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O documento discute as políticas educativas em Portugal no contexto da globalização. Argumenta que, a partir da década de 1980, os discursos políticos sobre educação apresentaram um caráter híbrido, combinando uma orientação construtivista com a ênfase na eficiência do sistema educacional para a produtividade econômica. Também considera como o contexto nacional português influenciou o modelo globalizado de modernização, mitigando as tendências de homogeneização impostas internacionalmente.
O documento discute as políticas educativas em Portugal no contexto da globalização. Argumenta que, a partir da década de 1980, os discursos políticos sobre educação apresentaram um caráter híbrido, combinando uma orientação construtivista com a ênfase na eficiência do sistema educacional para a produtividade econômica. Também considera como o contexto nacional português influenciou o modelo globalizado de modernização, mitigando as tendências de homogeneização impostas internacionalmente.
O documento discute as políticas educativas em Portugal no contexto da globalização. Argumenta que, a partir da década de 1980, os discursos políticos sobre educação apresentaram um caráter híbrido, combinando uma orientação construtivista com a ênfase na eficiência do sistema educacional para a produtividade econômica. Também considera como o contexto nacional português influenciou o modelo globalizado de modernização, mitigando as tendências de homogeneização impostas internacionalmente.
Modernizao e hibridismo nas polticas educativas em Portugal Antnio Teodoro * & Graa Anbal ** O artigo pretende apresentar uma refexo sobre as polticas educativas e os discursos que as justifcam, num tempo de procura de integrao de Portugal no espao europeu aps os anos sessenta do sculo XX e especialmente no quadro democrtico do ps revoluo de 1974, identifcando uma relevncia gradual no entendimento do papel primordial do sistema educativo no desenvolvimento econmico. Defende que, especialmente a partir dos anos de 1980, e a partir de uma anlise emprica das palavras - chave, se revela um carcter hbrido nos discursos dos responsveis polticos que associa uma orientao construtivista numa perspectiva crtica com a apologia da efccia do sistema entendida como necessria produtividade econmica. Considera-se a importncia do contexto nacional e do sentido que as suas caractersticas conferem ao modelo globalizado de modernizao para explicar por que a tendncia homogenei- zante da regulao internacional mitigada por preocupaes de cariz emancipatrio. Palavras-chave: Polticas educativas; Portugal; globalizao; modernizao; hibridismo * Professor da Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa. Direc- tor da UID Observatrio de Polticas de Educao e de Contextos Educativos. a.teodoro@netvisao.pt ** Professora e Tcnica de Educao. Doutoranda e in- vestigadora da UID Observa- trio de Polticas de Educao e de Contextos Educativos. ganibal@netcabo.pt Revista Lusfona de Educao, 10, 2007 Revista Lusfona de Educao 14 Revista Lusfona de Educao Portugal encontra-se numa situao paradoxal. Fruto de um contexto socio- histrico bem marcado, apresenta, por um lado, um assinalvel atraso no que res- peita generalizao da escola para todos, com as inevitveis consequncias nos indicadores educativos que normalmente o colocam num dos ltimos lugares das comparaes internacionais, quando tomados por referncia os chamados pases desenvolvidos, e, por outro, profundas e rpidas transformaes no ltimo quartel do sculo XX, que o tornam um espao de experimentao incontornvel quando se procuram novos caminhos para a escola e o exerccio da profisso docente. Uma construo tardia e retrica da escola de massas Em 1960, Portugal apresentava uma taxa de analfabetismo de 34%, enquanto trinta anos antes, em 1930, esta se situava em 62% e, em 1900, em pleno incio do sculo XX, nos esmagadores 74%. Uma to persistente presena do analfabe- tismo 1 , enquanto indicador privilegiado do atraso da generalizao da escola pri- mria, s se torna compreensvel na longa durao histrica, e permite entender os muito fracos resultados que o pas apresenta quando se analisa a distribuio da populao portuguesa por nveis de literacia 2 , ou a distribuio da populao activa por nveis de qualificao escolar e profissional. Em meados do sculo XIX, os pases europeus dividiam-se em, pelo menos, dois grupos, de acordo com os nveis de literacia e de escolarizao da sua populao. No primeiro grupo, estavam os pases do Norte da Europa, mais ricos e industria- lizados, dominantemente (mas no exclusivamente) protestantes, onde a alfabeti- zao se desenvolvera ainda no sculo XVIII, ou mesmo antes. No segundo grupo, encontravam-se os pases do Sul e do Leste da Europa, pobres e mais ruralizados, dominantemente catlicos ou ortodoxos, apresentando elevadas taxas de analfa- betismo nas suas populaes. Mas, quando outros pases do Sul da Europa, como