dezembro 2007 :: ano 4 :: nº 48 :: www.revistawebdesign.com.

br

e-mail
marketing
Como explorar com eficácia essa ferramenta?
Agências brasileiras revelam os critérios para criação,
escolha de sistema de envio e administração de mailing

Gerenciamento de projetos: conheça a

metodologia aplicada na AgênciaClick
Milk Shake Carente: entretenimento 2.0 como
isca para atrair os consumidores
Micro-blogging: os desafios para aplicação da
comunicação em miniatura

R$ 9,90 E D I T O R A
ISSN 1806 - 0099

9 771806 009009 00048

 4 :: webdesign

Adriana Melo

Antes...
adriana@arteccom.com.br
Editorial
Antes de desejar um Feliz Ano Novo, gostaria de agra-
decer àqueles responsáveis por esse feliz ano velho.
Aos nossos leitores e assinantes. Gostaria de
agradecer principalmente pelas mensagens que recebe-
Dire ção Geral
mos durante o ano. Com elas nos sentimos recompensa- Adriana Melo
dos pelo nosso trabalho, o que nos impulsiona a buscar Direção Executiva
sempre o melhor. Alguns de vocês talvez não saibam da Sergio Melo

importância que seus comentários têm, por isso queria Direção de Redação
Luis Rocha
registrar aqui que são eles que nos deixam apaixonados
Criação, Diagramação e Ilustração
pelo que fazemos. Camila Oliveira
À equipe Arteccom. Foi muito bom presenciar o Leandro Camacho

desenvolvimento da Camila, nossa designer, que aos Publicidade

Débora Carvalho
pouquinhos foi conquistando seu espaço, definindo seu
Atendimento
estilo e hoje é uma das responsáveis por essa revista
Luanna Chacon
estar tão bonita assim. Contratei uma designer e me
Tecnologia
surpreendi com tamanho talento artístico. Queria agra- Fábio Pinheiro
decer ao Leandro, que está nos deixando, pela indescri- Financeiro
tível contribuição. Foi um imenso prazer trabalhar com Cristiane Dalmati

você, vamos sentir muitas saudades. Espero sua volta

Atendimento aos assinantes
no futuro! Cristiane, Luanna, Débora, Fábio, Luis e Sér-
atendimento@arteccom.com.br
gio, continuamos crescendo graças a dedicação de cada
Redação
um de vocês, parabéns a toda a equipe! redacao@arteccom.com.br
Aos nossos anunciantes. Aqui não será um agrade- Anuncie
cimento formal do tipo “sem vocês não seria possível a publicidade@arteccom.com.br

realização deste projeto”. Queria mesmo agradecer de

Revista Webdesign
coração a confiança que depositaram em nossa revista
www.revistawebdesign.com.br
antes mesmo dela existir. No início, ouvi comentários
Curso Web para Designers
do tipo “se é um projeto da Arteccom já estou dentro”. www.arteccom.com.br/curso
Isso foi muito bom! Podem ter certeza, entretanto, que Encontro de Web Design
ao invés de me envaidecer, isso fez com que eu quisesse www.arteccom.com.br/encontro

superar ainda mais as expectativas de vocês, já que es- Fórum Internacional de Design e
Tecnologia Digital
peravam bastante de nós. Obrigada pela amizade e por
www.arteccom.com.br/find
estarem conosco durante todo esse tempo, nos ajudando
Concurso Peixe Grande
neste difícil mercado editorial. www.arteccom.com.br/peixegrande

Enfim, desejo um Feliz Ano Novo para vocês que

fazem parte da vida da revista, e conseqüentemen-
te, da nossa vida. Que 2008 seja um ano de grandes
realizações pessoais e profissionais para todos vocês.
Produção gráfica
E contem conosco! www.ediouro.com.br

Um grande abraço,
Distribuição
www.chinaglia.com.br
 Sumário
48 30 - capa
Algumas das principais agências digitais brasileiras re-
velam quais são os detalhes conceituais e técnicos na
criação e no desenvolvimento de campanhas de marke-
8 - fique por den tro ting por e-mail

10 - métricas

11 - direito na web 22 - entrevista

Fabiano D’Agostinho,
12 - portfólio Agência responsável pelo es-
Baião de Dois critório de projetos da
AgênciaClick, analisa o
tema “gerenciamento de
16 - portfólio Freelancer
projetos web”
Pablo Lobo

20 - portfólio Ilustrador 40 - debate

Cristina Pagnoncelli A profissão de designer
deve ser regulamenta-
da? Confira a opinião de
55 - Tecnologia
alguns profissionais e os
Micro-blogging argumentos em favor da
proposta

58 - Tutorial
Joomla! - parte 2

44 - e-mais
66 - Julius Wiedemann As etapas, os benefícios,
internacional os custos, a influência da
Web 2.0 e um nicho de
mercado na prestação de
68 - René de Paula Jr. serviços para intranets
marketing

50 - estudo de caso
70 - Ricardo Figueira
Conheça os detalhes na
publicidade on-line implementação da parte
on-line da campanha
“Milk Shake Carente”,
72 - Luli Radfahrer
produzida em parceria
webdesign
pelo Bob’s e NBS
6 :: webdesign

E-mails
Sou assinante da revista e estou muito contente por isso! Gostaria que vocês falassem Marcio, seu caso reflete um desafio real e
um pouco sobre a organização gerencial de um escritório de provavelmente também é uma necessidade
design / webdesign, indicando, principalmente, algum software que nos ajude neste de outros profissionais desta área. O tema
gerenciamento. Algo que contenha cadastro de clientes, histórico, gerador de ordem vai virar uma pauta de reportagem, quando
de serviço (com direito a alteração de status), recibo, orçamento, contas a receber e a apresentaremos as dicas e as ferramentas
pagar etc. Nosso escritório é pequeno, mas sentimos falta desta organização de forma disponíveis para administração de agências
mais integrada. Um abraço a todos. digitais. Aguarde as novidades!
Marcio Perrud
marcio@mpdesign.com.br

Gostaria muito de ver matérias sobre
diagramação de conteúdo, pois essa área,
com o advento da Web 2.0, se tornou cada vez mais importante.
Gustavo
glowbat@gmail.com
Gustavo, ainda não publicamos nada,
mas o tema já está guardado para futuras
edições. Nesta edição, você poderá
conferir uma boa dica de leitura, na seção
Fique por Dentro. Estamos falando do
livro “Grid: construção e desconstrução”.
Confira a resenha na página 9.

Vinicius, este é um assunto que não

Uma dica de matéria: plágio.
Só em agosto, vivenciei três casos. Abraços!
Vinicius Augusto
viniagm@gmail.com
parece ter fim. O nosso colunista de
Direito na Web que o diga! Geralmente,
são muitas dúvidas envolvendo o
tema. De repente, ficaria interessante
publicarmos uma reportagem,
apresentando casos reais de plágios
na web e seus desdobramentos. O
que acha? Quem gostou do assunto e
conhece algum caso, mande seu relato
para redacao@arteccom.com.br.

Um problema me acompanha. Vocês já publicaram algum padrão de documento para Marcelo, na seção Entrevista deste
controle de andamento de projeto de web? Por exemplo: eu encaminho um projeto mês, Fabiano D’Agostinho, do Project
para um de meus desenvolvedores com todas as informações sobre o projeto. O que Management Office da AgênciaClick
deve conter esse documento para eu ter um controle do projeto (www.agenciaclick.com.br), nos apresenta
e de quem estiver responsável por ele? Tipo ter um controle de etapas e saber se o as principais características envolvendo
prazo do desenvolvedor não está com gorduras etc. Na verdade, não quero me sentir o gerenciamento de projetos web. Boa
enrolado em prazos e em tarefas lentas de quem trabalha aqui na empresa. Poderia até leitura e esperamos que suas dúvidas
ser um DOC do projeto com as tarefas feitas por dia. Diariamente, os envolvidos irão possam ser esclarecidas nesta matéria.
descrever suas tarefas. Vocês acham cabível esse controle? Vocês têm algum padrão?
Marcelo Leite
contato@marceloleite.com.br

Caros amigos da Revista Webdesign, não sou assinante da revista, mas tenho todos os Olá, Marcelo, é bom saber que, mesmo
números que compro religiosamente, e por esse motivo me considero um “assinante”. não sendo um assinante, você mantém
Hoje, já está ficando difícil encontrar informações nessas 47 edições e tamanha fidelidade pela revista!
espaço para guardá-las. Por isso, estou escrevendo para perguntar: vocês teriam um Agradecemos de coração seu voto de
index geral de todas essas revistas, em XLS ou mdb, para disponibilizar no site? E confiança em nosso trabalho. Sobre o CD:
vocês já pensaram em disponibilizar para venda um CD com todo o conteúdo das você já acessou o site da revista? Na seção
revistas, assim como a revista Info faz, é muito interessante, eu mesmo compro todo “edições anteriores”, disponibilizamos,
ano, pois ocupa menos espaço e dou as revistas. Se já houver esse CD, me digam para venda avulsa, os CDs com as
como faço para adquirir. Atenciosamente, o leitor, edições de 2004, 2005 e 2006. Estamos
Marcelo Mattos desenvolvendo também um sistema de
marmattos@gmail.com busca para os assinantes encontrarem
rapidamente as informações que
procuram. Em breve teremos novidades!

fale conosco pelo site www.revistawebdesign.com.br

:: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
8 :: webdesign

notícias
W3C no Brasil
No final de outubro, o mercado de internet no
Brasil recebeu uma ótima notícia. O W3C (www.
w3c.org), entidade internacional responsável pelo
desenvolvimento de padrões para a criação e a
making of
Fique por dentro
interpretação dos conteúdos para a web (http://
pt.wikipedia.org/wiki/W3C), anunciou a abertura
de seu primeiro escritório na América Latina, mais
precisamente em São Paulo. Entre as atividades mais
relevantes do escritório brasileiro, estão a publicação
em português das principais recomendações e a
criação de um fórum amplo para a discussão de
padrões para web.

União das agências catarinenses

Inspiradas pelo bom trabalho realizado pela AGADi
(www.agadi.com.br) no Rio Grande do Sul, as agências
digitais e as empresas de Tecnologia da Informação de
Santa Catarina anunciam a criação da ACADi (Associação
Catarinense das Agências Digitais). Segundo o anúncio
oficial, um dos principais objetivos da nova associação
é “criar mecanismos para mensurar e disponibilizar
informações sobre o segmento catarinense, além de
congregar os segmentos que compõem o mercado e criar
oportunidades para seus associados”.
Debatendo as métricas web
Os profissionais brasileiros envolvidos com a análise
e o gerenciamento de métricas web já contam com
um espaço destinado ao amplo debate sobre o
assunto. Desde setembro, estão sendo realizados
alguns encontros, conhecidos como Web Analytics
Wednesday (WAW). Quem quiser obter mais
informações sobre a iniciativa, pode consultar as trocas
de informações via lista de discussão no Yahoo (http://
tinyurl.com/26fwe4) e comunidade no Orkut (http://
tinyurl.com/ysfkzn).
Produção acadêmica no design
A internet trouxe uma série de desafios quando
falamos em identidade visual de uma marca. Para
quem busca material sobre este assunto, uma boa
pedida é ler o artigo científico “Flexibilidade da
identidade visual do Google: um estudo de caso para
o fortalecimento da comunicação das marcas com o
novo consumidor” (http://tinyurl.com/35zre6), de Luiz
Gonçalves. Se você possui ou conhece algum trabalho
acadêmico interessante, envie sua sugestão para
redacao@arteccom.com.br.
A relação da garrafa trazida pelo
mar com o tema desta edição é bastan-
te interessante. Se pesquisarmos a letra
da música "Message In a Bottle" da
banda "The Police", encontraremos o
trecho: "Saí pra andar esta manhã, não
creio no que vi / Cem bilhões de garra-
fas chegaram ao litoral /Parece que não
estou só em ser sozinho /Cem bilhões
de náufragos, procurando por um lar".
Quando uma empresa cria um E-mail ma-
rketing para milhares de pessoas, mesmo
que a campanha seja bem planejada,
a expectativa pelo resultado lembra a
esperança do náufrago que lança ao mar
seu pedido de socorro. Dessa relação
surgiu a idéia para a capa.
As fotos foram feitas em uma praia
localizada dentro do Forte de Copaca-
bana - RJ. A garrafa roxa foi encontrada
em uma loja de variedades e, dentro
dela, foi colocado o "e-mail" represen-
tado pelo símbolo "arroba".
Esperamos que gostem desta edi-
ção, que traz também algumas novida-
des no projeto gráfico. As seções fixas
foram redesenhadas e a diagramação
foi levemente ajustada. Até janeiro!

Fale com a equipe de criação: criacao@arteccom.com.br


Título:
Grid: construção e desconstrução
Autor: Timothy Samara
Editora: Cosac Naify
(www.cosacnaify.com.br)
fique por dentro :: 9
agenda
08/12 - 12º EWD - São Paulo
(www.arteccom.com.br/
encontro)
livro do mês Participe do Post-it! Envie
O grid, sistema de linhas-guia que estrutura notícias ou curiosidades para
a distribuição e a organização de informações no redacao@arteccom.com.br.
espaço, é sempre um foco de acalorada discussão
entre designers. Como bem define na introdução
deste livro, o autor ressalta que, para alguns profis-
sionais, o grid “é parte incontestável do processo
de trabalho, oferecendo precisão, ordem e clareza.
Para outros é símbolo da opressão estética da velha
guarda, prisão sufocante que atrapalha a busca de
expressão”. Diante deste embate, Timothy Sama-
ra procura apontar novos caminhos para que tal
ferramenta seja um instrumento útil no processo de
trabalho do designer. Através de exemplos práti-
cos e ilustrativos, sua leitura se torna agradável e
extremamente didática. Quem trabalha com design
para web, poderá conferir alguns casos interessan-
tes, como a descrição do grid da subseção “Books
of Hope”, da Britannica.com, e do grid do site da
empresa Vibrato (www.vibratonaming.com).
blog do mês
Neste blog (http://feelinmotion.blogspot.
com), o diretor de arte web, Felipe Ribeiro, apre-
senta uma série de exemplos atuais envolvendo a
produção de motion design e vídeos para internet.
O cardápio oferece ainda dicas de campanhas com
uso de 2D e 3D, banners e advergames. Um dos
posts mais interessantes aparece no dia 25/10,
quando Felipe comenta os detalhes da campanha
do filme “30 Days of Night” (http://30daysofnight.
com), que se divide em um site oficial e um adver-
game. Conhece algum blog interessante focado
em design e criação? Então, mande sua dica para
redacao@arteccom.com.br.
10 :: webdesign

envie sugestões e críticas para:

redacao@arteccom.com.br

3 milhões
Total dos prejuízos acumulados
por consumidores brasileiros
que compraram pela internet e
não receberam. Embora sejam
compras variadas, cerca de
92% são eletrônicos e produ-
tos de informática. A pesquisa
indica ainda que o prejuízo com
falsas vendas on-line em todo
Este foi o percentual de aumen-
Brasil pode chegar a R$ 300 Percentual dos profissionais
to na quantidade de usuários
milhões por ano, sendo que a contratados em 2007 que
que navegam mensalmente na
época natalina seria a respon- utilizaram a internet no pro-
internet residencial brasileira.
sável por 20% deste valor. cesso de busca de uma nova
Em setembro desse ano, atingi-
Fonte: Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br) oportunidade no mercado, mas
mos 20,1 milhões de usuários.
não foram, necessariamente,
Em tempo de uso da internet
contratados graças aos recur-
residencial, os brasileiros, com

68%
sos oferecidos pela web. Outro
22 horas mensais por pessoa,
dado interessante é que 16,1%
continuam à frente dos ameri-
dos recrutadores declararam
canos, que têm 18 horas e 54
ter usado os recursos da web
minutos.
Índice das crianças entrevista- para contratações e 8,63% dos
Fonte: Ibope/NetRatings (www.ibope.com.br)
das pela pesquisa Playground 12.122 profissionais entrevista-
Digital, que revelaram que dos na pesquisa conseguiram
a primeira coisa que fazem seus empregos utilizando dire-
quando ligam o computador é tamente sites e e-mails - inde-
entrarem no MSN e checarem pendentemente do ano em que
Com este índice, a categoria
quem está conectado. Já 58% foram contratados.
“Buscadores, Portais e Comu-
afirmam que falam mais coisas Fonte: Pesquisa “A Contratação, a Demissão e
nidades” passou a sustentar a
pelo MSN do que cara a cara e a Carreira dos Profissionais Brasileiros” (www.
primeira posição em tempo de catho.com.br)
45% dizem conhecer melhor os
navegação por usuário. Segun-
amigos via MSN.
do o Ibope, devido ao maior in-
Fonte: Nickelodeon (www.mundonick.com.br) Você é a favor da regula-
teresse por redes sociais e por
mentação da profissão de
blogs, o tempo on-line mensal
designer?
do usuário de “Comunidades”
passou de 3h39min em setem-
Total de votos: 210
bro de 2006 para 4h40min em
Sim - 93%
setembro de 2007, o que signi-
Não - 7%
fica uma evolução de 29%.
Fonte: Ibope/NetRatings (www.ibope.com.br)
Acesse e participe!
www.revistawebdesign.com.br
 fique por dentro :: 11

direito na web

Direitos autorais sobre recriação de imagens

Gilberto Martins
de Almeida “Gostaria de parabenizá-los pela edição de setembro, com a coleção sobre técnicas de criação.
Gilberto é advogado Perfeita! Mas fiquei com uma dúvida: se juntarmos imagens e recriamos situações com elas, não
formado na PUC/RJ, poderemos ter problemas com direitos autorais destas imagens? Um abraço.”
com Mestrado na USP
Barbara Oliveira - babi.contato@gmail.com
e cursos em Harvard e
no M.I.T. Ex-Gerente
Jurídico da IBM,
onde trabalhou por Desde os seus primór-
11 anos, no Brasil e dios, o Direito de Autor é mais
nos EUA. Sócio de
associado aos textos do que às
Martins de Almeida -
Advogados, escritório
imagens, seja porque o volume
especializado. de produção escrita era maior
que o de imagens, seja porque a
Envie sua dúvida
para: redacao@ imagem típica do Autor era a do
arteccom.com.br romancista e do poeta, mais do
que a do pintor e do gravurista.
Esse histórico talvez ex-
plique as dúvidas que persis-
tem perante os interessados,
quanto ao direito de aprovei-
tamento de imagens produzi-
das por terceiros.
Na verdade, a questão não
oferece muita diferenciação con-
forme se trate de textos ou de
imagens. Da mesma forma como
o aproveitamento de texto-base
para transformação em um novo
texto depende, geralmente, de
prévia autorização (e eventual-
mente, remuneração) do autor do
texto-base, o aproveitamento de
imagem-base também depende
de prévia autorização (e eventual
remuneração) do autor respecti-
vo. Esse é o princípio geral.
Por isso é que já há em-
presas especializadas em
comercializar banco de dados
de imagens. Elas adquirem os
direitos dos criadores das ima-
gens, e centralizam a oferta
de comercialização de licenças
de uso a terceiros, bem como
rastreiam o uso não licencia-
do, para cobrar os valores
devidos. Isso tem acontecido,
inclusive, no Brasil.
Evidentemente, pode vir
a ocorrer, no extremo, uma
tamanha descaracterização
da imagem-base que a torne
praticamente irreconhecível.
Nesses casos excepcionais,
poderá vir a ser admitido o uso
da imagem-base, mas, ressal-
te-se, são casos isolados, e a
fronteira que os separa das
situações proibidas é bastante
tênue e subjetiva.
Convém notar, também,
que o fato de alguém se dispor
a citar o nome do criador da
imagem, tal qual o crédito que
um jornal dá ao autor de uma
foto nele publicada fazendo
aparecer o nome do fotógrafo
na margem lateral da imagem,
não é suficiente, pois o autor
tem o direito de autorizar ou
não a publicação, independente
de citação de autoria.
Portanto, vale a pena des-
confiar de empréstimos infor-
mais de imagens, por mais que
seja difícil investigar a origem de
tudo. A combinação de prudên-
cia e praticidade é usar imagens
produzidas pelo próprio inte-
ressado, ou adquirir, mediante
remuneração, de quem se apre-
sente como autor ou detentor
de direitos, e os comprove.
Todos dizem que imagens
são mais poderosas que pala-
vras. Então, mais ainda que no
caso de textos, melhor evitar,
em relação a imagens, inclusive
na recriação delas, “comprar
gato por lebre”.
12 :: webdesign
a mistura da inquietude com empreendedorismo
A trajetória da Baião de Dois (www.baiaodedoisde-
sign.com.br) é um ótimo retrato sobre a importância do
empreendedorismo e da inquietude na carreira de um
profissional. Sua história se inicia em 1998, época no qual
Herbert Mascarenhas decide cursar Desenho Industrial na
UnB, passa por uma boa experiência pela AgênciaClick,
inicia a sociedade com um grande amigo (Mauro Martins),
culmina com uma temporada em Londres, até chegar a
incorporação ao Grupo Fermento.
“Em 2006, já em Brasília, fui convidado, como Baião
de Dois, para fazer parte de um grande projeto, o Grupo
Fermento. Um grupo de empresas que vem construindo
uma cultura própria, dividindo o mesmo teto e criando uma
estrutura que hoje já atende clientes em diversos estados.
Foi em 2006 que finalmente consegui juntar os ingredien-
tes que achava necessário para estruturar uma empresa
de verdade. Nesse ano, a Baião de Dois deixou
de ser Design e passou a ser internet e
mídias digitais. A Baião de Dois
deixou de ser Herbert
Mascarenhas e
passou a ser uma empresa com equipe de profissionais
Hoje, somos cinco pessoas (eu, dois designers e dois
desenvolvedores) e quase 30 no Grupo Fermento”,
conta Herbert.
A particularidade do nome surgiu de uma intensa
troca de idéias. “Na falta de opções e com a necessi-
dade pulsante de encontrar um nome, iniciamos um
brainstorm frenético. Um belo dia, depois de idas e
vindas, o Mauro me ligou à noite e disse ‘Baião de Dois’.
Eu não entendi e ele repetiu. Era perfeito na nossa
cabeça: ‘Baião’ lembra mistura de coisas e ‘Dois’, dois
sócios, além de gráfico e digital”.
Em relação às possíveis características que definam
um estilo criativo da agência, Herbert aponta que a
identidade está em produzir as idéias com um acaba-
mento tão bom quanto a própria idéia. “Estilo de design
não acredito que temos. Isso se deve ao nosso proces-
so, que pode ser resumido assim: buscamos uma idéia
central, depois definimos a melhor linguagem para ser
seguida, iniciamos um estudo rápido buscando referên-
cias de cores e tipografia. Depois, já com a aprovação
do cliente, fechamos o design e a arquitetura de todas
as telas. Em paralelo, a tecnologia inicia o desenvolvi-
mento. Acreditamos que, com isso, cada projeto sai
com uma cara nova, a cara da idéia”.

