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02
Castelo de São Jorge
uma proposta para o acesso turístico
com um átrio e elevadores
uma solução arquitectónica urbanística
no coração de
LISBOA
O Abobadão
ou seja o Salão Lisboa
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Jorge
oficial do exercito do império romano,
intrépido guerreiro a favor de Jesus da Nazareth,
foi aclamado santo pelo povo no Século III.
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cidadãos de Lisboa, sede bem-vindos!
Há uma solução
para superar todos estes problemas técnicos e humanos:
um átrio subterrâneo por baixo do castelo,
comunicando directamente com este por meio de elevadores.
Este livro
propõe e documenta uma ideia-projecto,
que na fase actual é mais ideia e menos projecto,
por falta de dados técnicos e de uma encomenda oficial.
São hipóteses,
ideias para um possível futuro projecto,
e reflexões filosóficas em apoio destas ideias.
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Castelo de São Jorge
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ideia mor
muitos elevadores
muitas entradas
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ideia mor
«serendipidade»
o átrio transforma-se em átrio
o Abobadão
uma praça publica só para peões
sem rodas nem motores
para uma serena convivência.
o Abobadão
completa o coração de uma metrópole
em constante expansão
com uma nova consciência
a maior dignidade de Lisboa.
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castelo
acessibilidade
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turismo
Embora o principal assunto deste 'romance' seja o Abobadão, temos de
tratar do tema turismo devido à estreita correlação entre eles.
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turismo
carácter de turismo muda totalmente e causa uma reviravolta do seu
significado: primeiro, eram os turistas a parte activa, enquanto agora
são os países que fazem atraentes convites, publicidade e promessas de
beleza, de atracções especiais e comodidade de serviços. Agora está
numa florescente indústria. Os países criam novos objectos de interesses
como uma Disneylândia e vários outros artifícios, luna-parques, jardins
zoológicos, campos de golfe e parques temáticos; na América há mesmo
uma cópia completa em tamanho natural de Veneza a que não faltam as
gôndolas e gondoleiros com chapéu de palha e fita colorida.
Passo a contar um pequeno episódio. Um dia fui a Veneza mostrar a
cidade lagunar a um sobrinho meu. De carro passámos a Ponte della
Libertà (ponte feita para facilitar o turismo, mas com muitos protestos
dos ambientalistas), uma praça com uma grande confusão de trânsito,
auto-silo de cinco andares, e depois fomos a pé descobrir a cidade e
deparámos logo com um cruzamento de pequenos canais e três
pontezinhas em arco. A observação imediata do meu sobrinho foi: “que
ar de turismo tem isto tudo!”
Surpreendido expliquei-lhe que as suas palavras denotavam uma
inversão do significado: esta é a Veneza autêntica, não é um artefacto,
uma contrafacção, como o da América, ”para inglês ver”.
É claro que um país, um povo, deve ser autêntico para merecer o genuíno
turismo estrangeiro de qualidade.
Quem é chamado a projectar coisas novas tem o dever de reflectir
seriamente sobre as questões de identidade e no nosso caso de
“portuguesidade”. É um tema problemático de grande empenho e de
difíceis respostas, talvez a presentear motivos históricos em novas
aparências. É uma questão de consciência!, senão verifica-se a profecia
do irónico filme de Jacques Tati de há uns quarenta anos: a globalização
e a mundialização de todas as coisas.
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castelo fortaleza
Concluindo:
Sendo a procura de um hall junto dos elevadores,
achou-se um átrio de maior tamanho que obtém o
aspecto de uma praça pública.
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abobadão
humanização
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povo
Carmencita.
