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ISSN 1981-5751

A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 06. fevereiro de 2008


A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 06. fevereiro de 2008 • Árvore do Conhecimento

O PAPEL DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO AUXÍLIO À ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO

GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA PROFISSIONAIS LIBERAIS


Uma metodologia para a expansão sustentável dos negócios de profissionais liberais empreendedores

Análise, Avaliação e Otimização de Gestão do Conhecimento


SUMÁRIO

Editorial
Por Elisabeth Gomes
04
Artigo 01
Gestão do Conhecimento e Educação a Distância.
07
Entrevista concedida pelo Dr. Domingo Gallego à Diretora
de Relações Internacionais da SBGC, Lourdes Martins.
Tradução: Sonia Goulart (SBGC).

Artigo 02
Como identificar os vários estilos de aprendizagem
11
e utilizá-los como facilitadores da construção do conhecimento.
Por Daniela Melaré Vieira Barros

Artigo 03
O papel da tecnologia da informação como auxílio à
13
engenharia e Gestão do Conhecimento.
Por Giuvania Terezinha Lehmkuhl, Carla Rosana da Veiga
e Gregório Jean Varvakis Rado

Artigo 04
Gestão do Conhecimento para profissionais liberais -
19
Uma metodologia para a expansão sustentável
dos negócios de profissionais liberais empreendedores
Por Fabrício Yutaka Fujikawa

Artigo 05
Implantando um programa de lições aprendidas nas organizações.
28
Por Alexandre Bello

Artigo 06
Análise, avaliação e otimização de Gestão do Conhecimento.
33
Por Feruccio Bilich e Ricardo da Silva

Resenha do livro 38
Resenha do livro “A Estratégia do Oceano Azul”.
Por Eric Eustáquio M. dos Santos

Agenda
Eventos Internacionais
41
Direto dos Pólos e Núcleos 42
Palavra da SBGC
Por Heitor Pereira
43
Expediente
EXPEDIENTE

Uma publicação da: Rivadávia Correa Drummond de


SBGC – Sociedade Brasileira de Alvarenga Neto
Gestão do Conhecimento Roberto Pacheco
www.sbgc.org.br Rodrigo Baroni
Serafim Firmo de Souza Ferraz
Silvio Aparecido dos Santos

03
Integrantes Permanentes do Sonisley Machado
Conselho Científico da SBGC Walter Félix Cardoso Jr.

Presidente:
Neusa Maria Bastos F. Santos REVISTA GC BRASIL

Editora-Chefe:
Alberto Sulaiman Sade Júnior
Elisabeth Gomes
Aline França de Abreu
Carlos Olavo Quandt Produção Executiva:
Chu Shao Yong Maria de Lourdes Martins
Eduardo Moresi
Supervisor Editorial:
Faimara do Rocio Strauhs
Maurício Gomes
Fernando Antônio Ribeiro Serra
Hélio Gomes de Carvalho Jornalista Responsável:
Gilson Schwartz Cristiano Pio MG 09315 JP
Guilherme Ary Plonski
Revisão:
Helena Pereira da Silva
Isabella Braz
Helena Tonet
João Amato Neto Diagramação:
Jorge Tadeu de Ramos Neves Ana Mambrini
José Ângelo Gregolin
Edição de Imagens:
José Rodrigues Maria de Lourdes Martins e
Kira Tarapanoff Ana Mambrini
Marília M.R. Damiani Costa
Moacir de M. Oliveria Design:
Mônica Erichsen Nassif Borges Quinto Elemento
Raquel Balceiro Tecle conosco:
Resilda Rodrigues gcbrasil@sbgc.org.br
Ricardo Roberto Behr
Editorial
04

EDITORIAL

A revista GCBrasil, no seu sexto número, vem abordar um tema muito em “moda”: a Educação
Corporativa nas suas várias nuances, desde estilos de aprendizado até a relação com a
Gestão do Conhecimento. Para abrir este número temos uma entrevista concedida pelo Dr.
Domingo J. Gallego, à Diretora de Relações Internacionais da SBGC, Lourdes Martins, sobre
esta relação. O entrevistado discute, principalmente, como a Gestão do Conhecimento e os
Estilos de Aprendizagem podem significar uma nova forma de pensar o trabalho para as
áreas de Gestão de Pessoas nas empresas e como estes Estilos ensinam às pessoas a gerir
sua própria capacidade de aprender. Bom e útil texto para quem trabalha com educação.
Em seguida a Dra Daniela Barros, do LANTEC, da UNICAMP discute este tema, mostrando
com muita propriedade como identificar os vários estilos de aprendizagem e utilizá-los como
facilitadores da construção do conhecimento. Sugiro a vocês, leitores, que leiam primeiro o
artigo da Dra Daniela e, em seguida mergulhem na entrevista do Dr Galego. Será ótimo!
No entanto o mundo do Aprendizado e da Gestão do Conhecimento não se restringe apenas
a teorias e aplicações metodológicas. Existe a necessidade do uso de tecnologias para apoio.
Sendo assim apresentamos a vocês um artigo sobre o papel da tecnologia da informação
como auxílio à engenharia e gestão do conhecimento, onde os autores apresentam os
elementos que compõem um ambiente computacional, bem como ressaltam a importância das
tecnologias de informação como diferencial competitivo para as organizações, auxiliando-
as na tomada de decisão. Ao longo do texto, o leitor terá uma maior compreensão sobre a
importância da Tecnologia de Informacao aliada a Gestão do Conhecimento, culminando num
ferramental tecnológico que interage com os usuários e possibilita a criação, disseminação,
utilização e a proteção do conhecimento.
Em seguida optamos por editar e publicar um artigo onde profissionais liberais consigam
ver como usar Gestão de Conhecimento, seja como processo, seja como apoio tecnológico
para a expansão sustentável dos negócios. Neste artigo, o autor apresenta um metodologia

Editorial
simples, apoiada por um ferramental de sistema de informação acessível à capacidade de
investimento dos profissionais liberais, para formação da memória organizacional e suporte
à execução de suas atividades, compondo os alicerces de uma expansão sustentável de
negócios e equipe. E, o que parecia para alguns ser impossível, parece que não é. Gestão
de Conhecimento para profissionais liberais ! Leiam e comentem conosco a aplicabilidade.
Leiam também o texto de Alexandre Bello sobre como implantar um Programa de Lições
Aprendidas onde são apresentados e discutidos os pontos principais desta prática e seus
fatores críticos de sucesso. É um texto escrito de forma fácil e leve.

05
E, por fim, aquela velha questão: implantamos práticas de Gestão do Conhecimento e como
vamos medi-las? Pois bem, neste número temos um artigo que mostra e aplica um modelo
de análise, avaliação e otimização de gestão do conhecimento utilizando métodos de
multicritério. Vá até lá, leia, analise e aplique.
Para terminar temos ainda uma resenha sobre um livro, que em minha opinião, é um dos
mais importantes da última década sobre o tema Estratégia Empresarial: “A Estratégia do
Oceano Azul – Como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante” dos autores
W. Chan Kim e Reneé Mauborgne. Mas esta resenha é diferente. Ela mostra o conteúdo do
livro sob uma ótica empreendedora. Confira.
E, para terminar damos os parabéns à SBGC, por ter se tornado uma OSCIP. Na coluna
Palavras da SBGC, o presidente da SBGC conta como isto de deu e quais os planos da
sociedade para o futuro.

Boa leitura e até o numero sete !

Elisabeth Gomes
Editora-Chefe da GC Brasil
Coordenadora de Conteúdo e
Publicações da SBGC
Gestão do Conhecimento
e Educação a Distância
Entrevista concedida pelo
Dr. Domingo Gallego à Diretora
de Relações Internacionais da SBGC,
Lourdes Martins.
Tradução: Sonia Goulart (SBGC).
Maio, 2008. Madrid.
1. Qual é a relação entre a teoria dos Estilos 4. Os Estilos de Aprendizagem

Artigo 01
de Aprendizagem, a Educação Corporativa e ensinam às pessoas a gerir sua
a Gestão do Conhecimento? própria capacidade de aprender e
construir seu conhecimento com mais
A teoria dos Estilos de Aprendizagem se eficiência?
refere à maneira como as pessoas aprendem,
em qualquer idade, em qualquer contexto. A Uma aplicação correta da teoria
educação corporativa (suponho que você quer dos Estilos de Aprendizagem na
dizer “formação na empresa”) refere-se a um organização tem duas dimensões. Por
momento concreto e a um contexto específico da um lado, os designers pedagógicos
aprendizagem: na organização. A Gestão do e instrucionais podem preparar mais

07
Conhecimento é uma teoria cronologicamente adequadamente os conteúdos de
posterior, nascida na empresa e que se pode forma direcionada ao público-alvo
e se deve ter em conta em outros contextos. dos programas de capacitação e
Portanto, Estilos de Aprendizagem e Gestão do formação continuada. E por outro lado,
Conhecimento são duas linhas de reflexão que o fato de cada indivíduo conhecer
devem incidir significativamente na Educação seu perfil de estilo de aprendizagem
Corporativa. pode ajudar significativamente no
metaconhecimento, isto é, na ampliação
2. Como o conhecimento dos Estilos de da consciência pessoal de seu próprio
Aprendizagem pode ajudar na construção do processo de aprendizagem.
conhecimento corporativo e facilitar o processo
de Gestão do Conhecimento? Se hoje dizemos que a aprendizagem
dura toda a vida, que devemos estar
Um dos contextos em que a teoria dos Estilos sempre aprendendo para não ficarmos
de Aprendizagem se desenvolveu de maneira obsoletos, conhecer nossas preferências
relevante é nos desenhos de programas de de aprendizagem e trabalhar para
capacitação e formação continuada nas ampliar ao máximo essas preferências
organizações. As investigações de Kolb, Honey, fazem com que nossa capacidade
Mumford, e as desenvolvidas por Alonso e de aprender se potencialize. Por
Gallego demonstraram que um diagnóstico isso quando atualmente fazemos um
dos Estilos de Aprendizagem dos participantes processo seletivo, procuramos pessoas
de capacitações corporativas pode auxiliar capazes de levar a cabo a tarefa
significativamente no desenho adequado de relacionada ao posto de trabalho
atividades, práticas, avaliações e, defini- para o qual serão contratadas e,
tivamente, melhorar os processos de apren- mas, além disso, capazes de aprender
dizagem, abreviando os tempos dedicados ao novas capacidades no futuro.
aprendizado e otimizando os resultados.
5. Existe algum estudo sobre
3. A Gestão do Conhecimento e os Estilos de empresas que conhecem os estilos de
Aprendizagem podem significar uma nova aprendizagem de seus colaboradores
forma de pensar o trabalho para as áreas de e conseguiram gerenciar com
Gestão de Pessoas nas empresas? mais facilidade a aprendizagem
corporativa, e assim serem mais
Certamente. Existe o perigo de utilizar a formação
competitivas?
continuada como elemento “cosmético” apenas
para incluir nos catálogos anuais da empresa, Já há alguns anos muitas empresas
sem que ela influencie realmente na melhoria da do Reino Unido e algumas empresas
organização. Se quisermos chegar ao fundo dos espanholas iniciam seus processos de
processos e construir autênticas organizações capacitação e educação continuada
que aprendem é imprescindível incluir, desde o com um diagnóstico dos Estilos de
início do desenho das políticas de Gestão de Aprendizagem dos participantes. Em
Pessoas, os enfoques que favorecem os Estilos de Portugal existem hoje muitas empresas
Aprendizagem e a Gestão do Conhecimento. do setor financeiro que levam em
conta os Estilos de Aprendizagem. São
Artigo 01

desenhados cursos nos quais o primeiro


momento consiste no diagnóstico dos
participantes com o questionário
CHAEA.1 A seguir se atribui aos alunos
um dos quatro itinerários formativos
especialmente desenhados para cada
um dos quatro estilos de aprendizagem.
Na página da Associação de
Entidades Financeiras de Portugal o
UNIBANCO oferece a possibilidade
08

de fazer um auto-diagnóstico de
Estilos de Aprendizagem, por meio
de um questionário simplificado com
12 perguntas ou por meio da versão
integral do questionário CHAEA com
suas 80 perguntas. (Ver: http://www.
unibanco.pt)
6. O professor que conhece os Estilos Dr. Domingo J. Gallego, UNED, Espanha.
de Aprendizagem de seus alunos
poderá prover melhor aprendizagem
e maior eficiência ao ensino? Dr. Domingo J. Gallego é doutor em Filosofia
Tradicionalmente é preconizado e Letras pela Universidade Complutense de
aos docentes que atentem para Filosofia e Ciências da Educação em Madrid,
a importância de conhecer bem Espanha.
o aluno, para centrar-se em suas Professor titular da Faculdade de Educação da
características e personalizar a UNED – Espanha.
aprendizagem. Um diagnóstico dos Atuou como organizador principal em treze
Estilos de Aprendizagem favorece o Congressos Internacionais de Informática
conhecimento e a adaptabilidade dos Educativa e três Congressos Internacionais de
desenhos pedagógicos e instrucionais. Estilos de Aprendizagem.
Também favorece que o docente ajude É co-diretor do Mestrado de “Tecnologías
a cada aluno a desenvolver o mais para la Educación y el Conocimiento”, UNED,
possível suas capacidades de aprender Espanha.
e desenvolver os quatro estilos de
aprendizagem. Para colaborar nesta Coordena pesquisas na área de Gestão do
tarefa um dos capítulos de nosso livro Conhecimento e Educação a Distância, possuindo
“Estilos de aprendizagem” 2explica várias publicações nessas áreas. Entre as mais
as maneiras de desenvolver os estilos conhecidas estão:
pessoais de aprendizagem e como ALONSO, C.M.; GALLEGO, D.J.; HONEY, P.
superar os possíveis bloqueios que Estilos de Aprendizaje. Que són. Como se
algumas pessoas possam ter diante de diagnostican. Bilbao: Mensajero, 1994
diferentes formas de aprender. GALLEGO, D.J.; ONGALLO, C. Conocimiento
Sugerimos visitar também nossa revista y Gestión. Madrid: Pearson & Prentice Hall,
“Estilos de Aprendizagem”: www. 2004.
estilosdeaprendizaje.es E-mail: gallego@edu.uned.es

