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Dois pedreiros discutem sobre um desenho de um cachimbo afixado em um biombo, questionando se é um cachimbo de verdade ou apenas um desenho. Eles refletem sobre o significado por trás da obra e como as pessoas podem acreditar em coisas diferentes do que realmente são. Seu chefe chega e os manda retirar o cartaz e continuar trabalhando.
Descriere originală:
Conto: Isto Não é Um Conto! #1 - Israel Fabiano Pereira de Souza
Dois pedreiros discutem sobre um desenho de um cachimbo afixado em um biombo, questionando se é um cachimbo de verdade ou apenas um desenho. Eles refletem sobre o significado por trás da obra e como as pessoas podem acreditar em coisas diferentes do que realmente são. Seu chefe chega e os manda retirar o cartaz e continuar trabalhando.
Dois pedreiros discutem sobre um desenho de um cachimbo afixado em um biombo, questionando se é um cachimbo de verdade ou apenas um desenho. Eles refletem sobre o significado por trás da obra e como as pessoas podem acreditar em coisas diferentes do que realmente são. Seu chefe chega e os manda retirar o cartaz e continuar trabalhando.
- E eu sei l? S sei que um cachimbo. - Isso a no um cachimbo. - Ah, ? Ento o que , espertinho? - um desenho, no t vendo? - Mas num deixa de ser um cachimbo pintado, uai. - Hum... pode ser, mas no um de verdade. - E isso faz diferena? - Mas claro que faz! Se fosse tu pintado nesse cartaz c gostaria que dissessem que a pintura era voc mesmo?
- No, uai. Mas isso lgico.
- Ento, a mesma coisa com o cachimbo. Nenhum cachimbo que se preza vai querer ser confundido com o um desenho dele mesmo. - Ah, para. C t viajando! De onde que tu tirou que um cachimbo se importa com essas coisa? Cachimbo nem pensa nem tem sentimento. - Mas se tivesse com certeza agiria assim. E o que que ser que o dono desse desenho quis com isso? - Com isso o qu? - Ora, pintando isso, n? - Ah, vai saber. Artista tudo doido mesmo. - doido, mas a professora do EJA falou que arte tem sentido at quando no tem. - Outra doida. O que isso quer dizer? - Hum... no sei bem no. Acho que tipo aqueles sonho que a gente sonha e no tem lgica nenhuma, mas tem um significado pra gente, entende? - Mais ou menos. Mas o cachimbo, eu acho que o cara pintou pra falar que as coisas so tudo igual, que num tem diferena entre um de verdade e um de mentira. - Mas se for isso ento as coisas real e as falsas so tudo a mesma coisa.
- Ah, a tu me apertou sem me abraar, irmo.
- Ento se for assim, vai l fumar o da parede, vai. Hahaha. - Vai voc. A nica coisa de papel que eu quero no fim do ms meu ordenado. O resto resto. - Mas falando srio. Pelo menos o cara desenha bem, n? - Isso . Pelo menos o cachimbo que ele fez parece um de verdade. - E isso que t escrito no desenho? O que ser que ? - Num sei no. Mas acho que italiano, sei l. - Acho que t explicando o que que esse desenho. - Deve de ser. Provavelmente alguma coisa do tipo: tava com vontade de fumar e desenhei pra ver se a vontade passava. Hahaha. - Ou ento: Isso aqui num cachimbo, outra coisa. Hahaha. - Cada coisa que me aparece. - Mas se for outra coisa, que coisa que ? - Gira a cabea, quem sabe tu v alguma coisa diferente. - Num vi nada. S um cachimbo de cabea pra baixo.
- Nem eu. Mas eu sei de uma coisa: desenho
num enche barriga de pedreiro, s de desenhista. - Uma vez escutei a histria de um cara que tava sem comer a trs dias e mastigou um anncio de supermercado que tinha uma ma de tanta fome. - Isso mentira. Quem que come papel? - Quem no tem nada pra comer, uai. - Como se a ma do papel enchesse barriga. - No enche, mas d a impresso que enche. E ser humano tudo igual, acredita naquilo que tem pra acreditar. - Isso verdade. como dizem: num tem tu, vai tu mesmo. - Quem no tem co, caa com gato. Mas isso quando o cara num tem escolha, a acaba fazendo coisas que nunca imaginou que fosse fazer. - Tipo, comer papel ao invs de uma ma. - , tipo isso. Mas a minha professora falou outra coisa, o lance do camarada que acredita que uma coisa uma coisa e na verdade outra bem diferente. - Que? - Assim, eu falo que isso aqui pedra e na verdade pau. E a o povo v eu falando que pedra e acredita que pedra. A depois disso todo mundo passa a acreditar que isso pedra.
- Mas a o cara um grande de um filha da me,
n? Bom, como se num tivesse gente assim demais no mundo. O cara do cachimbo ento um filha da me tambm. - Por que? - Uai, t querendo vender gato por lebre ento. Vende o desenho do cachimbo como se fosse o cachimbo mesmo. - Isso a gente que t pensando. Vai que o cara tava com outra idia na cabea quando pintou isso. - Vai entender cabea de artista, mano. - , os caras so complicados mesmo. Bom, eu s sei de uma coisa: isso a um desenho de um cachimbo, e no um de verdade. - Mas que t se referindo a um cachimbo de verdade. - Ou o desenho o cachimbo de verdade e o cachimbo de verdade no passa de um desenho. - O que as mocinhas tanto fofocam, posso saber? - N nada no chefia. A gente tava falando desse desenho a. - E quem que colocou esse cartaz no biombo do prdio? Tirem isso logo da e a propsito, j no para vocs dois estarem assentando aquela parede?
- A gente acabou de comer, patro. Tamos indo
j. - Acho bom mesmo, ou seno vem desconto na folha de pagamento no fim do ms. Foram os dois recomear o seu trabalho, arrancando primeiro o anncio da exposio que haveria de comear no incio da semana na galeria municipal de artes. - Acho que vou levar esse desenho pra mim. - Pra que? - Vou por ele numa moldura e pendurar na parede da sala. - Cada doido com a sua mania. - Bom, pelo menos o desenho bonito. - E tu vai sempre saber que na verdade isso a um desenho, e no um cachimbo de verdade. Hahaha. - Hahaha. - Caramba, que coisa de doido isso, n? O cara pinta um cachimbo e fica famoso, a gente ergue esse mundaru de prdio e ningum sabe quem que fez. - Vai ver que porque prdio num cabe em galeria de arte. - , vai ver isso. Bora assentar aquele muro, rapaz. - Bora.