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A escrita no muro de forma não autorizada, vulgo graffi, é uma
prática antiga. Há exemplos da sua existência que remontam à antiguidade clássica, na Roma antiga ou em Pompeia. Comum a estas formas de
expressão de índole vernacular é a recorrente veia satírica e contestatária
das mensagens. A afronta ao poder e aos bons costumes tem encontrado
no muro e nas formas anónimas de comunicação um reduto altamente
criativo. Especialmente relevantes são os graffi executados no espaço
público, disponíveis para uma incomensurável plateia.
A escrita no muro de forma não autorizada, vulgo graffi, é uma
prática antiga. Há exemplos da sua existência que remontam à antiguidade clássica, na Roma antiga ou em Pompeia. Comum a estas formas de
expressão de índole vernacular é a recorrente veia satírica e contestatária
das mensagens. A afronta ao poder e aos bons costumes tem encontrado
no muro e nas formas anónimas de comunicação um reduto altamente
criativo. Especialmente relevantes são os graffi executados no espaço
público, disponíveis para uma incomensurável plateia.
A escrita no muro de forma não autorizada, vulgo graffi, é uma
prática antiga. Há exemplos da sua existência que remontam à antiguidade clássica, na Roma antiga ou em Pompeia. Comum a estas formas de
expressão de índole vernacular é a recorrente veia satírica e contestatária
das mensagens. A afronta ao poder e aos bons costumes tem encontrado
no muro e nas formas anónimas de comunicação um reduto altamente
criativo. Especialmente relevantes são os graffi executados no espaço
público, disponíveis para uma incomensurável plateia.
Ricardo Campos Anlise Social, 212, xlix (3.), 2014 issn online 2182-2999 edio e propriedade Instituto de Cincias Sociais da Universidade de Lisboa. Av. Professor Anbal de Bettencourt, 9 1600-189 Lisboa Portugal analise.social@ics.ul.pt A luta voltou ao muro A escrita no muro de forma no autorizada, vulgo grafto, uma prtica antiga. H exemplos da sua existncia que remontam antigui- dade clssica, na Roma antiga ou em Pompeia. Comum a estas formas de expresso de ndole vernacular a recorrente veia satrica e contestatria das mensagens. A afronta ao poder e aos bons costumes tem encontrado no muro e nas formas annimas de comunicao um reduto altamente criativo. Especialmente relevantes so os grafti executados no espao pblico, disponveis para uma incomensurvel plateia. A falta de identi- fcao de um destinatrio particular torna esta forma de comunicao ainda mais curiosa, assemelhando-se s estratgias comunicativas da pro- paganda poltica e da publicidade. Ao invs destas, o grafti executado pelo cidado comum, geralmente na obscuridade. Na nossa histria mais recente alguns exemplos histricos mere- cem destaque, pela forma como foram marcando os nossos imaginrios. Aquilo que atualmente encontramos impresso nas nossas cidades no pode ser apartado dessa linhagem histrica. Joan Gari, acadmico catalo que escreveu uma excelente obra sobre a semiologia do grafti contem- porneo, identifca basicamente duas tradies: a europeia e a norte-ame- ricana. A europeia teria por caracterstica principal a escrita, em forma de mxima, de natureza potica, flosfca ou poltica. Exemplo mximo dessa tradio seria o tipo de grafti que emergiu durante o Maio de 68 francs. Por contraste, a tradio norte-americana est fortemente vincu- lada cultura de massas e sua iconografa pop, sendo marcada por uma expresso eminentemente fgurativa e imagtica. As cidades portuguesas, principalmente os grandes centros urbanos, foram invadidas nas ltimas dcadas pelo grafti de tradio norte-ame- ricana. Composto por tags, throw-ups e murais fgurativos de grandes dimenses, esta uma manifestao visual que faz hoje parte da nossa paisagem. A globalizao deste formato de grafti signifca que, disperso pelo planeta, encontramos uma linguagem comum, com mecanismos de produo e avaliao esttica idnticos. A hegemonia desta expresso mural no nos deve fazer esquecer aquela que a manifestao mural mais marcante da nossa histria recente: o mural ps-revolucionrio. O perodo que se seguiu ao 25 de Abril de 1974 foi marcado por uma profu- so de propaganda poltica que recorria ao muro como principal suporte. A iconografa de ento, em que se destacavam Marx, Lenine ou Mao, acompanhados por representaes colectivas do povo, do operariado ou campesinato, cedeu paulatinamente o lugar aos politicamente inconse- quentes tags. Porm, nos ltimos anos parece ter despontado nas paredes uma nova vontade de comunicao poltica. A grave crise econmica e social que eclodiu em funo das fortes medidas de austeridade impostas pela coliga- o de governo psd-cds, parece ter mobilizado os cidados para atuarem politicamente margem dos mecanismos convencionais de expresso da vontade poltica. As grandes manifestaes que se realizaram nos ltimos anos, organizadas por associaes e coletivos no-partidrios so um bom exemplo disso. As paredes parecem, tambm elas, servir cada vez mais para expressar no apenas uma revolta difusa, mas para acicatar o poder poltico, satirizar a classe partidria e afrontar o status quo. Atravs de palavras, de slogans, de murais pintados a aerossol ou atravs da tcnica do stencil, vrios so os exemplos destas manifestaes que pude recolher nas ruas de Lisboa. As imagens fotogrfcas que aqui se reproduzem visam, precisamente, retratar esta dinmica de manifestao popular. Ricardo Campos Cemri-Universidade Aberta rmocampos@yahoo.com.br