Promoção Passe Bem
Tecnologias: ASP + Flash 7 + Ilustrações com Tablet no
Flash + SoundForge
http://projetos.dabaiao.com.br/caixa/passebem
Dentre as boas lembranças deste projeto, a principal
delas envolve o nascimento da estrutura da Baião de Dois
em 2006. “Na época, a Fermento ganhou uma concorrên-
cia de uma promoção para a CAIXA com uma proposta de
um advergame. Eles criaram o rascunho de um roteiro e
me chamaram para produzir. Ainda sem estrutura física,
me lembro de sentar à mesa de uma lanchonete com o
Gabriel Gareso para criar o roteiro final e o mood dos
ambientes e dos personagens”, conta Herbert.
Naquela conversa, foram definidos ainda como
seriam a história e a arquitetura do jogo. “O Gabriel
trabalhou nas ilustrações (foram várias tentativas) e no
layout - tudo pensado para atingir o público (de 10 a 19
anos) e retratar a CAIXA - que tem uma paleta de cores e
tipografia que deveriam ser seguidos. Nesse meio tempo,
encontrei uma equipe para produzir a engine em Flash.
Em poucas semanas, fechamos tudo e levamos para o
cliente. Foi um parto a tecnologia”.
O sucesso do projeto se reflete até hoje, pois o jogo
ainda tem dezenas de acessos por mês. “Mas a princi-
pal curiosidade está na fase da praia, onde aparece um
pit-dog. Esse pit-dog existia de verdade aqui em Brasília.
Colocamos lá porque era de um colega nosso”.
portfólio agência - Baião de Dois :: 13
Vitrine Interativa
Tecnologias: Flash 8 + Photoshop + Powerpoint (wire-
frames) + Tela touchscreen com projeção especial
http://projetos.dabaiao.com.br/brt/vitrine
A Brasil Telecom apresentou o seguinte desafio para
a agência: desenvolver uma vitrine interativa em uma de
suas lojas, localizada no ParkShopping, o shopping classe
A de Brasília.
“As pessoas interagiam tocando no vidro da vitrine.
Estudamos o funcionamento dessa tecnologia e fizemos
um brainstorm com todos da equipe para definir a me-
lhor forma de colocar uma massa de conteúdo lá dentro.
Criamos alguns scripts e uma série de layouts com fundos
diferentes para testar o contraste da projeção no vidro
transparente. Fizemos os testes no local e vimos que exis-
tiam limitações”.
Conhecendo tais limites, cada área tratou de descobrir
como eles poderiam ser resolvidos. “Sabendo até onde
podíamos ir, enquanto o arquiteto da informação traba-
lhava nos wireframes, a turma do design e da tecnologia
ia criando animações de transição - consciente das limita-
ções de frame-rate e contraste. Juntamos tudo, fechamos
a redação dos textos e, maravilha, tudo funcionou. Mas
tinha um problema, as pessoas tinham medo de interagir.
Era algo muito novo e assustador. Passamos mais um dia
trabalhando e criamos uma tela de stand-by que convidava
às pessoas a se aproximar e interagir. Fizemos tudo em
pouco mais de uma semana”.
14 :: webdesign
Catapulta
Tecnologias: Flash 8 + Illustrator + Photoshop + PHP
http://projetos.dabaiao.com.br/caixa/monstruosa/
catapulta
Em mais um projeto envolvendo advergames, desta
vez a proposta envolvia a criação de uma promoção
on-line em cima de uma campanha desenvolvida pela
Fischer América. “Recebemos uma série de layouts de
peças impressas da Fischer. Eles definiram as cores, a
tipografia e a linguagem que deveria ser usada”.
O objetivo deste jogo on-line era incentivar a
competição entre os usuários. “O jogo em si era uma
releitura do famoso jogo do pingüim. Aproveitamos
aquela idéia e inserirmos uma série de elementos e
funcionalidades que deixaram o game e a campanha
impressa com uma mesma cara e conceito”.
Os usuários gostaram tanto da idéia que o
advergame virou também ferramenta de comunicação.
“Na tela de ‘Envie para um amigo’, deixamos o
tradicional campo ‘e-mail do amigo’ e inserimos um
campo de mensagem. Para a nossa surpresa, dois
amigos começaram a usar essa ferramenta para bater
papo. Parece que onde um deles trabalhava, MSN e e-
mail eram bloqueados”.
Baião de Dois Desafia
Tecnologias: Flash 9 + Ilustração com Tablet no Photoshop
+ Photoshop
http://www.baiaodedoisdesafia.com.br
Segundo Herbert, este é um ótimo exemplo para re-
velar como anda atualmente a dinâmica dos trabalhos na
agência. “Em uma semana que estávamos prospectando
clientes, fui a uma reunião em que ficou claro que várias
agências de Brasília ainda não nos conhecia. No dia
seguinte, criei um conceito de uma ação de baixo custo
que poderia colocar o nosso nome na boca dos publicitá-
rios da cidade”.
A idéia funciona da seguinte maneira: de tempos
em tempos, a Baião de Dois convida as principais
agências de Brasília para um desafio. “Enviamos
para a agência alguns convites e no site qual-
quer estudante pode se inscrever para tentar
ganhar um convite. Depois de fechado o
conceito, entreguei o projeto na mão
do Gabriel Gareso, nosso designer
sênior. Meu único pedido foi: divirta-
se, aproveite para brincar”.
 portfólio agência - Baião de Dois :: 15

Seu Grande Recorde

Tecnologias: ActionScript 2.0 + Flash 9 + JavaScript +
Photoshop + PHP + SoundForge
http://projetos.dabaiao.com.br/sette/seugranderecorde

A agência de publicidade SetteGraalNossagência chamou a

Baião de Dois para desenvolver um hotsite promocional para o Alub,
um dos cursos recordistas em aprovação no vestibular da Universida-
de de Brasília (UnB). “Em uma semana aparecemos com uma solução
e o primeiro layout para o hotsite que ia ser o centro da promoção.
Eles gostaram porque mantivemos exatamente a idéia deles, mas
acrescentamos uma pitada a mais de humor e criamos um mecanismo
para viabilizar as inscrições”.
A promoção seguia um roteiro simples: qualquer usuário poderia
acessar o hotsite e publicar um recorde. “Não importava se era real
ou inventado, só tinha que ser um recorde relacionado ao autor da
inscrição. Daí, quem acessava o site, votava nesses recordes. No fim,
os cinco mais votados levariam alguns prêmios”.
O layout era ambientado em uma rua e, ao fundo da interface, foi
inserida a imagem da UnB. “Como tudo tinha uma linguagem fotográ-
fica, as cores também seguiram por aí. A arquitetura era bem
simples, porque o hotsite tinha apenas cinco telas. A tipogra-
fia teve como referência os cartazes dos velhos circos”.
16
16 :::: Webdesign
webdesign
Contato: hello@pablolobo.com
Site: www.pablolobo.com
Em busca do caminho original
Oriundo de uma família composta por artistas
plásticos, a escolha de Pablo Lobo pela área de cria-
ção gráfica certamente não poderia ter sido melhor.
“Sempre tive o interesse em aliar uma bela plasti-
cidade com o lado funcional, algo que acontece no
branding, por exemplo. Mas foi com certo amadu-
recimento que começaram a surgir alguns trabalhos
freelancer ainda na faculdade. Esse foi o caminho
para ir me aprofundando ainda mais dentro dessa
área, até completar a pós-graduação em design”.
O amadurecimento de Pablo se reflete
também em seu portfólio, quando vemos alguns
bons trabalhos realizados na área tipográfica.
“Amo trabalhar com tipografia. Principalmente
porque acho que a plasticidade da palavra escrita
em uma tipografia interessante, com tratamento
específico, aliada a outros elementos de design,
gera trabalhos ricos e exclusivos, ao contrário da
simples aplicação de uma fonte. Sua ajuda dentro
de projetos de web vem refletida no visual único
dado anteriormente a cada cliente. Tudo faz parte
de um processo desde a concepção, a criação até
a produção, no qual a tipografia escolhida para o
logo de um cliente pode modificar e inspirar toda
a criação de um novo conceito web, seja ele na
navegação ou layout”, afirma.
Para participar desta seção, cadastre seu portfólio no site da revista: www.revistawebdesign.com.br.
Na busca pela fluência em seu processo de cria-
ção, ele revela que não abre mão de um ambiente
descontraído. “Meu processo de criação é sempre
divertido. Não sou aquele que quando precisa criar
algo sofre como se fosse parir um filho, acho que isso
pode interferir na qualidade do trabalho; mas é claro
que isso varia de pessoa para pessoa, alguns profis-
sionais têm um processo sofrido, mas conseguem ao
mesmo tempo fazer coisas bem delicadas. Sempre
começo preparando meu ambiente, uma água a mão,
cadeira confortável, um bom mouse ou tablet e es-
cuto músicas que me estimulem. Quando o ambiente
se torna agradável ao seu redor, a sua concentração
aumenta exponencialmente”.
Além disso, tais fatores vão ajudar a consolidar
os diferenciais necessários para um profissional se
destacar no mercado. “Acho que o melhor, tanto
para incrementar um portfólio quanto garantir um
diferencial no mercado, é a originalidade. Ela vem do
conjunto ‘talento e experiência’. A experiência vem
do conhecimento e da exploração em torno do tema,
seus testes, erros, acertos e com isso a bagagem
para seguir e se arriscar por novos caminhos. Esse
lado original chama a atenção, é bonito de ser ver e
pode ser muito funcional”.

Naked
Tecnologias: Flash + PHP
www.nkd.com.br
Como sócio responsável por toda a parte visu-
al, gráfica e estamparia da Naked, Pablo destaca
que toda a interatividade de seu trabalho gira em
torno de um design nativamente gráfico. “Assim,
não fico preso e ligado a todas as pirotecnias de
um designer que se especializa em web como meio
de produção. Penso então em toda tipografia, co-
res e a harmonia que já foi criada previamente para
a empresa na hora de fazer o projeto”.
A aplicação prática deste conceito se mate-
rializou na criação e no desenvolvimento do site
da marca. “Na minha opinião, o design feito para
web deve ser objetivo. Não gosto daqueles sites
cheios de firulas e voltas que prejudicam a na-
vegabilidade. Neste projeto, um layout mais geo-
métrico foi a solução utilizada para não causar
tanta interferência no objetivo do site, no caso,
a exibição das estampas das camisetas. Além
disso, utilizamos o vermelho como destaque, cor
que é marca registrada da empresa”.
Um detalhe interessante no site são os
banners randômicos feitos por alguns nomes
do design brasileiro, tais como Marck Al (www.
nitrocorpz.com), Janara Lopes (www.ideafixa.
com) e Will Murai (www.willmurai.com). “O pro-
pósito desses banners é agregar uma identidade
à marca e divulgação por meio de pessoas que se
identificam com os artistas”.
portfólio freelancer - Pablo Lobo :: 17
Victory
Tecnologia: HTML
www.victoryevents.com
Um dos grandes desafios neste projeto era
demonstrar ao cliente o valor do investimento
em design. “Começamos com uma reformulação
completa do logo, cores, harmonia, papelaria, uni-
formes e website. O cliente não sabia ao certo as
vantagens que o site poderia trazer para ele. Algo
como uma aproximação empresa-cliente, um modo
fácil de comunicação direta via e-mail e respon-
dendo a dúvidas, um miniportfólio da empresa e
eventos realizados”.
Assim, a proposta era criar uma abordagem
bem direta para que o usuário não se sentisse
perdido durante o período de navegação e en-
contrasse prontamente a informação necessária
para entrar em contato e contratar os serviços
prestados pela Victory.
“Como a empresa lida com um target entre
35 a 55 anos, considera-se que esse público não
é tão familiarizado com uma linguagem mais
jovem e uma navegação diferenciada. As cores
utilizadas no novo layout fazem o papel de con-
trastar e destacar bem as informações exibidas.
Foi utilizado um gradiente preto-cinza no back-
ground com todos os textos em branco. O menu
tem um destaque simples, mas especial e de fácil
acesso logo ao lado esquerdo”.
18 :: webdesign
20 :: Webdesign - portfólio ilustração
20

Cristina Pagnoncelli
www.desfigure.com

Wd :: Como define seu estilo

e onde você busca as referências
para o seu trabalho?
Cristina :: Meu trabalho
nada mais é do que tudo que já
vivi. Ele revela em traços e pixels
tudo que há em mim. Representa
minha paixão pelo mundo, pelo seu
colorido e formas, pelas pessoas
e todas as suas nuances. Meu
estilo está muito ligado à emoção,
ao sentimento que cada tom e
expressão pode trazer. Trabalho
muito manualmente, acredito na
força do trabalho artístico. Adoro
tinta aquarela, acrílica, lápis-de-cor,
grafite, nanquim. Além de abusar
dos recortes e colagens. Tudo
depende do projeto em que estou
trabalhando e de qual a melhor
maneira para resolvê-lo. Na maioria
das vezes, finalizo meus trabalhos no
Photoshop, para dar um toque final
“Personalidades” (2007)
às cores e contrastes. C l i e n t e : P ro j e t o a u t o r a l
M a t e r i a l u t i l i z a d o p a r a c o m p o s i ç ã o : “ G r a f i t e s o b re p a p e l , t e x t u r a s d e
a q u a re l a e f i n a l i z a ç ã o e m P h o t o s h o p ”

“30 sentimentos” (2006)

C l i e n t e : P ro j e t o 3 0 ( w w w.
trinta.art.br)
Material utilizado para
composição: “Recorte +
c o l a g e m , t i n t a a q u a re l a e
finalização em Photoshop”
22 :: Webdesign

A visão
panorâmica
da produção de
um projeto
“Projetos de mídias No mercado brasileiro, quando falamos sobre o gerenciamento de projetos web,
ainda é comum ouvirmos os termos “burocracia” e “engessamento” como sinônimos
interativas são dinâ-
deste processo no andamento produtivo de uma empresa.
micos, mas isso não Para quem ainda nutre tal pensamento, o depoimento de Fabiano D’Agostinho,
significa que podem responsável pelo escritório de projetos da AgênciaClick (www.agenciaclick.com.br),

ser descontrolados” certamente vai ajudar a quebrar determinados pré-conceitos.

Isso porque, nesta entrevista, o especialista nos apresenta um detalhamento
completo sobre os principais desafios envolvidos na implementação desta metodo-
logia na estrutura de uma agência. Confira!