a Espanha, a Itlia ou mesmo a Grcia fizeram importantes avanos na alfabetizao das suas populaes no comeo do sculo XX, a distncia de Portugal a outros pases europeus tornou-se ainda maior. Tal evoluo mostra-se aparentemente contraditria com o facto de Portugal ter sido o primeiro pas catlico onde o Estado assumiu a responsabilidade e o controlo do sistema de ensino, com reformas que, no final do sculo XVIII, consti- turam uma referncia para outros pases europeus. Acrescente-se que Portugal foi, em 1835, o quarto pas do mundo a consagrar em lei o princpio da escolaridade obrigatria, retomado em 1844 e associado, desde essa data, a penalizaes cvicas e monetrias a pais, estudantes (a aplicar quando adultos) e autoridades locais que no providenciassem a frequncia da escola. No plano legislativo, Portugal, mais do que os outros pases do Sul da Europa, apresenta uma notvel precocidade. Mas a realidade escolar apresentou-se completamente distinta: no princpio do sculo XX, a taxa de inscries no ensino primrio era de 22,1% e, trinta anos mais tarde, em 1930, era ainda de apenas 37,7%. Revista Lusfona de Educao Revista Lusfona de Educao Teodoro & Anbal: A Educao em Tempos de Globalizao Revista Lusfona de Educao 15 A expanso da escolarizao de massas em Portugal pode ser considerada como um processo tpico de construo retrica da educao: uma significativa pre- cocidade no plano legislativo e no discurso poltico sobre o papel da escola na modernidade e uma continuada denegao de recursos para o incremento da es- colarizao 3 . Esta caracterstica retrica est bem presente quando se analisam as despesas com educao nos ltimos cento e cinquenta anos: entre 1851 e 1907, a mdia do oramento da instruo pblica foi da ordem dos 0,2% do produto interno; s em 1927 atingiu, pela primeira vez 1% do produto; entre 1952 e 1965, as despesas representavam menos de 1,2% e, em 1974, na ocasio da Revoluo dos Cravos, 1,8%; somente em 1999, Portugal pde pela primeira vez atingir, ultra- passando-a, a mdia dos oramentos dedicados educao pelos pases membros da OCDE, que ento se situava volta dos 6% do PIB de cada pas 4 . Os dados dis- ponveis permitem afirmar que a construo da modernidade em Portugal foi feita com uma persistente subalternizao da educao, mesmo nos perodos de maior crescimento econmico e de estabilidade financeira. Porqu ento essa subalternizao, apesar de, a nvel do discurso poltico e da produo legislativa, se verificar um assinalvel avano e precocidade? Diferentes autores enfatizam que a origem, a institucionalizao e o incremento da escolarizao de massas no uma funo especfica de caractersticas endge- nas, como a industrializao ou a urbanizao, a estrutura de classes ou a religio dominante, mas o resultado principal da formao do estado-nao, alimentada por uma cultura poltica mundial que emergiu dos dinmicos e mltiplos conflitos da economia-mundo capitalista (Ramirez & Ventresca, 1992). Prxima desta expli- cao a aventada por Jaime Reis (1993) que defende a ideia de que Portugal, pela situao de periferia e de lento desenvolvimento econmico, ao no ser tocado pela conflitualidade social de caractersticas tnicas e religiosas que nos sculos XIX e XX a maioria dos Estados da Europa enfrentou, no necessitou de mecanis- mos profundos de socializao e de integrao para a construo nacional. Entendendo a realidade social enquanto sistema histrico, a realidade social portuguesa seguramente fruto de uma longa permanncia na semiperiferia do sistema mundial, com razes pelo menos desde o final do sculo XVI e com con- sequncias em todos os planos da vida nacional. Na cultura, convergem os fracos nveis de escolarizao e de qualificao escolar e profissional, as grandes difi- culdades na promoo de padres de cultura urbana e de classe mdia, com a abertura aos padres culturais dominantes nos pases centrais, tomados como referncia para importantes grupos populacionais (Santos Silva, 1991). Na econo- mia, esto presentes todas as caractersticas de uma sociedade com nveis inter- mdios de desenvolvimento. Na organizao social, a um estado-providncia fraco, que tem dificuldade em interiorizar na sua cultura de administrao os direitos sociais como direitos (e no como favores concedidos pelo Estado), corresponde uma sociedade-providncia forte nas relaes de comunidade, na entreajuda e no conhecimento recproco
