Anuário
2005
Artigos
Ciências Exatas e da Terra
Central de alarme residencial HomeSecurity
Autores: Ivair Teixeira - Ciência da Computação
Joel Garcia da Costa
Sheila Cristina Pires
Professores Orientadores: Ms. Jeanne Dobgenski
Ms. Eduardo Noboru Sasaki
Faculdades de Valinhos
Resumo
Este artigo apresenta o projeto
HomeSecurity, que é uma central de alarme
residencial microcontrolada utilizando
componentes discretos e de baixo custo. Para o
desenvolvimento deste trabalho foram
implementados o software, o firmware e o
hardware de um sistema de alarme,
proporcionando maiores recursos, além dos tão
comuns indicativos sonoros de invasão e da
chamada de um número de telefone pré-
configurado. Entre as funcionalidades deste
sistema de segurança residencial estão a
interatividade via internet, comunicação de
eventos de invasão e incêndio por discagem a
um número pré-configurado, controle de luzes,
abertura de portas e portões, acionamento de
dispositivos conectados a central e simulador
Introdução
Os sistemas automatizados de
monitoramento de residências e empresas
possuem um importante papel na sociedade
atual, pois, o tema segurança é primordial
para a família e para as empresas.
O mercado oferece diversos produtos
relacionados à segurança patrimonial, desde
sistemas simples até os mais avançados
de presença. É importante destacar que não se
trata apenas de um hardware pré-programado,
mas sim de um sistema flexível, interativo,
moderno e com possibilidade de ser controlado
remotamente pelo usuário. Os testes forneceram
informações valiosas que realimentaram as
etapas anteriores e que foram aperfeiçoadas
gradativamente. Para a demonstração do
funcionamento da central foi montada uma
maquete, na qual é possível visualizar uma
simulação dos eventos e interações em tempo
real, comprovando assim a eficiência do
HomeSecurity sem a instalação física em uma
residência.
Palavras-chave: Microcontrolador,
alarme residencial, hardware.
tecnologicamente, como exemplo os que
utilizam GPS (Global Positioning System).
No entanto, os sistemas de alarme costumam
ter alto custo, os quais aumentam ainda mais
dependendo da melhoria e variedade dos
recursos utilizados. Desta forma, uma das
motivações para o desenvolvimento deste
trabalho foi procurar recursos de baixo custo,
33
Anuário
2005 adequados para um projeto que desenvolva
as habilidades e competências de alunos do
curso de Ciência da Computação na área de
hardware e software.
Esta pesquisa propõe e desenvolve
uma central de alarme residencial que possui
baixo custo e uma grande variedade de
recursos a serem utilizados pelo usuário.
Para isso foi realizada a análise dos
requisitos, levantando quais funcionalidades
poderiam ser agregadas à central, visando
proporcionar um diferencial ao sistema
desenvolvido. Foram definidos os atores e
elaborados os diagramas de casos de uso e
de seqüência, facilitando o entendimento do
problema. As funcionalidades definidas para
compor a central de alarme, são:
interatividade via internet, comunicação de
eventos de invasão e incêndio por discagem
a um número pré-configurado, controle de
luzes e de ar-condicionado, abertura de
portas e portões, acionamento de
dispositivos conectados a central e
simulador de presença.
Todo o sistema implementado utiliza
um microcontrolador PIC (Peripheral
Interface Controller) fabricado pela
Microchip Tecnology, o aplicativo IIS
(Internet Information Service) desenvolvido
pela Microsoft e um aplicativo CGI
(Common Gateway Interface), o qual foi
implementado com uma interface
desenvolvida em Delphi, da Borland.
A central de alarme monitora
constantemente o interior da residência e
portão, sendo que na ocorrência de invasão
ou incêndio, esta automaticamente realiza
uma ligação para um número de telefone
pré-programado, celular ou fixo, notificando
o usuário através de sinais sonoros a
ocorrência de um evento. Logo, um
microcomputador configurado como um
servidor web é iniciado pela central de
alarme. Desta forma, o usuário pode acessar
remotamente o sistema de segurança, ou
seja, o usuário pode estar em qualquer
localidade e acessar a planta da residência.
Este recurso permite que o cliente observe
uma indicação simultânea de qual o local
invadido e execute ações na residência
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remotamente, como a abertura do portão
principal, portas, acionamento de luzes em
locais pré-determinados e outros dispositivos
eletroeletrônicos desde que conectados ao
módulo de acionamento da central, assim
como o desligamento completo da central
de alarmes.
