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Editorial
Por Elisabeth Gomes
04
Artigo 01
Gestão do Conhecimento e Educação a Distância.
07
Entrevista concedida pelo Dr. Domingo Gallego à Diretora
de Relações Internacionais da SBGC, Lourdes Martins.
Tradução: Sonia Goulart (SBGC).
Artigo 02
Como identificar os vários estilos de aprendizagem
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e utilizá-los como facilitadores da construção do conhecimento.
Por Daniela Melaré Vieira Barros
Artigo 03
O papel da tecnologia da informação como auxílio à
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engenharia e Gestão do Conhecimento.
Por Giuvania Terezinha Lehmkuhl, Carla Rosana da Veiga
e Gregório Jean Varvakis Rado
Artigo 04
Gestão do Conhecimento para profissionais liberais -
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Uma metodologia para a expansão sustentável
dos negócios de profissionais liberais empreendedores
Por Fabrício Yutaka Fujikawa
Artigo 05
Implantando um programa de lições aprendidas nas organizações.
28
Por Alexandre Bello
Artigo 06
Análise, avaliação e otimização de Gestão do Conhecimento.
33
Por Feruccio Bilich e Ricardo da Silva
Resenha do livro 38
Resenha do livro “A Estratégia do Oceano Azul”.
Por Eric Eustáquio M. dos Santos
Agenda
Eventos Internacionais
41
Direto dos Pólos e Núcleos 42
Palavra da SBGC
Por Heitor Pereira
43
Expediente
EXPEDIENTE
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Integrantes Permanentes do Sonisley Machado
Conselho Científico da SBGC Walter Félix Cardoso Jr.
Presidente:
Neusa Maria Bastos F. Santos REVISTA GC BRASIL
Editora-Chefe:
Alberto Sulaiman Sade Júnior
Elisabeth Gomes
Aline França de Abreu
Carlos Olavo Quandt Produção Executiva:
Chu Shao Yong Maria de Lourdes Martins
Eduardo Moresi
Supervisor Editorial:
Faimara do Rocio Strauhs
Maurício Gomes
Fernando Antônio Ribeiro Serra
Hélio Gomes de Carvalho Jornalista Responsável:
Gilson Schwartz Cristiano Pio MG 09315 JP
Guilherme Ary Plonski
Revisão:
Helena Pereira da Silva
Isabella Braz
Helena Tonet
João Amato Neto Diagramação:
Jorge Tadeu de Ramos Neves Ana Mambrini
José Ângelo Gregolin
Edição de Imagens:
José Rodrigues Maria de Lourdes Martins e
Kira Tarapanoff Ana Mambrini
Marília M.R. Damiani Costa
Moacir de M. Oliveria Design:
Mônica Erichsen Nassif Borges Quinto Elemento
Raquel Balceiro Tecle conosco:
Resilda Rodrigues gcbrasil@sbgc.org.br
Ricardo Roberto Behr
Editorial
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EDITORIAL
A revista GCBrasil, no seu sexto número, vem abordar um tema muito em “moda”: a Educação
Corporativa nas suas várias nuances, desde estilos de aprendizado até a relação com a
Gestão do Conhecimento. Para abrir este número temos uma entrevista concedida pelo Dr.
Domingo J. Gallego, à Diretora de Relações Internacionais da SBGC, Lourdes Martins, sobre
esta relação. O entrevistado discute, principalmente, como a Gestão do Conhecimento e os
Estilos de Aprendizagem podem significar uma nova forma de pensar o trabalho para as
áreas de Gestão de Pessoas nas empresas e como estes Estilos ensinam às pessoas a gerir
sua própria capacidade de aprender. Bom e útil texto para quem trabalha com educação.
Em seguida a Dra Daniela Barros, do LANTEC, da UNICAMP discute este tema, mostrando
com muita propriedade como identificar os vários estilos de aprendizagem e utilizá-los como
facilitadores da construção do conhecimento. Sugiro a vocês, leitores, que leiam primeiro o
artigo da Dra Daniela e, em seguida mergulhem na entrevista do Dr Galego. Será ótimo!
No entanto o mundo do Aprendizado e da Gestão do Conhecimento não se restringe apenas
a teorias e aplicações metodológicas. Existe a necessidade do uso de tecnologias para apoio.
Sendo assim apresentamos a vocês um artigo sobre o papel da tecnologia da informação
como auxílio à engenharia e gestão do conhecimento, onde os autores apresentam os
elementos que compõem um ambiente computacional, bem como ressaltam a importância das
tecnologias de informação como diferencial competitivo para as organizações, auxiliando-
as na tomada de decisão. Ao longo do texto, o leitor terá uma maior compreensão sobre a
importância da Tecnologia de Informacao aliada a Gestão do Conhecimento, culminando num
ferramental tecnológico que interage com os usuários e possibilita a criação, disseminação,
utilização e a proteção do conhecimento.
Em seguida optamos por editar e publicar um artigo onde profissionais liberais consigam
ver como usar Gestão de Conhecimento, seja como processo, seja como apoio tecnológico
para a expansão sustentável dos negócios. Neste artigo, o autor apresenta um metodologia
Editorial
simples, apoiada por um ferramental de sistema de informação acessível à capacidade de
investimento dos profissionais liberais, para formação da memória organizacional e suporte
à execução de suas atividades, compondo os alicerces de uma expansão sustentável de
negócios e equipe. E, o que parecia para alguns ser impossível, parece que não é. Gestão
de Conhecimento para profissionais liberais ! Leiam e comentem conosco a aplicabilidade.
Leiam também o texto de Alexandre Bello sobre como implantar um Programa de Lições
Aprendidas onde são apresentados e discutidos os pontos principais desta prática e seus
fatores críticos de sucesso. É um texto escrito de forma fácil e leve.
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E, por fim, aquela velha questão: implantamos práticas de Gestão do Conhecimento e como
vamos medi-las? Pois bem, neste número temos um artigo que mostra e aplica um modelo
de análise, avaliação e otimização de gestão do conhecimento utilizando métodos de
multicritério. Vá até lá, leia, analise e aplique.
Para terminar temos ainda uma resenha sobre um livro, que em minha opinião, é um dos
mais importantes da última década sobre o tema Estratégia Empresarial: “A Estratégia do
Oceano Azul – Como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante” dos autores
W. Chan Kim e Reneé Mauborgne. Mas esta resenha é diferente. Ela mostra o conteúdo do
livro sob uma ótica empreendedora. Confira.
E, para terminar damos os parabéns à SBGC, por ter se tornado uma OSCIP. Na coluna
Palavras da SBGC, o presidente da SBGC conta como isto de deu e quais os planos da
sociedade para o futuro.
Elisabeth Gomes
Editora-Chefe da GC Brasil
Coordenadora de Conteúdo e
Publicações da SBGC
Gestão do Conhecimento
e Educação a Distância
Entrevista concedida pelo
Dr. Domingo Gallego à Diretora
de Relações Internacionais da SBGC,
Lourdes Martins.