Margarida, Jonatan, Arnaldo, Alexandre, Ermanno,
Jan, Hendrika-Cornelia, João, Otilia, Joaquina, Natércia,
António e Elvira, Maurice e Minou, bras dessus bras dessous,
Rosalina, Fernando e Fernanda, Ermelinda, Afonso,
Adelberto,
Perolina, Pamalot, Rui, Raul, José, Miguel, Albertina,
Wolfgang, Baurch, Amedeus, Giordano, Joost, Bertrand,
Lucia, Linda, Licina, Lydia, Lígia, Livia, Lurdes, Laura, Leda,
Leonora,
Florinda, Belinda, Evelinda, Linda, Lucinda, Arnaldo, Gerardo,
Jan - Piet en Klaas, Tizio - Caio e Sempronio,
Tom - Dick and Harry, Pierre et Paul, Seferino, Carlos, Mario,
Riek, Riet Rien, Lien, Mien, Ineke, Tineke, Tanneka, Toverheks,
Hans, Harm, Huib, Henk, Henrique, Hieronyimus, Helder,
Eugène, Godfrey, Grosvenor, Lord and Lady Thickenor,
Luis, Luigi, Lodewijk, Shafic, Ermanno, Melchiorre, Dante, Gulnar,
Gabriella, Mirella, Ana Bela, Isabel e Eleonora, Teresa, Pilar, Ceu,
William, Guglielmo, Guillaume, Guilherme, Wilhelm, Willem, Wim, Willy,
Antoinetta, Jeannette, Henriëtte, Valentina, Sara, Ana,
Li Wang, Katsumi, Rachid, Bumwe, Nedjma, Kateb, Deng, Olaf, Iwan,
Homens , mulheres, raparigas, rapazes, meninas, meninos, bébés, idosos,
correm, brincam, gritam, choram, cantam, riem…........vivem.
Olinda e Arnaldo, jovens casadinhos de fresco: Mães – Pais, madrinhas -
padrinhos, tias, tios, netos e sobrinhos: alegre companhia, linda festa.
Não esquecer os quadrúpedes: Tristão, Fiel,, Pluto, Tucker, Wotan, Bully,
Be, Di, It, Li , Ti, On, Ab, Ri, Pi, Ad, El,
Molly, Winny, Perry, Gianni, Billy, Jimmy, Aldo, Leo,
Kees, Riek, Lieuwe, Klaas, Corrie, Jan, Anke, Dirk,
Henny, Bram, Carmèlia, Kitty, Theo, Lenny, Evert, Hilda.
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abobadão
incumbência
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organização
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organização
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largo Martim Moniz, anos 1930~40, foto do arquivo municipal
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entrada principal
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arquitectura
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homem
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humanesimo e materialesimo
O discurso sobre o homem versa sobre o “humanismo”, como se escreve
em português, mas preferia usar uma palavra como a italiana
“humanesimo”. Há uma clara diferença, porque, enquanto o
“humanismo” tem um significado de doutrina, de teoria que descreve
comportamentos humanos; o termo “humanesimo” encaixa-se no âmbito
de vocábulos como Cristianesimo, Paganesimo, etc. A expressão
“humanesimo” tem a intenção de indicar o universo “Homem” com tudo
o que daí deriva: cultura, moral, ciência, arte, raciocínio e sentimento,
etc. Tudo aspectos que se encontram na arquitectura.
Em contrapartida ao “Humanesimo” encontra-se, cunhando um novo
vocábulo, o “Materialesimo” que não tem o mesmo significado que
“Materialismo”. Entendo o universo Matéria: automóveis, ascensores,
elevadores, escadas rolantes, metro, comboios, garfos e sapatos, cimento,
alumínio e vidro, tudo o que não pressupunha aspectos de ética, moral e
sentimento às intervenções à colina. Cortam na carne viva da cidade, no
tecido urbano e assim não atraíam nenhum consenso humano nem favor
popular.
E concluo esta filípica fazendo notar que todos os propostos instrumentos
mecânicos de acesso ao Castelo, que já se referiram noutro parágrafo,
não têm nenhuma moral, não têm uma dimensão arquitectónica. O drama
de nossa época é que a técnica está a evoluir mais depressa do que a
cultura.
Primeiro o homem faz a sua casa e depois a casa faz o homem.
O Humanesimo e o seu dual Materialesimo compõem juntos a realidade,
não existem separadamente e estão em contínuo intercâmbio. Daqui se
pode e deve concluir que a predominância material e mecânica
desumaniza. Os automóveis tomaram posse da cidade; pense-se no
eterno carrossel da praça do Marquês de Pombal. Até a própria estátua
do Marquês, sem pretender diminuir o seu valor histórico, num certo
sentido é desumanizante, dado que eleva a imagem do homem
simbolicamente acima do alcançável por parte dos simples mortais. E
será por esta razão que no Abobadão não se admitem automóveis nem
nenhuma estátua ou outro objecto de veneração.