As funcionalidades do sistema
desenvolvido foram testadas em uma
maquete, simulando a instalação numa
residência, sendo que os testes físicos
tiveram grande importância para a validação
da pesquisa e para seu aprimoramento.
As etapas da elaboração desta pesquisa
estão descritas neste artigo, de forma a
proporcionar ao leitor as informações
necessárias para reconstruir a pesquisa
realizada. Logo, na seção 2 estão citados
alguns trabalhos correlatos ao desenvolvido
e que, de alguma forma, auxiliaram na
elaboração deste. A seção 3 fala sobre a
metodologia utilizada para o
desenvolvimento da pesquisa. Na seção 4,
obtem-se informações necessárias sobre
automação e hardware. A seção 5 descreve
a implementação do projeto. Na seção 6 é
feita uma breve discussão sobre o
experimento e a seção 7 mostra as
conclusões acerca do trabalho. Por fim,
encontram-se as referências bibliográficas.
Trabalhos Correlatos
Para o desenvolvimento desta
pesquisa foi feita uma ampla revisão de
literatura em busca de trabalhos correlatos
com o tema em questão. Há muita
informação a esse respeito e trabalhos
variados. No entanto, dois, entre os trabalhos
estudados, foram de fundamental
importância para o embasamento teórico
desta pesquisa.
O trabalho realizado por Eli Venturi
[CtrlResidencial, 2005] propõe a utilização
de um dispositivo móvel tipo Pocket PC
20031. Este dispositivo utiliza componentes
para comunicação de dados via internet e um
servidor que realiza a comunicação/interface
entre o pocket e um dispositivo simulador
de estados de objetos.
 Anuário
O simulador está conectado ao Destes trabalhos, é importante 2005
servidor através da porta paralela e possui ressaltar que a primeira referência citada foi
uma função apenas passiva de controle de de extrema importância para o
status. Na ocorrência de alteração de status desenvolvimento da parte de comunicação
de qualquer um dos objetos, ao ser de dados e acesso via internet, sendo que a
consultado pelo servidor, ocorrerá a segunda referência foi importante para a
atualização do registro dos status implementação do hardware.
armazenados no servidor. Em momento
algum é alarmado a ocorrência ao portador Metodologia
do pocket.
O artigo de João Maurício Rosário O desenvolvimento desta pesquisa
[Universia, 2005], professor da Faculdade utilizou o modelo cascata, conforme mostra
de Engenharia Mecânica da Unicamp, trata a Figura 1. Basicamente, este modelo
da experiência de um grupo de consiste em seguir uma seqüência pré-
pesquisadores no Brasil que possuem um definida desde o início do projeto, sempre
laboratório de Automação Integrada e passando para a etapa subseqüente ao
Robótica na Unicamp (Universidade concluir a etapa atual.
Estadual de Campinas), São
Paulo, no qual realizam estudos Análise de
na área de automação predial e requisitos

residencial. Estão Projetos

implementando um projeto piloto
de um edifício inteligente,
representado através de uma
maquete de três andares.
A maquete possui sensores
de presença em todas as portas e
janelas, sensores de nível na caixa
Figura 1: Diagrama do modelo Cascata
d’água, controle de entrada dos
veículos com guarita
automatizada, controle de acesso ao
elevador e controle de luminosidade. Este a seguir.
último é gerenciado em função do horário e
da detecção a presença de pessoas no
ambiente, permitindo assim o controle no
consumo de energia. Um Controlador
Lógico Programável (CLP), recebe as
informações dos dispositivos implantados
na maquete e através de um sistema de
supervisão e controle, monitora diferentes
sensores por uma tela gráfica.
O objetivo dos investimentos em
pesquisas na área de automação é criar casas
e prédios “inteligentes” com baixo custo de
implementação, tendo em vista não só
conforto e melhoria de vida, mas, também
a segurança podendo monitorar tudo à
distância, por celular, via internet ou ondas
de rádio.
Codificação
Testes
Manutenção
Cada uma destas etapas são definidas
• Análise de requisitos: Nesta etapa,
os requisitos do produto que se deseja
desenvolver são estabelecidos, os
quais consistem, usualmente, nos
serviços que se devem fornecer, nas
limitações e nos objetivos do software.
