste sentido cada
um vai representado em sua mente de diversas maneiras. Este mesmo aparelho tornou-
se um elemento que veio complementar os outros nos processos de trocas de traços
culturais.
A partir do acima exposto iremos analisar primeiro a televisão como uma instituição
que educa, e o segundo momento irá compreender a relação das diversas instâncias de
educação dando um enfoque na relação existente entre a televisão e a família.
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Justificativa
Importa antes de mais referir que a televisão é por um lado agente socializador e por
outro um intermediário entre as outras instancias de socialização, pelo qual os
indivíduos atribuem um conjunto de significados e que contribue relativamente na
estruturação das relações sociais entre os indivíduos.
A motivação primeira que nos levou a escolha deste tema pelo facto de no dia 25/08/09,
haver um protesto dos madgermanes1, no qual os seus panfletos atribuíam a alto-
funcionarios do Estado, como forma de culpabilizar estes últimos nomes ligados a
telenovela transmitida pela estacão da miramar intitulada „‟ Os mutantes‟‟.
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Antigos trabalhadores moçambicanos da EX-RDA, que protestam pela pensão que foi não atribuída a
quando do seu regresso em Moçambique pelo Estado. Vide a fotografia em anexo.
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Problema de estudo
De que maneira a Televisão entanto que agente socializador participa nos processos de
socialização dos adolescentes do Bairro Central?
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Www.tvm.com ano da abertura oficial da televisão de Moçambique.
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Panoff (1973), define aculturação como sendo o contacto directo u indirecto entre duas ou mais
culturais, em que ocorre empréstimos de traços culturais.
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Tema: A influencia da televisão nos processos de socialização dos adolescentes
Objectivos
Objectivo Geral
Objectivos específicos
- Analisar a relação que existe entre a televisão com as outras instâncias de socialização
em particular a família.
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Revisão de Literatura
Ainda o autor em alusão diz que um dos pioneiros que levou a crescente dinamização
deste aparelho foi os EUA, pelo qual revolucionou as formas de ser e de estar de
muitos.
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Se seguirmos na linha de Bordieu (1985), a televisão serviu como um elemento
alargador do habitus, pela capacidade que teve em aumentar o capital cultural dos
agentes sociais permitindo a este ultimo em permutar em diversos campos sociais.
Na mesma linha de pensamento de Bordieu encontramos Miguel (2006), que faz uma
analise da relação entre a sociedade civil moçambicana e os canais de televisão e em
particular a TVM (Televisão de Moçambique), na opinião deste autor a televisao
constitui uma forma de os actores sociais participaram nos processos de decisão politica
em Moçambique, e toma como exemplo de evidencia o programa espaço publico, que
para o autor constitui uma forma de socialização politica dos moçambicanos.
A partir da ideias dos vários autores acima expostos pode-se depreender que a televisão
passa para alem de ser um simples objecto material, constitui sim algo que detêm um
valor simbólico, pois transmite valores e normas.
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instâncias de socialização, dai que apelida como a pós modernidade como sendo o
período do fim das meta-narrativas4.
Ainda nesta linha o autor refere que se deve olhar as outras áreas que possam trazer o
saber, e é nesta lógica que o autor vê as tecnologias de comunicação e informação como
um dos meios de transmissão de saberes.
Consubstanciando a ideia do autor acima mencionado temos Bordieu (1996), que olha
a televisão como sendo um mecanismo pelos quais passou a ser um campo social, que
influenciou bastante os outros campos, tanto o familiar na maneira que tende disseminar
informação no qual transmite formas de vivências, no campo económico como forma de
manter a audiência e por fim o campo politico no que concerne a veiculação de
ideologias, dai que refere que a televisão é o elemento consolidador da violência
simbólica, pois os diversos actores são influenciados pela televisão por mais que tenham
um senso critico sobre a mesma.
Na mesma ordem de ideias Perreira e Higgs (1996), referem que com a inúmera agenda
televisiva, o papel da família enquanto agente socializador primário perdeu o seu
sentido, pois a televisão para alem de educar ou moldar valores aos filhos constitui um
elemento educador dos próprios Pais.
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Lyotard (), metanarrativas formas discursivas que se vendem como hegemonicas e unicas para analisar
a realidade e uma delas foi o conhecimento cientifico ligado a escolarizacao.
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Bandura (1986), olha a televisão como um modelo de aprendizagem dando enfoque as
publicidades como sendo um veiculo pelo qual as crianças imitam formas de ser e estar
durante um interacção, pois para este autor o modelos contêm representações simbólicas
que são veiculadas através de palavras e imagens, e que facilitam a retenção do
comportamento.