Wd :: Completamos uma década de internet comercial no Brasil. Diante das rápidas

transformações ocorridas neste segmento, você poderia nos apontar as principais
mudanças em relação aos processos de gerenciamento de projetos web?
Fabiano :: A gestão de projetos vem tomando forma dentro das agências. Acredito
que uma das principais mudanças é a convergência do profissional de atendimento
e o profissional de gestão de projetos. A separação destes dois perfis em “depar-
tamentos” diferentes mostrou-se ineficaz, pois cada departamento tinha interesses
conflitantes na tripla restrição de projetos (custo, escopo, tempo).
O profissional de atendimento tinha como principal interesse gerar mais negó-
cios e, muitas vezes, oferecia um escopo infactível no tempo ou custo proposto. No
outro lado, o gerente de projetos sacrificava o escopo ou a qualidade para conseguir
cumprir o prazo “vendido” e/ou incorria um custo mais alto, sem o compromisso
com o que havia sido vendido, ocasionando numa queda da rentabilidade do pro-
jeto, sem mencionar a queda da satisfação do cliente.
Uma mudança significativa é a unificação desses dois departamentos em núcleos
de negócios, nos quais profissionais que atendem também são responsáveis pelas
entregas do projeto, e os profissionais de gestão de projetos também são responsá-
veis por “atender” e gerar novos negócios. Ou seja, os profissionais de atendimento
também devem conhecer as metodologias de gestão e desenvolvimento, assim

como o gerente de projetos deve ter aptidões
comercias e de negociação. Este modelo foi capaz
de promover clientes muito mais satisfeitos e pro-
jetos muito mais rentáveis.
Wd :: Falando sobre a responsabilidade de
garantir uma boa sinergia entre os diversos
elementos envolvidos em um projeto, qual
seria o perfil necessário para um profissional
assumir tal tarefa?
Fabiano :: Há um impulso dentro de algumas
organizações de promover um bom especialista
funcional para gerente de projetos, acreditando
que ele também será um bom gerente de pro-
jetos. Mas nem sempre isso é verdade. Esta
ocorrência é conhecida como efeito Halo e pode
representar uma ameaça, uma vez que a empresa
perderá o bom especialista e poderá não ganhar
um bom gerente de projetos. O gerente de pro-
jetos deve ter um perfil mais generalista e menos
técnico ou especialista.
Gerentes de projetos acidentais devem ser
evitados. Sempre digo que, para ser gerente de
projetos, é preciso muita paixão e gosto pela arte
de gerenciar projetos, pois quando o projeto é bem
sucedido, os louros vão para a equipe (e o bom pro-
fissional deve promover isso) e quando há falhas, a
culpa é sempre do gerente do projeto (e o bom pro-
fissional deve chamar esta responsabilidade para si).
entrevista - gerenciamento de projetos web :: 23
Wd :: Na prática, quais serão as principais
ferramentas utilizadas por um gerente de
projetos web? Quais você costuma utilizar em
seu dia-a-dia?
Fabiano :: Uma ferramenta básica de gestão de
projetos é o MS Project. Não há como fugir dela.
O gerente de projetos deve, no mínimo, dominar
uma ferramenta para elaboração de um crono-
grama consistente, conhecendo o método do
caminho crítico, seqüenciamento de atividades,
nivelamento de recursos.
Sem o domínio destes métodos e sem o uso
de uma ferramenta consistente, é impossível fazer
uma gestão efetiva do tempo do projeto. Não dá
para usar o Excel ou então alguma ferramenta de
“to-do” list para elaborar um cronograma consis-
tente para um projeto de média complexidade.
A versão 2007 do MS Project teve muitas melho-
rias, entre elas uma de destaque foi o “multi-level
undo”, que sempre aterrorizava os gerentes de
projetos que ficavam com medo de fazer muitas
alterações seguidas, porque não conseguiriam
desfazê-las se necessário.
Uma outra ferramenta de grande ajuda é o
WBSChartPro. Ela é muito boa para criar WBS
(Work Breakdown Structure), que pode ser inte-
grada facilmente ao MS Project. A WBS, ou EAP
(Estrutura Analítica do Projeto), traz diversos
benefícios para o projeto, pois o subdivide em
24 :: Webdesign
partes menores e mais gerenciáveis, ajudando a
dar uma visão do escopo completo do projeto e de
todos seus subconjuntos e pacotes de trabalho.
Também é importante que alguma ferramenta
de colaboração e comunicação seja usada. No
dia-a-dia, utilizamos o Windows SharePoint Ser-
vices como extranet para publicar as entregas do
projeto e receber as aprovações do cliente. Isso
cria um histórico e ajuda a manter a comunicação
centralizada.
Wd :: Alguns dos principais obstáculos para
a disseminação dessas práticas pelo mercado
brasileiro são os mitos de engessamento dos
processos e do custo elevado para se manter
tal estrutura. É caro investir no gerencia-
mento de projetos web?
Fabiano :: Sim, existe o mito do engessamento,
mas esse mito precisa ser derrubado. As em-
presas devem buscar o equilíbrio nos processos a
fim de encontrar o melhor ponto entre documen-
tação e agilidade. Processos não devem lembrar
burocracia. E ferramentas e sistemas não são a
solução dos problemas. A principal mudança, e
a mais difícil, é a cultural. Não adianta pensar em
investir em ferramenta ou sistema se os líderes
da empresa não estiverem engajados na mudança
cultural rumo à gestão de projetos. É preciso haver
um “buy-in” do corpo diretivo da empresa, caso
contrário, toda e qualquer iniciativa estará fadada
ao fracasso. Uma boa maneira de iniciar com um
ótimo “custo/benefício” é implementando o es-
critório de projetos (PMO - Project Management
Office). O PMO pode iniciar com uma pessoa que
servirá de desenvolvedor e guardião da metodo-
logia e ferramentas de gestão da empresa.
Wd :: A gerência de projetos é um tipo de
processo aplicável a diversos segmentos de
mercado. Pensando nisso, quais seriam as
principais diferenças e particularidades no
gerenciamento de projetos voltados para as
mídias interativas?
Fabiano :: É necessário identificar a diferença
entre o ciclo de gestão do projeto e o ciclo de
desenvolvimento do produto ou serviço. O ciclo
de desenvolvimento deve seguir o “DNA” da
empresa, respeitando as suas peculiaridades. O
ciclo de gestão de projetos, de maneira geral,
possui similaridades entre si, independente-
mente da indústria em que é desenvolvido, e
deve possuir alguns passos para garantir o seu
sucesso. Dependendo do tipo, tamanho, comple-
xidade e riscos do projeto, esses passos podem
ser maiores, menores ou até mesmos suprimidos.
Tudo é uma questão de achar o ponto de equilí-
brio. Em mídias interativas, por exemplo, temos
que ser ágeis no desenvolvimento e responder
rapidamente às mudanças, portanto é funda-
mental que haja um modelo de comunicação que
favoreça este cenário de maneira colaborativa.
Também é importante que haja um plano
de gestão de escopo/mudanças, para ajudar na
decisão do que fazer ou não. Este último deve
estar ligado à gestão de riscos. O gerente de pro-
jetos não deve dizer “não dá”, ao contrário, deve
dizer “é possível fazer, eis os impactos/custos”.
Projetos de mídias interativas são dinâmicos, mas
isso não significa que podem ser descontrolados.
O gerente de projetos deve conseguir conduzir a
comunicação e a condução do projeto sem jamais
perder o controle do projeto.
Wd :: As boas práticas no gerenciamento de pro-
jetos apontam que o ciclo de vida de um projeto
envolve cinco grupos de desenvolvimento: ini-
ciação, planejamento, execução, monitoramento
e controle e encerramento. Diante do caráter di-
nâmico da internet, podemos afirmar que todas
essas etapas são cumpridas no gerenciamento
de um projeto web?
Fabiano :: Estas etapas acontecem queiram ou
não, de maneira estruturada ou não, em tudo na
vida. Quando nasce uma idéia, e a identificamos
como viável, estamos no processo de iniciação.
A partir do momento que decidimos agir, come-
çamos a pensar em como colocar a idéia em prática
ou como executá-la. Isso é planejar. Então, junto
com a execução vem o controle para garantir que
estamos fazendo aquilo que idealizamos e plane-
jamos. O fechamento é aquela certificação “missão
cumprida”, de que tudo foi feito de acordo.

Nos projetos de mídia interativa, acredito
que ainda é necessária mais uma fase: o acom-
panhamento após implantação. Esta fase é
fundamental, dada a rapidez com que as coisas
mudam na internet. Por isso, é necessário, após o
lançamento, acompanhar a eficiência do produto
ou serviço, através de métricas de data intelli-
gence para avaliar a necessidade de atualizações.
Wd :: Ainda sobre o andamento das etapas
de gerenciamento de um projeto, quais são
as principais técnicas utilizadas para garantir
a sua aplicação correta e eficaz?
Fabiano :: Sem dúvida, a principal técnica é o
treinamento. Os gerentes de projetos já devem
ter conhecimento e experiência de gestão de
projetos e não podem ser simplesmente os
gerentes acidentais ou aqueles gerentes “leva-
e-traz”. Mas, independentemente de suas
capacidades prévias, a agência deve exaustiva-
mente treinar sua equipe de gestão em relação
às peculiaridades de sua metodologia e de seus
processos e reforçá-las constantemente. Os
requisitos de cada etapa devem ser claros, explí-
citos e suportados por toda empresa. Na etapa
de execução, é importante que a agência tenha
sua própria metodologia de desenvolvimento,
com seus processos claramente desenvolvidos e
comunicados. Isso é a alma da agência e mostra
sua personalidade, experiência e competência.
Wd :: Outro aspecto importante é que o
gerente de projetos estará sempre envol-
vido com a administração de um triângulo
de variáveis: custo, escopo e tempo. Diante
de sua experiência, quais destas variáveis
representam o maior desafio para se garantir
o sucesso de um projeto interativo?
Fabiano :: Cada projeto é único! Essa é a
principal característica que define um projeto.
Portanto, um projeto pode ter como maior de-
safio qualquer um dos vértices do triângulo, ou
até mesmo todos. É claro que, nos dias de hoje,
o “time-to-market” deve ser cada vez menor,
fazendo com que o ciclo de gestão do projeto
também seja bem reduzido, e isso transforma a
entrevista - gerenciamento de projetos web :: 25
gestão do prazo num fator crítico.
O bom gerente de projetos não deve ame-
drontar-se diante deste desafio, deve sim, analisar
os requisitos, premissas e restrições e propor
soluções, oferecendo as possibilidades e seus
custos. Gerenciar projetos é gerenciar a escassez
de recursos. Portanto, dada a tripla restrição
(custo, escopo, tempo), muitas vezes é necessário
escolher duas para serem fixas a fim de deixar a
outra variável. O modelo “Getting Real” defende
que o escopo é o que deve ser sempre reduzido,
mas isso nem sempre é possível (na maioria das
vezes não é) e é aí que o gerente de projetos deve
conhecer técnicas de compressão de cronograma,
como o “fast-tracking” ou “crashing”.
O gerente de projetos deve ser capaz de tra-
balhar com estas três variáveis a fim de entregar
aquilo que o cliente precisa dentro da qualidade
esperada. É importante dizer que a qualidade
também faz parte desta tripla restrição, pois com
a alteração de qualquer um dos itens do tripé, a
qualidade também poderá ser alterada, gerando
impacto nos riscos do projeto e, conseqüente-
mente, a satisfação do cliente estará em jogo.
Wd :: O PMBOK (Project Management Body of
Knowledge), criado pela PMI (Project Mana-
gement Institute), é considerado o principal
modelo quando falamos de gerenciamento
de projetos. Quando trazemos esta realidade
para o mercado de internet, é possível utilizá-
lo no controle de projetos interativos?
Fabiano :: É perfeitamente possível. O PMBOK
não é uma metodologia. Também não é um
pacote de processos mágicos que devem ser
seguidos integralmente para garantir o sucesso
de um projeto. O PMBOK é um guia com um con-
junto de conhecimentos que são reconhecidos
como “boas práticas” e são aplicáveis na maioria
dos projetos. Por isso, talvez ele seja tão am-
plamente utilizado e referenciado, seja no meio
da construção de prédios, de foguetes ou de
software e, com certeza, essas práticas também
podem ser aplicadas nos projetos de internet.
O próprio PMBOK diz que os 44 processos
não precisam ser aplicados em todos os pro-
26 :: Webdesign
jetos, ao contrário ele diz: “a equipe de gestão
de projetos é responsável por determinar o que
é apropriado para qualquer projeto”. A empresa
deve entender esse grupo de conhecimento e
então adaptá-lo aos seus processos de forma a
criar o modelo de trabalho e framework mais ade-
rente às suas necessidades. Dentro de uma mesma
empresa, projetos diferentes requerem processos
diferentes e o framework metodológico deve ser
abrangente e flexível o suficiente para contemplar
os diversos tipos de projetos de uma maneira ágil.
Wd :: Ainda em relação aos modelos existentes
para gerenciamento de projetos, uma meto-
dologia que vem sendo aplicada na concepção
de ambientes interativos é a “Getting Real”
(http://tinyurl.com/ytzmxe), criada pela em-
presa americana 37Signals (www.37signals.
com). Além do PMBOK, quais seriam outros
modelos recomendados para aplicação do ge-
renciamento de projetos na web?
Fabiano :: Getting Real fala sobre a importância
da simplicidade e, sem dúvida, isso é impor-
tante. Hoje em dia, é comum estarmos em frente
à necessidade de desenvolvimento de algo
completamente novo, que nunca foi feito antes.
Iniciativas no Second Life são um exemplo. É
lógico que o planejamento se torna mais difícil,
mas interações nesses casos são importantes.
Um conceito interessante na “Getting Real” é o
da unidade, que promove a integração de áreas
ao invés da separação em áreas isoladas como
redação, design etc.
Há várias práticas propostas no mercado,
como, por exemplo, a Agile Project Management,
a Agile Software Development e a TenStep. Mas
não defendo nenhum modelo em específico.
Deve-se olhar com cautela para tudo aquilo que
promete ser a solução de todos os problemas.
Metodologias devem ser aderentes à realidade de
cada empresa. Não existe fórmula mágica e “pa-
cotes fechados” dificilmente serão a solução. O
que funciona em uma agência pode não funcionar
em outra. Um conjunto de boas práticas adap-
tadas à cultura organizacional de uma empresa e
seus sistemas são as principais ferramentas para
uma agência ter sucesso com seus projetos.
Não é possível falar em sucesso de um pro-
jeto sem louvar a competência do gerente de
projetos. Essa é a figura dentro das empresas que
deve receber atenção e investimento através de
treinamento, capacitação e coaching. Uma boa
metodologia pode não entregar um projeto de
sucesso se o gerente de projetos não for com-
petente o suficiente. Agora, se houver um ótimo
gerente de projetos, mesmo que não haja a me-
lhor das metodologias, o projeto sairá conforme o
planejado, sem grandes surpresas, pois inclusive
os riscos foram devidamente gerenciados.
Não é possível, por exemplo, construir um
“internet banking” com uma equipe de três pes-
soas. Ou, no tempo que ele ficar pronto, já estará
obsoleto. Também não é possível cortar escopo,
pois os usuários são exigentes. É a marca do
cliente que está em jogo e é preciso uma equipe
multidisciplinar para “pensar” a melhor solução.
Não é apenas sair desenvolvendo, ignorando es-
pecificações funcionais e técnicas.
Wd :: Quais são os erros mais comuns e que
devem ser evitados no gerenciamento de pro-
jetos web?
Fabiano :: Como os projetos web envolvem
equipes multidisciplinares, as pessoas e os
clientes possuem expectativas diferentes que
precisam ser gerenciadas corretamente para
evitar problemas no andamento do projeto. A
gestão de expectativas é de fundamental im-
portância. Um gerente de projetos gasta, em
média, 90% de seu tempo de gestão em tarefas
relacionadas à comunicação e, se isso for feito
corretamente, ajudará a minimizar diversos pro-
blemas que terão impacto direto sobre custos,
tempo, escopo e qualidade do projeto.
Outro problema freqüente é a tendência da
escolha pelo mais complexo. Os profissionais web
devem ter em mente que a internet muda muito
rapidamente, portanto não é interessante desen-
volver do zero aquilo que já exista, até mesmo
porque brevemente esta aplicação será jogada
fora com o surgimento de novas. A regra é não
reinventar a roda. Estamos na era dos widgets e
dos códigos abertos! Use-os!
Como os projetos web geralmente possuem

“Não adianta pensar em investir
em ferramenta ou sistema se os
líderes da empresa não estiverem
engajados na mudança cultural
rumo à gestão de projetos”
prazos muito agressivos, uma falha comum é não
planejar o projeto suficientemente, como, por
exemplo, partir para execução sem delimitar o es-
copo corretamente, ou criar cronogramas realistas,
mas não validá-los com a equipe de desenvolvi-
mento. Dessa mesma maneira, riscos que poderiam
ser evitados não são identificados e podem vir a se
transformar na causa de fracasso do projeto.
É necessário critério para não cairmos na ten-
tação de trocar o planejamento pelo “fazejamento”.
O barato pode sair caro e o “simples” pode se
transformar em um “balaio de gato”. Da mesma
forma, nem sempre cortar o escopo pode ser uma
opção. Lançar soluções incompletas ou com bugs
e esperar que o cliente indique o melhor caminho,
também não costuma ser uma boa idéia, ao con-
trário, pode ser fatal. Internautas possuem hoje uma
gama muito grande de aplicações e marcas para
escolher e eles não são pacientes. A fidelidade na
internet é algo difícil de conquistar. Portanto, se
um usuário sentir-se frustrado ao navegar por uma
solução on-line, ele pode nunca mais voltar, e então
esta marca estará fadada ao fracasso.
Não é inteligente, por exemplo, deixar para
trabalhar em um problema apenas quando ele se
tornar um problema. Pode sair caro. Para isso, existe
gestão de riscos, onde primeiramente os riscos são
identificados, depois qualificados para priorizar
quais deverão receber mais atenção e então são
quantificados e estrategicamente analisados a fim de
encontrar um plano de ação inteligente.
Wd :: Por ser um mercado ainda em fase de
consolidação, você acredita que as práticas
de gerenciamento de projetos vêm sendo
bem aplicadas pelas agências brasileiras? O
que é preciso mudar?
Fabiano :: Não há dúvida de que a gestão de pro-
jetos está amadurecendo dentro das agências. Isso
vem acontecendo por necessidade e imposição do
entrevista - gerenciamento de projetos web :: 27
mercado. Fechar os olhos para a gestão de pro-
jetos significa tornar-se menos competitivo.
Vem sendo cada vez mais comum em lici-
tações e concorrências que grandes empresas
exijam profissionais capacitados e experientes em
gestão de projetos nas empresas fornecedoras.
Isso comprovadamente eleva o grau de sucesso
dos projetos. A AgênciaClick, por exemplo, foi a
primeira agência a possuir um escritório de pro-
jetos (PMO) e investir em ferramentas, práticas e
capacitação em gestão de projetos.
A prática da gestão de projetos é bastante
forte em empresas de desenvolvimento de
software. No entanto, ainda tem muito espaço
para crescimento nas agências. Muitos ge-
rentes de projetos em agências são verdadeiros
“pombos-correio” e isso é necessário mudar. O
primeiro passo para essa mudança é a conscien-
tização da alta gerência sobre a importância e
benefício das boas práticas de GP.
Todos os envolvidos no gerenciamento de
projetos têm um papel importante nessa cons-
cientização, estudando, buscando treinamentos
e crescimento profissional. Colocando o apren-
dizado adquirido em prática e mostrando os
benefícios da gestão efetiva de projetos para a alta
gerência, ela certamente investirá nesta área, pois
verá que o retorno é garantido. Afinal, um projeto
de sucesso é aquele que é realizado conforme pla-
nejado e o segredo está em como ele é planejado.
28 :: Webdesign
Gerente de projetos:
habilidades necessárias
1) Integrador
“Deve garantir que as peças se encaixem. Projetos
na internet requerem diversos talentos especí-
ficos, entre arquitetos de informação, designers,
diretores de arte, redatores, analistas, programa-
dores, engenheiros de sistemas etc. O gerente
deve garantir que o que está sendo feito numa
etapa vai funcionar corretamente na etapa subse-
qüente. Deve garantir também que uma alteração,
e os projetos estão cheios delas, numa etapa ou
processo tenha o impacto analisado em todas as
outras etapas, e só então seja implementada”
2) Exímio comunicador
“Deve garantir que todos estejam falando a mesma
língua. Que todos tenham um entendimento único
sobre o projeto. Não deve haver ‘ah, eu não tinha
entendido isso’ e o gerente de projetos deve traba-
lhar exaustivamente com a comunicação e todas as
ferramentas disponíveis para fazer com que a infor-
mação certa, chegue na pessoa certa, no momento
certo, da maneira certa”
3) Negociador
“Gerenciar projetos é gerenciar a escassez. Seja a
escassez de recursos humanos ou materiais, seja
a escassez de tempo ou de dinheiro. O sucesso
de um projeto depende, em grande parte, da
habilidade do seu gerente de negociar os cená-
rios possíveis do projeto. Nesta perspectiva, é
importante que ele tenha criatividade para achar
soluções e gerar novos negócios”
4) Facilitador
“Deve perceber as necessidades da equipe de seu
projeto e garantir que elas sejam atendidas. Não
é necessário reuniões para isso. Ele deve estar
próximo de sua equipe e saber o que está acon-
tecendo, a fim de identificar formas de melhorar
o trabalho da equipe, evitando desperdícios e
ociosidade”
Dicas de leitura
“A Guide to the Project Management Body of
Knowledge (PMBOK Guides)”
Autor: Project Management Institute
“Agile Project Management: Creating Innova-
tive Products”
Autor: Jim Highsmith
“Como se Tornar um Profissional em Gerencia-
mento de Projetos”
Autores: Adriane Cavaliere e Paul Campbell
Dinsmore
“Gestão de Projetos - As melhores práticas”
Autor: Harold Kerzner
“Gestão de Projetos: Técnicas e Práticas com
Ênfase em Web”
Autor: Leonardo Molinari
“PMP® Exam Prep Book - Fifth Edition”
Autora: Rita Mulcahy
“Winston Churchill, the Agile Project Manager”
Autor: Mark Kozak-Holland
“Wikinomics: How Mass Collaboration Changes
Everything”
Autores: Don Tapscott e Anthony D. Williams
Referências pela internet
- Dandrea Projetos (http://tinyurl.com/3d9vny)
- Gantthead (www.gantthead.com)
- Grupos de discussão do MS Project (http://
tinyurl.com/2xqxn6)
- International Institute for Learning - Brasil (www.
iil.com.br)
- Project Management Institute (www.pmi.org)
- Revista MundoPM (www.mundopm.com.br)
- TenStep (www.tenstep.com)
30 :: Webdesign