Inclui também a documentação, o
estudo da facilidade e da viabilidade
do projeto, com o fim de determinar o
processo de início de desenvolvimento
do projeto do sistema.
• Projeto: É o processo no qual se
define o escopo do sistema, com vários
passos que se centralizam em quatro
atributos: estrutura de dados,
arquitetura do software e
caracterização das interfaces. Este
processo representa os requisitos de
35
Anuário
2005 uma forma que permita a codificação
do produto.
• Codificação: Etapa em que são
criados os programas. Se o projeto
possui um nível de detalhe elevado, a
etapa de codificação pode se
implementar automaticamente.
• Testes: Concluída a codificação,
inicia-se a fase de teste do sistema. O
processo de teste se centraliza em dois
pontos principais: as lógicas internas
do software e as funcionalidades
externas. Esta fase decide se foram
solucionados erros de
“comportamento” do software e
assegura que as entradas definidas
produzam resultados reais que
coincidam com os requisitos
especificados.
• Manutenção: Essa etapa consiste
na correção de erros que não foram
previamente detectados, em
melhorias funcionais e de preferência,
e outros tipos de suporte.
Nesta pesquisa, buscou-se levantar os
requisitos do sistema através de
questionamentos simples e que definem o
funcionamento básico de uma central de
alarmes. Para isso, determinou-se que a base
de estudos é uma residência com
monitoramento do portão principal, sala,
cozinha e quartos, com controle de luzes
destes locais e da garagem. Uma visão
abstrata é fornecida ao usuário para então
levantar as seguintes informações:
• O que o sistema deve fazer?
• Quais os pontos da residência que
serão monitorados?
• Como deverá iniciar e finalizar o
alarme?
• Qual a ação do alarme ao ocorrer
um evento?
• Quais eventos influenciarão no
disparo do alarme?
• Qual a interatividade desejada?
• Há mais funcionalidades que
poderão ser agregadas ao alarme?
Quais?
Através das informações obtidas pelo
cliente, pode-se desenvolver um alarme
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residencial com os possíveis recursos:
• Monitorar invasões ou incêndios;
• Ter funcionalidades de casa
inteligente que possam ser acionadas
remotamente como, por exemplo,
abrir portões e portas, acender as luzes
possibilitando interromper uma
invasão ou permitir acesso a outras
pessoas para impedir um incêndio.
• Ser informado sobre o acionamento
do alarme e poder gerenciar seu
funcionamento remotamente.
Neste projeto, foram identificados os
agentes externos que, de alguma maneira,
interagem com a central de alarme
1. Agente Acionador: Responsável
pelo disparo do alarme, podendo ser
um invasor ou fumaça.
2. Sistema de Alarme: Componentes
externos que estão interligados a
central de alarme:
• Sensores
• Computador
• Luzes
• Linha Telefônica
3. Cliente: Gerencia a central de
alarme e é informado quando a mesma
é disparada.
A Figura 2 mostra as ações nas quais
cada um destes atores estão envolvidos.
Figura 2: Definição dos papéis de cada ator.
Foram identificados e estabelecidos
todos os casos de uso do sistema, sendo que
cada cenário e a seqüência de passos que
descrevem a interação entre o usuário e o
sistema foram utilizados para o
desenvolvimento e a implementação corretas
da central de alarme.
 Anuário
Automação microcontrolador e o PC (Personal 2005
Computer) foi utilizada comunicação serial
Pode ser definido como automação o assíncrona, ilustrada na figura 4. Essa é a
conjunto de processos mecânicos baseados comunicação realizada entre os dois
em máquinas e programas, com objetivo de hardwares, utilizando como meio guiado a
executar tarefas previamente programadas modulação do cabo elétrico que os une.
pelo homem e de controlar seqüências de Existe somente a linha de dados e, para
operações sem a intervenção humana. realizar a sincronização dos bits, cada
Para a automação das ações da central módulo possui um relógio interno com
de alarmes foi utilizado um tempos iguais que dependem da velocidade
microcontrolador, especificamente o de transmissão desejada, neste caso 9600 bps
modelo 16F877 , produzido pela empresa (bits por segundo).
Microchip.