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vontade e orgulho
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estilo
'Stylus' era o nome grego de uma hastezinha de ferro para
escrever na tábua de cera e tornou-se depois símbolo da
maneira de escrever e de se exprimir, ou seja, o estilo.
O estilo, primeiro considerado a nível pessoal, passou depois
a ter uma conotação colectiva e não só em relação à escrita,
mas também respeitante ao desenho, pintura, arquitectura,
dança, o falar e toda e qualquer outra actividade. Por fim o
termo foi atribuído a inteiros períodos históricos ou zonas
geográficas, como por exemplo: o Gótico, o Funcionalismo, o
Post-Modern, o Chinês, etc.
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atmosfera
Todo um grande vão tem a sua atmosfera: uma igreja, um
salão desportivo, uma oficina de automóveis, uma sala de
teatro e uma estação ferroviária.
Qual será e deverá ser a atmosfera do Abobadão?
Não é fácil dizê-lo com palavras exactas, porque não é um
tema de raciocínio mas de sentimento, e parece mais fácil
exprimir-se pela negativa: não é um centro comercial nem um
mercado popular, não é uma Disneylândia nem uma discoteca
com pop-music.
Às vezes penso que a expressão 'catedral laica' não é errada
para um lugar de elevado espírito de cultura, com uma
atmosfera certa, ideal para uma serena convivência social.
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34 decoração pictural hipotética da cúpula
pintura
Uma pintura dá materialidade à cúpula.
Uma pintura dá espiritualidade à cúpula.
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coluna - farol
planta funil
coluna
aberta
coluna
fechada coluna aberta ø 80 cm, h 3,50 mtr.
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38 decoração pictural hipotética da cúpula
luz
A história alegórica bíblica conta que Deus no princípio criou o céu e a
terra e a seguir disse:
« Faça-se luz! »
a luz apareceu.
a luz era bela
separada das trevas.
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40 imagem fractal decoração pictural hipotética da cúpula
engenharia
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elevadores
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elevadores
hipóteses de projecto
1 — para o público
do Átrio ao Castelo
4 elevadores para 20 pessoas
um grupo espectacular
2 — para o público
do Metro ao Átrio
2 elevadores de 12 pessoas
não à vista
elevadores principais
elevador particular
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elevadores
esplanada
motores
trepadeiros
rocha
elevação
secção
cabinas
20 pessoas
planta
O Abobadão
- gira - gira - gira -
ao áxis do pólo Norte
Uma roda decorativa antiga fixada no tecto da cúpula,
no ponto justo indicado de um astrónomo,
simboliza o riferimento astronómico com o universo.
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46 decoração pictural hipotética da cúpula
acústica
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pavimento
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50 decoração pictural hipotética da cúpula
climatização
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serviços
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serviços
serviços no Átrio telefones
multibanco
local com computadores
caixotes de lixo
locais para fumadores
todo o equipamento urbano habitual
informações turísticas
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54 decoração pictural hipotética da cúpula
obras
Um grande empenho e uma preocupação para a Autarquia, um
susto para os habitantes da colina devido a um contínuo mal-
-estar, e um grande incómodo na cidade pela perturbação por
tempo indeterminado.
Nada disto acontecerá, absolutamente nada, se, pelo menos no
nosso caso, se proceder primeiro a fazer um tronco do
metropolitano entre Socorro e Santa Apolónia, passando por
baixo do Castelo e do Átrio até um estaleiro algures a Norte.
Assim todo o trabalho se desenrola totalmente dentro da colina
e no subsolo, completamente oculto ao cidadão que prossegue a
sua vida normal à superfície.
Bem, então o estaleiro in loco por baixo do Castelo fica ligado
por meio do metropolitano como um cordão umbilical ao
estaleiro-base de apoio a Norte, onde se encontram os
escritórios da direcção, instalações para os operários, oficinas
de preparação dos elementos construtivos e depósitos de
materiais e detritos.
A retirada de cerca de um milhão de metros cúbicos de rocha
extraída é certamente uma empresa nada indiferente. É claro
que este material encontrará novas reutilizações.
