Sunteți pe pagina 1din 2

O INTEGRALISMO REVISITADO

MIGUEL REALE

Duas novelas ou mini-séries da TV GLOBO, a pretexto de apresentar o cenário


ideológico vigente na primeira metade do século passado, fizeram referência ao Integralismo
fundado por Plinio Salgado, mas com manifesta má fé, como é hábito dos chamados
“esquerdistas”, até o ponto de apresentá-lo como simples variante do hitlerismo, com gangues
atuantes com deliberada e constante violência.

Nada mais errôneo do que ligar a Ação Integralista Brasileira a Hitler, pois ela foi
criada em outubro de 1932, quando a doutrina daquele líder alemão era praticamente
desconhecida no Brasil, onde repercutira apenas o Fascismo de Mussolini, com as idéias
centrais de “Estado forte”, com partido político único organizado com base em corporações
econômicas.

Em contraste com o liberalismo, a idéia fascista do “Estado forte”, caracterizado


pela planificação da economia – ponto este em que coincidia com o marxismo leninista – teve
grande ressonância em nosso País, contando com o apoio de intelectuais do porte de Alceu
Amoroso Lima, Fernando de Azevedo, Francisco Campos, Azevedo Amaral, Otávio de Faria,
Cassiano Ricardo e Menotti Del Picchia, como Wilson Martins objetivamente salienta em sua
clássica obra História da Inteligência Brasileira, vol. I, página 73 e seguintes.

Plínio Salgado acolheu essa idéia, no contexto da doutrina social da Igreja, que era
a sua diretriz dominante, procurando adequá-la às conjunturas político-econômicas brasileiras,
sendo partidário de um “corporativismo integral”, não identificado com o Estado. A seu ver, o
Fascismo devia ser interpretado como uma “terza via” entre o liberalismo e o comunismo, tendo
programa distinto em cada nação.

Foi essa colocação do problema que me atraiu, em 1933, passando a defender, no


seio da Ação Integralista, uma posição própria, baseada no corporativismo democrático de um
pensador romeno, Michail Manoilesco, em sua obra Le Siècle du Corporativisme, não
aceitando a tese fascista da corporação como “órgão do Estado”, mas sim como estrutura
democrática com organização social autônoma.

Como se vê, o Integralismo não se reduzia à doutrina seguida por Plinio Salgado,
comportando variantes pessoais, como era o caso, por exemplo, de Olbiano de Mello, mais
sindicalista do que corporativista. Quem quiser ter informação mais completa sobre meu
pensamento na época deve ler o que escrevi, em 1934, em meu livro O Estado Moderno, com
o subtítulo “Liberalismo, Comunismo, Integralismo”, na linha da tão reclamada “terceira via”.
Esse livro foi incluído, em 1983, pela Universidade de Brasília, em uma coletânea sobre minha
posição política na juventude.

Quanto a Gustavo Barroso, ele se distinguia por seu anti-semitismo, não de caráter
racial ou religioso, mas apenas do ponto de vista econômico-financeiro como o demonstra sua
obra Brasil, colônia de banqueiros, no qual analisa nossa política de onerosos empréstimos
externos desde o tempo da monarquia, principalmente com Rockfeller.

Em nenhum livro, porém, era feita a apologia da violência como instrumento de


conquista do poder. Alegar-se-á que, em 1937, houve o chamado “putsch integralista” para
ataque ao Palácio Guanabara e prisão do presidente Getúlio Vargas, mas, como provo no
primeiro tomo de minhas Memórias, publicadas pela Editora Saraiva em 1986, aquele evento
resultou de uma aliança de liberais com integralistas no quadro de uma conspiração nacional
destinada a derrubar o Estado Novo, sob o comando do General Castro Junior e outros
elementos do Exército e da Marinha. Tanto assim que os integralistas, que realizaram a
referida tentativa de assalto, eram comandados pelo Capitão Severo Fournier, comprovado
liberal, herói do trem blindado da Revolução Constitucionalista de 1932.
Como se vê, há toda uma história a ser refeita sobre o real sentido do Integralismo,
caracterizado por seu nacionalismo espiritualista, organizado em uma associação política
nacional sobre bases sindicalistas ou corporativas, e não em razão de partidos políticos
estaduais, como os então existentes.

Cabe-me salientar que me considerei livre do compromisso integralista quando, no


exílio na Itália, me dei conta da ilusória organização corporativista sob o mando de um partido
único, tanto assim que me recusei a pertencer ao partido organizado por Plínio Salgado depois
da Constituição de 1946, preferindo, com Marrey Junior, criar o Partido Popular Sindicalista, ao
depois fundido com o Partido Republicano Progressista de Adhemar de Barros e o Partido
Agrário de Rolim Telles, para a formação do Partido Social Progressista, cujo lema era a
“socialização do progresso”, mas cujo triste destino foi, infelizmente, transformar-se em grei
adhemarista...

No que se refere ao Integralismo, reconheci a transitoriedade de seu programa,


inspirado nos valores ideológicos em conflito na década de 1930, mas jamais me arrependi de
minha atuação em prol do corporativismo democrático, com sinceridade de propósitos e todo o
meu entusiasmo juvenil, ao lado da elite de minha geração, com San Tiago Dantas, Seabra
Fagundes, Pe. Helder Câmara, Câmara Cascudo, Alvaro Lins, António Gallotti, Gofredo Telles
Junior, Roland Corbisier, Thiers Martins Moreira, Loureiro Júnior, Jorge Lacerda e tantos
outros, cuja participação revela que havia valores positivos na Ação Integralista Brasileira.

É fácil, hoje em dia, com a perspectiva histórica que possuímos, reconhecer as


ilusões e os equívocos da A.I.B., mas os acontecimentos culturais não podem deixar de ser
examinados à luz de seu tempo, em função de suas circunstâncias e conjunturas
determinantes.

Infelizmente, quando se trata de um movimento político da chamada “Direita”, há


tendência no sentido de denegri-la, enquanto que à “Esquerda” tudo se perdoa, esquecendo-se
os genocídios perpetrados por Stalin, e os atos violentos dos brasileiros que, sob a
bandeira comunista de Luis Carlos Prestes, tentaram ganhar o poder, como o fizeram em
1934, na praça da Sé, quando, do alto do antigo Edifício Santa Helena fuzilaram a milícia
integralista que, desarmada, vestia pela primeira vez a camisa verde, com a morte de dois
operários. Sobre esses homicídios nem sequer foi instaurado inquérito policial.

28/08/2004

S-ar putea să vă placă și