Um microcontrolador pode ser
definido como um componente dotado de
“inteligência” programável. Esse
componente possui uma memória interna
que possibilita a gravação de uma seqüência
determinada de comandos ou instruções
estruturadas na forma de programa, que são
executadas seqüencialmente ou respondem
a eventos internos ou externos [SOUZA,
2003].
Esses comandos ou instruções são Figura 3: Pinos do microcontrolador PIC16F877
capazes de “compreender” o controle de
periféricos, como sinais analógicos ou
digitais provenientes de botões, chaves,
sensores de pressão e temperatura. Podem
provocar a geração de sinais de saída para
acionamento de contatores, relês, motores
de passo e LCD (Display de Cristal
Líquido).
O microcontrolador utilizado para
desenvolver o HomeSecurity pertence à Figura 4: Comunicação Serial Assíncrona
família conhecida, popularmente, como PIC
e é fabricado pela empresa Microchip O protocolo utilizado é conhecido por
[SILVA, 1997]. O modelo PIC16F877 é o RS232 e a sua implementação, de forma
componente escolhido por ser de fácil simplificada, consiste que cada módulo deve
aquisição no mercado local, boa capacidade, possuir um pino específico para transmissão
ampla literatura, fácil programação e custo e outro para recepção, sendo o pino de
reduzido, características que o tornam uma transmissão (TX) de um módulo conectado
ótima opção para iniciantes. Ainda, devido ao pino de recepção (RX) do outro módulo.
à compatibilidade característica desta Cada hardware mantém o pino de
família, os exemplos utilizados podem ser transmissão sempre em nível 1. Quando um
facilmente migrados para outros modelos, caractere for transmitido, o hardware dispara
com pouquíssimas alterações no código. Na um relógio interno com um tempo pré-
figura 3 é apresentado o esquema de pinos definido e o pino de transmissão é colocado
do microcontrolador PIC16F87X em nível 0. Esse bit zero inicial é conhecido
[Datasheet 16F877]. como Start-Bit.
Para a troca de informações entre o Este nível 0 é detectado pelo outro
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Anuário
2005 módulo que também dispara seu relógio
interno com um tempo igual ao módulo
transmissor. Ao final do tempo do relógio
do módulo transmissor, o primeiro bit é
colocado no pino de transmissão e no
módulo receptor também ocorre o final do
tempo no seu relógio. Este bit é lido ou
“capturado”, e armazenado em uma
variável. Assim ocorre sucessivamente a
transmissão dos 8 bits que compõem um
caractere, a transmissão do bit de paridade
e do Stop-Bit sinalizando o fim da
transmissão do caractere.
Para a implementação do código de
um programa no PIC, um editor conhecido
como MPLab foi usado. O MPLab é um
ambiente integrado que possibilita a
programação, simulação e compilação de
programas. É fornecido pelo fabricante do
PIC e possibilita a utilização de Assembly
apropriado para esses microcontroladores.
Também podem ser utilizados softwares de
outros fabricantes, incluindo opções de
programação de linguagens de alto nível
como C, Basic, Pascal e JAL.
Experimentos e Resultados
Para implementar este projeto foi
definida a arquitetura geral, os recursos
necessários, as ferramentas e o escopo das
atividades. A Figura 5 mostra o diagrama
de blocos, com o fluxo de comunicação
entre os subsistemas que compõem o
sistema da central de alarme.
Figura 5: Diagrama de Blocos
Inicialmente foram avaliadas as
necessidades de hardware, software e os
38
acessórios para o funcionamento correto do
sistema. Foi definida a configuração do
microcomputador do cliente e o
microcontrolador utilizado verificando a
capacidade necessária para suprir as
exigências como: número de portas de
entrada e saída, temporizadores, velocidade
e capacidade de processamento. Desta
forma, os requisitos necessários para a
implantação da central são descritos a seguir.
• Hardware mínimo: Um
microcomputador PC na configuração
de 1Ghz de clock, 128MB de RAM,
10 GB de HD, porta serial e modem
56Kbps.
• Hardware recomendado: Um
microcomputador PC na configuração
de 1.8Ghz de clock, 512MB de RAM,
20 GB de HD, porta serial e modem
de 56Kbps. Placa de circuito impresso
dedicada para suporte do
microcontrolador PIC16F877,
circuitos periféricos de I/0, como
transistores, indicadores de
acionamento, conversor de tensão,
opto-isoladores, regulador de tensão e
conectores.