1 CHAEA – Cuestionario Honey-Alonso de Estilos de Aprendizaje. C.M.


Alonso (1999)
2 Alonso, C.M.; Gallego, D.J. e Honey, P. (2005) Estilos de aprendizaje.
Bilbao: Mensageiro.
COMO IDENTIFICAR
OS VÁRIOS ESTILOS
DE APRENDIZAGEM
E UTILIZÁ-LOS COMO FACILITADORES DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Daniela Melaré Vieira Barros


Pesquisadora do LANTEC – UNICAMP
dmelare@gmail.com
O grande desafio das organizações atualmente Estilos de Aprendizagem

Artigo 02
é atrair e reter colaboradores, clientes,
fornecedores e transformá-los em parceiros Entendendo os elementos das tecno-
e criadores de conhecimento. A estratégia logias no âmbito educativo e suas
empresarial deverá estar fortemente apoiada conseqüências, percebe-se que a
em um conjunto de ações que garantam a educação sofre essas alterações e,
educação continuada de todas as pessoas que conseqüentemente, tenta de alguma
constituem o capital humano da organização. forma adaptar-se ao processo. Essa
Mas para que a educação continuada aconteça adaptação requer inovações no
é preciso que seja estruturada sob medida contexto teórico e em toda a estrutura
para as necessidades específicas de cada ator didática. A teoria dos estilos de

11
envolvido no processo e também valorize suas aprendizagem contribui muito para
competências e habilidades e que possibilite a a construção do processo de ensino
efetividade na comunicação e na colaboração. e aprendizagem na perspectiva das
tecnologias, porque considera as
Sabemos a importância da Educação Corporativa diferenças individuais e é flexível, o que
(EC) dentro de um processo de Gestão do permite estruturar as especificidades
Conhecimento (GC), pois é uma ferramenta voltadas as tecnologias.
que facilita a construção e socialização do
Os estilos de aprendizagem de
conhecimento individual e empresarial.
acordo com Alonso e Gallego (2002),
A Educação Corporativa (EC) eficiente é com base nos estudos de Keefe
uma ferramenta robusta para a vantagem (1998) são rasgos cognitivos, afetivos
competitiva da empresa e o uso das tecnologias e fisiológicos, que servem como
de informação e comunicação (TICs) são indicadores relativamente estáveis de
amplamente utilizadas principalmente quando como os alunos percebem, interagem
a empresa utiliza a Educação a Distância. e respondem a seus ambientes de
Para facilitar a aprendizagem no ambiente aprendizagem.
empresarial, com qualidade e escala as
Os estilos de aprendizagem referem-se
empresas têm, portanto um grande desafio
a preferências e tendências altamente
que é desenvolver cursos que atendam o
individualizadas de uma pessoa,
maior número de pessoas específicas, segundo
que influenciam em sua maneira de
suas habilidades e competências para atingir
apreender um conteúdo. Conforme
metas especificadas com eficácia, eficiência e
Alonso e Gallego (2002), existem
obtendo também satisfação em um contexto de
quatro estilos definidos: o ativo, o
utilização.
reflexivo, o teórico e o pragmático.
Como intuito de favorecer o aprendizado • estilo ativo: valoriza dados da
contínuo e de alta qualidade e eficiência a EC experiência, entusiasma-se com tarefas
deve oferecer uma gama de possibilidades novas e é muito ágil;
trazendo soluções e opções para que cada • estilo reflexivo: atualiza dados,
indivíduo busque aprender e assim, possa estuda, reflete e analisa;
compartilhar, segundo seu ritmo, competências
• estilo teórico: é lógico, estabelece
e habilidades.
teorias, princípios, modelos, busca a
Torna-se, portanto fundamental que a estrutura, sintetiza;
empresa conheça e identifique qual o estilo de
• estilo pragmático: aplica a idéia e
aprendizagem predominante em cada indivíduo faz experimentos.
e direcione a criação do projeto pedagógico
segundo estes parâmetros que irá possibilitar a Essa teoria não tem por objetivo medir
ampliação do que consideramos como formas os estilos de cada indivíduo e rotulá-lo
de aprender, de acordo com as competências e de forma estagnada, mas, identificar
habilidades pessoais do indivíduo. o estilo de maior predominância na
forma de cada um aprender e, com Partindo dessas idéias e das análises de Kolb
Artigo 02

isso, elaborar o que é necessário (1981), Honey e Mumford (1988) in Alonso e


desenvolver nesses indivíduos, Gallego (2002) elaboraram um questionário
em relação aos outros estilos não e destacaram um estilo de aprendizagem que
predominantes. Esse processo deve ser se diferenciou de Kolb em dois aspectos: as
realizado com base em um trabalho descrições dos estilos são mais detalhadas e
educativo que possibilite que os outros se baseiam na ação dos diretivos; as respostas
estilos também sejam contemplados na do questionário são um ponto de partida e não
formação do aluno. um fim, isto é, são um ponto de diagnóstico,
tratamento e melhoria. O questionário está
O tipo de aprendizagem que a influ- disponível em: www.estilosdeaprendizaje.es.
12

ência da tecnologia potencializa nos


contextos atuais passa necessariamente O questionário dos estilos de aprendizagem
por dois aspectos: primeiramente, a pode ser aplicado em diversas situações
flexibilidade e a diversidade e, em de aprendizagem, independente da área
seguida, os formatos. ou conteúdo a ser desenvolvido. Também
destacamos que o teste identifica como já foi
Kolb (1981) in Alonso e Gallego (2002) afirmado somente a tendência de aprendizagem
destacou que a forma de aprender caracterizada para aquele momento, podendo
é fruto da herança que trazemos, ser flexível de acordo com o desenvolvimento
das experiências anteriores e das pessoal.
exigências atuais do ambiente. Para
ele, cinco forças condicionam os estilos Referências
de aprendizagem: o tipo psicológico, ALONSO, C. M.; GALLEGO, D. Aprendizaje y
a especialidade que o indivíduo está ordenador. Madrid: Dykinson, 2000.
em relação a sua profissão, a sua
carreira profissional e as exigências ALONSO, C. M.; GALLEGO, D. J.; HONEY, P.
que elas trazem, o posto de trabalho Los estilos de aprendizaje: procedimientos
ao qual está vinculado e a capacidade de diagnóstico y mejora. Madrid: Mensajero,
de adaptação ao posto que estiver 2002.
ocupando, que exige determinada
competência. www.estilosdeaprendizaje.es
O PAPEL DA
TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO
COMO AUXÍLIO À
ENGENHARIA
E GESTÃO DO
CONHECIMENTO
Giuvania Terezinha Lehmkuhl
Especialista - EGC/UFSC
Eletrosul Centrais Elétricas S.A
giulehmkuhl@eletrosul.gov.br

Carla Rosana da Veiga


Historiadora e Mestranda EGC/UFSC
veiga@icablenet.com.br
Gregório Jean Varvakis Rado
Engenheiro e doutor UGC/UFSC
grego@deps.ufsc.br
1 INTRODUÇÃO controle a operação. E como qualquer outro
Artigo 03

O contexto mundial vive permanen- sistema, um sistema de informação opera dentro


temente submetido às implicações decor- de um ambiente”.
rentes de grandes transformações Com o intuito do melhor posicionamento acerca
nos cenários políticos, econômicos e do papel do ambiente computacional nas
tecnológicos, trazendo como conse- organizações desenvolveu-se a figura 1, onde
qüência direta à necessidade dos está demonstrada a posição do ambiente
diversos atores sociais encontrarem computacional como parte integrante do ambiente
as estratégias mais adequadas a este organizacional, as tecnologias de informação
ambiente de constantes mudanças. que integram o Ambiente Computacional e,
A informação nesse novo cenário passa como esse ferramental tecnológico interage
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a ser considerada um recurso essencial com os usuários possibilitando a criação, a


nas tomadas de decisões. Para Beck disseminação, a utilização e a proteção do
(2007), “atualmente, toda empresa conhecimento, que segue:
está envolta com amplos e diversos
tipos de informação e, para competir
neste contexto dinâmico, o segredo do
sucesso é a agregação de valor a partir
do acesso, do tratamento, da utilização
e da disseminação da informação”.
A partir dessa premissa o gerenciamento
do conhecimento na empresa será
o mais importante patrimônio. A
distribuição da informação precisará
de um novo modelo de tecnologia de
informação e gestão. Uma Empresa
inserida na sociedade da informação
e do conhecimento deverá conseguir Figura 01- Ambiente Computacional
tirar vantagens do uso das modernas Fonte: elaborada pelos autores (2007)
tecnologias da informação porque isso Na visão de Rezende e Abreu (2000), um
resultará em competitividade. sistema de informação eficiente pode ter um
2 O AMBIENTE COMPUTACIONAL grande impacto na estratégia corporativa e no
Embora não exista um conceito formado sucesso da empresa. Entre os benefícios que as
sobre o que vem a ser um ambiente empresas buscam estão: suporte a tomada de
computacional, a revisão bibliográfica decisão, valor agregado ao produto, melhor
sobre o tema possibilitou perceber serviço e vantagem competitiva, produtos de
que um ambiente computacional melhor qualidade entre outros.
integra os recursos de um “Sistema de As tecnologias de informação mais utilizadas
Informação”. Esse Sistema, segundo para implementação e viabilização da gestão
O´Brien (2003), é formado por: Dados; do conhecimento conforme Cândido e Filho
Redes; Hardware; Software e Pessoas. (2003) são: videoconferência, growpware,
No conceito de Turban et all (2003), painéis eletrônicos e grupos de discussão, bases
“Um sistema de informação – SI, coleta, de dados on-line, CD-ROMs, Internet, Intranets,
processa, armazena, analisa e dissemina sistemas especialistas, agentes de pesquisa
informações com o propósito especifico. inteligentes, data warehouse/data mining e
Como qualquer outro sistema, um gerenciamento eletrônico de documentos -
sistema de informação abrange entradas GED. Essas tecnologias pertencem ao ambiente
(dados), saídas (relatórios, cálculos), computacional.
processa essas entradas e saídas e gera A partir dos conceitos de McCune (1999), se
saídas que são enviadas para o usuário observa como as tecnologias de informação
ou outros sistemas. É possível incluir um explicitadas no parágrafo acima são aplicadas
mecanismo de resposta feedback – que de forma a contribuir para a Gestão do
Conhecimento. O autor estrutura a TI aplicada e Abreu (2000), veio para atender

Artigo 03
à GC, a partir de dois grupos: à complexidade e as necessidades
• O primeiro, embasado na tecnologia de empresariais. Para Cândido e Filho
informação que propicia subsídios a tomada (2003), dada às características
de decisão e a elaboração de estratégias a do atual ambiente de negócios
partir de novos bancos de dados originados e de gestão a necessidade das
dos bancos de dados operacionais. Pertencem organizações serem cada vez mais
a este grupo o data warehouse, data mining e adaptáveis, flexíveis e ágeis, suas
data mart. estruturas e processos precisam estar
• O segundo grupo é o da tecnologia da permanentemente sendo reavaliados,
informação, que além de fornecer suporte reestruturados e revitalizados. Neste

15
para a tomada de decisão, se volta para a contexto, a Tecnologia de Informação -
disseminação do conhecimento na organização, TI, terá que identificar encontrar e/ou
seja através de melhores práticas de trabalho, desenvolver, implementar tecnologias
seja através do registro de discussões para a e sistemas de informação que apóiem
disseminação de conhecimento, caracterizada a comunicação empresarial e a troca
pelo Groupware e intranet. de idéias e experiências.
É indiscutível que a TI exerce um importante Para Rezende e Abreu (2000), as
papel no âmbito da gestão do conhecimento. empresas devem evoluir da empresa
A partir de sua aplicabilidade, distâncias são chamada tradicional para empresa
rompidas, a transferência do conhecimento baseada na informação, que se
é feita de forma on-line, propiciando que o diferem principalmente nos quesitos
conhecimento de uma pessoa ou de um grupo apresentados abaixo:
seja retirado, estruturado e empregado por Nos últimos anos, o conhecimento tem