Tradução: Sonia Goulart (SBGC).
Maio, 2008. Madrid.
1. Qual é a relação entre a teoria dos Estilos 4. Os Estilos de Aprendizagem
Artigo 01
de Aprendizagem, a Educação Corporativa e ensinam às pessoas a gerir sua
a Gestão do Conhecimento? própria capacidade de aprender e
construir seu conhecimento com mais
A teoria dos Estilos de Aprendizagem se eficiência?
refere à maneira como as pessoas aprendem,
em qualquer idade, em qualquer contexto. A Uma aplicação correta da teoria
educação corporativa (suponho que você quer dos Estilos de Aprendizagem na
dizer “formação na empresa”) refere-se a um organização tem duas dimensões. Por
momento concreto e a um contexto específico da um lado, os designers pedagógicos
aprendizagem: na organização. A Gestão do e instrucionais podem preparar mais
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Conhecimento é uma teoria cronologicamente adequadamente os conteúdos de
posterior, nascida na empresa e que se pode forma direcionada ao público-alvo
e se deve ter em conta em outros contextos. dos programas de capacitação e
Portanto, Estilos de Aprendizagem e Gestão do formação continuada. E por outro lado,
Conhecimento são duas linhas de reflexão que o fato de cada indivíduo conhecer
devem incidir significativamente na Educação seu perfil de estilo de aprendizagem
Corporativa. pode ajudar significativamente no
metaconhecimento, isto é, na ampliação
2. Como o conhecimento dos Estilos de da consciência pessoal de seu próprio
Aprendizagem pode ajudar na construção do processo de aprendizagem.
conhecimento corporativo e facilitar o processo
de Gestão do Conhecimento? Se hoje dizemos que a aprendizagem
dura toda a vida, que devemos estar
Um dos contextos em que a teoria dos Estilos sempre aprendendo para não ficarmos
de Aprendizagem se desenvolveu de maneira obsoletos, conhecer nossas preferências
relevante é nos desenhos de programas de de aprendizagem e trabalhar para
capacitação e formação continuada nas ampliar ao máximo essas preferências
organizações. As investigações de Kolb, Honey, fazem com que nossa capacidade
Mumford, e as desenvolvidas por Alonso e de aprender se potencialize. Por
Gallego demonstraram que um diagnóstico isso quando atualmente fazemos um
dos Estilos de Aprendizagem dos participantes processo seletivo, procuramos pessoas
de capacitações corporativas pode auxiliar capazes de levar a cabo a tarefa
significativamente no desenho adequado de relacionada ao posto de trabalho
atividades, práticas, avaliações e, defini- para o qual serão contratadas e,
tivamente, melhorar os processos de apren- mas, além disso, capazes de aprender
dizagem, abreviando os tempos dedicados ao novas capacidades no futuro.
aprendizado e otimizando os resultados.
5. Existe algum estudo sobre
3. A Gestão do Conhecimento e os Estilos de empresas que conhecem os estilos de
Aprendizagem podem significar uma nova aprendizagem de seus colaboradores
forma de pensar o trabalho para as áreas de e conseguiram gerenciar com
Gestão de Pessoas nas empresas? mais facilidade a aprendizagem
corporativa, e assim serem mais
Certamente. Existe o perigo de utilizar a formação
competitivas?
continuada como elemento “cosmético” apenas
para incluir nos catálogos anuais da empresa, Já há alguns anos muitas empresas
sem que ela influencie realmente na melhoria da do Reino Unido e algumas empresas
organização. Se quisermos chegar ao fundo dos espanholas iniciam seus processos de
processos e construir autênticas organizações capacitação e educação continuada
que aprendem é imprescindível incluir, desde o com um diagnóstico dos Estilos de
início do desenho das políticas de Gestão de Aprendizagem dos participantes. Em
Pessoas, os enfoques que favorecem os Estilos de Portugal existem hoje muitas empresas
Aprendizagem e a Gestão do Conhecimento. do setor financeiro que levam em
conta os Estilos de Aprendizagem. São
Artigo 01
de fazer um auto-diagnóstico de
Estilos de Aprendizagem, por meio
de um questionário simplificado com
12 perguntas ou por meio da versão
integral do questionário CHAEA com
suas 80 perguntas. (Ver: http://www.
unibanco.pt)
6. O professor que conhece os Estilos Dr. Domingo J. Gallego, UNED, Espanha.
de Aprendizagem de seus alunos
poderá prover melhor aprendizagem
e maior eficiência ao ensino? Dr. Domingo J. Gallego é doutor em Filosofia
Tradicionalmente é preconizado e Letras pela Universidade Complutense de
aos docentes que atentem para Filosofia e Ciências da Educação em Madrid,
a importância de conhecer bem Espanha.
o aluno, para centrar-se em suas Professor titular da Faculdade de Educação da
características e personalizar a UNED – Espanha.
aprendizagem. Um diagnóstico dos Atuou como organizador principal em treze
Estilos de Aprendizagem favorece o Congressos Internacionais de Informática
conhecimento e a adaptabilidade dos Educativa e três Congressos Internacionais de
desenhos pedagógicos e instrucionais. Estilos de Aprendizagem.
Também favorece que o docente ajude É co-diretor do Mestrado de “Tecnologías
a cada aluno a desenvolver o mais para la Educación y el Conocimiento”, UNED,
possível suas capacidades de aprender Espanha.
e desenvolver os quatro estilos de
aprendizagem. Para colaborar nesta Coordena pesquisas na área de Gestão do
tarefa um dos capítulos de nosso livro Conhecimento e Educação a Distância, possuindo
“Estilos de aprendizagem” 2explica várias publicações nessas áreas. Entre as mais
as maneiras de desenvolver os estilos conhecidas estão:
pessoais de aprendizagem e como ALONSO, C.M.; GALLEGO, D.J.; HONEY, P.
superar os possíveis bloqueios que Estilos de Aprendizaje. Que són. Como se
algumas pessoas possam ter diante de diagnostican. Bilbao: Mensajero, 1994
diferentes formas de aprender. GALLEGO, D.J.; ONGALLO, C. Conocimiento
Sugerimos visitar também nossa revista y Gestión. Madrid: Pearson & Prentice Hall,
“Estilos de Aprendizagem”: www. 2004.