Email
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O uso
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m e rc a do um a pop
cia e do no a ime ulaçã
a atra país. nsa e o bra
ção q As es xpect sileira
u e tatíst a t iv a c re s c
Para o meio icas n s o b re e
se ter vem c ão de a exp
de qu uma id a u ix a m ansão
a t ro b éia, n s a ndo e m entir
que v ilhões osso m nos a imp
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pesso
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todo
o

mundo, tem superado expectativas sobre custo,
benefício e interação do usuário. Podemos dizer
que o e-mail, além de um meio rápido e barato
de comunicação, consegue agregar benefícios,
como: registrar e documentar mensagens, elimi-
nar barreiras geográficas e atingir o público-alvo
em qualquer lugar que ele estiver. A privacidade
e tempo de resposta são fatores relevantes na
escolha dessa comunicação, pois garante que
as pessoas se sintam à vontade para responder
no tempo em que acharem necessário e, assim,
garantir o melhor momento para a interação.
Hoje, esse formato de comunicação não restringe
idade, sexo, ou classe social, sendo acessível a
todos e faz com que cada vez mais pessoas em
diferentes regiões, de diferentes culturas e hábi-
tos, comecem ou continuem a utilizar o e-mail
como principal meio de comunicação”, analisa
Walter Sabini Júnior, CEO da Virid Interatividade
Digital (www.virid.com.br).
Com esses valiosos dados em mãos, as agên-
cias e os profissionais envolvidos com a produção
na web vislumbram um nicho de mercado que
pode render bons frutos para os seus negócios.
Estamos falando do e-mail marketing. Nova-
mente, vamos recorrer aos números para com-
provar tal afirmação.
Na 2ª edição da pesquisa “O uso do e-mail
marketing nas corporações brasileiras”, reali-
zado pela WBI Brasil (www.wbibrasil.com.br), em
parceria com a Focal Pesquisas e a A2C Internet,
49,14% dos entrevistados revelaram que efetuaram
compras após receber um e-mail de propaganda
e 55,53% das empresas apontavam que já tinham
desenvolvido ações na área. Então, qual seria a
melhor explicação para números tão otimistas?
“O e-mail marketing possui a melhor relação
custo/benefício comparado a outras formas de
comunicação on-line. Pode ser utilizado em diver-
sos tipos de campanhas, seja ela de prospecção
ou de relacionamento. É capaz de ser informativo
ou impactante, periódico ou sazonal, passivo ou
interativo e tudo ao mesmo tempo. Consegue,
até mesmo, ser viral e, por seu caráter ime-
diatista, é capaz de causar impacto no público
exato, em dias e horários estratégicos. O e-mail
capa - e-mail marketing :: 31
marketing é complementar a todas as outras
mídias, on-line e off-line, por todos os motivos
citados acima”, afirma Walter.
Outra vantagem desta ferramenta envolve seu
caráter de direcionar a comunicação exatamente
ao público que se quer atingir. “Este é o único
instrumento que o cliente percebe que é direcio-
nado para ele. Produtos e serviços são ofertados
para aquela pessoa. Uma comunicação segmen-
tada, One to One. Todas as outras formas de
comunicação são provocativas (floaters, banners,
skyes etc.), causam impacto em um prospect, sem
um desejo comunicado anteriormente de vontade
de receber uma comunicação sobre aquele tema
específico. E são, na verdade, formatos de propa-
ganda tradicional (TV, jornais e revistas)”, ressalta
Sérgio Coelho, sócio-diretor da agência HomeWe-
bbing (www.homewebbing.com.br).
Tinha uma pedra no meio do caminho
A frase é do célebre poeta mineiro Carlos
Drummond de Andrade e pode ser aplicada
ao processo evolutivo do e-mail. Isso porque a
prática do envio de mensagens comerciais não
solicitadas pelo usuário, conhecida como spam,
começou a prejudicar o meio como forma de
comunicação.
Podemos dizer até que o pânico começou
a tomar proporções grandiosas. Durante algum
tempo, especialistas apontavam que o spam
poderia acabar com o correio eletrônico, devido
ao tráfego de mensagens indesejadas que tiram a
paciência e o tempo útil de navegação do usuário.
Hoje, a boa notícia é que esse cenário parece
ter sido contornado, pois como vimos acima, o
e-mail ainda continua sendo uma importante fer-
ramenta de comunicação. “Seguindo essa lógica,
aquela ligação que recebemos no meio do dia,
oferecendo um plano de saúde, por exemplo,
deveria acabar com o telefone, não é mesmo? O
fato é que as pessoas se adaptam à dinâmica dos
meios e aprendem a extrair os benefícios e se
proteger das desvantagens”, argumenta Car-
los Pitchú, diretor da unidade de web da Salem
(www.salem.com.br).
O avanço da tecnologia também contribuiu
32 :: Webdesign
“O e-mail marketing possui a melhor relação custo/benefício com-
parado a outras formas de comunicação on-line” (Walter Sabini)
para diminuir as ações maliciosas. “Inicialmente,
acho que os usuários começaram a perceber o
que era lixo e o que não era lixo. Após um grande
aprendizado com o recebimento de inúmeros
spams, os usuários já começam a identificar o que é
spam e o que ‘a princípio’ não é spam. Outro ponto
importante que não podemos deixar de destacar foi
o avanço da tecnologia, dos servidores que come-
çaram a expurgar ações de spams, dos filtros, enfim
de uma série de procedimentos que foram instala-
dos para proteger os usuários”, relata Sérgio.
Além disso, a mudança na cultura de quem
trabalha o marketing por e-mail foi fundamental
para que a prática caísse em total descrédito.
“O mercado está repensando a sua forma de se
comunicar com o cliente. Sabe-se que, quando
você recebe um e-mail com assunto que não é de
seu interesse, as chances de você ler/clicar são
mínimas. Então, por que mandar 100 mil e-mails
e torcer para dez usuários clicarem? Sendo que
eu posso filtrar isso e mandar e-mails com assun-
tos certos para as pessoas de interesse. Dessa
forma, com 100 e-mails, posso ter o retorno de
80 usuários que irão ler e clicar. Assim, o trabalho
para essa filtragem poderá ser um pouco maior,
porém, haverá redução de custos e maior resul-
tado efetivo”, aponta Thiago Torres, coordenador
de desenvolvimento em criação da VM2 Agência
Digital (www.vm2.com.br).
Quando seu uso é recomendado?
Não é porque o marketing por e-mail é cercado
de números tão significativos, que você deve sair
disparando campanhas a esmo. “Elas são reco-
mendadas sempre no lançamento de sites, anún-
cios de eventos, promoções e tudo que envolve
lançamentos. Com um bom banco de e-mails, você
terá retorno imediato. O beneficio é que você
ganhará tempo e ao invés de esperar o usuário
chegar na sua página para ver a informação, você
corre atrás do usuário e faz ele saber que aquela
informação existe”, diz Thiago.
Segundo os especialistas da agência Lumina1
(www.lumina1.com.br), Fabio Flandoli (VP de
Inovação), Marcus de Freitas (diretor de planeja-
mento estratégico) e Fabiana Deziderio (gerente
de negócios), a ferramenta assume papel funda-
mental quando utilizada de forma estratégica.
“Só precisamos lembrar que o e-mail marke-
ting é uma das ferramentas da estratégia e ele
tem tempo e papel definido na comunicação. Um
e-mail marketing (não uma newsletter que só tem
o papel de informar) vem sempre acompanhado
de um trabalho maior, como, por exemplo, o lan-
çamento de um site, ou de uma nova ferramenta.
É como dizemos ‘a ponta do iceberg’. O principal
benefício é conseguir sustentar um contato com
a base de clientes e prospects com baixo custo. E
mensuração efetiva”, orientam.
Tal argumento é reforçado pelos benefícios
que a ação pode proporcionar. “Quando traba-
lhado em conformidade com o público e objetivo
do cliente, os benefícios são imensos, pois ele é
barato, instantâneo, personalizável e não agride
o meio ambiente, já que a mensagem é transmi-
tida sem a necessidade de ser impressa. Por si só,
torna-se viral, devido a possibilidade de encaminhar
com facilidade. Possui a melhor mensuração do
ambiente on-line, pois, além de medir visualizações,
cliques, tráfego de origem-destino, conversões etc.,
captura hábitos do destinatário complementando
suas informações de cadastro”, revela Walter.
Além disso, lembrando dos transtornos
causados pelo spam, as campanhas só devem ser
direcionadas para quem efetivamente autorizou o
seu recebimento. “O e-mail marketing é sempre
bem-vindo, desde que seja empregado de forma
estratégica e não disparado aleatoriamente. Só
deve ser utilizado quando o público-alvo aceita
receber as mensagens (opt-in). Além disso, é
recomendado que, além de opt-in, assegure-se
que o público possua interesse na mensagem
e isso pode ser garantido usando o recurso da
segmentação”, alerta Walter.
Trabalhando a forma e o conteúdo
Na hora de estruturar a forma e o conteúdo
do e-mail marketing, é preciso ficar atento aos
 capa - e-mail marketing :: 33

elementos que estarão divididos em três partes: topo, corpo e rodapé

da mensagem. “O topo, geralmente, contém um link para visualização
do e-mail marketing direto no browser, como uma página da web. Essa
prática de usabilidade garante a visualização correta da mensagem,
caso o usuário tenha problemas em visualizar as imagens ou formata-
ção de cores e fontes em sua aplicação de e-mail”, explica Walter.
Lembrando ainda que o topo é a primeira parte a ser visualizada
pelo usuário. “O importante é lembrar que o primeiro bloco de infor-
“Por que mandar
mação é fundamental para toda a peça, pois é o de rápida leitura pelo 100 mil e-mails e
usuário. Além disso, os campos From (De) e o Subject (Assunto) são torcer para dez
super importantes para que o cliente se interesse na abertura da men-
sagem”, cita Daniel Winter, gerente de planejamento da Addcomm
usuários clicarem?”
(www.addcomm.com.br). (Thiago Torres)
Já no corpo da mensagem, o primeiro cuidado envolve a
definição da família tipográfica. “Aqui e em todos os demais tex-
tos importantes do e-mail marketing (incluindo títulos e links), é
altamente recomendado utilizar fontes de sistema, que são fontes
básicas presentes em todos os sistemas operacionais. Ao definir
uma formatação de fonte, ofereça alternativas como neste exem-
plo: ‘Helvetica, Arial, sans-serif’. Quem não tiver a fonte Helvetica,
vai visualizar o conteúdo na fonte Arial (a segunda definida) e quem
não tiver nenhuma das duas, vai visualizar o estilo sans-serif sem Participação
comprometer o design. Dentro das fontes de sistema, é importante
dos assinantes
identificar aquelas que são nativas apenas de Windows, como Tre-
Quais critérios você
buchet MS, Arial e Verdana e providenciar alternativas para usuários
utiliza na hora de
de Mac OS e Linux”, diz. escolher um sistema
Segundo o especialista, outro detalhe importante na concepção de envio de e-mail
gráfica do corpo da mensagem é o uso de imagens. “Use sempre em marketing?
formato *.jpeg ou *.gif, com 72 dpi de resolução (algumas versões
do Internet Explorer não interpretam bem o formato *.png). Cuidado Vencedor!
também para não pecar no excesso: se o e-mail tiver mais imagens
do que texto, poderá ser classificado como spam. O mesmo vale
para uma única imagem grande e com link. A marca da empresa
remetente deve estar no topo e à esquerda para uma rápida identifi-
cação por parte do usuário”.
Rafael Burity
Em relação à paleta de cores da peça, as particularidades vão
rafaelburity@gmail.com
desde as restrições técnicas do aplicativo de leitura de mensagens A disponibilidade do sistema
ao perfil do público-alvo. “O uso de cores também merece cuidado e a facilidade de uso têm
especial: algumas aplicações de e-mail não interpretam cores de um peso enorme na escolha.
fundo definidas em folhas de estilos ou na própria tag e, se sua men- Mas, sem dúvida, o que mais

sagem for composta em texto branco e fundo preto, o usuário não interfere é o fato de o sistema
ter independência na utilização
poderá ver o conteúdo”, explica Walter.
e adaptação, tanto em design
“É claro que mandar uma mensagem com uma fonte ilegível ou
quanto nas funcionalidades.
com cores tão fortes, que fazem você pular da cadeira, está fora de
Prêmios: 1 Pendrive (Siweb) e
questão. Mas as boas agências estão acostumadas a fazer esta peça Treinamento de Tecnologia (Impacta)
e sabem que clareza é fundamental. Outro ponto é que o brasileiro
34 :: Webdesign
Call to action
O que chama o usuário a agir,
clicar. São textos ou botões
orientados a ação.
Fonte: Glossário de e-mail marketing (www.
webpaulo.com/glossarios/glossario-de-e-
mail-marketing)
2º lugar
Paulo Vitor
pvnaves@gmail.com
Existem diversos fatores que
influenciam, entre eles podemos
citar o controle de envio de e-mails,
com agendamento, filtragem de
erros, indicando o tipo de erro - caixa
cheia, e-mail inválido, personalização
das mensagens, mesclando dados
específicos, relatórios e gráficos
detalhando sucesso de envio, erros,
abertura de mensagens (mostrando,
inclusive, o número de vezes que
um determinado endereço abriu a
mensagem), entre outros.
Prêmios: 1 ano de hospedagem grátis
(PlugIn) e Curso Flash em turma (Afterweb)
é bem visual. Então, nada de enviar e-mails no estilo americano, que
normalmente tem fundo branco e textos enormes”, complementam
Fabio, Marcus e Fabiana.
No terceiro bloco de informações, oferecer uma forma de
descadastramento ajuda a reforçar a seriedade e a preocupação do
remetente com as boas práticas. “Por fim, no rodapé, é de bom tom
incluir um link para opt-out, caso o usuário não queira mais receber
mensagens deste remetente”, diz Walter.
Além do opt-out, a ética também se estende para o que será
oferecido ao usuário quando ele clicar no link apresentado no e-mail
marketing. “Um call to action bem definido é muito importante
para a efetividade da peça, mas a principal recomendação é um
conteúdo que reflita exatamente o que o usuário vai encontrar após
o clique. Ética acima de tudo. Não adianta tentar enganar os usuários
com promessas milagrosas que o frustrem depois. O usuário tem que
perceber credibilidade na peça e na oferta. Mentir ao usuário é a
forma mais rápida de acabar com a sua base”, orienta Tiago Cruvinel,
diretor da iThink (www.ithink.com.br).
Nesta etapa do processo, não devemos esquecer que a criati-
vidade é um dos elementos principais para se garantir o sucesso da
campanha. “Uma ação de e-mail marketing tem sempre que estar ali-
nhada com o objetivo da campanha, no visual e na estratégia. Apre-
cio muito campanhas criativas, como uma da Volks, que tinha uma
animação de um cão que corria atrás de um carro utilizando recursos
simples de links com âncoras, e a campanha The Axe Effects, da
Holics (www.holics.de/axe). Creio que a criatividade para otimizar os
resultados que a ferramenta proporciona é o ideal”, afirma Ricardo
Rimoli, diretor de criação da Made (www.made.com.br).
“Um caminho é repensar a forma de ver um e-mail, criar uma
interatividade em que é possível fazer o usuário não apenas clicar e
sim pensar. Há alguns meses criamos uma campanha pela qual o usuário
poderia ‘jogar’ dentro do e-mail, a mensagem seria para um novo jogo
e quando o usuário clicava na opção desejada, o e-mail descia para a
outra opção desejada, isso tudo através de uma âncora colocada no e-
mail. A idéia era a interatividade que gerou a possibilidade de ‘navegar’
pelo e-mail, fazendo ele ficar curioso sobre o lançamento e obrigando
ele a clicar. Uma idéia simples e que deu um retorno excelente”, com-
plementa Thiago.
Administrando a base de dados
Além dos aspectos gráficos, de conteúdo e de tecnologia, a efetivi-
dade de um e-mail marketing vai depender também da qualidade do
banco de dados a ser utilizado no disparo da campanha.
“Este é um dos pontos fundamentais para o sucesso de uma
campanha. Se a base não for adequada, com certeza a sua ação não
obterá o resultado esperado. Pode existir a melhor criação, a melhor
 capa - e-mail marketing :: 35

ferramenta de envio, mas se a base não estiver limpa, com o público

específico para esta ação, de acordo com a demanda do produto ou
3º lugar
do serviço, será apenas mais uma ação de comunicação sem sucesso.
Portanto, na fase de planejamento, a validação de adequação da base
de dados com o produto e serviço deverá ser avaliada”, orienta Sérgio.
Um detalhe fundamental é a atualidade dos endereços ali
contidos. Para se ter uma idéia, cerca de 30% dos e-mails de uma
base mudam todos os anos, segundo revela pesquisa da empresa de Tiago Thadeu
marketing direto Zartana (www.zartana.com). tiago@estudioeureca.com.br

Os principais critérios que utilizo são:

“O melhor banco de dados para trabalhar é o banco de dados
facilidade de uso da ferramenta para
de clientes. Isso porque esses serão os usuários mais receptivos à
as ações básicas - criação das listas de
mensagem, que estão acostumados com a marca e que se cadastra-
e-mails, importação dos contatos e
ram por vontade própria. A interação é, sem dúvida, muito maior que relatórios do envio; preço; empresas
a compra de base, por exemplo. Para ter sempre uma base pronta que já usam; e as formas de suporte.
para disparo, é necessário atualizar periodicamente os dados dos Prêmios: Consultoria de Webmarketing
(Acessa Host) e 3 meses de hospedagem
cadastrados (eles vencem muito rápido) e, a cada nova ação, conferir
grátis (Digiweb)
se os usuários opt-out estão realmente excluídos”, ressaltam Fabio,
Marcus e Fabiana.
No final, um bom trabalho será alcançado sempre que você pro-
curar conhecer e respeitar o seu usuário. “É o primeiro passo para
4º lugar
se manter uma base útil e eficiente. Sua base é construída ao longo
de todo o processo de relacionamento com prospects e clientes.
Sua qualidade é diretamente proporcional à forma como a empresa
conduz suas ações de e-mail marketing e captação de cadastros. Não
adianta disparar uma peça com um conteúdo totalmente fora das Gustavo Buarque
necessidades de um determinado usuário. A campanha só será efe- gustavo@deforma.com.br

tiva se a oferta for realmente útil e aderente aos usuários. De outra Geralmente, vejo a capacidade, se

forma, prepare-se para perdê-lo”, alerta Tiago. tem tempo para pausas para não
travar o servidor e se possui ainda
lista de mensagens que foram
enviadas, categorias e de cadastros
Marketing por e-mail longe do spam posteriores das mensagens e e-mails.
Bate-papo: Cristine Hoepers, gerente de segurança do CERT.br Prêmios: 1 ano de hospedagem grátis
(www.cert.br) (Truizz) e Livro “Tempo é Lucro” (X25)