Tabela 01 – Diferença de empresa tradicional para a empresa baseada na informação


Fonte: Rezende e Abreu (2000)

outros membros de uma organização, bem como se tornado um recurso cada vez mais
seus parceiros de negócios em todo o mundo. estratégico para as organizações
“A capacidade dos computadores tem pouca buscarem sua competitividade e
relevância para o trabalho do conhecimento, mas sobrevivência: surgem assim as organi-
os recursos de comunicação e armazenamento zações baseadas no conhecimento.
de computadores ligados em rede fazem deles Desta forma GARVIN (1993) afirma
propiciadores do conhecimento”. Davenport e que o conhecimento organizacional
Prusak (1998). pode se manifestar de várias formas,
3 A TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO COMO geralmente através de práticas
AUXÍLIO A GESTÃO DO CONHECIMENTO estruturadas ou não. O conjunto de tais
A Tecnologia da Informação, segundo Rezende práticas estruturadas é o que constitui
a chamada Gestão do Conhecimento. clientes.
Artigo 03

Embora o foco de estudo das Crawford (2005, p. 3) clarifica que conheci-


organizações do conhecimento se mento é conhecimento explícito e tácito, ambos
estabeleça em torno de empresas de produzidos de forma coletiva, sendo o conhe-
tecnologia ou de serviços, é possível cimento organizacional de caráter social. A
entender que qualquer organização, gestão do conhecimento é simultaneamente uma
independente de seu porte ou setor, meta e um processo. Como um resultado, ou meta,
desenvolve e possui um acúmulo de a gestão do conhecimento é completamente
conhecimento. focalizada no compartilhamento de informações
Uma empresa baseada em conhecimento para o benefício da organização. Um projeto
é uma organização de aprendizagem de gestão do conhecimento não é tanto sobre o
16

que reconhece o conhecimento como um controle sobre o compartilhamento, mas como o


recurso estratégico, e cria conhecimento conhecimento organizacional se comporta como
que pode ser processado internamente um recurso estratégico. O incremento deste
e utilizado externamente, aproveitando valor pode ocorrer por meio da conversão
o potencial de seu capital intelectual, do conhecimento explicitado pela estratégia
onde o trabalhador do conhecimento é em ações operacionais que promovam o
o componente crítico (GARVIN, 1993). conhecimento tácito dos agentes envolvidos na
Oliveira (2003) relata que o bem mais rede de relacionamento.
importante de uma organização é o Oliveira (2003) descreve que a gestão do
conhecimento, ou capital intelectual, e conhecimento cuida de agregar valor às
este capital inclui o conhecimento tácito informações, e é um processo continuo de
como a experiência armazenada aprendizagem, que se dá pela sinergia das
por cada empregado organização informações e pela capacidade das pessoas.
e o conhecimento explícito como os O conhecimento tácito e o conhecimento explícito,
documentos, políticas e procedimentos de acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), não
existentes. O conhecimento tácito para são entidades totalmente separadas, mas sim
ser transmitido precisa ser convertido complementares, interagem entre si e realizam
em palavras, números ou imagens que trocas nas atividades criativas dos seres humanos.
todos da empresa possam entender. E para esta interação existem quatro modos
Nesse processo de conversão do de conversão à Socialização (conhecimento
conhecimento tácito para o explícito é tácito em conhecimento tácito); Externalização
que o conhecimento organizacional é (conhecimento tácito em conhecimento
criado. explícito); Combinação (conhecimento explícito
Oliveira (2003) salienta também em conhecimento explícito); e Internalização
que o conhecimento e a experiência (conhecimento explícito em conhecimento tácito).
adquiridos com o tempo criam Esses conteúdos do conhecimento interagidos
vantagens competitivas que não podem entre si, culminam em uma espiral de criação
ser copiadas, onde numa economia do conhecimento.
incerta, apenas o conhecimento é fonte Conforme Pereira (2003), os processos
segura de vantagem competitiva. de Gestão do conhecimento, incluem as
Conforme Nonaka e Takeuchi (1997), funções de identificação; captura; seleção
a competição é uma batalha constante e validação; organização e armazenagem;
e penosa para as empresas, não compartilhamento e distribuição; aplicação; e
podendo relaxar e ser complacente. criação, assim integrando estes conceitos numa
O medo de perder impulsiona as visão sistêmica da gestão do conhecimento.
empresas a prever mudanças e inventar No que tange as principais funções componentes
algo novo, uma nova tecnologia, um do processo de Gestão do Conhecimento,
projeto de produto, um novo processo destacam-se as seguintes características
de produção, uma nova estratégia (BECKMAN, 1999; DAVENPORT e PRUSAK,
de marketing, uma nova forma de 1998; PEREIRA, 2003):
distribuição ou nova forma de servir os a) Identificação: esse processo está voltado
para questões estratégicas, dentre elas A retenção e transformação podem ser

Artigo 03
identificar que competên-cias são críticas para trabalhadas dentro de uma perspectiva
o sucesso da organização (competências essen- de apoio aos sistemas organizacionais,
ciais). e, então, se incorporariam os sistemas
b) Captura: o processo de captura representa computacionais de auxílio, integrados
a aquisição de conhecimentos, habilidades e às bases de conhecimento (computer-
experiências necessárias para criar e manter as assisted knowledge system), sendo
competências essenciais e áreas de conhecimento estas vistas como repositórios de
selecionadas e mapeadas. conhecimento. São exemplos desta
c) Seleção e Validação: o processo de selecionar segunda forma de aplicação das
e validar conhecimento visa filtrar, avaliar a bases de conhecimento: os data

17
qualidade e sintetizar o conhecimento para fins warehouse, os sistemas de informação
de aplicação futura. Nem todo o conhecimento gerencial, sistemas de apoio à decisão,
gerado, recuperado ou desenvolvido deve ser sistemas de gestão integrada, entre
armazenado na organização. outros. A dimensão da disseminação
d) Organização e Armazenagem: o objetivo pode ser entendida via tecnologias
desse processo é garantir a recuperação de informação e de comunicação,
rápida, fácil e correta do conhecimento, por no entanto a visão do processo de
meio da utilização de sistemas de armazenagem criação do conhecimento de Nonaka
efeti-vos. O conhecimento, a expertise e a e Takeuchi (1997) e Nonaka e
experiência informais ou não estruturados, de Ryoko (2003) e dos espaços para a
posse somente dos indivíduos da organização criação de conhecimento de Nonaka
e não compartilhados por meio de mecanismos e Konno (1998) explicam de maneira
adequados, são facilmente perdidos e mais completa a disseminação de
esquecidos e não podem ser organizados e conhecimento.
armazenados para aplicação em processos, 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
produtos e serviços da organização. As TIC´s inegavelmente podem
e) Compartilhamento (acesso e distribuição): desempenhar papéis de suma
A prática das organi-zações demonstra que, importância no processo de construção
em geral, muitas informações e conhecimentos e disseminação do Conhecimento
per-manecem restritos a um grupo pequeno nas organizações. Os avanços da
de indivíduos. Além disso, mesmo quando tecnologia da informação facilitam os
disponíveis, não estão em tempo hábil e nem no processos requeridos pela Gestão do
local apropriado. Nesta questão, a facilidade Conhecimento, como a coleta, a seleção,
de acesso torna-se ponto crítico do processo de a disponibilização e, a disseminação
compartilhamento. de informações, porém existe uma
f) Aplicação: mesmo que os conhecimentos, barreira final que é a tradução pelos
experiências e informações estejam disponíveis homens, dessa informação e sua
e compartilhadas, é fundamental que sejam transformação em ações. A tecnologia
utilizadas, e que se traduzam em benefícios da informação por si só não assegura
concretos para a organização. Nesse processo, um processo eficaz de Gestão do
cabe destacar a importância de se registrar Conhecimento, mas pode propiciar um
as lições aprendidas com a utilização do relevante suporte para a implantação
conhecimento, os ganhos obtidos e os desafios da Gestão do Conhecimento em uma
a serem ainda alcançados (novos conhecimentos organização.
que serão necessários para a organização). Sendo assim, o sucesso de um projeto
g) Criação de Conhecimento: O processo de de Gestão do Conhecimento numa
criação de um novo conhecimento envolve as organização não pode estar atrelado
seguintes dimensões: aprendizagem, externa- à compra de uma nova tecnologia
lização do conhecimento, lições apren-didas, da informação. A tecnologia da
pensamento criativo, pesquisa, experimentação, informação, isoladamente, não pode
descoberta e inovação. ser a base da criação e gestão
de conhecimento organizacional. A Informação como Ferramenta de Apoio para
Artigo 03

tecnologia deve ser encarada como a Inteligência Competitiva e a Gestão do


suporte dentro desse processo. Conhecimento: um estudo de caso no setor
A tecnologia da informação para a varejista. In: KM Brasil 2003, 2003, São Paulo.
Gestão do Conhecimento pode ser vista Anais do KM Brasil 2003, 2003. v. 1. p. 20-
como uma tecnologia que apresenta 36.
subsídios à tomada de decisão e a CRAWFORD, C.B. Effects of transformational
elaboração de estratégias a partir leadership and organizational position
de novos bancos de dados originados on knowledge management. Journal of
dos bancos de dados operacionais Knowledge Management. 2005. Volume: 9,
da empresa como, por exemplo, o Issue: 6.
18

Data warehouse, o data mining, entre DAVENPORT, H. Thomas & Laurence, Prusak.
outros. Essas ferramentas, além de dar Conhecimento empresarial: como as
subsídios para a tomada de decisão, organizações gerenciam o seu capital
estão voltadas à disseminação do intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
conhecimento na organização , seja GARVIN, D. A. Building a learning organization.
através de melhores práticas de Harvard Business Review. v. 71 n. 4, p. 78-
trabalho, seja através do registro de 91,1993.
discussões para a disseminação de McCUNE, JENNY C. Thirst for Knowledge.
conhecimento, como por exemplo o Management Review. April 1999.
Groupware e a intranet. NONAKA,I; TAKEUCHI, H. Criação do
A Tecnologia de Informação possui conhecimento na empresa. 4.ed.Rio de Janeiro:
um papel importante no suporte Campus, 1997.
para implementação da gestão NONAKA, I; RYOKO, T. The knowledge-
do conhecimento nas organizações. creating theory revisited: knowledge creation
Atentando que a função mais as a synthesizing process. Knowledge
valiosa da tecnologia na Gestão do Management Research & Practice.
Conhecimento é aumentar o alcance n. 1, p.2-10, 2003.
e a velocidade da transferência do OLIVEIRA, J.R.M.
conhecimento. A tecnologia ainda Modos empregados por uma empresa de
produtos injetados plásticos, para gerenciar
possibilita que o conhecimento de uma
o seu conhecimento disponível: O caso da
pessoa ou de um grupo seja extraído,
Multibrás da Amazônia S.A. Dissertação de
estruturado e utilizado por outros
Mestrado. 2003. (Mestrado em Administração) –
membros da organização e por seus
Programa de pós-graduação em administração,
parceiros de negócios no mundo todo,
Universidade Federal de Santa Catarina.
ajudando na codificação e geração do
O’BRIEN, JAMES A. Sistemas de informações:
conhecimento.
e as decisões gerenciais na era da internet. 9.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ed. americana. São Paulo: Saraiva, 2003.
BECK, L. Valor agregado e gerência PEREIRA, H. J. Proposição de um modelo
do conhecimento. Mundo Virtual. organizacional baseado no conhecimento:
Disponível na Internet: http://www. um estudo de caso em empresa pública.
agestado.com.br/especial/valor.htm In: MANAGEMENT IN IBEROAMERICAN
Consultado em abril de 2007. COUNTRIES: CURRENT TRENDS AND
BECKMAN, T. The current state FUTURE PROSPECTS, 3., 2003, São Paulo.
of knowledge management. In: Proceedings…São Paulo: Iberoamerican
LIEBOWITZ, J. (Ed.) Knowledge Academy of Management, Brazil, 1 CD ROM.
management handbook. New York: REZENDE D.A. ABREU França Aline. Tecnologia
CRC Press, 1999. da Informação Aplicada a Sistemas de
CÂNDIDO, G. A.; SILVA FILHO, J. Informação Empresariais. São Paulo: Atlas,
F. Aplicação da Tecnologia da 2000.
GESTÃO DO CONHECIMENTO
PARA PROFISSIONAIS LIBERAIS
Uma metodologia
para a expansão
sustentável dos
negócios de
profissionais
liberais
empreendedores

Fabrício Yutaka Fujikawa


Especialista em Gestão Estratégica
da Informação - UFRJ
fabriciofuji@yahoo.com.br
1. Introdução cerca de 15 milhões de trabalhadores, ou
Artigo 04