(Santos, 1990). Revista Lusfona de Educao, 10, 2007 Revista Lusfona de Educao 16 Revista Lusfona de Educao Contudo, desde os anos sessenta do sculo XX, Portugal iniciou um processo de renegociao da sua insero no sistema mundial. A viragem da economia por- tuguesa para o espao europeu na dcada de sessenta, a Revoluo de Abril de 1974, o fim do ciclo do imprio, o processo de integrao na Comunidade Econ- mica Europeia, hoje Unio Europeia, desde 1976, e, mais recentemente, a participa- o na primeira fase da unio econmica e monetria, representam mltiplos sinais de uma inteno assumida no sentido de rever a antiga posio de Portugal no sistema mundial. Essa viragem estratgica na situao portuguesa teve profundas implicaes nas polticas pblicas de educao. Apesar das resistncias do regime de Salazar, a sociedade portuguesa do ps II Guerra Mundial foi sofrendo, nos planos demogrfico, do reordenamento do terri- trio e da estrutura da populao activa, um conjunto de mudanas invisveis que, rapidamente, lhe foram mudando a face. Embora os anos de viragem na poltica educativa se possam encontrar nos anos 1950, com a implementao da reforma do ensino tcnico e do Plano de Educao Popular, e nos anos 1960 com a parti- cipao no Projecto Regional do Mediterrneo 5 , ser contudo nos anos 1970, com a reforma Veiga Simo, que a educao assumir um lugar central no processo de recomposio do Estado e nos debates sobre a modernizao e desenvolvimento do pas (Stoer, 1986). Seguramente por se situar nesse lugar central, a educao, enquanto poltica pblica, cedo mostrou o completo esgotamento da aco reno- vadora do ltimo Presidente do Conselho (e do Ministro da Educao) do Estado Novo, bem como o completo esgotamento dessa forma poltica, em crescente contradio com as aspiraes sociais e a insero de uma economia progressiva- mente direccionada para o espao europeu. A Revoluo de Abril de 1974 e a democratizao das aspiraes sociais A ruptura iniciada com a Revoluo de 1974 se, no plano mundial, pode ter aberto caminho terceira vaga de democratizao no mundo moderno que refere Huntington (1991), no plano nacional, significou a tentativa de superao da dupla crise de legitimidade e de hegemonia que, desde os finais dos anos 1960, atraves- sava profundamente o Estado e a sociedade portuguesa. A mobilizao social per- mitida pela revoluo permitiu que se tivesse dado passos de gigante na afirmao dos direitos de cidadania, levando construo de um Estado-Providncia que, embora incipiente face dimenso alcanada por esta forma de Estado nos pases centrais da Europa, s foi possvel por uma desvinculao das polticas sociais das exigncias da acumulao, durante o curto perodo de crise revolucionria, em 1974 e 1975. No campo especfico das polticas de educao, a revoluo permitiu uma nova centralidade para os problemas educativos, remobilizando as aspiraes de acesso aos diferentes nveis de escolarizao, amplificado no incio dos anos 1970 pelo Revista Lusfona de Educao Revista Lusfona de Educao Teodoro & Anbal: A Educao em Tempos de Globalizao Revista Lusfona de Educao 17 discurso meritocrtico do ltimo ministro da Educao do Estado Novo, e abrindo novas frentes nos planos da participao na gesto escolar e na reformulao das estruturas e contedos de ensino. A educao, nesse perodo de crise revolucio- nria, para alm de um aceso palco de lutas polticas, tornou-se um campo privi- legiado de legitimao da nova situao democrtica, apostada em mostrar uma radical mudana face s anteriores polticas obscurantistas do Estado Novo. Se nos primeiros momentos do aps movimento militar se pensou em prosseguir a refor- ma educativa tal como tinha sido delineada na Lei n. 5/73, cedo se caminhou para a tentativa de formular um programa que, no campo da educao, respondesse ao propsito, ento largamente maioritrio ao nvel do discurso poltico, de construir uma sociedade a caminho do socialismo 6 . Em consequncia, e de acordo com a tese de Jos Alberto Correia (2000), enquanto nas democracias estabilizadas se trata da formao dos cidados inte- grados na democracia, em Portugal a educao, numa primeira fase aps Abril de 1974, construa a prpria formao democrtica. Neste trabalho, em que o autor discorre sobre as transformaes operadas nos discursos educativos no campo da definio educativa, Correia (2000) distingue, de 1974 a 1999, quatro ideologias- tipo educativas em Portugal: (i) a ideologia democratizante e crtica, (ii) a ideologia democrtica, (iii) a ideologia da modernizao e (iv) a ideologia da incluso, que, por sua vez, so inspiradas, respectivamente, em quatro modos legtimos de definir educao: (i) a definio poltica, (ii) a definio jurdica, (iii) a definio economicis- ta e (iv) a definio organizacional. Segundo Correia (2000), apenas na fase ps-revolucionria reconhecvel a ideologia democratizante e crtica. Os discursos assumem-se, ento, como discur- sos (pre)ocupados na gesto das tenses contraditrias e, por isso, marcados por uma instabilidade intrnseca inibidora da sua apropriao como discursos norma- tivos, o que os torna (...) especialmente vocacionados para proporcionarem di- nmicas envolventes imprescindveis ao desenvolvimento de uma aco projectual sustentada na permanente recriao da sua dimenso utpica (p.8). Os dfices de normatividade e a ausncia do escopo regulatrio, proporcionam, segundo Correia (2000), o aparecimento de espaos educativos de dimenso emancipatria trans- formadora. Rui Grcio (1995) quem ilustra esta dimenso ao referir-se a prticas esco- lares poca: (...) uma escola diferente, aberta ao mundo actual, realidade concreta, actividade produtiva (econmica, social, cultural), comunidade prxima, uma escola suscep- tvel de mobilizar, numa perspectiva de interveno crtica e criadora, professores e alunos, de suscitar a cooperao activa de pais, de trabalhadores e de outras pessoas e grupos da comunidade, de fazer uns e outros agentes responsveis de transformao social e cultural. (p. 356 )