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Wd :: Quais são os prejuízos causados pelo tráfego de spam pela
e empresas de hospedagens. Confira no site!
internet brasileira?
Cristine :: Para as empresas e provedores os problemas são inúme-
ros e, muitas vezes, o custo adicional causado pelo spam é trans-
ferido para a conta a ser paga pelos usuários. Alguns dos maiores
problemas são: “Mentir ao usuá-
* Impacto na banda. Para as empresas e provedores, o volume
rio é a forma mais
de tráfego gerado por causa de spams os obriga a aumentar a capa-
cidade de seus links de conexão com a internet. Como o custo dos
rápida de acabar
links é alto, isto diminui os lucros do provedor e, muitas vezes, pode com a sua base”
refletir no aumento dos custos para o usuário.
(Tiago Cruvinel)
* Má utilização dos servidores. Os servidores de e-mail dedicam
36 :: Webdesign
boa parte do seu tempo de processamento para
tratar das mensagens não solicitadas. Além disso, o
espaço em disco ocupado por mensagens não solici-
tadas enviadas para um grande número de usuários
é considerável.
* Inclusão em listas de bloqueio. O provedor
que tenha usuários envolvidos em casos de spam
pode ter sua rede incluída em listas de bloqueio.
Esta inclusão pode prejudicar o recebimento de
e-mails por parte de seus usuários e ocasionar a
perda de clientes.
* Investimento em pessoal e equipamentos.
Para lidar com todos os problemas gerados pelo
spam, os provedores necessitam contratar mais
técnicos especializados, comprar equipamentos e
acrescentar sistemas de filtragem de spam. Como
conseqüência, os custos do provedor aumentam.
Wd :: Quais medidas o CGI.br (Comitê Gestor
da Internet no Brasil) tem adotado para dimi-
nuir a circulação de spam em redes brasileiras?
Cristine :: A Comissão de Trabalho Anti-Spam do
CGI.br tem investido em articulação e conscienti-
zação de todos os envolvidos. O spam não é bom
nem para quem recebe nem para quem gostaria
de fazer marketing por e-mail.
No site Antispam.br (www.antispam.br),
existem informações para os usuários de internet e
para administradores de redes e de sites internet.
A parte dedicada ao público em geral tem dicas
sobre como reconhecer fraudes, como proteger o
endereço de e-mail, o que levar em consideração ao
escolher uma ferramenta anti-spam, entre outras.
Já na parte dedicada a administradores de
redes e sites internet (www.antispam.br/admin), o
maior enfoque é em transmitir informações sobre
ações técnicas que dificultem o abuso das redes
brasileiras para o envio de spam.
O site tem enfoque não só em redes prove-
doras de banda larga, mas também em serviços
legítimos sendo abusados, como formulários
presentes em páginas web e servidores de e-mail.
Muitos administradores de sites não têm idéia de
como seus sites podem ser abusados por spam-
mers e fraudadores. Ter acesso a essa informação
e implementar as recomendações são os passos
mais importantes na redução dos spams partindo
das redes do Brasil.
Com adoção destas boas práticas anti-spam,
também se reduz o impacto de fraudes e do
abuso de nossas redes para o envio de spams
relacionados com phishing scams. Um resumo de
outras atividades da Comissão pode ser encon-
trado em: www.cgi.br/acoes/antispam.htm.
Wd :: Quais são as práticas que o Comitê Anti-
Spam recomenda de serem adotadas para que
uma campanha de e-mail marketing não seja
classificada como spam?
Cristine :: Fazer marketing pela internet sem
provocar spam requer o uso de boas práticas,
entre elas:
* Enviar e-mails somente para os clientes que
optaram pelo cadastro na lista de divulgação de
seus produtos e/ou serviços. Tal cadastro pode
ter sido feito por telefone, na hora do primeiro
contato comercial ou por formulário disponível no
site da empresa na internet.
* Não usar listas de divulgação de terceiros,
nem comprá-las de fornecedores de mala direta.
* Não reutilizar listas de divulgação, ou seja,
não enviar informações de determinado serviço
aos clientes cadastrados na lista de divulgação de
outro serviço, ainda que sejam da mesma empresa.
* Respeitar as opções do cliente no preenchi-
mento de formulários de cadastramento em listas
de divulgação, por escrito ou on-line.
* Respeitar as solicitações de descadastra-
mento de suas listas.
* Não iniciar o primeiro contato com o cliente
por e-mail. O envio do primeiro e-mail, sem prévia
autorização do cliente, caracteriza a prática de spam.
Wd :: Como as agências digitais e os profissionais
freelancers, envolvidos na criação e no desen-
volvimento de campanhas de e-mail marketing,
podem ajudar a combater tal prática na web?
Cristine :: A principal ajuda é a aderência às boas
práticas citadas anteriormente, pois elas primam pelo
respeito ao cliente, além de não associarem a marca e
a empresa a uma prática considerada abusiva.
38 :: Webdesign
Como construir um mailing?
No artigo “Boas práticas E-mail Marketing Parte II - Construção da base”
(http://tinyurl.com/3bxqc5), o especialista Fabio Nunes, da Zartana (www.
zartana.com), indica as principais maneiras para se construir um mailing:
- Ofereça cadastro em seu site
e deixe claro como usará a
comunicação
Ter uma boa página para
aquisição de novos cadastros
para suas listas de distribuição
é um processo muito impor-
tante e muitas vezes esque-
cido. Lembre-se que essa é a
principal forma de enriquecer
sua base. Mantenha um link de
fácil acesso para o formulário e
colete apenas informações que
serão utilizadas no processo
de segmentação. É importante
comunicar a freqüência com que
as mensagens serão enviadas
e descrever resumidamente o
conteúdo. Não deixe as caixas
de opção marcadas para recebi-
mento de e-mails.
- Adquira listas somente de
fornecedores idôneos e com
duplo opt-in
Caso você não tenha uma base
de e-mails, iniciar suas cam-
panhas com listas de terceiros
pode ser uma alternativa, porém
utilize com cautela e mode-
ração. Certifique-se de que
apenas endereços de usuários
que optaram por receber con-
teúdo de terceiros estão nessa
lista - obtidos em formulários
de cadastro como “gostaria de
receber promoções e ofertas de
terceiros?”. Pesquise sobre a
idoneidade do fornecedor, exis-
tem empresas especializadas
em comercialização e enriqueci-
mento de base.
- Explore o marketing viral
Mantenha sempre em seu site e
em suas newsletters um convite
para o usuário enviar o conte-
údo para um amigo, indicar seu
serviço ou produto. Ofereça
promoções para indicação e
instigue de forma criativa seus
usuários a convidarem seus
amigos. A forma mais ágil para
crescer sua base é com auxílio
dos usuários já cadastrados.
- Mantenha uma base de usuá-
rios ativos
Com o grande volume de
novos serviços de provedores
de e-mail e rotatividade de
funcionários entre empresas,
é comum que muitos desses
mudem o endereço eletrônico.
Em média, 30% de uma base de
e-mails muda a cada ano. Evite
enviar comunicação a contas
inexistentes ou com problemas
de leitura, você paga por isso.
Apresente de forma clara ao
usuário o procedimento correto
para atualização de seus dados.
Sistema de envio: os critérios de
escolha das agências
“Uma composição dos seguintes elementos:
usabilidade + capacidade de entrega + rela-
tório + custo por disparo” (Lumina1)
“Eficiência de entrega, nível de personalização
das peças, gerenciamento de banco de dados,
acompanhamento just in time dos resultados
através de relatórios bem elaborados, tra-
cking das ações dos usuários e custo” (iThink)
“Qualidade do relatório; sistema friendly de
relacionamento da ferramenta; disponibili-
dade de servidores que disparam campanha;
custo x benefício” (HomeWebbing)
“Um critério muito importante é se o presta-
dor de serviço de disparo garante total sigilo
e segurança dos dados do cliente e se man-
tém seu endereço IP fora das listas negras dos
principais provedores de internet” (Salem)
Especificações técnicas de um
e-mail marketing
- Largura e altura de 450x550 pixels para
evitar scroll
- Tamanho recomendado: até 20kb do HTML
- No HTML, evitar o uso dos seguintes recur-
sos: CSS, style, span style, background, div,
Flash, formulários e Javascript
- Imagens até 45 kb
- Imagens com links absolutos
- É recomendável um mix de imagens fatia-
das com o uso de alt tags (texto descritivo)
- Para formatação de fontes, use tags como
font face, font size ou color
- Colocar uma alternativa para quem não
recebe em HTML
- Permitir saída da base de dados (link opt-out)
Fontes: Sérgio Coelho e Walter Sabini
40 :: Webdesign
Pela existência formal
da profissão
Junto com outros campos do
conhecimento, o design sempre esteve
presente no processo evolutivo das formas
de produção do homem. Na concepção
de produtos e serviços, este segmento é
parte fundamental de toda a engrenagem
necessária para a obtenção de um ciclo de
vida sustentável no mercado.
Hoje, quando pensamos em
globalização e a acirrada disputa por
nichos comerciais, a informalidade
profissional parece um risco para se
garantir a sobrevivência de qualquer
empresa. Diante disso, a regulamentação
da profissão de designer no Brasil surge
como um fator essencial para a sua
consolidação no mercado.
Para entendermos os motivadores
e seus benefícios, convidamos quatro
profissionais para responder as seguintes
questões: Por que a profissão de designer
deve ser regulamentada? E, na prática, o
que vai mudar com a regulamentação?
 debate - regulamentação :: 41

Juliana Diniz
Diretora de Projetos da DIZ’AIN
Soluções Interativas
www.dizain.com.br

“O mercado no Brasil é tão informal que acaba por

desvalorizar os quatro anos de investimento em educação no
período da faculdade e quem sabe em uma pós-graduação”
“Vou começar minha resposta com um depoimento. Lembro que
quando me formei, os estágios e os empregos oferecidos eram para
desenhistas, projetistas, mas raramente para designer. Hoje, o cenário
mudou e a profissão virou ‘moda’. Na verdade, não gosto de modismos
porque eles sempre passam. É por isso que acredito e torço pela
regulamentação da nossa profissão. Com ela virá o reconhecimento
enquanto profissão e conseqüentemente regras que as empresas
contratantes deverão seguir.
Atualmente, o mercado no Brasil é tão informal que acaba por
desvalorizar os quatro anos de investimento em educação no período da
faculdade e quem sabe em uma pós-graduação. Aí vem o debate sobre os
profissionais brilhantes e criativos que não possuem formação. É claro que
eles devem ter um lugar ao sol assim como em qualquer área profissional,
mas acredito piamente que se esta pessoa tivesse a oportunidade de dar
base fundamentada a tudo o que cria, ela seria mais brilhante ainda.
Acredito no aprendizado contínuo e também que um profissional com
formação acadêmica naturalmente deve ter uma remuneração melhor do
que o que não possui. Atitudes como essa além de valorizar o profissional,
valoriza o mercado e educa o cliente.
Na prática, torço para que a regulamentação traga regras e ajude
empresas como a DIZ’AIN a mostrar que são responsáveis e que possuem
diferenciais de qualidade em relação aos desenhistas que se dizem designers
só porque dominam ferramentas ou softwares de desenho.
Ser designer é muito mais que isso. Dentro de nossas especializações e
formação, precisamos buscar inovação, gerar posicionamento diferenciado
do cliente, pensar estrategicamente e além de tudo buscar sempre fazer algo
diferente do que o mercado está oferecendo, porque senão você será mais um
em um milhão e sem nenhum respaldo que uma regulamentação pode trazer.”
42 :: Webdesign

“Depois de uma carreira inteira, em uma entidade estatal

Freddy Van Camp
Designer da VanCampDesign como designer, o profissional terá que se aposentar em uma
e professor da ESDI/UERJ
www.esdi.uerj.br categoria qualquer, já que a profissão não é regulamentada”
“O poder público, seja municipal, estadual ou federal, Numa indústria que produza artefatos que possuam
quando tiver que fazer uma concorrência ou uma licitação qualquer tipo de estrutura, afeitos aos designers de produto,
específica, como uma sinalização pública, uma identidade como uma cadeira, por exemplo, ou um baú de caminhão,
visual ou um equipamento médico, por exemplo, projetos deve existir um “responsável técnico” que se responsabiliza,
típicos de competência dos designers, estará impedido dentre outros, pela correção da estrutura projetada.
pela Lei das Licitações Públicas (nº 8.666). Essa lei é O designer, por não possuir um número de
precisa neste ponto, onde diz que a única maneira de registro, não pode assinar como responsável, tendo que
caracterizar uma profissão é pelo seu registro profissional. chamar alguém que o possua. A A.R.T. (Anotação de
As empresas estatais de grande porte e instituições Responsabilidade Técnica), instrumento legal que identifica
públicas têm normalmente um plano de cargos e salários. a autoria e os limites de responsabilidade em cada projeto,
Este classifica as profissões em categorias salariais, de só pode ser emitida por profissionais que sejam inscritos no
competência e de carreira. Depois de uma carreira inteira, CREA, menos pelo designer que o criou.
em uma entidade estatal como designer, o profissional Para o designer que significa ser regulamentado?
terá que se aposentar em uma categoria qualquer, já que a Significa ser reconhecido, significa existir de verdade, ao
profissão não é regulamentada. menos para o poder público!”

Marcos Nähr
“Pelo Código do Consumidor, hoje o designer não pode ser
Consultor de Conteúdo On-line
para América Latina e Canadá responsabilizado pelo seu projeto, mesmo que este tenha
na Dell Computadores
www.dell.com.br defeitos ou ocasione danos ao seu usuário””

“Mais de 60 mil profissionais continuam sem um
instrumento de legitimação e reconhecimento que é
a regulamentação dos designers. Desde 1980 foram
submetidos cinco projetos de regulamentação ao
Congresso, todos arquivados. Esta regulamentação
interessa a outros segmentos da sociedade.
Interessa aos empresários. O design é uma
atividade de alto risco, mas com fiscalização
(criada com a regulamentação) pode garantir
o melhor de um profissional, reduzindo
o risco ao mínimo necessário em termos
de investimento. A regulamentação vai
combater a má conduta profissional.
Interessa ao consumidor. Tudo o
que é produzido e tem contato com o
público precisa de um responsável.
Sem ser regulamentado, o designer não pode ser
tecnicamente responsável pelo que produz. Pelo
Código do Consumidor, hoje o designer não pode ser
responsabilizado pelo seu projeto, mesmo que este tenha
defeitos ou ocasione danos ao seu usuário.
Interessa ao poder público. Sem registro profissional
para designers, o poder público não pode “comprar
design” por meio de licitação ou concorrência, seja para
projetos de identidade visual, de mobiliário, de um website
e outros de interesse da sociedade.
A produção de bens com design é um fator
estratégico. Produtos com valor agregado significam maior
arrecadação e a conquista de mercados externos. Isso já
foi reconhecido pelos países emergentes que concorrem
com o Brasil nos mercados internacionais.”
 debate - regulamentação :: 43

Mauro Martin
Presidente da Associação dos Profissionais em
Design do Rio Grande do Sul (ApDesign)
www.apdesign.com.br

“A profissão deve ser regulamentada porque tem

compromisso com o desenvolvimento nacional””

“A profissão deve ser regulamentada porque tem

compromisso com o desenvolvimento nacional. O designer
tem conhecimento e capacidade para agregar valor aos seus
projetos (sejam de artefatos, gráficos, digitais, de moda, de
interiores, comunicação visual, outros). Produtos com forte
valor agregado tornam-se fidelizados pelos clientes.
É claro que com a regulamentação será exigida a
responsabilidade técnica pelos projetos realizados, ou seja, a famosa Anotação
de Responsabilidade Técnica (ART).
Com a regulamentação da profissão, o designer terá garantido o direito a participar
de licitações, concorrências e/ou concursos públicos. Ter uma profissão regulamentada
significa impedir que pessoas que realizam cursos rápidos, sem maiores critérios formais
e que não passaram por um comitê profissional, se apropriem da denominação designer,
como acontece diariamente em nosso país.
Com a regulamentação, a própria expressão ‘designer’ não precisará mais ser
escrita em itálico, como se fosse uma expressão estrangeira. O reconhecimento da
existência da profissão irá impor uma maior ética a incontáveis trabalhos de design que
são realizados e aprovados diariamente.
Com a regulamentação, o designer receberá uma atenção maior e mais digna
por parte do empresariado e Poder Público. O que, como um todo, irá mudar com a
regulamentação da profissão do designer, talvez ninguém saiba, mas que trará mais
dignidade, moral e amor à profissão, acredito que ninguém tenha dúvida, pois irá
proporcionar melhores condições ao exercício da profissão.”
44 :: Webdesign
44 :: e-mais - breadcrumb
Intranet:
ambiente digital para um público interno e específico
Diante desse mundo digital, onde as informa-
ções circulam em uma velocidade inimaginável e
com uma disponibilidade surpreendente, além de
diminuir as barreiras para a troca de conhecimentos,
as empresas necessitam de um espaço específico
dentro de sua estrutura que funcione como um pon-
to centralizador da comunicação corporativa com
seus colaboradores.
Pensando nisso, a intranet assume um papel
fundamental na consolidação de tal estratégia.
“Sua principal função é ser um importante meio de
comunicação entre a empresa e seus funcionários e
colaboradores. Uma intranet deve ser vista como um
espaço colaborativo e de compartilhamento de infor-
mações, que busca prover da forma mais consistente,
efetiva e eficiente possível, informações que sejam
relevantes, precisas e atualizadas para o conjunto de
seus usuários”, afirma Adriana Menescal, sócia-dire-
tora da Sirius Interativa (www.sirius.com.br).
Segundo os especialistas, seu uso é recomen-
dado tanto para as empresas de pequeno e médio
porte como para as empresas de grande porte.
“Uma intranet é recomendada para qualquer tipo
de empresa que tenha mais do que três funcioná-
rios. Isso porque a comunicação clara e o alinhamen-
to de perspectivas são importantes para qualquer
tipo de empresa. Com a intranet, a empresa inteira
poderá ler da mesma fonte e se comunicar unifor-
memente”, explica Cristiano Miano, presidente da
DigiPronto (www.digipronto.com.br).
Desafios na implementação
Para as agências e os profissionais que desejam se
especializar na prestação de serviços neste segmen-
to de mercado, a dica é ficar atento às característi-
cas envolvidas na criação e no desenvolvimento de
um ambiente digital voltado para um público espe-
cífico e interno.
“Acredito que a complexidade seja a mesma
que para a criação de um portal ou de um website.
Deve-se analisar sempre qual é o público-alvo, sua
capacidade de navegação, os pontos e assuntos de
interesse e estudar muito bem a navegabilidade.
No caso das intranets, a complexidade de conteúdo
costuma ser maior e por isso exige mais esforço na
concepção da interface de menu e na divisão do
conteúdo. Tentamos, na DigiPronto, criar interfaces
modificáveis, nas quais os usuários poderão alterar as
 emais - intranet :: 45

e-mais - breadcrumb :: 45

funções disponíveis na sua página, personalizando o Relacionamento com o cliente

conteúdo e a forma de visualização - trocando cores, Quando uma agência é contratada para conceber
fundos e posicionamento do conteúdo. Consideramos ou reestruturar uma intranet, um dos primeiros
que o usuário de intranet não tem como escolher o passos é iniciar o seu relacionamento com o de-
seu portal preferido. Portanto, é importante que ele partamento responsável por tal ambiente dentro
possa personalizar”, relata Cristiano. da empresa. Assim, alguns detalhes vão ajudar a
Outra questão a ser trabalhada envolve a mu- garantir uma troca sadia - e sem obstáculos - das
dança na mentalidade do ambiente corporativo. informações.
“Muitas vezes, os projetos de intranets não alcançam “A comunicação com o departamento de
os resultados esperados, porque não é realizado marketing, no caso de uma intranet, é importante
um trabalho anterior de preparação dos funcioná- para as padronizações na comunicação. Mas, ao con-
rios para esta nova cultura e modelo de trabalho. trário de websites, as intranets nem sempre são con-
É necessária uma grande mudança no processo de troladas e concebidas por esse departamento. Vemos
comunicação da empresa. Por exemplo, é muito vários casos do departamento de TI e do RH cuidar
importante que alguns processos sejam transferidos e conceber a intranet das empresas. No caso do
integralmente para a intranet. Um bom exemplo é
o contra-cheque digital. Muitas empresas não mais
imprimem o contra-cheque, que passa a ser disponi- “A Web 2.0 caiu
bilizado somente na intranet”, ressalta Adriana.
A especialista lembra ainda dos cuidados para como uma luva
a definição da plataforma tecnológica e do conceito
gráfico a ser aplicado. “A escolha de uma plataforma para as intranets”
(ferramenta de portal e CMS) deve trazer escalabi-
lidade, produtividade e flexibilidade para o projeto.
(Adriana Menescal)
Em relação ao conceito gráfico, ele deverá refletir os
atributos da empresa, considerar as melhores prá-
ticas de usabilidade e criar um ambiente visual que
gere conforto e familiaridade na navegação do usuá-
rio. É muito importante também que o projeto inclua
o desenvolvimento de um manual contendo guideli-
nes de design, que será uma importante ferramenta
para garantir que o conceito gráfico definido para o
projeto seja mantido na sua evolução”.