• Software para operação: Microsoft
Windows XP com o IIS ativo,
Microsoft Internet Explorer,
HomeSecurity, discador automático
para provedor de acesso a internet e
DynDNS.
• Acessórios para operação: Linha
telefônica exclusiva, sensores de
presença, detectores de fumaça/
temperatura, portão com controle
eletrônico, fechadura com controle
eletrônico e sirene.
• Software para implementação:
Microsoft Windows XP com o IIS
ativo, Microsoft Internet Explorer,
Borland Delphi 7.0, discador
automático para provedor de acesso à
Internet, DynDNS, Microchip MPlab,
MPASM e Pacote Microsoft Office XP
com Front Page.
• Acessórios para implementação:
Linha telefônica comum, sensores de
presença, detectores de fumaça, portão

com controle eletrônico, fechadura
com controle eletrônico, Sirene,
maquete da residência, manuais dos
softwares utilizados, matrizes de
contatos e datasheets de componentes
eletrônicos.
A central de alarme é o hardware,
Figura 6: Diagrama esquemático do HomeSecurity
Com base neste diagrama
esquemático foi desenvolvido o protótipo
que atende todos os requisitos especificados.
A Figura 7 mostra o protótipo, contendo
todos os componentes e o microcontrolador
montado em uma placa, desenhada
manualmente, ao lado da sirene e do sensor
de presença.
Para simular o funcionamento da
central de alarmes foi construída uma
maquete exibindo a planta a da residência e
o portão de entrada.
Por trás da maquete, em cada local a
ser monitorado, foram colocadas luzes que
são controladas pela central de alarme,
assim como, o sistema de abertura do portão
principal. Desta forma, pode ser
demonstrada a interação com estes
dispositivos. Na Figura 8 pode ser
Anuário
composto pelo microcontrolador, demais 2005
componentes responsáveis pelas conexões
com o PC e com a rede de sensores e
atuadores do sistema de alarme. A Figura 6
mostra o diagrama esquemático da central e
suas conexões de entrada e saída.
visualizada a maquete, um sensor de
presença e a sirene.
A aplicação Cliente-Servidor
necessária para a comunicação de dados, é
basicamente um CGI, que recebe requisições
HTML de um browser, processa estas
requisições, executa as ações
correspondentes, atua sobre a central de
alarme pela conexão, através da porta serial,
e envia como resposta ao evento gerado pelo
usuário, o código HTML que monta em
tempo real a página no browser.
Para que a aplicação possa responder
às requisições de um browser, é necessário
que a máquina conectada à central de alarme
funcione como um servidor web, para isso é
utilizado o software IIS que disponibiliza
esta funcionalidade e, é fornecido pela
Microsoft juntamente com o Windows XP.
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Anuário
2005
Figura 7: Protótipo da Central de Alarme
Figura 8: Maquete da Central de Alarme
Foi desenvolvida uma página web
dinâmica, que é a interface com o usuário,
na qual ele obtém em tempo real
informações de eventos em sua residência
e permite também interagir controlando
luzes, portão, portas e demais dispositivos
pré-configurados.
Esta página exibe a
planta da residência, conforme
mostra a Figura 9, uma tabela
com os status de cada
dispositivo e botões de ação
sobre os mesmos.
A página é totalmente
dinâmica, codificada com tags
que são marcações em
determinados locais da
mesma. Estas tags são
substituídas por texto, no caso
do status ou pela sintaxe que
exibe botões de ação,
dependendo da situação atual
dos dispositivos na residência. Figura 9: Planta de uma residência monitorada remotamente pelo usuário
Por exemplo, caso o portão esteja aberto, é
apresentado seu status como “Aberto” e o
botão com a opção “Fechar” e vice-versa.
A cada evento, toda a página é enviada
em forma de string ao CGI, que provê uma
conexão entre o microcontrolador e o
browser.
Cada dispositivo é associado a uma
variável que armazena sua situação (Ligado/
Desligado). Estas variáveis são armazenadas
na memória não volátil do microcontrolador.
Quando o usuário se conecta ao
servidor, o IIS executa o CGI que faz uma
leitura das variáveis no microcontrolador,
monta a página de acordo com o status atual,
apresentando-o no browser. Aguarda um
evento do usuário e se encerra
automaticamente após isso. Qualquer evento
faz com que toda a página seja enviada
novamente ao CGI, o qual executa uma
atualização do valor destas variáveis na
memória do microcontrolador e monta uma
nova página atualizada.