Revista Lusfona de Educao, 10, 2007 Revista Lusfona de Educao 18 Revista Lusfona de Educao A integrao europeia e as polticas de modernizao da sociedade portuguesa Normalizada a revoluo pela transposio para o interior do Estado dos impasses na construo de uma hegemonia social e poltica que antes se verificava no seu exterior, nas organizaes sociais e no Movimento das Foras Armadas (MFA) -, a educao manteve um estatuto de centralidade nas polticas pblicas, embora com uma mudana de eixo prioritrio. Assumida a integrao na Europa comunitria como motor exgeno de desenvolvimento do pas, o discurso sobre a prioridade educativa passou a privilegiar a questo do papel do sistema escolar na qualificao de mo-de-obra, associado afirmao da urgncia em realizar uma reforma educativa global que desse coerncia ao sistema de ensino e respondesse s necessidades que o sistema econmico, nesta fase de integrao europeia, atri- bui educao. A referncia dominante na conduo das polticas educativas de finais dos anos 1970, dos anos 1980 e da primeira metade dos anos 1990 situou-se ento no plano da ideologia da modernizao (Afonso, 1999), congruente com essa forma de Es- tado-como-imaginao-do-centro que dominou o processo de integrao europeia 7 . Vai-se ento afirmando uma linha discursiva que se constitui como entendimento comum e orientador dos estados-membros e que assenta num conceito de educa- o intimamente ligado ao mundo da economia e do trabalho. Numa das classificaes mais conhecidas dos perodos da economia portugue- sa depois da Revoluo de Abril de 1974 (Vasconcelos e S, 1998), encontramos a identificao de trs ciclos econmicos: (i) de 1975 a 1985 deu-se, em momentos e circunstncias diversas, a convergncia poltica com a ento Comunidade Europeia, em termos de mercado cada vez mais aberto e das ajudas de pr-adeso; (ii) de 1985 a 1997 registou-se a convergncia macroeconmica, na aproximao lenta s condies da Europa; (iii) e, desde 1998, a par do percurso de identificao mone- tria e financeira com o euro e o pacto de estabilidade, houve um processo muito apoiado em Programas Operacionais (PO) que intentaram e intentam modernizar as variadas reas. Entretanto, houve, de facto, uma aproximao Europa em termos de cresci- mento do Produto Interno Bruto (PIB), efectuado, embora, essencialmente custa de trs factores: (i) os fundos de apoio da Comunidade Europeia (que constituam 2,5 a 3% do PIB anual), (ii) o aumento do consumo privado e (iii) o aumento do nmero dos trabalhadores activos (Serra, 2000). Este quadro, presente no perodo de 1985 a 1995, considera-se esgotado com a previsvel diminuio dos fundos comunitrios e com o facto evidente de o consumo no poder aumentar sem uma correspondente criao da riqueza. O denominador necessrio torna-se ento, agora, o da produtividade. Nas polticas sociais em Portugal evidente uma tendncia convergente com as dos outros pases europeus, designadamente a partir de 1986. Efectivamente, Revista Lusfona de Educao Revista Lusfona de Educao Teodoro & Anbal: A Educao em Tempos de Globalizao Revista Lusfona de Educao 19 a influncia dos padres de deciso poltica da Unio Europeia tem reflexos no curso das polticas sociais intentadas. Reconhecendo o facto, Hespanha (2002) no deixa de apontar que a convergncia se faz, todavia, custa de compromissos impositivos, como seja o papel que desempenham tanto os fundos estruturais e de coeso no tornar possvel programas sociais, como o sistema monetrio que, pelo argumento da convergncia, obriga, por via indirecta, retraco das polticas sociais. O discurso educativo e as modalidades de governao acompanham estes ci- clos, reflectindo o resultado da difuso europeia de ideologias e padres de or- ganizao educativa. Constituindo-se como instncia supranacional, a interveno comunitria tem vindo a desenvolver e a aperfeioar mtodos de concretizao das polticas que reforam a convergncia. Antunes (2004a, 2004b) constata a existncia de um percurso neste processo de europeizao, iniciado nos anos 80 atravs de Programas de Aco, reforado entre 1986 e 1992 por uma agen- da sustentada em aces comunitrias e processos normativos (intensificados) (2004a, p.106) adquirindo nos ltimos anos um novo desenvolvimento de feio mais impositiva. Trata-se da defnio do nvel supranacional como locus de inscrio formal e explcita das polticas a desenvolver para os sistemas educativos e de formao em que a execuo da poltica objecto de controlo realizada pelas instncias que a defnem, o Conselho Educao, a Comisso Europeia, o Conselho Europeu, e baseada em parmetros e indicadores previamente defnidos, regularmente