Os autores e estudiosos de teorias 23,4% da população ocupada do país. Eles


sócio econômicas têm estabelecido que trabalham explorando uma atividade eco-
vivemos na sociedade do conhecimento. nômica de forma autônoma, com ou sem sócio
Enquanto na sociedade agrícola o fator e empregados, utilizam predominantemente o
de produção - e, conseqüentemente, exercício técnico e intelectual de conhecimento.
o pilar da estruturação social - foi A representatividade da categoria é tão gran-
a posse de terras, com a revolução de que nosso país foi o pioneiro mundial na
industrial e o estabelecimento do criação de domínios de primeiro nível (DPN) da
modelo da sociedade industrial, o fator internet específicos para os profissionais liberais
de produção passou a ser o capital (a (por exemplo: bio.br para biólogos e fot.br
20

indústria) - os grandes industriais, a para fotógrafos).


chamada burguesia, ocuparam o topo Neste trabalho, o profissional liberal empreen-
da pirâmide sócio econômica. Já na dedor é aquele profissional eminentemente
sociedade do conhecimento, o principal técnico que tem a demanda por seus serviços
ativo para as atividades econômicas é o aumentada e percebe a oportunidade de
conhecimento. Até mesmo as atividades transformar se em uma empresa, expandindo
primárias, como fruto de uma intensa seus negócios.
competição no setor, hoje administram o 2.2. Expansão Sustentável de Negócios
conhecimento como um ativo produtivo No sentido econômico, crescimento sustentável
- vide os produtos transgênicos e a consiste no aumento das entradas ou saídas
Embrapa, por exemplo. reais que podem ser sustentadas por longos
As práticas de gestão do conhecimento, períodos de tempo. Em sentido amplo, susten-
via de regra, encontram-se estabelecidas tabilidade se relaciona à continuidade dos
em empresas de médio e grande por- aspectos econômicos, sociais, culturais e am-
te, tendo ainda pouca presença em bientais da sociedade humana. Neste traba-
pequenas e micro empresas. No caso lho, a expressão expansão sustentável de negó-
dos profissionais liberais, em geral, cios restringe se apenas às características
essas práticas inexistem. econômicas da sustentabilidade de uma orga-
Neste trabalho será apresentada uma nização empresarial e se resume em um aumento
metodologia de gestão do conhecimento das atividades da organização (faturamento,
apoiada por um ferramental de sistema lucro, equipe, clientes, etc.) com bases sólidas,
de informação acessível à capacidade duradoura e contínua.
de investimento dos profissionais libe- 2.3. Conhecimento
rais, para formação da memória Para Davenport (1998), conhecimento é uma
organizacional e suporte à execução combinação de experiência condensada, valores,
de suas atividades. Considerando que, informação contextual e insight experimentado,
diferentemente dos fatores de produ- que proporciona uma referência para avaliação
ção de outrora, o conhecimento é um e incorporação de novas experiências e
ativo que aumenta quanto mais é informações. Gloor (2001) estabelece que o
utilizado, e seu custo diminui à medida conhecimento está embutido nos processos de
que é compartilhado por um número trabalho de uma organização.
maior de pessoas (CAVALCANTI, 2001), O conhecimento pode ser classificado como
a adoção de tal metodologia forma os tácito ou explícito. Segundo Gomes (2005), o
alicerces de uma expansão sustentável conhecimento tácito é aquele armazenado no
de negócios e equipe para os âmbito individual, fruto da experiência, crenças
profissionais liberais empreendedores. e habilidades pessoais, normalmente difícil de
2. Fundamentação Teórica ser formulado, comunicado e compartilhado
2.1. Profissionais liberais com terceiros. Já o conhecimento explícito, é
empreendedores principalmente adquirido pela informação,
Segundo dados do IBGE, no ano 2000 quase sempre pela educação formal, e
os profissionais liberais representavam normalmente se encontra documentado em
linguagem codificada (livros, manuais, bases de O capital ambiental é o conjunto de

Artigo 04
dados, etc.). fatores que definem o ambiente de
2.4. Modos de Conversão do Conhecimento e negócios no qual a empresa está
a Espiral do Conhecimento inserida: características sócio eco-
Para Nonaka (1997), a interação entre o nômicas, aspectos legais, éticos, culturais,
conhecimento tácito e o conhecimento explícito governamentais e financeiros.
permite definir quatro formas distintas de con- O capital estrutural é formado pela
versão do conhecimento, graficamente assim infra estrutura disponível para as
representadas: operações da organização e sua cultura
Ainda segundo Nonaka (1997), a criação do empresarial: sistemas administrativos,
conhecimento organizacional é um processo conceitos, modo como trabalha,

21
contínuo e dinâmico de interação entre o processos, marcas, programas de
conhecimento tácito e o conhecimento explícito, computador e outros.
que dá origem à expressão espiral do O capital intelectual é um ativo intan-
conhecimento. gível, pertencente ao indivíduo, não à
organização, mas que pode por ela
ser utilizado para as suas operações.
Trata se da capacidade, habilidade,
experiência e conhecimento formal
das pessoas.
Já o capital de relacionamento é
formado pelas parcerias estratégicas
que uma organização estabelece
Figura: Espiral do conhecimento. Fonte: Nonaka (1997) com os principais atores do capital
2.5. Gestão do Conhecimento ambiental (clientes, fornecedores,
De acordo com Jayme Teixeira Filho (TODESCHI, instituições financeiras, etc.) visando
2001), a gestão do conhecimento (GC) é à preservação de sua presença no
uma abordagem que busca pontos onde o mercado.
conhecimento traga vantagem competitiva 3. Problemática
para a empresa. Pode ser entendida como um Tipicamente, os profissionais liberais
amplo processo de criação, uso e disseminação atuam de forma autônoma, realizando
do conhecimento na organização, que se diversos papéis na estrutura de funcio-
materializa numa série de práticas facilitadoras namento de suas atividades - desde
do compartilhamento do conhecimento na a execução propriamente dita de sua
empresa, não apenas sobre seus processos atividade fim, até a realização de
internos, mas também sobre seus clientes e seu tarefas não diretamente ligadas a sua
ambiente competitivo. profissão.
2.6. Capitais do Conhecimento ® As tarefas normalmente são realizadas
Cavalcanti (2001) estabelece que, para baseadas no conhecimento tácito do
uma efetiva gestão do conhecimento de uma profissional. Quando há conhecimento
organização, deve se utilizar o modelo dos explícito envolvido, ele é encontrado na
capitais do conhecimento, que define quatro metodologia seguida pelo profissional
capitais a serem monitorados e gerenciados, na execução dos processos de sua
conforme a figura seguinte: atividade fim. Dificilmente se trata de
conhecimento explícito gerado pelo
próprio profissional; na maioria das
vezes, são literaturas técnicas usadas
como referência.
Quando o profissional liberal decide
se tornar um empreendedor e ini-
ciar sua transformação em uma em-
Figura: Os quatro capitais do conhecimento ®. Fonte: Centro de
presa, ele necessita de mais tempo
Referência em Inteligência Empresarial (CRIE) – COPPE/UFRJ disponível para realizar sua atividade
fim e se dá conta de que o tempo que (e, eventualmente, o de relacionamento), mas
Artigo 04

ele investe em atividades secundárias a falta de uma metodologia de gestão do


poderia ser destinado a atender às conhecimento dificulta o desenvolvimento dos
novas oportunidades de negócio. Nesse demais capitais. Considerando que, conforme
momento, ocorre uma contratação de Cavalcanti (2001), o capital intelectual é uma
um novo colaborador para atuar nas propriedade individual utilizável por uma
tarefas de apoio - rotinas administrativas, organização enquanto seu detentor fizer parte
atendimento telefônico, etc. Embora de seus quadros, nota se que esse aumento do
menos freqüente, dependendo do capital intelectual pode ser temporário. Para
volume da demanda existente, pode agravar, o conhecimento repassado não é
ser necessário que o novo colaborador persistente: caso haja mudanças na equipe, todo
22

seja um outro profissional para atuar o conhecimento passado ao colaborador antigo


na mesma atividade fim. deve ser novamente trabalhado e repassado
Na entrada de novos colaboradores, o ao novo colaborador. E, mais uma vez, caberá
treinamento normalmente é feito através ao profissional liberal transmitir o conhecimento.
de orientação pessoal durante o horário Essa excessiva centralização na figura do
de expediente e à medida em que “as profissional liberal torna se um limitante para o
coisas vão acontecendo”, isto é, quando crescimento da equipe.
surge a necessidade de execução Quanto aos produtos ou serviços entregues
de um procedimento, é realizado o aos clientes, qual o impacto do aumento de
treinamento do mesmo - sempre por equipe segundo a realidade apresentada? Por
transmissão oral de instruções. Quando haver pouco ou nenhum processo documentado,
o profissional liberal não se encontra no e sendo a socialização o principal modo de
local de trabalho, a execução de uma transferência de conhecimento, a tendência ao
tarefa pelo novo colaborador pode aumento da variabilidade é grande quando
ser adiada aguardando seu retorno da contratação de novos colaboradores para
ou, dependendo da urgência, as apoiar o profissional liberal. Campos (1992)
orientações são passadas por telefone. define a qualidade de um produto ou serviço
Portanto, o principal modo de como o atendimento perfeito, de forma
transferência do conhecimento é a confiável, acessível, segura e no tempo certo às
socialização. A externalização e a necessidades do cliente. Nesse sentido, conclui-
combinação podem ser consideradas se que num contexto de expansão de equipe
inexistentes, e poucas vezes ocorre e negócios, o profissional liberal corre o sério
a internalização, visto que há pouco risco de impactar negativamente a percepção
conhecimento explícito envolvido. da qualidade de seus serviços pelos clientes,
Considerando que os profissionais o que, por sua vez, pode destruir uma boa
liberais atuam em atividades de uso reputação construída até então.
intensivo do conhecimento — seja como É necessária, portanto, uma metodologia
produto final da atividade (ensino e de gestão do conhecimento para apoiar os
consultoria, por exemplo), seja como profissionais liberais empreendedores no
fator de produção do produto final momento da alavancagem de seus negócios.
gerado (projetos de arquitetura e 4. Proposta de Solução
sistemas de informação são casos A proposta de solução engloba uma metodologia
típicos) — a não abrangência de todos de gestão do conhecimento que considera os
os modos de conversão do conhecimento processos de transformação do conhecimento
é, sob a ótica da estratégia empresarial, em suas formas explícita e tácita, faz girar
uma grande fraqueza. a espiral do conhecimento e desenvolve os
Com relação aos capitais do capitais do conhecimento da organização,
conhecimento, a chegada de novos através da formação de uma sólida memória
integrantes na equipe incrementa o organizacional. Esquematicamente, a figura
capital intelectual da organização seguinte representa a metodologia:
Artigo 04
23
Figura: Esquema da metodologia proposta. Fonte: autor

• Definir o negócio da organização - o pro- a matriz de classificação da figura


fissional liberal empreendedor deve formalizar seguinte:
a visão e a missão do negócio em que atua para
estabelecer o norte estratégico do negócio e
auxiliar na identificação das competências
essenciais da organização - o conjunto de
habilidades e tecnologias que permite à
organização oferecer algo de valor para o
cliente (CAVALCANTI, 2001).
• Elaborar um dicionário corporativo - é co-
mum que haja entendimentos incorretos em
função de terminologias desconhecidas - ou
de interpretações diferentes - para as partes
envolvidas. Para evitar situações da espécie e
suas indesejadas conseqüências, recomenda se a
elaboração de um dicionário corporativo com os Quadrante 2 - Essenciais
Processos/áreas com maior intensidade de conhecimento
termos específicos do negócio e seus significados e com maior alinhamento a estratégia da empresa.
internos. Uma comunicação uniforme é essencial Quadrantes 1, 3 e 4 - Laterais
Processos/áreas que podem contribuir para resultados
para a uniformização da cultura organizacional essenciais.
e o conseqüente reforço do capital estrutural. Figura: matriz de classificação de processos
Fonte: Gomes (2005)
• Mapear os processos de negócio – devem
ser mapeados e registrados conforme modelo Sob a ótica da matriz de classificação,
do Anexo 1 (Quadro de Mapeamento de os candidatos prioritários naturais são
Processos). Para a classificação, deve se seguir os processos dos quadrantes laterais
a definição de Santoro (2006): (1) e (3), pois são os que exigem
• Primários: relacionam-se diretamente com o menor conhecimento para a execução,
cliente; sendo de delegação mais simples. Já
• De apoio: colaboram com os processos primários os processos do quadrante (4) têm
na obtenção de sucesso junto aos clientes; baixa prioridade, pois, inversamente,
• Gerenciais: coordenam as atividades de apoio requerem uma alta intensidade de
e dos processos primários. conhecimento - que normalmente só
A freqüência, a intensidade de conhecimento o profissional liberal possui - e o nível
e a relevância estratégica são categorizadas de relevância estratégica não justifica
em alta, média ou baixa. Na avaliação da um investimento maior neles. Os
relevância estratégica, devem ser consideradas processos do quadrante (2), portanto,
as declarações de visão e missão da organi- são os intermediários na ordem de
zação. prioridade.
• Priorizar os processos - deve ser montada Dentre os processos do quadrante (1)
e (3), deve se priorizar os processos controle mais efetivo e são essenciais para
Artigo 04

