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MIGUEL REALE
Nada mais errôneo do que ligar a Ação Integralista Brasileira a Hitler, pois ela foi
criada em outubro de 1932, quando a doutrina daquele líder alemão era praticamente
desconhecida no Brasil, onde repercutira apenas o Fascismo de Mussolini, com as idéias
centrais de “Estado forte”, com partido político único organizado com base em corporações
econômicas.
Plínio Salgado acolheu essa idéia, no contexto da doutrina social da Igreja, que era
a sua diretriz dominante, procurando adequá-la às conjunturas político-econômicas brasileiras,
sendo partidário de um “corporativismo integral”, não identificado com o Estado. A seu ver, o
Fascismo devia ser interpretado como uma “terza via” entre o liberalismo e o comunismo, tendo
programa distinto em cada nação.
Como se vê, o Integralismo não se reduzia à doutrina seguida por Plinio Salgado,
comportando variantes pessoais, como era o caso, por exemplo, de Olbiano de Mello, mais
sindicalista do que corporativista. Quem quiser ter informação mais completa sobre meu
pensamento na época deve ler o que escrevi, em 1934, em meu livro O Estado Moderno, com
o subtítulo “Liberalismo, Comunismo, Integralismo”, na linha da tão reclamada “terceira via”.
Esse livro foi incluído, em 1983, pela Universidade de Brasília, em uma coletânea sobre minha
posição política na juventude.
Quanto a Gustavo Barroso, ele se distinguia por seu anti-semitismo, não de caráter
racial ou religioso, mas apenas do ponto de vista econômico-financeiro como o demonstra sua
obra Brasil, colônia de banqueiros, no qual analisa nossa política de onerosos empréstimos
externos desde o tempo da monarquia, principalmente com Rockfeller.
28/08/2004