aferidos e publicamente divulgados (Antunes, 2004b, p.7) , pois, possvel, no campo da educao, identificar processos de convergncia com as polticas internacionais, convergncia de que resultam polticas idnticas assumidas por partidos ideologicamente diferentes, bem como a produo de um discurso homogneo, justificado pela incontornabilidade da necessidade de mo- dernizao que promete a aproximao aos pases do centro. Discursos como o da valorizao das competncias, da avaliao externa como garantia de qualidade e instrumento de controlo, da desestatizao das escolas, ou da regulao social, evidenciam uma progressiva internacionalizao das polticas. A inquestionabilidade do modelo de desenvolvimento que legitima o discurso da modernizao nas polticas educativas tem a sua matriz ideolgica no conceito de evolucionismo linear, conceito que, subsidirio do carcter cientificizante e etnocntrico do saber ocidental que procura estabelecer regras gerais para casos particulares, atribui ao sistema social portugus, dada a sua condio histrica se- miperifrica, um estdio intermdio, inacabado que s atingir completude quando alcanar condio de pas do centro (Magalhes, 1998). Esta rational parte da noo de uma construo social mundial cujos princpios e prticas assumem carcter universal e se difundem por indicadores que constroem o sentido dessas mesmas polticas. Revista Lusfona de Educao, 10, 2007 Revista Lusfona de Educao 20 Revista Lusfona de Educao O hibridismo nas polticas educativas A partir dos anos 1980, se as polticas educativas e os discursos que as justi- ficam entendem a convergncia como o caminho a seguir, apresentam contudo um carcter hbrido resultante de duas abordagens concomitantes que assentam em diferentes perspectivas sobre a escola de massas uma, de que a escola, ao con- ferir competncias essencialmente cognitivas, prepara para o mercado do trabalho e, outra, que defende a escola que conduz emancipao (Magalhes & Stoer, 1998). Correia (2000), na anlise que faz sobre as ideologias educativas, encontra nos discursos da dcada de 1980 um apagamento da assuno do papel da educao para a democracia e um crescente aumento da empresarializao do campo se- mntico da educao (p. 15). F-lo, porm, atravs de um discurso da moderni- zao em que este termo se revela imbudo de polissemias que ocultam opes ideolgicas de cariz neoliberal. Na sequncia de um perodo revolucionrio de ideologia democratizante, se- guido de um processo de normalizao, garante de uma estabilidade democrtica juridicamente formalizada, o perodo que se inicia na dcada de 1980 caracteri- za-se pela persistncia discursiva no tema da modernizao, legitimado por duas temticas respectivamente estruturadoras do discurso democratizante e do dis- curso democrtico (Correia, 2000, p.16), caractersticas dos perodos anteriores. Isto , a par da temtica da diversificao contextualizadora das ofertas educativas e da temtica da igualdade de oportunidades, exalta-se a interveno empresarial nas ofertas locais de formao e promove-se uma lgica gestionria sustentada numa ideologia meritocrtica (idem, p.16). Tambm Rui Gomes (1999) encontra um veio discursivo neoliberal, desregu- lamentador, associado, paradoxalmente, a um aumento constante da interven- o estatal nos planos jurdico-legal, curricular e gestionrio (p.138). Almerindo Afonso (1998) define os dois vectores em tenso que geram esse paradoxo: de um lado, o Estado-Providncia que assenta na expanso do Estado, atravs da demo- cratizao e alargamento da igualdade de oportunidades no acesso educao; do outro, uma apetncia neoliberal, com a reduo desse mesmo Estado e abrindo o campo da educao iniciativa privada (p.210). A esta apetncia neoliberal no campo educativo, exteriorizada mais por uma retrica discursiva do que por concretizao de medidas, confere o mesmo autor a designao de neoliberalismo educacional mitigado que caracteriza como resultante das presses contradit- rias exercidas pelos diferentes grupos e classes sociais que participaram directa ou indirectamente, na definio da poltica educativa () (p.232). Em 1987, o ento Primeiro Ministro, Cavaco Silva, aquando da apresentao na Assembleia da Repblica do Programa do XI Governo Constitucional, afirmava: hoje generalizada nas sociedades modernas a conscincia de que a excessiva estatizao impede o desenvolvimento, rigidifca as estruturas sociais e limita a Revista Lusfona de Educao Revista Lusfona de Educao Teodoro & Anbal: A Educao em Tempos de Globalizao Revista Lusfona de Educao 21 liberdade. (...) Assim se explica o apoio crescente da opinio pblica de muitos pases desregulamentao, privatizao e liberalizao. 