primários e de alta freqüência de garantir uma variabilidade controlada na


execução. execução do processo, mantendo a percepção
Tais regras não são rígidas e servem de qualidade por parte do cliente no nível
como orientação básica para a desejado.
priorização. O foco deve ser sempre • Disponibilizar um espaço para registro
otimizar o uso do tempo pelo profissional e troca de sugestões/experiências – fonte
liberal, de forma que o máximo possível para coleta de qualquer informação que
de sua carga horária seja destinada à possa ser trabalhada para futura geração de
atividade fim, delegando a execução conhecimento. O espaço deve ser aberto não
de tarefas de apoio sem perda de apenas aos colaboradores, mas também a
24

qualidade na execução. clientes e parceiros estratégicos, com controle de


• Descrever e modelar os processos acesso: nem todos os assuntos tratados podem
- esta é a etapa de explicitação do ser acessados por todos os participantes. Como
conhecimento tácito. Deve ser ela- espaço para o registro de sugestões e trocas
borado um texto descrevendo o de experiências diversas, sugere se o uso de
processo tal como ele ocorre, sua forma um blog - uma página web na qual é possível
de execução, as etapas envolvidas, as registrar temas sob a forma de artigos e os
regras consideradas para as decisões visitantes lançam comentários sobre os mesmos.
a serem tomadas, os atores com quem • Realizar reuniões periódicas com a
ele interage e os instrumentos utili- equipe - sugestões colhidas no blog, opiniões
zados (documentos, planilhas e outros manifestadas por clientes, erros ocorridos
artefatos). nos processos, oportunidades de serviços
Alternativamente, um quadro com o em prospecção, entre outros, são temas que
detalhamento das atividades envol- devem fazer parte da pauta de tais reuniões.
vidas em cada processo, nos moldes O objetivo é compartilhar conhecimento entre
do Anexo 2 (Quadro de Detalhamento os participantes mediante socialização e
do Processo) pode ser elaborado. internalização, e propiciar as condições para
Nesse quadro deve ser registrado o a geração de novos conhecimentos a partir das
processo, suas atividades, as entradas, discussões ocorridas.
as saídas e os instrumentos de cada 4.1. Web Site como ferramenta tecnológica
atividade. A atividade é uma ação de apoio
concreta realizada no processo. As Como ferramenta tecnológica de apoio é
entradas podem ser informações que sugerido um web site de acesso controlado
serão processadas pela atividade ou como repositório para armazenamento, con-
eventos que disparam a execução da sulta, compartilhamento e disseminação do
atividade. As saídas são os resultados conhecimento explícito da organização pro-
concretos gerados pela atividade: duzido pela adoção da metodologia. O mesmo
um novo evento, uma ação obtida web site pode ser utilizado como canal de
ou novas informações geradas. Já comunicação e divulgação de serviços, atuando
os instrumentos são os artefatos - no relacionamento com antigos e novos atores
formulários, documentos, planilhas, etc. do ambiente de negócios da empresa.
- usados na atividade 4.1.1. Função: repositório do conhecimento
• Elaborar instrumentos de apoio aos A disponibilização das informações deve ser
processos - o passo seguinte é elaborar realizada através de sistemas de gerenciamento
os formulários e artefatos utilizados de conteúdo (SGC), que permitem a usuários
- registrados na coluna “instrumentos” sem conhecimento técnico específico atualizarem
do quadro de detalhamento do o conteúdo de páginas web - textos, arquivos,
processo. Padronizando informações imagens, etc.
e procedimentos de um processo, os O processo de disponibilização de conteúdo
formulários também possibilitam um deve ser simples, tendo apenas 1 nível de
aprovação (opcional), como o mostrado na mesma infra estrutura tecnológica de

Artigo 04
figura abaixo: SGC do web site como repositório de
conhecimento pode ser utilizada para o
canal de comunicação e marketing. As
informações que constam em ambas as
arquiteturas podem ser compartilhadas
Figura: Processo de disponibilização de conteúdo. Fonte: autor (isto é, não é necessário publicar duas
A arquitetura de informação sugerida para o vezes o mesmo conteúdo) e o controle
repositório do conhecimento explícito da orga- de acesso às informações internas é
nização é a mostrada na figura seguinte. feito através de login/senha para os

25
Figura: Arquitetura de informação sugerida para o web site como repositório do conhecimento explícito. Fonte: autor

4.1.2. Função: canal de comunicação e colaboradores cadastrados.


marketing 5. Resultados Esperados
O web site também pode ser utilizado como 5.1. Quanto aos processos de
canal de comunicação com os atuais clientes. conversão do conhecimento
Adicionalmente, divulgando os produtos e Com a adoção da metodologia, os
serviços prestados, pode atuar no aumento do processos de conversão do conheci-
capital de relacionamento do profissional liberal mento ficam assim mapeados e a
- novos clientes, parceiros ou fornecedores podem espiral do conhecimento passará a ter
ser integrados. Uma arquitetura de informação todos os processos de transformação
adequada ao site institucional de um profissional suportados pelos processos de gestão
liberal seria a mostrada na figura abaixo: do conhecimento da metodologia.
Socialização: reuniões periódicas, tro-
ca de experiências ao longo da execu-
ção de rotinas.
Externalização: documentação de
processos, elaboração de instrumentos
para os processos documentados, atas
das reuniões periódicas, blog.
Figura: Arquitetura de informação sugerida para o web site como Combinação: blog, revisão e melhoria
canal de comunicação e marketing. Fonte: autor dos processos.
Analisando a integração entre as duas Internalização: tópicos usados nas reu-
arquiteturas de informação, tem se que a niões que sejam oriundos de conheci-
mento explícito, treinamentos baseados seus negócios.
Artigo 04

em processos documentados. A metodologia proposta direciona as iniciativas


5.2. Quanto aos capitais do empreendedoras de profissionais liberais para
conhecimento ® uma orientação por processos, com eficiente
Os capitais do conhecimento passarão disseminação do conhecimento e estruturação
a evoluir e interagir entre si, cumprindo em rede (múltiplos vínculos entre as pessoas),
a condição para a geração de riqueza características por definição, segundo
de uma organização (CAVALCANTI, Cavalcanti (2001), de uma empresa baseada
2001): em uso intensivo de conhecimento.
• Aumento do capital de relacionamento O uso de um web site como plataforma
devido à expansão de sua rede de tecnológica prepara uma futura transformação
26

relacionamentos oriunda da divulgação da empresa em e business — entendido como


das atividades do profissional liberal “a integração de processos, organizações e
disponibilizadas no web site. sistemas por meio de tecnologias baseadas
• Desenvolvimento também do capital na internet e a elas relacionadas, para criar
estrutural devido à documentação, valor de negócio e posições competitivas
divulgação e assimilação dos processos diferenciados” (GLOOR, 2001, p. 15).
de trabalho, e à implantação do web Entende se, portanto, que a solução apresentada
site. neste trabalho forma uma sólida memória
• Melhorias com relação à atração e organizacional sobre um ambiente que permite
retenção do capital intelectual da alta escalabilidade, ou seja, pavimenta o
organização, devido à sua forma caminho do crescimento sustentável do empre-
diferenciada de atuação. Além disso, endimento.
a organização será menos vulnerável Como passos seguintes à implantação da
a eventuais saídas de colaboradores, metodologia, pode se mencionar: a definição
devido à maior robustez de seu capital e aferição de indicadores de desempenho (por
estrutural. exemplo: satisfação do cliente, inadimplência,
• O capital ambiental será incrementado faturamento, quantidade de não conformidades
devido à geração de vantagem - erros - nos processos, custo dos processos,
competitiva pela organização em horas de treinamento por integrante, etc.), a
processos. informatização dos processos de negócio (dando
5.3. Outros prioridade aos essenciais), a integração com
• Formação de sólida memória orga- sistemas de clientes, parceiros e fornecedores,
nizacional. entre outros.
• Treinamento de novos colaboradores Qual a dimensão do esforço do profissional
será realizado de forma mais eficiente liberal empreendedor que adotar a metodologia
• Variabilidade no resultado dos serviços proposta?
prestados será melhor controlada Percebe se que, numa empresa incipiente, vários
• A organização aprenderá com seus papéis são personificados simultaneamente pelo
erros, num processo de melhoria con- profissional liberal, numa tarefa hercúlea. Ele
tínua. deve buscar com afinco, disciplina e disposição
• O profissional liberal otimizará a um ideal abstrato que se concretizará no futuro
utilização de seu tempo. apenas se as decisões corretas forem tomadas
• Geração de vantagens competitivas (e trabalho extra seja realizado) agora.
para a empresa, dando a ela Apostando nas características naturais dos
escalabilidade e agilidade. empreendedores que, conforme Dornelas
6. Conclusão (2001), implementam suas ações com total
Os resultados esperados, em última comprometimento, atropelando as adversidades
análise, convergem para a melhor utili- e ultrapassando os obstáculos com uma vontade
zação do tempo do profissional liberal ímpar de “fazer acontecer”, acredita se na
na sua atividade fim e na expansão de viabilidade prática da metodologia proposta.
Espera se que este trabalho impulsione o IBGE. Censo Demográfico 2000,

Artigo 04
sucesso de iniciativas empreendedoras que Primeiros Resultados da Amostra.
reconheçam a importância de uma metodologia Disponível em: http://www.ibge.gov.
de gestão do conhecimento e, em última br/ibgeteen/datas/profliberal/
análise, humildemente contribua para que o quantos.html. Acesso em: 14/
Brasil ocupe um lugar relevante na sociedade mar/2007.
do conhecimento. ________. Dia do profissional liberal.
7. Referências Disponível em: http://www.ibge.gov.
CAMPOS, V. F. TQC: Controle da Qualidade Total br/ibgeteen/datas/profliberal/home.
(no estilo japonês). Belo Horizonte: Fundação html. Acesso em: 17/mar/2007.
NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação

27
Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da
UFMG, 1992. de conhecimento na empresa. Rio de
CAVALCANTI, M; GOMES, E. B. P; PEREIRA Janeiro: Elsevier, 1997.
NETO, A. F. Gestão de empresas na sociedade SANTORO, F. M; TAVARES, V. Material
do conhecimento: um roteiro para a ação. Rio do Curso MBA GEI 10 – disciplina:
de Janeiro: Elsevier, 2001. Estrutura Organizacional e Redesenho
DAVENPORT, H. T.; PRUSAK, L. Conhecimento de Processos. Rio de Janeiro: UFRJ,
empresarial — como as organizações gerenciam 2006.
o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, TODESCHI, L. G. Gestão do
1998. Conhecimento, Capital Intelectual e
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Inteligência Competitiva: entrevista
transformando idéias em negócios. Rio de exclusiva com Jayme Teixeira Filho,
Janeiro: Campus, 2001. presidente da Sociedade Brasileira de
GLOOR, P. Transformando a Empresa em e- Gestão do Conhecimento. Disponível
Business. Rio de Janeiro: Atlas, 2001. em: http://www.widebiz.com.br/
GOMES, E.. Material do Curso MBA GEI 10 gente/todeschi/jayme.html. Publicada
– disciplina: Inteligência Empresarial. Rio de em 19/jul/2001. Acesso em: 08/
Janeiro: UFRJ, 2005. set/2006.
IMPLANTANDO UM PROGRAMA
DE LIÇÕES
APRENDIDAS
NAS ORGANIZAÇÕES
Alexandre Bello
Analista de Sistemas, com pós-graduação em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial
pela UFRJ/Coppe
Responsável no Brasil pela área Gestão do Conhecimento da Subsea 7
Alexandre.Bello@Subsea7.com

Primeiramente é importante que quem com um conhecimento que existe internamente


esteja liderando a implantação de um ou que foi vivenciado por um colega de trabalho
programa de Lições Aprendidas saiba da sua organização.
o porquê dessa iniciativa e quais os Na teoria é simples, porém aprender
benefícios diretos. Nas atuais práticas internamente, e principalmente com os erros,
de gestão e de gestão do conhecimento, é na verdade uma tarefa complexa. Lição
muito se fala sobre aprendizado, e não Aprendida é um processo de transferência
há nada mais prático do que aprender de experiência entre pessoas de uma mesma
organização, seja ela uma não só pela sua posição hierárquica,

Artigo 05
experiência positiva ou nega- mas pela sua competência técnica.
tiva. Uma Lição Aprendida precisa Antes de capturar é necessário definir
ter um certo grau de ineditismo. Algo qual será a estrutura da sua prática
que todos já sabem não é uma lição e sim um de Lição Aprendida, ou seja, quais
consenso. Algo que se aprendeu por não ter campos deverão ser preenchidos no
seguido um procedimento ou padrão também momento em que alguém inserir uma
não é uma lição. Padrões e procedimentos lição no repositório que voce vai criar
foram feitos para serem seguidos e se existe para armazenar a captura das Lições.
uma lição nisso é “Siga o procedimento”. Os Para tal você deve pensar o que é
benefícios da prática de Lições Aprendidas importante para a sua organização.

