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A INTERNET E AS NOVAS FORMAS DE TRATAMENTO EM SOCIEDADE

Uma das primeiras regras que aprendemos é a forma como nos devemos dirigir aos
outros, o modo como nos cumprimentamos, a forma como nos despedimos. Enfim, é
um conjunto de regras básicas que nos orientam e nos ajudam a vivermos em sociedade.
Com a nova era que atravessamos, a da sociedade da informação, novos mundos
virtuais são criados, paralelamente às nossas vidas quotidianas. O ser humano conseguiu
encurtar as distâncias, mas será que conseguiu manter aquilo que os distingue das
demais espécies, ou seja, a sua humanidade?
Passamos cada vez mais tempo a falar com os nossos amigos ou colaboradores, através
da internet e “conhecemos” cada vez mais pessoas em redes sociais, mais do que
propriamente na vida real. A interacção social deixou de ser face a face para dar lugar a
um mundo que nos ultrapassa e projecta a nossa imaginação. Dá azo a uma certa
criatividade interaccional que nos faz pensar estar a falar com alguém que,
possivelmente, nem existe.
As expressões faciais passaram a tomar a forma de símbolos, como os smiles,
indicadores simbólicos que expressam as nossas emoções ou ideias. A par desta nova
realidade e a de nos olharmos uns aos outros cada vez menos olhos nos olhos, até
mesmo no dia-a-dia, certos cuidados na forma como nos abordamos vão-se
desvanecendo ou tomando diferentes formas.
Por exemplo, o envio de um email ainda cumpre ou deveria cumprir certas regras que a
correspondência normal ainda vai mantendo. Mas quando enviamos um currículo ou
outra qualquer mensagem e recebemos a notificação (your message was delected
without being read – a sua mensagem foi apagada sem ter sido lida), provoca uma certa
sensação de desconforto e indiferença que nos causa um certo incómodo.
É um pouco a sensação que se sente quando estamos à espera de uma entrevista de
emprego e ninguém está disponível para nos receber. Porém, no ciberespaço tudo se
torna ainda mais impessoal e é mais fácil eliminar alguém que à partida não nos
interessa, sem dar a menor justificação. Basta apenas apagá-la.
Quando estamos a contactar com alguém via MSN por exemplo e, de repente, deixamos
de obter qualquer resposta, ficamos literalmente “pendurados”, sem saber se do outro
lado alguém caiu da cadeira, se está a falar com outra pessoa ou pura e simplesmente se
esqueceu de nós. A facilidade com que apagamos os outros da nossa vida virtual é
verdadeiramente assustadora.
Ainda há poucos anos atrás, essas formas de eliminação ainda poderiam passar por uma
conversa na mesa de um café, até ao momento de dizer adeus, até qualquer dia. O
mundo virtual, apesar de mais confortável e prático, não nos deixa mais seguros. Nem
sempre temos feedback do outro lado. A incerteza, o individualismo, a dúvida mantêm-
se. Virtualmente estamos mais próximos, mas continuamos tão desconhecidos como
sempre fomos uns para os outros. A internet não nos tornou mais humanos mas cria-nos
uma sensação dicotómica: a ilusão e a realização. A ilusão de pensarmos que estamos
mais próximos uns dos outros e a realização de podermos pesquisar em tempo recorde
assuntos do nosso interesse que de outra forma nos tomaria muito do nosso precioso
tempo.
Por isso, seria de toda a utilidade mantermos regras de tratamento distintas, quando
falamos com amigos, que efectivamente conhecemos, com as pessoas com quem
trabalhamos ou com quem, de repente, nos aparece online e nos pede para o
adicionarmos como “amigo”. Por abordar a palavra amigo, lembrei-me do poeta
Alexandre O’Neill e do seu célebre poema “Amigo”: Mal nos conhecemos
inaugurámos a palavra amigo (...) Amigo (recordam-se aí escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo (...) Amigo é a solidão derrotada.
Hoje em dia, mais do que sermos cidadãos do mundo, passamos a ser cidadãos digitais.
Por isso, seria bom continuarmos a ter maneiras, mesmo se nos encontramos no mundo
virtual e impessoal que é a internet, e tentarmos manter aquelas que ainda são regras
básicas de educação.
E por falar em maneiras, não poderia deixar de citar um estudo importante, da
Universidade da Beira Interior, da autoria de Ana Sofia Marcelo, intitulado “ A Internet
e as novas formas de sociabilidade”, disponível na internet em:
http://www.bocc.ubi.pt/pag/marcelo-ana-sofia-internet-sociabilidade.pdf.
Devemos continuar a respeitar aquilo que ainda nos distingue ou deveria distinguir das
outras espécies: a nossa capacidade de pensarmos e de comunicarmos com os demais,
através de um dos pilares da nossa sociedade: a educação. Não custa nada
responder-”acusamos a recepção do seu curriculum vitae”, “desculpa fui abaixo”,
“olha, estava a falar com outra pessoa e distraí-me”, “tenho que ir”, “vou”, “fui”...

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