8 . Consequentemente, a par do anncio de um caminho de privatizaes no sec- tor estatal, na lgica da estratgia de progresso assente no reconhecimento do papel primordial da iniciativa privada, da concorrncia e dos mecanismos de mer- cado, o primeiro ministro anunciava ao mesmo tempo uma profunda reforma do sistema educativo, que vena os desafios da integrao europeia e assegure o futuro nacional de uma gerao () mais competente e empreendedora, com maior sentido de autonomia, capaz de assumir riscos e aberta inovao e, assim, melhor preparada para o desempenho das complexas tarefas do mundo moder- no 9 . Na mesma altura, o Ministro da Educao, Roberto Carneiro, num discurso onde, a par de preocupaes humanistas assentes em valores democrticos e emancipatrios, no deixava de insistir na concepo de uma educao como in- vestimento decisivo de desenvolvimento, vistas as coisas por um ngulo econ- mico e de progresso material, defendendo uma aco que seria um desafio com cinco vectores (i) democratizao do ensino, (ii) qualidade para a promoo da excelncia, (iii) educao para o sucesso a favor de uma educao para a confiana e autonomia, para a criao de homens competentes, empreendedores, inovadores e capazes de correr riscos, (iv) educao para a vida activa, (v) valorizao da ptria, da lngua e da cultura portuguesa. 10 . De 1992 a 1995, na segunda fase de governao do Primeiro Ministro Cavaco Silva, os Ministros da Educao reforam o discurso poltico que acentua a relao da educao com a competitividade econmica, entendida como processo incon- tornvel no percurso para a modernizao do pas. Uma gesto orientada para a eficcia do sistema e centrada nos resultados o mote dos discursos polticos deste perodo governamental. Nas palavras da Ministra da Educao, Manuela F. Leite, em 1994, tem de haver um empenhamento total () atravs de uma poltica educativa que se dever centrar na eficcia do sistema e este deve adequar-se s exigncias do mercado de emprego 11 , Os Governos da responsabilidade do Partido Socialista, que se sucedem entre 1995 e 2002, procuram demarcar-se dos modos de governao anterior, fazendo-o, sobretudo, por um corte particularmente evidente no domnio discursivo. Ruptura que, ao nvel do Governo, acentuar a nfase no carcter social das preocupaes da governao e que, na poltica educativa, se faz com o abandono da ideia da Reforma top down do anterior Ministrio para eleger o consenso nacional como o campo privilegiado na educao e enfatizar a participao como fundamento da democratizao. O Ministro Maral Grilo prope, ento, em documento intitulado Pacto educativo para o Futuro, uma plataforma de entendimento que apresenta na Assembleia da Repblica: Pretendemos pr em prtica um pacto aberto que permita uma partilha e uma complementaridade nas responsabilidades. Ao Estado caber assumir um papel Revista Lusfona de Educao, 10, 2007 Revista Lusfona de Educao 22 Revista Lusfona de Educao estratgico insubstituvel, assumindo a sua quota parte no investimento, na re- gulao e na orientao. Mas sociedade ser cometida a tarefa de dar corpo e consequncia s polticas, em nome do respeito pelos princpios constitucionais ligados ao direito educao e liberdade de ensinar e aprender. 12
neste perodo que o hibridismo da poltica educativa surge mais patente. No obstante a insistncia nos conceitos de igualdade de oportunidades e de incluso, transpostos para medidas como as que criam os Territrios Educativos de Inter- veno Prioritria 13 e os Currculos Alternativos 14 , as constantes referncias que aliam educao e desenvolvimento, numa lgica homogeneizante e universal de modernizao, afirmam a existncia de continuidade nos parmetros fundamentais das polticas educativas. Em consequncia desenvolvem-se orientaes hbridas que associam discursos de pendor construtivista numa perspectiva crtica com discursos apologistas de eficincia social que submete a utilidade da educao produtividade econmica. deste hibridismo que o discurso sobre o currculo baseado em competncias refm. No entender de alguns pedagogos (Stoer & Magalhes, 2005) medida que o conhecimento vai ganhando centralidade como factor de produo o conceito de competncia tende a corresponder s exigncias do mercado(p. 46, 47). Se reduzido a essa funo de articulao da educao com o mundo do trabalho, o currculo baseado em competncias, apresentado na sua gnese escolar como par- ticipante de um modelo construtivista promotor de uma aprendizagem reflexiva e emancipatria, transfigura-se num modelo regulatrio, vocacionado para a espe- cializao e controle de resultados. neste perodo de construo do currculo por competncias numa concepo construtivista que o controle dos resultados se intensifica com a instituio de provas de avaliao externa e exames nacionais ento abolidos em 1980. Foi nesta altura criado o Gabinete de Avaliao Educa- cional, servio central do Ministrio da Educao, com a funo de elaborao dos exames e provas nacionais. A vertente construtivista, assumida na governao educativa do partido so- cialista, apaga-se claramente na poltica da nova governao educativa dos anos de 2002 -2004, qual Licnio Lima (2003) atribui uma viso liberal de lgica individualista, de emulao e de competitividade, naturalizando a igualdade de oportunidades e recursos(Lima, 2003). Os discursos