“São aqueles recursos que

ninguém se importa ou presta
atenção até a hora em que
precisa” (Sergio Carvalho)
46 :: Webdesign
relacionamento com o departamento de comunicação,
deve-se tomar cuidado para não ‘ofender’ os profis-
sionais, com idéias de criação ou de desenvolvimento
que possa ir contra algum princípio ou manual de uso
de marca. É necessário lembrar que os profissionais do
marketing trabalham com a marca da empresa a muito
mais tempo do que o TI ou o RH”, orienta Cristiano.
Além disso, ele ressalta a importância de se ter
acesso aos manuais de identidade visual, melhores prá-
ticas e até ao material referente às normas da empresa
e de cada função. “Quanto melhor você entender a
empresa, melhor vai poder conceber a solução de comu-
nicação interna. E os profissionais do departamento de
comunicação e marketing é que vão te ajudar com isso”.
Quanto custa uma intranet?
A definição do valor final do orçamento vai depender
da estrutura que será montada para a concepção do
projeto. “Uma intranet pode ser concebida com custos
a partir de R$ 1.000,00 (ou até menos) e pode chegar
a valores como R$ 200 mil ou mais, dependendo do
tamanho e da complexidade de suas ferramentas”,
relata Cristiano.
Dentre as principais definições, o tipo de platafor-
ma tecnológica a ser utilizada exercerá influência na de-
finição dos valores. “A intranet de baixo custo é permiti-
da com software open source e hardware mínimo como
servidor, mas não considera custos com treinamentos
etc. Essa pode ser uma ótima solução para as empresas
pequenas. Para as grandes empresas, aconselho um
investimento maior, mas que garanta ferramentas úteis
que economizem dinheiro com processos e que con-
temple, também, uma campanha de incentivo e um bom
treinamento, fazendo com que o ROI seja viabilizado ao
se considerar as economias de escala e de tempo e o
ganho de produtividade e comunicabilidade”.
Estimulando seu uso
Para evitar que a intranet se torne um “gigante
abandonado” dentro da estrutura de uma empresa,
será fundamental estimular seu uso por parte dos
colaboradores. “A empresa deve migrar, se possível,
integralmente, alguns processos para a intranet.
Exemplo: os boletins informativos de RH, que antes
eram disponibilizados nos quadros de aviso, devem
ser extintos e sua informação ser publicada apenas
na intranet”, diz Adriana.
Outra dica é investir em campanhas de trei-
namento e sensibilização do público interno. “Em
quase todos os casos, propomos uma campanha de
incentivo, que pode atrair usuários e fazer com que
eles conheçam melhor a ferramenta nos seus primei-
ros dias de uso - incentivando o uso posterior, já que
adquirem o domínio da ferramenta e conhecem o
conteúdo que ela tem para oferecer. Essas campa-
nhas de incentivo funcionam atraindo usuários diaria-
mente, por oferecer premiações a usuários que en-
contrarem algum conteúdo específico ou que acessa-
rem por mais horas e assim por diante, com critérios
definidos de acordo com a necessidade do cliente.
Pode-se ainda utilizar mídia convencional: cartazes,
palestras e outros modelos de comunicação inicial,
como uma festa de lançamento”, relata Cristiano.
Intranets na era Web 2.0
Ao longo dos últimos dois anos, a mídia especializa-
da tem ressaltado que o movimento Web 2.0 trouxe
uma transformação no relacionamento do usuário

com os ambientes digitais, no qual ele se torna peça
fundamental para a sua evolução.
Trazendo esta realidade para o segmento das
intranets, é possível apontar algumas das principais
mudanças ocorridas nos modelos existentes para
criação e administração destes ambientes.
“As intranets de gerações anteriores propor-
cionavam pouca interação com seus usuários. Eram
ambientes com baixo potencial colaborativo. Os
funcionários enviavam informações para os gestores
responsáveis e somente após sua análise e aprova-
ção, estas informações eram publicadas. Este ‘longo
caminho’ não incentivava a colaboração. A Web 2.0
caiu como uma luva para as intranets. Através das
ferramentas de Web 2.0 (Corporate Blogs, K-Logs,
“Quanto melhor você
entender a empresa,
melhor vai poder conce-
ber a solução de comu-
nicação interna”
(Cristiano Miano)
emais - intranet :: 47
Free tagging, Wikis, RSS etc.), os funcionários podem
publicar e compartilhar informações de forma muito
mais simples e ágil”, atesta Adriana.
Para o futuro, as perspectivas apontam para
uma evolução ainda mais completa na forma de
relacionamento do colaborador com o ambiente
corporativo digital. “Com o que chamam de Web
3.0 (contextualização da plataforma web), as intra-
nets se tornarão ainda mais intuitivas, permitindo,
por exemplo, que um usuário ‘bata um papo’ com a
interface e consiga respostas para as suas dúvidas
textuais. Assim, o usuário poderá escrever uma per-
gunta na busca e ter as respostas em forma de links
para conteúdo da intranet”, finaliza Cristiano.
48 :: Webdesign
Etapas de desenvolvimento
Abaixo, a especialista da Sirius Interativa, Adriana
Menescal, apresenta um resumo das principais
etapas previstas no planejamento e desenvolvimento
de uma intranet:
1) Imersão
“Entendimento dos objetivos estratégicos do pro-
jeto, metas a serem alcançadas, entendimento sobre
o negócio da empresa, organograma funcional, estra-
tégias de comunicação, ambiente tecnológico etc.”
2) Definição da arquitetura da informação
“É nesta etapa que será definida a estrutura da
intranet e o planejamento da sua interface. É es-
sencial o envolvimento dos usuários finais durante
todo este processo, se tornando uma importante
tática para diminuir a resistência a nova intranet.
Eles devem ter a percepção de que são vozes ativas
no processo de desenvolvimento (e efetivamente
serem). Exemplo: criação de um grupo interdeparta-
mental para participar do projeto deste o início.”
3) Definição do conceito gráfico da intranet
4) Definição da estratégia de conteúdo
5) Implementação na plataforma tecnológica
definida (ferramenta de portal e CMS)
6) Definição dos guidelines de utilização e publica-
ção de conteúdo
7) Criação do comitê gestor da intranet
“Papéis e responsabilidades dos responsáveis pela
sua gestão e evolução.”
8) Implantação
9) Divulgação
“Aqui, é importante criar uma campanha para o lan-
çamento e divulgação da intranet. Esta campanha
deverá ser bastante persuasiva para envolver os
usuários no novo projeto.”
10) Monitoramento e evolução
“Ferramentas de monitoramento são muito impor-
tantes para acompanhar a utilização da intranet e é
essencial ter o envolvimento dos usuários neste pro-
cesso, realizando pesquisas de satisfação e coletando
sugestão para a melhoria e evolução do projeto.”
 emais - intranet :: 49

Benefícios de uma intranet

- Comunicabilidade e interatividade entre os funcionários;

- Ótimo ambiente para criação e manutenção da cultura

corporativa;

- Rápida disseminação de informações corporativas;

- Maior interatividade entre departamentos e indivíduos;

- Maior absorção da imagem corporativa;

- Grande penetração da comunicação generalizada e boa

eficácia da comunicação direcionada.

Fonte: Cristiano Miano

Projeto Magê-Malien

Não é Natal, mas não faz mal

O Magê-Malien fará a sua festa de Natal no dia 24/11/07. As
fotos do evento serão publicadas na edição de janeiro.
Este Projeto destina-se a buscar, através da prática da Capoeira,
a realização de sonhos, idéias e expressões do indivíduo.

Magê-Malien - Crianças que Brilham

Faça parte você também deste projeto.
Para doação de alimento, entre em
contato: arteccom@arteccom.com.br
Informações:
www.arteccom.com.br/ong
50 :: Webdesign

Estimular a participação do consumidor, através de ambientes lúdicos e interativos, parece ter sido um dos
grandes destaques da internet no ano de 2007. Um dos bons exemplos está presente na continuação da
campanha Milk Shake Carente (www.milkshakecarente.com.br), criada em parceria pela rede de fast food Bob’s
(www.bobs.com.br) e a agência de publicidade NBS (www.nbscom.com.br).
Ao assumir a função de um ponto de encontro virtual de usuários carentes, o hotsite da campanha segue os preceitos
básicos das campanhas de entretenimento on-line. Para conhecermos mais detalhes deste projeto, conversamos com
Luis Vendramini, gerente de produtos da rede Bob’s. Confira, a seguir, o resultado deste bate-papo.

Wd :: Nos últimos tempos, as campanhas de
comunicação focadas no lançamento de novos produtos
e serviços vêm sendo baseadas nos conceitos do lúdico e
do entretenimento, sendo que a internet surge como uma
importante fonte de estímulo e participação das pessoas.
Pensando nisso, como tais conceitos influenciaram na
estratégia da campanha do Milk Shake Carente?
Luis :: Qualquer pessoa inserida num contexto
urbano é absolutamente massacrada por estímulos
publicitários de toda natureza. Criar uma idéia pertinente
aos valores de uma marca e, ao mesmo tempo, fazer com
que essa idéia emocione, inspire e entretenha um nicho
de público é o grande desafio que as agências enfrentam
nos dias de hoje.
Para o site do Milk Shake Carente, utilizamos o
carisma de um personagem criado para a mídia televisiva
para tratar o tema “carência” de forma divertida. A
internet é o meio ideal para disseminar um conceito e
gerar experiências interativas com o público da marca.
A proposta do site foi relacionar conteúdos relevantes
ao conceito, para potencializar a mensagem através da
participação das pessoas.
Wd :: Outro ponto interessante nas transformações
no segmento publicitário envolve a integração entre
as mídias off-line e on-line. Como vocês procuraram
integrar estes dois segmentos na atual campanha?
Luis :: O personagem Milk Shake Carente é muito
“O traço da ilustração cria
uma coerência gráfica com
o traço tipográfico que foi
usado na campanha”
estudo de caso - Milk Shake Carente :: 51
carismático e o público se identifica com ele. A mídia
off-line é responsável por apresentá-lo para os que não o
conhecem e gerar esse interesse inicial, enquanto através
da mídia on-line oferecemos para o público a possibilidade
de interagir com ele e com o tema da carência.
O site permite que o envolvimento do público com
a campanha seja mais profundo e intenso, possibilitando
inclusive que o nosso público interaja entre si.
Wd :: A Web 2.0 trouxe significativas mudanças
na concepção dos projetos interativos, pois o usuário
passou a ser voz ativa na evolução dos ambientes. Até
mesmo a publicidade parece ter sido influenciada por
tal movimento. Ao analisar as peças do Milk Shake
Carente, vemos que o usuário é instigado a contribuir
para o crescimento da campanha. Diante de tal
experiência, podemos dizer que hoje as estratégias
de branding vão muito além da simples afinidade
com a marca? Qual é o limite do poder do cliente
na transformação de um produto ou serviço de uma
grande empresa?
Luis :: As ferramentas que permitem a participação do
público possuem um potencial muito grande de fortalecer
o vínculo dos consumidores com as marcas. Ao mesmo
tempo, quando uma marca decide dar ferramentas para
seu público interagir com ela e criar conteúdo que será
responsável por reforçar o vínculo de outros consumidores
com a marca, ela assume um grande risco.
52 :: Webdesign
O discurso e o conteúdo disponibilizado pela marca
devem ser relevantes e autênticos, pois, se não o forem,
o consumidor não irá criar mais conteúdo ou, pior, irá
rejeitá-lo. Se o conteúdo for relevante, permitir que
o consumidor participe desse processo, reforça seus
vínculos emocionais com a marca e o conteúdo criado
por ele é um forte argumento para outros consumidores,
que estarão ouvindo isso de pessoas como ele.
Wd :: Quando falamos sobre a participação do
usuário na construção do conteúdo de um site, uma
preocupação constante envolve o teor das informações
a serem inseridas naquele ambiente. Dentro da
campanha, como vocês procuraram controlar o nível
das informações ali postadas? A empresa deve moderar
este conteúdo, correndo o risco de ser taxada de
manipuladora da informação, ou a própria comunidade
em torno do ambiente acaba determinando a qualidade
do que ficar exposto?
Luis :: A empresa deve sempre deixar as regras de
uso do site claras. Nas principais redes de conteúdo
participativo no Brasil, o Orkut e o YouTube, o visitante pode
incluir o conteúdo que ele quiser. Porém, se o conteúdo for
considerado inapropriado ou ilegal, ele será apagado.
No nosso site adotamos a mesma postura.
Convidamos nosso público a contar sua versão sobre a
origem da carência do personagem e damos espaço para
os visitantes do site interagirem entre si.
Caso o conteúdo gerado por eles não seja
apropriado, a marca, que é a responsável pelo bom
funcionamento do site, tem o direito e a obrigação de
apagá-lo, em respeito aos outros visitantes.
Wd :: O conteúdo do site da campanha ficou
dividido em cinco seções: “como tudo começou”, “divã
dos carentes”, “encontre outros carentes”, “bazar
dos carentes” e “criar perfil”. Dentro da concepção da
campanha, como surgiu e em qual etapa do processo
vocês determinaram como e quais seriam essas seções?
Luis :: O personagem Milk Shake Carente apareceu
pela primeira vez na comunicação do Bob’s em 2005
e foi um grande sucesso entre o nosso público,
sendo lembrado em todas as pesquisas que fizemos
posteriormente de forma espontânea.
Ele se tornou um ícone da nossa marca. O público
se identificou com a carência do personagem e falou
abertamente sobre isso em blogs e redes sociais como o
Orkut, naquela ocasião.
Quando decidimos utilizar novamente o personagem
na campanha dos novos sabores de milk shake crocante,
nós queríamos algo que fortalecesse esse vínculo do
nosso público com o personagem e a identificação com o
tema da carência. Todas as seções do site foram pensadas
com esses propósitos.
Wd :: Um detalhe interessante no site da campanha
envolve a localização do logotipo do Bob’s, no
canto inferior direito da interface, um lugar menos
previlegiado aos olhos de quem navega pelo ambiente.
De que forma tal escolha influencia no relacionamento
do usuário com a marca?
“Mais importante que as
ferramentas utilizadas, é
sabermos escolher quais
serão os parâmetros que
usaremos para mensurar
nossa campanha”
 estudo de caso - Milk Shake Carente :: 53

Luis :: Para fortalecer o relacionamento do público com uma

marca ela precisa, antes de tudo, ser relevante para ele. Não é o
tamanho do logotipo que fará isso, e sim a relevância do conteúdo
que ela utilizará para estimular esse relacionamento.
A função da marca Bob’s é chancelar esse conteúdo de forma
autêntica e, através da interação, do envolvimento e da identificação
do nosso público com o personagem e com o tema da campanha,
trazer algo realmente relevante para nosso público, algo que ele
queira interagir e se relacionar.
Wd :: Em relação ao design do site, vocês utilizam as técnicas
de ilustração à mão livre para concepção de um cenário que
representa um centro urbano. Como vocês chegaram neste
modelo de representação gráfica e quais foram os desafios na
modelagem desta interface?
Luis :: O traço da ilustração cria uma coerência gráfica com o
traço tipográfico que foi usado na campanha. O cenário teve como
proposta ambientar o personagem num espaço onde ele pudesse
interagir com outras pessoas - afinal, trata-se de um site-ponto-de-
encontro dos carentes.
A composição do cenário teve que comportar os links do
site, inseridos pontualmente como sinalização da cidade.
O desafio foi conjugar esses princípios a um layout atrativo,
divertido e fácil de navegar.
Wd :: Além do uso de ilustração na interface, o site combina
duas famílias tipográficas: os títulos e subtítulos das seções foram
concebidos com fontes fantasia e manuscrita, e os blocos de
conteúdo com fontes sem serifa. Por que vocês optaram por tal
divisão e como elas se encaixam no conceito da campanha?
Luis :: A personalidade tipográfica é fundamental em
qualquer projeto de comunicação visual. Criamos uma família
especificamente para este projeto, feita de caracteres irregulares e
com grande versatilidade.
A idéia foi tornar a campanha mais próxima, quente e humana.
Blocar os textos foi uma forma que encontramos de conferir alguma
organização formal numa composição tipográfica com caracteres
muito diferentes entre si. No site, temos ainda uma fonte script que
serve de apoio aos títulos e reforça o caráter divertido do projeto.
Wd :: Com a redução dos preços e a evolução na tecnologia
dos monitores, as pesquisas apontam que houve um equilíbrio no
54 :: Webdesign
uso padrão de resolução de tela. No site da campanha,
vocês definiram 800x600 pixels como o tamanho
mínimo para visualização da interface. Quais fatores
influenciaram nesta decisão?
Luis :: Como você disse, há um equilíbrio no padrão
de resolução de tela utilizado nos monitores. Não
queríamos que nenhum dos nossos visitantes tivesse
sua experiência de navegação restrita pela resolução de
tela do computador, por isso optamos por um tamanho
mínimo mais democrático, que se adequasse a qualquer
resolução de tela.
Se optássemos por uma resolução superior a
800x600, parte dos nossos visitantes teria prejuízo na
navegabilidade do hotsite e, conseqüentemente, em sua
experiência e diversão.
Wd :: Em termos tecnológicos, o site foi concebido
através da combinação de ASP com Flash. Podemos
dizer que tais tecnologias já se tornaram um padrão na
concepção de sites de campanhas publicitárias?
Luis :: Pode-se dizer que sim, ASP e Flash já são padrão
para o desenvolvimento de projetos de internet. Essas
tecnologias, conjugadas a conexões cada vez mais velozes,
certamente vão possibilitar o desenvolvimento de sites
cada vez mais completos e integrados a outras mídias.
Wd :: O Google Analytics foi uma das ferramentas
escolhidas para medir o retorno da campanha. Além
desta ferramenta, quais são os outros elementos que
podem ajudar na mensuração dos resultados de uma
campanha deste porte?
Luis :: Existem diversas ferramentas que podemos
utilizar para mensurar os resultados de uma campanha
on-line. Mais importante que as ferramentas
utilizadas, é sabermos escolher quais serão os
parâmetros que usaremos para mensurar nossa
campanha, e a escolha deles deve ser feita de acordo
com o objetivo da campanha.
Nosso objetivo é criar vínculos entre o público e o
nosso personagem. Queremos que nosso consumidor se
identifique e se divirta com a nossa marca. Logo, o tempo
de permanência dele e a taxa de retorno dos nossos
visitantes são muito mais importantes que outras métricas,
como o número de visitantes absolutos, por exemplo.
Wd :: Toda campanha publicitária tem uma data
para terminar. Com a inclusão do meio internet como
mídia de divulgação, estas campanhas passaram
a deixar um grande legado, seja um banco de
dados, de idéias e sugestões sobre determinados
assuntos. Como o Bob’s procura trabalhar este
material, principalmente o oriundo da web, após o
encerramento de suas campanhas?
Luis :: O legado de uma campanha on-line pode
ser muito rico, seja em informações sobre o perfil do
nosso público, seja em idéias, sugestões ou até críticas.
Pretendemos usar esse material como um meio para
conhecermos melhor o nosso público e nos tornarmos,
cada vez mais, relevantes para ele.