29
são vários, porém os que encantam mais os Abaixo um exemplo que servirá como
executivos (aqueles que pagam a conta do ponto de partida.
programa e o seu salário) são de economia Exemplo de estrutura em uma empresa
financeira. A reutilização das lições que a organizada por projetos: Título da
sua empresa vivenciou pode gerar economias Lição, Autor (pode ter link para outro
extraordinárias. Essas economias devem ser sistema com a descrição do perfil
mensuradas e disseminadas para promover a profissional da pessoa, também
iniciativa. Veremos isso mais à frente no processo conhecido como Páginas Amarelas),
de Disseminação. Os demais benefícios são Projeto, Região, Disciplina/Tema
economia de tempo, maior qualidade, mais (procure criar um leque de opções
segurança para os funcionários, capacitação ao invés de deixar esse campo livre),
e especialização sua equipe de trabalho etc. Cliente, Contexto/Cenário, Impacto
O mais impressionante e que a maioria dos do Acontecimento, Lição Aprendida,
erros cometidos não são erros inéditos da sua Valor Estimado da Lição (positivo ou
organização. Pode ter certeza disso. negativo), Oportunidade de Melhoria,
Processos de um Programa de Lições Palavras Chaves e Documentos Anexos.
Aprendidas Os campos Contexto/Cenário, Impacto
Existem diversos meios para se implantar uma e Lição Aprendida são o coração da
prática de Lições Aprendidas. Os processos estrutura. Dê atenção à esses campos
descritos a seguir são uma versão simplificada pois neles estarão o conhecimento
para tal e tem como objetivo facilitar o trabalho de sua organização. O campo Valor
para quem não é especialista em gestão do Estimado da Lição irá lhe ajudar
conhecimento. Outro objetivo dessa descrição é a justificar os custos investidos no
que ela se torne um mini-guia para lhe orientar programa e pleitear mais orçamento
durante a implantação do processo. O ideal é Já o campo Oportunidade de Melhoria
que você adapte essas idéias à cultura da sua será insumo para o ultimo processo com
empresa e crie uma metodologia própria. o mesmo nome.

Figura: Processos de Lições Aprendidas – Visão Geral. Fonte: autor

Processo 1 - Captura de Lições Aprendidas Depois de elaborar a estrutura para


O processo de captura é o mais difícil. Na a sua lição aprendida você precisa
verdade o difícil não é construir o processo, mas pensar onde armazenará essa lição e
mudar a cultura das pessoas e fazer com que elas como fazer com que os colaboradores
abracem essa iniciativa. Um bom patrocinador e parceiros de sua empresa alimentem
irá ajudar bastante nesse processo de mudança a prática com descrições das lições.
cultural. O ideal é que ele seja reconhecido As Lições Aprendidas podem ser
armazenadas de maneira simples negativas (baseadas nos
Artigo 05

e sem a complexidade de grandes erros). Recomenda-se que


sistemas. É claro que, se a sua seja feito um trabalho de “lição
empresa já possui um sistema com de casa” levantando as lições que serão
essa funcionalidade ou se existe a apresentadas e discutidas no evento. Desse
facilidade da construção, opte por isso. evento precisa sair um plano de ação, com
Porém, tome muito cuidado. Diversas datas e responsáveis por inserir as lições no
práticas de gestão do conhecimento sistema de informações da sua empresa.
passam por falência múltipla (dinheiro, Close-out-report ou reunião de fechamento de
atraso de cronograma, motivação dos projeto: Diversas empresas possuem relatórios
envolvidos, patrocínio etc) quando se de fechamento de projeto e de fechamento de
30

envolvem demais com tecnologia. Uma fases de um projeto. O PMBOK® recomenda


base de dados em Microsoft Access que seja feito registro dos acontecimentos e
com uma interface clara e simples das Lições Aprendidas. Aproveite situações
pode ser suficiente. Ou quem sabe como essa. Transforme sua estrutura de Lições
criar um template no Microsoft Word Aprendidas em um formulário e anexe ao
para inserção das lições e salvar procedimento.
em um diretório de rede. Quando a Incident Report ou Relatório de Incidentes:
prática começar a ganhar volume, Atualmente as grandes empresas possuem
a solução simples provavelmente áreas de Segurança, Meio Ambiente, Saúde
precisará de melhorias, como um boa e Qualidade, também conhecidas como
ferramenta de busca. Porém nesse QSMS ou HSEQ. Por se tratar de questões
momento, provavelmente, você já extremamente críticas, as anormalidades às
terá economizado alguns milhares normas e procedimentos estabelecidos por
para a sua empresa e poderá pedir essas áreas geram alertas e notificações. É um
investimento em algo mais complexo. bom meio para capturar Lições Aprendidas,
Bom, já vimos como estruturar os campos principalmente se a sua empresa possui uma
das lições, de que forma armazenar e área de operações onde falar de gestão
agora veremos como atuar na inclusão de conhecimento pode ser extremamente
de Lições Aprendidas. Existem dois difícil. Pegue uma carona em um processo já
modos: estabelecido.
Captura de Lições: é o método mais Processo 2 - Análise e Aprovação
fácil porque os profissionais acessam o Toda lição aprendida deve passar por uma
sistema e inserem, por conta própria, análise e, se estiver dentro dos critérios de
as suas lições. No entanto, até que qualidade estabelecidos, ser aprovada
este modo faça parte do dia a dia do para ser inlcuida no sistema e usada pelos
profissional isto não irá acontecer. Você colaboradores da empresa. Nesse processo
terá que captar as Lições Aprendidas você deverá definir um especialista e um
de maneira offline, por meio de reuniões auxiliar por disciplina ou tema de cada lição,
e encontros. Nesse caso a liderança dos que serão denominados de aprovador.
superiores imediatos é fundamental Essas pessoas serão responsáveis por aprovar
para conseguir a colaboração dos a lição ou devolvê-las para o autor com
profissionais que você quer atingir. Os sugestões de melhoria. Procure, ao criar o
casos mais comuns de métodos offline fluxo de aprovação, que nenhuma lição seja
são: rejeitada. Elas deverão retornar ao autor com
Workshop de Lições Aprendidas: as sugestões de melhoria do aprovador quantas
É feito um encontro com o foco de vezes forem necessárias. Com o passar do
apresentar e discutir Lições Aprendidas. tempo, na medida em que e o programa estiver
Nesse encontro é necessário que fique com diversas lições, você terá que pensar em
bem claro os objetivos e a importância mesclar novas lições com lições antigas quando
do evento. É fundamental o clima de se tratar do mesmo tema.
confiança entre os participantes para Essa fase visa não somente dar credibilidade e
que não ocorram inibições no momento agregar valor às lições, como também envolver
da apresentação das Lições Aprendidas o especialista na disciplina com o que ocorreu
na lição. Comumente o seu se de consulta para os empregados

Artigo 05
especialista / aprovador será ao inciarem uma tarefa. Entretanto
a referência no assunto e ele estar o que deve ser feito caso essa Lição
informado sobre as lições pode ser útil Aprendida seja considerada uma
para divulgar o programa. melhor prática? E o que acontece caso
Processo 3 - Disseminação uma Lição Aprendida esteja indicando
Esse processo é o mais prazeroso para quem um êrro em um procedimento? As
está liderando o programa. Aqui você ganhará Lições Aprendidas, usualmente, tra-
forças para continuar atuando e revendo os zem oportunidades de melhoria em
processos de Lições Aprendidas. Você receberá processo, procedimento, padrões e
valiosos feedbacks e terá que captá-los. Anote- documentos de referências. É papel

31
os para apresentar ao Patrocinador e tente da Lição Aprendida dar inputs para
sempre transformá-los em números, ou seja, a criação, alteração e melhorias
“Quanto essa lição aprendida que você utilizou dessa classe de documento. Uma
fez você economizar?” essa é uma pergunta Lição Aprendida pode também ser
que deverá ser feita sempre que puder. A ação
o ponto de principio de mudanças
de disseminação das lições podem ser divididas
organizacionais, como por exemplo a
em dois grandes grupos: Digital (online) e
criação de uma área que cuide de um
Presencial (offline).
Disseminação Digital: Pode ser feita por meio processo crítico na empresa. Nos casos
de um Boletim de Lições Aprendidas e de um em que uma Lição Aprendida gerar
Relatório de Lições Aprendidas Direcionado uma oportunidade de melhoria, é
No primeiro os empregados da empresa necessário criar um grupo de trabalho
escolhem temas/disciplinas e recebem boletins para endereçar o assunto. Procure
e alertas. Caso você não possua um sistema, e apoio na área de gestão de processo,
dependendo do numero de colaboradores, esse qualidade ou até mesmo nos líderes
processo poderá ser controlado manualmente da gestão, porém é necessário cautela
a partir de uma planilha. O segundo, e mais para que o autor da Lição Aprendida
eficaz é necessário que você se reúna com a não seja prejudicado ou indicado com
área que irá receber o relatório e identificar o responsável por transtornos. Não
dentro do seu sistema quais Lições Aprendidas esqueça que assim que uma lição
são pertinentes para aquela área. A partir aprendida é transformada em uma
daí gere um relatório e distribua a todos os melhoria ela deverá deixar de ser
empregados. uma lição do seu sistema. Garanta
Disseminação Presencial: O Relatório de Lições antes de retirar a lição que o novo
Apendidas Direcionado poderá ser utilizado
procedimento já é conhecido.
também na disseminação presencial. No modo
presencial você poderá atuar coordenando Reconhecimento
treinamentos sobre as lições pertinentes - Em qualquer programa de gestão do
levantando diversas lições sobre uma disciplina conhecimento o principal ponto de
e chamando o especialista/aprovador para atenção são as pessoas. Em um pro-
ministrar essa capacitação. Utilize esse conteúdo grama de Lições Aprendidas não é
também em reuniões de projeto, de áreas ou diferente. A barreira cultural influi
em Kick-off Meetings (reunião de largada de diretamente e ninguém gosta de ver seu
um projeto). Outro maneira é imprimindo a nome vinculado a erros, por isso é ne-
melhor lição do mês e colando em murais e nos cessário que a empresa reconheça a
corredores de sua empresa. contribuição dos empregados. Pense
Processo 4 - Oportunidade de Melhoria como você pode fazer isso dentro da
É nesse processo que você estará realmente sua empresa. Faça diferente, não use as
transformando sua organização em uma mesmas ferramenta tradicionais para
empresa baseada no conhecimento, onde uma atividade que não é tradicional e
o aprendizado passa a ser constante. As lembre-se: Não é possível ter resultados
Lições Aprendidas podem se tornar uma ba- diferentes fazendo do mesmo jeito.
anamambrini@gmail.com
ANÁLISE,
AVALIAÇÃO E
OTIMIZAÇÃO DE
GESTÃO DO CONHECIMENTO

Feruccio Bilich
Núcleo de Assuntos Estratégicos – NAE /PR
PhD, Wharton School, University of Pennsylvania
fbilich@cgee.org.br

Ricardo da Silva
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq
rdasilva@cnpq.br
1
INTRODUÇÃO evolução das escolhas dos decisores, mostrando
Artigo 06