testemunham uma tendncia crescente para a valorizao da regulao a partir dos resultados e, consequente- mente para a defesa da avaliao externa com publicitao da qualidade de cada escola. Rejeitamos quer o darwinismo social quer o pretenso igualitarismo, ou Que- remos distinguir as melhores escolas, so afirmaes do Ministro da Educao do Governo PSD-CDS/PP, David Justino, em 2002 15 , que bem espelham o sentido de uma orientao poltica apenas esboada no plano prtico, mas fortemente defen- dida e suportada por influentes opinion makers da sociedade portuguesa. O novo ciclo de governao poltica iniciado em 2005, com a vitria do Partido Socialista (e do seu lder, Jos Scrates), parece caracterizar-se pela emergncia Revista Lusfona de Educao, 10, 2007 Revista Lusfona de Educao 24 Revista Lusfona de Educao A partir de uma reforma educativa que se pretendeu abrangente nos anos de 1986, a preponderncia da incidncia no modo de gesto e nos critrios de eficin- cia e qualidade como determinantes das opes pedaggicas , em determinados perodos, mitigada por preocupaes discursivas referentes questo da igualdade de oportunidades e ao incremento da participao de todos os actores sociais. De notar, contudo, que a palavra modernizao, qualquer que seja o posicionamento ideolgico de quem a profere, se faz acompanhar da ideia de que a sua promoo o processo que garante uma democratizao qualificada. Os ltimos governos tm colocado o acento numa racionalizao que baseia a democratizao no mrito, independentemente das origens sociais, tendendo, por meio de mecanismos de competitividade, sempre publicitados, ora para a privatizao da escola pblica ora para a sua defesa como instituio pblica decorrente da dialctica que suporta as identidades partidrias diferentes. Em qualquer dos casos, constata-se a ten- dncia para a valorizao gestionria atravs de mecanismos de avaliao externa, reduzindo os poderes dos professores e dos sindicatos e um reforo do controlo social (participao dos pais e outros actores da comunidade na avaliao) e da monitorizao externa (encerramento das escolas com piores resultados, estan- dardizao da avaliao, etc). O carcter hbrido na definio das polticas educativas remete para o entendi- mento de que a importao de modelos do exterior, mesmo que legitimados por agncias internacionais ou pela Unio Europeia, mitigada no confronto com o contexto nacional, histrico e poltico, ou seja, a especificidade econmica, pol- tica e social portuguesa no se anula com meras transposies do exterior que a tentao do centro acolhe. Pedro Hespanha (2002) faz notar que, em qualquer comparao, no possvel alienar as especificidades que resultam do hibridismo que caracteriza o Estado Providncia portugus, que combina, ao mesmo tempo corporativismo, universa- lismo e liberalismo. Corporativismo que ainda se descortina nos sistemas sociais pblicos como a segurana social, apesar do universalismo de direitos sociais que vigora no sistema nacional de sade e de um liberalismo, actualmente a conduzir as decises polticas, que seleccionam o acesso aos direitos. Tambm Boaventura de Sousa Santos (1994) reconhecia, em Portugal, especi- ficidades que neste processo de integrao na Unio Europeia o singularizam. O mercado no era hegemnico. A tutela do Estado, embora atenuada por iniciativa do prprio Estado, era ainda preponderante. Coexistiam resqucios de agricultura no capitalista com processos de mundializao do mercado; descaracterizaram-se regies industriais e dinamizaram-se indstrias locais. O princpio da comunidade apresentava debilidades ao nvel da regulao autnoma. Registava-se um dfice corporativo e um apagamento da sociedade civil a favor do domnio do Estado. Nas racionalidades da emancipao coexistiam formas importadas e dependentes de movimentos dominantes nos pases centrais com formas pr-modernas. A especificidade portuguesa no pode ser entendida, pois, como caracterstica Revista Lusfona de Educao Revista Lusfona de Educao Teodoro & Anbal: A Educao em Tempos de Globalizao Revista Lusfona de Educao 25 de um estadio intermdio mundial, mas resultado de heterogeneidades que se ar- ticulam e geram sentidos prprios e estruturas concordantes. Nesta construo social o modelo global da modernizao s produzir significado se recontextuali- zado. com este argumento que parece poder defender-se, como o fazem alguns, a possibilidade de uma poltica educativa que no se atenha prevalentemente a processos de racionalizao da educao e que permita uma escola, produto de sujeitos globais e locais, espao pblico de experimentao gerido de um modo dialgico 18 . nam-se a grupos especfcos de alunos do ensino bsicm percurso escolar irregular, se enquadram quer no ensino regula Notas Artigo produzido no mbito do Projecto Educating the Global Citizen: Globalization, Educational Reform and the Politics of Equity and Inclusion in 12 Countries. The Portuguese case. O projecto conta com um fnanciamento da Fundao para a Cincia e a Tecnologia (Ref POCTI/CED/56992/2004). 