O microcontrolador monitora
constantemente os status dessas variáveis e
qualquer alteração executa as ações pré-
programadas. Eventos na central de alarme
também alteram os valores das variáveis, que
tem os status dos dispositivos
correspondentes atualizados na página, na
próxima leitura executada pelo CGI.

40

Discussão dos Experimentos
Durante a implementação da central
de alarmes foram levantadas algumas
questões que são importantes ressaltar. No
desenvolvimento do software que faz a
comunicação entre a central de alarme e o
browser, os testes apontaram diversas
dificuldades, a maior delas foi o acesso a
porta serial, que não é trivial.
O Delphi 7 não possui em sua
instalação padrão componentes voltados
para comunicação serial. Pesquisas na área
apontaram que o componente CPort é uma
opção funcional e de fácil implementação,
o qual pode ser encontrado gratuitamente
na web [CPort,2003].
Os testes feitos durante a codificação
do firmware indicaram que a utilização de
interrupções é a melhor forma de controlar
a temporização do microcontrolador. Pois
este método permite que o código seja
executado de forma independente dos
controles de tempo.
Com relação ao hardware, a opção
inicial era desenvolver o projeto com dois
microcontroladores modelo 16F628, de 18
pinos cada, os quais atendem as
especificações. Porém, existe a necessidade
de desenvolver um protocolo de
comunicação entre os microcontroladores
e, há a dificuldade na elaboração da placa
de circuito impresso. Em razão disto, a
melhor solução é utilizar o componente
16F877 com 40 pinos, que facilita a
implementação.
No decorrer do desenvolvimento,
novas idéias surgiram mostrando que
existem inúmeras funcionalidades que
poderiam ser agregadas ao HomeSecurity.
Entre elas o controle automático de
temperatura ambiente na residência, a
transmissão de imagens em tempo real para
visualização no celular e internet, a conexão
da central de alarme a aplicativos
desenvolvidos em Java, executados no
celular ou Pocket PC e que proporcionem
inteligência artificial ao sistema. Ainda, a
utilização de componentes dedicados para
a implementação da pilha TCP/IP,
Anuário
permitindo com isso a conexão da central 2005
de alarme diretamente à internet, sem a
necessidade do uso de um computador para
este fim. Há também a possibilidade do uso
de um celular GSM para realizar a conexão
da central com a internet, eliminando a
necessidade do uso de uma linha telefônica
exclusiva para isso, como ocorre com o
projeto desenvolvido.
Conclusões
O HomeSecurity atingiu as metas
propostas, ou seja, desenvolver um sistema
de segurança residencial interativo
utilizando tecnologias atuais como:
monitoramento, controle via web e
automação, através de componentes
discretos e de baixo custo.
Além disso, esta pesquisa tinha por
objetivo integrar as disciplinas do curso de
Ciência da Computação que utilizam
hardware e software, através do
desenvolvimento de um projeto
multidisciplinar. Este objetivo foi alcançado
e é um excelente exemplo a ser levado para
sala de aula.
Esta pesquisa mostra a versatilidade
dos microcontroladores e a viabilidade de
sua utilização como um componente barato
e eficiente.
Há muita pesquisa a ser desenvolvida
nesta área, assim como, muitas melhorias
podem ser adicionadas à central de alarmes
implementada. Logo, uma das propostas de
continuação deste trabalho é o acesso remoto
via celular.
Referências Bibliográficas
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São Paulo: Érica, 2003.
[SOUZA-LAVÍNIA,2005] SOUZA, David José
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[SOUZA, 2003] SOUZA, David José de,
41
Anuário
Desbravando o PIC. São Paulo: Érica, 2003.
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Microcontroladores PIC. São Paulo, 1997.
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[Cport, 2003] Página do desenvolvedor, http://
www2.arnes.si/~sopecrni, acessado em
06/2005.

Notas

1
Pocket PC é o sistema operacional para
computadores de mão, conhecidos como
Palmtop.

Agradecimentos: Os autores agradecem a

colaboração do Prof. Mário Augusto Torres
Gouvêa e sua equipe, os quais auxiliaram no
desenvolvimento do vídeo que apresenta a parte
prática deste trabalho.

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