estilosdeaprendizaje.es E-mail: gallego@edu.uned.es
Artigo 02
é atrair e reter colaboradores, clientes,
fornecedores e transformá-los em parceiros Entendendo os elementos das tecno-
e criadores de conhecimento. A estratégia logias no âmbito educativo e suas
empresarial deverá estar fortemente apoiada conseqüências, percebe-se que a
em um conjunto de ações que garantam a educação sofre essas alterações e,
educação continuada de todas as pessoas que conseqüentemente, tenta de alguma
constituem o capital humano da organização. forma adaptar-se ao processo. Essa
Mas para que a educação continuada aconteça adaptação requer inovações no
é preciso que seja estruturada sob medida contexto teórico e em toda a estrutura
para as necessidades específicas de cada ator didática. A teoria dos estilos de
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envolvido no processo e também valorize suas aprendizagem contribui muito para
competências e habilidades e que possibilite a a construção do processo de ensino
efetividade na comunicação e na colaboração. e aprendizagem na perspectiva das
tecnologias, porque considera as
Sabemos a importância da Educação Corporativa diferenças individuais e é flexível, o que
(EC) dentro de um processo de Gestão do permite estruturar as especificidades
Conhecimento (GC), pois é uma ferramenta voltadas as tecnologias.
que facilita a construção e socialização do
Os estilos de aprendizagem de
conhecimento individual e empresarial.
acordo com Alonso e Gallego (2002),
A Educação Corporativa (EC) eficiente é com base nos estudos de Keefe
uma ferramenta robusta para a vantagem (1998) são rasgos cognitivos, afetivos
competitiva da empresa e o uso das tecnologias e fisiológicos, que servem como
de informação e comunicação (TICs) são indicadores relativamente estáveis de
amplamente utilizadas principalmente quando como os alunos percebem, interagem
a empresa utiliza a Educação a Distância. e respondem a seus ambientes de
Para facilitar a aprendizagem no ambiente aprendizagem.
empresarial, com qualidade e escala as
Os estilos de aprendizagem referem-se
empresas têm, portanto um grande desafio
a preferências e tendências altamente
que é desenvolver cursos que atendam o
individualizadas de uma pessoa,
maior número de pessoas específicas, segundo
que influenciam em sua maneira de
suas habilidades e competências para atingir
apreender um conteúdo. Conforme
metas especificadas com eficácia, eficiência e
Alonso e Gallego (2002), existem
obtendo também satisfação em um contexto de
quatro estilos definidos: o ativo, o
utilização.
reflexivo, o teórico e o pragmático.
Como intuito de favorecer o aprendizado • estilo ativo: valoriza dados da
contínuo e de alta qualidade e eficiência a EC experiência, entusiasma-se com tarefas
deve oferecer uma gama de possibilidades novas e é muito ágil;
trazendo soluções e opções para que cada • estilo reflexivo: atualiza dados,
indivíduo busque aprender e assim, possa estuda, reflete e analisa;
compartilhar, segundo seu ritmo, competências
• estilo teórico: é lógico, estabelece
e habilidades.
teorias, princípios, modelos, busca a
Torna-se, portanto fundamental que a estrutura, sintetiza;
empresa conheça e identifique qual o estilo de
• estilo pragmático: aplica a idéia e
aprendizagem predominante em cada indivíduo faz experimentos.
e direcione a criação do projeto pedagógico
segundo estes parâmetros que irá possibilitar a Essa teoria não tem por objetivo medir
ampliação do que consideramos como formas os estilos de cada indivíduo e rotulá-lo
de aprender, de acordo com as competências e de forma estagnada, mas, identificar
habilidades pessoais do indivíduo. o estilo de maior predominância na
forma de cada um aprender e, com Partindo dessas idéias e das análises de Kolb
Artigo 02
Artigo 03
à GC, a partir de dois grupos: à complexidade e as necessidades
• O primeiro, embasado na tecnologia de empresariais. Para Cândido e Filho
informação que propicia subsídios a tomada (2003), dada às características
de decisão e a elaboração de estratégias a do atual ambiente de negócios
partir de novos bancos de dados originados e de gestão a necessidade das
dos bancos de dados operacionais. Pertencem organizações serem cada vez mais
a este grupo o data warehouse, data mining e adaptáveis, flexíveis e ágeis, suas
data mart. estruturas e processos precisam estar
• O segundo grupo é o da tecnologia da permanentemente sendo reavaliados,
informação, que além de fornecer suporte reestruturados e revitalizados. Neste
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para a tomada de decisão, se volta para a contexto, a Tecnologia de Informação -
disseminação do conhecimento na organização, TI, terá que identificar encontrar e/ou
seja através de melhores práticas de trabalho, desenvolver, implementar tecnologias
seja através do registro de discussões para a e sistemas de informação que apóiem
disseminação de conhecimento, caracterizada a comunicação empresarial e a troca
pelo Groupware e intranet. de idéias e experiências.
É indiscutível que a TI exerce um importante Para Rezende e Abreu (2000), as
papel no âmbito da gestão do conhecimento. empresas devem evoluir da empresa
A partir de sua aplicabilidade, distâncias são chamada tradicional para empresa
rompidas, a transferência do conhecimento baseada na informação, que se
é feita de forma on-line, propiciando que o diferem principalmente nos quesitos
conhecimento de uma pessoa ou de um grupo apresentados abaixo:
seja retirado, estruturado e empregado por Nos últimos anos, o conhecimento tem
outros membros de uma organização, bem como se tornado um recurso cada vez mais
seus parceiros de negócios em todo o mundo. estratégico para as organizações
“A capacidade dos computadores tem pouca buscarem sua competitividade e
relevância para o trabalho do conhecimento, mas sobrevivência: surgem assim as organi-
os recursos de comunicação e armazenamento zações baseadas no conhecimento.
de computadores ligados em rede fazem deles Desta forma GARVIN (1993) afirma
propiciadores do conhecimento”. Davenport e que o conhecimento organizacional
Prusak (1998). pode se manifestar de várias formas,
3 A TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO COMO geralmente através de práticas
AUXÍLIO A GESTÃO DO CONHECIMENTO estruturadas ou não. O conjunto de tais
A Tecnologia da Informação, segundo Rezende práticas estruturadas é o que constitui
a chamada Gestão do Conhecimento. clientes.