1 O Recenseamento de 1991 assinalava ainda, na populao maior de 10 anos, uma taxa de analfabetismo literal (declarar no saber ler nem escrever) de 11%. Mas, dez anos depois, em 2001, a taxa de analfa- betismo mantinha-se em 9%. Fonte: http://www.min-edu.pt/Scripts/ASP/destaque/recenseamento02.asp (consulta em 14.06.2006). 2 Ver Ana Benavente, Alexandre Rosa, Antnio Firmino da Costa & Patrcia vila, A Literacia em Portugal. (1996). Sobre a comparao com estudos realizados em outros pases, ver CERI (1996). 3 Sobre este conceito, ver Yasemin S. Soysal & David Strang (1989). No caso especiffco de Portugal, ver o captulo 2 do livro A Construo Poltica da Educao (Teodoro, 2001, pp. 98-130) 4 Sobre a evoluo das despesas com a educao, desde o primeiro oramento de Estado em 1851-1852 ao ano de 2000, ver Teodoro (2001, pp. 113-130). 5 Sobre a participao de Portugal nesse primeiro projecto de planeamento educativo conduzido pela OCDE, ver Teodoro (2000; 2001). 6 Ver o desenvolvimento desta ideia em Antnio Teodoro (1999, 2001). 7 A caracterizao de Boaventura de Sousa Santos (1993), que a apresenta do seguinte modo: O Estado- como-imaginao-do-centro uma forma poltica com uma produtividade variada. Em primeiro lugar, pro- duz sinais intelegveis e credveis de uma melhor vida futura, tornando transitrias e, consequentemente, suportveis as difculdades e as carncias actuais. Em segundo lugar, permite que o Estado tire partido de todos os benefcios decorrentes da integrao, relegando eventuais custos para um futuro indeterminado. Em terceiro lugar, deslegitima qualquer especifcidade do desenvolvimento nacional que no se enquadre nos actuais objectivos do Estado (por exemplo, o sector empresarial do Estado ou a pequena agricultura familiar), alegando que contrariam os padres de desenvolvimento europeu, no sendo, por isso, politi- camente defensveis. Em quarto lugar, despolitiza o processo poltico interno, invocando a inevitabilidade tcnica de determinadas medidas em nome das exigncias da integrao europeia (p. 51). 8 Dirio da Repblica n 004, p.44 , 1987, V Legislatura, sesso de 26.08.1987. 9 Dirio da Repblica n 004, 1987, p. 46, V Legislatura, 1987, sesso de 26.08.1987. 10 Dirio da Repblica n 006 de 1987, p. 131, V legislatura, sesso de 28.08.87. 11 Dirio da Repblica n 077, VI Legislatura, 1994, sesso de 26.05.1994. 12 Dirio da Repblica n 083, p. 2777, 1996, VII Legislatura, sesso de 12.06.1996. 13 Os Territrios Educativos de Interveno Prioritria (TEIP) so criados pelo Despacho n 147 B/96 de 1 de Agosto que determina a possibilidade dos estabelecimentos de educao e ensino se associarem com vista constituio de territrios educativos, zonas tidas como carenciadas, que asseguram o percurso escolar dos alunos atravs de medidas facilitadoras da execuo dos seus Projectos Educativos. 14 Os Currculos Alternativos tm o seu enquadramento legal no Despacho n 22/SEEI/96 de 20 de Abril (DR, II srie, n 140 de 19 de Junho de 1996. Esta medida gerou polmica nos meios educativos e acad- micos tendo sido tomada por uns como inovadora de combate ao insucesso, foi, por outros, tida como segregadora, gueto social. Alguns investigadores incluem-na no conceito de gesto controlada da exclu- so no processo de implementao local. (ver Corteso, L., Magalhes, A.M. & Stoer, S. R.(2000) ) 15 Dirio da Repblica n 004, p.96, IX Legislatura, 2002, sesso de 18 de Abril de 2002. 16 Em entrevista, a Ministra da Educao, Maria de Lurdes Rodrigues, afrmava que o objectivo do prolonga- mento de horrio nas escolas o de garantir que, no espao da escola todos os alunos tenham acesso gratuito a um conjunto de recursose que as escolas devem garantir a universalidade de acesso (Solida- riedade, jornal das IPSS, em 17 de Setembro de 2006). Revista Lusfona de Educao, 10, 2007 Revista Lusfona de Educao 26 17 Defendo uma avaliao externa. Os intervenientes com melhores condies de desempenho so os pais, afrmava a Ministra em entrevista Rdio Renascena a 4 de Junho de 2006. 18 Ver, entre outros, Magalhes (1998) e Teodoro (2003). tivar os alunos para aprendizagens cognitivas e dese Referncias bibliogrfcas Afonso, A. J. (1999) Polticas Educativas e Avaliao Educacional. Braga: Instituto de Educao e Psicologia da Universidade do Minho Antunes, F. (2004a). Globalizao, europeizao e especifcidade educativa portuguesa. Revista Crtica de Cin- cias Sociais, 70. p.101-125 Antunes, F. (2004b). A europeizao das polticas educativas. A nova arquitectura e o novo elenco no campo da educao. Jornal A Pgina, 130, ano 13, p.7 Benavente, A. Rosa, A., Firmino da Costa, A. & vila, P. (1996). A Literacia em Portugal. Relatrio de uma pesquisa ensiva e monogrfca. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian/Conselho Nacional de Educao. Center for Educational Research and Innovation [CERI] (1996). Regards sur lducation. Les indicateurs de lOCDE. Paris: OCDE. 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