A criação de novas formas as possibilidades anteriormente rejeitadas ou


de vantagem competitiva des-consideradas;
tornou-se um dos maiores • (Re) formular políticas e posicionamentos para
desafios para os tomadores de decisão médio e longo prazo;
em ambientes turbulentos que mudam • Evidenciar conflitos entre objetivos e,
rapidamente e de maneira imprevisível, • Promover a análise global do desempenho
notadamente nas organizações. organizacional para o processo organiza-
A vantagem competitiva de uma cional.
organização está usualmente refletida Com o propósito de comparar políticas e
em sua superioridade na elaboração estratégias de inovação, tendo como referên-
34

de sua competência básica com a cia as suas efetividades para o desenvolvimen-


finalidade de avaliar e otimizar a sua to global da instituição, país ou outras
política de inovação. organizações, algumas medidas de avaliação
O atual ambiente competitivo das devem ser criadas. Consoante com essa pers-
organizações exerce uma pressão pectiva, a aplicação de métodos multicritério
constante sobre a avalia-ção e de apoio à decisão é uma opção válida.
otimização de suas inovações. Estes Nas organizações que utilizam investimento e
contemplam capital intelectual, estra- inovação como processo de competitividade,
tégias e política de inovação. Estas o conhecimento assume várias formas, sendo
inovações estão se tornando cada parte tácita e parte explícita. Mesmo reco-
vez mais os fatores de produção de nhecendo que o conhecimento tácito é a fonte
maior valor para as organizações, mais importante de inovação e reconhecendo
tanto em termos estratégicos como ainda que ele é geralmente subtilizado e, é de
operacionais. difícil identificação no processo de avaliação e
Este trabalho tem por objetivo apresentar otimização tanto do capital intelectual quanto
e aplicar um modelo de avaliação de da política de inovação.
inovações utilizando métodos de apoio O conhecimento e a inovação são fatores que
multicritério à decisão. Dentre os vários propiciam o alcance de sucesso na produção da
métodos de multicritério analisados organização, propiciando o processo de criação
optou-se pelo ELECTRE TRI (Elimination de nichos de negócios. O processo de criação
and Choice Translating Reality), que de conhecimento depende de decisores sensíveis
é um instrumento de ajuda a tomada e conscientes que estimulem o desenvolvimento
de decisão concebida para tratar de forma a promover política de investimento e
problemas de segmentação/ triagem inovação competitiva.
(TRI), que consiste em examinar o valor Em termos estratégicos, a questão do
intrínseco de cada ação, a fim de conhecimento, estabelece a necessidade
propor uma recomendação apropriada de criação de mecanismo de avaliação de
para cada uma delas. investimentos e inovações de forma competitiva,
A avaliação das inovações necessita lançando bases para desempenhos futuros. No
ser validado pelos gestores, analistas, entanto, a estratégia precisa estar intimamente
clientes ou usuários (stakeholders), visto associada com mecanismo robusto de avaliação
que, estes sujeitos não estão separados que confira substância na sua validação na
do contexto do problema quando sociedade. A avaliação adequada da dinâmica
buscam soluções. A avaliação levou da inovação inspirará a organização a buscar
em consideração os seguintes meta- conhecimentos em certas áreas a serem
critérios: utilizados para enfrentar desafios futuros.
• Propiciar a gestores e executores De acordo com Brooking (1997), Capital
de educação acesso a um suporte Intelectual é uma combinação de ativos
metodológico que auxilie no processo intangíveis, cada vez mais valorizados pelas
de tomada de decisão; mudanças trazidas na gestão do conhecimento.
• Possibilitar o acompanhamento da Segundo Brooking (1997), o Capital Intelectual
está dividido em quatro categorias: ativos de Para Sveiby (1998) a questão do

Artigo 06
mercado, ativos humanos, ativos de propriedade conhecimento é a “arte de criar
intelectual e ati-vos de infra-estrutura. valor a partir das alavancagem
Edvinson e Malone (1997) descrevem Capital dos investimentos e inovações de
Intelectual como uma metáfora, comparando uma organização”. A partir dessa
uma organização a uma árvore. Consideram a argumentação, Sveiby considera
parte visível como se fossem os organogramas, que os investimentos e inovações
e em outros documentos financeiros; e a outra são representados pelos seguintes
parte que embora pertencendo a mesma elementos: estrutura externa, estru-
organização se encontra oculta abaixo da tura interna e a competência dos
superfície, ou seja, fatores mais dinâmicos que colaboradores. Em síntese, o autor

35
dão suporte a organização. considera que os investimentos e
O atual ambiente competitivo das organizações inovações constituem-se, basicamente,
exerce uma pressão constante sobre a de competências, relacionamentos e
valorização dos investimentos e inovações. informações.
Tal cenário de competição exige uma avalia- Inovação e conhecimento são termos
ção e mensuração do patrimônio inclusive e usados pelas Organizações do
principalmente da Política Organizacional. Conhecimento que utilizam seus
O objetivo é verificar a adeqüabilidade dos recursos para conseguir van-tagens
métodos multicritério de apoio à decisão como competitivas. Elas também utilizam
estratégia operacional de avaliar, mensurar e outros atributos, tais como, técnicas,
otimizar a gestão do conhecimento. produtos específicos, processos
Tal análise justifica-se, pois atualmente a patenteados, know-how inerente e
sobrevivência das organizações é caracterizada conhecimento de mercado.
pelas incertezas e pela sua valorização na De uma forma geral, há muitas
sociedade, e o grande desafio é estabelecer palavras para conceituar política
os critérios a serem adotados no processo de de investimentos e inovações, tais
tomada de decisão. Métodos multicritério são como: invenção, tecnologia, idéias,
recomendáveis, pois permitem considerar a habilidades, processos ou criatividade.
diversidade dos processos e a participação de Mas, o que caracteriza principalmente
vários atores, incluindo situações de tomada de é a interação entre o conhecimento
decisão sob incerteza, conflitos de interesses tácito e explícito que, juntamente com
e de julgamento de valor (Keeney & Raiffa, a cultura da organização que vai
1999). posicioná-la de forma sustentável no

2
mercado (Handy, 1993).
DESENVOLVIMENTO Na abordagem de Thurow (1999), a
As mudanças organizacionais das política de inovações e gerenciamento
duas últimas décadas determinam do conhecimento são tópicos de estudo
que o conheci-mento valorizado é sobre, os quais têm aumentado o
aquele que pode ser aplicado sistemática interesse de pesquisadores, formu-
e objetivamente. Desta forma, a atual ladores de políticas, decisores e
“Organização do Conhecimento”, é aquela consultores visto que o futuro desses
cujos recursos-chave são o conhecimento, tanto profissionais está diretamente
o explícito como o tácito (Polanyi, 1998), relacionado com o desdobramento
proporcionando vantagens competitivas nas desta questão.
organizações (Nonaka & Takeuchi, 1995). Cada vez mais estudos têm mostrado
Fato relevante para análise, é que o que os investimentos e inovações das
conhecimento, incluindo a política investimentos organizações estão além da tradicional
e inovações não está relacionado com a área do capital, bens (propriedades),
quantidade de informação, pois, não basta mão-de-obra. Esses insumos podem
tê-la ou manipulá-la, é necessário fazer uso ser facilmente apropriados e/ou
inteligente da mesma. substituídos dentro do processo de
competitividade, o que não ocorre com pois utiliza a conceituarão de concordância e
Artigo 06

o conhecimento per si. discordância.


Há uma forte atenção voltada a Os métodos da família ELECTRE buscam
organização visto que em ambiente de eliminarem alternativas dominadas de acordo
negócios competitivos, idéias e inova- com um conjunto de pesos atribuídos pelo
ções são “moedas”, e as informações decisor para cada objetivo do problema, são
sobre mercados e clientes são valo- denominados métodos de sobre classificação -
rizadas cada vez mais através de um outranking. Baseiam-se na construção de uma
maior investimento em: sobre classificação que incorpora as prefe-
1. Quadro de pessoal competente que rências estabelecidas pelo decisor diante do
produz ganhos para a organização, problema e das alternativas disponíveis.
36

através do seu conhecimento, sua Quando uma característica não é completamente


capacidade de ação e criatividade; conhecida, como é o caso da política de
2. Estrutura interna que inclui novos investimentos e inovações, quando há incertezas
conceitos de gerenciamento, sistemas quanto ao seu comportamento, é possível obter
de informação, tecnologia, uso de informações baseadas no conhecimento a priori
networking. Servindo de suporte para de um especialista no assunto. O conhecimento
que o quadro de recursos humanos se pode ser a priori, expresso em termos de
desenvolva; valor, que representa um grau de viabilidade,
3. Estrutura externa corresponde às julgamento de uma pessoa a um item a ser
relações com o mercado e principalmente mensurado. Dessa forma, o decisor estabelece
com os clientes e fornecedores. Onde é pesos relativos para os critérios e a avaliação de
feito grande investimento na imagem cada alternativa para cada critério. O decisor
da organização; estabelece ainda, os limites para que os índices
4. Propriedade intelectual corresponde de concordância e de discordância possam ser
ao mecanismo legal de proteção dos validados (Gomes, Gomes & Almeida, 2002).
ativos da empresa, tais como: patentes, O Método ELECTRE TRI (Yu & Roy, 1992) é um
copyright, design e marcas, bem como instrumento de ajuda a tomada de decisão,
segredos de negócios para manter sua concebido especialmente para tratar de
estratégia competitiva. problemas de segmentação/ triagem (TRI), que
A metodologia empregada na reali- consiste em examinar o valor intrínseco de cada
zação deste trabalho utilizou-se dos ação, a fim de propor uma recomendação que
seguintes passos: levantamento biblio- propicie uma otimização apropriada para cada
gráfico; desenvolvimento e aplicação item da política de investimentos e inovações.
de questionário; processamento de Concomitantemente, partiu-se para a leitura
dados através de software específico crítica dos questionários a fim de verificar
de apoio multicritério a tomada de como esse processo de validação dos critérios
decisão e análises dos resultados. mensuráveis pode ser desenvolvido; analisando-
Por ser a política de investimentos e se os aspectos positivos e possíveis falhas, bem
inovações um ativo multidimencional como buscando subsídios na definição de critérios
dificilmente redutível a uma única e de procedimentos para avaliar a política de
dimensão do tipo ativo monetário; investimentos e inovações nas organizações.

3
para capturar todas as dimensões
relevantes e importantes da política CONCLUSÕES
de investimentos e inovações se Este trabalho comprovou a pertinência
pode empregar métodos de análise da aplicabilidade de métodos multicri-
de apoio a decisão multicritério; tério na avaliação e mensuração
onde cada critério pode capturar a de gestão conhecimento, combinando os
essência de uma dimensão. Dentre conhecimentos tácitos e explícitos descritos
os métodos de multicritério, optou-se e utilizados pelos gerentes/ tomadores de
pela família ELECTRE (Elimination and decisão e o moni-toramento do sistema em
Choice Translating Reality) (Roy, 1992), organi-zações, cuja combinação forma um
índice de gerenciamento. hidden brainpower. Nova Iorque: Harper-

Artigo 06
O método ELECTRE TRI mostrou-se adaptado à Collis, 1997.
questão de avaliação da política de inovação, GOMES, L.F.A.M.; GOMES, C.F.S. &
pois permitiu não só a comparação de padrões ALMEIDA, A.T. de. Tomada de Decisão
previamente definidos, como também a Gerencial O Enfoque Multicritério. São
Paulo: Ed. Atlas, 2002.
incorporação de um número maior de variáveis
HANDY, C. Por dentro da organização.
no processo de avaliação nas organizações.
São Paulo: Saraiva, 1993.
Desta forma ele representa o único processo KEENEY, R.L. & RAIFFA, H. Decisions with
de inferência interativo, de agregação e Multiple Objectives: preferences and
desagregação de parâmetros, considerando- value tradeoffs. Nova Iorque: Cambridge
se as variações de pesos e limiares na análise

37
University Press, 1999.
de sensibilidade e de critérios adotados NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. The
pelo decisor, que poderão ser validados ou Knowledge-Creating Company: How
não pelas organizações para a definição de Japanese Companies Create the Dynamics
um programa de otimização direcionado à of Innovation. Nova Iorque: Oxford Press,
vantagem competitiva, desde que (re) avaliem 1995.
de forma dinâmica, todos os critérios. POLANYI, M. “Tacit Knowledge”.
Com base na análise de sensibilidade, realizada In: PRUSAK, L. (org.) Knowledge in
Organizations. Boston: Butterworth-
a partir de mudanças de peso e limiares,
Heinemann, p.135–146, 1998.
praticamente não foi observada variação
ROY, B. “Decision science or decision aid
no resultado, o que denota, a robustez do science?” European Journal of Operational
método. Cabendo, portanto aos gestores das Research 66, nº. 2, p.184-203, 1992.
organizações tornarem efetivas suas ações pelo SVEIBY, K.E. A Nova Riqueza das
uso do método multicriterio, o qual irá refletir em Organizações: gerenciando e avaliando
um sistema com melhores retornos e agregação patrimônios de conhecimentos. Rio de
de valor. Janeiro: Ed. Campus, 1998.