O autor de uma forma geral, refere que a influencia da televisão veicula um modelo
comportamental, que constituirá as relações diárias dos individuo, que de certa maneira
contribuem para construção de uma personalidade que se relaciona com os demais
actores, neste sentido os actores não só entretém-se mas também constitui um elemento
pelo qual o individuo irá olhar um conjunto de personalidades e fantasias que irão
desembocar em escolhas tomando em conta que os indivíduos são inteligentes, e
consoante tais escolhas verão qual a personalidade adequada para acompanhar a sua
vida.
Na perspectiva de Cruz (2006) a possibilidade de se construir personalidades baseadas
em televisão, de uma maneira profunda são as crianças, pelo facto de sua capacidade
cognitiva ainda não estar consolidada, no qual desembocara numa profunda falta de
senso critico da mesma.
Mas há quem refuta a posição acima exposta e um dos autores é Kapferer (1985), que
concorda parcialmente e o mesmo tipifica dois tipos de crianças que são as manipuladas
pelas publicidades e as que tem capacidade para criticar as publicidades as criança
manipulada é vista como um receptor passivo, condicionado pelas imagens que está a
receber, criando-lhe reflexos condicionados.
As crianças criticas são consideradas como adultos, pelo facto de criticar relativamente
à publicidade que estão a receber. Neste sentido são capazes de identificar o discurso
publicitário com precisão, desenvolvendo reacções às mensagens, dependendo da
natureza de cada uma delas tanto as afectivas, cognitivas, racionalizando a informação
que recebem.
Consoante a exposição do autor acima exposta demonstra claramente que os actores
sociais não são uniformes aos estímulos externos, a reacção perante uma realidade neste
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caso a televisão ira depender do habitus 5, e este acervo intelectual acumulado irá
permitir os actores olharem de maneira diferenciada, uns com um senso critico e outros
meramente passivos.
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Segundo Bordieu(1985), são as disposicoes que um agente social tem dentro de um campo especifico,
que varia de individuo á individuo devido ao capital que detem podendo ele ser economico, cultural,
simbólico.
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Relação da Televisão com outros espaços de socialização.
Neste capítulo se vai debater como é que a televisão se relaciona com as outras
instâncias de socialização, e o enfoque será dado a família, o objectivo é de perceber as
complementaridades, tensões ligadas.
Entrando ao debate em questão Cruz (2007), refere que os agentes socializadores hoje
confrontam-se, dialogam no sentido de atribuir valores e normas aos indivíduos, e as
instancias tradicionais como a religião, a escola e a família, estão perdendo o seu espaço
a favor da televisão.
Para autora a televisão encontrou um espaço para formar novas gerações, devido o
campo de possibilidade que a televisão tem de abarcar em si uma multiplicidade de
fenómenos sociais, que decerto moldam os indivíduos.
Como forma de consubstanciar a posição defendida pela autora supracitada vejamos a
seguinte citação que demonstra uma das razoes que levou a televisão a ser uma das
formas de socialização com um poder forte de persuasão„‟ A força socializadora da
televisão encontra-se na constituição das narrativas que apresenta, elas são formadas
por imagens, textos e músicas, que se complementam de forma a ecoar continuamente a
mesma ideia sem tornar tal repetição enfadonha o que se encontra no texto é
reafirmado pelas imagens e pela música, facilitando a compreensão do telespectador e
reforçando os valores vendidos pelos programas. „‟(Kohlsdorf 2002;58).
Neste sentido alguns autores olham que a relação televisão e família como conflituosa, e
como exemplos Baccega (2000) que referiu que a televisão acabou por tomar o espaço
que pertencia meramente a escola e a família, e os seus ideais são materializados na
seguinte citação:
“(...) a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a escola e a
família o processo educacional, tendo-se tornado um importante agente
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Lahire (2002) refere que são as relacoes que se estabelecem entre as diversas formas de socializacao
nos processos de construcao da personalidade podendo elas ser antagónicas ou de complementares.
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de formação. Ela até mesmo leva vantagem em relação aos demais agentes: sual
inguagem é mais ágil e está muito mais integrada ao cotidiano: o tempo de exposição
das pessoas à televisão costuma ser maior do que o destinado à escola ou a família.
(Baccega 2000:23).