Artigo 03
Artigo 03
identificar que competên-cias são críticas para trabalhadas dentro de uma perspectiva
o sucesso da organização (competências essen- de apoio aos sistemas organizacionais,
ciais). e, então, se incorporariam os sistemas
b) Captura: o processo de captura representa computacionais de auxílio, integrados
a aquisição de conhecimentos, habilidades e às bases de conhecimento (computer-
experiências necessárias para criar e manter as assisted knowledge system), sendo
competências essenciais e áreas de conhecimento estas vistas como repositórios de
selecionadas e mapeadas. conhecimento. São exemplos desta
c) Seleção e Validação: o processo de selecionar segunda forma de aplicação das
e validar conhecimento visa filtrar, avaliar a bases de conhecimento: os data
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qualidade e sintetizar o conhecimento para fins warehouse, os sistemas de informação
de aplicação futura. Nem todo o conhecimento gerencial, sistemas de apoio à decisão,
gerado, recuperado ou desenvolvido deve ser sistemas de gestão integrada, entre
armazenado na organização. outros. A dimensão da disseminação
d) Organização e Armazenagem: o objetivo pode ser entendida via tecnologias
desse processo é garantir a recuperação de informação e de comunicação,
rápida, fácil e correta do conhecimento, por no entanto a visão do processo de
meio da utilização de sistemas de armazenagem criação do conhecimento de Nonaka
efeti-vos. O conhecimento, a expertise e a e Takeuchi (1997) e Nonaka e
experiência informais ou não estruturados, de Ryoko (2003) e dos espaços para a
posse somente dos indivíduos da organização criação de conhecimento de Nonaka
e não compartilhados por meio de mecanismos e Konno (1998) explicam de maneira
adequados, são facilmente perdidos e mais completa a disseminação de
esquecidos e não podem ser organizados e conhecimento.
armazenados para aplicação em processos, 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
produtos e serviços da organização. As TIC´s inegavelmente podem
e) Compartilhamento (acesso e distribuição): desempenhar papéis de suma
A prática das organi-zações demonstra que, importância no processo de construção
em geral, muitas informações e conhecimentos e disseminação do Conhecimento
per-manecem restritos a um grupo pequeno nas organizações. Os avanços da
de indivíduos. Além disso, mesmo quando tecnologia da informação facilitam os
disponíveis, não estão em tempo hábil e nem no processos requeridos pela Gestão do
local apropriado. Nesta questão, a facilidade Conhecimento, como a coleta, a seleção,
de acesso torna-se ponto crítico do processo de a disponibilização e, a disseminação
compartilhamento. de informações, porém existe uma
f) Aplicação: mesmo que os conhecimentos, barreira final que é a tradução pelos
experiências e informações estejam disponíveis homens, dessa informação e sua
e compartilhadas, é fundamental que sejam transformação em ações. A tecnologia
utilizadas, e que se traduzam em benefícios da informação por si só não assegura
concretos para a organização. Nesse processo, um processo eficaz de Gestão do
cabe destacar a importância de se registrar Conhecimento, mas pode propiciar um
as lições aprendidas com a utilização do relevante suporte para a implantação
conhecimento, os ganhos obtidos e os desafios da Gestão do Conhecimento em uma
a serem ainda alcançados (novos conhecimentos organização.
que serão necessários para a organização). Sendo assim, o sucesso de um projeto
g) Criação de Conhecimento: O processo de de Gestão do Conhecimento numa
criação de um novo conhecimento envolve as organização não pode estar atrelado
seguintes dimensões: aprendizagem, externa- à compra de uma nova tecnologia
lização do conhecimento, lições apren-didas, da informação. A tecnologia da
pensamento criativo, pesquisa, experimentação, informação, isoladamente, não pode
descoberta e inovação. ser a base da criação e gestão
de conhecimento organizacional. A Informação como Ferramenta de Apoio para
Artigo 03
Data warehouse, o data mining, entre DAVENPORT, H. Thomas & Laurence, Prusak.
outros. Essas ferramentas, além de dar Conhecimento empresarial: como as
subsídios para a tomada de decisão, organizações gerenciam o seu capital
estão voltadas à disseminação do intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
conhecimento na organização , seja GARVIN, D. A. Building a learning organization.
através de melhores práticas de Harvard Business Review. v. 71 n. 4, p. 78-
trabalho, seja através do registro de 91,1993.
discussões para a disseminação de McCUNE, JENNY C. Thirst for Knowledge.
conhecimento, como por exemplo o Management Review. April 1999.
Groupware e a intranet. NONAKA,I; TAKEUCHI, H. Criação do
A Tecnologia de Informação possui conhecimento na empresa. 4.ed.Rio de Janeiro:
um papel importante no suporte Campus, 1997.
para implementação da gestão NONAKA, I; RYOKO, T. The knowledge-
do conhecimento nas organizações. creating theory revisited: knowledge creation
Atentando que a função mais as a synthesizing process. Knowledge
valiosa da tecnologia na Gestão do Management Research & Practice.
Conhecimento é aumentar o alcance n. 1, p.2-10, 2003.
e a velocidade da transferência do OLIVEIRA, J.R.M.
conhecimento. A tecnologia ainda Modos empregados por uma empresa de
produtos injetados plásticos, para gerenciar
possibilita que o conhecimento de uma
o seu conhecimento disponível: O caso da
pessoa ou de um grupo seja extraído,
Multibrás da Amazônia S.A. Dissertação de
estruturado e utilizado por outros
Mestrado. 2003. (Mestrado em Administração) –
membros da organização e por seus
Programa de pós-graduação em administração,
parceiros de negócios no mundo todo,
Universidade Federal de Santa Catarina.
ajudando na codificação e geração do
O’BRIEN, JAMES A. Sistemas de informações:
conhecimento.
e as decisões gerenciais na era da internet. 9.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ed. americana. São Paulo: Saraiva, 2003.
BECK, L. Valor agregado e gerência PEREIRA, H. J. Proposição de um modelo
do conhecimento. Mundo Virtual. organizacional baseado no conhecimento:
Disponível na Internet: http://www. um estudo de caso em empresa pública.
agestado.com.br/especial/valor.htm In: MANAGEMENT IN IBEROAMERICAN
Consultado em abril de 2007. COUNTRIES: CURRENT TRENDS AND
BECKMAN, T. The current state FUTURE PROSPECTS, 3., 2003, São Paulo.
of knowledge management. In: Proceedings…São Paulo: Iberoamerican
LIEBOWITZ, J. (Ed.) Knowledge Academy of Management, Brazil, 1 CD ROM.
management handbook. New York: REZENDE D.A. ABREU França Aline. Tecnologia
CRC Press, 1999. da Informação Aplicada a Sistemas de
CÂNDIDO, G. A.; SILVA FILHO, J. Informação Empresariais. São Paulo: Atlas,
F. Aplicação da Tecnologia da 2000.
GESTÃO DO CONHECIMENTO
PARA PROFISSIONAIS LIBERAIS
Uma metodologia
para a expansão
sustentável dos
negócios de
profissionais
liberais
empreendedores
Artigo 04
dados, etc.). fatores que definem o ambiente de
2.4. Modos de Conversão do Conhecimento e negócios no qual a empresa está
a Espiral do Conhecimento inserida: características sócio eco-
Para Nonaka (1997), a interação entre o nômicas, aspectos legais, éticos, culturais,
conhecimento tácito e o conhecimento explícito governamentais e financeiros.
permite definir quatro formas distintas de con- O capital estrutural é formado pela
versão do conhecimento, graficamente assim infra estrutura disponível para as
representadas: operações da organização e sua cultura
Ainda segundo Nonaka (1997), a criação do empresarial: sistemas administrativos,
conhecimento organizacional é um processo conceitos, modo como trabalha,
21
contínuo e dinâmico de interação entre o processos, marcas, programas de
conhecimento tácito e o conhecimento explícito, computador e outros.
que dá origem à expressão espiral do O capital intelectual é um ativo intan-
conhecimento. gível, pertencente ao indivíduo, não à
organização, mas que pode por ela
ser utilizado para as suas operações.