Micro-blogging:
comunicação em tamanho miniatura
O pensamento já se tornou
chavão, mas não custa nada
repetir: quem trabalha com
internet, sabe que a busca pelo
conhecimento nunca pode
parar! Principalmente, quan-
do falamos das tecnologias
aplicadas ao meio. Depois dos
gerenciadores de conteúdo,
mash-up, tags e AJAX, só para
citar alguns dos casos mais
recentes, o novo paradigma
deste mercado aparece na
implementação do conceito de
micro-blogging.
Mas qual seria o significado
do termo? “É um conceito de
blog que funciona com textos
de 140 a 200 caracteres, no má-
ximo. Geralmente, os sistemas
são feitos de uma forma que
os usuários possam escolher
quem pode e quem não pode
visualizar o conteúdo dos seus
posts. A idéia nasceu da seguin-
te questão: ‘o que você está
fazendo agora?’. A partir desse
ponto, o usuário faz pequenos
posts respondendo a questões
como ‘vou trabalhar agora’,
‘prestes a testar o meu celular
novo’ e ‘me preparando para
o almoço”, afirma James Della
Valle, editor de tecnologia do
portal iG (www.ig.com.br).
Segundo o especialista,
apesar da aparente banalidade,
o micro-blogging apresenta um
novo conceito de comunicação
on-line a ser aplicado daqui para
frente. “Empresas podem criar
comunidades específicas para
que seus empregados troquem
mensagens sobre o status de
suas tarefas, escolas podem
utilizar o serviço como mural
de recados digital, sites podem
divulgar suas atualizações para
sua base de usuários. Basica-
mente, ele é um sistema de
avisos. Mas, usuários podem
moldá-lo de acordo com sua
criatividade ou necessidade”.
Como funciona?
Para quem gosta de participar
da evolução do meio, a melhor
maneira de saber as possibi-
lidades do micro-blogging é
testando a sua eficácia. A boa
notícia é que seu uso não está
atrelado a nenhum grande com-
plicador técnico.
“Primeiro, é preciso se
cadastrar em algum serviço de
micro-blogging: Twitter (http://
twitter.com - o mais utilizado),
Pownce (http://pownce.com),
Jaiku (www.jaiku.com - compra-
do recentemente pelo Goo-
gle) ou Tumblr (www.tumblr.
com). Depois, é só configurar
a integração de alguns desses
serviços com o seu celular e
comunicador de mensagens
instantâneas (IM). O problema
desses serviços é que, para
atualizar via celular, você preci-
sa enviar um SMS internacional,
o que, dependendo do número
tecnologia na web :: 55
Tecnologia na Web
de atualizações, pode sair caro.
Neste caso, é melhor ter um
pacote de dados de alguma ope-
radora”, explica Tiago.
“Existem hoje várias ferra-
mentas que foram construídas
com a lógica do micro-blog-
ging. Todas têm suas particu-
laridades e seus campos de
atuação. O ideal é você encon-
trar uma que se ajuste as suas
manias diárias e começar a pu-
blicar pequenos pacotinhos de
conteúdo compulsivamente”,
orienta Pedro Markun, diretor
de TI do Jornal de Debates
(www.jornaldedebates.com.br).
A era do “nanoconteúdo”?
Uma das questões mais
interessantes envolvendo tal
conceito está presente na
limitação de caracteres na
publicação de conteúdo. Em
um mundo no qual a tecno-
logia se torna cada vez mais
“miniaturista”, podemos nível médio
dizer que o micro-blogging
anuncia a consolidação de
uma espécie de era do “nano-
conteúdo”?
“É comum existir uma
demanda por informações
curtas, objetivas e rápidas,
principalmente durante a
semana, quando as pessoas
estão, normalmente, muito
ocupadas com diversas tarefas
no dia-a-dia. Com a internet,
essa demanda começou a ser
56 :: Webdesign
“Vejo o micro-blogging como uma ferramenta que
possibilita a rápida distribuição de informações”
(Pedro Markun)
melhor atendida. Já existe até um termo - os
mediasnackers, pessoas que consomem peque-
nos pedaços de informações ao longo do dia.
Normalmente de fontes e em formatos variados
- vídeos de três minutos no YouTube, mensa-
gens no Twitter ou no IM, e posts pequenos em
blogs. Um dos grandes entusiastas da micro-
media é Jeremiah Owyang (www.web-strategist.
com/blog). E acredito que seja uma tendência,
o que não exclui a existência de uma mídia mais
low profile, por assim dizer, mais reflexiva e me-
nos imediatista”, aponta Tiago Dória, jornalista
e consultor de projetos web (http://tiagodoria.
blig.ig.com.br).
Para Markun, tal análise deve ser vista tam-
bém pelas mudanças no conceito de publicação
de conteúdo na web. “A limitação de caracteres
não é uma condição sinequanon. O Twitter tem
o limite para que a integração com SMS funcio-
ne de maneira adequada, já que esse sistema
tem restrições técnicas. A idéia por trás dos
micro-blogs é enxugar ao máximo a estrutura,
deixando apenas o conteúdo nu e cru. Em cima
desse movimento, sim, se cria uma espécie de
filosofia de linguagem que dita um padrão de
‘menos é mais”.
Uma nova ferramenta de comunicação corporativa
O uso pessoal do micro-blogging vem se
espalhando rapidamente, causando entre os
especialistas uma sensação de que o uso de tal
ferramenta possa ser ampliado para os ambien-
tes corporativos.
“Vejo o micro-blogging como uma ferra-
menta que possibilita a rápida distribuição de
informações. Um setor de marketing ou RH bem
munido de uma ferramenta dessas, em uma
empresa com consciência de rede, poderia fazer
articulações orgânicas com uma velocidade
muito maior do que pelas vias tradicionais. E,
claro, é sempre uma mão na roda para organizar
o happy hour em um ambiente onde as baias e
os horários dispersos dificultam a comunicação
direta”, aponta Markun.
Há quem cite ainda o fenômeno ocorrido
com os blogs. “Eles conquistaram seu espaço e
acredito que os micro-blogs seguirão o mesmo
caminho. A natureza dos textos curtos garante a
objetividade necessária para certos ambientes.
Dentro de uma empresa, ele pode funcionar
como um instant messenger coletivo, alertando
todos os envolvidos em uma determinada tarefa
sobre seus avanços ou problemas. A vantagem
é que o micro-blogging não precisará passar
pelo mesmo caminho dos blogs, antes tratado
com preconceito nas corporações. Uma empre-
sa madura saberá como lidar com eles. Óbvio,
deve haver um filtro que ajude a manter o foco”,
acrescenta James.
Integração com outros ambientes
Uma dúvida que surge em relação ao micro-blo-
gging é a possibilidade de sua integração com
os outros canais existentes na internet. “Ele
pode ser integrado de diversas formas. Você pode
utilizar a API (Application Programming Interface
- http://pt.wikipedia.org/wiki/API) dos sistemas
para integrar o micro-blogging com seu site, por
exemplo, criando uma área de notícias enviadas
por membros da equipe, colaboradores ou usuá-
rios que estejam autorizados a postar. Os próprios
projetos de micro-blogging oferecem plugins para
sites que funcionam dessa forma. Funciona até
como sistema de comentários”, diz James.
Alguns exemplos confirmam tal cenário. “O
site SplashCast (http://web.splashcast.net) per-
mite que as pessoas enviem o link de um vídeo
direto para a sua rede de contatos no Twitter. A
Capricho (http://twitter.com/capricho) o utiliza
para comentar os bastidores da redação. E devi-
do a sua API ser pública, o Twitter consegue ser
 tecnologia na web :: 57

integrado ao MSN e ao Flickr”, cita Dória.

Ou seja, a ferramenta vem exercendo a fun- Serviço de utilidade pública
ção de mais um canal de expressão na rede. “Eu
não tenho blog, por exemplo, porque compar- Uma das principais vantagens no uso do

tilho da visão de um amigo, André Avório, que micro-blogging se tornou pública recen-

remete a origem do termo e diz que todos nós temente, durante os incêndios que atin-

temos - querendo ou não - um ‘weblog’ ou, ras- giram a Califórnia, nos Estados Unidos.

tro na web, composto de frases no Twitter, fotos “O Corpo de Bombeiros de Los Angeles

no Flickr, comentários em posts e e-mails em aproveita a gratuidade no envio de SMS

listas de discussão. Assim sendo, vejo o micro- para mandar aos assinantes de seu perfil

blogging completamente integrado com todas no Twitter (http://twitter.com/LAFD)

as outras possibilidades na web, cabendo a cada alertas de incêndio pela cidade. As pes-

um buscar os seus diferentes canais de transmis- soas recebem as informações no celular.

são e recepção na web”, finaliza Markun. Durante os incêndios no final do mês de

outubro, a ferramenta foi muito utilizada,
principalmente por que a internet ficou
temporariamente fora do ar no local”,
revela Dória.
58 :: Webdesign
Por Bruno Viana (webdeveloper e pesquisador), Diego Maia (webdesigner),
Julio Pontes (webdeveloper) e W.Gabriel de Oliveira (gerente de marketing,
pesquisador webwriter) da Agência NOIX (www.noix.com.br). Contato:
joomla@noix.com.br.
Joomla!, mãos à obra! - Parte 2/4
Continuando nossa conversa sobre o Joomla!, trou-
xemos para esta edição algumas palavras sobre Compo-
nentes. Explicaremos o que é um Componente Joomla! e
como você mesmo poderá desenvolvê-lo.
Você verá como incrementar seu Joomla! com
aplicativos específicos para o que precisa, fugindo do
sistema limpo e seco da primeira instalação. Isto porque
o CMS possibilita a integração de vários Componentes
à sua estrutura. Tais componentes podem ser também
padrões (que vêm no ato da instalação) ou desenvolvidos
por terceiros e de instalação grátis ou não. Temos como
componentes padrões:
- Banners: administrador simples de banners. Com ele,
é possível inserir, por exemplo, banners de patrocínio com
possibilidade de um melhor controle de cliques e número
de exibições;
- Enquetes (Polls): junto com seu módulo, cria rapida-
mente uma enquete no site;
- Conteúdo (Content): considerado o mais impor-
tante Componente do Joomla!, porque é visto como o
coração deste CMS. Com ele, é possível criar o conteúdo
do site e gerenciá-lo. Também possibilita a divisão do
conteúdo do site por seções e categorias, facilitando a
publicação de conteúdo.
Para aqueles, porém, que desejam mais opções a seu
site sem precisar comprar uma solução de outros desen-
volvedores, existem Componentes Joomla! distribuídos de
maneira free na internet.
Você pode encontrar estes componentes, organi-
zados por categoria, no endereço http://extensions.
joomla.org/. Caso deseje ver a lista de componentes já
instalados no seu CMS, você pode acessar o menu Com-
ponentes, na barra de ferramentas do seu Joomla!.
Lembrando que Componentes são facilmente insta-
lados e desinstalados. Eles vêm em formato “.zip”, com
todos os arquivos de Back-end, Front-end e XML compac-
tados, prontos para você fazer upload para o Joomla! e
começar a usá-los.
DOCMAN
Componente gerenciador de documentos, através
do qual o desenvolvedor pode categorizar arquivos
e disponibilizá-los para download no site. Alguns dos
maiores diferenciais do DOCMAN são a possibilidade de
upload de arquivos em lote, a facilidade na modificação
do layout do Componente com os temas que ele traz, a
opção de hospedar todos os arquivos no servidor local
ou externamente e a realização de acompanhamento do
Componente através de estatísticas, com um contador
de downloads e logs. Mais informações sobre o DOC-
MAN podem ser adquiridas no site http://joomlacode.
org/gf/project/docman/news/.
RS GALLERY2
Componente gerenciador de galeria de imagens. Por
meio dele, você pode facilmente criar em seu Joomla!
sua galeria de imagens personalizada. Uma das grandes
vantagens deste gerenciador de galeria de imagens é
a possibilidade de upload em lote de imagens. Ou seja,
muitas imagens juntas, compactadas em formato “.zip”,
podem ser enviadas de uma só vez para o gerenciador,
que vai descompactá-las sem problemas, fazendo unzip
automaticamente.
JACLPLUS
Componente que lhe permite cadastrar novos grupos
de usuário na área administrativa do Joomla!. Observe
a listagem padrão de grupos de usuários do CMS. Você
ainda tem a possibilidade de editar um grupo.
Veja no exemplo do grupo “Manager”, a seguir, esta
edição. Na edição, é possível ver todas as permissões de
acesso que este grupo tem, como:
- Adicionar conteúdo
- Editar conteúdo
- Publicar conteúdo
- Editar itens listados na pagina inicial (com_frontpage)
- Permissão para acesso ao “Media Manager”
- Permissão negada para editar módulos
- Permissão para logar na área administrativa do site.
 tecnologia na web :: 59

Observação: este componente é um HACK para Joomla!, ou seja,

um componente que altera o código do Joomla! original. Por isso,
muita cautela e atenção no momento de instalá-lo.

Criando um componente
Agora, explicaremos como criar seu componente, com todos os arqui-
vos Back-end, Front-end e XML compactados em formato “.zip” para
serem instalados no Joomla!. Vamos desenvolver um Componente de
Eventos. Com ele, você poderá cadastrar eventos em seu site, infor-
mando nome, data do acontecimento e o local. Tudo a partir de um
módulo na página principal, que mostrará em uma pequena listagem
dos eventos por mês.
Para entender a estrutura, é importante saber que o Compo-
nente Joomla! se divide em duas partes: Back-end e Front-end.
Back-end é a parte administrativa do Componente, que ficará dentro
do Joomla!! com acesso restrito por login e senha. Já Front-end é a
parte mostrada na interface do site, que todos podem ver.
Fazer um componente é como se fosse uma receita de bolo: não
é complicado, basta seguir o passo a passo. Você pode encontrar
outros passo a passo iniciais muito bons com o pessoal joomla.com.
br (http://www.joomla.com.br/artigos-e-tutoriais/tutoriais/progra-
mando-componentes-para-joomla-parte-1.html).
Para começar o desenvolvimento do Back-end de seu Compo-
nente de Eventos, você deverá criar os seguintes arquivos: admin.
eventos.php, admin.eventos.html.php, eventos.class.php, toolbar.
eventos.php, toolbar.eventos.html.php, eventos.xml, install.eventos.
php e uninstall.eventos.php. Agora que conhece quais arquivos preci-
sa criar para o Back-end, veja como fazê-los:

1) admin.eventos.php
Fará parte do controle das atividades do componente. Quando aces-
samos: http://www.seusite.com.br/index.php?option=com_eventos,
enviamos pela URL alguns parâmetros para o Joomla!, que neste
caso é o “option”. O parâmetro option informa qual componente
estamos acessando, podendo assim visualizar o seu conteúdo de
acordo com o acesso permitido para o seu usuário. A princípio,
vamos trabalhar com a administração do site, portanto o endereço
acessado vai ser: http://www.seusite.com.br/administrator/index.
php?option=com_eventos.
Informando o parâmetro “option” com o valor “com_eventos”,
estamos dizendo ao Joomla! que ele deve acessar o componente
de eventos e por estarmos na parte administrativa do site o arquivo
60 :: Webdesign

que o Joomla! acessará vai ser o admin.eventos.php. Ele 5) toolbar.eventos.html.php

será o responsável por receptar as tarefas (tasks) que o Dará a listagem dos menus.
usuário está tentando realizar (através do endereço) e
realizar um determinado procedimento de acordo com a
tarefa escolhida.
Com este código temos a possibilidade de realizar as
seguintes tarefas: Criar eventos (new), editar (Edit), sal-
var eventos novos ou existentes (save), excluir (remove)
ou listar eventos(list).
Se o endereço acessado for: http://www.seusi-
te.com.br/administrator/index.php?option=com_
eventos&task=new, estamos dizendo que o valor do parâ-
metro task (ou seja a tarefa que queremos realizar) é new.
Informando assim, ao Joomla!, que queremos criar
um novo evento. Se o valor de task fosse “save”, por
exemplo, o Joomla! chamaria a tarefa “save” dentro do
6) eventos.xml
arquivo admin.eventos.php, que por sua vez chamaria a
Possibilita a instalação do componente, pois faz um ma-
função “saveEvento()”, que realizaria todos os procedi-
peamento de todos os arquivos que compõem o compo-
mentos necessários para salvar o evento.
nente criado, como imagens, SQL’s, PHP’s etc.;

2) admin.eventos.html.php
7) install.eventos.php
Layout do componente. Este arquivo contém todos
Este arquivo lhe permite colocar uma mensagem final
os HTML’s usados. Quando uma tarefa é chamada no
após a instalação. Você pode, por exemplo, colocar uma
Joomla!, ela executa uma função que por sua vez deve
instrução de como utilizar o componente ou os créditos
chamar uma classe HTML e seu respectivo método para
do desenvolvedor.
exibir o HTML.

3)eventos.class.php
Ligará o componente ao banco de dados. Este arquivo con-
tém uma classe que vai tratar da parte do banco de dados.

8) uninstall.eventos.php
Para a remoção do componente.

4) toolbar.eventos.php
Fará parte do controle dos menus do componente. Ok, os arquivos Back-end de seu Componente de
Eventos estão criados. Veja na próxima edição como
criar os arquivos de Front-end e de XML, para depois
apenas compactá-los em formato “.zip” e instalá-los em
seu Joomla! Até a próxima.
tecnologia na web :: 61
64 :: Webdesign
66 :: Webdesign
Nasceu e cresceu no Brasil, onde
estudou Design e Marketing (sem
terminar) até que teve a oportunidade
de ir para o Japão. Trabalhou como
designer de revistas e jornais até se
tornar editor de arte (e posteriormente
editor) de uma editora japonesa. Em
2001, a editora alemã TASCHEN
(www.taschen.com) o contratou
para ser o editor responsável pelas
áreas de design e pop culture. Por lá,
desenvolve o programa de títulos nas
áreas de propaganda, graphic design,
web, animação etc.
J.Wiedemann@taschen.com
Precisa-se de cérebro. Com diversidade
Julius Wiedemann
No festival de publicidade
em Cannes no ano passado,
escutei algo simples e que, ao
mesmo tempo, não saiu mais da
minha cabeça. Num painel de
discussão com várias profissio-
nais, entre eles, o presidente do
grupo Publicis, Maurice Levy,
e o presidente da JC Decaux
(segunda maior empresa de
outdoors do mundo), Jean-
Francois Decaux, foi dito mais
ou menos o seguinte: hoje em
dia, não interessa em que área
você atue, todas as empresas
são concorrentes. Por talento.
A corrida por profissio-
nais que pensem em inovação,
produtividade, trabalho duro,
novas idéias e, finalmente, se
possível, lealdade, está sendo
disputada fora do espectro
de uma área. Nesse sentido,
a procura (e o encontrar) de
uma pessoa que pode fazer a
diferença ficaram relativamente
mais complexas. Significaria
dizer que agências do porte
da TBWA, McCann, Dentsu ou
Saatchi & Saatchi disputam
profissionais com Google, HP,
HSBC e Nike.
A dança das cadeiras se
estendeu por um campo muito
maior, não se limitando a uma
“O nível de transformação hoje é
tão dramático, que antecipar as
mudanças não é mais suficiente.
Mais importante é inovar”
área específica. E as notícias con-
firmam. Recentemente, o Google
contratou o executivo Andy Bern-
dt, co-presidente da Ogilvy &
Mather, para comandar o recente
criado Creative Labs Unit.
Isso coincide diretamente
com a multidisciplinaridade e
interdisciplinaridade de tudo
que estamos fazendo. Não
interessa para onde você olhe,
qualquer empresa que lide com
comunicação precisa mais do
que nunca de gente que olhe o
todo, e mesmo sem entender de
tecnologias específicas, pode
entender como elas afetam suas
iniciativas, seu ramo de atuação,
e sabe incorporá-la se isso for
necessário. O nível de transfor-
mação hoje é tão dramático,
que antecipar as mudanças não
é mais suficiente. Mais impor-
tante é inovar.
Recentemente, numa visita
a agência americana RG/A, que
abriu um escritório em Londres,
conversei com sua vice-presi-
dente de comunicação sobre o
processo, principalmente quan-
do se abre um escritório fora.
São muitas variantes e eles me
disseram que a filial de Londres
deveria ser bem independente
de Nova Iorque, e não atuar
apenas como uma subsidiária.
Por isso, eles queriam re-
almente investir nos profissio-
nais. Porém, no mercado inglês,
“tirar” profissionais de outras
agências é bem mais demora-
do que nos EUA, onde depois
de duas semanas a pessoa já
se transferiu. Eles finalmente
contrataram um creative recrui-
ter para poder dar conta das
demandas.
Umas das coisas que sem-
pre me fascinou dentro das áre-
as de criação foi a diversidade
dos currículos e das formações.
Eu mesmo posso ser classifi-
cado como um exemplo talvez
esdrúxulo, pois comecei dois
cursos superiores e acabei por
não terminar nenhum (mas isso
dá um outro artigo). Toda vez
que estou no quartel-general
da TASCHEN na Alemanha (uma
vez por mês), me divirto quando
sento para almoçar com meus
colegas e deixo eles falarem
sobre suas experiências de vida.
Sempre dizemos que se
você tiver um CV tradicional
será praticamente impossível
ser contratado pela empresa.
Meu editor assistente lá, que
também é brasileiro, já teve
banda de reggae, pratica 500

