Pois é, Adalgisa. Continuando a nossa conversa e partilha de reflexão.
Pelo que li temos experiências diferentes, mas conjugantes.
Se me é permitido, julgo redundante a separação quase hostil dos conceitos de
uma BE actual de uma BE dos tempos antigos em que se encerrava na theka. Reverencio todos aqueles que mantiveram viva a chama do espaço venerável do livro.
Sem dúvida que o paradigma tecnológico e a evolução estonteante da
comunicação da informação teriam mais tarde ou mais cedo de entrar e transmutar a BE.
Há cerca de quinze anos que descobri o incrível companheirismo e fui
assistindo e participando à grande transformação da sociedade indirectamente proporcional à minha natural e conhecida (por alguns) a pouca apetência para a tecnologia, não deixando de fazer cursos para alicerçar. E estava expectante quando é que este mundo que rodopiava lá fora batia à porta da Biblio-Theka. E entrou fulgurante e revolucionou estantes, espaços, abordagens e fundamentalmente novas práticas. Mas discordo que a BE só agora se tornou centro das aprendizagens e da construção do conhecimento. A BE já o era: foi/é ela o meu referente de construção do conhecimento. Todos os que estamos aqui (e os que não estão) são filhos vitoriosos que passaram de uma forma ou de outra por essa BE.
As privilegiadas são as nossas crianças que vão usufruir de uma BE
direccionada para elas, como um saborosíssimo bolo de chocolate- conhecimento. Que o saibam saborear e crescer!
Sem dúvida, a BE era apenas uma pequena e singela carruagem do comboio-
das-aprendizagens; agora está a tornar-se a máquina que o conduz ou pelo menos o painel de comando de toda a engrenagem. É uma responsabilidade incomensurável a que está a baixar sobre os ombros dos professores- bibliotecários. Têm que fazer movimentar todas as peças da engrenagem e cá estamos para fazê-lo com vontade, fundamentação e tenacidade.
Porém, se as carruagens fossem iluminadas ou pelo menos os dispositivos que
unem as carruagens fossem oleados, limpos e revestidos de íman, todo o processo começaria a rolar sobre carris. E, entrementes, o professor- bibliotecário colocava na plataforma-biblioteca todos os intervenientes e os projectos colaborativos assumiam-se como tal. Assim, sugiro que a RBE poderia criar acções de formação para todos os professores para esta filosofia e praxis; e/ou documentos sugestivamente elucidativos dirigidos aos Directores das Escolas para serem difundidos por todos os professores e para serem analisados em cada Departamento, com a entrega de uma síntese que seria avaliada pela RBE, com a participação do professor-bibliotecário.
Fica a sugestão para coadjuvar a “olear” a inércia, o comodismo, o
“departamentismo” e, nos dias de hoje, um certo desencanto e talvez uma certa ostracização de quem trabalha na BE/CRE. A maior parte dos professores nem sequer vai à BE/CRE. Ou se entra, vai directo à secretária assinar as horas de estabelecimento, de substituição, de atendimento aos alunos, entrando e saindo em linha recta que é o espaço mais curto entre a porta e o caderno/dossier. Muitos nem olham para a sala, para os alunos que lá estão. E atrair este imenso comboio que tem como estação principal “Sucesso Educativo”, é deveras aliciante, mas também magnificamente megalómano.
Perdoem-me a metáfora, mas as ideias foram saltando em cadência pouca-
terra-pouca-terra (na viagem Braga-Aveiro) ou biblioteca-nova-biblioteca-nova, conjugando conteúdos, administração/gestão, ambientes virtuais de aprendizagem e currículo, numa avaliação atenta, investigadora e contínua.