Trata se da capacidade, habilidade,
experiência e conhecimento formal
das pessoas.
Já o capital de relacionamento é
formado pelas parcerias estratégicas
que uma organização estabelece
Figura: Espiral do conhecimento. Fonte: Nonaka (1997) com os principais atores do capital
2.5. Gestão do Conhecimento ambiental (clientes, fornecedores,
De acordo com Jayme Teixeira Filho (TODESCHI, instituições financeiras, etc.) visando
2001), a gestão do conhecimento (GC) é à preservação de sua presença no
uma abordagem que busca pontos onde o mercado.
conhecimento traga vantagem competitiva 3. Problemática
para a empresa. Pode ser entendida como um Tipicamente, os profissionais liberais
amplo processo de criação, uso e disseminação atuam de forma autônoma, realizando
do conhecimento na organização, que se diversos papéis na estrutura de funcio-
materializa numa série de práticas facilitadoras namento de suas atividades - desde
do compartilhamento do conhecimento na a execução propriamente dita de sua
empresa, não apenas sobre seus processos atividade fim, até a realização de
internos, mas também sobre seus clientes e seu tarefas não diretamente ligadas a sua
ambiente competitivo. profissão.
2.6. Capitais do Conhecimento ® As tarefas normalmente são realizadas
Cavalcanti (2001) estabelece que, para baseadas no conhecimento tácito do
uma efetiva gestão do conhecimento de uma profissional. Quando há conhecimento
organização, deve se utilizar o modelo dos explícito envolvido, ele é encontrado na
capitais do conhecimento, que define quatro metodologia seguida pelo profissional
capitais a serem monitorados e gerenciados, na execução dos processos de sua
conforme a figura seguinte: atividade fim. Dificilmente se trata de
conhecimento explícito gerado pelo
próprio profissional; na maioria das
vezes, são literaturas técnicas usadas
como referência.
Quando o profissional liberal decide
se tornar um empreendedor e ini-
ciar sua transformação em uma em-
Figura: Os quatro capitais do conhecimento ®. Fonte: Centro de
presa, ele necessita de mais tempo
Referência em Inteligência Empresarial (CRIE) – COPPE/UFRJ disponível para realizar sua atividade
fim e se dá conta de que o tempo que (e, eventualmente, o de relacionamento), mas
Artigo 04
Artigo 04
figura abaixo: SGC do web site como repositório de
conhecimento pode ser utilizada para o
canal de comunicação e marketing. As
informações que constam em ambas as
arquiteturas podem ser compartilhadas
Figura: Processo de disponibilização de conteúdo. Fonte: autor (isto é, não é necessário publicar duas
A arquitetura de informação sugerida para o vezes o mesmo conteúdo) e o controle
repositório do conhecimento explícito da orga- de acesso às informações internas é
nização é a mostrada na figura seguinte. feito através de login/senha para os
25
Figura: Arquitetura de informação sugerida para o web site como repositório do conhecimento explícito. Fonte: autor
Artigo 04
sucesso de iniciativas empreendedoras que Primeiros Resultados da Amostra.
reconheçam a importância de uma metodologia Disponível em: http://www.ibge.gov.
de gestão do conhecimento e, em última br/ibgeteen/datas/profliberal/
análise, humildemente contribua para que o quantos.html. Acesso em: 14/
Brasil ocupe um lugar relevante na sociedade mar/2007.
do conhecimento. ________. Dia do profissional liberal.
7. Referências Disponível em: http://www.ibge.gov.
CAMPOS, V. F. TQC: Controle da Qualidade Total br/ibgeteen/datas/profliberal/home.
(no estilo japonês). Belo Horizonte: Fundação html. Acesso em: 17/mar/2007.
NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação
27
Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da
UFMG, 1992. de conhecimento na empresa. Rio de
CAVALCANTI, M; GOMES, E. B. P; PEREIRA Janeiro: Elsevier, 1997.
NETO, A. F. Gestão de empresas na sociedade SANTORO, F. M; TAVARES, V. Material
do conhecimento: um roteiro para a ação. Rio do Curso MBA GEI 10 – disciplina:
de Janeiro: Elsevier, 2001. Estrutura Organizacional e Redesenho
DAVENPORT, H. T.; PRUSAK, L. Conhecimento de Processos. Rio de Janeiro: UFRJ,
empresarial — como as organizações gerenciam 2006.
o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, TODESCHI, L. G. Gestão do
1998. Conhecimento, Capital Intelectual e
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Inteligência Competitiva: entrevista
transformando idéias em negócios. Rio de exclusiva com Jayme Teixeira Filho,
Janeiro: Campus, 2001. presidente da Sociedade Brasileira de
GLOOR, P. Transformando a Empresa em e- Gestão do Conhecimento. Disponível
Business. Rio de Janeiro: Atlas, 2001. em: http://www.widebiz.com.br/
GOMES, E.. Material do Curso MBA GEI 10 gente/todeschi/jayme.html. Publicada
– disciplina: Inteligência Empresarial. Rio de em 19/jul/2001. Acesso em: 08/
Janeiro: UFRJ, 2005. set/2006.
IMPLANTANDO UM PROGRAMA
DE LIÇÕES
APRENDIDAS
NAS ORGANIZAÇÕES
Alexandre Bello
Analista de Sistemas, com pós-graduação em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial
pela UFRJ/Coppe
Responsável no Brasil pela área Gestão do Conhecimento da Subsea 7
Alexandre.Bello@Subsea7.com
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experiência positiva ou nega- mas pela sua competência técnica.
tiva. Uma Lição Aprendida precisa Antes de capturar é necessário definir
ter um certo grau de ineditismo. Algo qual será a estrutura da sua prática
que todos já sabem não é uma lição e sim um de Lição Aprendida, ou seja, quais
consenso. Algo que se aprendeu por não ter campos deverão ser preenchidos no
seguido um procedimento ou padrão também momento em que alguém inserir uma
não é uma lição. Padrões e procedimentos lição no repositório que voce vai criar
foram feitos para serem seguidos e se existe para armazenar a captura das Lições.
uma lição nisso é “Siga o procedimento”. Os Para tal você deve pensar o que é
benefícios da prática de Lições Aprendidas importante para a sua organização.