esportes, é casado com uma alemã e, nas horas
vagas, comanda uma nova banda de música (de
alemães mesmo, é sério, ele é o único brazuca),
além de estar lançando em breve um álbum solo.
Outro exemplo é de um colaborador meu
de longa data, Ricardo Gimenes, recentemente
contratado em Londres pela W3Haus de Porto
Alegre, para trabalhar em São Paulo, com provável
transferência para a filial londrina. Gimenes é um
desses profissionais especiais, que entende de
criação no que vai de vídeo a web, de CMS a Flash,
de HTML a animação. A W3Haus está expandindo
e precisa de gente para dar conta dos desafios da
alta demanda criativa que é imposta pela indús-
tria. Para um produto sair hoje de uma idéia e
chegar as prateleiras, ele exige a interação e/ou
trabalho em cadeia de milhares de profissionais.
Não é que todos temos de ser tão flexíveis,
mas em certas áreas, e também empresas, isso
nem significa que você terá de ser pau para
toda obra, tem mais a ver com a velocidade com
que você vai reagir e conseguir resolver muitos
problemas. E, na internet, velocidade é tudo. Se
você quer assistir um palestra fantástica sobre o
tema “criatividade e educação”, vá ao site ted.
com e procure a palestra de Sir Ken Robinson.
Julius Wiedemann - internacional :: 67
com a palavra
Basicamente, ele advoga uma mudança radical
no nosso sistema de ensino, que deveria colocar
criatividade na mesma prioridade de literatura.
Nos tempos de user experience, nunca se
deu tanto valor a experiência de vida do profis-
sional. Empresas que pensam à frente sabem que
isso pode fazer a diferença. Pesa também o fato
dessas mesmas saberem incentivar a diversidade
aos seus funcionários. Isso é difícil de se fazer
quando tem que se contratar em larga escala,
como é o caso de grandes corporações. Mas mes-
mo elas sabem que hoje a mão de obra qualificada
não é abundante, na verdade bem o contrário.
Profissionais focados e especializados vão
estar sempre aí, inclusive dentro de estúdios e
agências. Mas, minha conclusão tem sido que
as experiências que eu persigo, tem certamente
sido contribuintes para a execução dos projetos
que coordeno e para os livros que edito. Nesse
momento, finalizo um guia dos melhores tips
para ter sucesso na web, sempre com os “o que
fazer” e “os que não fazer”. Foi incrível poder
recolher exemplos de mais de 150 profissionais
depois dos nossos briefings. A riqueza da vida é
a diversidade e diria que é a da internet também.
68 :: Webdesign
User Experience Evangelist da
Microsoft Brasil. É profissional de
internet desde 1996, passou pelas
maiores agências e empresas do
país: Wunderman, AlmapBBDO,
AgênciaClick, Banco Real ABN
AMRO. É criador da “usina.com”,
portal focado no mundo on-line,
e d o “ r a d i n h o d e p i l h a ” ( w w w.
radinhodepilha.com), comunidade
de profissionais da área.
rene@usina.com
First life first
Para onde o sono me leva
René de Paula Jr.
eu nunca sei, mas a volta eu
bem conheço: o despertar pas-
sa sempre por um breve limbo,
um mergulho no amorfo, bons
segundos em suspenso até que
eu aceite, quer queira quer não,
que acordei na mesma cama,
no mesmo quarto e que o sol,
ainda mais teimoso que eu,
vai nascer lá no seu canto sem
maiores cerimônias.
Dez anos atrás era assim.
Daqui a mais dez anos também.
Hoje, porém, desligo o alarme
do smartphone, confiro a hora,
e ainda na cama dou uma breve
olhada nos meus e-mails. Se eu
descuidar da agenda, o que não
é incomum, uma voz metálica há
de me avisar a tempo: weekly
conference call in thirty minu-
tes. Ou vai me alertar, impecá-
vel, que tenho uma high priority
message from... minha chefe.
Ou, do chuveiro, vou ouvir
alguém me ligar e o danadinho
dizer call from fulano de tal.
Nem me preocupo, o fulano
pode me deixar recado; se ele
me ligou no escritório e deixou
mensagem, seu recado vai virar
um arquivo de áudio e eu o re-
cebo anexado por e-mail, para
escutá-lo quando quiser. Sem
stress. Há dez anos acordar não
“Progresso é isso: algumas gerações
de tecnólogos e pronto, o mundo
nos envolveu como um útero elétrico
com torneiras, tomadas, asfalto e
amenidades ao alcance da mão”
era assim, eu não “ouvia vozes”.
Como acordarei em 2017?
Outro dia, num evento da
Microsoft, estava eu com meus
pares (outros User Experience
Evangelists) refletindo sobre o
futuro, sobre como a tecnologia
haveria de se desenvolver, so-
bre tendências e tal. Pensou-se
de tudo um pouco, e o exercí-
cio foi bom. Foi tão bom que
me peguei pensando cada vez
mais no futuro e no presente e,
sobretudo, no passado, em épo-
cas onde o nosso entorno não
era assim tão acolhedor. Água?
Tinha que buscar. Fogo? Tinha
que fazer. Chão? Cuidado onde
pisa. Céu? Uma caixinha de
surpresas. Dia? Labuta. Noite?
Perigos. Partir era morrer um
pouco, e na dúvida melhor levar
cantil, punhal, carne seca e fós-
foros. Ups, não havia fósforos.
Hoje, felizmente, tem uma
padaria bárbara na esquina e
só não vou de chinelos porque,
well, detesto chinelos. Mas eu
bem que podia. Se eu levar o
celular e uns trocados já estou
coberto. Levo minha câmera por
vício, e meu canivete suíço por
sentimentalidade.
Progresso é isso: algumas
gerações de tecnólogos e
pronto, o mundo nos envolveu
como um útero elétrico com
torneiras, tomadas, asfalto e
amenidades ao alcance da mão.
Não preciso levar um arsenal
comigo. Basta um smartphone
e meu escritório me acompa-
nha no bolso. Levo na palma
da mão o conhecimento quase
inteiro da humanidade a um
search de distância numa
telinha colorida. Um pequeno
peso extra no bolso me tira dos
ombros o fardo de memorizar,
saber, lembrar, me preocupar
constantemente.
E daqui a dez anos? Vou an-
dar carregado de mais gadgets
por todos os bolsos apitando e
piscando e vibrando e ficando
sem bateria, como uma árvore
de natal fantasiada de robo-
cop? Ou (e essa é minha apos-
ta) vamos andar cada vez mais
desarmados, despreocupados,
cada vez mais humanos? Well,
não sei quanto a você, mas para
mim futuro não tem cara de
second life nem de metaversos,
futuro para mim é first life first.
E cada vez mais versos :^)
Podem me mandar para te-
rapia, podem me acusar do que
for, mas eu quero mais é que
o mundo seja a minha, a tua,
a nossa ostra. Compromissos?
Agenda? Lembrar aniversários

e contas a pagar? Isso eu relegarei de muito bom
grado à meu “rené virtual”, um agente virtual que
há de ficar lá na second ou third life cuidando dos
meus problemas quietinho e só há de me avisar
para coisas do tipo:
- René, agora que chegamos em Madri e que
você tem a tarde livre e o tempo será belíssimo,
que tal assinarmos durante a sua estada um ser-
viço local de dicas de entretenimento e cultura?
Ele é gratuito se você aceitar sugestões persona-
lizadas de compras nas imediações em que você
estiver. Vamos testá-lo?
Eu vou aceitar prontamente e vou ficar muito
feliz quando meu second-rené me disser:
- Que bom que você aceitou o serviço,
porque hoje há uma feira de livros antigos no
caminho do Museu Reina Sofia e basta esperar o
ônibus ali na esquina e eu te aviso quando saltar.
Essa feira está superbem cotada este ano. Aliás,
quer que eu compartilhe com seus amigos onde
você está e mande suas fotos?
Como meu “anjo da guarda” vai falar comi-
go? Imagino que... De todas as maneiras. Se eu
colocar meu fone de ouvido (como o headset
René de Paula Jr - marketing :: 69
com a palavra
Bluetooth que tenho hoje), eu o escuto e ele me
escuta. Se eu preferir, posso continuar intera-
gindo com ele no meu celular por voz, e vendo
imagens na telinha. Se eu precisar de um display
maior, eu transfiro a conversa para qualquer com-
putador conectado.
A mesma experiência, a mesma riqueza de
interação em qualquer interface que eu escolha,
o tempo todo, quando e somente quando eu
quiser. Alguém desenvolveu algum plug-in ou
mash-up de algum serviço bacana? Eu o adiciono
ao meu second-rené como o adiciono ao meu
perfil no facebook. Um universo inteiro de Intero-
perabilidade e Open Standards e serviços plug-
and-play para nossos eus virtuais num mundo de
augmented reality e pervasive computing.
Que meu second-rené cuide de tudo enquan-
to eu faço o que ninguém pode fazer por mim:
viver. Enquanto isso não vem, vou matutando em
como há de ser desenhar experiências de usuário
num cenário desse tipo. Vá pensando também,
antes que outro designer de carne e osso pense
antes de você ;^)
70 :: Webdesign
V ice-Presidente de Criação da
A g ê n c i a C l i c k . Tr a b a l h a c o m
propaganda interativa há mais
10 anos. Acumula prêmios e
participação como jurado em quase
todos os festivais internacionais,
incluindo CannesLion, London
Festival, One Show NY e outros.
É membro da Academia de Artes
e Ciências Digitais de Nova Iorque
e responsável pelas estratégias
criativas da AgênciaClick.
http://ricfigueira.blogspot.com
Cuidado com o oba-oba criativo
Ricardo Figueira
É a mais pura verdade que
todo mundo tem o direito e o
dever de ter boas idéias, boas so-
luções, boas inspirações e até as-
pirações para que as dificuldades
da vida ou até as necessidades
de um cliente sejam resolvidas.
No entanto, para cada um,
existe um processo que é basea-
do nas suas características indivi-
duais. Algumas pessoas são mais
imediatistas, outras práticas,
umas racionais, existem também
os viajandões, os intimistas e
até os Barbárvores que levam
300 anos para falar, mas quando
falam vale cada segundo em
que permaneceu calado. Tenho
certeza que cada um tem a sua
solução baseada no seu estilo de
ser e de suas referências.
Porém, o que tem aconte-
cido muito por aí é o estabeleci-
mento como modelo de proces-
so criativo a simples exposição
de insights e dinâmicas de dis-
cussão multidisciplinar, ou seja,
com certeza será considerado
como criativo o que será mais
coerente inicialmente, o que to-
das as partes concordarem e o
que por fim não for discrepante
para os objetivos básicos.
Só que, infelizmente, numa
reunião de dinâmica dessa
“A democratização do insight
ou da participação de um
brainstorm é importantíssimo, mas
definitivamente não é sinônimo de
um produto criativo”
natureza só há espaço para o
desenvolvimento das primeiras
idéias que vêm na cabeça de
cada um que estiver ali, isso
quando os outros não estão ou-
vindo absolutamente nada, pois
estão construindo mentalmente
alguma coisa para falar quando
o próximo calar-se. São reuniões
típicas, onde se passam horas
falando sobre obviedades,
sobre as referências comuns a
todos, além de chegar a um sen-
so quase sempre previsível.
Mas isso não é culpa dos
envolvidos e sim do processo
em si. Isso aconteceria com
qualquer sala repleta de gênios.
Imaginem só, Da Vinci, Van Gogh,
Gandhi, Vinícius de Moraes e Da-
rwin tentando resolver qualquer
coisa em conjunto. Não tenho
a menor dúvida que se saíssem
dois vivos dessa reunião já seria
muito. E o produto da reunião?
Talvez o que Darwin chamaria de
“teoria da confusão”.
Agora faz o seguinte,
experimente fazer o contrário:
imagine dar um tempo para um
desses gênios ou qualquer pes-
soa, um reles mortal se debruçar
individualmente ou no máximo
em dupla, em tripla, ou até em
quadra, mas respeitando acima
de tudo afinidade e a sintonia
(palavra boa para esse caso) e
instiguem-os a visitarem seu
repertório, seu consciente, seu
subconsciente, fazerem todas
as associações possíveis, previ-
síveis e imprevisíveis, misturá-
las, ir para frente, ir para trás,
selecionar várias, invertê-las, e
no momento em que cada um
tiver com o que for de melhor
no seu jeito de pensar apresen-
te em uma reunião. Essa reunião
deve ser bem orientada, onde
em cada momento um apresen-
ta e os outros absorvem, ouvem
e colocam sua contribuição.
Eu não tenho a menor
dúvida de que todos terão
excelentes colaborações em
todas as soluções, e que as so-
luções encontradas não teriam
tanta força e riqueza se não
tivessem sido buscadas num
processo realmente criativo. E
o que é um processo criativo?
É essa atividade que busca, a
concentração, a atitude de re-
fletir internamente e de tentar
encontrar algo inesperado ou
algo que sensibilize, que toque
e realmente fale algo de novo
ou de uma forma nova.
Bem, é assim que nesse
mesmo processo também surge
 Ricardo Figueira - publicidade on-line :: 71

com a palavra
um escultor que pode fazer uma excelente compo-
sição ou até mesmo um pintor que pode resolver
enigmas matemáticos. É uma questão de concen-
tração, de criação, não de repentismo, chutaísmo
ou discussão, seja você um planejador, um diretor
de arte, um atendimento, um jogador de golfe ou
um DJ que vai colocar um som numa festa.
Ah, lembrei-me agora daqueles shows be-
neficentes do tipo Live Aid ou SOS Planet Earth
em que no final sobem no palco dez bandas para
tocar a última música junto. Aquilo é um horror e
não passa de uma política romana antiga do pão
e circo. Mas, e você, afinal, o que você preferiria:
ter dez mp3 de músicas tocadas por dez bandas
juntas ou dez mp3 com as melhores músicas des-
sas dez bandas?
72 :: Webdesign
PhD em Comunicação Digital, já
dirigiu a divisão de internet de
algumas das maiores agências
de propaganda e de alguns dos
maiores portais do Brasil. Hoje,
é Professor-Doutor da ECA-USP,
Diretor Associado do Museu de
Arte Contemporânea e consultor
i n d e p e n d e n t e . A u t o r d o l i v ro
‘design/web/design:2’, administra
uma comunidade de difusão do
conhecimento digital pelo País.
webdesign@luli.com.br
Acredite. É bom jogar videogames
Então você gosta de jogar.
Luli Radfahrer
Mas não aquele jogo físico,
suarento e cansativo que as
pessoas chamam de “esporte”.
Nem aquele tipo previsível, de
tabuleiro ou cartas, com preten-
sões intelectuais ou financeiras.
Nada disso. O jogo que você
gosta é digital, de preferência
on-line, se possível multiplayer.
A sua disputa é de imersão. Ela
tira o sono, a fome, a vontade
de sair. É tão envolvente que
prende toda a sua atenção e faz
com que o tempo voe lá fora.
Você passa dias e noites jogan-
do, uma verdadeira mania. Um
fim de semana a jogar é, para
você, um programão.
Não é preciso nem dizer
que essa sua predileção não é
compartilhada por muitos. A
maioria, aliás, acha esse hábito
esquisito. Seja lá por que moti-
vos, as pessoas adoram com-
pará-lo a uma coisa besta como
TV. Os mais radicais chegam a
classificá-lo como “doentio” e
se queixam que você se isola do
mundo, que não vê os amigos,
nhenhenhenhenhé. Indiferente a
essas bobagens, você continua
a jogar. Até porque seus amigos
também estão conectados. Por
que você joga? Porque sim,
“Atormentam você por gostar de
videogames? Pois azar deles”
pronto. Pena que os que com-
preendem você sejam normal-
mente companheiros na ativida-
de, falem em termos técnicos e
tenham atitudes tão exageradas
que a defesa deles não ajuda.
Não é preciso examinar os
argumentos de quem não gosta
desse tipo de jogo, de tão ób-
vios e repetitivos que eles são.
É divertido, no entanto, compa-
rá-los ao que diziam do mundo
digital há uns cinco ou dez anos.
Naquela época, quem passasse
o tempo todo na frente do com-
putador seria chamado de nerd,
ouviria bobagens a respeito de
sua vida social, de sua visão,
seu cérebro. Não tardariam a
levantar preocupações quanto
a desenvolver um raquitismo
ou apatia típicos de presidiário
sem atividade física, ou, pior,
virar um dependente psíquico.
Ser chamado de “usuário”, sob
o ponto de vista que as pesso-
as poderiam ser “viciadas em
internet” (seja lá o que isso sig-
nificasse), era, nesses termos,
bastante apropriado.
Acredito que quem comba-
ta videogames provavelmente o
faça por não ter visto nada mui-
to mais novo que um Pac Man
ou um Tetris, certamente nada
feito nos últimos dez anos. Nes-
se caso, sou forçado a concordar
com muitos de seus argumentos.
Até há pouco tempo eram pou-
cos os jogos verdadeiramente
novos. Pouca gente fala, mas da
mesma forma que a web 2.0 deu
aos sites sua verdadeira razão
de ser, os jogos de computador
também sofreram uma revolução
recente. Pena que, como todas
as outras, ela tenha ficado restri-
ta ao nicho.
Prefiro atacar, neste
artigo, aqueles que defendem
os games. Minha bronca real
é com eles. Seja qual forem
suas intenções ou o título que
ostentem em suas pesquisas,
seus argumentos são muito,
muito fracos. Ao fazerem uma
defesa ruim, a maioria acaba
fazendo mais mal do que bem.
Um de seus principais argumen-
tos é uma suposta contribuição
para a melhoria da coordenação
visual e motora. Não é errado,
mas é pouco. E, mesmo assim,
não há certeza. A única melhoria
efetivamente comprovada é que
a prática de jogar aumenta a
capacidade de jogar.
Defender um benefício
fisiológico desses é como
defender a dança por ser uma

atividade cardiovascular. Ou a leitura dos gran-
des romances porque eles podem aumentar seu
vocabulário. Existem vantagens bem mais claras
e úteis. Uma das mais evidentes, apesar de pouco
comentada, é que jogos demandam paciência.
Em um mundo cada vez mais estressado e conec-
tado, essa virtude ancestral é muitas vezes esque-
cida. No entanto, por mais que um jogador de
Grand Theft Auto pareça nervoso, seu caminho
certamente envolveu um grande número de horas
em que, pacientemente, aprendeu as regras e a
forma de locomoção em seu mundo.
A propósito, não é estranho que a maioria
dos games mais pareça tortura que diversão? Um
jogador experiente certamente passou muito,
muito tempo realizando tarefas monótonas e
repetitivas. Sem contar o tempo que, para apren-
der a fazê-las, ficou frustrado ou desorientado. É
impressionante o quanto se passa sem se divertir
por ali. Se é assim, por que raios um indivíduo
comum, que não tem grandes emoções em seu
cotidiano, se empolga a levar uma vida ainda
mais besta em um ambiente digital?
É quase inevitável a comparação entre o ato
de jogar videogames e o de aprender a utilizar
novas tecnologias. Como em Flash ou Photoshop,
os manuais só são consultados em último caso.
Antes deles, fóruns de discussão e dicas de ami-
gos são bem mais populares. Como na vida real
e profissional, as leis implícitas do mundo dos
Luli Radfahrer - webdesign :: 73
com a palavra
aplicativos digitais são determinadas à medida
que se progride na interface. As regras são ape-
nas linhas gerais, cada um é forçado a descobrir
o que deve fazer para se dar bem.
Se para você isso parece um desperdício
de energia, saiba que há um processo bastante
parecido na vida real. Ele se chama metodologia
científica. Não que jogador de Halo ou Warcraft
(ou Counter Strike ou Ultima) seja equivalente a
um pesquisador, longe disso, ele está mais para
o freqüentador de um clube de strip-tease. Mas
tem, como o cientista, um enorme desejo de ver
o que há na próxima etapa. Até a indústria dos
games chegar à sua maturidade, não havia forma
de entretenimento que fosse capaz de proporcio-
nar um ambiente desses, não há como explorar
filmes, música ou TV.
A grande vantagem dos novos jogos, enfim,
não está no que se pensa, mas na forma como
pensa. Ao jogar, o indivíduo é forçado a tomar
decisões o tempo todo. Elas envolvem áreas tão
complexas quanto análise de sistemas, teoria de
probabilidades e reconhecimento de padrões.
O resultado de tudo isso é uma bela musculação
mental. Eu não me espantaria se, em pouco tem-
po, videogames virassem pré-requisitos para um
vestibular ou currículo.
E o mais legal disso tudo é que eu não
jogo. Ainda.
74 :: Webdesign

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