4
THUROW, L. Creating Wealth: The New
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rules for Individuals, Companies, and
BROOKING, A. Intellectual Capital: Core Countries in a Knowledge-Based Economy.
Asset for the Third Millenium Enterprise. Londres: Nicholas Brealey, 1999.
Londres: International Thomson Business YU, W. & ROY, B. ELECTRE TRI - Aspects
Press, 1997. Mèthodologiques et Manuel d’Utilisation.
EDVINSSON, L. & MALONE, N. S. Intellectual Capital: Cahier du Lamsade, Document nº 74. Paris:
realizing your company’s true value by finding its Université de Paris Dauphine, 1992.
POR MARES NUNCA DANTES
Resenha de Livro

NAVEGADOS
Resenha do livro “A Estratégia do Oceano Azul - Como
criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante”
dos autores W. Chan Kim e Reneé Mauborgne, a partir da
ótica empreendedora.
38

Eric Eustáquio M. dos Santos


Publicitário, Pós-Graduado
em Marketing pela ESPM
Sócio e Diretor de Planejamento Criativo
da Inusitada Marketing de Experiências
www.inusitada.com.br
eric.eustáquio@inusitada.com.br
Minha intenção com essa resenha é colocar
um pouco de pimenta nas discussões sobre
estratégia. Não sou o dono da verdade – nem
quero ser. Sou somente um eterno curioso que
gosta de buscar novas visões para solucionar
velhos problemas e o meu principal objetivo é
levantar questionamentos e provocar a saída
do status quo de todos nós planejadores
de marketing. Não quero trazer respostas.
Quero gerar mais questões. Quem sabe assim,
possamos quebrar alguns dos paradigmas do
marketing?
O primeiro passo para a criação de um negócio
de sucesso é uma boa idéia na cabeça. O
segundo é a elaboração de um bom plano de
negócios. Nesta etapa nos deparamos com a
seguinte questão: Como oferecer produtos ou
serviços que se diferenciem dos já oferecidos
pelo mercado? A resposta pode ser diferente
de tudo o que já aprendemos com as bíblias
do marketing.
Vários gurus do marketing postulam que
no coração de toda e qualquer estratégia
de negócios está a Proposta de Valor. O
conhecido foco no cliente. Surgem então as
questões: quais serão os benefícios entregues
aos nossos clientes? Como seremos percebidos
e valorizados pelo mercado?
Segundo o “papai” Kotler (como dizia um
W. CHAN KIM, Renee MAUBORGUE. professor da ESPM), o processo de entrega de
A Eestratégia do oceano azul. valor ao cliente deve seguir a seguinte seqüência:
Campus, 2005. 258p. Selecionar o Valor → Fornecer o Valor → e
Comunicar o Valor. Será que atualmente, no de decisões gerenciais que resultam

Resenha de Livro
mercado sangrento que enfrentamos, esta visão em importantes produtos e serviços
seria suficiente? capazes de criar novos mercados.
Será que ao criar o Cirque du Soleil o ex- Para colocar em prática o movimento
acordeonista, ex-equilibrista em pernas-de-pau estratégico os autores propõem o
e ex-engolidor de fogo, Guy Laliberté baseou- conceito da inovação de valor. A
se somente na proposta de valor oferecida até inovação de valor baseia-se na
então pelos principais circos do mundo? idéia de que para obter sucesso as
Em “A Estratégia do Oceano Azul”, Kim e empresas devem concentrar-se não
Mauborgne propõem a seguinte reflexão em superar seus concorrentes, mas
ao elaborarmos a proposta de valor para o em tornar a concorrência irrelevante

39
cliente: “Será que nossa proposta de valor está oferecendo saltos no valor para os
acirrando a competição com meus concorrentes consumidores e para elas próprias e,
ou ela faz com que nosso posicionamento seja assim, desbravam novos espaços de
tão único e diferenciado (inovador) a ponto mercado inexplorados.
de tornar desprezível a concorrência, criando A inovação de valor desafia um dos
espaços de mercado nunca antes ocupados?” paradigmas mais comuns da estratégia
Você já parou para pensar nisso? Como assim, baseada na concorrência – o trade-
criar espaços nunca antes ocupados? off valor / custo, escolhendo entre
Em mercados super-competitivos, onde a diferenciação e liderança em custos.
comoditização de produtos e serviços, a As empresas que buscam criar oceanos
intensificação das guerras de preço e o azuis perseguem a diferenciação e a
encolhimento das margens de lucro a visão liderança de custos ao mesmo tempo.
atual do marketing estratégico proporciona Com base na inovação de valor, a
verdadeiras brigas de tubarões sanguinolentos criação de oceanos azuis consiste em
por uma fatia do mercado. Este é o Oceano reduzir os custos e, ao mesmo tempo,
Vermelho, no qual as fronteiras setoriais são aumentar o valor para os consumidores.
definidas e aceitas e as regras competitivas A inovação de valor é mais do que
do jogo são conhecidas. Além disso, nos setores inovação. É estratégia que abarca todo
super explorados, a diferenciação das marcas o sistema de atividades da empresa.
torna-se cada vez mais difícil, nas fases de alta Tudo bem, o lance é ignorar os
e baixa atividade econômica. A estratégia concorrentes e criar demandas ainda
do oceano vermelho baseada na concorrência inexistentes. Mas como fazer isso na
presume que as condições estruturais do setor prática?
estão predeterminadas e que as empresas são Kim e Mauborgne apresentam seis
forçadas a competir segundo tais características, princípios básicos para colocar em
pressuposto que se fundamenta no que os prática a estratégia do oceano azul.
acadêmicos chamam de visão estruturalista ou São eles: Reconstrua as fronteiras do
determinismo ambi-ental. mercado; Concentre-se no panorama
Os Oceanos Azuis por sua vez, abrangem todos geral, não nos números; Vá além da
os setores não existentes hoje. É o espaço de demanda existente; Acerte a seqüencia
mercado desconhecido. Caracterizam-se por estratégica; supere as principais
espaços de mercado inexplorados. Pela criação barreiras organizacionais; e Introduza
de demanda e pelo crescimento altamente a execução na estratégia.
lucrativo. Nos oceanos azuis, a competição é Ao raciocinar além das fronteiras
irrelevante, pois as regras do jogo ainda não convencionais da concorrência, vê-
estão definidas. se como empreender movimentos
“Mas como encontrar esses mares nunca dantes estratégicos que revolucionam as
navegados?” você deve estar se perguntando. convenções e reconstroem os limites
Para atingirmos esse objetivo, os autores do mercado, criando, em conseqüência,
sugerem que devemos concentrar nossos esforços oceanos azuis, pois os gestores se
no “Movimento Estratégico”, que é o conjunto envolvem num processo estruturado de
reordenação das realidades do mercado, obrigatória. Um livro que desconstrói alguns dos
Resenha de Livro

de maneira radicalmente nova. Por meio principais paradigmas do marketing estratégico


da reconstrução dos atuais elementos e proporciona uma reflexão interna e externa
do mercado, além das fronteiras dos do negócio. Como eu disse anteriormente,
setores e dos mercados, os gestores nos oceanos azuis a competição trona-se
conseguirão libertar-se da competição irrelevante, pois as regras do jogo ainda não
voraz nos oceanos vermelhos. estão definidas. Você cria as suas regras!
Para todos profissionais que desejam Para finalizar, deixo mais uma pergunta para
abrir o seu negócio e revolucionar o você refletir: você está pronto para navegar
seu mercado-alvo, esta é uma leitura por mares nunca dantes navegados?
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AGENDA: EVENTOS INTERNACIONAIS

Agenda
OUTUBRO 2008 NovemBRO 2008

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ICICKM 2008 ECEL 2008
Tema: 5th International Conference on Tema: 7th European Conference on
Intellectual Capital, Knowledge Management & e-Learning
Organisational Learning Data: 06 - 07 novembro/2008
Data: 09 - 10 outubro/2008 Local: Academic Conferences
Local: Academic Conferences International International
New York Institute of Technology ,New York Grecian Bay Hotel, Agia Napa,
City, United States Cyprus

ECGBL 2008 ECMLG 2008


Tema: 2nd European Conference on Games Tema: 4th European Conference
Based Learning - on Management Leadership and
Data: 16 - 17 outubro/2008 Governance
Local: Academic Conferences International Data: 27 - 28 novembro/2008
The Universitat Oberta de Catalunya, Local: Academic Conferences
Barcelona, Spain International
University of Reading, Reading,
ICKM 2008 United Kingdom
Tema: Fifth International Conference on
Knowledge Management DeZEMBRO 2008
Data: 23 - 24 outubro/2008
Local: Hyatt Regency Columbus , Columbus, Online Information 2008
Ohio, United States Data: 02 - 04 dezembro/2008
Local: VNU Exhibitions Europe
Olympia Grand Hall , London, United
ICEG 2008 Kingdom
Tema: 4th International Conference on e-
Government
23 - 24 outubro/2008, Academic Conferences
International
RMIT University, Melbourne, Australia
DIRETO DOS PÓLOS E NÚCLEOS

PÓLO-RS
O Pólo RS da SBGC - Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento vem incrementando
sua atuação desde a renovação da diretoria, ocorrida em maio de 2008.
O grupo se reúne periodicamente, está muito mobilizado e promoveu diversas ações, dentre
elas a elaboração da Filosofia Institucional (visão, missão, valores e princípios) do Pólo,
instrumento que norteará os rumos do Pólo RS. O trabalho ocorreu no dia 16/07.
Na reunião do dia 30/07, o grupo concluirá o Plano Tático do Pólo e validará a Filosofia
Institucional.
O KM Regional RS ocorrido em 30/06, na PUCRS, foi um sucesso em todos os sentidos. A
programação, que durou o dia inteiro, foi coroada com a assinatura do convênio entre as
duas instituições, com a presença do Reitor Joaquim Clotet e do Presidente da SBGC, Heitor
Pereira.
Na parte da manhã, o Presidente do Pólo RS da SBGC, Jerônimo Lima, abordou o tema
Gestão do Conhecimento como Estratégia Competitiva, seguido por Maria do Rocio Teixeira,
que falou sobre Memória Organizacional. À tarde, Ellen Nunes tratou do tema Gestão do
Conhecimento para a Sustentabilidade Ambiental e foi apresentado o case do SERPRO por
Maísa Lima,Superintendente da Universidade Corporativa daquela organização.
O próximo evento promovido acontecerá de 4 a 6/08, das 9h às 18h. É o curso Interpretação
dos Critérios e Formação de Avaliadores do PGQP - Ciclo 2008 - Nível 500 Pontos. O
evento tem o apoio da PUCRS e do CRA-RS e a realização do Comitê Setorial das Empresas
de Consultoria do PGQP - Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade.
Nosso próximo KM Regional RS será no dia 28/10, das 8h30 às 18h30, na PUCRS. O evento
conta com o apoio da FNQ, PUCRS, CRA-RS, PGQP e SBDG.
PALAVRA DA SBGC

Direto do Pólo
SBGC JÁ É OSCIP! UMA VITÓRIA COLETIVA

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Inicialmente desejo repassar a todos mantenedores e instituições parceiras que não
Palavra da SBGC

vocês, leitores, a informação que só apóiam mas permitem ampliar os serviços


recebemos: desde 04/07/2008 a prestados pela SBGC. A nova condição de ser
SBGC já é uma Organização da uma entidade em forma de OSCIP aumenta a
Sociedade Civil de Interesse Público nossa responsabilidade, ao mesmo tempo em
- OSCIP, conforme ato publicado no que permite uma ampliação das atividades.
Diário Oficial da União. Este resultado, Além dos ajustes na estrutura interna e modelo
mais do que uma simples mudança de governança, nos próximos meses estaremos
jurídica ou institucional, representa um consolidando um plano estratégico de ação
marco na evolução da SBGC, sendo que envolve ações na área de educação em
um dos projetos estratégicos da atual Gestão do Conhecimento; publicações em
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gestão no sentido de consolidar a parceria com editoras e academia; ampliação


entidade como a principal referência dos eventos em todos os Pólos Regionais e
em Gestão do Conhecimento no país. Núcleos; um novo portal com maior foco em
Queremos creditar os méritos desta interatividade com toda a comunidade acima;
conquista a todas as pessoas que, desde e projetos especiais, como o Agenda Brasil
a fundação da SBGC, colaboraram na Conhecimento e Pesquisa Anual de Práticas de
sua construção, seja ocupando cargos Gestão do Conhecimento. Assim, precisamos
ou não na sua estrutura, seja como de muitas mãos, corações e mentes para fazer
colaboradores nas várias frentes de parte desta rede colaborativa. A atual gestão
atividades. Hoje a SBGC conta com ainda tem muitos desafios a cumprir no curto
uma ampla comunidade que se reúne prazo que resta do mandato atual (até maio
em torno da entidade: diretores e de 2009), mas é imprescindível que possamos
coordenadores na direção nacional; entregar a SBGC para a próxima Diretoria em
diretores nos 11 Pólos e 05 Núcleos condições de se tornar a principal entidade
espalhados pelo país, profissionais dos em Gestão do Conhecimento no país. Este é um
setores público e privado; acadêmicos desafio que queremos propor e compartilhar
e estudantes; e consultores, todos de com todos vocês.
forma geral interessados em Gestão
do Conhecimento e temas pertinentes. Heitor J. Pereira
Também temos uma rede de associados Presidente da SBGC

Palavras dos associados

Caro Heitor, Prof. Heitor,


Parabéns pela conquista de mais este Parabéns pela grande conquista!
objetivo. Tenho a certeza que esse
novo papel (OSCIP) da ABGC trará Cássia Aparecida Corsatto
grandes resultados para a sociedade Analista - Unidade Gestão do Conhecimento
envolvida com nosso tema. Sem Sebrae em Goiás
dúvida a SBGC assumi neste momento
novos compromissos que demandarão
esforços redobrados de sua direção e
seus parceiros, Conte conosco,

Júlio C. Felix
Diretor de Operações
Instituto Brasileiro da Qualidade
e Produtividade (IBQP)
EMPRESAS PARCEIRAS DO CONHECIMENTO

Parcerias
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