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são vários, porém os que encantam mais os Abaixo um exemplo que servirá como
executivos (aqueles que pagam a conta do ponto de partida.
programa e o seu salário) são de economia Exemplo de estrutura em uma empresa
financeira. A reutilização das lições que a organizada por projetos: Título da
sua empresa vivenciou pode gerar economias Lição, Autor (pode ter link para outro
extraordinárias. Essas economias devem ser sistema com a descrição do perfil
mensuradas e disseminadas para promover a profissional da pessoa, também
iniciativa. Veremos isso mais à frente no processo conhecido como Páginas Amarelas),
de Disseminação. Os demais benefícios são Projeto, Região, Disciplina/Tema
economia de tempo, maior qualidade, mais (procure criar um leque de opções
segurança para os funcionários, capacitação ao invés de deixar esse campo livre),
e especialização sua equipe de trabalho etc. Cliente, Contexto/Cenário, Impacto
O mais impressionante e que a maioria dos do Acontecimento, Lição Aprendida,
erros cometidos não são erros inéditos da sua Valor Estimado da Lição (positivo ou
organização. Pode ter certeza disso. negativo), Oportunidade de Melhoria,
Processos de um Programa de Lições Palavras Chaves e Documentos Anexos.
Aprendidas Os campos Contexto/Cenário, Impacto
Existem diversos meios para se implantar uma e Lição Aprendida são o coração da
prática de Lições Aprendidas. Os processos estrutura. Dê atenção à esses campos
descritos a seguir são uma versão simplificada pois neles estarão o conhecimento
para tal e tem como objetivo facilitar o trabalho de sua organização. O campo Valor
para quem não é especialista em gestão do Estimado da Lição irá lhe ajudar
conhecimento. Outro objetivo dessa descrição é a justificar os custos investidos no
que ela se torne um mini-guia para lhe orientar programa e pleitear mais orçamento
durante a implantação do processo. O ideal é Já o campo Oportunidade de Melhoria
que você adapte essas idéias à cultura da sua será insumo para o ultimo processo com
empresa e crie uma metodologia própria. o mesmo nome.
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especialista / aprovador será ao inciarem uma tarefa. Entretanto
a referência no assunto e ele estar o que deve ser feito caso essa Lição
informado sobre as lições pode ser útil Aprendida seja considerada uma
para divulgar o programa. melhor prática? E o que acontece caso
Processo 3 - Disseminação uma Lição Aprendida esteja indicando
Esse processo é o mais prazeroso para quem um êrro em um procedimento? As
está liderando o programa. Aqui você ganhará Lições Aprendidas, usualmente, tra-
forças para continuar atuando e revendo os zem oportunidades de melhoria em
processos de Lições Aprendidas. Você receberá processo, procedimento, padrões e
valiosos feedbacks e terá que captá-los. Anote- documentos de referências. É papel
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os para apresentar ao Patrocinador e tente da Lição Aprendida dar inputs para
sempre transformá-los em números, ou seja, a criação, alteração e melhorias
“Quanto essa lição aprendida que você utilizou dessa classe de documento. Uma
fez você economizar?” essa é uma pergunta Lição Aprendida pode também ser
que deverá ser feita sempre que puder. A ação
o ponto de principio de mudanças
de disseminação das lições podem ser divididas
organizacionais, como por exemplo a
em dois grandes grupos: Digital (online) e
criação de uma área que cuide de um
Presencial (offline).
Disseminação Digital: Pode ser feita por meio processo crítico na empresa. Nos casos
de um Boletim de Lições Aprendidas e de um em que uma Lição Aprendida gerar
Relatório de Lições Aprendidas Direcionado uma oportunidade de melhoria, é
No primeiro os empregados da empresa necessário criar um grupo de trabalho
escolhem temas/disciplinas e recebem boletins para endereçar o assunto. Procure
e alertas. Caso você não possua um sistema, e apoio na área de gestão de processo,
dependendo do numero de colaboradores, esse qualidade ou até mesmo nos líderes
processo poderá ser controlado manualmente da gestão, porém é necessário cautela
a partir de uma planilha. O segundo, e mais para que o autor da Lição Aprendida
eficaz é necessário que você se reúna com a não seja prejudicado ou indicado com
área que irá receber o relatório e identificar o responsável por transtornos. Não
dentro do seu sistema quais Lições Aprendidas esqueça que assim que uma lição
são pertinentes para aquela área. A partir aprendida é transformada em uma
daí gere um relatório e distribua a todos os melhoria ela deverá deixar de ser
empregados. uma lição do seu sistema. Garanta
Disseminação Presencial: O Relatório de Lições antes de retirar a lição que o novo
Apendidas Direcionado poderá ser utilizado
procedimento já é conhecido.
também na disseminação presencial. No modo
presencial você poderá atuar coordenando Reconhecimento
treinamentos sobre as lições pertinentes - Em qualquer programa de gestão do
levantando diversas lições sobre uma disciplina conhecimento o principal ponto de
e chamando o especialista/aprovador para atenção são as pessoas. Em um pro-
ministrar essa capacitação. Utilize esse conteúdo grama de Lições Aprendidas não é
também em reuniões de projeto, de áreas ou diferente. A barreira cultural influi
em Kick-off Meetings (reunião de largada de diretamente e ninguém gosta de ver seu
um projeto). Outro maneira é imprimindo a nome vinculado a erros, por isso é ne-
melhor lição do mês e colando em murais e nos cessário que a empresa reconheça a
corredores de sua empresa. contribuição dos empregados. Pense
Processo 4 - Oportunidade de Melhoria como você pode fazer isso dentro da
É nesse processo que você estará realmente sua empresa. Faça diferente, não use as
transformando sua organização em uma mesmas ferramenta tradicionais para
empresa baseada no conhecimento, onde uma atividade que não é tradicional e
o aprendizado passa a ser constante. As lembre-se: Não é possível ter resultados
Lições Aprendidas podem se tornar uma ba- diferentes fazendo do mesmo jeito.
anamambrini@gmail.com
ANÁLISE,
AVALIAÇÃO E
OTIMIZAÇÃO DE
GESTÃO DO CONHECIMENTO
Feruccio Bilich
Núcleo de Assuntos Estratégicos – NAE /PR
PhD, Wharton School, University of Pennsylvania
fbilich@cgee.org.br
Ricardo da Silva
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq
rdasilva@cnpq.br
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INTRODUÇÃO evolução das escolhas dos decisores, mostrando
Artigo 06
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mercado, ativos humanos, ativos de propriedade conhecimento é a “arte de criar
intelectual e ati-vos de infra-estrutura. valor a partir das alavancagem
Edvinson e Malone (1997) descrevem Capital dos investimentos e inovações de
Intelectual como uma metáfora, comparando uma organização”. A partir dessa
uma organização a uma árvore. Consideram a argumentação, Sveiby considera
parte visível como se fossem os organogramas, que os investimentos e inovações
e em outros documentos financeiros; e a outra são representados pelos seguintes
parte que embora pertencendo a mesma elementos: estrutura externa, estru-
organização se encontra oculta abaixo da tura interna e a competência dos
superfície, ou seja, fatores mais dinâmicos que colaboradores. Em síntese, o autor
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dão suporte a organização. considera que os investimentos e
O atual ambiente competitivo das organizações inovações constituem-se, basicamente,
exerce uma pressão constante sobre a de competências, relacionamentos e
valorização dos investimentos e inovações. informações.