A partir do que foi acima exposto pode-se depreender que a televisão é uma instância
que incorporou em si as diversas esferas da socialização, a família como elementos que
incorporam os valores transmitidos pelos media, a escola pelo facto de transmitir a ética
escolar para um estudante mesmo que esteja em casa, por um lado e por outro a
televisão para alem de ser um agente socializador, também tornou-se um intermediário
entre os diversos agentes socializadores.
Cruz (2002), relata que a superação da televisão em relação a família e a escola, tem
como uma das razoes a ausência familiar na construção identidade e também a criança
ao nascer tem um contacto com a televisão muito antes de acessar aos códigos de leitura
da realidade propostos pela escola.
A autora acima referenciado em jeito de contraposição a Baccega (2000), refere que
não há conflito entre os diversos agentes de socializadores, mas sim uma
complementaridade entre eles, pois o actor social não é refém de nenhum destes agentes
e por este actor ser inteligente faz as escolhas, consoantes os significados que atribue a
cada uma das instâncias, que correspondem com as suas expectativas, e é o habitus que
o sujeito socializado detêm que lhe vai permitir intervir nos diversos espaços.
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Conceitualização
Para Berger & Luckman (1985) analisam a socialização como construção social,
vivência singular, seja na família, escola, trabalho, ou em qualquer instituição. Segundo
eles, “a socialização nunca é total, nem esta jamais acabada”.
O conceito de socialização de Berger & Luckman (1985) será o ideal para o trabalho em
alusão pois defende que a socialização é uma construção social e nunca é total,
demonstra claramente que o indivíduo por estar em contacto com os diversos campos
sociais, vai incorporando parcialmente os valores de cada instância socializadora.
Metodologia usada
Para realizar o trabalho optamos por uma abordagem qualitativa sem inferências
estatísticas, como forma de compreender melhor o contexto sócio-cultural, que
ocupavam os actores sociais em alusão, e pela natureza do estudo que constitui um
mini-projecto entrevistamos duas pessoas um e uma adolescente.
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Analise dos dados recolhidos
A análise de dados será feita de acordos com o objectivo de estudo e pretendemos deste
modo organizar em eixos temáticos.
„‟ Pra mim a televisão é o maior evento do mundo, pelo facto de eu viajar para Europa,
Brasil sem lá estar, e eu acho também que a televisão educa as pessoas nas maneiras
como se tem de relacionar com os outros… a televisão não é culpada pelo mau
comportamento dos jovens de hoje em dia mas é por causa de eles se deixarem levar
pelos filmes, e outros programas.
Fernanda Mário
A partir do trecho acima exposto pode-se perceber que os indivíduos olham a televisão,
como um meio do qual são transmitidos formas comportamentais, e o universo das
representações podem levar a categorização da TV.
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As informações ligadas a relação que existe entre a televisão e a família - neste
capitulo pretendemos analisar as relações que são estabelecidas entre os dois agentes
socializadores.
‘’ Em minha casa sou proibido assistir alguns canais, porque o meu pai acha que
aprendo coisas impróprias, isso foi por causa de eu vir com um piercing nos lábios, e
ele só me permite ver televisão até certas horas da noite, e também por causa da
escola, mas eu violo as regras sabes como é que? Tenho tv no meu quarto apesar de
não estar ligada a cabo”
A Fernanda Refere que: „‟ meus Pais, chamam-nos atenção que a televisão é boa, pois
abre a mente mas não pode ser levada ao extremo, é preciso que se seja critica, e não
vêem de bons olho as novelas Brasileiras e os programas que ocorrem acima das 23
horas…”
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Conclusão
A televisão passou a ser um elemento que abarcou as diversas esferas do social, num só
através de imagens sons textos, e também tornou-se um intermediário entre os diversos
agentes socializadores, neste sentido se assiste nas sociedades contemporâneas a
televisão ocupar um lugar de proeminência, relativamente as outras instâncias.
Os discursos que olham a televisão como um alienígena cultural, olham os actores
sociais como se fossem recipientes vazios, e não olham que os seres humanos estão
capacitados a raciocinar, e fazem escolhas consoante o campo de possibilidades em que
estão inseridos.
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Bibliografia
BORDIEU, Pierre. (1985) „‟ the social space and the génesis of groups” in Theory and
Society, Vol 14, nr.6 723-744.
BORDIEU, Pierre. (1996). Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
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KOLHSDORF, Nara.(2002). Televisão: A socialização na sociedade de Consumo.
Brasilia: Universidade de Brasília.
PERREIRA, Sara (2007). Por detrás do Ecrã: Televisão para crianças em Portugal.
Porto: Porto Editora
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