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brasão e bandeira da cidade de Moscovo
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a colina do Castelo, alias colina de São Jorge, a primeira e a mais alta
das sete colinas sobre as quais Olisipo tinha origem.
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querida, maltratada lisboa
Com este título José Saramago num artigo saído no diário El Pais, de 3
de Setembro de 1988, após o catastrófico incêndio do Chiado, evoca os
sofrimentos históricos desde o ano de 1174 em Lisboa, aliás Olísipo,
Olisibona, Aschbouna (dos Mouros), concluindo com estas palavras de
esperança e conforto.
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jornais
comentário
Projectos de transporte publico vertical ao castelo de São Jorge
presenteados nos media nos anos 2001 – 2002, que depois são
abandonados para insuficiência pratica e para protesta
popular. Estes projectos técnicos mecânicos cortam impiedosamente no
tecido urbano, não são portadores de beleza e não têm nenhuma
qualidade arquitectónica.
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62 entrada principal na pracinha da Mouraria
maqueta
No meu atelier fiz uma maqueta da cúpula para confrontar a ideia com a
sua tridimensionalidade, aspecto que falta nos desenhos e até nas
perspectivas.
A maqueta é sui generis e sem escala unitária, mas grosso modo
corresponde a 1 cm/m, o seja 150 cm de diâmetro, suficiente para
analisar detalhes menores.
A maqueta-esboço, na verdade, é um tanto rudimentar no seu conjunto e
na apresentação da colina, mas o objectivo era primariamente observar
o interior, a sala, o Abobadão.
É bastante pormenorizada a entrada do Largo Martim Moniz, que tem a
intenção de manter o presente perfil arquitectónico do velho “Salão
Lisboa”, juntamente com o projecto da 'Rua do Poço do Borratém' e a
'Rua da Madalena', que é útil para orientação geral.
O interior é claramente iluminado com projectores, como na proposta de
iluminação (pág. 37) e o Castelo no alto tem 'Flood-light'.
Após a exposição do modelo na Ordem dos Arquitectos no dia 19 de
Maio de 2008, a maqueta foi desmontada e reposta em elementos no meu
atelier onde aguarda outra ocasião e talvez (espera-se) um lugar
definitivo que qualquer gentil leitor poderia pôr à disposição, e que
apresenta uma entrada de importância como o Castelo merece.
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vista interior genérica 65
concursos vários
3 --- a fonte
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concurso de pintura
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gestão
finanças
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resumo
Os méritos do Átrio:
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oratio pro domo
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despedida
o arquitecto
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72 decoração pictural hipotética da cúpula
declaração de princípio
curriculum artistiea
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info
Autor da ideia-projecto
Lieuwe Op't Land, arquitecto
rua das Amoreiras nº 7
2655-005 Carvoeira, Mfr.
Ericeira.
tel.: 00351 261 862 416
tel-mov.: 936 033 282
e-mail: < lieuwe@sapo.pt >
colaboradora - fiduciária
Srª. Gulnar Sacoor
tel.: 00351 309 938 486
tel-mov.: 964 202 024
e-mail: < ggs@netcabo.pt >
http://abobadao-lisbonense.org/
colofon
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índice
3 frontispício 50 cúpula
5 bem-vindos 51 climatização
6 foto aérea 52-53 serviços
7 mapa 54 cúpula
8-9 ideia mor 55 obras
10-11 castelo acessibilidade 56-57 castelo e guerreiros
12-13 turismo 58 panorama
14-15 castelo fortaleza 59 querida Lisboa
16 serendipidade 60-61 jornais
17 Abobadão humanização 62-63 maqueta
18-19 povo 64-65 interior
20 equipamento 66 concursos
21 Abobadão incumbência 67 concurso
22-23 organização 68 gestão e finanças
24 praça Martim Moniz 69 resumo
25 entrada principal 70 oratio pró domo
26 arquitectura 71 despedida
27 homem 72 cúpula
28 humanesimo e materialesimo- 73 declaração
29 significado e símbolo 74 info
30-31 vontade e orgulho
32 estilo
33 atmosfera
34-35 pintura
36-37 iluminação
38-39 luz
40-41 engenharia
42-43 elevadores
44 elevadores
45 roda
46 cúpula
47 acústica
48-49 pavimento
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