Tal cenário de competição exige uma avalia- Inovação e conhecimento são termos
ção e mensuração do patrimônio inclusive e usados pelas Organizações do
principalmente da Política Organizacional. Conhecimento que utilizam seus
O objetivo é verificar a adeqüabilidade dos recursos para conseguir van-tagens
métodos multicritério de apoio à decisão como competitivas. Elas também utilizam
estratégia operacional de avaliar, mensurar e outros atributos, tais como, técnicas,
otimizar a gestão do conhecimento. produtos específicos, processos
Tal análise justifica-se, pois atualmente a patenteados, know-how inerente e
sobrevivência das organizações é caracterizada conhecimento de mercado.
pelas incertezas e pela sua valorização na De uma forma geral, há muitas
sociedade, e o grande desafio é estabelecer palavras para conceituar política
os critérios a serem adotados no processo de de investimentos e inovações, tais
tomada de decisão. Métodos multicritério são como: invenção, tecnologia, idéias,
recomendáveis, pois permitem considerar a habilidades, processos ou criatividade.
diversidade dos processos e a participação de Mas, o que caracteriza principalmente
vários atores, incluindo situações de tomada de é a interação entre o conhecimento
decisão sob incerteza, conflitos de interesses tácito e explícito que, juntamente com
e de julgamento de valor (Keeney & Raiffa, a cultura da organização que vai
1999). posicioná-la de forma sustentável no
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mercado (Handy, 1993).
DESENVOLVIMENTO Na abordagem de Thurow (1999), a
As mudanças organizacionais das política de inovações e gerenciamento
duas últimas décadas determinam do conhecimento são tópicos de estudo
que o conheci-mento valorizado é sobre, os quais têm aumentado o
aquele que pode ser aplicado sistemática interesse de pesquisadores, formu-
e objetivamente. Desta forma, a atual ladores de políticas, decisores e
“Organização do Conhecimento”, é aquela consultores visto que o futuro desses
cujos recursos-chave são o conhecimento, tanto profissionais está diretamente
o explícito como o tácito (Polanyi, 1998), relacionado com o desdobramento
proporcionando vantagens competitivas nas desta questão.
organizações (Nonaka & Takeuchi, 1995). Cada vez mais estudos têm mostrado
Fato relevante para análise, é que o que os investimentos e inovações das
conhecimento, incluindo a política investimentos organizações estão além da tradicional
e inovações não está relacionado com a área do capital, bens (propriedades),
quantidade de informação, pois, não basta mão-de-obra. Esses insumos podem
tê-la ou manipulá-la, é necessário fazer uso ser facilmente apropriados e/ou
inteligente da mesma. substituídos dentro do processo de
competitividade, o que não ocorre com pois utiliza a conceituarão de concordância e
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para capturar todas as dimensões
relevantes e importantes da política CONCLUSÕES
de investimentos e inovações se Este trabalho comprovou a pertinência
pode empregar métodos de análise da aplicabilidade de métodos multicri-
de apoio a decisão multicritério; tério na avaliação e mensuração
onde cada critério pode capturar a de gestão conhecimento, combinando os
essência de uma dimensão. Dentre conhecimentos tácitos e explícitos descritos
os métodos de multicritério, optou-se e utilizados pelos gerentes/ tomadores de
pela família ELECTRE (Elimination and decisão e o moni-toramento do sistema em
Choice Translating Reality) (Roy, 1992), organi-zações, cuja combinação forma um
índice de gerenciamento. hidden brainpower. Nova Iorque: Harper-
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O método ELECTRE TRI mostrou-se adaptado à Collis, 1997.
questão de avaliação da política de inovação, GOMES, L.F.A.M.; GOMES, C.F.S. &
pois permitiu não só a comparação de padrões ALMEIDA, A.T. de. Tomada de Decisão
previamente definidos, como também a Gerencial O Enfoque Multicritério. São
Paulo: Ed. Atlas, 2002.
incorporação de um número maior de variáveis
HANDY, C. Por dentro da organização.
no processo de avaliação nas organizações.
São Paulo: Saraiva, 1993.
Desta forma ele representa o único processo KEENEY, R.L. & RAIFFA, H. Decisions with
de inferência interativo, de agregação e Multiple Objectives: preferences and
desagregação de parâmetros, considerando- value tradeoffs. Nova Iorque: Cambridge
se as variações de pesos e limiares na análise
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University Press, 1999.
de sensibilidade e de critérios adotados NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. The
pelo decisor, que poderão ser validados ou Knowledge-Creating Company: How
não pelas organizações para a definição de Japanese Companies Create the Dynamics
um programa de otimização direcionado à of Innovation. Nova Iorque: Oxford Press,
vantagem competitiva, desde que (re) avaliem 1995.
de forma dinâmica, todos os critérios. POLANYI, M. “Tacit Knowledge”.
Com base na análise de sensibilidade, realizada In: PRUSAK, L. (org.) Knowledge in
Organizations. Boston: Butterworth-
a partir de mudanças de peso e limiares,
Heinemann, p.135–146, 1998.
praticamente não foi observada variação
ROY, B. “Decision science or decision aid
no resultado, o que denota, a robustez do science?” European Journal of Operational
método. Cabendo, portanto aos gestores das Research 66, nº. 2, p.184-203, 1992.
organizações tornarem efetivas suas ações pelo SVEIBY, K.E. A Nova Riqueza das
uso do método multicriterio, o qual irá refletir em Organizações: gerenciando e avaliando
um sistema com melhores retornos e agregação patrimônios de conhecimentos. Rio de
de valor. Janeiro: Ed. Campus, 1998.
4
THUROW, L. Creating Wealth: The New
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rules for Individuals, Companies, and
BROOKING, A. Intellectual Capital: Core Countries in a Knowledge-Based Economy.
Asset for the Third Millenium Enterprise. Londres: Nicholas Brealey, 1999.
Londres: International Thomson Business YU, W. & ROY, B. ELECTRE TRI - Aspects
Press, 1997. Mèthodologiques et Manuel d’Utilisation.
EDVINSSON, L. & MALONE, N. S. Intellectual Capital: Cahier du Lamsade, Document nº 74. Paris:
realizing your company’s true value by finding its Université de Paris Dauphine, 1992.
POR MARES NUNCA DANTES
Resenha de Livro
NAVEGADOS
Resenha do livro “A Estratégia do Oceano Azul - Como
criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante”
dos autores W. Chan Kim e Reneé Mauborgne, a partir da
ótica empreendedora.
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Resenha de Livro
mercado sangrento que enfrentamos, esta visão em importantes produtos e serviços
seria suficiente? capazes de criar novos mercados.
Será que ao criar o Cirque du Soleil o ex- Para colocar em prática o movimento
acordeonista, ex-equilibrista em pernas-de-pau estratégico os autores propõem o
e ex-engolidor de fogo, Guy Laliberté baseou- conceito da inovação de valor. A
se somente na proposta de valor oferecida até inovação de valor baseia-se na
então pelos principais circos do mundo? idéia de que para obter sucesso as
Em “A Estratégia do Oceano Azul”, Kim e empresas devem concentrar-se não
Mauborgne propõem a seguinte reflexão em superar seus concorrentes, mas
ao elaborarmos a proposta de valor para o em tornar a concorrência irrelevante
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cliente: “Será que nossa proposta de valor está oferecendo saltos no valor para os
acirrando a competição com meus concorrentes consumidores e para elas próprias e,
ou ela faz com que nosso posicionamento seja assim, desbravam novos espaços de
tão único e diferenciado (inovador) a ponto mercado inexplorados.
de tornar desprezível a concorrência, criando A inovação de valor desafia um dos
espaços de mercado nunca antes ocupados?” paradigmas mais comuns da estratégia
Você já parou para pensar nisso? Como assim, baseada na concorrência – o trade-
criar espaços nunca antes ocupados? off valor / custo, escolhendo entre
Em mercados super-competitivos, onde a diferenciação e liderança em custos.
comoditização de produtos e serviços, a As empresas que buscam criar oceanos
intensificação das guerras de preço e o azuis perseguem a diferenciação e a
encolhimento das margens de lucro a visão liderança de custos ao mesmo tempo.
atual do marketing estratégico proporciona Com base na inovação de valor, a
verdadeiras brigas de tubarões sanguinolentos criação de oceanos azuis consiste em
por uma fatia do mercado. Este é o Oceano reduzir os custos e, ao mesmo tempo,
Vermelho, no qual as fronteiras setoriais são aumentar o valor para os consumidores.
definidas e aceitas e as regras competitivas A inovação de valor é mais do que
do jogo são conhecidas. Além disso, nos setores inovação. É estratégia que abarca todo
super explorados, a diferenciação das marcas o sistema de atividades da empresa.
torna-se cada vez mais difícil, nas fases de alta Tudo bem, o lance é ignorar os
e baixa atividade econômica. A estratégia concorrentes e criar demandas ainda
do oceano vermelho baseada na concorrência inexistentes. Mas como fazer isso na
presume que as condições estruturais do setor prática?
estão predeterminadas e que as empresas são Kim e Mauborgne apresentam seis
forçadas a competir segundo tais características, princípios básicos para colocar em
pressuposto que se fundamenta no que os prática a estratégia do oceano azul.
acadêmicos chamam de visão estruturalista ou São eles: Reconstrua as fronteiras do
determinismo ambi-ental. mercado; Concentre-se no panorama
Os Oceanos Azuis por sua vez, abrangem todos geral, não nos números; Vá além da
os setores não existentes hoje. É o espaço de demanda existente; Acerte a seqüencia
mercado desconhecido. Caracterizam-se por estratégica; supere as principais
espaços de mercado inexplorados. Pela criação barreiras organizacionais; e Introduza
de demanda e pelo crescimento altamente a execução na estratégia.
lucrativo. Nos oceanos azuis, a competição é Ao raciocinar além das fronteiras
irrelevante, pois as regras do jogo ainda não convencionais da concorrência, vê-
estão definidas. se como empreender movimentos
“Mas como encontrar esses mares nunca dantes estratégicos que revolucionam as
navegados?” você deve estar se perguntando. convenções e reconstroem os limites
Para atingirmos esse objetivo, os autores do mercado, criando, em conseqüência,
sugerem que devemos concentrar nossos esforços oceanos azuis, pois os gestores se
no “Movimento Estratégico”, que é o conjunto envolvem num processo estruturado de
reordenação das realidades do mercado, obrigatória. Um livro que desconstrói alguns dos
Resenha de Livro
Agenda
OUTUBRO 2008 NovemBRO 2008
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ICICKM 2008 ECEL 2008
Tema: 5th International Conference on Tema: 7th European Conference on
Intellectual Capital, Knowledge Management & e-Learning
Organisational Learning Data: 06 - 07 novembro/2008
Data: 09 - 10 outubro/2008 Local: Academic Conferences
Local: Academic Conferences International International
New York Institute of Technology ,New York Grecian Bay Hotel, Agia Napa,
City, United States Cyprus
PÓLO-RS
O Pólo RS da SBGC - Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento vem incrementando
sua atuação desde a renovação da diretoria, ocorrida em maio de 2008.
O grupo se reúne periodicamente, está muito mobilizado e promoveu diversas ações, dentre
elas a elaboração da Filosofia Institucional (visão, missão, valores e princípios) do Pólo,
instrumento que norteará os rumos do Pólo RS. O trabalho ocorreu no dia 16/07.
Na reunião do dia 30/07, o grupo concluirá o Plano Tático do Pólo e validará a Filosofia
Institucional.
O KM Regional RS ocorrido em 30/06, na PUCRS, foi um sucesso em todos os sentidos. A
programação, que durou o dia inteiro, foi coroada com a assinatura do convênio entre as
duas instituições, com a presença do Reitor Joaquim Clotet e do Presidente da SBGC, Heitor
Pereira.
Na parte da manhã, o Presidente do Pólo RS da SBGC, Jerônimo Lima, abordou o tema
Gestão do Conhecimento como Estratégia Competitiva, seguido por Maria do Rocio Teixeira,
que falou sobre Memória Organizacional. À tarde, Ellen Nunes tratou do tema Gestão do
Conhecimento para a Sustentabilidade Ambiental e foi apresentado o case do SERPRO por
Maísa Lima,Superintendente da Universidade Corporativa daquela organização.
O próximo evento promovido acontecerá de 4 a 6/08, das 9h às 18h. É o curso Interpretação
dos Critérios e Formação de Avaliadores do PGQP - Ciclo 2008 - Nível 500 Pontos. O
evento tem o apoio da PUCRS e do CRA-RS e a realização do Comitê Setorial das Empresas
de Consultoria do PGQP - Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade.
Nosso próximo KM Regional RS será no dia 28/10, das 8h30 às 18h30, na PUCRS. O evento
conta com o apoio da FNQ, PUCRS, CRA-RS, PGQP e SBDG.
PALAVRA DA SBGC
Direto do Pólo
SBGC JÁ É OSCIP! UMA VITÓRIA COLETIVA
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Inicialmente desejo repassar a todos mantenedores e instituições parceiras que não
Palavra da SBGC
Júlio C. Felix
Diretor de Operações
Instituto Brasileiro da Qualidade
e Produtividade (IBQP)
EMPRESAS PARCEIRAS DO CONHECIMENTO
Parcerias
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